Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Brasília-DF. Teorias da Personalidade e do TemPeramenTo Elaboração Aline Freire Bezerra Vilela Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APrESEntAção ................................................................................................................................. 4 orgAnizAção do CAdErno dE EStudoS E PESquiSA .................................................................... 5 introdução.................................................................................................................................... 7 unidAdE i SOBRE O TEMPO HISTÓRICO ................................................................................................................. 9 CAPítulo 1 HISTÓRIa E dESEnvOlvIMEnTO naS TEORIaS da PERSOnalIdadE ............................................ 9 CAPítulo 2 a TEORIa nO ESTudO da PERSOnalIdadE ............................................................................. 14 CAPítulo 3 avalIaçãO E PESquISa nO ESTudO da PERSOnalIdadE ...................................................... 19 unidAdE ii TEORIaS da PERSOnalIdadE .............................................................................................................. 28 CAPítulo 1 TEORIaS PSICOdInâMICaS ..................................................................................................... 28 CAPítulo 2 TEORIaS COM ênfaSE na REalIdadE PERCEBIda (fEnOMEnOlÓgICa/ExISTEnCIaIS) ............ 51 CAPítulo 3 TEORIaS COM ênfaSE na aPREndIzagEM (COMPORTaMEnTaIS/SOCIOCOgnITIvaS) ............ 56 unidAdE iii TEORIaS dOS TRaçOS E dOMÍnIO lIMITadO da PERSOnalIdadE ....................................................... 60 CAPítulo 1 TEORIaS COM ênfaSE na ESTRuTuRa da PERSOnalIdadE (aBORdagEM dOS TRaçOS) ........ 60 unidAdE iV TEMPERaMEnTO E CaRÁTER na PERSOnalIdadE ................................................................................ 70 CAPítulo 1 COMPREEndEndO O TEMPERaMEnTO .................................................................................. 70 CAPítulo 2 aSPECTOS gERaIS .................................................................................................................. 81 PArA (não) FinAlizAr ..................................................................................................................... 83 rEFErênCiAS .................................................................................................................................. 85 4 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 5 organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 6 Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 7 introdução Nesta disciplina iremos abordar as teorias da personalidade, levando em consideração as várias características que colaboram no processo de desenvolvimento de sua formação. De modo acessível e didático, iremos destacar e explorar algumas teorias da personalidade, tentando observar a evolução das teorias e a influência de cada uma delas no desenvolvimento da outra. Entendendo a importância da compreensão dos tipos de personalidade, dos questionamentos levantados acerca do comportamento, do temperamento, das semelhanças e diferenças existentes entre as pessoas, em seu modo de se comportar, (re)agir e de ser influenciado no decorrer da vida, é que foram surgindo estudos sobre a personalidade e gradativamente as teorias foram se interpondo e inter-relacionando entre si. Portanto, embora os estudos realizados até os dias de hoje não sejam deterministas eles tentam obter respostas acerca destas questões levantadas inicialmente sobre o homem, a partir de Sigmund Freud que formulou suas teorias no tratamento de pacientes no século XIX. Denominado psicanálise seu trabalho resultou em uma teoria para explicar as personalidades e embora tenha sofrido muitas críticas foi a base para que outras pesquisas surgissem, trazendo consigo diferenças e aperfeiçoando esse trabalho de pesquisa. Veremos, ainda, que a teoria e pesquisa da personalidade na contemporaneidade acreditam nos vários tipos de influências sobre a personalidade e buscam reconhecer os tipos de personalidade baseada em um segmento heterogêneo da população em que vários grupos de diferentes culturas, com variados estilos, padrões de vida e diversas outras variáveis irão conduzir o processo de formação da personalidade. Por fim, é necessário relembrar que esse caderno de estudo serve como um guia para orientar a sua pesquisa mais aprofundada sobre os temas levantados, uma vez que a bibliografia é vasta e será apresentada ao final do caderno. Aconselhamos ao aluno, quando possível, pesquisar diversas fontes e aprofundar suas leituras, a fim de aprimorar seu conhecimento, estabelecer conexões com as teorias apresentadas e escolher o seu próprio caminho. 8 objetivos » Auxiliar e facilitar a compreensão sobre o estudo da personalidade e do temperamento. » Analisar as diversas teorias da personalidade possibilitando novos conhecimentos. » Sugerir leituras e materiais concernentes ao tema a fim de ampliar o campo do saber com novos olhares e abordagens diversificadas. » Incentivar a troca de conhecimento e experiências por meio daplataforma de aprendizagem virtual. » Envolver o estudante de modo participativo na construção de sua aprendizagem a partir das leituras e reflexões propostas voltadas às experiências cotidianas. 9 unidAdE iSoBrE o tEMPo HiStÓriCo CAPítulo 1 História e desenvolvimento nas teorias da personalidade figura 1. fonte: <https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/236x/97/6b/ab/976bab36fa27372125b852a39eedfacb.jpg>. acesso em 30 Junho 2016. A psicologia surgiu como ciência no final do século XIX com Wilhelm Wundt, na Alemanha, a fim de estudar os processos mentais por experimentos, em laboratório, com a pretensão de verificar aqueles que poderiam ser afetados por estímulos externos e controlados pelo experimentador. Foi, portanto, no séc. XX com o psicólogo John B. Watson que houve uma ênfase nos aspectos palpáveis da natureza humana, ou seja, os experimentos agora deveriam focar-se no comportamento evidente, e não no comportamento consciente como propunha Wundt, uma vez que o consciente não justificava uma teoria que explica o comportamento, já que o que passa dentro de cada sujeito não pode ser visto ou medido, e igualmente não pode ser aceito como resposta. 10 UNIDADE I │ SOBRE O TEMPO HISTÓRICO A escola behaviorista (assim conhecida), então, tinha uma visão mecanicista que pretendia escalonar o homem num padrão de comportamento regulado e automático. Em relação aos aspectos da personalidade, o behaviorismo os reduzia a um sistema de hábitos acumulados de respostas aprendidas, estavam limitados nos comportamentos observáveis (SCHULTZ; SCHULTZ, 2002). Hall e Lindzey (2004) afirmam que a teoria da personalidade contemporânea fora influenciada a partir de observações clínicas iniciadas por Charcot, Janet e McDougall, e que contribuíram no entendimento da natureza da teoria da personalidade. Assim, William Stern, com a teoria da Gestalt e o seu interesse pela compreensão da unidade do comportamento, a Psicologia Experimental e a Teoria da Aprendizagem foram de grande impacto para o estudo da personalidade e apreciação de como os comportamentos se modificavam. Ainda, as autoras lembram que a tradição psicométrica não ficou de fora, uma vez que se preocuparam em medir e escalonar as diferenças individuais. Todas essas fontes de influência assim como o estudo da genética, o positivismo lógico e a antropologia social incidiram sobre os estudos da teoria da personalidade. O fato de não darmos uma conotação psicológica às preocupações renascentistas em relação aos novos conhecimentos e às questões referentes à individualidade e à diversidade de opiniões entre os homens, reproduzidas na filosofia cartesiana, se deve à natureza dessas inquietações que são vistas mais como aspectos generalizados do conhecimento do universo físico, «cogito, ergo sum» (penso, logo existo). Seguindo essa linha de tempo, também podemos citar o “nosce te ipsum” (conhece-te a ti mesmo) de Sócrates. Tanto Descartes como Sócrates aparecem com questões filosóficas, numa tentativa de responder a certas inquietações intelectuais e a busca do conhecimento de uma humanidade comum a todos os indivíduos, do que na busca do conhecimento da própria originalidade do ser, na pesquisa do conhecimento do eu. (LEITE, 1967) Foi no Romantismo do século XIX que a busca da origem do homem passa da universalidade para a individualidade, com a valorização das diferenças entre os homens. Ainda neste século foram dados os primeiros passos da psicologia geral e da teoria da personalidade com ajuda da teoria da evolução de Darwin e o avanço da fisiologia. No entanto, a teoria da personalidade iniciou a partir da dedução das experiências clínicas com Charcot, Freud, Janet, McDougall e Stern como seus representantes. Por outro lado, essa mesma teoria era vista por Helmholtz, Pavlov, Thorndike, Watson com uma visão experimental da psicologia, buscando a inspiração e os valores nas ciências naturais a partir da aplicação dos dados colhidos no laboratório. (HALL; LINDZEY, 2004; LEITE, 1967; ALLPORT, 1973). 