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TEORIA-DA-PERSONALIDADE-E-TEMPERAMENTO

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1 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2 
2 AS ABORDAGENS DO CONCEITO DE PERSONALIDADE ..................... 3 
2.1 A teoria psicanalítica clássica de Sigmund Freud .............................. 11 
2.2 Teoria analítica de Carl Jung .............................................................. 13 
2.3 Teoria de Karen Horney ..................................................................... 18 
2.4 Teoria de Alfred Adler......................................................................... 19 
2.5 Teoria de Erik Erikson ........................................................................ 20 
3 CONCEITOS DE PERSONALIDADE E TEMPERAMENTO ..................... 31 
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 43 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
2 AS ABORDAGENS DO CONCEITO DE PERSONALIDADE 
Você sabe como a personalidade se forma? Antes de começarmos os nossos 
estudos, é importante salientar que a personalidade humana, é entendida de 
diferentes formas a depender da corrente teórica que a investiga. Assim, diante do 
amplo panorama de teorias contemporâneas sobre a personalidade, talvez a ação 
mais adequada não seja escolher qual delas é a melhor, mas compreender como cada 
uma se posiciona diante do que pretende explicar. Portanto, para estudar a 
personalidade, você deve conhecer as diversas correntes psicológicas que se 
dedicaram a ela. Você vai ver que não existe uma definição única e consolidada, 
considerando que os métodos de pesquisas e teorias desenvolvidas são distintas. 
Sendo assim, é necessário enfatizar que o conceito de personalidade é central 
para todas as abordagens teóricas da psicologia. Embora seja definido e enquadrado 
de forma diferente, é essencial para a compreensão dos sujeitos e para as propostas 
de intervenção psicológica. Em geral, a personalidade é a forma como cada pessoa 
é, sendo composta por experiências e características pessoais influenciadas pela 
sociedade e pela cultura. 
Algumas teorias sugerem que a personalidade é construída por meio do 
aprendizado, tanto respondendo a estímulos quanto criando repertórios baseados na 
percepção e na memória. Outros acreditam que certos conjuntos de recursos podem 
distinguir ou identificar indivíduos. Há ainda, teorias que sugerem que as experiências 
da infância, ligadas à bagagem genética, desempenham um papel dominante na 
formação de uma estrutura de personalidade estável, mas não necessariamente 
saudável. Portanto, as diferenças entre esses métodos são significativas. 
A personalidade é uma questão fundamental em psicologia, motivo de 
inúmeras interrogações e diferentes concepções teóricas. A primeira teoria moderna 
da personalidade foi desenvolvida por Sigmund Freud (1856-1939) com base em 
observações de pacientes na prática clínica. Desde essa elaboração, surgiram várias 
teorias e concorrentes para explicar a diversidade humana e por que as pessoas são 
como são. A tendência hoje é apresentar teorias baseadas em evidências científicas 
e não em evidências clínicas, mas a teoria de Freud continua válida, sendo 
constantemente revisada e atualizada (FEIST; FEIST; ROBERTS, 2015). 
 
 
4 
 
A partir disso, pode-se dizer que todas as espécies animais têm diferenças 
individuais de aparência e comportamento, mas a espécie humana tem as maiores 
diferenças físicas e psicológicas, já que podemos ser altos ou baixos, quietos ou 
extrovertidos, calmos ou agitados, loiros, morenos, ruivos, brancos, negros, entre 
várias outras especificidades. 
Não é por acaso que a personalidade tem fascinado os autores da psicologia. 
Tem sido um desafio para as teorias conseguir envolver esse universo de diferenças, 
porém, elas concordam em uma coisa: a personalidade vem do latim persona, que 
era a máscara utilizada no teatro romano para diferenciar os papéis dos personagens. 
Contudo, quando as teorias falam de personalidade, elas denotam a muitas outras 
características de uma pessoa, além dos papéis (FEIST; FEIST; ROBERTS, 2015). 
De acordo com Schultz e Schultz (2021), são três as definições básicas de 
personalidade nas teorias: 
 O estado de ser uma pessoa; 
 As características e qualidades, que formam o caráter distinto de uma 
pessoa; 
 A soma de todas as características físicas, mentais, emocionais e sociais 
de uma pessoa. 
Os autores também apontam as grandes distinções entre as teorias e as 
especificidades dos períodos em que foram elaboradas e publicadas, estando entre 
elas, o fato de serem generalistas. Os autores do século XX partiram das realidades 
europeia e norte-americana, e na formulação de suas teorias, não consideraram 
diferenças culturais, sociais e raciais, bem como características relacionadas a idade, 
orientação sexual, crença religiosa e deficiência (SCHULTZ; SCHULTZ, 2021). 
É importante pensar ainda, nas mudanças sociais que ocorreram desde então, 
alterando a realidade das crianças e dos pais até os dias atuais, uma vez que os pais 
passam mais tempo longe de casa e as crianças iniciam a socialização secundária 
muito cedo, ou seja, vão para a creche ou escola logo após o nascimento. 
Esses são fatores de vida que distinguem os indivíduos que são analisados 
para a construção de grande parte das teorias da personalidade. Para assegurar os 
seus realinhamentos, os autores continuam trabalhando e atualizando as teorias. De 
 
 
5 
 
acordo com as teorias, todos temos personalidade, a qual desde muito cedo, 
determina as nossas experiências e continuará definindo até o fim de nossas vidas. 
A personalidade pode inibir ou facilitar a experiência e a escolha, pode 
beneficiar ou limitar a captação de oportunidades, impedir ou agir ativamente para que 
aconteçam. Ser quem somos, ter a saúde que temos e fazer as escolhas que fazemos 
são, por exemplo, resultado da nossa personalidade. Muitas vezes as pessoas são 
julgadas como sem personalidade, sendo apontadas como alguém influenciável, ou 
de ter uma personalidade forte ou fraca, ou seja, ela é imponente ou flexível. Na 
realidade, a personalidade se diferencia e caracteriza o indivíduo, no entanto, é 
inadequado julgá-la como forte, fraca, boa ou mal, entre outros aspectos. Assim, pode-
se dizer que a personalidade se assemelha a impressão digital, considerando que 
todos nós temos e cada uma é única. 
Segundo Feldman (2015), não importa em qual campo da psicologia a pessoa 
escolha trabalhar, ela alternará entre uma das cinco grandes perspectivas atuais: 
neurociência, cognição, comportamento, humanidades e psicodinâmica. Embora 
existam diferenças significativas entre essas abordagens, existem questões 
epistemológicas essenciais na psicologia que precisam ser discutidas e respondidas 
por cada uma das vertentes.Veja o exemplo no quadro 1. 
Quadro 1 – Questões epistemológicas importantes nas perspectivas da psicologia 
 
Fonte: Adaptado de Feldman (2015) 
 
 
6 
 
Embora tenham argumentos e conceitos diferentes sobre o avanço da 
personalidade, os ramos da teoria precisam abordar questões-chave e fornecer 
respostas que unifiquem a psicologia de maneira epistemológica. Essas questões não 
são exclusivas nem binárias, mas seguem um continuo de orientação teórica. Deve-
se enfatizar que a classificação das concepções ou métodos psicológicos 
apresentados no quadro acima, não seria uma concordância entre os estudiosos. 
Alguns ainda pensam no tripé clássico como a psicologia de meados do século XX: 
Psicanálise, Behaviorismo e Gestalt (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2009). 
Contudo, a especificação proposta por Feldman (2015) tenta novas 
abordagens que foram se desenvolvendo e moldando o cenário teórico e de pesquisas 
que temos hoje em dia, basicamente a partir das décadas de 1960 e 1970, como 
psicologia cognitiva e neurociência. No entanto, as teorias estão divididas em relação 
à influência geral do ambiente e da genética na formação e desenvolvimento da 
personalidade. A hereditariedade é um grupo de característica que são herdadas de 
forma genética, já o ambiente está relacionado ao ambiente criativo, social e familiar. 
Assim, a predisposição hoje em dia é aceitar que a personalidade e o comportamento, 
não são motivados por uma única influência. A resposta a essa pergunta está em 
algum ponto entre esses dois aspectos, embora as escolas continuem diferindo o 
quanto à prevalência de um sobre o outro pode ser marcante (FELDMAN, 2015). 
De outro modo, o comportamento consciente ou inconsciente é outro aspecto 
a ser tratado por psicólogos variadas abordagens teóricas. Os psicólogos 
psicodinâmicos concordam que a personalidade se desenvolve essencialmente em 
torno de elementos inconscientes das primeiras experiências da vida. Psicólogos 
cognitivos acreditam que a personalidade está intimamente relacionada ao 
funcionamento mental e ao aprendizado. Dessa forma, entra em questão outro 
aspecto fundamental: processos mentais versus comportamento. O comportamento é 
perceptível e os processos mentais são invisíveis. A perspectiva comportamental 
defende o estudo do primeiro, e a cognitiva, por exemplo, do segundo. De acordo com 
a abordagem cognitiva, é preciso saber o que e como a pessoa pensa, para que se 
consiga conhecer o comportamento. 
As abordagens que defendem o livre-arbítrio, protegem a liberdade e a 
capacidade de uma pessoa decidir por si mesmo. Já a teoria determinística, está 
voltada para decisões que surgem de fatores alheios ao controle das pessoas. As 
 
