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TÍTULOS DE CRÉDITO
Também chamados de cambial, os títulos de crédito são institutos de crédito do direito civil que, quando no âmbito empresarial, são regulados pelo chamado direito cambiário. 
Percurso histórico 
Direito romano 
Não se admitia a circulação do crédito, visto que a obrigação era pessoal, entendendo-se que mudando a pessoa a obrigação se extinguiria. No máximo, era possível a outorga de procuração em causa própria. As questões relativas a crédito eram dotados de extremo formalismo. Não era aplicado o princípio relativo aos bens móveis (dentre os quais está o título de crédito) segundo o qual o proprietário de um bem móvel é seu possuidor. Apenas em 428 a.C a lexpoeteliapapiria atribuiu natureza patrimonial à obrigação, substituindo o princípio da execução pessoal pelo da execução dos bens do devedor.
Idade Média
- Período italiano – até 1650
Surgem a nota promissória e a letra de câmbio, com natureza contratual. Cada cidade italiana por onde passavam os comerciantes tinha uma moeda diferente, sendo necessário um cambista para efetuar a troca da moeda, ocorrendo o câmbio manual. Porém, no trajeto entre as cidades era comum que os mercadores fossem saqueados, de modo que entregavam, a moeda da cidade em que se encontravam a um banqueiro (fase de conclusão), que lhe dava um documento (a cautio, hoje a nota promissória) se comprometendo a entregar o equivalente por meio de outro documento (a litera cambii, hoje letra de câmbio), ordem de pagamento que obriga um correspondente daquele bancário, situado em outra cidade a pagar o valor correspondente na moeda da outra localidade (fase de execução). 
Assim era necessária a distância (distancia loci) e a diversidade de moeda (permutatio pecuniae), gerando o câmbio trajectício. Ainda não havia a ideia da transmissibilidade do crédito, visto que as operações ainda eram de natureza contratual.
- Período francês
Desaparece o requisito da distância e a litera cambii passa a ser meio geral de pagamento a prazo entre os comerciantes, apesar de mantida a exigência de depósito de fundos no sacado, mantida a natureza contratual. 
Passa a ser inserido o instituto do “aceite”, por meio do qual o sacado (contra quem a letra de câmbio é emitida, que recebe a ordem de pagamento, para quem ela foi dirigida) aceita a ordem de pagamento e assume a obrigação como devedor principal, não sendo obrigado a cumpri-la se assim não o desejar, permanecendo quem emite a letra de câmbio (sacador, que ordena o pagamento) como devedor principal. Atualmente apenas as duplicatas e letras de câmbio possuem esta figura. Desta forma, o tomador da letra de câmbio, o credor (pessoa em favor de quem a letra de câmbio foi emitida), deve, ao receber o título, procurar o sacado para se manifestar sobre o aceite.
Surge também a cláusula à ordem, que possibilita que o beneficiário transfira o título, de modo que devedor (sacado) pague a outra pessoa (como se o beneficiário originário desse ordem ao sacado para que pague a outrem), independente de autorização do sacador (que emite a ordem), surgindo o endosso, que torna quem o faz também devedor principal, dando maiores garantias ao credor. Com isto, a letra deixa de ser instrumento de pagamento e passa a ser usada como instrumento de crédito.
- Período germânico (de 1848 a 1930)
Inicia-se a codificação das normas relativas ao direito cambial (ordenação geral do direito cambiário), separando-as das normas de direito comum. A letra de câmbio passa a ser instrumento de circulação, deixando de ter natureza contratual, uma vez que a obrigação literal nela expressa (ordem de pagamento) é desvinculada do contrato câmbio (o título vale por si mesmo, independente da relação causal que o originou).
A cláusula à ordem começa a ser considerada implícita no título, mesmo que não escrita, de modo que a transferência passa a ser comum, sem ser necessária a indicação do endossatário (beneficiário), sendo o título considerado bem móvel, de modo que quem o possui é seu titular. Deste modo quem recebe o título e o repassa assume a obrigação do pagamento como devedor principal.
Também tem inicio a proteção ao terceiro de boa-fé, já que são inoponíveis as exceções pessoais arguidas pelo devedor. Trata-se da abstração cambiária, da qual decorre o princípio da autonomia. 
Período do direito uniforme (a partir de 1930)
Resultante do comércio internacional. 
1. 1910 e 1912: Conferências de Haia geram Regulamento Uniforme sobre letra de câmbio e nota promissória;
2. 1930: Convenções de Genebra geram a Lei Uniforme de Genebra, sobre letra de câmbio e nota promissória, introduzida no Brasil pelo decreto 57.663/66. O Brasil adotou 13 das 23 reservas previstas no Anexo II;
3. 1931: Lei Uniforme do Cheque foi adotada pelo decreto 57.595/66, revogado pela Lei 7.357/85. 