11 SOBRE O TEMPO HISTÓRICO │ UNIDADE I É dado que a psicologia, que se desenvolveu no fim do século XIX, era fruto da filosofia e da fisiologia experimental, assim como a teoria da personalidade que se originou não da psicologia como se pensa, mas a partir de resultados da prática médica e conclusões clínicas admitidas por Freud, Jung e McDougall, médicos e psicoterapeutas. (ibdem) Allport (1966), em sua publicação, já afirmava que a personalidade é “menos um produto acabado que um processo transitivo. Ainda que tenha alguns aspectos estáveis, está ao mesmo tempo continuamente sofrendo mudanças” o que nos parece uma concepção bastante atual hoje, em 2016, quando se trata não apenas do estudo da personalidade mas também do próprio conceito e processo de desenvolvimento da personalidade. Também disse Murray, em sua autobiografia datada de 1959, segundo Geiwitz (1973, p. 51) “uma teoria completa de personalidade está muitos anos além de nós e será precedida por muitos anos de pensamento e pesquisa”. Isso poderemos deduzir mais adiante com as teorias da personalidade, quando encontraremos a visão de cada autor de distintas áreas da psicologia sobre o entendimento do processo de construção da personalidade, assim, com nossas próprias conclusões, serão construídas inferências pessoais ao longo desse estudo que corroborarão com as ideias de que as alterações dentro de uma perspectiva pessoal da personalidade interpõem-se, em certo sentido, a uma teoria já apresentada da personalidade. É muito interessante também o que aportam alguns teóricos estudiosos das teorias da personalidade a respeito da estruturação do pensamento e formulação da teoria de um teórico da personalidade. Com isso, queremos dizer que alguns autores refletem a crença de que as teorias da personalidade foram se construindo a partir de uma forte referência biográfica dos teóricos da época. O que explica os diversos contrapontos encontrados entre as teorias. Do lado da psicologia quantitativa encontramos os teóricos behavioristas, os que abordam a aprendizagem social e os que falam sobre traços; do outro lado a psicologia qualitativa que versa uma posição clínica do pensamento em que encontramos os psicanalistas, humanistas e existencialistas. Deste modo, concluímos que a teoria da personalidade não está totalmente livre de determinantes pessoais que a constroem. Aqui, para não entrar no modelo de aceitação das teorias a partir de valores e predileções pessoais, iremos avaliar cada teoria de modo a apresentar objetivamente a sua visão. (FEIST; COL, 2015; HALL; LINDZEY, 2004; SCHULTZ; SCHULTZ, 2002; ALLPORT, 1966). A pessoa como ser individual Allport, em algum momento, disse que a característica mais notável de uma pessoa era a singularidade, tal qual as impressões digitais, a pessoa é única e nunca existirá alguém 12 UNIDADE I │ SOBRE O TEMPO HISTÓRICO como ela, que pense como ela, sinta como ela, viva como ela. A individualidade, pois, seria a marca genuína da natureza humana. O que nos distingue em traços mentais que são manifestados seguindo um padrão que estamos chamando de personalidade. “Persona est substantia individua rationalis naturae – uma pessoa é uma substância individual de natureza racional” (BOÉCIO, séc. VI, apud ALLPORT, 1973, p. 46). Ao aceitarmos que todos os teóricos, que vieram por 20 anos discutindo acerca dos fenômenos da personalidade, compreendem que a personalidade apresenta um enfoque interativo, temos a certeza que a mesma não é rígida e pode apresentar traços diferenciados de acordo com o tipo de interação existente. Allport (1973) comentou que é inevitável que os teóricos não vejam como ponto em comum às teorias da personalidade a singularidade da hereditariedade e do ambiente de cada pessoa; mas veremos que nem todos os teóricos acreditam nessa premissa. Conceito de personalidade A origem etimológica da palavra PERSONALIDADE, segundo Allport (1973), grandeprecursor e estudioso da personalidade, nos ensina que o termo advindo do inglês é personality; do alemão persönlichkeit; do francês personnalité e do latim medieval, personalitas; e no latim clássico persona veio com um significado comum aos pensadores da época. A palavra que tem sua origem no latim define o nome dado às máscaras utilizadas no teatro romano para interpretação de personagens. Outra palavra levantada por autores é personare que significa ressoar por meio de algo. Sendo assim, Dalgalarrondo (2008) define personalidade utilizando da etimologia da palavra e destaca a seguinte compreensão para personalidade: “o autor/ator faz ressoar a sua voz, a sua versão da história, por meio das diversas máscaras, das diversas personagens que cria”. Por ser um tema complexo, os teóricos não chegaram a um consenso da definição da palavra, mas para Pervin e John (2008, p. 4) a definição científica da palavra personalidade se refere a “um conjunto de pressupostos relacionados que permite que os cientistas usem o raciocínio lógico dedutivo para formular hipóteses verificáveis”. Veremos, ainda, que alguns autores denotarão as características ou traços individuais que não são totalmente estáveis, mas encontram certo grau de estabilidade em uma pessoa, e que refletem no comportamento desta pessoa como personalidade. (DALGALARRONDO, 2008). Um ponto interessante sobre os teóricos da personalidade está no fato de que eles não entenderem a personalidade como um fator determinante, e, por isso, pensam o estudo da personalidade como uma tentativa de promover o estudo da pessoa em sua totalidade, 13 SOBRE O TEMPO HISTÓRICO │ UNIDADE I não segmentada. Gordon Allport (1937 apud HALL et al, 2008, p. 32) compilou quase cinquenta definições de personalidade e as separou em categorias divididas em definição biossocial e biofísica. “Na definição biossocial a personalidade é entendida em termos de importância social: é a reação produzida nos outros que define a personalidade de um indivíduo. No entanto, Allport prefere a definição biofísica, a qual fundamenta a personalidade em características ou qualidades do próprio indivíduo: a personalidade apresenta um aspecto constitucional e outro aparente e pode estar ligada a qualidades específicas do indivíduo. Estas qualidades são passíveis de descrição e mensuração objetivas” (RIES; RODRIGUES; Org., 2004). A concepção popular de personalidade refere-se a um determinado feixe de traços que sejam socialmente atraentes e eficientes. Os propagandistas que pretendem ajudar no “desenvolvimento da personalidade” procuram fortalecer esse conjunto, através de instrução para falar em público, para postura, dançar, conversar; mesmo seus anúncios de cosméticos pretendem esse objetivo. Diz-se que certo batom (sic) ou roupa da moda “dá personalidade”. Neste caso, a personalidade não chegar a atingir a pele. (ALLPORT, 1973, p. 44). Com esta afirmativa, o autor nos revela que devemos estar atentos para não aceitar o conceito de personalidade superficial, é popular porque implica dizer que uma pessoa tem «mais» ou “menos» personalidade que outra. Para ele, no sentido psicológico, todas as pessoas são importantes no estudo da personalidade. 14 CAPítulo 2 A teoria no estudo da personalidade A teoria por ela mesma Todorov (2007) aborda um aspecto importante sobre a teorização, no que diz respeito à psicologia, nos faz refletir quando se refere às definições. Para ele, definições de Psicologia têm variado no tempo e de acordo com as características de seus autores. Problemas surgidos no âmbito da Filosofia ou da ciência refletem-se em várias dessas definições. Por exemplo, é muito conhecida a definição de Psicologia como o estudo da mente. Entre outros problemas, essa definição coloca a questão de saber-se o que é a mente para que a definição seja inteligível. Alguns preferem referir-se a uma vida mental, um conceito aparentemente menos estático que mente. A Psicologia seria a ciência da vida mental, o que quer que venha a ser vida mental. Outros, mais preocupados com o significado e as implicações dos termos incluídos em uma definição, afirmam ser a Psicologia o estudo do comportamento. Essa definição, como as anteriores, antes de explicar algo, levanta a necessidade de outra definição; neste caso, a definição de comportamento. Portanto, comecemos pelo questionamento sobre o que é teoria. Compreendemos que é impossível definir personalidade sem a escolha de uma linha teórica de referência na qual a personalidade será pesquisada. Uma teoria existe em oposição ao fato, uma especulação sobre a realidade que ainda não fora conhecida. A partir do momento em que essa teoria é confirmada ela passa a se tornar um fato. A construção de uma teoria ocupa o lugar de visibilidade no esquema das ciências exatas, no entanto, torna-se um fenômeno cotidiano quando vista fora de suas propriedades formais e lógicas (HALL; LINDZEY, 2004; BURTON, 1978). A teoria possibilita a coleta ou observação de relações empíricas relevantes e ainda não observadas. A teoria deveria permitir a expansão sistemática do conhecimento sobre os fenômenos de interesse, e essa expansão deveria ser estimulada por proposições empíricas específicas derivadas da teoria (afirmações, hipóteses, predições) e que são sujeitas à prova. (HALL; LINDZEY, 2004, p. 9). A teoria não é utilizada apenas por cientistas e nem todas elas são propostas de maneira formal precisando de vários postulados e inferências. A teoria pessoal implícita é vista em nosso cotidiano a partir das interações que realizamos diariamente, as suposições feitas sobre a personalidade daqueles do nosso meio e especulação sobre a natureza 15 SOBRE O TEMPO HISTÓRICO │ UNIDADE I humana de um modo geral, por exemplo, pode nos fazer acreditar que todas as pessoas são boas, ou todas as pessoas só se importam consigo mesmas. Dadas as suposições, podemos