 
7 
 
abordagens variam de posturas extremas para as mais moderadas, sendo que essas 
ultimas acabam reconhecendo que alguns comportamentos podem ser determinados 
pelo passado, enquanto outros podem ser naturais e controláveis (SCHULTZ; 
SCHULTZ, 2021). Diferentes posições afetam diretamente a compreensão das 
funções mentais, transtornos e modalidades de intervenção. Por exemplo, alguns 
psicólogos acreditam que pessoas mentalmente vulneráveis ou doentes em um 
determinado momento podem ser responsabilizadas por suas ações, enquanto outros 
acreditam que precisam ser protegidas. 
A suposta discordância entre as distinções individuais e princípios universais é 
outra importante questão epistemológica, ou seja, o quanto o comportamento é 
determinado por características individuais e o quanto reflete a cultura e a sociedade 
em que vivemos. A primeira opção é individual e a segunda é universal entre os 
humanos. Por exemplo, os neurocientistas tendem a defender a universalidade 
porque o comportamento depende da função cerebral. Assim, as suas pesquisas 
visam estabelecer padrões. Por outro lado, os psicólogos humanistas, acreditam na 
expressão autêntica e genuína de cada indivíduo (FELDMAN, 2015). 
A psicologia como ciência tem, ao longo de sua história, produzido teorias que 
usam conceitos e métodos inspirados em diferentes visões da natureza humana para 
compreender a função mental, o comportamento e a vida psíquica. Porém, todas elas 
propõem o estudo da personalidade, como o elemento central para o conhecimento 
do sujeito. O quadro 2, apresenta a posição de cada abordagem que desenvolveu 
teorias da personalidade, em relação às questões-chave da ciência psicológica. 
Quadro 2 – Múltiplas perspectivas da personalidade 
Abordagem 
teórica e 
principais 
autores 
Determinantes 
da 
personalidade 
conscientes 
versus 
inconscientes 
Natureza 
(fatores 
hereditários) 
versus criação 
(fatores 
ambientais) 
Livre arbítrio 
versus 
determinismo 
Estabilidade 
versus 
modificabilidade 
Psicodinâmica 
Sigmund Freud, 
Carl Jung, 
Dá ênfase ao 
inconsciente. 
Enfatiza a 
estrutura inata, 
herdada da 
Enfatiza o 
determinismo, 
a visão de que 
Enfatiza a 
estabilidade das 
 
 
8 
 
Karen Horney e 
Alfred Adler 
(1860 – 
atualidade) 
personalidade, 
valorizando a 
importância da 
experiência 
infantil 
o 
comportamento 
é direcionado e 
causado por 
fatores 
externos ao 
próprio 
controle. 
características 
durante a vida 
Traços 
Gordon Allport, 
Raymond 
Cattell e Hans 
Eysenck (1904 
– 1960) 
Desconsidera o 
consciente e o 
inconsciente. 
As abordagens 
variam. 
Enfatiza o 
determinismo, 
a visão de que 
o 
comportamento 
é direcionado e 
causado por 
fatores 
externos ao 
próprio 
controle. 
Enfatiza a 
estabilidade das 
características 
durante a vida. 
Aprendizagem 
Frederic 
Skinner e Albert 
Bandura (1870 
– atualidade) 
Desconsidera o 
consciente e o 
inconsciente 
Centra-se no 
ambiente. 
Enfatiza o 
determinismo, 
a visão de que 
o 
comportamento 
é direcionado e 
causado por 
fatores 
externos ao 
próprio 
controle. 
Enfatiza que a 
personalidade 
permanece 
flexível e 
resiliente durante 
a vida. 
 
 
 
9 
 
Abordagem 
teórica e 
principais 
autores 
Determinantes 
da 
personalidade 
conscientes 
versus 
inconscientes 
Natureza 
(fatores 
hereditários) 
versus 
criação 
(fatores 
ambientais) 
Livre arbítrio 
versus 
determinismo 
Estabilidade 
versus 
modificabilidade 
Biológica e 
evolucionista 
Therese Tellegen 
(1980 – 
atualidade) 
Desconsidera o 
consciente e o 
inconsciente. 
Enfatiza os 
determinantes 
inatos, 
herdados da 
personalidade. 
Enfatiza o 
determinismo, 
a visão de que 
o 
comportamento 
é direcionado e 
causado por 
fatores 
externos ao 
próprio 
controle. 
Enfatiza a 
estabilidade das 
características 
durante a vida. 
Humanista: Carl 
Rogers e Abraham 
Maslow (1960 – 
atualidade) 
Enfatiza o 
consciente 
mais do que o 
inconsciente. 
Enfatiza a 
interação 
entre a 
natureza e a 
criação. 
Enfatiza a 
liberdade de os 
indivíduos 
fazerem as 
próprias 
escolhas. 
Enfatiza que a 
personalidade 
permanece 
flexível e 
resiliente durante 
a vida 
Fonte: Adaptado de Feldman (2015). 
As concepções ou abordagens, lançadas no quadro 2 são essenciais para olhar 
a psicologia como ciência, pois as teorias necessitam responder às questões 
epistemológicas levantadas pela ciência para serem consideradas sustentáveis do 
ponto de vista acadêmico. Nem todas as abordagens existentes propõem uma teoria 
da personalidade, daí a diferença entre os quadros 1 e 2. Por isso, os métodos e 
teorias da personalidade assumem diferentes posições em questões epistemológicas 
 
 
10 
 
da psicologia, sendo esta discussão fundamental para estabelecer as concepções de 
personalidade, bem como ela é formada, desenvolvida e manifestada. 
Desta forma, podemos concluir que, embora não haja uma definição única, mas 
compreendida de diferentes maneiras de acordo com as correntes teóricas que a 
estudam, a personalidade é um padrão relativamente permanente de traços e 
aspectosúnicos e que dão a veracidade e individualidade ao comportamento de uma 
pessoa (ROBERTS; MROCZEK, 2008). 
Os traços influenciam as diferenças individuais em relação ao comportamento, 
bem como para consistência do comportamento ao longo do tempo, possibilitando a 
estabilidade em diferentes situações. Essas características, ou seja, os traços podem 
ser únicos, comuns a algum grupo ou compartilhados pela espécie inteira, porém, seu 
padrão é diferente em cada indivíduo. Cada pessoa então, embora semelhantes aos 
outros em alguns aspectos, têm uma personalidade única. Traços são, portanto, 
qualidades exclusivas de um indivíduo e incluem atributos como temperamento, 
caráter e inteligência, sendo importante considerar as diferenças entre personalidade, 
temperamento, caráter e traços. 
Podemos então, entender a personalidade como um padrão de comportamento 
que estabelece o modo de vida e os valores de uma pessoa, como por exemplo o jeito 
de ser, a forma de se expressar e de ser reconhecido no meio em que vive. O 
temperamento é uma parte inata da personalidade, e o caráter é o temperamento que 
foi modificado e inserido no meio. Temperamento e caráter são, dessa forma, parte 
desse vasto conceito de personalidade. A personalidade também possui traços mais 
ou menos dominantes, que são padrões de percepção e relação com o ambiente, pois 
podem variar ou mudar dependendo do contexto em que estamos. 
É necessário ressaltar que o estudo dos traços de personalidade teve início no 
início do século XX, originando-se na psicologia americana, baseou-se na 
aplicabilidade dos conhecimentos. Posteriormente, outros autores, como Allport 
(1897– 1967) e Eysenck (1916 – 1997), propuseram teorias com outros objetivos. 
Assim, no próximo tópico, você vai compreender sobre as abordagens que concebem 
a personalidade motivada por forças e conflitos internos pouco conscientes e 
controláveis. O pioneiro dessa corrente foi Sigmund Freud, posteriormente seguido e 
criticado por Carl Jung, Karen Horney, Alfred Adler, Erik Erikson. Você também vai 
 
 
11 
 
conhecer a teoria e as contribuições de Gordon Allport, Hans Eysenck e Raymond 
Cattell para o entendimento da teoria dos traços de personalidade 
2.1 A teoria psicanalítica clássica de Sigmund Freud 
Sigmund Freud, médico e psicanalista, nasceu na Morávia em 6 de maio de 
1856 e morreu em Londres, em 23 de setembro de 1939. Foi um teórico essencial 
para a ciência psicológica, marcando as bases do conhecimento do mundo ocidental 
para destacar as marcas psicológicas singulares de cada indivíduo (MARIANO, 2018). 
Ao propor a narrativa de histórias de vida como prática efetiva de saúde, ele 
estabeleceu as bases clínicas através da escuta que era a maneira em que conseguia 
colocar em prática a sua escuta interventiva. Assim, ao desenvolver um referencial 
teórico para o desenvolvimento infantil no âmbito familiar, desbravou um campo de 
pesquisa que valorizava a subjetividade e a variabilidade de cada pessoa. Portanto, 
cavou fundo e plantou uma forte raiz, com muitos micélios, para que pensemos na 
personalidade com demora e com distinção (FELDMAN, 2015). 
De acordo com o psicanalista, a maior parte do comportamento humano é 
influenciada pelo inconsciente (impulsos, pulsões, desejos, vontades, necessidades) 
com partes conscientes e inconscientes. Em sua segunda teoria do aparelho mental, 
introduziu os termos id, ego e superego para se referir às estruturas da personalidade. 
É uma estrutura dinâmica com interações internas e externas, com forças e instintos 
que motivam o comportamento (FELDMAN, 2015). 
O id é uma manifestação subconsciente, localizado em um reservatório de 
energias psíquicas que são chamadas de pulsões, instintos e desejos. São impulsos 
com fluxo ilimitado de energia que exercem pressão constante sobre as 
personalidades. Seu foco é a satisfação imediata para que diminua a tensão, porque 
é impulsionado pelo princípio do prazer. Neste contexto, a realidade impede essa 
descarga. Dessa forma, pode-se dizer que o id está presente desde o nascimento. 
A realidade é representada pelo ego, que tenta equilibrar as demandas do id 
com as demandas da realidade do mundo externo e os ditames do superego. Este é 
um caso que visa preservar a segurança do indivíduo e ajudar na integração na 
sociedade. O ego é regido pelo princípio da realidade porque é um regulador cujas 
principais funções são a percepção, memória, sentimento e pensamento. O ego 
 
 
12 
 
representa a personalidade, que é o Eu do indivíduo, que toma decisões e dirige 
ações, levando em consideração as condições objetivas da sociedade. Também se 
desenvolve desde o nascimento (FELDMAN, 2015). 
Na infância, desenvolve-se outra manifestação da personalidade: o superego. 
Ela surge da internalização de proibições, restrições e mandatos impostos por pais e 
professores de acordo com a realidade. Uma vez internalizadas essas exigências 
sociais e culturais, ninguém precisa mais ‘dizer não’, pois a proibição já está no 
indivíduo, o que gera muitos conflitos internos (FELDMAN, 2015). 
 