Fontes de direito cambiário
· Decreto 2.044/1908 (Lei Saraiva): alguns dispositivos sobre letra de câmbio e nota promissória ainda tem vigência, que se aplicam nas situações de lacuna decorrentes das reservas da LUG: art. 1, V; art. 3º e 54, §4º (súm. 387 STF); art. 7º; art. 8º, §1º (art. 917, CC); art. 8º, al. 2ª; art. 11, alínea 2ª; art. 14; art. 19, II; art. 20; art. 20, §1º, art. 20, § 2º, art. 28; art. 36; art. 39, §1º; art. 43, primeira parte; art. 48; art. 42; art. 51 (art. 915, CC); art. 54, I; art. 54, §2º;
· LUG: aplica-se o anexo I (LC e NP) e anexo III, do qual constam as 13 reservas; 
· Lei 5.474/1968 (Duplicata): aplica-se subsidiariamente a LUG;
· Lei 7.357/1985 (Cheque);
· Lei 9.492/1997 (Protesto).
Código Civil
Fonte subsidiária, aplicando-se o Livro das Obrigações, Título VIII, dos títulos de crédito, arts. 887 a 926, aos títulos inominados e atípicos (criados pela prática e que não são regulados por legislação especial), ou nos demais no caso de omissão ou lacuna destes, quando a legislação não determinar a aplicação de outra lei especial. 
Isto ocorre conforme Enunciado 52 CJF, em razão da liberdade de criação e emissão de títulos atípicos ou inominados, conforme art. 1º e 170, CF, que consagram o princípio da livre iniciativa. Também dispõe o art. 903, CC que as normas das leis especiais aplicam-se quando disporem de forma diversa do CC, consagrando o principio da especialidade. Também aplica-se o art. 202, III (protesto cambial interrompe o prazo prescricional da ação cambiária) e o art. 1647, III (autorização conjugal para o aval).
São normas divergentes do Código Civil para com a legislação especial:
1. Dispõe o art. 89 CC que “Consideram-se não escritas no título cláusulas de juros e proibitivas de endosso”, enquanto dispõe o art. 5º LUG que “Numa letra pagável à vista ou a um certo termo de vista, pode o sacador estipular que a sua importância vencerá juros. Em qualquer outra espécie de letra a estipulação de juros será considerada como não escrita”;
2. Enunciado 39, CJF: “Não se aplica a vedação do art. 897 [do aval parcial], único, aos títulos de crédito regulados por lei especial [como a LUG em seu art. 30], nos termos do seu art. 903, sendo, portanto, admitido o aval parcial nos títulos de crédito regulados em lei especial”.
3. Dispõe o art. 904 a transferência do título ao portador se faz por simples tradição, sendo que nos títulos nominais a transmissão ocorre, regra geral, por endosso (portanto, são títulos nominais e à ordem), salvo o cheque de valor não superior a R$ 100,00 (título ao portador) – art. 69 da Lei do Cheque. Lei 8021/90 – proibição de títulos ao portador.
4. Conforme art. 914, em títulos de crédito à ordem, salvo cláusula em contrário, constante do endosso, não responde o endossante pelo cumprimento da prestação constante do título;
5. O art. 889, § 3º, permite a emissão de título a partir de caracteres criados em computador ou meio técnico equivalente, de modo que, conforme art. 8º, único, 9.492/97 disponha o Enunciado 406, CJF que “as duplicatas eletrônicas podem ser protestadas por indicação, constituirão título executivo extrajudicial mediante a exibição pelo credor do instrumento de protesto, acompanhado do comprovante de entrega das mercadoriasou de prestação dos serviços”. De modo semelhante dispõe o Enunciado 461, CJF: “Os títulos de crédito podem ser emitidos, aceitos, endossados ou avalizados eletronicamente, mediante assinatura com certificação digital, respeitadas as exceções previstas em lei”. Trata-se da desmaterialização do título de crédito. É preciso lembrar que o boleto não é título de crédito, que apenas exterioriza uma duplicata (assim nomeada porrepetir, duplicar, a informação da fatura) digital, retratando as informações constantes deste título.