intuir que elas são teorias uma vez que são estruturadas dentro das quais colocamos os dados das nossas observações dos outros. Se nos baseamos nos dados que coletamos de nossas percepções sobre o comportamento daqueles que nos cercam, então nossas teorias derivam das nossas observações. Deste modo, as teorias pessoais são semelhantes às formais. Ainda podemos averiguar que as teorias formais têm mais probabilidade de serem objetivas, uma vez que as observações de cientistas não são idealmente influenciadas pelas suas necessidades, temores, desejos e valores; diferentemente das teorias informais que são baseadas tanto na observação de nós mesmos quanto na dos outros. Na teoria informal há uma tendência a interpretar as atitudes de outras pessoas em termos das nossas ideias e sentimentos, avaliamos as reações ou uma situação com base no que faríamos ou em como nos sentiríamos, de tal modo, as teorias informais parecem mais pessoais e subjetivas no que diferem dos cientistas que observam de forma mais objetiva e imparcial. A teoria é um conjunto de normas delimitadas que permite ao pesquisador trabalhar sem se preocupar com todos os aspectos do fenômeno que estuda. Ela permite que o observador continue a fazer abstração a partir da complexidade natural de maneira sistemática e eficiente (SCHULTZ; SCHULTZ, 2002; HALL; LINDZEY, 2004). Subjetividade nas teorias da personalidade Podemos inferir que a teoria da personalidade consiste em um conjunto de postulados sobre o comportamento humano, juntamente com regras para estabelecer relações entre os postulados e definições que permitam sua interação com dados empíricos observáveis. As teorias da personalidade são o conjunto de teorias gerais do comportamento e se distinguem das teorias psicológicas. As teorias da personalidade procuram analisar fatos mais variados, na medida em que tem um significado funcional para o indivíduo. A teoria motivacional do comportamento e as teorias da aprendizagem não são em si teorias da personalidade, no entanto, passam a ser parte dateoria da personalidade por serem uma teoria geral do comportamento. Schultz e Schultz (2002) explicam que um aspecto importante de toda a teoria da personalidade é a imagem da natureza ou o meio formulado pelo teórico. Cada teórico tem uma concepção da natureza humana que aborda uma série de perguntas fundamentais, as quais se concentram no âmago do que significa ser humano. As várias imagens da natureza humana oferecidas pelos teóricos nos permitem fazer comparações significativas de suas visões. Essas concepções não são diferentes das teorias pessoais, uma vez que são estruturas nas quais os teóricos percebem a si próprios e a outras 16 UNIDADE I │ SOBRE O TEMPO HISTÓRICO pessoas, e dentro das quais eles constroem suas teorias. No entanto, o que se segue é que as teorias da personalidade têm de ser verificáveis, esclarecerem e explicarem os dados da personalidade e serem úteis para entender e prever comportamentos. Os autores ainda relatam que os teóricos da personalidade divergem quanto às questões básicas sobre a natureza humana, como vimos anteriormente: livre arbítrio versus determinismo, natureza versus criação, a importância do passado versus o presente, peculiaridade versus universalidade, equilíbrio versus crescimento e otimismo versus pessimismo (Ibidem). Outro aspecto importante considerado por Hall e Lindzey (2004, p. 17) é que: Nenhum teórico da personalidade nega a importância da aprendizagem, alguns preferem preocupar-se mais com as aquisições, os resultados da aprendizagem, do que com o próprio processo. Isso se torna um ponto de divergência entre os que se opõem a estudar primariamente o processo de mudança e os que se mostram interessados nas estruturas estáveis ou aquisições da personalidade em determinado momento. Dentro da psicologia, a personalidade é um tema muito importante, talvez porque haja uma tendência entre os psicólogos em encontrar dentro das teorias da personalidade um foco, um método, uma tendência de abordar os aspectos da personalidade de modo apropriado e sistemático. No entanto, são os psicólogos da personalidade que, na tentativa de compreender os aspectos do funcionamento de um indivíduo, suas diferenças, suas percepções e o funcionamento total de cada pessoa, buscam concentrar-se nos aspectos psicológicos sem deixar de lado as outras relações que ocorrem dentro desses processos. A integração da forma do funcionamento do ser humano envolve mais do que compreender cada indivíduo separadamente mas também observá-lo como um todo, saindo do círculo de relevância dos processos mentais e abrangendo os fatores fisiológicos, sociais, econômicos, ambientais, genéticos e hereditários, além dos aspectos intrínsecos e extrínsecos aos seres humanos; o que faz do estudo da personalidade um complexo campo de estudo. A complexidade do tema, os aspectos multifacetados e a falta de normatização que induz ao erro e a simplicidade não devem inibir o teórico de estudar os aspectos da personalidade, no entanto, há o alerta para que não ocorra o determinismo que as teorias não propõem. Para Pervin e John (2008, p. 23), “a personalidade representa aquelas características da pessoa que explicam padrões consistentes de sentimentos, pensamentos e comportamentos”. Uma vez que os padrões são consistentes, eles não são imutáveis, eles consistem num modelo, mas variam dentro desse modelo. 17 SOBRE O TEMPO HISTÓRICO │ UNIDADE I Vimos que nas teorias da personalidade existem um componente subjetivo que reflete os eventos da vida dos teóricos, e que por mais cientistas que sejam, por mais que tentem ser objetivos e imparciais, acabam revelando pontos pessoais que normalmente influenciam a sua percepção e a formulação teórica. Isso não significa dizer que toda teoria da personalidade seja pessoal, uma vez que existem teorias que são testadas em relação à realidade do teórico, em relação ao que propõe. A teoria formal tenta ser objetiva ao fazer suas observações e analisar os dados que podem corroborar ou refutar a sua teoria. No entanto, todas as teorias da personalidade têm como objetivo buscar características psíquicas do homem e interpretá-las, trazendo-as para o mundo objetivo como forma de conhecimento da pessoa. Portanto, certa importância nas teorias da personalidade é a forma como o teórico enxerga a natureza humana, uma vez que esses pontos de vista divergem entre eles e são trabalhados em cima do que eles entendem por ser humano. Schultz e Schultz (2002) nos apresenta tipos de natureza humana que são trazidos pelos teóricos na construção de suas teorias e que explicam o modo como eles enxergam o homem, são eles: livre-arbítrio ou determinismo; natureza ou criação; passado ou presente; singularidade ou universalidade; equilíbrio ou crescimento; otimismo ou pessimismo. Que não trataremos aqui, mas veremos continuamente nas propostas dos teóricos de cada orientação psicológica. A Psicologia dos Psicólogos (...) somos obrigados a renunciar à pretensão de determinar para as múltiplas investigações psicológicas um objeto (um campo de fatos) unitário e coerente. Consequentemente, e por sólidas razões, não somente históricas mas doutrinárias, torna-se impossível à Psicologia assegurar-se uma unidade metodológica. (...) Por isso, talvez fosse preferível falarmos, ao invés de “psicologia”, em “ciências psicológicas”. Porque os adjetivos que acompanham o termo “psicologia” podem especificar, ao mesmo tempo, tanto um domínio de pesquisa (psicologia diferencial), um estilo metodológico (psicologia clínica), um campo de práticas sociais (orientação, reeducação, terapia de distúrbios comportamentais etc.) quanto determinada escola de pensamento que chega a definir, para seu próprio uso, tanto sua problemática quanto seus conceitos e instrumentos de pesquisa. (...) não devemos estranhar que a unidade da Psicologia, hoje, nada mais seja que uma expressão cômoda, a expressão de um pacifismo ao mesmo tempo prático e enganador. De onde não há nenhum inconveniente em falarmos de “psicologias” no plural. Numa época de mutação 18 UNIDADE I │ SOBRE O TEMPO HISTÓRICO acelerada como a nossa, a Psicologia se situa no imenso domínio das ciências “exatas”, biológicas, naturais e humanas. Há diversidade de domínio e diversidade de métodos. Uma coisa, porém, precisa ficar clara: os problemas psicológicos não são feitos para os métodos; os métodos é que são feitos para os problemas. (...) Interessa-nos indicar uma razão central pela qual a Psicologia se reparte em tantas tendências ou escolas: a tendência organicista, a tendência fisicalista, a tendência psico-sociológica, a tendência psicanalítica etc. Qual o obstáculo supremo impedindo que todas essas tendências continuem a constituir “escolas” cada vez mais fechadas, a ponto de desagregarem a outrora chamada “ciência psicológica”? A meu ver, esse obstáculo é devido ao fato de nenhum cientista, consequentemente, nenhum psicólogo, considerar-se um cientista “puro”. Como qualquer cientista, todo psicólogo está comprometido com uma posição filosófica ou ideológica. Este fato tem uma importância fundamental nos problemas estudados pela Psicologia. Esta não é a mesma em todos os países. Depende dos meios culturais. Suas variações dependem da diversidade das escolas e das ideologias. Os problemas psicológicos se diversificam segundo as correntes ideológicas ou filosóficas venham reforçar esta ou aquela orientação na pesquisa, consigam ocultar ou impedir este ou aquele aspecto dos domínios a serem explorados ou consigam esterilizar esta ou aquela pesquisa, opondo-se implícita ou explicitamente a seu desenvolvimento. (...) Japiassu, Hilton, 1983, pp. 24-26, apud Bock e Col, 2001, pp. 34-35. 