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NULIDADES PROCESSUAIS

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TÍTULO 13 • NULIDADES 1687
TÍTULO 13
NULIDADES
1. NOÇÕES GERAIS: TIPICIDADE PROCESSUAL E NULIDADE
No âmbito do Direito Penal, quando se estuda a tipicidade, costuma-se dizer que esta, sob 
um ponto de vista formal, deve ser compreendida como a subsunção perfeita da conduta prati-
cada pelo agente ao modelo abstrato previsto na lei penal, isto é, a um tipo penal incriminador. 
Em regra, a doutrina penal costuma extrair três importantes funções do tipo penal: a) função 
de garantia: o agente somente poderá ser responsabilizado criminalmente se praticar uma das 
condutas proibidas ou deixar de praticar aquelas impostas pela lei penal; b) função fundamenta-
dora: sempre que um tipo penal for violado, autoriza-se que o Estado possa exercer seu direito 
de punir contra o suposto autor do fato delituoso; c) função selecionadora de condutas: por meio 
do tipo penal, é feita uma seleção das condutas que devem ser proibidas ou impostas pela lei 
penal, sob a ameaça de sanção.
O estudo da tipicidade também se revela de fundamental importância no âmbito proces-
sual penal. Aqui, a tipicidade corresponde à ideia de que o ato processual deve ser praticado 
em consonância com a Constituição Federal, com as Convenções Internacionais sobre Direitos 
Humanos e com as leis processuais penais, assegurando-se, assim, não somente às partes, 
como a toda a coletividade, a existência de um processo penal justo e em consonância com o 
princípio do devido processo legal. É nesse sentido a lição da doutrina: “a tarefa de aplicar o 
direito às situações concretas não é realizada aleatoriamente pelos órgãos estatais; ao contrário, 
a atividade processual também é regulada pelo ordenamento jurídico, através de formas que 
devem ser obedecidas pelos que nela intervêm. Nesse sentido, afirma-se que o processo exige 
uma atividade típica, composta de atos cujos traços essenciais são definidos pelo legislador. 
Assim, os participantes da relação processual devem pautar o seu comportamento segundo o 
modelo legal, sem o que essa atividade correria o risco de perder-se em providências inúteis ou 
desviadas do objetivo maior, que é a preparação de um provimento final justo”.1
Longe de consagrar um mal inútil e irrelevante, a tipicidade dos atos processuais con-
fere aos sujeitos do processo uma maior segurança jurídica no curso do procedimento, vez 
que assegura maior previsibilidade para o sistema processual. Basta pensar, por exemplo, na 
colheita do depoimento de determinada testemunha: a lei estabelece a forma de apresentação 
do rol de testemunhas, a forma de sua intimação, a ordem de oitiva, a sequência das perguntas 
formuladas, a participação subsidiária do juiz, etc. Toda essa tipicidade processual confere às 
partes maior segurança jurídica, porquanto já se pode saber, de antemão, como será produzida 
a prova testemunhal, evitando-se, assim, indevidas surpresas e possível violação a princípios 
constitucionais como os da ampla defesa e do contraditório.
Toda essa preocupação em torno das formas processuais visa assegurar a máxima eficiên-
cia na aplicação da coerção penal, sem incorrer, porém, em prejuízo aos direitos e garantias 
fundamentais do acusado. De fato, ao mesmo tempo em que a tipicidade processual assegura 
ao Estado seu legítimo interesse na condução de um processo justo sem a presença de vícios, 
também preserva direitos e garantias fundamentais do acusado.
Apreendido o conceito de tipicidade processual, é fácil concluir que o Estado precisa dispor 
de instrumento coercitivo para obrigar os sujeitos do processo a praticar os atos processuais 
1. GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antônio Magalhães; FERNANDES, Antônio Scarance. As nulidades no 
processo penal. 11ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009.
MANUAL DE PROCESSO PENAL – Renato Brasileiro de Lima1688
conforme o modelo previsto na legislação ordinária e na Constituição Federal. De fato, valen-
do-se do exemplo acima citado quanto à prova testemunhal, de nada adiantaria a lei prever a 
formulação de perguntas pelas partes diretamente às testemunhas, tal qual disposto no art. 212, 
caput, do CPP, se nada fosse feito para compelir as partes a agir dessa forma. De nada adiantaria 
a lei prever que o juiz deve formular suas perguntas ao final da colheita da prova testemunhal, 
de modo a complementar a inquirição sobre os pontos não esclarecidos (CPP, art. 212, parágrafo 
único), se não houvesse nenhuma sanção cominada à inobservância do modelo típico.
Enfim, para que a norma legal tenha caráter cogente, precisa dispor de sanção. É o que 
ocorre, por exemplo, com uma prática delituosa, em que o preceito secundário do tipo penal 
prevê uma pena a ser aplicada ao agente caso seja praticado o crime ali previsto. Em sede 
processual, também há necessidade de previsão legal de instrumento de coerção objetivando o 
cumprimento do modelo típico. Afinal, uma norma desprovida de sanção deixa de ter caráter 
imperativo, passando a funcionar como mera recomendação.
É exatamente daí que sobressai a importância da nulidade, compreendida como espécie 
de sanção aplicada ao ato processual defeituoso, do que deriva a inaptidão para a produção de 
seus efeitos regulares. Em outras palavras, como desdobramento natural da fixação de regras 
para a prática dos atos processuais, apenas aqueles realizados em consonância com tal modelo 
serão considerados válidos perante o ordenamento jurídico e idôneos a produzir os efeitos al-
mejados. Para os atos praticados em desacordo com o modelo típico, a lei estabelece sanções, 
que acabam variando de acordo com o grau de intensidade do desvio. O sistema de nulidades 
foi pensado, portanto, como instrumento para compelir os sujeitos processuais à observância 
dos modelos típicos: ou se cumpre a forma legal ou corre-se o risco de o ato processual ser 
declarado inválido e ineficaz. A consequência da inobservância da forma prescrita em lei é a de 
que o ato defeituoso não poderá produzir os efeitos que ordinariamente teria.
Como se percebe, diante da possibilidade de invalidação do ato processual defeituoso 
através da declaração de sua nulidade, sentem-se as partes e o juiz compelidos à observância 
do modelo típico. Da mesma forma que a pena cominada à infração penal exerce, pelo menos 
em tese, importante papel de dissuasão, visando evitar que o agente venha a praticar tal conduta 
delituosa, a possibilidade de anulação dos atos processuais defeituosos contribui para a obser-
vância do modelo definido pelo legislador. Face os elevados custos decorrentes da decretação 
da nulidade do ato processual defeituoso, dentre os quais se destacam o elevado custo econô-
mico decorrente da repetição do ato invalidado, a demora na prestação jurisdicional, do que 
pode resultar inclusive o reconhecimento da prescrição, e o próprio sentimento de impunidade 
que resulta da lentidão do feito, os sujeitos do processo passam a ter interesse na observância 
do modelo típico, de modo a se evitar a decretação da nulidade dos atos praticados durante o 
curso do processo.
Sem embargo da necessária observância da tipicidade processual, não se pode perder de 
vista que a forma do ato processual não é um fim em si mesmo. Na verdade, o modelo conce-
bido pelo legislador visa à consecução de determinada finalidade. Por exemplo, quando o CPP 
estabelece que a citação deve ser feita, pelo menos em regra, pessoalmente (arts. 351 e 352), 
o faz porque sabe que tal forma de citação é a que melhor permite ao acusado tomar ciência 
da imputação e exercer o seu direito de defesa. É de se concluir, então, que eventual vício por 
ocasião da citação é de extrema gravidade, porque priva o acusado do exercício de garantias 
constitucionais, como a ampla defesa e o contraditório. No entanto, ainda que a citação do 
acusado tenha sido feita em desacordo com o modelo típico, se acaso o acusado tomar ciência 
da acusação, não há motivo para se declarar a nulidade do processo, visto que, a despeito da 
atipicidade do ato processual, este atingiu suafinalidade.
Em suma, por ocasião do estudo da teoria das nulidades, o que deve ser evitado é o ex-
cessivo formalismo, exigindo-se dos sujeitos do processo a observância de formas inúteis que 
TÍTULO 13 • NULIDADES 1689
nada contribuem para a solução da demanda, nem tampouco para a existência de um processo 
penal justo, sob pena de desvirtuamento da própria finalidade do processo, que é a de servir 
como instrumento para a aplicação do direito penal objetivo.
2. ESPÉCIES DE IRREGULARIDADES
Levando-se em consideração a gravidade do defeito do ato processual e as consequências 
daí decorrentes para o processo, as irregularidades podem ser classificadas da seguinte forma:
1) irregularidades ou defeitos sem consequência: apesar de o ato processual não ter 
sido praticado em fiel observância do modelo legal, esta irregularidade não tem o condão de 
acarretar qualquer consequência. É o que ocorre, por exemplo, com a utilização de abrevia-
turas. A despeito da vedação constante do art. 169, § 1º, do antigo CPC – não há dispositivo 
semelhante a este no novo CPC2 –, sua utilização em peças processuais não tem o condão de 
causar qualquer mácula ao processo;
2) irregularidades ou defeitos que acarretam tão somente sanções extraprocessuais: 
nesse caso, a irregularidade não tem o condão de produzir a invalidação do ato processual, porém 
pode dar ensejo à aplicação de sanções extraprocessuais. É o que ocorre com a multa aplicada 
ao perito que, sem justa causa, deixar de apresentar o laudo no prazo estabelecido (CPP, art. 
277, parágrafo único, “c”). Na mesma linha, segundo o art. 265, caput, do CPP, o abandono 
injustificado do processo pelo defensor pode acarretar a aplicação de multa de 10 (dez) a 100 
(cem) salários mínimos, sem prejuízo das demais sanções disciplinares;
3) irregularidades ou defeitos que podem acarretar a invalidação do ato processual: 
neste caso, a irregularidade atenta contra o interesse público ou contra interesse preponderante 
das partes. Por isso, tais atos estão sujeitos à declaração de nulidade, espécie de sanção aplicada 
ao ato processual defeituoso privando-o da aptidão para a produção de seus efeitos regulares;
4) irregularidades ou defeitos que acarretam a inexistência jurídica: a violação ao 
devido processo legal é tão absurda que acarreta a própria inexistência do ato jurídico. É o 
que ocorre com uma sentença prolatada por juiz impedido, tida como inexistente, haja vista a 
gravidade do prejuízo causado à imparcialidade da autoridade jurisdicional.