6. Pelos arts. 905, único e 896 entende-se a adoção da teoria da criação em lugar da teoria da emissão (que tratam do momento em que a obrigação cambial, contida no título de crédito, se constitui):
6.1 Criação: a obrigação nasce com a criação material do título de crédito, que se consuma com a assinatura do sacador/devedor. Vista como aceita pelo CC por não exigir a vontade do emitente;
6.2 Emissão: a obrigação nasce apenas com a entrega voluntária do título ao tomador, seu beneficiário.
Sentido da expressão
· Amplo: todo e qualquer documento que consubstancie direito de crédito de uma pessoa em relação à outra, como a confissão de dívida, dependendo apenas da manifestação de vontade das partes (direito das obrigações);
· Estrito: documento que a lei considera como título cambiário (letra de câmbio, nota promissória, cheque e duplicata), dependendo da satisfação de requisitos formais.
Conceitos
Para José Maria Whitaker é “documento capaz de realizar imediatamente o valor que representa”, ilustrando sua função econômica, negociabilidade mediante operação de desconto. Para Cesare Vivante é “documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido”. É o conceito que mais se assemelha ao do CC, que os define como “documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei”:
· “Documento necessário”: é necessária sua apresentação, necessário para o exercício do direito cambiário contido, expressando princípio da carturalidade;
· “Direito literal e autônomo”: expressa os princípios da literalidade e da autonomia;
· “nele contido”: expressa o princípio da incorporação;
· Documento formal: expressa o princípio da literalidade.
Newton de Lucca apresenta críticas ao conceito adotado
· O direito a ser exercido pela cártula deve ter conteúdo econômico e referir-se a uma exigência pecuniária;
· O direito literal e autônomo é aquele mencionado na cártula, e não “contido” - há integração entre a cártula e o direito, expressando o princípio da cartularidade –, contudo, a supressão da cártula não elimina o direito (o título pode ser substituído).
Para Coelho, ele é um documento, e como tal, reporta (constituindo prova) uma relação jurídica, no caso, a relação de crédito. Ele difere de outros documentos representativos de obrigações: 
· O título de crédito contém apenas obrigações de crédito (enquanto um contrato de locação, por exemplo, também inclui o dever de cuidado com o imóvel). Alguns títulos de crédito impróprios asseguram direitos não creditícios ao seu portador: o warrant e o conhecimento de depósito, por exemplo, unidos, representam a propriedade de mercadorias depositadas em Armazéns Gerais. Porém, isto por si só, não é suficiente para distinguir os títulos de crédito dos demais documentos representativos de obrigação. A apólice de seguro, por exemplo, também representa apenas o crédito eventual do segurado ou do terceiro beneficiário, perante a seguradora, e não se pode considerar título de crédito;
· O título de crédito é título executivo extrajudicial;
· O título de crédito possui o atributo da negociabilidade, ou seja, está sujeito a disciplina jurídica (direito cambiário), que torna mais fácil a circulação do crédito, a negociação do direito nele mencionado. É mais fácil para o credor, encontrar terceiros interessados em antecipar-lhe o valor da obrigação (ou parte deste), em troca da titularidade do crédito. Por exemplo, se o credor tem o seu direito representado por um título de crédito , ele pode facilmente descontá-lo junto ao banco de que é cliente, situação na qual o credor do título (descontário) transfere a titularidade do seu direito ao banco (descontador) e recebe deste, adiantado, uma parte do valor do crédito. No vencimento, o banco irá cobrar o devedor, lucrando com a diferença entre o valor facial do título e o montante antecipado ao credor originário. Nem todos os documentos representativos de obrigação, contudo, são descontáveis pelos bancos. Isto não ocorre com os demais documentos representativos de crédito, regidos pelo regime civil. A maior negociabilidade dos títulos de crédito é decorrência da maior proteção conferida à pessoa para quem o crédito é transferido maiores 
Atributos
1. Executividade: são títulos executivos desde seu nascimento, conforme art. 585 CPC, possibilitando a satisfação da obrigação nele contida pelo processo de execução, diferindo dos outros títulos de natureza civil (obrigacional) que se tornam, não nascem executivos, podendo não conter os requisitos para tal (certeza, determinação e liquidez);
2. Negociabilidade: possibilidade de sua circulação visto que o endosso, ao tornar quem o faz (quem transfere o título - endossatário) devedor principal, junto da impossibilidade da discussão sobre a causa debandi (causa da dívida) e de o devedor opor exceções pessoais ao terceiro de boa-fé (credor), traz segurança a este último. Isto ocorre em contraposição aos títulos executivos extrajudiciais de natureza civil que podem apenas ser objeto de cessão de crédito (que não torna co-devedor/quem cedeu, em razão da bilateralidade da natureza contratual da cessão). Também se fala na a cambiaridade dos títulos de crédito, a possibilidade de mudança do credor.