19 CAPítulo 3 Avaliação e pesquisa no estudo da personalidade Avaliação no estudo da personalidade Avaliação da personalidade é um procedimento bastante utilizado não apenas na clínica psicológica como também em escolas,empresas, orientações profissionais, juizados, pesquisadores e atualmente até os coaches recomendam algum teste de avaliação psicológica da personalidade para um melhor autoconhecimento do seu coachee. Existe uma gama de testes que avaliam a personalidade e que são reconhecidos por sua padronização, confiabilidade e validade, características fundamentais para que um teste esteja dentro do rol de testes aceitos pelo órgão responsável pela profissão. Caberia ainda dizer que as avaliações psicológicas realizadas sejam a partir de testes, entrevistas, análises, etc., que são sugeridos como complemento para o psicodiagnóstico, devem ser aplicados apenas por profissionais capacitados da psicologia. “Entendemos que não basta esclarecer a sociedade sobre a importância da avaliação psicológica. Temos que trabalhar para que o seu uso seja mais consequente e venha oferecer visibilidade ao sujeito, e não apenas à sua patologia. Nesse sentido, a avaliação será reconhecida como necessária se responder às necessidades daquele que a ela se submete”. (CFP, 2007 p. 6). Quando falamos em padronização de uma avaliação estamos apontando para a consistência ou uniformidade das condições em que o teste está sendo aplicado, assim como a uniformidade do procedimento. As técnicas avaliativas diferem em níveis de objetividade ou subjetividade, sendo que quando subjetivas somos sujeitos à parcialidade e os resultados das técnicas podem vir distorcidos a partir das características da personalidade do sujeito avaliado. Ainda, em se tratando de confiabilidade, é quando dizemos que há consistência das respostas, a partir de um método de avaliação psicológica utilizado nos testes. Portanto, um teste é considerado confiável uma vez que os seus resultados sejam consistentes, ou seja, não deve haver grande variação na pontuação de um teste feito. Já para validade, dizemos que o método de avaliação corresponde ao que é proposto, por exemplo, se o teste propõe medir, ele então deve apresentar resultados correspondentes à medição. (SCHULTZ; SCHULTZ, 2002). 20 UNIDADE I │ SOBRE O TEMPO HISTÓRICO Métodos de avaliação Alguns métodos de avaliação podem ser descritos aqui como resultado da interação da teoria e da singularidade do teórico que propõe a avaliação. Os teóricos desenvolveram métodos peculiares para avaliar as personalidades distintas conforme adequação de sua própria teoria, de modo que aplicando esse método o teórico pudesse obter as respostas, baseando-se em suas formulações. As técnicas variam entre objetividade, confiabilidade e validade e vão da interpretação dos sonhos e lembranças da infância aos testes feitos no papel. Citaremos alguns enfoques de avaliação da personalidade que são os inventários objetivos ou autorrelatos; técnicas projetivas; entrevistas clínicas; procedimentos de avaliação comportamental; procedimentos de avaliação de amostragem de ideias. Pesquisa no estudo da personalidade Uma teoria necessária é quando ela incentiva a pesquisa. Segundo Schultz e Schultz (2002), os psicólogos estudam uma personalidade de diversas maneiras; o método utilizado vai depender do aspecto da personalidade que ele pretende investigar. Alguns psicólogos estão interessados apenas no comportamento em situações específicas ou como resposta a determinado estímulo; já outros se preocupam com sentimentos e experiências conscientes que geralmente são medidos a partir de testes e questionários; há ainda psicólogos que se preocupam em compreender as forças inconscientes que motivam as pessoas. Desta forma, o método utilizado para examinar um aspecto da personalidade pode não ser útil para outro aspecto. Enfoque de Pesquisa Idiográfica - tem um objetivo geralmente terapêutico em virtude do psicólogo que aplica querer alcançar um conhecimento maior sobre a pessoa em tratamento, ou ainda quando o pesquisador quer obter uma compreensão geral da personalidade humana. Enfoque de Pesquisa Nomotética - está relacionado à comparação e análise das diferenças estatísticas entre amostras estudadas. O objetivo desse tipo de pesquisa é obter dados que possam ser generalizados para uma quantidade maior de pessoas. Existem três métodos utilizados para pesquisas da personalidade, que embora diferentes baseiam-se na observação objetiva, a qual é uma característica da pesquisa científica em qualquer disciplina. Método Clínico - baseia-se na história do caso, ou estudo de caso, no qual o psicólogo procura dados relevantes da história de vida passada e presente de seus pacientes que 21 SOBRE O TEMPO HISTÓRICO │ UNIDADE I indiquem a raiz de seus problemas emocionais. Para o profissional, trabalhar com estudo de caso é se aprofundar na história de vida do paciente desde os primeiros anos, a fim de alcançar os sentimentos, temores e vivências descritos por eles. Um dos estudiosos que utilizou em grande escala o estudo de casos foi Sigmund Freud, de modo a construir a teoria da psicanálise. Por meio de uma série de estudo de casos, Freud elaborou sua teoria da personalidade. Para investigar a personalidade os psicólogos utilizam de métodos clínicos. Além do estudo de casos, os métodos conhecidos são os testes, entrevistas e análise dos sonhos que podem ser utilizados para avaliação. Embora o método clínico seja bastante conhecido e utilizado por vários profissionais, e pretenda ser considerado um método científico, ele visivelmente não oferece a precisão e o controle necessários, dando margem a uma interpretação que pode refletir tanto na predisposição pessoal do profissional avaliador quanto envolver lembranças distorcidas da infância do avaliado. No entanto, o método clínico abre portas para que adentremos nas profundezas das características da personalidade de uma pessoa. Método Experimental - esse método preenche os requisitos de observações bem controladas e sistemáticas assim como a duplicação e a verificação dos dados. É possível ao aplicador replicar as condições, ou melhor, duplicar as condições de avaliação, obtendo o controle cuidadoso das condições experimentais levados em consideração, no entanto a exatidão detalhada dos acontecimentos da vida de uma pessoa não existe. Ainda no método experimental, é possível se trabalhar com apenas uma variável, manipulando outra variável com um experimento. Um experimento é uma técnica para determinar o efeito de uma ou mais variáveis ou eventos sobre o comportamento. Método Correlacional - se trata do estudo de relações existentes e não manipuladas como no método experimental. Aqui, a relação irá existir entre as variáveis. (ex.: Se um comportamento em uma variável difere ou muda em função de outra variável). Apontamentos sobre avaliações da personalidade A avaliação psicológica não tem apenas um objetivo, ela pode ser usada para verificação de hipóteses seja na área educacional, prisional, da saúde, servir como prognóstico, encaminhamento, diagnóstico e intervenção. O objetivo do processo avaliativo é decidir a técnica que será utilizada no processo de avaliação psicológica, neste caso iremos falar um pouco dos instrumentos de avaliação da personalidade, que deve ser sempre aplicado por um profissional psicólogo, devendo este ter o cuidado de averiguar se o teste está válido. Para isso, o Conselho Federal de Psicologia disponibiliza uma página na internet <http://satepsi.cfp.org.br/> que 22 UNIDADE I │ SOBRE O TEMPO HISTÓRICO atualiza o profissional dos testes psicológicos no mercado e que estão com os seus procedimentos corretos. Alguns dos testes psicológicos que estão validados e são utilizados para o estudo da personalidade são: quadro 1. Bateria Fatorial de Personalidade Bateria Fatorial de Personalidade (BFP) 2010 Maiana Farias Oliveira Nunes.; Claudio Simon Hutz; Carlos Henrique Sancineto da Silva Nunes; Casa do Psicólogo 21/10/2008 1/8/2009 Favorável EPQ-J Questionário de Personalidade para Crianças e Adolescentes (EPQ-J) 2012 Carmen E.Flores- Mendonza e Colaboradores; Vetor Editora 25/7/2012 21/9/2013 Favorável HTP Casa ? Árvore ? Pessoa (HTP) Manual e Guia de Interpretação 2003 Renato Cury Tardivo; Vetor 2/7/2003 16/1/2004 Favorável ICFP-R INVENTÁRIO REDUZIDO DOS CINCO FATORES DE PERSONALIDADE Tatiana Severina de Vasconcelos; Luiz Pasquali; LabPam ? Universidade de Brasília 22/5/2003 17/4/2004 Favorável IFP Inventário Fatorial de Personalidade - IFP-R 1999 Maria Mazzarello Azevedo; Ivânia Ghesti; Luiz Pasquali; LabPam ? Universidade de Brasília 22/5/2003 27/9/2003 Favorável IFP- II Inventário Fatorial de Personalidade 2012 Irene F. Almeida de Sá Leme; Ivan Sant?ana Rabelo; Gisele Aparecida da Silva Alves; Casa do Psicólogo 6/11/2012 24/5/2013 Favorável 23 SOBRE O TEMPO HISTÓRICO │ UNIDADE I IFP-R Inventário Fatorial de Personalidade Revisado - Forma Reduzida - IFP-R 2013 Bartholomeu Tôrres Tróccoli; Luiz Pasquali; LabPAM Saber e Tecnologia 24/10/2013 22/3/2014 Favorável Inventário Hogan de Personalidade (HPI) Inventário Hogan de Personalidade (HPI) 2009 Gleiber Couto; André Holer; Ainda não publicado 23/9/2014 27/6/2015 Favorável MBTI - Myers- Briggs Type Indicator MBTI - Myers- Briggs Type Indicator - Inventário de Tipos Psicológicos 2010 Gleiber Couto; Fellipelli Instrumentos de Diagnóstico e Desenvolvimento Organizacional 26/3/2010 31/1/2013 Favorável RORSCHACH Rorschach Clínico 2007 Lucia Maria Sálvia Coelho; Terceira Margem Editora Didática Ltda 2/9/2003 5/12/2003 13/3/2004 Favorável O Rorschach: Teoria e Desempenho (Sistema Klopfer) 2004 Cicero E. Vaz; 10/1/2005 12/5/2006 Favorável Rorschach ? Sistema Compreensivo 2003 Regina Sonia Gattaz Fernanades do Nascimento; Antonio Carlos Pacheco e Silva Neto; Anna Elisa de Villemor Amaral; Casa do Psicólogo 5/6/2002 5/7/2003 25/10/2003 Favorável Rorschach - Sistema da Escola Francesa ( 1. O Psicodiagnóstico de Rorschach em Adultos: Atlas, Normas e Reflexões. 