Para Bock, Furtado e Teixeira (2001, p. 101): 
[...] o ego e, posteriormente, o superego são diferenciações do id, o que 
demonstra uma interdependência entre estes três sistemas, retirando a ideia 
de sistemas separados. O id refere-se ao inconsciente, mas o ego e o 
superego têm, também, aspectos ou ‘partes’ inconscientes. 
Esses casos contêm as experiências pessoais de cada pessoa e expressam 
seu desenvolvimento atual. Com isso, o psicólogo examina a história pessoal em 
relação à história de familiares e outros grupos sociais, que também se inscrevem nos 
valores e crenças da sociedade. 
Para Freud, a personalidade se desenvolve em cinco estágios: oral, anal, fálico, 
latente e genital. Nessas fases, a criança enfrenta conflitos decorrentes das 
exigências da sociedade e de seus próprios impulsos sexuais, pois nessas fases a 
sexualidade está relacionada à vivência do prazer, e não ao gozo da relação sexual 
da genital. Se estes conflitos não forem resolvidos numa determinada fase, implicam 
uma fixação na fase que persiste até à idade adulta. Assim, entender e conhecer 
essa estrutura com as vivências e dificuldades dessas fases pode apontar traços 
específicos na personalidade adulta. 
A dinâmica e os conflitos no desenvolvimento da personalidade geram 
ansiedade. Para explicar esse desconforto e insatisfação, ou seja, o desprazer, Freud 
atribuiu esse processo aos mecanismos de defesa utilizados pelo ego, que excluem 
da consciência conteúdos indesejados e protegem o aparelho psíquico. O ego usa 
esses meios para suprimir ou mascarar a percepção do perigo interno e reduzir a 
ansiedade por meio de estratégias inconscientes de defesa. Dessa maneira, muda a 
percepção da realidade e mascara a fonte da ansiedade do indivíduo. Os mecanismos 
utilizados são: repressão, regressão, deslocamento, racionalização, negação, 
 
 
13 
 
projeção, sublimação e formação reativa, que podem ser utilizados de diversas formas 
para proteção contra a ansiedade. 
Os mecanismos são os nossos meios de defesa que em algum momento ou 
situação, iremos aciona-los, de outro modo quando os mesmos se tornam excessivos, 
passa-se a esconder e recanalizar em forma de impulsos inconcebíveis, podendo até 
mesmo desenvolver transtornos mentais, produzidos pela ansiedade, sendo 
denominada por Freud como neurose (FELDMAN, 2015). 
A teoria de Freud foi refutada por psicólogos da época (1900) e ainda hoje sofre 
críticas por não ter sido comprovada cientifica, considerando que as primeiras teorias 
psicanalíticas de Freud não são cientificas, pois, ela não contava com um programa 
de pesquisa experimental, como ocorre na psicologia científica e a neurociência 
cognitiva. Segundo Feldman (2015, p. 391), “ a ênfase de Freud no inconsciente foi 
parcialmente apoiada pela pesquisa atual sobre os sonhos e a memória implícita,sendo os avanços na neurociência compatíveis com alguns de seus argumentos”. 
Além do mais, “ os psicólogos cognitivos e sociais encontraram evidências crescentes 
de que os processos inconscientes nos ajudam a pensar e avaliar nosso mundo, 
estabelecer metas e escolher cursos de ação” (FELDMAN, 2015, p. 391). 
Neste tópico, você aprendeu sobre a formação da personalidade de acordo 
com a Psicanálise de Freud. Você pôde compreender também, a relação da 
personalidade com os principais conceitos estabelecidos pelo autor: o Id, ego e 
superego. 
2.2 Teoria analítica de Carl Jung 
O psiquiatra suíço Carl Jung (1875-1961) foi discípulo de Freud de 1907-1913. 
Jung foi um dos principais membros dos estágios iniciais do movimento psicanalítico, 
o primeiro presidente da Associação Psicanalítica Internacional (International 
Psychoanalytical Association — IPA). O psicanalista era especialista em "psicose" e 
era fascinado pelo orientalismo. Graças à sua experiência, iniciou um estudo 
aprofundado sobre esquizofrenia, autoerotismo e autismo om Freud e Breuer (1901-
1939). 
Jung encontrou a confirmação de sua pesquisa sobre o subconsciente, 
associações verbais e complexos na obra de Freud. A psicologia analítica, que é a 
 
 
14 
 
base da psicoterapia, surgiu do movimento junguiano. De acordo com a teoria da 
personalidade de Jung, a personalidade total ou estrutura da psique é composta de 
vários sistemas diferentes, mas interativos. Os mais importantes são o ego, o 
inconsciente pessoal e seus complexos, o inconsciente coletivo e seus arquétipos, a 
anima e o animus, sombras e personas. Além desses sistemas interdependentes, 
estão as atitudes introvertidas e extrovertidas e as funções de pensamento, 
sentimento, sensação e intuição. Finalmente, existe o self, que é o centro de toda 
personalidade. Veja exemplos de construção de personalidade de Carl Jung, na figura 
1 abaixo. 
Figura 1. Construção da personalidade segundo Carl Jung. 
 
 
Fonte: bit.ly/3x7t3YQ 
Conforme Roudinesco e Plon (1998, p. 423) os arquétipos constituem o 
inconsciente coletivo, base da psique, estrutura imutável, espécie de 
patrimônio simbólico próprio de toda a humanidade. Essa representação da 
psique é complementada por “tipos psicológicos”, isto é, características 
individuais articuladas em torno da alternância introversão/ extroversão, e por 
um processo de individuação, que conduz o ser humano à unidade de sua 
personalidade através de uma série de metamorfoses (os estádios 
freudianos). A criança emerge, assim, do inconsciente coletivo, para ir até a 
individuação, assumindo a anima e o animus. 
Conforme a imagem da construção da personalidade, Carl Jung vai descrever 
as estruturas da seguinte maneira: 
 
 
15 
 
A Persona: a persona é uma máscara adotada pela pessoa em resposta às 
demandas das convenções e das tradições sociais e às suas próprias necessidades 
arquetípicas internas (JUNG, 1953). É o papel atribuído a alguém pela sociedade, em 
que a sociedade espera que a pessoa desempenhe na vida. O propósito da máscara 
é causar uma impressão definida nos outros, embora muitas vezes, não 
necessariamente, oculta a verdadeira natureza da pessoa. A persona é a 
personalidade pública, aqueles aspectos que apresentamos ao mundo ou que a 
opinião pública impõe ao indivíduo, em contraste com a personalidade privada 
existente por trás da fachada social. 
O núcleo do qual a persona se desenvolve é um arquétipo. Esse arquétipo, 
como todos os arquétipos, origina-se das experiências da raça. Nesse caso, as 
experiências consistem em interações sociais em que a assunção de um papel social 
teve um propósito útil para os humanos ao longo de sua história, como animais sociais. 
A persona é parecida com o superego de Freud em alguns aspectos. 
O Ego: A mente consciente é composta de percepções, memórias, 
pensamentos e sentimentos, e é responsável por nosso senso de identidade e 
continuidade, e de uma perspectiva humana é o centro da consciência. 
A Sombra: os arquétipos das sombras consistem em instintos animais que os 
humanos desenvolveram a partir de formas de vida inferiores (JUNG, 1948). 
Portanto, a sombra representa o lado animal da natureza humana. Como o arquétipo, 
a sombra é a fonte de nossa noção de pecado original, quando projetada para fora 
torna-se o inimigo (JUNG, 1960). 
O arquétipo da sombra também é responsável por trazer à consciência 
pensamentos, sentimentos e ações desagradáveis e socialmente censuráveis, que a 
pessoa pode então esconder da visão pública pela persona ou reprimir em seu 
subconsciente pessoal. Assim, o lado obscuro da personalidade derivado do 
arquétipo, ou seja, um arquétipo que transpassa pelos aspectos privados do ego e 
também um grande segmento do conteúdo do inconsciente pessoal. A sombra, com 
seus instintos animais vitais e apaixonados, confere à personalidade uma qualidade 
volumosa ou tridimensional, ou seja, ajuda a completar a pessoa como um todo. Então 
você deve ter notado uma semelhança entre a sombra e o conceito freudiano do id 
(JUNG, 1960). 
 
 
16 
 
Inconsciente pessoal: é uma área adjacente ao ego, composta de 
experiências que antes eram conscientes, mas agora são reprimidas, esquecidas, 
anuladas ou desconhecidas e em experiências que inicialmente eram fracas demais 
para causar uma impressão consciente na pessoa. Os conteúdos do inconsciente 
pessoal, como os do material pré-consciente de Freud, são acessíveis à mente 
consciente, e há um grande trânsito de mão dupla entre o inconsciente pessoal e o 
ego (JUNG, 1960). 
Os complexos: é um grupo organizado ou uma constelação de sentimentos, 
pensamentos, percepções e memórias, que existem no inconsciente pessoal. 
Contudo, existe um núcleo que age como uma espécie de magneto que atrai ou 
‘constela’ várias experiências (JUNG, 1960). 
Inconsciente coletivo: o conceito de um inconsciente coletivo, ou 
transpessoal, é um dos aspectos mais originais e controversos da teoria de Jung da 
personalidade, pois, é o sistema mais poderoso e influente da psique e, em casos 
patológicos, domina o ego e o inconsciente pessoal (JUNG, 1959). 
O inconsciente coletivo é o depósito dos vestígios de memória latentes 
deixados por nossos ancestrais, que inclui não apenas a história racial dos seres 
humanos como uma espécie distinta, mas também a história de seus ancestrais pré-
humanos ou animais. Portanto, o inconsciente coletivo é o resquício psicológico do 
desenvolvimento evolutivo do ser humano, o acúmulo de experiências repetidas de 
várias gerações. Pode-se dizer que é quase completamente independente de todas 
as coisas pessoais da vida do indivíduo e provavelmente universal. Assim, todos os 
seres humanos, têm mais ou menos o mesmo inconsciente coletivo (JUNG, 1959). 
O Self: Para Jung (1953), o conceito fundamental da psicologia 
completamente unificada é o Self. O self é o ponto essencial da personalidade em 
torno do qual todos os outros sistemas estão constelados, assim, os mantém unidos 
e a personalidade desenvolve a estabilidade e o equilíbrio. 
 “Se imaginarmos a mente consciente com o ego como seu centro, como 
estando oposto ao inconsciente, e acrescentarmos agora ao nosso quadro 
mental o processo de assimilar o inconsciente, podemos pensar nessa 
assimilação como uma espécie de aproximação do consciente e do 
inconsciente, em que o centro da personalidade total já́ não coincide com o 
ego, mas com um ponto médio entre o consciente e o inconsciente. Esse 
seria o ponto de um novo equilíbrio, um novo centra- mento da personalidade 
total, um centro virtual que, devido à sua posição focal entre o consciente e o 
inconsciente, garante uma fundação nova e mais sólida para a personalidade. 
” (JUNG, 1953, p. 219). 
 