3. ESPÉCIES DE ATOS PROCESSUAIS
Compreendidas as espécies de irregularidades que podem macular (ou não) os atos pro-
cessuais, pode-se dizer que estes podem ser classificados da seguinte forma:
1) Atos perfeitos: são aqueles praticados em fiel observância ao modelo típico. Por isso, 
são válidos e eficazes, aptos a produzir os efeitos legais que lhe são próprios;
2) Atos meramente irregulares: são aqueles dotados de irregularidades sem consequên-
cia, ou de irregularidades que acarretam tão somente sanções extraprocessuais. Certamente, ato 
meramente irregular é aquele que possui o vício de menor gravidade entre todas as imperfeições 
possíveis. Essa mera irregularidade é gerada pela inobservância de regra não relevante para 
considerações acerca da validade do ato. Por isso, não tem, nem mesmo em tese, aptidão para 
produzir qualquer prejuízo às partes ou ao próprio processo. Destarte, a despeito da irregulari-
dade, como dela não resulta nenhuma consequência capaz de repercutir na validade da relação 
processual, este ato também é tido como válido e eficaz.
É o que ocorre, a título de exemplo, com a citação por edital que indica o dispositivo 
da lei penal, embora não transcreva a denúncia ou queixa, ou não resuma os fatos em que se 
baseia, considerada pelos Tribunais Superiores como mera irregularidade, incapaz de autorizar 
2. Na verdade, o novo CPC refere-se às abreviaturas tão somente no art. 272, § 3º, quando, ao tratar das intimações, 
dispõe expressamente que a grafia dos nomes das partes não deve conter abreviaturas.
MANUAL DE PROCESSO PENAL – Renato Brasileiro de Lima1690
o reconhecimento de nulidade (súmula nº 366 do STF). Outros exemplos de atos meramente 
irregulares podem ser lembrados: a) falta de outorga do recibo de entrega do preso ao condutor 
do flagrante, notadamente quando todas as garantias constitucionais lhe foram preservadas;3 b) 
deferimento de compromisso a pessoa impedida de prestá-lo;4 c) ausência, no laudo do exame 
cadavérico, da qualificação dos peritos também caracteriza mera irregularidade, que não jus-
tifica a anulação do feito, por não haver prejuízo ao acusado;5 d) decisão do juiz singular que 
encaminha recurso em sentido estrito ao Tribunal sem antes proceder ao juízo de retratação;6 
e) não observância das formalidades previstas no art. 226 do CPP por ocasião da realização do 
reconhecimento pessoal do acusado.7
3) Atos nulos: face a inobservância do modelo típico ou a ausência de requisito indispen-
sável para a prática do ato processual, são passíveis de decretação de ineficácia, reconhecendo 
sua nulidade absoluta ou relativa. Apesar de estarem sujeitos ao reconhecimento de sua inap-
tidão para produzir efeitos regulares, tais atos são juridicamente existentes e produzem seus 
efeitos regulares enquanto não declarada sua nulidade. A título de exemplo, proferida sentença 
condenatória desprovida de fundamentação, temos que tal decisão será nula, haja vista que a 
Constituição Federal estabelece a obrigatoriedade de motivação das decisões judiciais (art. 93, 
IX). Todavia, a despeito da nulidade absoluta, enquanto este vício não for expressamente reco-
nhecido pelo Tribunal competente, esta decisão terá aptidão para produzir seus efeitos regulares;
4) Atos inexistentes: tamanha a gravidade do vício que sequer podem ser tratados como 
atos processuais, sendo considerados pela doutrina como espécie de “não ato”. Nesse caso, não 
se cogita de invalidação, visto que a inexistência representa um defeito que antecede qualquer 
consideração sobre a validade do ato processual. É o que ocorre, a título de exemplo, com uma 
sentença sem dispositivo (conclusão): apesar de existir num plano fático, esta “não sentença” 
é considerada juridicamente inexistente, já que não se pode conceber uma sentença sem dis-
positivo, ou seja, uma sentença que nada tenha decidido. Outros exemplos de atos inexistentes 
podem ser lembrados: a) recurso interposto por advogado sem procuração nos autos;8 b) se o 
juiz proferir nova decisão após a sentença de mérito, ou seja, após esgotada a jurisdição pela 
prolação da sentença, a segunda decisão é ato inexistente, sem qualquer validade jurídica;9 c) 
decisão judicial proferida por desembargador em processo criminal no qual seu filho tenha 
funcionado como órgão do Ministério Público é inexistente, haja vista a causa de impedimento 
do art. 252, I, do CPP.10
3. STJ, 6ª Turma, HC 101.540/GO, Rel. Min. Jane Silva – Desembargadora convocada do TJ/MG –, j. 27/05/2008, 
DJe 09/06/2008.
4. STJ, 5ª Turma, RHC 19.928/PE, Rel. Min. Felix Fischer, j. 06/05/2008, DJe 16/06/2008.
5. STJ, 5ª Turma, HC 108.226/PE, Rel. Min. Felix Fischer, j. 29/04/2009, DJe 18/05/2009.
6. STJ, 5ª Turma, HC 177.854/SP, Rel. Min. Gilson Dipp, j. 14/02/2012, DJe 24/02/2012; STJ, 5ª Turma, HC 216.944/
PA, Rel. Min. Assusete Magalhães, j. 04/12/2012, DJe 18/12/2012.
7. STJ, 6ª Turma, AgRg no AgRg no AREsp 728.455/SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 28/06/2016, DJe 03/08/2016; 
STJ, 5ª Turma, AgRg no REsp 1.434.538/AC, Rel. Min. Felix Fischer, j. 02/06/2016, DJe 15/06/2016.
8. STJ, 3ª Turma, AgRg no Ag 564.298/RS, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, j. 27/03/2007, DJ 07/05/2007 p. 
313.
9. STJ, 6ª Turma, REsp 164.877/RS, Rel. Min. Vicente Leal, j. 14/09/1999, DJ 18/10/1999 p. 284.
10. STJ, 6ª Turma, HC 18.301/MS, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, j. 20/05/2003, DJ 30/06/2003 p. 314. Quanto à 
sentença proferida por magistrado em gozo de férias, há precedentes do STFe do STJ no sentido de que o ato 
processual é válido: STJ, 5ª Turma, HC 79.476/PR, Rel. Min. Felix Fischer, j. 19/06/2007, DJ 20/08/2007 p. 301; 
STF, 2ª Turma, HC 76.874/DF, Rel. Min. Maurício Corrêa, DJ de 30/10/98. Sem embargo desse entendimento, 
pensamos que, face a introdução do princípio da identidade física do juiz no processo penal (CPP, art. 399, § 2º), 
pensamos que, na hipótese de o juiz estar afastado por motivo de férias, os autos devem passar ao seu sucessor, 
sob pena de nulidade relativa da decisão por ele proferida.
TÍTULO 13 • NULIDADES 1691
Se o ato processual não existe juridicamente, não passa de mero fato, não podendo ter 
qualquer validade. Afinal, não pode ser considerado válido algo que nem ao menos existe. No 
entanto, por mais que grande parte da doutrina sustente que é desnecessário qualquer pronun-
ciamento judicial declaratório da inexistência, é plenamente possível que um ato processual 
inexistente gere efeitos como se existente e válido fosse, somente cessando tal eficácia quando 
da declaração judicial do vício. Basta imaginar uma sentença condenatória prolatada por um 
juiz que já não tivesse jurisdição no momento da publicação da referida decisão, em virtude de, 
por exemplo, promoção a outro cargo. Por mais absurdo que seja o vício, enquanto não houver 
uma decisão que declare o ato inexistente, é correto afirmar-se que tal ato poderá gerar efeitos, 
tais como o recolhimento do acusado à prisão. Daí a necessidade de uma decisão judicial reco-
nhecendo a inexistência desse não ato.
Ao contrário das nulidades relativas e absolutas, o vício que gera a inexistência do ato não 
se convalida jamais, nem mesmo com o trânsito em julgado de eventual sentença condenatória 
ou absolutória, podendo ser reconhecido na constância do processo e após o seu encerramento, 
independentemente de prazo. De fato, uma sentença assinada por alguém não investido de juris-
dição, embora não exista no plano fático, não passa de mero pedaço de papel sem importância 
jurídica. Logo, sua inexistência pode ser declarada a qualquer momento.
4. NULIDADE
A palavra nulidade é utilizada no processo penal com dois significados distintos:
a) sanção processual de ineficácia: uma primeira corrente (majoritária) compreende a 
nulidade como espécie de sanção aplicada ao ato processual defeituoso, privando-o de seus 
efeitos regulares. Tendo em conta que a forma prescrita em lei não foi observada, aplica-se 
a sanção de nulidade a este ato viciado, daí por que se fala em “declaração da nulidade”, no 
sentido de privar o ato de seus efeitos regulares. Exemplificando, se o interrogatório do acusado 
em juízo foi realizado sem a presença de defensor, caberá à defesa impugnar eventual decreto 
condenatório por meio de apelação, sem prejuízo da utilização do habeas corpus, objetivando 
o reconhecimento da nulidade absoluta do referido ato processual;11
b) defeito do ato processual: uma segunda corrente (minoritária) refere-se à nulidade como 
espécie de qualidade ou característica do ato processual ou do processo. A palavra nulidade 
seria utilizada, portanto, como expressão sinônima de defeito, vício, imperfeição, inobservân-
cia da forma legal. Logo, valendo-se do exemplo acima citado, na hipótese de o interrogatório 
judicial ser realizado sem a presença de advogado, este ato seria considerado nulo. Nesse caso, 
uma vez reconhecida a inobservância da forma prescrita em lei (CPP, art. 185, caput), ou seja, 
a nulidade do ato processual, a sanção a ser aplicada seria o reconhecimento de sua ineficácia.
4.1. Espécies de nulidades
Grande parte da doutrina processual penal subdivide as nulidades em absolutas e relativas. 
Há quem se refira à anulabilidade como uma terceira categoria (posição minoritária). Vejamos 
cada uma delas, separadamente.
4.1.1. Nulidade absoluta
O vício constante do ato processual atenta contra o interesse público na existência de um 
processo penal justo.