2. A Prática do Rorschach) 2000 Sônia Regina Pasian; Casa do Psicólogo e Vetor 2/7/2003 22/1/2005 Favorável 24 UNIDADE I │ SOBRE O TEMPO HISTÓRICO SAT Técnica de Apercepção para Idosos - SAT 2012 Adele de Miguel; Leila Salomão de La Plata Cury Tardivo; Maria Cecília de Vilhena Morais Silva; Silésia Maria Veneroso Delphino Tosi; Vetor Editora 30/10/2012 24/5/2013 Favorável TAT Teste de Apercepção Temática - T.A.T. 1995 José de Souza e Mello Werneck; Casa do Psicólogo 5/6/2002 25/10/2003 Favorável fonte: <http://satepsi.cfp.org.br/listaTeste.cfm>. acesso em 10 out 2016. forneço parte da Cartilha sobre avaliação psicológica para que possamos compreender melhor os aspectos formais que a regem, conforme Conselho federal de Psicologia. Caso queiram mais informações, consultem nossa biblioteca ou acessem o endereço eletrônico ao final do texto. Sobre avaliação psicológica Qual a diferença entre avaliação psicológica e testagem psicológica? A avaliação psicológica é um processo amplo que envolve a integração de informações provenientes de 9 diversas fontes, dentre elas, testes, entrevistas, observações, análise de documentos. A testagem psicológica, portanto, pode ser considerada uma etapa da avaliação psicológica, que implica a utilização de teste(s) psicológico(s) de diferentes tipos. Quais os problemas frequentemente (sic) identificados pelas Comissões de Orientação e fiscalização (COfs) e as possibilidades de solução? Os problemas mais frequentes são os referentes à inadequação do uso dos testes psicológicos, especialmente nas situações apontadas a seguir: » Sobre as condições do aplicador: deve estar preparado tecnicamente para a utilização dos instrumentos de avaliação escolhidos, estando treinado para todas as etapas do processo de testagem, para poder oferecer respostas precisas às eventuais questões levantadas pelos 25 SOBRE O TEMPO HISTÓRICO │ UNIDADE I candidatos, transmitindo-lhes, assim, segurança; deve planejar a aplicação do instrumento, levando em consideração o tempo necessário bem como o horário mais adequado, e deve treinar previamente a leitura das instruções para poder se expressar de forma espontânea durante as instruções (Título IV do Anexo da Resolução CfP no 012/2000); » Sobre a permissão de uso de um determinado teste: é sempre importante que seja consultado o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI). Esse sistema é constantemente atualizado, contém a relação de todos os testes psicológicos submetidos à apreciação do CfP e fornece informações sobre sua condição de uso (parecer favorável ou desfavorável; » Sobre as condições de aplicação: devem ser seguidas as especificações contidas nos manuais de cada teste utilizado, que só pode ser aplicado por psicólogos (se for um estudante de Psicologia, a aplicação deverá ser supervisionada por psicólogo); » Sobre as características do material: deve estar de acordo com a descrição apresentada no manual e em condições adequadas de conservação e utilização. É importante que os testes estejam arquivados em local apropriado, ao qual não possam ter acesso outras pessoas; » Sobre os protocolos respondidos: é necessário que sejam mantidos arquivados, bem como conservados sob sigilo. Quais os principais cuidados a serem seguidos na elaboração de um relatório/laudo psicológico? Sempre levando em consideração sua finalidade, o laudo deverá conter a descrição dos procedimentos e conclusões resultantes do processo de avaliação psicológica. O documento deve dar direções sobre o encaminhamento, intervenções ou acompanhamento psicológico. As informações fornecidas devem estar de acordo com a demanda, solicitação ou petição, evitando-se a apresentação de dados desnecessários aos objetivos da avaliação. Mais detalhes sobre a elaboração desse documento podem ser obtidos mediante a consulta da Resolução CfP no 7/2003. Que competências um psicólogo necessita para realizar avaliação psicológica? Em princípio, basta que o profissional seja psicólogo para que ele possa realizar avaliação Psicológica. Entretanto, algumas competências 26 UNIDADE I │ SOBRE O TEMPO HISTÓRICO específicas são importantes para que esse trabalho seja bem fundamentado e realizado com qualidade e de maneira apropriada: » Ter amplos conhecimentos dos fundamentos básicos da Psicologia, dentre os quais podemos destacar: desenvolvimento, inteligência, memória, atenção, emoção, etc., construtos esses avaliados por diferentes testes e em diferentes perspectivas teóricas. » Ter domínio do campo da psicopatologia, para poder identificar problemas graves de saúde mental ao realizar diagnósticos. Possuir um referencial solidamente embasado nas teorias psicológicas (psicanálise, Psicologia analítica, fenomenologia, Psicologia sócio- histórica, cognitiva, comportamental, etc.), de modo que a análise e interpretação dos instrumentos seja coerente com tais referenciais. » Ter conhecimentos da área de psicometria, para poder julgar as questões de validade, precisão e normas dos testes, e ser capaz de escolher e trabalhar de acordo com os propósitos e contextos de cada um. » Ter domínio dos procedimentos para aplicação, levantamento e interpretação do(s) instrumento(s) utilizados para a avaliação psicológica. Quais os principais cuidados que o psicólogo dever ter na escolha de um teste psicológico? Na escolha de um teste como instrumento de avaliação psicológica, é fundamental que o psicólogo consulte o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI), disponível no site do Conselho federal de Psicologia <www.pol.org.br>, com o intuito de verificar se ele foi aprovado para uso em avaliação psicológica. Em caso afirmativo, ele deverá, então, consultar o manual do referido teste, de modo a obter informações adicionais acerca do construto psicológico que elepretende medir bem como sobre os contextos e propósitos para os quais sua utilização se mostra apropriada. Quais os principais cuidados que o psicólogo deve ter para utilizar um teste psicológico? » Verificar se as pessoas estão em condições físicas e psíquicas para realizar o teste. » Verificar se não existem dificuldades específicas da pessoa para realizar o teste, sejam elas físicas ou psíquicas. Utilizar o teste dentro dos padrões referidos por seu manual. 27 SOBRE O TEMPO HISTÓRICO │ UNIDADE I » Cuidar da adequação do ambiente, do espaço físico, do vestuário dos aplicadores e de outros estímulos que possam interferir na aplicação. Quais são os princípios éticos básicos que regem o uso da avaliação psicológica? É necessário que o psicólogo se mantenha atento aos seguintes princípios: » Contínuo aprimoramento profissional visando ao domínio dos instrumentos de avaliação psicológica. » Utilização, no contexto profissional, apenas dos testes psicológicos com parecer favorável do CfP que se encontram listados no SATEPSI. » Emprego de instrumentos de avaliação psicológica para os quais o profissional esteja qualificado. Realização da avaliação psicológica em condições ambientais adequadas, de modo a assegurar a qualidade e o sigilo das informações obtidas. » Guarda dos documentos de avaliação psicológica em arquivos seguros e de acesso controlado. » Disponibilização das informações da avaliação psicológica apenas àqueles com o direito de conhecê-las. » Proteção da integridade dos testes, não os comercializando, publicando ou ensinando àqueles que não são psicólogos. fonte: <http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2013/05/Cartilha-Avalia%C3%A7%C3%A3o- Psicol%C3%B3gica.pdf> Acesso em 13 de Julho 2016. 