 
17 
 
O self é um objetivo na vida pelo qual as pessoas lutam constantemente, mas 
raramente alcançam. Os componentes individuais da personalidade devem estar 
totalmentedesenvolvidos e específicos, antes que o self possa emergir. É por isso 
que os arquétipos do self não aparecem até a meia-idade do indivíduo (JUNG, 1953). 
Nessa época, ela começa a fazer um sério esforço para mudar o centro da 
personalidade do ego consciente para um que esteja a meio caminho entre a 
consciência e a inconsciência. Essa região intermediaria é a província do self. O 
conceito de self provavelmente é a descoberta psicológica, mais importante de Jung, 
e representa a culminação de seus estudos intensivos dos arquétipos (JUNG, 1953). 
Arquétipos: são componentes estruturais do inconsciente coletivo que 
recebem vários nomes: arquétipos, dominantes, imagens primordiais, imagos, 
imagens mitológicas e padrões de comportamento (JUNG, 1953). Um arquétipo é uma 
forma universal de pensamento/ideia, que contém um grande elemento de emoção. 
Essa forma de pensamento, cria imagens ou visões que correspondem na vida normal 
de vigília a algum aspecto da situação consciente. 
Anima e o animus: é bastante reconhecido e aceito que o ser humano é 
essencialmente um animal bissexual. Em um nível fisiológico, o macho secreta tanto 
hormônios masculinos, quanto femininos assim como a fêmea. No nível psicológico, 
as características masculinas e as femininas, são encontradas em ambos os sexos. A 
homossexualidade é apenas uma das condições, mas talvez a mais notável, que deu 
origem à concepção de bissexualidade humana. Jung atribuiu o lado feminino da 
personalidade do homem e o lado masculino da personalidade da mulher a 
arquétipos. O arquétipo feminino no homem é chamado de anima, e o arquétipo 
masculino na mulher é chamado de animus (JUNG, 1954). 
Esses arquétipos, embora possam ser condicionados pelos cromossomos 
sexuais e pelas glândulas sexuais, são os produtos das experiências raciais do 
homem com a mulher e da mulher com o homem. Em outras palavras, ao viver com a 
mulher ao longo das épocas, o homem se feminizou, ao passo que a mulher, por viver 
com o homem, se masculinizou (JUNG, 1954). 
Tais arquétipos não só fazem com que cada sexo manifeste características do 
sexo oposto, mas também agem como imagens coletivas, que motivam cada sexo a 
responder aos membros do outro sexo e a compreendê-los. O homem apreende a 
 
 
18 
 
natureza da mulher por meio de sua anima, assim como a mulher apreende a natureza 
do homem por meio de seu animus (JUNG, 1954). 
Mas a anima e o animus também podem levar ao desentendimento e à 
discórdia se a imagem arquetípica, for projetada sem consideração pelo caráter real 
do parceiro. Isto é, se um homem tentar identificar sua imagem idealizada de mulher 
com uma mulher real e não levar em conta as discrepâncias, entre o ideal e o real, ele 
pode sofrer um amargo desapontamento, quando perceber que as duas não são 
idênticas. Tem de haver um compromisso entre as necessidades do inconsciente 
coletivo e as realidades do mundo externo para que a pessoa seja razoavelmente 
bem-ajustada (JUNG, 1954). 
Dessa forma, vimos que, ao investigar a complexidade da psique humana, Jung 
se deparou com a noção de inconsciente coletivo e seus arquétipos. O aspecto mais 
relevante da teoria da personalidade de Jung, está voltado para a sua ênfase no 
caráter progressista do desenvolvimento da personalidade, diante do inconsciente 
coletivo e seus arquétipos. Pois, ele acreditava que os humanos estão 
constantemente progredindo ou tentando progredir de um estágio de desenvolvimento 
menos completo para um mais completo. Além disso, ele também acreditava que a 
humanidade, como espécie, está constantemente desenvolvendo novas formas de 
existência. Assim, Jung chamou a personalidade de psique, pois, compreendia os 
aspectos conscientes e inconscientes formando um todo, o que contrariava a visão 
freudiana de uma personalidade fragmentada. Para Jung, nós já nascemos inteiros, e 
nos cabe apenas compreender essa totalidade (JUNG, 1954). 
Nesta seção, você se inteirou sobre a estrutura da personalidade de Carl Jung, 
dessa forma, foi apresentado os principais conceitos como: arquétipos, self, sombra, 
persona, anima, animus, inconsciente pessoal e inconsciente coletivo. Portanto, 
através desses conceitos, Carl Jung tem como objetivo maior a psicologia analítica, 
pois, proporciona a compreensão de aspectos da personalidade humana. 
2.3 Teoria de Karen Horney 
Karen Horney (1885–1952), orientou-se para o culturalismo, procurando 
fundamentar a psicologia da mulher, sobre uma identidade própria. Segundo Feldman 
(2015) refere-se a ela, como a primeira psicóloga feminista. De acordo com seus 
 
 
19 
 
estudos, Horney sugeriu que a personalidade se desenvolve no contexto das relações 
sociais e depende particularmente da relação entre os pais e os filhos e do quanto as 
necessidades da criança, são atendidas (FELDMAN, 2015). 
A psicóloga feminista, entendia que as influências maiores na personalidade se 
davam, por meio, de ocorrências sociais na infância. Assim, a mente consciente teria 
um papel na personalidade humana, apresentando uma visão holística e humanista 
da psique individual, dando ênfase as diferenças culturais e sociais ao redor do 
mundo. Ademais, atribuiu o sentimento de inferioridade experimentado por algumas 
mulheres a fatores sociais (FELDMAN, 2015). 
É necessário ressaltar que Horney foi uma das primeiras a enfatizar a 
importância dos fatores culturais na determinação da personalidade. Por exemplo, ela 
propôs que os rígidos papéis de gênero da sociedade para as mulheres levaram-nas 
a experimentar ambivalência quanto ao sucesso, porque temiam fazer inimigos se 
tiverem muito sucesso (FELDMAN, 2015). 
Compreende-se nesse tópico, que Horney como psicóloga feminista contribuiu 
apresentando os principais fatores que influenciam a personalidade, como as relações 
sociais e as diferenças culturais. 
2.4 Teoria de Alfred Adler 
Alfred Adler (1870–1937) também foi discípulo de Freud, de quem se distanciou 
por discordar da superestimação do fator sexual, sendo além disso, o fundador da 
psicologia do desenvolvimento individual. Conforme Adler, o ambiente social e a 
obsessão incessante do indivíduo em atingir metas preestabelecidas, são os 
determinantes do comportamento humano, envolvendo a sede pelo poder e pela 
fama, formando a personalidade através desses determinantes (DAINEZ; SMOLKA, 
2014). 
Segundo Dainez e Smolka (2014) na psicologia individual de Adler, cada 
pessoa é concebida como uma totalidade integrada dentro de um sistema social. A 
personalidade então, corresponde a uma unidade e o seu estudo se orienta para a 
luta que ela realiza para se desenvolver e exprimir. Os mais importantes 
determinantes da estrutura da vida da personalidade, se originam nos primeiros 
tempos da infância sendo que o propósito específico e o efeito particular da vida 
 
 
20 
 
psíquica, não se fundem sobre uma realidade objetiva, mas sobre a impressão 
subjetiva que o indivíduo teve dos acontecimentos da vida. Sendo assim, cada 
indivíduo se organiza em função de sua percepção subjetiva do mundo social. 
Como você viu, em uma breve explicação da contribuição de Adler, 
entendemos que a personalidade e o comportamento, são expressões do psiquismo 
humano, que estão interligadas e são estudadas por diferentes perspectivas, como a 
psicologia behaviorista com o estudo do comportamento, a cognitivista, que 
demonstra evidências crescentes de que os processos inconscientes ajudam os 
indivíduos a pensar sobre o mundo e avaliá-lo, a definir objetivos e escolher uma rota 
de ação, bem como, os estudos da neurociência que tem apoiado a existência do 
inconsciente, pela pesquisa atual sobre os sonhos e a memória implícita (FELDMAN, 
2015). 
2.5 Teoria de Erik Erikson 
Erikson tinha uma orientação teórica em psicanálise, mas propôs algumas 
modificações na construção da personalidade. Segundo Bee (2003), uma das 
principais diferenças era queErikson não ressaltava a sexualidade como eixo central 
do desenvolvimento da personalidade. Para ele a identidade se forma gradualmente 
e sua totalidade, não se completa ao final da puberdade, ou seja, da adolescência. 
O desenvolvimento se dá em estágios e cada um envolve o que Erikson 
chamou de crise na personalidade. Como consequência, Erikson (ERIKSON, 1972) 
afirmou que o desenvolvimento da personalidade é contínuo e formulou sua própria 
teoria do desenvolvimento, conhecida até hoje como PSICOSSOCIAL e não 
psicossexual como a de Freud. 
Para que você possa identificar melhor as fases pelas quais uma pessoa passa, 
conforme a teoria de Erik Erikson sobre os “estágios do desenvolvimento”, observe a 
tabela 1 abaixo: 
Período Qualidade de Ego 
a ser 
desenvolvida 
Algumas tarefas e 
atividades do 
estágio 
Virtude 
Nascimento aos 
12-18 meses. 
Confiança básica 
versus 
O bebê desenvolve 
o sendo de 
Esperança. 
 