Duas são as características fundamentais das nulidades absolutas:
11. No sentido de que a ausência de defensor ao interrogatório judicial caracteriza nulidade absoluta do ato, por 
inequívoca violação ao princípio da ampla defesa: STJ, 6ª Turma, RHC 17.679/DF, Rel. Min. Nilson Naves, DJ 
20/11/2006 p. 362; STF, 1ª Turma, RE 459.518/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ 018 31/01/2008.
MANUAL DE PROCESSO PENAL – Renato Brasileiro de Lima1692
a) prejuízo presumido: o princípio pas des nullités sans grief – corolário da natureza 
instrumental do processo (CPP, art. 563: “Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não 
resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa.”) – impede a declaração da nulidade se não 
demonstrado o prejuízo concreto à parte que suscita o vício. Em se tratando de nulidade absoluta, 
geralmente violadora de norma protetiva de interesse público com status constitucional (v.g., 
devido processo legal, ampla defesa, contraditório) ou convencional, grande parte da doutrina 
entende que o prejuízo é presumido. Nessa linha, como observa Grinover, a atipicidade consti-
tucional, no quadro das garantias, importa sempre uma violação a preceitos maiores, relativos 
à observância dos direitos fundamentais e das normas de ordem pública, não sobrando espaço 
para meras irregularidades sem sanção ou nulidade relativa.12
No entanto, essa presunção de prejuízo não tem natureza absoluta. Na verdade, cuida-se 
de presunção relativa (iuris tantum), o que significa dizer que há uma inversão da regra do 
ônus da prova constante do art. 156, caput, do CPP. Portanto, a parte responsável pela arguição 
da nulidade absoluta fica exonerada da comprovação do prejuízo, cabendo à parte adversa 
demonstrar a inocorrência do prejuízo, caso tenha interesse na preservação do ato processual 
impugnado. Logrando êxito nessa comprovação, o vício processual não será declarado. Afinal, 
por força do princípio do prejuízo, não há por que se declarar uma nulidade, mesmo que de 
natureza absoluta, se não resultou qualquer prejuízo.
Vejamos um exemplo: como se sabe, a prolação de decisão por um juiz suspeito é causa de 
nulidade absoluta. Todavia, se a parte contrária conseguir provar que não houve prejuízo, não 
há por que se declarar a ineficácia do ato processual. Em caso concreto apreciado pelo STJ, um 
desembargador, apesar de ter declarado sua suspeição, participou de votação no órgão especial 
do Tribunal de Justiça, composto de vinte e quatro desembargadores. No entanto, considerando 
que apenas dois desembargadores foram contrários ao recebimento da denúncia contra a pro-
motora de justiça, entendeu-se que a efetiva participação do magistrado suspeito não exercera 
qualquer influência no resultado do julgamento, afastando, pois, a presunção de prejuízo. Por 
isso, a nulidade não foi declarada.13
Sem embargo desse entendimento doutrinário de que o prejuízo é presumido, o Supremo 
Tribunal Federal tem diversos precedentes no sentido de que o prejuízo deve ser comprovado 
pela parte interessada inclusive nas hipóteses de nulidade absoluta. Logo, se acaso a defesa 
pleitear a declaração de uma nulidade absoluta, incumbe a ela demonstrar o prejuízo decorren-
te da inobservância da forma prescrita em lei, sob pena de não lograr êxito na invalidação do 
ato processual impugnado. Nesse sentido, a 2ª Turma do Supremo já teve a oportunidade de 
asseverar que a demonstração de prejuízo, a teor do art. 563 do CPP, é essencial à alegação de 
nulidade, seja ela relativa ou absoluta, eis que o âmbito normativo do dogma fundamental da 
disciplina das nulidades pas de nullité sans grief também compreende as nulidades absolutas.14
12. GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antônio Magalhães; FERNANDES, Antônio Scarance. As nulidades no 
processo penal. 11ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 22.
13. STJ, 6ª Turma, HC 227.263/RJ, Rel. Min. Vasco Della Giustina – Desembargador convocado do TJ/RJ, j. 27/03/2012, 
DJe 11/04/2012. Na mesma linha, em caso concreto no qual magistrada impedida participou de julgamento no 
STJ,concluiu a 1ª Turma do STF não haver motivo para se declarar a nulidade do feito. Como o órgão judicante 
era composto por 10 (dez) membros e a decisão foi unânime, ainda que se desconsiderasse o voto da magistrada 
impedida, não haveria qualquer alteração no resultado final do julgamento (STF, 1ª Turma, HC 116.715/SE, Rel. 
Min. Rosa Weber, j. 05/11/2013). Tal raciocínio não será válido, todavia, quando o julgamento for realizado por 
um colegiado de Tribunal de 2ª instância (v.g., Câmara ou Turma Criminal) composto por apenas 3 (três) membros. 
Nesse caso, a exclusão do Desembargador impedido (ou suspeito) acarretaria substancial alteração no resultado 
do julgamento, até mesmo porque, sem ele, sequer haveria quórum mínimo para a instalação da sessão de 
julgamento. Nesse contexto: STF, 2ª Turma, HC 136.015/MG, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 14/05/2019. 
14. STF, 2ª Turma, RHC 110.623/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 13/03/2012, DJe 61 23/03/2012. E ainda: STF, 
2ª Turma, HC 85.155/SP, Rel. Min. Ellen Gracie, j. 22/03/2005, DJ 15/04/2005. Em sentido semelhante: “Apesar 
TÍTULO 13 • NULIDADES 1693
b) arguição a qualquer momento: ao contrário das nulidades relativas, que estão sujeitas à 
preclusão temporal, a nulidade absoluta pode ser arguida a qualquer momento, pelo menos enquan-
to não houver o trânsito em julgado da decisão. Destarte, pelo menos em regra, a mácula do ato 
absolutamente nulo não pode ser saneada ou convalidada, seja pelo decurso do tempo (preclusão 
temporal), seja pelo fato de a parte, ainda que tacitamente, ter aceitado seus efeitos (preclusão lógica).
Dizemos que, em regra, as nulidades absolutas não estão sujeitas à convalidação porquanto, 
no caso do trânsito em julgado de sentença absolutória própria, entende-se que as nulidades 
absolutas ocorridas no curso do processo estarão convalidadas, visto que não se admite revisão 
criminal pro societate. Não há, portanto, instrumentos processuais capazes de rescindir a coisa 
julgada. Como se percebe, o único limite ao reconhecimento da nulidade absoluta refere-se à 
coisa julgada pro reo, diante da vedação constitucional da reformatio pro societate (revisão da 
sentença absolutória por iniciativa do Estado). De mais a mais, a própria Convenção Americana 
de Direitos Humanos preceitua que “o acusado absolvido por sentença passada em julgado não 
poderá ser submetido a novo processo pelos mesmos fatos” (Dec. 678/92, art. 8º, nº 4). Logo, 
sentença absolutória contaminada por nulidade absoluta é capaz de transitar em julgado e pro-
duzir seus efeitos regulares, dentre eles o de impedir novo processo pela mesma imputação.
No entanto, em se tratando de sentença condenatória ou absolutória imprópria, as nulidades 
absolutas podem ser arguidas mesmo após o trânsito em julgado, na medida em que, nessa hi-
pótese, há instrumentos processuais aptos a fazê-lo, como a revisão criminal e o habeas corpus, 
que somente podem ser ajuizados em favor do condenado.15
Outro aspecto importante acerca das nulidades absolutas é que, aos olhos dos Tribunais 
Superiores, seu reconhecimento está limitado temporalmente, pelo menos em regra, às instân-
cias recursais ordinárias. Em outras palavras, em sede de recurso extraordinário e especial, os 
tribunais superiores só poderão se manifestar sobre uma nulidade absoluta se a mesma tiver sido 
objeto de prequestionamento, tal qual disposto nas súmulas 356 do STF (“O ponto omisso da 
decisão, sobre o qual não foram opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso 
extraordinário, por faltar o requisito do prequestionamento”) e 320 do STJ (“A questão federal 
somente ventilada no voto vencido não atende ao requisito do prequestionamento”). Isso, no 
entanto, não impede a concessão de ordem de habeas corpus de ofício pelos Tribunais Superiores 
em favor do acusado, mas desde que não haja supressão de instância.16
4.1.1.1. Hipóteses de nulidades absolutas
Apesar da enorme dificuldade em se fixar um critério rígido e inflexível para diferenciá-la 
da nulidade relativa, pode-se dizer que, pelo menos em regra, a nulidade absoluta estará presente 
nas seguintes hipóteses:
de existir entendimento deste Supremo Tribunal no sentido de que o prejuízo de determinadas nulidades seria 
de “prova impossível”, o princípio do pas de nullité sans grief exige, em regra, a demonstração de prejuízo 
concreto à parte que suscita o vício, independentemente da sanção prevista para o ato, podendo ser ela tanto 
a de nulidade absoluta quanto a relativa, pois não se decreta nulidade processual por mera presunção: STF, 1ª 
Turma, HC 107.769/PR, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 18/10/2011, DJe 225 25/11/2011.
15. No sentido de que a violação ao princípio da ampla defesa pode ser reconhecida mesmo após o trânsito em 
julgado de sentença condenatória: STJ, 6ª Turma, HC 88.934/PB, Relatora Ministra Jane Silva, DJe 10/03/2008.
16. Se a nulidade absoluta não foi prequestionada no acórdão recorrido, é inviável sua apreciação no recurso extraor-
dinário: STF, 2ª Turma, AI 393.589 AgR/PR, Rel. Min. Carlos Velloso, j. 29/10/2002, DJ 29/11/2002. Na mesma 
linha, entendendo que a falta de prequestionamento da alegada tese de ocorrência de prejuízo ocasionada por 
deficiência técnica da defesa faz incidir o óbice contido nas Súmulas ns. 282 e 356 do Supremo Tribunal Federal: 
STJ, 5ª Turma, AgRg no Ag 1.373.750/MG, Rel. Min. Jorge Mussi, j. 02/02/2012, DJe 09/02/2012. Em outro jul-
gado, o STJ concluiu que, na hipótese de os arts. 370, § 1º e 394, do CPP, apontados como violados, não foram 
enfrentados pelo acórdão recorrido, atrai-se o enunciado das Súmulas ns. 211/STJ, 282 e 356/STF: STJ, 5ª Turma, 
AgRg no Ag 1.332.241/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, j. 18/10/2011, DJe 25/10/2011.