28 unidAdE iitEoriAS dA PErSonAlidAdE figura 2. fonte: <http://www.academiapolitica.com.br/2016/04/22/personalidade-dos-politicos/>acesso em: 14 de julho 2016. CAPítulo 1 teorias psicodinâmicas Falar de personalidade envolve um conceito dinâmico que abrange todo um sistema integrado de crescimento e desenvolvimento do que podemos chamar de estrutura psicológica. Para Dalgalarrondo (2008), a personalidade é um conjunto integrado, dinâmico em relação às possiblidades de mudanças existenciais ou alterações neurobiológicas como também estável quando a percebemos como um sistema formado ao longo da vida do indivíduo. Sua plasticidade é vista uma vez que se encontra em constante desenvolvimento, no entanto, sua estabilidade permanece em termos da formação dos conteúdos (vindos do mundo externo associados com a tradução individual dos estímulos exteriores) que a compõem. Ainda segundo o autor, a personalidade é um conjunto integrado de traços psíquicos, que moldam as caraterísticas individuais na relação do indivíduo com o meio, porém, ainda, fazendo parte desse contexto de formação dos traços psíquicos estão os fatores biológicos, físicos, psíquicos, socioculturais, tendências inatas e adquiridas das experiências de vida. 29 TEORIAS DA PERSONALIDADE │ UNIDADE II O desenvolvimento da personalidade, conforme Freud, dá ênfase aos aspectos evolutivos e destaca a importância dos primeiros anos de vida na estruturação do caráter do sujeito. Freud baseou sua teoria nos tratamentos psicanalíticos com seus pacientes e percebeu que a vivência da primeira infância no processo psicanalítico era recorrente. Segundo o autor, a personalidade se estrutura em torno do crescimento fisiológico, frustrações, conflitos e perigos. Significa dizer que a constante tensão produzida leva uma pessoa a desenvolver respostas próprias que a conduzem à redução da tensão, e assim, nesse processo, a personalidade vai se desenvolvendo. (HALL; LINDZEY, 1984). teoria psicanalítica Sigmund Freud A teoria psicanalítica de Freud, marcada no final do século XIX, surgiu em oposição à psicologia tradicional da consciência, a qual valorizava os processos mentais ativos tais como os sentidos, o pensamento e a imaginação. Para Freud, a premissa da psicanálise é que o psiquismo se divide em consciente e inconsciente, uma vez que “a psicanálise não pode situar a essência do psiquismo na consciência, mas é obrigada a encarar esta como uma qualidade do psiquismo, que pode achar-se presente em acréscimo a outras qualidades, ou estar ausente”. (FREUD [1923-1925], 1996, p. 25). É aqui onde vamos encontrar os níveis da personalidade, em que Freud comparava a mente humana a um iceberg, no qual a ponta seria o consciente; o inconsciente estaria situado abaixo da superfície do iceberg e seria a maior parte do psiquismo; e entre eles estaria o pré-consciente. figura 3. fonte: <https://artigosdepsicanalise.wordpress.com/2016/07/08/teori-topografica/>. acesso 8 agosto 2016. 30 UNIDADE II │ TEORIAS DA PERSONALIDADE Para Freud, o estar consciente é um termo que descreve o momento transitório de conteúdos capazes de tornarem-se conscientes. Se, então, percebemos a estrutura mental como um processo dinâmico, continuamos a compreender o pensamento de Freud quando este elabora questões acerca da inconsciência como um estado em que os conteúdos foram reprimidos pela energia psíquica. É dentro do conceito de repressão – uma força que resiste ao encontro do conteúdo mental, memória, percepção, sensação com a consciência – que conseguimos entender do que se trata esse processo. Freud ainda fala de dois tipos de inconsciente, o que é latente, e por isso é possível tornar-se consciente, e o outro que é reprimido e não consegue por si próprio tornar-se consciente, apenas com trabalho de análise. É nessa ideia de inconsciente latente que Freud formulou o conceito de pré-consciente, dessa forma o inconsciente se transforma em conteúdo da dinâmica reprimida, mas que pode ser acessado. A ideia do inconsciente, em oposição à ciência psicológica da consciência, ao mesmo tempo fala sobre impulsos sexuais e de agressão que estão situados no organismo e são expelidos através dos impulsos biológicos e dos conflitos da infância. A vivência de um ciclo homeostático de tensão impulsiona ou motiva o sistema mental para a e resolução da tensão, isso pode ocorrer através da satisfação da necessidade, com respostas adaptadas ou não adaptadas. (HALL; LINDZEY, 1984, pp. 22-25) Destarte pode considerar a seguinte compreensão trazida por Feist, Feist e Roberts (2005, p.20) sobre as instâncias da mente em que o modelo topográfico - existência de consciente e inconsciente – ficou para trás, dando margem a uma teoria mais profunda que ajudou a explicar as vicissitudes das imagens mentais representadas pelos sonhos e trazidas na hipnose. Nesse modelo de teoria, Freud considerava o homem como um sistema (mental) dinâmico sujeito às alterações induzidas pelas leis da natureza. Esse dinamismo já revela que o sistema mental proposto não funciona isoladamente, mas opera por meio do que ele denominou três sistemas formadores da personalidade. Estes geram uma energia psíquica que se desloca para objetos substitutos, esse deslocamento gera uma energia chamada energia resultante do comportamento para uma série de atividades. (HALL; LINDZEY, 1984) Freud foi educado sob a influência da filosofia positivista e marcadamente determinista do século XIX, razão pela qual considerava o ser humano como um sistema complexo de energia, a qual se origina da alimentação e é gasta nos processos da circulação, do pensamento, da memória, da respiração, do exercício muscular e da percepção. Freud não via motivo para admitir que a energia que produz força para a respiração e a 31 TEORIAS DA PERSONALIDADE │ UNIDADE II digestão seja diferente, exceto na forma, da energia que produz a força para pensar e para recordar. (HALL; LINDZEY, 1984, p. 28) A teoria da personalidade que se estruturava a partir dos sistemas mentais conhecidos como id [das Es], ego ou “eu” [das Ich] e superego ou “supereu” ” [Uber-Ich], se formulou a partir dos princípios conhecidoscomo Impulsos - tensão ou instintos vistos como forças motivadoras que impulsionam o comportamento, ou seja, uma forma de energia fisiológica que uni as necessidades biológicas aos desejos mentais. Os impulsos internos que são revelados pelos estímulos transformam-se em uma necessidade ou uma tensão que necessita ser satisfeita. (HALL; LINDZEY, CAMPBELL, 2004; FREUD, 1996,; SCHULTZ; SCHULTZ, 2002). Falar sobre essa dinâmica da personalidade construída por Freud é pensar nos níveis mentais e nas instâncias da mente em relação à estrutura ou composição da personalidade, uma vez que estas fazem ou proporcionam princípios motivadores – que explicam a força motora por traz das ações das pessoas, e por isso postulamos uma dinâmica da personalidade. Essa motivação à procura da satisfação do prazer e redução da tensão e da ansiedade é derivada de uma energia psíquica física que nasce dos impulsos básicos, neste caso, os Trieb (impulsos) “operam como uma força motivacional constante. Como estímulo interno, diferem dos estímulos externos na medida em que não podem ser evitados pela fuga”. (FIEST, FIEST; ROBERTS, 2105. p. 22). Os impulsos seriam sexuais (eróticos ou Eros) ou agressivos (destruição ou Tanatos). Freud nos leva à compreensão de uma teoria para infindáveis discussões, definições, terminologias e abrangência de que existem aspectos dinâmicos no entendimento de suas formulações e que nos instigam a pensar sobre uma teoria da personalidade. Sobre a personalidade é preciso destacar a importância que Freud dava aos primeiros anos de vida para estruturação do caráter de uma pessoa. Para ele, aos cinco anos de idade já se apresenta uma personalidade básica, sendo os anos subsequentes dedicados à elaboração de uma estrutura. Em se tratando dos desejos destrutivos libidinosos da criança, além dos impulsos incestuosos e homossexuais de todos os seres humanos e da motivação sexual como uma explicação para o comportamento humano, a teoria de Freud foi criticada, uma vez que se via muito próxima de uma visão mecanicista e determinista da própria ciência do século XIX. Para os cientistas daquela época a teoria de Freud não era suficientemente humana, por pintar um quadro triste demais desta natureza. Portanto, sua teoria fora consagrada pelo pensamento da época por enriquecer as teorias do comportamento, 32 UNIDADE II │ TEORIAS DA PERSONALIDADE por trazer alusão literária e mitológica na tradução das imaginações, hipnose, sonhos e pensamentos humanos assim como o conceito de inconsciente. Importante que tenhamos em mente a definição da força pulsional explicada por Hall, Lindzey e Campbell (2000, p. 56) quando dizem que “o instinto é um quantum de energia psíquica ou, como Freud colocou, ‘uma medida da exigência feita à mente para trabalhar (1905a, p. 168)’”. Para uma melhor compreensão, os autores continuam: “a meta do instinto é a remoção da excitação corporal”, ou seja, “a meta do instinto de fome, por exemplo, é abolir a deficiência nutricional, o que conseguimos, evidentemente, comendo o alimento”. Deste modo, podemos concluir que o comportamento de uma pessoa é acionado por estímulos internos que só terminam quando a ação acertada for a de remover ou diminuir a estimulação. O comportamento é controlado por impulsos inconscientes, no caso das crianças suas habilidades cognitivas se desenvolvem devido à necessidade de gratificação para sua homeostase. Nesses estágios, a criança estimula suas zonas erógenas em busca da gratificação de suas necessidades básicas (vistas como sexuais). Freud revela que a cada fase do desenvolvimento há um conflito que deve ser resolvido antes de a criança passar para o próximo estágio, por exemplo, na fase oral. Quando o conflito não é resolvido, a criança tende a fixar-se naquela fase do desenvolvimento, embora consiga passar para os próximos estágios há um investimento de energia que ficou retido, por assim dizer, na fase anterior. Schultz e Schultz (2002) nos explicam que naquela época Freud chocou o colegiado, uma vez que tratou de chamar os impulsos infantis de impulsos sexuais, no entanto este se referia à motivação da criança em obter satisfação corporal através de suas zonas erógenas que começavam da boca, em seguida mudavam para o ânus, e, por fim, para os genitais - tudo isso nos cinco primeiros anos de vida. A partir da análise dos seus pacientes, Freud concluiu que os sintomas sem causa física aparente, apresentados durante a análise, estavam ligados a perturbações emocionais, situadas em experiências traumáticas reprimidas no período da primeira infância. Essas experiências se traduziam em conflitos que se repetiam no decorrer de todo o período de desenvolvimento. Para ele, os conflitos eram uma forma com que a pessoa lidava com os impulsos biológicos inatos ligados ao sexo e às exigências sociais. Para nossa melhor compreensão, Papalia e Olds (2000) destacaram a afirmativa de Freud de que os conflitos ocorrem invariavelmente em todo o período de vida, portanto são repetições dos traumas obtidos nas experiências da primeira infância. (VILELA, 2016. pp. 29-30) 33 TEORIAS DA PERSONALIDADE │ UNIDADE II Conforme Freud, o prazer muda de uma zona erógena do corpo à outra em algumas fases da vida. Os cinco estágios do desenvolvimento da personalidade chamados de Estágios Psicossexuais são: quadro 2. 