 
21 
 
desconfiança 
básica. 
perceber se o 
mundo é um lugar 
bom e seguro. 
12 – 18 meses aos 
3 anos. 
Autonomia versus 
vergonha, dúvida. 
A criança 
desenvolve um 
equilíbrio de 
independência e 
autossuficiência 
em relação à 
vergonha e a 
dúvida. 
Vontade. 
3 aos 6 anos. Iniciativa versus 
culpa 
A criança 
desenvolve a 
iniciativa quando 
experimenta novas 
atividades e não é 
dominada pela 
culpa. 
Propósito. 
6 anos á 
puberdade. 
Diligência versus 
inferioridade. 
A criança deve 
aprender as 
habilidades da 
cultura ou enfrentar 
sentimentos de 
incompetência. 
Habilidade. 
Puberdade ao 
adulto jovem. 
Identidade versus 
confusão de 
papéis. 
O adolescente 
deve determinar 
seu próprio senso 
de eu (quem sou 
eu?) ou 
experimentar uma 
confusão de 
papéis. 
Fidelidade. 
 
 
22 
 
Adulto jovem. Intimidade versus 
isolamento. 
A pessoa procura 
estabelecer 
compromissos 
com os outros, se 
não for bem-
sucedida, poderá 
sofrer isolamento e 
auto absorção. 
Amor. 
Vida adulta 
intermediária. 
Generatividade 
versus 
estagnação. 
O adulto maduro 
preocupa-se em 
estabelecer e 
orientar a próxima 
geração, ou então 
sente um 
empobrecimento 
pessoal. 
Cuidado. 
Vida adulta tardia. Integridade do ego 
versus despero. 
O adulto maduro 
preocupa-se em 
estabelecer e 
orientar a próxima 
geração, ou então 
sente um 
empobrecimento 
pessoal. 
Sabedoria. 
Fonte: Adaptado de Bee (2003); Papaplia e Feldman (2013). 
Pode-se observar na tabela acima que Erikson apresenta as qualidades que o 
ego deve desenvolver, apontando assim, para os extremos. O teórico acredita que, 
para um desenvolvimento adequado, deve haver um equilíbrio em cada etapa. Para 
ele, mais importante do que a sexualidade, era a forma como as relações se 
desenvolviam e os resultados destas relações. Nesse caso, o envolvimento dos pais 
é essencial para promover esse equilíbrio. 
 
 
23 
 
O primeiro estágio psicossocial (Confiança básica versus Desconfiança 
básica), corresponde ao período entre o nascimento e os primeiros 18 meses de vida 
da criança. Sua atenção está em sua mãe, que satisfaz suas necessidades e desejos 
em um tempo tolerável e o faz entender que não ficará sozinho. No entanto, é 
importante mencionar que existem alguns casos em que outra pessoa assume esse 
papel. Quando um bebê passa por essa fase de forma harmoniosa, recebendo amor 
e atenção de seu provedor, desenvolve sentimentos de confiança básica, e quando 
esses desejos não são atendidos satisfatoriamente, o sentimento que surge é de 
desconfiança básica (RABELLO; PASSOS, 2001). 
Diferentes autores (BEE, 2003; RABELLO; PASSOS, 2001; PAPALIA; 
FELDMAN, 2013; CARPIGIANI, 2010) enfatizaram que o autodesenvolvimento 
saudável requer um equilíbrio entre esses dois sentimentos, e que é importante que a 
criança experimente alguns momentos de frustração, para entender que é importante 
desconfiar às vezes, assim como acreditava Erik Erikson. Nessa fase, Papalia e 
Feldman (2013) evidenciam que as crianças desenvolvem a virtude da esperança ao 
compreenderem que o querer e o esperar são possíveis. 
O segundo estágio psicossocial (Autonomia versus Vergonha, dúvida), 
ocorre entre os primeiros 18 meses de vida e os 03 anos de idade da criança. Nessa 
fase a criança passa a ter mobilidade e começa a desenvolver uma sensação de 
independência e/ou autonomia. 
Este período requer orientação dos pais para evitar que a criança experimente 
fracassos posteriores, gerando sentimentos de vergonha (raiva de si mesmo) e 
dúvida, ao invés de autocontrole e autovalor (BEE, 2003). Para Rabello e Passos 
(2001), nesta fase as crianças começam a absorver as regras sociais, aprendem 
sobre alguns privilégios, obrigações e limitações, e aprendem a se controlar. Os 
autores enfatizam novamente a importância de equilibrar experiências positivas e 
negativas para o autodesenvolvimento saudável do ego. Espera-se que as crianças 
desenvolvam nessa etapa, a força básica da vontade. 
O terceiro estágio psicossocial (Iniciativa versus Culpa), ocorre entre 03 e 
06 anos, quando as crianças ingressam na escola. Nessa fase, espera-se que a 
criança tenha desenvolvido a confiança, o controle e a autonomia presentes 
nas fases anteriores. Ao aliar confiança e autonomia, a criança desenvolve a 
determinação, que é essencial ao senso de iniciativa. Segundo Rabello e Passos 
 
 
24 
 
(2001), o crescimento intelectual das crianças é reflexo de sua entrada na escola, que 
é fundamental para suas habilidades de planejamento e organização e o 
desenvolvimento do propósito como virtude. 
Quando seus planos não se concretizam, as crianças tendem a direcionar suas 
energias para fantasias, buscando compensar, de certa forma, o sentimento de culpa 
por não os ter realizado. Normalmente esses objetivos se manifestam no nível sexual 
e na idade adulta essa frustração pode levar a patologias ou se expressar pela 
somatização de conflitos. A ansiedade sobre atividades futuras também pode surgir 
quando uma criança se sente culpada. Por isso, Rabello e Passos ressaltam a 
importância de os pais explicarem aos filhos que determinadas atividades não podem 
ser desenvolvidas por eles, incentivando também a formação dessas atividades na 
infância quando puderem (BEE, 2003; PAPALIA; CARPIGIANI, 2010; FELDMAN, 
2013). 
O quarto estágio psicossocial (Diligência versus Inferioridade), corresponde 
a fase onde o indivíduo se torna adulto e está preparado para unir sua 
identidade com a de outra pessoa sem se sentir ameaçado. Para isso, 
é necessário que tenha a sua experiência vivenciada referente as fases anteriores de 
forma positiva, construindo um ego forte, saudável e autônomo, que aceite conviver 
com outro ego sem se sentir anulado ou ameaçado. Os indivíduos podem preferir o 
isolamento à intimidade quando o ego não está suficientemente seguro. O risco nesta 
fase é que os jovens desenvolvam o elitismo, limitando suas conexões sociais a 
pessoas com personalidades semelhantes (RABELLO; PASSOS, 2001). 
Segundo Carpigiani (2010), Erikson entendia que o jovem adulto deve estar 
preparado para a intimidade, formar vínculos afetivos duradouros, ter força ética 
suficiente para se manter fiel a esses vínculos, mesmo quando impõe compromissos 
significativos, e a virtude de desenvolver o amor. Ela enfatiza que o isolamento é 
importante, já que o jovem adulto tem que suportar tanto estar sozinho quanto estar 
em um relacionamento. 
O sétimo estágio psicossocial (Generatividade versus Estagnação), refere-
se à idade adulta intermediária e talvez seja o mais longo dos oito estágios. Nesta 
fase, o dilema existente é entre generatividade e estagnação. Conforme Carpigiani 
(2010, p. 17), se o desenvolvimento do ego foi saudável nas etapas anteriores, o 
indivíduo deve ser capaz de "superar desafios, cuidar dos bens adquiridos e manter 
 
 
25 
 
relações afetivas". Além disso, nesse estágio,ocorre a construção da família, a 
expansão profissional e a inclusão e formação de uma nova geração, definido como 
generatividade. No entanto, à medida que o indivíduo envelhece, pode acontecer do 
mesmo perder seu envolvimento com as novas gerações, criando a sensação de 
estagnação, por não se sentir mais necessário. 
O oitavo e último estágio psicossocial (Integridade do Ego versus 
Desespero), corresponde à idade adulta tardia. Nesse momento da vida, Erikson 
entendia que as pessoas pensam sobre suas vidas, o que fizeram e o que não fizeram. 
Rabello e Passos (2001) escrevem que esse processo ocorre de duas maneiras: a 
pessoa pode ficar angustiada ao ver a morte se aproximando e entender que seu 
tempo acabou e não tem mais nada a ver com a família e com a sociedade, vivendo 
a velhice em eterna nostalgia e tristeza ou a pessoa sente que cumpriu seu dever ao 
experimentar os sentimentos de dignidade e integridade. 
Carpigiani (2010) enfatiza que esses sentimentos podem ser potencializados 
ou minimizados conforme a cultura, dependendo do papel que os idosos 
desempenham em cada sociedade e sua importância. A virtude que se desenvolve 
nesta fase é a sabedoria. 
Até aqui, podemos compreender sobre a contribuição da teoria do 
desenvolvimento da personalidade de Erik Erikson, lembrando que, não devemos 
entender nenhuma teoria como absoluta, tendo em vista que existe um pouco de cada 
uma em um determinado aspecto do desenvolvimento da personalidade, contribuindo 
para o desenvolvimento humano. 
 