MANUAL DE PROCESSO PENAL – Renato Brasileiro de Lima1694
a) nas nulidades cominadas no art. 564 do CPP que não estiverem sujeitas à sanação ou 
convalidação (CPP, art. 572). Explica-se: ao se referir às nulidades que estarão sanadas em virtude 
do decurso do tempo, o art. 572, inciso I, do CPP, faz menção apenas às nulidades previstas no 
art. 564, III, “d” e “e”, segunda parte, “g” e “h”, e IV. Ora, se o art. 572 do CPP está dizendo 
que tais nulidades considerar-se-ão sanadas se não forem arguidas em tempo oportuno, isso 
significa dizer que as nulidades aí mencionadas estão sujeitas à preclusão, característica básica 
de toda e qualquer nulidade relativa. Portanto, por meio de interpretação a contrario sensu do 
referido dispositivo, conclui-se que as nulidades cominadas do art. 564 do CPP não ressalvadas 
pelo art. 572 do CPP têm natureza absoluta.;
b) quando houver violação de normas constantes da Constituição Federal ou de Tratados 
Internacionais sobre Direitos Humanos (v.g., Pacto de São José da Costa Rica), ainda que essa 
nulidade não esteja expressamente prevista no art. 564 do CPP (nulidade não cominada). Mais 
que meros direitos subjetivos das partes, princípios e regras constitucionais e convencionais 
como o contraditório, a ampla defesa, o juiz natural, a publicidade, o duplo grau de jurisdição, 
etc., constituem características de um processo penal justo e legal, regularmente instaurado não 
apenas em benefício das partes, mas em prol de toda a coletividade, que tem evidente interesse 
no exercício da função jurisdicional consoante as regras do devido processo legal. Logo, não 
há espaço para meras irregularidades.
A título de exemplo, supondo que um crime militar seja processado e julgado perante a 
Justiça Comum Estadual, o processo estará contaminado por nulidade absoluta, haja vista a 
flagrante violação ao princípio do juiz natural, que assegura que ninguém será processado nem 
sentenciado senão pela autoridade competente (CF, art. 5º, LIII). Na mesma linha, se acaso um 
Tribunal deixar de conhecer recurso interposto pela defesa, sob o argumento de que o acusado 
não teria sido recolhido à prisão, deve ser declarada a nulidade absoluta de tal decisão, por-
quanto a Convenção Americana sobre Direitos Humanos asseguraexpressamente o direito ao 
duplo grau de jurisdição, independentemente do recolhimento do acusado à prisão (Dec. 678/92, 
art. 8º, § 2º, “h”). Na mesma linha, supondo que o acusado não seja encontrado em virtude de 
erro no endereço constante do mandado de citação, daí resultando sua citação por edital, há de 
se declarar a nulidade absoluta do processo a partir da citação. Afinal, a nulidade que vicia a 
citação pessoal do acusado, impedindo-lhe o exercício da autodefesa e de constituir defensor 
de sua livre escolha causa prejuízo evidente, daí por que tal vício pode ser arguido a qualquer 
tempo, inclusive após o trânsito em julgado de sentença condenatória ou absolutória imprópria, 
já que se trata de nulidade absoluta.17
c) quando, a despeito da ausência de previsão legal expressa de nulidade (nulidades não 
cominadas), verificar-se que houve a violação de forma prescrita em lei que visa à proteção de 
interesse de natureza pública.
4.1.2. Nulidade relativa
Nulidade relativa é aquela que atenta contra norma infraconstitucional que tutela interesse 
preponderante das partes. Duas são as características fundamentais das nulidades relativas:
a) comprovação do prejuízo: segundo a doutrina, enquanto o prejuízo é presumido nas 
hipóteses de nulidade absoluta, o reconhecimento de uma nulidade relativa está condicionado 
à comprovação do prejuízo decorrente da inobservância da forma prescrita em lei;18
17. STF, 1ª Turma, HC 92.569/MS, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 11/03/2008, DJe 74 24/04/2008.
18. No sentido de que a inobservância do procedimento atinente ao reconhecimento de pessoas previsto no art. 
226 do CPP configura nulidade relativa que, diante do princípio pas de nullité sans grief, deve ser arguida em 
momento oportuno, com a efetiva demonstração do prejuízo sofrido, sob pena de convalidação: STJ, 5ª Turma, 
HC 127.000/MG, Rel. Min. Felix Fischer, j. 07/05/2009, DJe 31/08/2009.
TÍTULO 13 • NULIDADES 1695
b) arguição oportuna, sob pena de preclusão e consequente convalidação: diversamente 
da nulidade absoluta, que pode ser arguida a qualquer momento, inclusive após o trânsito em 
julgado de sentença condenatória ou absolutória imprópria, a nulidade relativa deve ser arguida 
no momento oportuno (CPP, art. 571), sob pena de preclusão e consequente convalidação da 
nulidade. É o que ocorre, por exemplo, com a incompetência relativa (v.g., competência territo-
rial), que deve ser arguida por ocasião da apresentação da resposta à acusação (CPP, art. 396-A), 
sob pena de preclusão temporal. Como se percebe, ao contrário das nulidades absolutas, as de 
natureza relativa podem ser convalidadas, ou seja, seu vício pode ser removido para que o ato 
produza seus efeitos regulares, seja pelo decurso do tempo (preclusão temporal), seja pelo fato 
de a parte, tacitamente, ter aceitado seus efeitos (preclusão lógica).
4.1.2.1. Hipóteses de nulidades relativas
Dissemos anteriormente que não é tarefa fácil estabelecer um critério rígido entre as 
hipóteses de nulidades absolutas e relativas. A despeito da falta de consenso doutrinário e 
jurisprudencial acerca de uma classificação uniforme, haverá nulidade relativa nas seguintes 
situações:
a) nas nulidades cominadas do art. 564 que estiverem sujeitas à sanação ou convalidação 
pelo decurso do tempo (CPP, art. 572, I). Como visto acima, ao se referir às nulidades que es-
tarão sanadas em virtude do decurso do tempo, o art. 572, inciso I, do CPP, faz menção apenas 
às nulidades previstas no art. 564, III, “d” e “e”, segunda parte, “g” e “h”, e IV. Ora, se o art. 
572 do CPP está dizendo que tais nulidades considerar-se-ão sanadas se não forem arguidas em 
tempo oportuno, isso significa dizer que, pelo menos em regra, as nulidades aí mencionadas 
estão sujeitas à preclusão, característica básica de toda e qualquer nulidade relativa;
b) quando, a despeito da ausência de previsão legal expressa de nulidade (nulidades não 
cominadas), verificar-se que houve a violação de forma prescrita em lei que visa à proteção de 
interesse preponderante das partes. É o que ocorre, por exemplo, com a ausência de intimação 
das partes acerca da expedição de carta precatória. Considerando que recai sobre as partes o ônus 
de provar a veracidade das afirmações por elas firmadas ao longo do processo, na hipótese de 
o juiz não intimar as partes acerca da expedição de carta precatória, subentende-se que houve 
violação à norma protetiva de interesse preponderante das partes, do que deriva a possibilidade 
de reconhecimento de nulidade relativa do ato processual. Acerca do assunto, eis o teor da 
súmula nº 155 do STF: “É relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimação da 
expedição de precatória para inquirição de testemunha”.19
A ausência de intimação para a oitiva de testemunha no juízo deprecado também não 
consubstancia manifesto constrangimento ilegal. Havendo ciência da expedição da carta pre-
catória, incumbe ao defensor acompanhar o andamento do feito no juízo deprecado. É nesse 
sentido, aliás, o teor da súmula nº 273 do STJ: “Intimada a defesa da expedição da carta pre-
catória, torna-se desnecessária intimação da data da audiência no juízo deprecado”. Todavia, 
demonstrada a impossibilidade de atuação da defesa técnica, é possível o reconhecimento 
de nulidade absoluta. Em caso concreto apreciado pelo STF, o advogado de defesa teve, a 
partir da ciência da expedição da carta precatória, 7 (sete) dias úteis para deslocar-se do Rio 
de Janeiro a Belém do Pará, o que, na prática, inviabilizou seu comparecimento. Face a im-
possibilidade de comparecimento do defensor constituído, foi nomeado defensor ad hoc. Aos 
olhos da Suprema Corte, a nomeação de defensor dativo para atuar perante o juízo deprecado 
em momento culminante da instrução de processo criminal cuja inicial contém quatrocentas 
páginas estaria a evidenciar satisfação meramente formal da exigência de defesa técnica, 
haja vista a impossibilidade de atuação eficiente e efetiva do defensor ad hoc em favor do 
19. STJ, 5ª Turma, HC 88.371/SC, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 21/02/2008, DJe 24/03/2008.
MANUAL DE PROCESSO PENAL – Renato Brasileiro de Lima1696
acusado, daí por que foi concedida a ordem para anular o feito, desde a oitiva da testemunha 
por precatória, inclusive.20
Ainda em relação à oitiva de testemunhas perante o juízo deprecado, convém lembrar 
que, aos olhos do STF, não é nula a audiência de oitiva de testemunha realizada por carta pre-
catória sem a presença do acusado, se este, devidamente intimado da expedição, não requer o 
comparecimento.21
4.1.2.2. Momento para a arguição das nulidades relativas
Tal qual exposto acima, a nulidade relativa deve ser arguida oportunamente, sob pena de 
preclusão. Este momento oportuno para a arguição da nulidade relativa consta do art. 571 do 
CPP. De se lembrar que este dispositivo tem aplicação restrita às nulidades relativas, já que 
aquelas de natureza absoluta não estão sujeitas à convalidação pelo decurso do tempo.