1. Oral (do nascimento até 12 meses). » Aqui a principal fonte de prazer são atividades ligadas à boca como mamar e comer. » A boca é a principal zona erógena. E o prazer é ligado à sucção. 2. Anal (1 a 3 anos). » A criança obtém gratificação sensual retendo ou expelindo fezes. » O treinamento dos hábitos de higiene resulta da forma de gratificação recebida ao defecar. 3. Fálico (4 a 5 anos). » A criança apega-se ao genitor do sexo oposto e posteriormente identifica-se ao genitor do mesmo sexo. A zona de gratificação transfere-se para a região genital. » Fantasias incestuosas: complexo de édipo, ansiedade, desenvolvimento do superego. 4. Latência (6 anos à puberdade). » Época de relativa calma entre os estágios mais turbulentos. » Período de sublimação do instinto sexual. 5. Genital (Adolescência à Idade Adulta). » Época do desenvolvimento sexual maduro. » Desenvolvimento da identidade do papel sexual e de relações sociais adultas. fonte: aline vilela, 2016, pp. 29-30; adaptado de Papalia e Olds, 2002, p. 43; Schultz e Schultz 2002, p. 57. A teoria de Freud certamente contribuiu e gerou grandes controvérsias no mundo científico, seu método psicanalítico influenciou grandemente a psicoterapia moderna. Entretanto, sua teoria é o resultado de observações limitadas no contexto histórico social da época. O que vimos ainda, é que Freud elaborou suas teorias a partir do desenvolvimento normal de uma gama de pacientes adultos neuróticos de classe média alta em psicoterapia, o que nos faz observar que a falta dos fatores biológicos e do entendimento da importância de se levar em conta os processos de maturação e experiências precoces influenciaram como fatores limitantes de sua teoria. Psicologia individual de Alfred Adler Adler que se tornou médico por adventos pessoais de sua infância, associou-se à Freud num pequeno grupo que discutia temas psicológicos, momento em que surgiram diferenças entre as teorias, fazendo Adler estabelecer uma teoria oposta à do famoso e reconhecido médico vienense. Sua teoria conhecida como individual primava por: 34 UNIDADE II │ TEORIAS DA PERSONALIDADE quadro 3. FREUD ADLER Motivação reduzida à agressividade e sexo. Pessoas eram vistas com motivações sociais que a levavam a lutar por superioridade e sucesso. As pessoas têm pouca ou nenhuma escolha sobre a formação de sua personalidade, As pessoas são em grande parte responsáveis pelo que são. Comportamento presente é determinado por experiências do passado. Comportamento presente é moldado pela visão de futuro da pessoa. Ênfasenos componentes inconscientes. Ênfase nas pessoas psicologicamente saudáveis e conscientes do que estão fazendo e de por que estão fazendo. fonte: adaptado de feist, feist e Robert, 2015, p. 46. Embora não tenha sido tão conhecido quanto Freud e Jung no meio Psicanalítico dos anos 20, Alfred Adler teve seguidores como Karen Horney, Abraham Maslow, Carl Rogers, Rollo May e outros. A fonte de sua ideia sustenta que o homem é motivado fundamentalmente pelas questões sociais, uma vez que é um ser social inerente por excelência e individualizado, responsável pelos seus atos e não ativado por sistemas orgânicos. Deste modo, contrastando com a ideia de Freud - de comportamento guiado por instintos inatos - a teoria do ego; assim como a teoria junguiana de condutas a partir de um governo de arquétipos inatos. A teoria de Adler relaciona o comportamento do homem empreendendo atividades sociais em cooperação. O bem-estar social que se impõe sobre o interesse individual, adquiriu força dentro de um estilo de vida orientado para o meio externo. Sua teoria psicológica chamou atenção dos psicólogos da época que voltaram a atenção às variáveis sociais, o que levantou a psicologia social necessitada de encorajamento, especialmente vindo da bancada “psicanalítica”. A teoria da personalidade de Adler contribui no entendimento do self. Aqui self era um sistema personalizado e subjetivo que interpretava e tornava significativas as experiências do homem; era chamado de self criativo, pois possuía capacidades a partir das experiências sociais e quando não, compensava essa inexperiência com novas formulações. Deste modo, compensava o extremismo em relação à objetividade da psicanálise clássica mecanicista, que se apoiava unicamente nas necessidades biológicas - sendo os estímulos externos o modo de explicar a dinâmica da personalidade. Diferentemente da ênfase sobre a singularidade da personalidade, onde cada pessoa tem mecanismos singulares de motivação, traços, interesses e valores. E sendo esses aspectos um selo do seu próprio estilo de vida ─ uma vez que é fundamentalmente uma criatura social e motivado pelo interesse Social ─ o self é reconhecido como um importante aspecto do comportamento. Ele desempenha funções nas recentes formulações sobre a personalidade, funções essas de apresentar exteriormente a maneira na qual se comporta. A aplicação da teoria adleriana neoanalítica, se assim podemos chamar, se relaciona na psicoterapia com a constelação familiar onde a ordem do nascimento dos gêneros dos seus irmãos e diferenças entre idades são características 35 TEORIAS DA PERSONALIDADE │ UNIDADE II peculiares ao tratamento, mas que não serão aqui destacadas. (FEIST, FEIST; ROBERT, 2015; HALL-LINDZEY, 2004). quadro 4. visão de adler de alguns possíveis traços segundo a ordem de nascimento. Traços positivos Traços negativos Filho mais velho Acolhedor e protetor com os outros Bom organizador Alta ansiedade Sentimentos exagerados de pordes Hostilidade inconsciente Luta pela aceitação Deve estar sempre “certo”, enquanto os outros estão sempre “errados” Altamente crítico com os outros Não cooperativo Segundo Filho Altamente motivado Cooperativo Moderadamente competitivo Altamente competitivo Facilmente desencorajado Filho mais moço Realisticamente ambicioso Estilo de vida mimado Dependente dos outros Deseja se sobressais em tudo Irrealisticamente ambicioso Filho único Socialmente maduro Sentimentos exagerados de superioridade Fracos sentimentos de cooperação Senso de self inflado Estilo de vida mimado fonte: fEIST, fEIST; ROBERT, 2015, p. 60. Como falamos anteriormente, a vida do pesquisador passa a influenciar sua pesquisa e isso pode ser visto através dos aspectos bibliográficos da vida dos nossos autores, também aqui em Adler que foi marcado como filho do meio, e por doenças e consciência da morte durante toda sua infância. Viveu entre ser o preferido da mãe e o despojado por ela na medida em que os irmãos iam nascendo, Adler foi uma criança mimada devido à doença que o acompanhou durante a infância, sofreu pelo ciúme do irmão mais velho que podia realizar todas atividades que ele não podia, e por isso foi tomado por um enorme complexo de inferioridade, o que teve grande influência na sua teoria da personalidade. Nunca foi discípulo de Freud nem psicanalisado por ele, fundou a sociedade da psicologia individual, lugar em que trabalhou com os sentimentos de inferioridade como a fonte 36 UNIDADE II │ TEORIAS DA PERSONALIDADE da luta humana. O primeiro fundamento de sua teoria é que a única força dinâmica por trás do comportamento das pessoas é a luta pelo sucesso ou pela superioridade. Há em sua teoria certo reducionismo que leva à crença da existência de um único impulso motivador que seria a luta pelo sucesso ou pela superioridade. Sua teoria individual sustenta que as pessoas iniciam uma vida com deficiências que ativam sentimentos de inferioridade (motiva uma pessoa a lutar pela superioridade ou pelo sucesso). Ele avalia que os indivíduos que não são psicologicamente saudáveis lutam pela superioridade, enquanto os psicologicamente saudáveis procuram sucesso. Sua teoria é dinâmica, uma vez que a luta pela superioridade impulsiona a pessoa a partir de um processo motivacional com características que podem induzir a agressividade ─ sendo esses um impulso universal. Quando falamos do poder criativo do self reportamos ao pensamento adleriano de que a pessoa cria o seu próprio estilo de vida. Deste conceito, descreveu como poder criativo o self, a personalidade e o caráter, criados individualmente a partir do estilo de vida elegido. Sua teoria revela que a pessoa não é passivamente moldada pela experiência da infância principalmente as que não são tão importantes como atitude consciente em relação a ela mesma, no entanto o que gera ou constitui a personalidade é a forma como interpretamos a influência do ambiente e construímos o nosso estilo de vida. Para explicar os traços positivos e negativos, segundo a ordem do nascimento, Adler explica que a relação entre mãe e filho é tão íntima e de longo alcance que de nenhuma maneira vamos poder apontar outras características na vida, pois todas as tendências que poderiam ser ajudadas já foram adaptadas, treinadas, educadas e refeitas pela mãe. A sua capacidade ou falta dela influencia toda