 Contribuições para a teoria dos traços de personalidade: 
 
Gordon Allport: 
 
Allport (1897–1967) buscou estudar a personalidade em seus aspectos mais 
singulares e individuais, fundando a psicologia individual. O conceito de 
personalidade, de acordo com Gordon Allport, advém do aspecto singular do sujeito 
que é capaz de diferir um indivíduo do outro, apesar das similaridades, sendo a 
unicidade o que os diferencia. A personalidade vai se maturando ao longo das fases: 
bebê, adolescente e adulto, provando que não é uma unidade estática. Contudo, nem 
 
 
26 
 
sempre alcança uma maturidade psicológica, enfrentando, por vezes, dificuldade 
relacional na vida adulta (CARLETTI, 2022). 
A teoria dos traços de personalidade é um modelo que busca identificar os 
principais aspectos da personalidade, como os traços que são evidentes no indivíduo, 
marcando sua singularidade e as características aprendidas por influências culturais 
e sociais. Além disso, os comportamentos se explicam por motivações, ou seja, um 
estímulo externo pode mobilizar determinado comportamento. 
A definição de traço segundo Allport (1937), pode desmembrar-se em dois 
aspectos: os traços individuais e os comuns. O primeiro consiste em disposições 
pessoais, ou seja, há um traço morfogênico que é singular ao indivíduo, algo que é 
improvável encontrar em outras pessoas. O segundo aspecto aponta o traço comum 
a vários indivíduos, como temperamentos e personalidades similares, mas que podem 
ser internos, que demarcam o indivíduo e determinam de forma consistente o 
comportamento. 
De acordo com Hall, Lindzey e Campbell (2000), a personalidade é considerada 
uma condição humana. Sugere-se que a personalidade seja parte do indivíduo, tanto 
que, para Allport, a personalidade é o que um homem realmente é (ALLPORT, 1937 
apud HALL; LINDZEY; CAMPBELL, 2000). Assim, compreende-se que a 
personalidade consiste nas características da pessoa. 
Diante da posição de Hall, Lindzey e Campbell (2000), a personalidade é um 
conceito que define a singularidade do indivíduo, ou seja, apesar das influências 
culturais, dos laços familiares e dos vínculos socioafetivos, que naturalmente têm 
influência no modus operandis do sujeito, a personalidade nada mais é do que a 
essência do indivíduo, o que demarca a condição dele enquanto humano e, por fim, o 
diferencia dos demais, mesmo que tenha crescido na mesma estrutura e 
experienciado eventos similares ao longo da sua vida. 
De acordo com a teoria do traço de Gordon Allport, os traços individuais são 
chamados de disposições pessoais, ou seja, características que são perceptíveis em 
cada indivíduo, podendo haver até 10 disposições dominantes ou mais. Quanto aos 
tipos de disposições, temos as cardinais, centrais e secundárias (HALL; LINDZEY; 
CAMPBELL, 2000). 
 Cardinais: trata-se de um traço singular que diferencia um indivíduo do 
outro. Essas características intrínsecas são evidenciadas no 
 
 
27 
 
comportamento do sujeito. Um bom exemplo, são os perfis de liderança. 
Essa característica é inata e, de acordo com a teoria dos traços, 
hereditária. 
 Centrais: são conjuntos de características que tendem a construir a 
personalidade do sujeito e que o estruturam a um dado comportamento. 
Trata-se de um conjunto de traços que demarcam a personalidade do 
indivíduo. Essas características podem ser percebidas a partir da 
convivência mais próxima, como perceber por exemplo, que o sujeito é 
gentil, organizado, amigo, justo e generoso. 
 Secundárias: são aspectos ou traços da personalidade que podem ir 
mudando ao longo da vida, como características estilísticas que mudam 
ao longo das fases da vida. Pode-se por exemplo, gostar de usar calças 
pantalonas quando mais jovem, mas na vida adulta adotar outro estilo. 
 
Veja o exemplo no quadro 1 abaixo: 
 Quadro 1. Teoria da personalidade por Gordon Allport 
 
Traços cardinais — características únicas do sujeito. Por exemplo, poder, 
generosidade. 
Traços centrais — características que definem a personalidade na ausência de 
um traço cardinal. Por exemplo, honestidade e sociabilidade. 
Traços secundários — características que são passíveis de mudanças. Por 
exemplo, estilos, gostos. 
Fonte: Adaptado de Nunes (2005). 
Allport (1961) discutiu duas disposições que demarcam a personalidade do 
sujeito. A primeira é a disposição motivacional que inicia a ação, a qual é sentida com 
mais intensidade e motiva as necessidades básicas. A segunda é a disposição 
estilística, que refere-se a um comportamento adaptativo e que se assemelha à ideia 
de comportamento expressivo de Maslow (1928 - 1970), ou seja, está ligada à 
aparência do indivíduo. 
 
 
 
28 
 
Mas, como exemplificar tais disposições? Em relação à primeira terminologia, 
pode-se pensar a partir da necessidade de buscar alimentos, água, satisfação sexual, 
entre outras, por serem essenciais para sobrevivência. Em relação à segunda 
disposição, pode-se citar a realidade do ambiente de trabalho e o estilo de vestimenta 
indicado para cada cargo ou área, já que por exemplo, advogados trabalham com 
trajes formais. 
No mais, pode-se perceber que a personalidade abarca um campo amplo de 
discussão e Allport contribuiu de forma contundente para a compreensão da noção de 
traço, dimensões da personalidade, vislumbrando os comportamentos motivados a 
partir das experiências e, também, das características singulares. O autor considera 
as predisposições a responder igualmente ou de um modo semelhante a tipos 
diferentes de estímulos, ou seja, formas constantes e duradouras de reagir ao 
ambiente. Portanto, pode-se compreender que Allport trabalha as características da 
individualidade do sujeito, bem como, a natureza real e a determinação do 
comportamento, podendo ser passível de demonstração empírica e possuir variações 
situacionais e inter-relacionais. 
 
 Raymond B. Cattell: 
 
Cattell (1905–1998) foi muito importante nos primeiros anos da psicometria, 
com sua pesquisa da estrutura psicológica intrapessoal. Nos seus estudos, também 
explorou as dimensões básicas da personalidade e do temperamento, a variedade de 
habilidades cognitivas, as dimensões dinâmicas de motivação e emoção, as 
dimensões clínicas da personalidade anormal, os padrões de sintonia de grupo e o 
comportamento social, entre outros aspectos. 
O autor definiu a personalidade como algoque “diz o que um homem irá fazer 
quando colocado em uma dada situação” (CATTELL, 1965, p. 25) e acrescentou que 
a personalidade não está somente relacionada com os comportamentos manifestos, 
mas também com aqueles encobertos. 
A dedicação de Cattell pela ciência e pelos métodos científicos foi constante 
em toda a sua vida. Ele elaborou formas sofisticadas para identificar os domínios da 
personalidade e motivação e, subsequentemente, a moralidade, a partir da adoção de 
 
 
29 
 
métodos científicos usados pelo seu mentor, Spearman (1863 – 1945), para verificar 
os mais amplos domínios da inteligência, habilidade e cognição. 
A teoria da personalidade de Cattell é baseada na análise fatorial na 
metodologia estatística, onde relaciona a sua ideia em investigar as estruturas do 
temperamento e motivação, a partir da observação do trabalho de Spearman e 
posteriormente de Thurstone na descrição da estrutura das habilidades por esse 
método (CATTELL, 1984). 
A teoria de Cattell também é reconhecida como teoria do traço, com uma visão 
abrangente da personalidade, buscando esquematizar empiricamente grandes 
extensões do domínio da personalidade, o que resultou num grande número de traços 
dinâmicos. Para Hall, Lindzey e Campbell (20000, p. 257) “muitas das ideias de Cattell, 
especialmente as relacionadas ao desenvolvimento, estão intimamente ligadas às 
formulações de Freud e às de autores psicanalíticos que vieram depois” deste último. 
Para Cattell (1984), a personalidade é uma estrutura complexa e distinta de traços. 
 
Veja os principais fatores do teste de personalidade, para Cattel: 
 Ego narcisista versus não assertividade disciplinada, segura 
 Inibição/timidez versus confiança 
 Esperteza maníaca versus passividade 
 Independência versus submissão 
 Comention (conformidade gregária) versus objetividade 
 Exuberância versus refreamento 
 Cortetia (prontidão cortical) versus pathemia 
 Mobilização de energia versus regressão 
 Ansiedade versus ajustamento 
 Realismo versus tensinflexia (tendência psicótica) 
 Autossentimento narcisista versus despretensão 
 Apatia cética versus envolvimento 
 Astenia de superego versus segurança bruta 
 Responsividade sincera versus falta de vontade 
 Impassibilidade versus dissofrustance 
 Prudência versus variabilidade impulsiva 
 Exvia (extroversão) versus invia (introversão) 
 
 
30 
 
 Desânimo (pessimismo) versus atitude alegre 
 Caráter não prático versus caráter prático 
 Sonolência versus excitação 
 Autossentimento versus autossentimento frágil. 
 
Neste tópico, foram descritos os principais fatores do teste de personalidade, 
elaborado por Cattell (1984). De acordo com o autor, o traço de personalidade é uma 
estrutura mental, como uma inferência realizada através do comportamento 
observado, para que se explique a regularidade ou a consistência desse 
comportamento. 
 Hans Eysenck 
 
Eysenck (1916–1997) foi psicólogo alemão e, desenvolveu uma teoria fatorial 
semelhante à de McCrae e Costa (1997), fundamentando-a basicamente na análise 
fatorial e na biologia. Estabeleceu, porém, somente três dimensões da personalidade: 
extroversão/ introversão, neuroticismo/estabilidade e psicoticismo/superego. 
Para Eysenck, as diferenças individuais na personalidade são provenientes de 
diferenças genéticas, compreendendo estruturas cerebrais, hormônios e 
neurotransmissores que influenciam os três fatores da personalidade. O psicólogo 
define traços como disposições importantes semipermanentes da personalidade, que 
compõem intercorrelações significativas entre diferentes comportamentos habituais 
(FEIST; FEIST; ROBERTS, 2015). 
Segundo Feist, Feist e Roberts (2015) os extrovertidos são caracterizados pela 
sociabilidade e pela impulsividade, mas também por jocosidade, vivacidade, 
perspicácia, otimismo e outros traços indicativos de pessoas que são gratificadas pela 
associação com os outros. Os introvertidos são caracterizados pelos traços opostos 
aos dos extrovertidos, são quietos, passivos, pouco sociáveis, cuidadosos, reservados 
e pensativos. Entretanto, as principais diferenças entre extroversão e introversão não 
são comportamentais, mas de natureza biológica e genética. 
O neuroticismo/estabilidade é indicado como forte componente hereditário. 
Assim, a pessoa com escore alto em neuroticismo apresenta disposição para reagir 
com excesso emocional e dificuldade de retornar ao estado normal depois de uma 
alteração emocional. No entanto, Eysenck afirma que o neuroticismo não sugere 
 