Especial atenção deve ser dispensada à leitura do art. 571 do CPP. Isso porque, pelo fato 
de não ter sofrido qualquer alteração nos últimos anos, este dispositivo faz menção a artigos do 
CPP que foram modificados por várias leis que se sucederam nos últimos anos. Logo, sua leitura 
deve ser feita em cotejo com a mudança da parte geral do Código Penal (Lei nº 7.209/84), com 
a criação do procedimento originário dos Tribunais pelas Leis 8.038/90 e 8.658/93, e com as 
alterações produzidas no CPP pelas Leis 11.689/08 e 11.719/08. Destarte, por força do art. 571 
do CPP, as nulidades relativas deverão ser arguidas:
I – as da instrução criminal dos processos da competência do júri, nos prazos a que se 
refere o “art. 406”: o art. 406 do CPP a que se refere este dispositivo foi alterado em virtude 
do advento da reforma processual de 2008. Em sua redação antiga, o dispositivo tratava das 
alegações finais apresentadas pelas partes ao final da 1ª fase do procedimento do júri. Com o 
advento daLei nº 11.689/08, as alegações das partes passaram a ser apresentadas oralmente, 
estando regulamentadas no art. 411, §§ 4º, 5º e 6º, do CPP. Destarte, o art. 571, inciso I, do CPP, 
deve ser interpretado nos seguintes termos: “as nulidades relativas da instrução criminal da 1ª 
fase do procedimento do júri, ocorridas após a apresentação da resposta à acusação,22 devem 
ser arguidas em sede de alegações orais (CPP, art. 411, §§ 4º, 5º e 6º), sob pena de preclusão 
temporal”;
II – as da instrução criminal dos processos de competência do juiz singular e dos pro-
cessos especiais, salvo os dos Capítulos V e VII do Título II do Livro II, nos prazos a que 
se refere o “art. 500”: o art. 500 a que se refere este dispositivo, hoje revogado, referia-se às 
alegações finais apresentadas ao final do procedimento comum dos crimes punidos com reclu-
são. Com o advento da Lei nº 11.719/08, as alegações finais foram substituídas por alegações 
orais, que devem ser apresentadas ao final da audiência una de instrução e julgamento (CPP, art. 
403). A depender da complexidade da causa ou do número de acusados, ou quando for deferida 
a realização de diligências, o juiz poderá deferir a substituição das alegações orais por memo-
riais. Apesar de o art. 571, II, do CPP, sugerir que toda e qualquer nulidade relativa ocorrida 
durante a instrução criminal dos processos de competência do juiz singular deve ser arguida 
por ocasião da apresentação das alegações orais (ou memoriais), não se pode perder de vista 
que a Lei nº 11.719/08 introduziu importante manifestação da defesa anterior a esse momento, 
20. STF, 2ª Turma, HC 91.501/RJ, Rel. Min. Eros Grau, j. 10/02/2009, DJe 84 07/05/2009.
21. STF, Pleno, RE 602.543 QO-RG/RS, Rel. Min. Cezar Peluso, j. 19/11/2009, DJe 35 25/02/2010. No sentido de que 
a falta de requisição do acusado preso para o comparecimento à audiência de oitiva de testemunhas no juízo 
deprecado é causa de mera nulidade relativa: STJ, 5ª Turma, HC 95.441/SC, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, j. 
09/02/2010, DJe 15/03/2010.
22. Quanto às nulidades relativas ocorridas antes da resposta à acusação, vide observações quanto ao art. 571, II, 
do CPP.
TÍTULO 13 • NULIDADES 1697
qual seja, a resposta à acusação, que é apresentada imediatamente após o recebimento da peça 
acusatória e da citação do acusado. Segundo o art. 396-A, na resposta à acusação, a defesa 
poderá arguir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e 
justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e reque-
rendo sua intimação, quando necessário. Ora, considerando que as nulidades relativas devem 
ser arguidas na primeira oportunidade que a parte tiver para se manifestar no processo, se a Lei 
nº 11.719/08 introduziu a resposta à acusação no momento limiar do processo, parece-nos que 
eventuais nulidades relativas ocorridas entre o oferecimento da peça acusatória e a citação do 
acusado devem ser arguidas pela defesa por ocasião da apresentação dessa peça, sob pena de 
preclusão. Sem dúvida alguma, o melhor exemplo de nulidade relativa que pode vir a ocorrer 
entre o oferecimento da peça acusatória e a citação do acusado diz respeito à inobservância do 
procedimento referente à defesa preliminar. Como se sabe, em alguns procedimentos especiais 
(v.g., crimes funcionais afiançáveis), a lei prevê a obrigatoriedade de defesa preliminar, a qual 
é apresentada entre o oferecimento e o recebimento da peça acusatória com o objetivo precípuo 
de convencer o juiz acerca da presença de uma das causas de rejeição da peça acusatória, impe-
dindo, assim, a instauração de processos temerários. Pois bem. Suponha-se que, a despeito de se 
tratar de crime funcional afiançável (v.g., concussão), após o oferecimento da peça acusatória, 
ao invés de determinar a notificação do acusado para apresentar defesa preliminar, delibere o 
juiz pelo imediato recebimento da peça acusatória, determinando, na sequência, a citação do 
acusado para apresentar a resposta à acusação. Ora, como a inobservância do procedimento 
referente à defesa preliminar vem sendo considerada pelos Tribunais Superiores como causa 
de nulidade relativa, o ideal é que tal vício seja arguido pela defesa ao apresentar a resposta à 
acusação. Reconhecido o vício, deve o juiz anular o processo a partir do recebimento da peça 
acusatória, conferindo à defesa, na sequência, a oportunidade de apresentar defesa preliminar. 
Destarte, se as nulidades relativas ocorridas entre o oferecimento da peça acusatória e a cita-
ção do acusado devem ser arguidas pela defesa ao apresentar a resposta à acusação, pensamos 
que, diante das mudanças produzidas pela Lei nº 11.719/08, o ideal é interpretar o art. 571, II, 
do CPP, nos seguintes termos: “as nulidades relativas dos processos da competência do juiz 
singular ocorridas entre o oferecimento da peça acusatória e a citação do acusado devem ser 
arguidas na resposta à acusação; aquelas verificadas após a apresentação da resposta à acusação 
devem ser arguidas por ocasião da apresentação das alegações orais (ou memoriais), sob pena 
de preclusão”. As ressalvas a que se refere o art. 571, II, do CPP – “salvo os dos Capítulos 
V e VII do Título II do Livro II” – dizem respeito ao procedimento sumário (Capítulo V) e 
ao procedimento de aplicação de medida de segurança por fato não criminoso (Capítulo VII), 
cujo marco temporal para a arguição da nulidade relativa consta do art. 571, incisos III e IV, 
respectivamente, a serem estudados na sequência;
III – as do processo sumário, no prazo a que se refere o art. 537, ou, se verificadas 
depois desse prazo, logo depois de aberta a audiência e apregoadas as partes: antes da 
Constituição Federal, o procedimento comum sumário tinha início pelo auto de prisão em 
flagrante ou mediante portaria expedida pela autoridade policial ou pelo juiz, de ofício ou a 
requerimento do Ministério Público. Por isso, as nulidades relativas deviam ser arguidas no 
prazo a que se referia a defesa prévia, prevista no art. 537, hoje revogado. Considerando que a 
Constituição Federal outorgou ao Ministério Público a titularidade da ação penal pública (art. 
129, I), inviabilizando a instauração de processo penal mediante portaria da autoridade policial 
ou do juiz (processo judicialiforme), o ideal é compreender que, nos mesmos moldes que ocorre 
no procedimento comum ordinário, as nulidades relativas do procedimento comum sumário 
ocorridas entre o oferecimento da peça acusatória e a citação do acusado devem ser arguidas na 
resposta à acusação; aquelas verificadas após a apresentação da resposta à acusação, por ocasião 
da apresentação das alegações orais (ou memoriais), sob pena de preclusão;
MANUAL DE PROCESSO PENAL – Renato Brasileiro de Lima1698
IV – as do processo regulado no Capítulo VII do Título II do Livro II, logo depois de 
aberta a audiência: o Capítulo a que se refere este dispositivo diz respeito ao procedimento 
de aplicação de medida de segurança por fato não criminoso (arts. 549 a 555). É dominante o 
entendimento no sentido de que a reforma da parte geral do Código Penal pela Lei nº 7.209/84 
deixou de permitir a aplicação da medida de segurança prevista neste Capítulo VII do Título 
II do Livro II, o qual está tacitamente revogado. Logo, o art. 571, IV, também se encontra 
tacitamente revogado;
V – as ocorridas posteriormente à pronúncia, logo depois de anunciado o julgamento 
e apregoadas as partes (art. 447): na hipótese de a nulidade relativa ocorrer na própria decisão 
de pronúncia, sua arguição deve ser feita por meio do recurso em sentido estrito a ser interposto 
contra ela, nos termos do art. 581, IV, do CPP, já que não se admite que as partes postulem a 
anulação da decisão pelo próprio juiz sumariante responsável pela prolação da pronúncia. Caberá 
ao Tribunal competente, portanto, o reconhecimento da nulidade relativa constante da pronúncia. 