3. Solidariedade cambiária: possibilidade de várias pessoas assumirem a responsabilidade pelo pagamento. É possível observar a diferença na solidariedade passiva (quem é devedor) no direito civil e no cambiário:
3.1 Civil: todos os devedores são obrigados pelo pagamentode sua cota (art. 283 CC), já que a origem da dívida é uma só, de modo que caso apenas um efetue o pagamento tenha direito de regresso contra todos os demais pela cota de cada um. A interrupção da prescrição por um devedor afeta os demais (art. 202, único, CC)
3.2 Cambiário: conforme art. 47 LUG, todos os devedores são obrigados pelo pagamento de toda a dívida (art. 49), já que a origem das dívidas é distinta, havendo obrigações distintas, de modo que caso apenas um efetue o pagamento tenha direito de regresso contra os coobrigados antecessores na cadeia de endossos pela totalidade do débito. Não poderão exercer o direito de regresso o aceitante da letra de câmbio e da duplicata, e o emitente do cheque e da nota promissória. A interrupção da prescrição afeta apenas quem a deu causa (art. 71).
Características
1. Natureza comercial: em razão de sua origem, que os moldou para satisfazer as necessidades dos comerciantes, mas sem importar a profissão de quem pratique o ato cambiário ou sua causa. Isto é importante pois são diferentes os princípios que regem o direito comercial e o civil, sendo que no comercial a tutela do crédito é um dos princípios fundamentais, motivo pelo qual diante de conflito de interesse entre devedor e credor, ambos de boa-fé, a solução se dará em favor do credor.
2. Formalismo: obediência aos requisitos estabelecidos pela legislação, cuja falta é matéria de defesa, podendo ser oposta ao terceiro de boa-fé na execução, mas não gera sua nulidade, apenas faz com que ele não tenha efeitos de título de crédito, sem afetar a causa inicial (art. 888 CC), pois estes requisitos apenas determinam a natureza do título, abstraindo-o de sua causa, fazendo com que ele passe a valer por si mesmo (per se stante). Para o STJ o posterior preenchimento dos requisitos não permite ao credor fazer uso do processo de execução;
3. Bem móvel: conforme arts. 82 a 84, CC, sujeita-se aos princípios que disciplinam a circulação de bens móveis,a exemplo do fato de que a posse de boa-fé vale como propriedade (art. 16, II, LUG; art. 24, LC);
4. Título de apresentação para o credor: sem a posse do título não é possível exercer o direito sobre ele, motivo pelo qual o portador (credor) só pode exigir seu pagamento mediante sua exibição ao devedor, para que este verifique o cumprimento dos requisitos de validade como título de crédito, a correspondência entre o valor cobrado e o constante do título e se quem o apresenta é o legítimo portador pela observação da cadeia de endossos (art. 40, al. 3ª, LUG e art. 39, LC), já que estes são deveres seus. Além disso, o portador, ao ajuizar a ação cambiária deve anexá-lo à inicial (art. 585, I, CPC), não podendo ser cópia autenticada, concretizando o princípio da carturalidade;
5. Título do resgate para o devedor: este, depois de pagar deve ficar com o título, resgatá-lo, evitando que seja novamente colocado em circulação, conforme art. 39 LUG, e art. 901, único, CC. Assim é possível dizer que os títulos de crédito não são permanentes, mas nascem para ser extintos, diferindo, por exemplo, das ações de SA;
6. Presunção de certeza e liquidez: a certeza diz respeito à existência da obrigação depender da simples apresentação do título, que delimita o devedor e a razão da dívida - quem deve e por que deve. Isto não significa que tal certeza é absoluta, podendo o contrário ser provado pelos meios adequados, sendo necessário apenas uma alta probabilidade. A liquidez diz respeito à determinação do valor devido - quanto deve. A exigibilidade, atributo que completa a caracterização do título executivo, é decorrente do vencimento da obrigação, não sendo elemento intrínseco do título, o que não faz com que deixe de ser título executivo;
7. Eficácia processual abstrata: tem força executiva e gera para o credor um poder processual que independe da causa da obrigação, o que autoriza a execução é o título, e não a obrigação que o gerou;
8. Obrigação quesível: cabe ao credor dirigir-se ao devedor para exigir o pagamento, em decorrência da circulabilidade do título de crédito, que impossibilita o devedor de saber, previamente, quem é o legítimo credor;
9. Natureza pro solvendo: em situações em que o título é emitido para representar a obrigação de pagar decorrente de um negócio jurídico, que envolve também uma obrigação de entregar a coisa, por exemplo. O STJ, adotando o posicionamento de Mamede entende que, com base no art. 361 CC, na ausência de disposição específica das partes, a natureza será pro solvendo, que difere da natureza pro soluto:
9.1 Pro solvendo (para pagamento): a simples emissão do título pelo devedor e sua entrega ao credor não implica em novação (substituição) quanto à relação causal/obrigacional, de modo a não implicar na efetivação do pagamento, não extinguindo a obrigação causal, ambas coexistindo, só ocorrendo a extinção da obrigação originária depois do pagamento do título. Prova da adoção da natureza pro solvendo é que diante da perda do título não há impedimento a que o credor execute o contrato, que subsiste. Caso o devedor não pague, o credor pode optar entre interpelar para que o faça, sob pena de rescisão da promessa de compra e venda ou cobrar o título de crédito. Além disso, se o título não foi posto em circulação será possível contestar o negocio jurídico na execução, e se anulado este terá fim o título de crédito. Mas se for posto em circulação ele não pode se escusar em pagar, por que é uma relação nova se usar o crédito da nota. 