 
31 
 
compulsoriamente uma neurose, porém sobre forte estresse pode produzir um 
transtorno neurótico (Eysenck, 1991 apud FEIST; FEIST; ROBERTS, 2015). 
Esses dois fatores, extroversão/introversão e neuroticismo/estabilidade, foram 
a base da teoria da personalidade de Eysenck (1970), que posteriormente reconheceu 
o psicotismo/superego, formando as três dimensões. As características das pessoas 
com escore alto em psicotismo são: egocentrismo, frieza, impulsividade, hostilidade, 
agressividade, desconfiança, psicopatia e antissociabilidade. Já as pessoas com 
baixo escorem são mais altruístas, com alta socialização e empatia, cooperativas e 
mais convencionais. 
Até aqui você pôde compreender a articulação entre a natureza das teorias da 
personalidade em uma retrospectiva histórica. Portanto, pode-se notar que dentro do 
campo de estudos da psicologia, como ciência, muito se produziu sobre esse tema, 
assim podemos identificar, vários autores que contribuíram de modo fecundo para a 
produção de nossas reflexões sobre a personalidade. No próximo tópico iremos tratar 
do tema temperamento e as suas variações. 
3 CONCEITOS DE PERSONALIDADE E TEMPERAMENTO 
Existem muitos conceitos atribuídos à personalidade e ao temperamento. Para 
a Associação Americana de Psicologia - APA (AMERICAN PSYCHIATRIC 
ASSOCIATION, 2002, p. 771), a personalidade consiste em "padrões duradouros 
relacionados a percepções, relacionamentos e pensamentos sobre o ambiente e 
sobre si mesmo". O senso comum usa o termo personalidade para se referir aos traços 
distintivos de uma pessoa e o termo tem muitos significados diferentes, mas 
geralmente transmite a ideia de uma unidade que inclui a humanidade. 
Tavares (2006) afirmou que a personalidade pode ser concebida como um 
conjunto de traços ou características que conferem a cada indivíduo uma identidade 
única e determinam padrões de pensamento, sentimento e ação. Esses traços são 
moldados pela interação entre a personalidade natural de um indivíduo e suas 
experiências de vida. Embora seja relativamente estável ao longo do tempo, possui 
um grau de flexibilidade que permite que os indivíduos se adaptem bem ao seu 
ambiente. 
 
 
32 
 
Ainda de acordo com Tavares (2006) uma forma de distinguir uma pessoa da 
outra é a personalidade, que é construída a partir das próprias experiências das 
pessoas em seu meio, levando em consideração aspectos de sua cultura e educação, 
costumes, crenças, etc. Uma das teorias mais famosas da personalidade é a 
psicanálise, desenvolvida por Sigmund Freud em 1882, que afirma que as estruturas 
da personalidade são formadas por volta dos quatro ou cinco anos de idade. 
Personalidade inclui temperamento e caráter. 
Delisle (1999) descreve a personalidade como uma forma específica e 
relativamente estável de organizar os componentes cognitivos, emocionais e 
comportamentais da experiência de um indivíduo. Como por exemplo, a definição de 
(cognição) significa a associação de alguém com eventos (comportamentais) e os 
sentimentos (emocionais) que acompanham esses eventos permanecem 
relativamente estáveis ao longo do tempo e fornecem um senso de identidade. A 
personalidade é um senso de si mesmo e o impacto que ele provoca nas outras 
pessoas. 
Segundo Cloninger, Svrakic e Przybeck (1993), a personalidade é concebida 
como uma interação dinâmica entredimensões de temperamento, componente 
constitucional herdado, e dimensões de caráter, que são características adquiridas 
por meio, do aprendizado e da experiência. O temperamento reflete diferenças 
individuais no aprendizado de hábitos, através, de recompensa e punição e é 
representado por quatro dimensões: busca de novidades, esquiva ao dano, 
dependência de gratificação e persistência. 
De acordo com o modelo de Cloninger, Svrakic e Przybeck (1993), o caráter é 
desenvolvido a partir das relações do eu: eu - comigo, eu - com o outro e eu, com o 
meio, cujo objetivo é adaptar o indivíduo ao meio. As dimensões de caráter são: 
 
 Autodirecionamento (AD): diz respeito à relação do sujeito consigo 
próprio e refere-se à força de vontade, autodeterminação, habilidade de 
controle das situações, adaptação de comportamentos de acordo com 
as metas estabelecidas e os valores pessoais, ao adiamento de 
gratificação imediata, à aceitação de suas fraquezas e ao 
reconhecimento de suas qualidades. 
 
 
33 
 
 Cooperatividade (CO): representa a relação do indivíduo com o outro e 
envolve empatia, tolerância, aceitação social, prontidão para ajudar e 
amabilidade. 
 Autotranscendência (AT): refere-se à relação do indivíduo com o meio, 
isto é, sentir-se parte integrante da natureza, do universo e envolve 
sentimentos de contemplação, meditação, aceitação espiritual e 
misticismo. 
A personalidade é resultado da interação entre temperamento e caráter, que 
salientam e dão significado a toda experiência (CLONINGER; SVRAKIC; PRZYBECK, 
1993). Segundo Cairus e Ribeiro (2005), Hipócrates, por volta de 430 a.C, em seu 
texto (Da Natureza do homem), propôs quatro tipos de temperamentos da 
personalidade e são eles: 
 Temperamento sanguíneo 
 Temperamento colérico 
 Temperamento melancólico 
 Temperamento fleumático, (HIPOCRÁTES, 2005). 
 
É necessário que você saiba, que todas as pessoas apresentam características 
conforme os quatros tipos de temperamento, mas somente um ou dois irão se 
destacar, podendo haver, inclusive, a intensificação de um temperamento e a fraqueza 
de outro, revelando que essas características podem ser apresentas em graus 
diferentes. Além disso, os temperamentos têm influência direta em nossas relações 
pessoais. Agora, você verá as características de cada temperamento de forma mais 
detalhada, os quais podem se desenvolver no indivíduo por completo, ou, ficarem 
restritas a certas áreas. Além do mais, o indivíduo pode estar vivendo os seus 
aspectos positivos, negativos ou ambos. 
 
 Temperamento sanguíneo: 
 
A beleza sanguínea está associada ao sol, como algo brilhante e vibrante. 
Pessoas com esse tipo de temperamento gostam de ser o centro das atenções, 
costuma odiar rotina e não têm medo de coisas novas, impulsivas e imprudentes. Sua 
cor é amarela. De acordo com Hallawell (2010), as características são as seguintes: 
 
 
34 
 
 
 Suas forças: pessoa extrovertida, muito comunicativa, motivada, 
automotivada, festiva, cheia de vida e enérgica. Vigorosa e estimulante, 
interessa-se em coisas novas, produtivas e inovadoras. É uma pessoa 
espirituosa e rápida, tem a necessidade de marcar presença e no final 
acaba sendo o centro das atenções. Tem seu trabalho e interage bem 
com outras pessoas porque gosta da companhia delas e pode 
simpatizar facilmente. Não gosta de rotina ou de lugares fechados. Tem 
boa intuição e é espontânea e transparente. Gosta de coisas vistosas, 
coloridas, luminosas e brilhantes. 
 
 Suas fraquezas: irregularidade, inconsistência, desorganização e falta 
de estrutura. Perde o foco facilmente porque tem problemas de 
concentração e desiste de tarefas sem completá-las. Trata – se de uma 
pessoa vaidosa, esquecida e geniosa, que pode ter acessos de raiva. 
Pode variar entre euforia e depressão. Pode ficar estranha, porque sua 
extroversão é curiosa e barulhenta. Sua impetuosidade pode colocá-
la em situações difíceis e seu amor pela aventura e risco os torna 
imprudentes. 
 
 Temperamento colérico: 
 
A beleza colérica está relacionada ao coração. Transmite força, coragem e 
determinação. É poderosa, passional e independente. Sua cor é o vermelho. De 
acordo com Hallawell (2010), as características da pessoa com esta beleza são as 
seguintes. 
 Suas forças: determinada, persistente, objetiva e explosiva. É 
passional, emotiva, dramática e intensa. Líder nata, é rápida e busca 
resultados, sempre motivada pelo desafio. Pessoa leal, fiel e generosa, 
e detesta traição. Procura o domínio, mas não tem preocupação em ser 
o centro das atenções. Forte, corajosa e tem facilidade em se 
concentrar. Pode ser extrovertida, mas geralmente é reservada. Direta e 
franca, não gosta de rodeios ou insinuações. Apesar de não gostar de 
 
 
35 
 
ser contrariada, não tem problema em ouvir opiniões divergentes, desde 
que sejam bem fundamentadas e servirem a seus propósitos. Mesmo 
sendo temperamental, é uma pessoa que não guarda rancor e gosta de 
luxo. 
 Suas fraquezas: impaciente, intolerante e autoritária. Pessoa 
competitiva e batalhador. Essas características, podem levar essa 
pessoa até a ser violenta, raivosa e explosiva, e nesses momentos de 
raiva é imprudente. Não tolera a fraqueza dos ouros, sendo muitas vezes 
insensível, podendo até ser cruel. Procura sempre dominar, mas não 
controlar e isso pode levá-la a criar atritos e a ser brusca e imperiosa. 
Tem dificuldade de delegar poderes, sendo centralizadora. Sua fraqueza 
pode levá-la a ser indelicada e rude. A sutileza não é seu forte, sua 
postura e expressão frequentemente intimidam os outros. É vaidosa, 
orgulhosa e dificilmente aceita seus erros publicamente, tendo a 
tendência de transferir a culpa ou buscar uma desculpa. É bagunceira, 
mas não desorganizada, mas é desatenta a detalhes. Não suporta ser 
pressionada ou controlada. 
 