Segundo o art. 571, V, do CPP, eventuais nulidades relativas ocorridas após apronúncia devem 
ser arguidas imediatamente depois de anunciado o julgamento em plenário do júri e apregoadas 
as partes. Com a reforma processual de 2008, este anúncio do julgamento e subsequente pregão, 
outrora previsto no art. 447, passou a constar do art. 463, caput, e § 1º, do CPP. Apesar de o 
art. 571, V, do CPP, sugerir que toda e qualquer nulidade relativa ocorrida após a pronúncia 
deve ser arguida logo depois de anunciado o julgamento e apregoadas as partes, pensamos que 
este dispositivo deve ser interpretado à luz da reforma processual de 2008. Explica-se: com a 
extinção do libelo acusatório, o legislador passou a prever a fase de preparação do processo para 
julgamento em plenário, imediatamente após a preclusão da pronúncia, oportunidade em que as 
partes poderão apresentar rol de testemunhas, juntar documentos e requerer diligências (CPP, 
art. 422). Logo após a manifestação das partes, o juiz presidente deve deliberar sobre os requeri-
mentos de provas a serem produzidas, assim como ordenar as diligências necessárias para sanar 
qualquer nulidade (CPP, art. 423, I, 1ª parte). Ora, se este dispositivo refere-se ao ordenamento 
do processo para sanar qualquer nulidade, é de todo evidente que está se referindo às nulidades 
relativas, porquanto aquelas de natureza absoluta não estão sujeitas à convalidação. Logo, pare-
ce-nos que os arts. 422 e 423, I, do CPP, criaram um novo limite temporal para a arguição das 
nulidades relativas: aquelas ocorridas após a preclusão da pronúncia e antes do ordenamento do 
processo para julgamento em plenário deverão ser arguidas na fase de preparação do processo, 
sob pena de preclusão. Destarte, com as mudanças produzidas pela Lei nº 11.689/08, o art. 571, 
V, do CPP, deve ser reinterpretado nos seguintes termos: “as nulidades relativas ocorridas após a 
preparação do processo para julgamento em plenário deverão ser arguidas imediatamente depois 
de anunciado o julgamento em plenário do júri e apregoadas as partes”;
VI – as de instrução criminal dos processos de competência do Supremo Tribunal Fe-
deral e dos Tribunais de Apelação, nos prazos a que se refere o art. 500: quando o Código de 
Processo Penal entrou em vigor, o procedimento dos feitos de competência do Supremo Tribunal 
Federal e dos Tribunais de Apelação estava previsto entre os arts. 556 e 562 do CPP. Por isso, 
o art. 571, VI, do CPP, dispunha que as nulidades relativas da instrução criminal pertinentes a 
tais procedimentos devia ser arguida nos prazos a que se referia a antiga redação do art. 500 
do CPP, hoje revogado, que tratava das alegações finais escritas. Ocorre que, com o advento 
das Leis 8.038/90 e 8.658/93, os feitos de competência originária dos Tribunais de Justiça dos 
Estados e do Distrito Federal, dos Tribunais Regionais Federais, do Superior Tribunal de Justiça 
e do Supremo Tribunal Federal passaram a observar o procedimento previsto entre os arts. 1º e 
12 da Lei nº 8.038/90. Não por outro motivo, os arts. 556 a 562 do CPP foram expressamente 
revogados. Com todas essas mudanças, o ideal é sustentar que as nulidades relativas da ins-
trução criminal dos processos de competência originária dos Tribunais devem ser arguidas por 
ocasião da apresentação das alegações escritas (Lei nº 8.038/90, art. 11, caput), ou no momento 
da sustentação oral (Lei nº 8.038/90, art. 12, I), sob pena de preclusão;
TÍTULO 13 • NULIDADES 1699
VII – se verificadas após a decisão de primeira instância, nas razões de recurso ou 
logo depois de anunciado o julgamento do recurso e apregoadas as partes: talvez seja este 
um dos únicos inciso do art. 571 que não sofreu qualquer modificação em virtude das recentes 
mudanças produzidas na legislação processual penal. Eventuais nulidades relativas verificadas 
após a prolação da decisão de primeira instância devem ser arguidas nas razões de recurso ou 
logo depois de anunciado o julgamento do recurso e apregoadas as partes, ou seja, por ocasião 
da sustentação oral no juízo ad quem. Evidentemente, também poderão ser arguidas nas razões 
de apelação eventuais nulidades da própria sentença (v.g., ausência de fundamentação). Ademais, 
por força de interpretação extensiva, esse marco temporal para a arguição de nulidades relativas 
também se aplica às hipóteses em que a mácula surgir entre a apresentação das alegações orais 
(ou memoriais) e a decisão de primeira instância. Por exemplo, supondo que, após a apresenta-
ção dos memoriais pelas partes e antes da prolação da sentença, o juiz determine a realização 
de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante, proferindo sentença condenatória na 
sequência sem prévia intimação das partes para se manifestar quanto aos elementos probatórios 
então obtidos, temos que tal nulidade deve ser arguida nas razões de recurso ou logo depois de 
anunciado o julgamento da impugnação e apregoadas as partes. Conquanto o art. 571, VII, do 
CPP, refira-se às nulidades relativas verificadas após a decisão de primeira instância, é de todo 
evidente que aquelas anteriores a essa decisão também poderão ser impugnadas novamente 
como preliminares do recurso interposto, desde que, obviamente, já tenham sido arguidas no 
momento oportuno, inviabilizando, assim, o reconhecimento da preclusão. A título de exemplo, 
suponha-se que o juiz tenha deixado de observar a regra constante do art. 212 do CPP, por meio 
da qual as partes, inicialmente, formulam suas perguntas diretamente às testemunhas, passando 
o juiz, na sequência, a complementar a inquirição. Face a utilização do sistema presidencialista, 
o advogado de defesa insurge-se contra a colheita da prova testemunhal de imediato, voltando 
a impugnar a matéria por ocasião da apresentação de suas alegações orais. Nesse caso, por 
mais que o juiz rejeite a nulidade relativa arguida pelo defensor no curso da audiência una de 
instrução e julgamento, nada impede que a matéria seja trazida à apreciação do Tribunal por 
meio de preliminar de apelação interposta contra eventual sentença condenatória;
VIII – as do julgamento em plenário, em audiência ou em sessão do tribunal, logo 
depois de ocorrerem: eventuais nulidades relativas no julgamento em plenário do júri, em 
audiência ou em sessão do julgamento, devem ser arguidas imediatamente depois de ocorrerem, 
sob pena de preclusão temporal e consequente convalidação do vício. Evidentemente, se a parte 
se insurgir contra a nulidade relativa ocorrida durante a audiência (v.g., inversão da ordem de 
perguntas às testemunhas prevista no art. 212 do CPP), e o juiz rejeitar a impugnação, a argui-
ção dessa nulidade relativa deve ser reiterada pela parte interessada em preliminar de futura e 
eventual apelação. A título de exemplo de nulidade relativa que deve ser arguida em plenário do 
júri imediatamente após sua ocorrência, podemos citar a impugnação aos quesitos formulados 
pelo juiz-presidente. Como se sabe, por força do art. 484, caput, do CPP, concluídos os debates, 
se os jurados disserem que estão habilitados a proceder ao julgamento (CPP, art. 480, § 1º), o 
juiz presidente deve fazer a leitura dos quesitos, indagando das partes se têm requerimento ou 
reclamação a fazer, devendo qualquer deles, bem como a decisão, constar da ata. Portanto, o 
momento processual oportuno para que as partes formulem eventuais impugnações aos quesitos 
elaborados pelo juiz presidente é este, ou seja, imediatamente após a leitura e explicação de 
seu conteúdo em plenário. Se permanecer em silêncio, prevalece o entendimento de que haverá 
preclusão, inibindo ulterior arguição de nulidade relativa, nos termos do art. 564, parágrafo 
único, c/c art. 571, VIII, ambos do CPP.
4.1.3. Anulabilidades
Parte minoritária da doutrina classifica as invalidades no processo penal em nulidades ab-
solutas, relativas e anulabilidades. É nesse sentido a lição de Vicente Greco Filho. Para o autor, 
MANUAL DE PROCESSO PENAL – Renato Brasileiro de Lima1700
nulidade absoluta é aquela em que há violação de norma protetiva de interesse público,não 
estando sujeita à convalidação, podendo ser decretada de ofício. Nulidade relativa é aquela em 
que há violação de norma cogente protetiva de interesse da parte, estando sujeita às impeditivas, 
mas não às sanatórias, podendo ser conhecida de ofício pelo juiz. Por fim, anulabilidade é a 
que ocorre por violação de norma dispositiva protetiva de interesse da parte, estando sujeita às 
impeditivas e às sanatórias, não podendo ser conhecida de ofício pelo juiz, mas somente por 
arguição da parte, estando prevista no art. 572 do CPP e em outros dispositivos para os quais 
não foi estabelecida nulidade.23
Sem embargo dessa posição, prevalece o entendimento de que, em sede processual penal, 
as nulidades subdividem-se apenas em absolutas e relativas, valendo destacar que ambas podem 
ser reconhecidas de ofício pelo juiz, como será visto no tópico seguinte.
4.2. Reconhecimento das nulidades
4.2.1. Na primeira instância
Na 1ª instância, o juiz é livre para reconhecer de ofício a existência de qualquer tipo de 
nulidade, seja ela absoluta, seja ela relativa. Há quem entenda que, nos mesmos moldes do que 
ocorre no processo civil, o magistrado só é livre para conhecer de ofício a existência de nuli-
dades absolutas no âmbito criminal. Assim, as nulidades relativas só poderiam ser apreciadas 
pelo juiz se houvesse impugnação das partes nesse sentido.
Com tal assertiva não podemos concordar. Em primeiro lugar, porque o juiz não é parte 
na relação processual penal. Logo, não está sujeito ao princípio do interesse. A ele incumbe 
prover à regularidade do processo, nos termos do art. 251 do CPP, daí por que deve zelar pela 
observância de todos os modelos típicos, pouco importando se tal forma foi estabelecida para 
atender a interesse de natureza pública (hipótese de nulidade absoluta) ou a interesse prepon-
derante das partes (hipótese de nulidade relativa). Há outros dispositivos legais constantes do 
CPP que confirmam a possibilidade de reconhecimento de ofício de quaisquer nulidades. A 
título de exemplo, ao tratar do ordenamento do processo para julgamento em plenário, o art. 
423, I, dispõe que o juiz presidente deve ordenar as diligências necessárias para sanar qualquer 
nulidade. Ao se referir às diligências necessárias para sanar qualquer nulidade, é evidente que 
o dispositivo refere-se àquelas de natureza relativa, haja vista que as nulidades absolutas não 
estão sujeitas ao saneamento (convalidação). Portanto, o dispositivo deixa entrever que o juiz 
criminal pode sim conhecer de ofício uma nulidade relativa, visto que a própria lei dispõe que 
ele deve ordenar diligências para sanar tais vícios.24
Se as nulidades absolutas ou relativas não forem reconhecidas de ofício pelo juiz, as partes 
são livres para fazer sua arguição, devendo atentar para o fato de que as nulidades relativas 
devem ser arguidas oportunamente (CPP, art. 571), sob pena de preclusão. De seu turno, as nu-
lidades absolutas podem ser arguidas a qualquer momento, inclusive após o trânsito em julgado 
de sentença condenatória e/ou absolutória imprópria, visto que a defesa dispõe de instrumentos 
adequados para tanto, tais como o habeas corpus e a revisão criminal.
Arguida a nulidade pelas partes, por mais que esteja evidenciada a inobservância do mo-
delo típico, deve o juiz atentar para vários princípios que serão estudados mais adiante. Por 
23. GRECO FILHO, Vicente. Processo penal. 7ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2009. p. 293.
24. No sentido de que o juiz é livre para reconhecer de ofício tanto nulidades absolutas quanto relativas: MUCCIO, 
Hidejalma (Curso de processo penal. 2ª ed. São Paulo: Método, 2011, p. 1.077); FEITOZA, Denilson (op. cit. p. 