9.2 Pro soluto (em pagamento): ocorre a extinção da obrigação originária, restando ao credor executar o título se não houver o pagamento. Caso prescreva ou decaia a relação cambiária, o portador do título pode se valer da ação de enriquecimento sem causa, conforme art. 62, LC. 
Classificação
Quanto à forma de transferência ou circulação
1. Ao portador: não identifica titular/credor/beneficiário, circulando apenas pela tradição, conforme art. 904, CC. Por resolução do Bacen, assim podem ser apenas os cheques até R$ 100. É possível que o endosso transforme titulo nominal em ao portador;
2. Nominal: identifica o beneficiário, conforme art. 910, CC, no cheque, utilizando-se a expressão “em favor de”. Pode ser:
2.1 À ordem: cuja circulação foi permitida (no cheque consta a expressão “em favor de... ou à sua ordem”), circulando pelo endosso, pela assinatura no verso do título. 
2.2 Não à ordem: cuja circulação não foi permitida, ao ser riscada a expressão supracitada, mantendo-se apenas aquela relação bilateral. Se for posto em circulação mesmo assim, não terá efeito de endosso, mas de cessão civil, circulando desta forma. Neste caso o terceiro que recebeu (credor) poderá cobrar apenas do devedor principal, não do que dele que recebeu, podendo ser discutida a causa debendi, visto que o devedor pode afirmar que inseriu a cláusula não à ordem. O banco, porém é obrigado a pagar/descontar o cheque, podendo o emitente apenas discutir a questão da cláusula não à ordem em eventual execução.
3. Nominativo: emitido em favor de pessoa cujo nome consta de registro específico mantido pelo emitente, conforme art. 921 CC, como o livro de registro de ações que as SA’s que possuem.
Quanto ao modelo
· Livre: a lei não estabelece padronização obrigatória. É o caso de letra de câmbio e nota promissória;
· Vinculado: submete-se a padronização fixada em lei. É o caso de cheque (que deve usar o papel fornecido pelo banco) e duplicata (conforme art. 27, lei 5.474/68, com normas fixadas pelo Conselho Monetário Nacional).
Quanto à estrutura
- Ordem de pagamento
Estabelece 3 situações/posições jurídicas: 
· Sacador: emitente, que ordena o pagamento (credor originário do sacado e devedor principal do tomador), que saca o titulo;
· Sacado: que recebe a ordem de pagar, devedor secundário que será principal se cumpridos os requisitos para tal (na duplicata, apenas se o aceitar, no cheque, o aceite está implícito na assinatura);
· Tomador: beneficiário, a quem se deve pagar, em favor de quem se deve pagar.
É o caso da duplicata, do cheque e da letra de câmbio:
	
	Duplicata
	Cheque
	Letra de Câmbio
	Sacador
	Vendedor
	Emitente do cheque
	Emitente
	Sacado
	Comprador
	Banco
	Quem a recebe
	Tomador
	Detentor do título
	
	
- Promessa de pagamento
Estabelece 2 situações/posições jurídicas: 
· Sacador: promitente;
· Tomador: beneficiário. 
É o caso da nota promissória
Quanto às hipóteses de emissão
- Título causal
Somente pode ser emitido nas hipóteses autorizadas por lei. É o caso da duplicata, que só pode ser gerada para a documentação de crédito de compra e venda mercantil.
- Limitado
Que não podem ser emitidos em algumas hipóteses. lei. A letra de câmbio, por exemplo, não pode ser sacada pelo comerciante, para documentar o crédito nascido da compra e venda mercantil; a lei das duplicatas o proíbe (LD, art. 2o).
- Título abstrato
Cuja emissão não está condicionada a causa preestabelecida. É o caso do cheque e nota promissória.

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