RESENHA MEDEIROS 1999 - Economia e política do desenvolvimento recente da China

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O desenvolvimento chinês tem sido alvo de importantes debates dentro da economia

política internacional, fomentando esse tema em seu texto \u201cEconomia e política do

desenvolvimento recente da China\u201d, Medeiros (1999) busca dialogar acerca do crescimento

econômico da China perpassando por temáticas ligadas à industrialização asiática,

globalização e avanço do neoliberalismo sobre os países periféricos.

A partir da década de 1970 a China foi o principal alvo de investimento direto externo

dos Estados Unidos, uma vez que os países centrais sofriam diretamente com os choques do

petróleo, acentuando a crise da década. Em busca de territórios abundantes em terra e mão de

obra, que gerariam custos menores para as corporações. Dessa maneira, verificou-se um

crescimento significativo a partir de 1978 no setor industrial de bens primários chineses

devido a mudanças na estrutura do consumo (Medeiros, 1999). Como consequência desse

rápido crescimento, o investimento em operações industriais representava cerca de 35% do

PIB do país na década de 1980. Além disso, as empresas estatais concentravam 65% dos

investimentos, o que permitia a expansão da capacidade produtiva em grande escala

(Medeiros, 1999). A grande produção tornou a China não somente a \u201cManufatura do mundo\u201d

como também a \u201cexportadora do mundo\u201d, fazendo com que em 1995 as exportações e

importações no PIB fossem 44%, representando quase 148 bilhões de dólares conforme

aponta Medeiros (1999).

Contudo, as mudanças estruturais do país ocorrem a partir da introdução em massa de

IDE na década de 1990, sendo as exportações o maior estímulo para os investimentos. Além

disso, o movimento de êxodo rural concentrava mão de obra disponível nos centros que por

sua vez barateia ainda mais a força de trabalho. Como ressalta Medeiros (1999), a dificuldade

em entender o processo de desenvolvimento chines incide na ausência de dados como por

exemplo nos relacionados à pobreza. Sabe-se que houve redução da pobreza nos anos iniciais

da década de 1980, posteriormente, não houve estabilidade, todavia, porém no final da

década de 1990 já não se sabe como estava o nível de pobreza no país.

Com o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), os Estados

Unidos abriram o comércio para os países asiáticos, o que estabeleceu os primeiros passos

para um relacionamento mais direto com a China. Além do mais, o fim da URSS reorganizou

toda a Ásia no que tange a economia, política e sociedade. Outrossim, com o fim da Guerra

Fria, a China passou a ser modelo de desenvolvimento fazendo com que muitos acreditassem

que o país seria a nova hegemonia. Isto fez com que a China aproveitasse a macroeconomia

regional a fim de criar laços políticos no âmbito internacional, as relações geopolíticas

fomentaram os IDEs em direção ao território chinês. Inclusive, o crescimento de Hong Kong

foi devido a combinação entre território amplo, população e custos baixos.

A mudança da política cambial dos Estados Unidos na década de 1985 foi usada

estrategicamente pela China para atrair capital produtivo para o território, em especial, para

Hong Kong. Conforme cita Medeiros (1999), na década de 1990 a China foi o segundo país o

qual mais recebeu IDE ficando atrás apenas dos Estados Unidos, sendo resultado da política

chinesa de abertura comercial.

Como ressalta Medeiros (1999), a estratégia de desenvolvimento da China foi a

combinação de um conjunto de políticas baseadas na sua história e cultura. Conforme aponta

Medeiros (1999) as reformas foram:

1- ampliação do uso da terra: localidades rurais passaram a ser usadas para produção agrícola

e industrial.

2- promoção de exportação e proteção do mercado interno: abertura comercial para instalação

de subsidiárias, mas com proteção às importações a fim de proteger o comércio local de

competidores externos;

3- criação de grandes empresas estatais: principalmente no setor de energia e infraestrutura;

4 - redefinição da relação de contratos com o exterior: nova geopolítica, maior abertura

inicial para contratos de exportação e barreiras a contratos de importação;

5- criação do sistema de preços misto (regulados pelo Estado e pelo mercado): tanto o Estado

quanto o mercado tomavam decisões sobre o preço, o que criava confiança tanto com o

mercado quanto com órgãos de Estado;

O resultado dessa reforma foi a expansão da produção, industrialização e urbanização.

Além do fortalecimento econômico da China e boom das exportações. Aumento significativo

da relação da China com os países do centro do mundo, em especial, Estados Unidos. Além

da criação de políticas para promover exportações do mercado interno do país e aplicação de

tributos sobre importações. Como afirma Medeiros (1999), o desenvolvimento chinês era

dual: proteção ao mercado interno e promoção de exportações. Além disso, a desvalorização

do yuan e o estabelecimento do câmbio flutuante na década de 1980 tornaram os produtos

produzidos na China mais competitivos a nível internacional.

O desenvolvimento da China é fruto da relação entre gestão forte por parte do Estado

na economia estatal e na economia de mercado, dando espaço à abertura comercial. Contudo,

vale salientar que o desenvolvimento do país é único dadas as condições como demografia,

território e crise ocorrida na década de 1970 que levou os Estados Unidos a alocarem os IDEs

para a China.

Outro ponto, do desenvolvimento foi a alternância no controle da taxa de câmbio e

preços. Houve também a criação de zonas especiais para o IDE, zonas onde havia pouco

poder estatal sobre as decisões de comércio, ou seja, não havia controle sobre preços e

exportações, estimulando a criação de subsistemas agrícolas e industriais autossuficientes

(Medeiros, 1999). Além disso, aspectos como centralização estatal e integração regional do

território impulsionaram o crescimento da China. O país também foi estratégico na unificação

do sistema tributário e de preços além de manter até a atualidade a divisão do poder entre

governo central e entre estados, permitindo maior atuação do Estado no mercado e na

economia.

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