1.060). Em sentido diverso, entendendo que apenas as nulidades absolutas podem ser reconhecidas de ofício 
pelo juiz: NUCCI, Guilherme de Souza (Manual de processo penal e execução penal. 5ª ed. São Paulo: Editora 
Revista dos Tribunais, 2008, p. 824);
TÍTULO 13 • NULIDADES 1701
mais que o ato processual tenha sido praticado em desacordo com o modelo legal, não deve ser 
reconhecida a nulidade se não houver prejuízo (pas des nullités sans grief), se o ato processual 
defeituoso tiver atingido sua finalidade (princípio da instrumentalidade das formas), etc. Es-
pecificamente quanto à arguição das nulidades relativas, para além da verificação de possível 
preclusão temporal (CPP, art. 571), também deve o magistrado ficar atento aos princípios do 
interesse e da lealdade (boa-fé).
4.2.2. Na segunda instância
Se o juiz é livre para conhecer de ofício nulidades absolutas e relativas na 1ª instância, 
raciocínio diverso se aplica às hipóteses em que o processo está tramitando perante os Tribunais 
em grau recursal. Isso porque, em grau recursal, o conhecimento de toda e qualquer nulidade 
pelo Tribunal está condicionado ao efeito devolutivo (tantum devolutum quantum appelatum), 
em razão do qual o poder de reexame da instância superior fica restrito à parte da decisão 
impugnada pelo recorrente, evitando-se, assim, a prestação de atividade jurisdicional sem que 
tenha havido provocação das partes, em fiel observância à regra da inércia da jurisdição (ne 
procedat judex ex officio).
Por isso, se as partes devolvem ao conhecimento do Tribunal a apreciação de determinada 
nulidade, esta não só pode como deve ser analisada pelo Tribunal. Logo, desde que a apreciação 
da matéria seja devolvida ao tribunal pelos recorrentes, o Tribunal poderá apreciar qualquer 
espécie de nulidade, seja ela absoluta, seja ela relativa. Evidentemente, a nulidade relativa só 
poderá ser questionada em grau recursal se não ocorreu anterior preclusão temporal. Exem-
plificando, supondo a existência de nulidade relativa durante a audiência una de instrução e 
julgamento dos processos da competência do juiz singular, se o vício não for arguido por ocasião 
da apresentação das alegações orais (ou memoriais), significa dizer que terá havido preclusão. 
Todavia, se a nulidade relativa foi arguida no momento oportuno pela parte, sendo, porém, 
rechaçada pelo juiz de 1ª instância, é evidente que a matéria poderá ser ventilada novamente 
em preliminar de ulterior recurso.
Quanto à possibilidade de reconhecimento de ofício de nulidades em grau recursal, especial 
atenção deve ser dispensada à sumula nº 160 do Supremo, segundo a qual “é nula a decisão do 
Tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não arguida no recurso da acusação, ressalvados os 
casos de recurso de ofício”. A leitura dessa súmula autoriza a extração de 3 (três) conclusões:
a) nos casos de recurso de ofício, o Tribunal é livre para reconhecer qualquer nulidade, 
seja ela favorável ou prejudicial à defesa. Afinal, por meio do reexame necessário, devolve-se 
ao juízo ad quem o conhecimento integral da causa, de modo que nada que se decidiu na sen-
tença se faz precluso;
b) no recurso da acusação, o Tribunal é livre para reconhecer qualquer nulidade em prejuízo 
do acusado, desde que o conhecimento desse vício tenha sido devolvido à apreciação do juízo 
ad quem em virtude da interposição do recurso.25 Em se tratando de nulidade relativa, esta 
deve ter sido oportunamente arguida pelas partes (CPP, art. 571), sob pena de já ter se opera-
do a preclusão, impedindo o reconhecimento do vício pelo Tribunal, ainda que haja expressa 
devolução quanto à matéria;
c) no recurso da acusação ou da defesa, o Tribunal é livre para reconhecer qualquer nuli-
dade em benefício do acusado, ainda que a apreciação da matéria não tenha sido expressamente 
devolvida ao conhecimento do Tribunal, já que vigora, em sede processual penal, o princípio 
da reformatio in mellius. Destarte, no recurso exclusivo da acusação ou até mesmo no recurso 
25. No sentido de que o juízo ad quem não pode reconhecer, de ofício, nulidade não arguida no recurso da acusação, 
cujo reconhecimento possa vir a prejudicar a defesa, sob pena de violação ao princípio da non reformatio in 
pejus: STJ, 5ª Turma, HC 90.793/SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 11/12/2008, DJe16/02/2009.
MANUAL DE PROCESSO PENAL – Renato Brasileiro de Lima1702
da defesa no qual tal vício não tenha sido expressamente impugnado, é plenamente possível 
que o juízo ad quem melhore a situação da defesa, reconhecendo nulidade capaz de favorecer 
o acusado. Afinal, se o Tribunal pode conceder ordem de habeas corpus de ofício, tal qual 
previsto no art. 654, § 2º, do CPP, por que motivo estaria impossibilitado de, ante uma apela-
ção exclusiva da acusação, abrandar a situação do acusado, reconhecendo nulidade capaz de 
favorecê-lo? Mais uma vez, convém lembrar que, na hipótese de nulidade relativa, esta deve 
ter sido arguida oportunamente, sob pena de já ter se operado a preclusão.
5. PRINCÍPIOS REFERENTES ÀS NULIDADES
5.1. Princípio da tipicidade das formas
Em regra, todo ato processual tem sua forma prescrita em lei, cuja inobservância pode dar 
ensejo à decretação de sua nulidade. No tópico introdutório deste Título, vimos que a tipicidade 
das formas corresponde à ideia de que o ato processual deve ser praticado em consonância com 
a Constituição Federal e com as leis processuais penais, assegurando-se, assim, não somente às 
partes, como a toda a coletividade, a existência de um processo penal justo e em consonância 
com o devido processo legal. De todo modo, como visto anteriormente, nem toda inobservância 
da forma prescrita em lei é capaz de acarretar a invalidação do ato processual. De fato, a depen-
der do ato processual viciado e do grau do vício, o ordenamento jurídico pode simplesmente 
desprezar a irregularidade cometida, impor uma mera consequência extraprocessual, sujeitá-lo 
à declaração de sua ineficácia, ou considerá-lo inexistente.
5.2. Princípio do prejuízo
Segundo o art. 563 do CPP, nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar 
nenhum prejuízo para as partes (pas de nullité sans grief). O princípio do prejuízo aí previsto 
deriva da ideia de que a tipicidade dos atos processuais funciona apenas como um instrumento 
para a correta aplicação do direito. Logo, eventual desobediência às formas prescritas em lei 
só deve acarretar a invalidação do ato processual quando a finalidade para a qual foi instituída 
a forma restar comprometida pelo vício. Em síntese, somente a atipicidade relevante, capaz de 
produzir prejuízo às partes, autoriza o reconhecimento da nulidade.
Outro dispositivo legal que versa sobre o princípio do prejuízo é o art. 566 do CPP, por força 
do qual “não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na apuração 
da verdade substancial ou na decisão da causa”. Ora, se o ato viciado é absolutamente inócuo, 
incapaz de prejudicar a formação do convencimento judicial, não há motivo para o reconheci-
mento de sua nulidade. É o que ocorre, a título de exemplo, com a inversão da ordem de oitiva 
das testemunhas, considerada pela jurisprudência como causa de mera nulidade relativa, daí por 
que se afigura indispensável a comprovação do prejuízo. Supondo que as testemunhas da defesa 
sejam meramente abonatórias, é evidente que sua oitiva antes da colheita do depoimento das 
testemunhas arroladas pela acusação não acarretará qualquer prejuízo à defesa.26
Na mesma linha, segundo o art. 572, II, do CPP, as nulidades previstas no art. 564, III, “d” 
e “e”, segunda parte, “g” e “h”, e IV, considerar-se-ão sanadas se, praticado por outra forma, o 
ato tiver atingido o seu fim. O dispositivo deixa entrever que, inobstante o vício constante do 
ato processual, não há motivo para se declarar a nulidade se sua finalidade tiver sido atingida, 
ou seja, se não tiver acarretado qualquer prejuízo às partes. Nessa linha, de acordo com a súmula 
nº 366 do STF, “não é nula a citação por edital que indica o dispositivo da lei penal, embora não 
transcreva a denúncia ou queixa, ou não resuma os fatos em que se baseia”. Ora, o simples fato 
de não constar do edital de citação a transcrição da denúncia ou o resumo dos fatos em que esta 
26. STF, 2ª Turma, HC 75.345/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ 19/09/1997.
TÍTULO 13 • NULIDADES 1703
se baseia não autoriza o reconhecimento da nulidade do referido ato de comunicação, porquanto 
este terá atingido a sua finalidade, visto que o acusado terá sido cientificado acerca da instau-
ração de um processo penal contra sua pessoa, podendo, assim, exercer seu direito de defesa.
Ainda sobre o princípio do prejuízo, a Lei nº 9.099/95, que versa sobre os Juizados Es-
peciais Criminais, prevê em seu art. 65, caput, que os atos processuais serão válidos sempre 
que preencherem as finalidades para as quais foram realizados, atendidos os critérios indicados 
no art. 62, quais sejam, oralidade, informalidade, economia processual e celeridade. Também 
dispõe que não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido prejuízo. Em sentido 
semelhante, o art. 244 do CPC (art. 277 do novo CPC) dispõe que quando a lei prescrever 
determinada forma, sem cominação de nulidade, o juiz considerará válido o ato se, realizado 
de outro modo, lhe alcançar a finalidade. Mais uma vez, fica evidente que, mesmo que o ato 
seja praticado em desacordo com o modelo típico, se acaso atingida sua finalidade, isto é, não 
havendo prejuízo para as partes, deve ser firmada sua validade.