 Temperamento melancólico: 
 
A beleza melancólica é ligada à água, transmite calma e organização. É 
elegante, charmosa e sofisticada, profunda e artística. Há dois tipos de melancólicos: 
o artístico, que age com o coração, e o científico, que age com a razão. Sua cor é o 
azul. De acordo com Hallawell (2010), as características são as seguintes: 
 
 Suas forças: ambos os tipos de melancólicos são organizados, 
disciplinados, detalhistas, pragmáticos e perfeccionistas. São pessoas 
pacientes, profundas e pensativas. O tipo artístico é sensível, mas não 
esboça grande exaltação ou emoção, embora seja sentimental e 
delicado. É uma pessoa com característica confiável e muito competente 
e está sempre em busca da perfeição. O tipo científico é mais frio do que 
o tipo artístico. É cerebral e lógico, muito organizado, sistemático e 
detalhista. Os dois tipos têm grande poder de concentração, disciplina, 
 
 
36 
 
paciência e persistência, finalizando o que começam. Respeitam os 
outros, são discretos e procuram nunca ser inconvenientes ou 
intrometidos. 
 
 Suas fraquezas: pessoa ansiosa, indecisa e perfeccionista ao extremo. 
É introvertida, tímida, quieta e retirada. Não gosta de ser o centro das 
atenções. Tem dificuldade de se impor e de confrontar situações ou 
pessoas. Pode ser rancorosa e vingativa. Sua falta de emoção pode 
constranger os outros e fazê-la parecer antipática. Controladora, não 
sabe lidar bem com o inesperado e o novo, e tem medo do 
desconhecido. Por isso, segue regras e é conservadora, o que prejudica 
sua criatividade. Pode ser arrogante, também exige demais de si próprio, 
desenvolvendo sentimentos de incapacidade e problemas de 
autoestima. O melancólico é o que mais tem tendência a sofrer de 
depressão e da síndrome do transtorno obsessivo-compulsivo, por 
causa da sua ansiedade 
 
 Temperamento fleumático: 
 
A beleza fleumática é serena e espiritualizada. É amigável, meiga e acolhedora, 
transmite segurança e paz. Sua cor é o roxo. De acordo com Hallawell (2010), as 
característicassão as seguintes: 
 
 Suas forças: é um ser diplomático, pacificador, místico e tende a ser 
ingênuo. Muito amigável e, geralmente, alegre e sorridente. Pessoa 
extremamente calma e dificilmente se zanga, mas, também, raramente 
demonstra grandes emoções. Não gosta de confrontos e de 
desavenças. Procura agradar os outros e fazer com que todos se sintam 
bem. Não é competitiva. É boa ouvinte. Não apegada a coisas materiais, 
sendo desprendida e generosa, se contentando com pouco. É 
constante, paciente, confiável, fiel e leal. É adaptável, embora não goste 
de mudanças. É motivada somente pela busca de segurança. 
 
 
 
37 
 
 Suas fraquezas: parece uma pessoa desinteressada, pode ser apática, 
acomodada e alienada. Apresenta dificuldade de tomar decisões e 
sempre que pode transfere essa responsabilidade para outra pessoa. 
Tem pouco entusiasmo e iniciativa. É resistente a mudanças, por ser 
muito conservadora e acomodada. Sua busca pela segurança a faz fugir 
de situações de risco e, assim, acaba perdendo muitas oportunidades. 
É previsível e pouco criativa. Não gosta de assumir posições de 
responsabilidade ou liderança. 
 
Você observou acima, a identificação dos tipos de temperamentos descritos 
por Hipócrates (2005), dessa maneira a utilização dessa teoria, foi um referencial para 
o psicólogo Ivan Pavlov, que identificou, experimentalmente os mesmos tipos de 
temperamentos humanos em animais, mostrando sua relação com o sistema nervoso 
e fatores bioquímicos. A partir de então, vários estudos baseados em processos 
neurotransmissores, genéticos, bioquímicos e do sistema nervoso, foram 
desenvolvidos com a suposição de que esta é a explicação para as diferenças de 
temperamento (ZUCKERMAN, 1991). 
É importante ressaltar que existem vários sistemas básicos que tentam explicar 
a base do temperamento, mas dois se destacam mais. O primeiro, é chamado de 
sistema humoral, é de interesse histórico e relaciona o estado do organismo com a 
proporção de fluidos e humores que circulam no organismo. Daí a origem 
da classificação dos temperamentos sanguíneo, colérico, fleumático e melancólico. O 
segundo sistema, denominado constitucional, baseia-se nas diferentes compleições 
do organismo e na sua estrutura física. Esta tipologia representa uma abordagem dos 
estudos sobre a relação entre características físicas e psicológicas. 
A palavra temperamento tem sua origem no latim temperamentum = que 
significa medida e representa o caráter individual e a intensidade dos 
afetos psicológicos, o humor predominante e a estrutura de motivação. 
Segundo Breuer (1987) estabelece algumas diferenças de temperamento, 
mencionando que alguns são mais duradouros, enquanto outros são mais inertes e 
indiferentes. Como por exemplo, existem pessoas que não conseguem ficar paradas, 
aquelas que sabem deitar em sofás, as que são mais ágeis, entre outras. Breuer 
(1987, p. 205) prossegue afirmando que "essas diferenças, que constituem o 
 
 
38 
 
'temperamento natural' do homem, certamente se baseiam em profundas diferenças 
em seu sistema nervoso, na medida em que elementos cerebrais em repouso 
funcional liberam energia". 
Novais (1977), afirmava que o temperamento está relacionado ao clima químico 
no qual a personalidade se desenvolve. Já, para Petroviski (1985) o temperamento 
era entendido como a combinação estabelecida e persistente das propriedades 
psicodinâmicas de um indivíduo, que se manifestam por meio de suas atividades e 
comportamentos e, assim, formam sua base orgânica. Ainda seguindo essa ideia, 
Allport (1966) definiu o temperamento como um fenômeno especial da natureza 
emocional de um indivíduo, incluindo sua sensibilidade aos estímulos, a intensidade 
e velocidade das respostas e algumas outras peculiaridades relacionadas à 
hereditariedade. 
Conforme Strelau e Angleitner (1987), existem cinco características 
que distinguem temperamento de personalidade, são elas: 
 O temperamento é biologicamente determinado e a personalidade é um 
produto do ambiente social. 
 Os traços de temperamento podem ser identificados desde a infância, 
enquanto a personalidade é formada durante o desenvolvimento infantil. 
 Diferenças individuais em traços de temperamento como ansiedade, 
extroversão-introversão também são observadas em animais, enquanto 
a personalidade é uma prerrogativa humana. 
 O temperamento apresenta aspectos estilísticos. A personalidade 
contém aspectos do comportamento. 
 Ao contrário do temperamento, a personalidade refere-se à função 
combinada do comportamento humano. 
A personalidade então, pode ser definida como a organização abrangente de 
todas as características cognitivas, emocionais e físicas de um indivíduo, 
manifestadas em diferentes situações e com significado especial para os outros. 
Assim, em geral, podemos definir personalidade, como um conjunto de elementos de 
temperamento herdados durante a gravidez e de elementos adquiridos do meio, 
durante o estágio de desenvolvimento, para formar o mundo psicológico interno de 
uma pessoa (STRELAU; ANGLEITNER, 1987). 
 
 
39 
 
Atualmente, se considera que certas características do temperamento são 
resultado de processos fisiológicos no sistema linfático, bem como os efeitos 
endócrinos de alguns hormônios na vida psicológica do sujeito. Portanto, é possível 
explicara interferência do ambiente pela genética e pelas condições biológicas 
presentes no temperamento de cada pessoa. Por outro lado, podemos entender o 
temperamento como uma disposição inata e peculiar pela qual o sujeito está disposto 
a responder aos estímulos ambientais. Nessa perspectiva, o temperamento é a 
maneira interior de ser e se comportar de uma pessoa; geneticamente determinado, 
é o aspecto somático da personalidade (NARRAVO, 1999). 
O temperamento pode ser conduzido de pai para filho, mas não se aprende, 
nem se ensina, só pode ser suavizado à sua maneira, o que é determinado pelo 
caráter. Veja a definição de caráter no quadro 2, abaixo. 
 
Quadro 2. Definição de caráter. 
 
 CARÁTER 
É a soma de traços de personalidade, expressas no modo básico do indivíduo reagir 
perante a vida, seu estilo pessoal, suas formas de interação social, aptidões, etc. O 
caráter reflete o temperamento moldado, modificado e inserido no meio familiar e 
sociocultural. É a resultante, ao longo da história pessoal, da interação constante 
entre o temperamento e as expectativas e exigências conscientes e inconscientes 
dos indivíduos que criaram determinada pessoa. O caráter resulta do modo como o 
indivíduo equacionou, consciente e inconscientemente, o seu temperamento com 
essas exigências e expectativas. 
 
Fonte: bit.ly/3S0fOSp 
O conceito de caráter emergiu da filosofia e tornou-se objeto de pesquisa 
científica. O termo caráter vem do grego character e relaciona-se como um sinal, 
marca, ao instrumento que grava. Quando aplicado à personalidade, este 
termo denota aqueles aspectos que se inscreveram na psique e no corpo de cada 
indivíduo durante seu desenvolvimento. 
 
 
40 
 
Freud (1987) e Abraham (1970) embora não sejam os primeiros, também se 
dedicaram ao estudo do caráter, deixando uma grande contribuição, bem como vários 
outros cientistas, seguiram o exemplo nessa direção. Mas, entre eles, o que mais se 
destacou e conseguiu formar uma teoria coerente sobre o caráter foi Wilhelm Reich. 
Segundo Reich (1995), o caráter é o conjunto de reações e hábitos de 
comportamentos específicos de cada pessoa. Estes incluem as atitudes e valores 
conscientes, o estilo de comportamento (timidez, agressividade e assim por diante) e 
as atitudes físicas (postura, hábitos de manutenção e movimentação do corpo). Em 
outras palavras, caráter é a forma como uma pessoa se apresenta ao mundo, com 
seu temperamento e personalidade, ou seja, é o temperamento e a personalidade 
expressos através

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