a potencialidade da criança. Então eu seria força criativa? Ela quem coloca a pessoa no controle da sua própria vida e se torna responsável pelo objetivo final? A força criativa determina seu método de empenho por aquele objetivo e contribui para o desenvolvimento do interesse social. Este é um conceito dinâmico que implica movimento, sendo essa a característica mais relevante da vida, uma vez que toda a vida psíquica envolve movimento em direção ao objetivo, movimento com uma direção. (SHULTZ; SHULTZ, 2002; FEIST, FEIST; ROBERTS, 2015) teoria das relações objetais de Melanie Klein Melanie Klein construiu sua teoria a partir de observação de crianças pequenas, este foi o seu alicerce. Em oposição a Freud que acreditava que entre os 4 e os 6 anos se dava o início da construção da personalidade da criança, Klein compreendia que os primeiros 4 37 TEORIAS DA PERSONALIDADE │ UNIDADE II a 6 meses após o nascimento era o que figurava os impulsos do bebê direcionados a um objeto. Evidentemente a teoria das relações objetais foi o fruto da teoria dos instintos de Freud, no entanto a teoria das relações objetais coloca menos ênfase nos impulsos biológicos e mais importância nos padrões consistentes das relações interpessoais. A noção de Klein sempre leva em consideração a criança como um todo, lutando com forças incontroláveis impulsionadas pelas fantasias e mecanismos psíquicos. A teoria é uma teoria das pulsões e das relações objetais, ou seja, a relação do objeto é fundamental para sua orientação. Ao nascer, o bebê apresenta um ego rudimentar com capacidadede sentir ansiedade e, portanto, tenta resolver fisicamente a fim de eliminar a ansiedade. Sendo assim Klein presume que o recém-nascido apresenta uma capacidade incipiente para relacionar-se com os objetos na realidade externa e na fantasia, embora deixe claro que a capacidade de diferenciar o interno do externo seja um princípio muito limitado. (KLEIN 1942, 1991). Os bebês introjetam ou assimilam a sua estrutura psíquica na fantasia ativa, com os objetos externos, incluindo o pênis do pai, as mãos e o rosto da mãe, o seio da mãe e outras partes do corpo, esse entendimento de objetos internos sugere que os objetos têm uma força própria, comparável ao conceito de Freud de superego que supõe que a consciência do pai ou da mãe é carregada dentro da criança. (FEIST, FEIST; ROBERTS, 2015. pp. 96-97) À medida que o ego avança em direção à integração e se afasta da desintegração, os bebês naturalmente preferem sensações gratificantes em relação às frustrantes. Na tentativa de lidar com essa dicotomia de bons e maus sentimentos, os bebês organizam suas experiências em posições, ou formas de lidar com os objetos internos e externos. Klein escolheu o termo “posição” em vez de “estágio do desenvolvimento” para indicar que as posições se alternam para frente e para trás; elas não são períodos de tempo ou fases do desenvolvimento pelos quais uma pessoa passa. Apesar de ter usado rótulos psiquiátricos ou patológicos, Klein tinha em mente que essas posições representavam o crescimento e o desenvolvimento social normal. As duas posições básicas são a posição esquizoparanoide e a posição depressiva. (FEIST, FEIST; ROBERTS, 2015). Na posição esquizoparanoide, o bebê adota uma forma de organizar as experiências que inclui os sentimentos para nós de ser perseguido e uma divisão dos objetos internos e externos em bons e maus. Durante os primeiros três a quatro meses de vida, momento em que o ego tem uma visão de mundo externo subjetiva e fantasiosa, a criança precisa manter o seio bom e o seio mau separados. Uma vez que os seios são persecutórios, a criança deseja manter esse seio ideal, ou seja, o seio bom dentro dele como parte de uma proteção contra a aniquilação dos perseguidores. A criança precisa manter o seio bom 38 UNIDADE II │ TEORIAS DA PERSONALIDADE em si para não confundi-lo, pois isso seria aniquilar o seio bom e perder o que apazigua seus sentimentos de ira e destruição em torno do seu mau. Esses valores são subjetivos e sentidos internamente pela psique do bebê e não estão dentro de uma classificação da linguagem, são vividos pelo bebê de forma vinculativa, onde ele vincula a nutrição ao instinto de vida e atribui o valor negativo, a fome, ao instinto de morte. Já em torno dos cinco ou seis meses um bebê começa a perceber os objetos externos como um todo e a entender que a dicotomia entre o bem e o mal pode existir na mesma pessoa. Além disso, o ego está começando a amadurecer de modo que consegue tolerar alguns próprios sentimentos destrutivos, em vez de projetá-lo no seio em que ele considerava mau. O bebê que percebia que a mãe ao ir embora poderia ser perdida para sempre, teme essa possível perda e desejando protegê-la e mantê-la afastada dos perigos de suas próprias forças destrutivas começa a experimentar a culpa por esses impulsos destrutivos, ao perceber que não tem capacidade para defender a mãe de seus impulsos agressivos. Deste modo, os sentimentos de ansiedade surgidos quanto à perda do objeto amado associada a um sentimento de culpa por querer destruir aquele objeto, constitui o que Klein denominou posição depressiva. (KLEIN (1942), 1991). Na posição depressiva, a criança se censura pelos impulsos destrutivos anteriores em relação à mãe e deseja fazer a reparação desses ataques à posição depressiva. Resolvido esse processo, quando a criança fantasia que fez a reparação por suas transgressões (ataques) anteriores e quando reconhece que a mãe não irá embora permanentemente nem será destruída, mas retornará depois de cada partida. O ego e a noção de self chegam à maturidade em um estágio muito anterior ao considerado por Freud. O ego começa a se desenvolver usando a primeira experiência do bebê com amamentação quando o seio bom oferta não só leite, mas, afeto amor e a segurança. E, portanto, com a expansão do ego, o superego começa a se desenvolver através da ansiedade que a criança tem em ser destruída pelos sentimentos que os instintos lhe causam. Para manejar essa ansiedade, o ego da criança mobiliza o instinto de vida contra o instinto de morte e, assim, o ego é forçado a se defender contra suas próprias ações. Essa defesa precoce do ego estabelece as bases para o desenvolvimento do superego cuja violência extrema é uma reação à autodefesa agressiva do ego contra as próprias tendências destrutivas. Esse superego severo e cruel é o responsável por muitas tendências antissociais e criminais em adultos. O superego de uma criança de cinco anos, por volta do quinto ou sexto ano, desperta pouca ansiedade, mas uma grande dose de culpa. Nessa fase já perdeu boa parte da sua agressividade e vai transformando a mesma inconsciência realista sabendo lidar com a realidade do mundo externo. O superego aqui é uma consequência do complexo de Édipo. A se desenvolver o complexo de Édipo, por fim, emerge como culpa realista depois que é resolvido e se desenvolve como superego. (FEIST, FEIST; ROBERTS, 2015; KLEIN 1942, 1991). 39 TEORIAS DA PERSONALIDADE │ UNIDADE II teoria analítica de Carl gustav Jung Carl Gustav Jung estabeleceu uma teoria de personalidade distinta da psicanálise ortodoxa de Freud e denominou sua psicologia de analítica. O pressuposto dessa psicologia é a de que fenômenos ocultos influenciam a vida de todos como as experiências reprimidas, certas experiências de tom emocional de nossos ancestrais, o qual ele chama inconsciente coletivo. Alguns elementos do inconsciente coletivo tornaram-se amplamente desenvolvidos e foram denominados arquétipos. O interessante da obra de Jung é que ela está repleta de opostos que primam por desvendar a personalidade, sendo eles: introversão e extroversão; racional e irracional; masculino e feminino; consciente e inconsciente. Todas essas denominações são características de eventos passados que ao mesmo tempo são vivenciados nas nossas experiências presentes e futuras. A personalidade em Jung é dinâmica, uma vez que há uma energia psíquica se manifestando da energia de vida, ou seja, a energia do organismo como um sistema biológico. O termo de Jung para energia vital é libido, mas ele também usa libido paralelamente com energia psíquica. Jung não assumiu uma posição definida sobre a relação da energia psíquica com a energia física, mas ele acreditava que provavelmente existe algum tipo de ação recíproca entre as duas. (HALL, LINDZEY; CAMPBELL, 2004. p.96) Jung reconheceu que vários tipos psicológicos se desenvolvem a partir do conjunto da junção de duas atitudes básicas: introversão e extroversão, e quatro funções separadas: pensamento, sentimento, sensação e intuição. Como atitudes básicas ele relatou que cada pessoa possuía a sua, como forças opostas à introversão há a extroversão que se relaciona compensatoriamente, a isso ele dá o exemplo do Yang e do Yin. A introversão é quando a energia psíquica se volta para dentro em direção ao subjetivo, dando maior relevância o mundo interno e as inclinações às fantasias, sonhos e percepções individualizadas, pode ser um indivíduo morbidamente preocupado consigo mesmo, e a introspecção pode ser de grande importância para resolução de sua vida. A extroversão em contraste com atitude anterior tem uma energia psíquica que se volta para o exterior, no qual a pessoa é orientada em direção ao objetivo, à expectativa, se afastando dos aspectos subjetivos. O extrovertido é mais influenciado, vai sempre 40 UNIDADE II │ TEORIAS DA PERSONALIDADE adotar o ponto de vista da maioria, é menos intuitivo, mais
Compartilhar