O princípio do prejuízo é aplicável tanto às nulidades absolutas quanto às relativas. Se-
gundo a doutrina, enquanto o prejuízo é presumido na nulidade absoluta, deve ser comprovado 
na nulidade relativa. Essa distinção é evidenciada na súmula nº 523 do Supremo: “no processo 
penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver 
prova de prejuízo para o réu”. De se lembrar que, na hipótese de nulidade absoluta, a despeito 
de o prejuízo ser presumido, nada impede que a parte contrária demonstre a inocorrência do 
prejuízo que foi estabelecido em virtude da presunção legal que decorre do caráter absoluto da 
nulidade invocada.27
Por ocasião da verificação do prejuízo causado pelo ato viciado, há de se ficar atento às 
hipóteses em que o dano fica adstrito ao próprio ato maculado (nulidade originária) e àquelas 
em que todo outros atos subsequentes do processo são contaminados (nulidade derivada). 
Por exemplo, supondo que a citação do acusado tenha sido feita em desacordo com o modelo 
legal (nulidade originária), é evidente que esta nulidade contaminará todos os demais atos do 
processo (nulidade derivada), porquanto maculada ab initio a autodefesa do acusado e o direito 
de constituir advogado de sua confiança.
5.3. Princípio da instrumentalidade das formas
Como ensina a doutrina, são três os sistemas segundo os quais pode ser imposta a sanção 
de nulidade:28
a) sistema da legalidade das formas, formalista ou da indeclinabilidade das formas: 
todo e qualquer vício acarreta o reconhecimento da nulidade do ato processual;
b) sistema da legalidade das formas mitigado: o ato será considerado nulo apenas se a 
lei assim expressamente o declarar, ou seja, ainda que o ato processual seja praticado em desa-
cordo com o modelo típico, caso não seja prescrita a nulidade, o ato será considerado válido;
c) sistema da instrumentalidade das formas: as irregularidades devem ser distinguidas 
conforme sua gravidade, não se declarando a nulidade do ato se sua finalidade foi atingida e se 
não houve prejuízo para as partes.
Antigamente, trabalhava-se precipuamente com os dois primeiros sistemas acima citados, 
reconhecendo-se a nulidade sempre que o ato processual fosse praticado em desacordo com o 
27. A despeito do entendimento doutrinário, vimos anteriormente no tópico referente à nulidade absoluta que, em 
julgados recentes, o Supremo Tribunal Federal vem exigindo a comprovação do prejuízo tanto nas hipóteses de 
nulidade absoluta quanto relativa.
28. GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antônio Magalhães; FERNANDES, Antônio Scarance. As nulidades no 
processo penal. 11ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009, p. 24.
MANUAL DE PROCESSO PENAL – Renato Brasileiro de Lima1704
modelolegal, ou quando a lei assim o declarasse. Esse primado da legalidade das formas, no 
qual o legislador listava expressamente as hipóteses de nulidade, era passível de muitas críticas 
porquanto privava o magistrado de qualquer discricionariedade na avaliação das consequências 
do vício, o que, invariavelmente, acarretava o reconhecimento de nulidades por excessivo for-
malismo, sem que houvesse qualquer prejuízo às partes.
Hoje, no entanto, é dominante a utilização do terceiro sistema – instrumentalidade das for-
mas –, em que se compreende que a existência do modelo típico não é um fim em si mesmo. Na 
verdade, a forma prescrita em lei visa proteger algum interesse ou atingir determinada finalidade. 
Por isso, antes de ser decretada a ineficácia do ato processual praticado em desacordo com o 
modelo típico, há de se verificar se o interesse foi protegido ou se a finalidade do ato processual 
foi atingida. Em caso afirmativo, não há motivo para se decretar a nulidade do ato processual.
Nosso Código de Processo Penal, por exemplo, estabelece um rol exemplificativo de nu-
lidades no art. 564. Ocorre que as nulidades também podem ser reconhecidas em virtude da 
inobservância de formas ou requisitos para os quais não há previsão expressa de nulidade, sobre-
tudo quando houver violação a preceitos constitucionais, como o contraditório e a ampla defesa.
O princípio da instrumentalidade das formas, também conhecido como princípio da fina-
lidade, pode ser extraído de alguns dispositivos legais, a saber: a) as nulidades previstas no art. 
564, III, “d” e “e”, segunda parte, “g” e “h”, e IV, do CPP, considerar-se-ão sanadas se, prati-
cado por outra forma, o ato tiver atingido seu fim (CPP, art. 572, II); b) quando a lei prescrever 
determinada forma, sem cominação de nulidade, o juiz considerará válido o ato se, realizado 
de outro modo, lhe alcançar a finalidade (art. 277 do CPC).
Talvez o melhor exemplo de aplicação do princípio da instrumentalidade das formas seja 
aquele pertinente à citação defeituosa, cujo vício pode sanado pelo comparecimento pessoal 
do acusado. Dispõe o art. 570 do CPP que “a falta ou nulidade da citação, da intimação ou 
notificação estará sanada, desde que o interessado compareça, antes de o ato consumar-se, em-
bora declare que o faz para o único fim de argui-la. O juiz ordenará, todavia, a suspensão ou o 
adiamento do ato, quando reconhecer que a irregularidade poderá prejudicar direito da parte”. 
Ora, considerando que a citação é um dos mais importantes atos de comunicação processual, 
porquanto dá ciência ao acusado acerca da instauração de um processo penal contra sua pessoa, 
ao mesmo tempo em que o chama para exercer seu direito de defesa, é intuitivo que eventuais 
vícios em sua realização darão ensejo a uma nulidade absoluta, face a violação ao princípio da 
ampla defesa. No entanto, se, a despeito da citação viciada, o acusado constituir defensor e apre-
sentar resposta à acusação (CPP, arts. 396, 396-A), isso significa dizer que tomou conhecimento 
da acusação, estando apto, portanto, a exercer o direito de defesa. Logo, não há motivo para se 
declarar a nulidade ab initio do processo, já que a finalidade do ato processual foi atingida, em 
que pese a grave mácula do ato de comunicação.29
5.4. Princípio da eficácia dos atos processuais
Vimos anteriormente que atos nulos são aqueles em que a falta de adequação ao tipo legal 
pode acarretar o reconhecimento de sua inaptidão para produzir efeitos jurídicos.
No direito privado, um ato nulo não produz quaisquer efeitos. Em outras palavras, a nulidade 
é automática, ou seja, não há necessidade de prévia decisão judicial a declarando expressamente. 
Em sentido diverso, no direito processual, a inobservância da forma prescrita em lei pode levar 
29. Nesse contexto, em caso concreto anterior à reforma processual de 2008 no qual a citação fora realizada na 
mesma data da realização do interrogatório, na pessoa da mãe do acusado, que lhe entregou o mandado, concluiu 
o STJ ser inviável o reconhecimento da nulidade, porquanto o acusado teria comparecimento espontaneamente 
à audiência acompanhado por defensor constituído, com o qual pôde se reunir antecipada e reservadamente: 
STJ, 5ª Turma, REsp 930.283/MG, Rel. Min. Felix Fischer, j. 18/10/2007, DJ 12/11/2007 p. 289.
TÍTULO 13 • NULIDADES 1705
ao reconhecimento da ineficácia do ato processual. A isso se denomina princípio da eficácia dos 
atos processuais, no sentido de que a nulidade dos atos processuais não é automática, estando 
seu reconhecimento condicionado à existência de um pronunciamento judicial no qual seja 
aferida não apenas a atipicidade do ato, como também a não consecução de sua finalidade e a 
causação de prejuízo às partes. Como se vê, em que pese a possibilidade de reconhecimento do 
vício, os atos processuais são juridicamente existentes, além de válidos e eficazes, pelo menos 
enquanto não proclamada a nulidade.
Isso significa dizer que, no âmbito processual, não existe a figura do ato jurídico nulo de 
pleno direito, que, desde o momento de sua prática, não gera efeitos. Na verdade, todos os atos 
viciados são meramente passíveis de anulação, já que sempre dependem de decisão judicial a 
reconhecer o vício, somente deixando de produzir efeitos após a prolação da decisão. Destarte, 
por força do princípio da eficácia dos atos processuais, os atos nulos continuam a produzir seus 
efeitos regulares enquanto não houver uma decisão judicial expressamente declarando a invalida-
ção do ato, privando-o de sua eficácia para produzir efeitos no mundo jurídico. Exemplificando, 
se um acusado for processado, julgado e condenado sem a assistência de defensor, enquanto não 
for reconhecida expressamente a nulidade absoluta da sentença condenatória, esta continuará a 
produzir seus efeitos regulares, dentre eles o possível recolhimento do acusado à prisão.
5.5. Princípio da restrição processual à decretação da ineficácia
Por força do princípio da restrição processual à decretação da ineficácia, a invalidação 
de um ato processual defeituoso somente pode ser decretada se houver instrumento processual 
adequado e se o momento ainda for oportuno. Como a nulidade dos atos processuais não é au-
tomática (princípio da eficácia dos atos processuais), ainda que o ato processual seja praticado 
em desacordo com o modelo típico, causando prejuízo às partes, esse vício somente poderá ser 
reconhecido se houver instrumento processual idôneo para o reconhecimento judicial e desde 
que o momento ainda seja adequado, ou seja, que não tenha havido preclusão temporal.
A título de exemplo, suponha-se que uma sentença condenatória tenha sido prolatada por 
juízo absolutamente incompetente, transitando em julgado na sequência. A despeito do trânsito 
em julgado desse decreto condenatório, é certo dizer que nosso ordenamento jurídico contempla 
instrumentos processuais idôneos para o reconhecimento de vício de tal porte. Caso subsista 
prejuízo à liberdade de locomoção do condenado em face dessa sentença condenatória transitada 
em julgado eivada de nulidade absoluta (v.g., cumprimento de prisão penal), afigura-se cabível 
a impetração de habeas corpus. Se não subsistir qualquer risco à liberdade de locomoção (v.g., 
morte do condenado), poderá ser ajuizada revisão criminal, objetivando o reconhecimento da 
referida nulidade absoluta, nos termos do art. 626, caput, c/c art. 623, ambos do CPP. No entanto, 
se essa mesma sentença transitada em julgado proferida por um juízo absolutamente incompetente 
fosse absolutória, não haveria instrumento processual idôneo à decretação da nulidade absoluta, 
visto que nosso ordenamento jurídico não admite a revisão criminal em favor da sociedade.
Quanto à restrição processual à decretação da ineficácia em virtude do decurso do momento 
adequado, basta pensar num exemplo de nulidade relativa ocorrida durante o curso da instrução 
de processo da competência do juízo singular, que não tenha sido arguida oportunamente. Vimos 
anteriormente

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