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teorias_da_personalidade_e_do_temperamento

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Brasília-DF. 
Teorias da Personalidade e do 
TemPeramenTo
Elaboração
Aline Freire Bezerra Vilela
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APrESEntAção ................................................................................................................................. 4
orgAnizAção do CAdErno dE EStudoS E PESquiSA .................................................................... 5
introdução.................................................................................................................................... 7
unidAdE i
SOBRE O TEMPO HISTÓRICO ................................................................................................................. 9
CAPítulo 1
HISTÓRIa E dESEnvOlvIMEnTO naS TEORIaS da PERSOnalIdadE ............................................ 9
CAPítulo 2
a TEORIa nO ESTudO da PERSOnalIdadE ............................................................................. 14
CAPítulo 3
avalIaçãO E PESquISa nO ESTudO da PERSOnalIdadE ...................................................... 19
unidAdE ii
TEORIaS da PERSOnalIdadE .............................................................................................................. 28
CAPítulo 1
TEORIaS PSICOdInâMICaS ..................................................................................................... 28
CAPítulo 2
TEORIaS COM ênfaSE na REalIdadE PERCEBIda (fEnOMEnOlÓgICa/ExISTEnCIaIS) ............ 51
CAPítulo 3
TEORIaS COM ênfaSE na aPREndIzagEM (COMPORTaMEnTaIS/SOCIOCOgnITIvaS) ............ 56
unidAdE iii
TEORIaS dOS TRaçOS E dOMÍnIO lIMITadO da PERSOnalIdadE ....................................................... 60
CAPítulo 1
TEORIaS COM ênfaSE na ESTRuTuRa da PERSOnalIdadE (aBORdagEM dOS TRaçOS) ........ 60
unidAdE iV
TEMPERaMEnTO E CaRÁTER na PERSOnalIdadE ................................................................................ 70
CAPítulo 1
COMPREEndEndO O TEMPERaMEnTO .................................................................................. 70
CAPítulo 2
aSPECTOS gERaIS .................................................................................................................. 81
PArA (não) FinAlizAr ..................................................................................................................... 83
rEFErênCiAS .................................................................................................................................. 85
4
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade 
dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos 
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém 
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a 
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para 
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos 
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
6
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
7
introdução
Nesta disciplina iremos abordar as teorias da personalidade, levando em consideração 
as várias características que colaboram no processo de desenvolvimento de sua 
formação. De modo acessível e didático, iremos destacar e explorar algumas teorias 
da personalidade, tentando observar a evolução das teorias e a influência de cada uma 
delas no desenvolvimento da outra.
Entendendo a importância da compreensão dos tipos de personalidade, dos 
questionamentos levantados acerca do comportamento, do temperamento, 
das semelhanças e diferenças existentes entre as pessoas, em seu modo de se 
comportar, (re)agir e de ser influenciado no decorrer da vida, é que foram surgindo 
estudos sobre a personalidade e gradativamente as teorias foram se interpondo e 
inter-relacionando entre si. Portanto, embora os estudos realizados até os dias de hoje 
não sejam deterministas eles tentam obter respostas acerca destas questões levantadas 
inicialmente sobre o homem, a partir de Sigmund Freud que formulou suas teorias 
no tratamento de pacientes no século XIX. Denominado psicanálise seu trabalho 
resultou em uma teoria para explicar as personalidades e embora tenha sofrido muitas 
críticas foi a base para que outras pesquisas surgissem, trazendo consigo diferenças e 
aperfeiçoando esse trabalho de pesquisa. 
Veremos, ainda, que a teoria e pesquisa da personalidade na contemporaneidade 
acreditam nos vários tipos de influências sobre a personalidade e buscam reconhecer 
os tipos de personalidade baseada em um segmento heterogêneo da população em que 
vários grupos de diferentes culturas, com variados estilos, padrões de vida e diversas 
outras variáveis irão conduzir o processo de formação da personalidade.
Por fim, é necessário relembrar que esse caderno de estudo serve como um guia para 
orientar a sua pesquisa mais aprofundada sobre os temas levantados, uma vez que a 
bibliografia é vasta e será apresentada ao final do caderno. Aconselhamos ao aluno, 
quando possível, pesquisar diversas fontes e aprofundar suas leituras, a fim de aprimorar 
seu conhecimento, estabelecer conexões com as teorias apresentadas e escolher o seu 
próprio caminho.
8
objetivos
 » Auxiliar e facilitar a compreensão sobre o estudo da personalidade e do 
temperamento. 
 » Analisar as diversas teorias da personalidade possibilitando novos 
conhecimentos. 
 » Sugerir leituras e materiais concernentes ao tema a fim de ampliar o 
campo do saber com novos olhares e abordagens diversificadas.
 » Incentivar a troca de conhecimento e experiências por meio daplataforma 
de aprendizagem virtual. 
 » Envolver o estudante de modo participativo na construção de sua 
aprendizagem a partir das leituras e reflexões propostas voltadas às 
experiências cotidianas.
9
unidAdE iSoBrE o tEMPo 
HiStÓriCo
CAPítulo 1
História e desenvolvimento nas teorias 
da personalidade
figura 1.
fonte: <https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/236x/97/6b/ab/976bab36fa27372125b852a39eedfacb.jpg>. acesso em 30 
Junho 2016.
A psicologia surgiu como ciência no final do século XIX com Wilhelm Wundt, na 
Alemanha, a fim de estudar os processos mentais por experimentos, em laboratório, 
com a pretensão de verificar aqueles que poderiam ser afetados por estímulos externos 
e controlados pelo experimentador. Foi, portanto, no séc. XX com o psicólogo John 
B. Watson que houve uma ênfase nos aspectos palpáveis da natureza humana, ou 
seja, os experimentos agora deveriam focar-se no comportamento evidente, e não no 
comportamento consciente como propunha Wundt, uma vez que o consciente não 
justificava uma teoria que explica o comportamento, já que o que passa dentro de cada 
sujeito não pode ser visto ou medido, e igualmente não pode ser aceito como resposta. 
10
UNIDADE I │ SOBRE O TEMPO HISTÓRICO
A escola behaviorista (assim conhecida), então, tinha uma visão mecanicista que 
pretendia escalonar o homem num padrão de comportamento regulado e automático. 
Em relação aos aspectos da personalidade, o behaviorismo os reduzia a um sistema de 
hábitos acumulados de respostas aprendidas, estavam limitados nos comportamentos 
observáveis (SCHULTZ; SCHULTZ, 2002).
Hall e Lindzey (2004) afirmam que a teoria da personalidade contemporânea fora 
influenciada a partir de observações clínicas iniciadas por Charcot, Janet e McDougall, 
e que contribuíram no entendimento da natureza da teoria da personalidade. Assim, 
William Stern, com a teoria da Gestalt e o seu interesse pela compreensão da unidade 
do comportamento, a Psicologia Experimental e a Teoria da Aprendizagem 
foram de grande impacto para o estudo da personalidade e apreciação de como 
os comportamentos se modificavam. Ainda, as autoras lembram que a tradição 
psicométrica não ficou de fora, uma vez que se preocuparam em medir e escalonar 
as diferenças individuais. Todas essas fontes de influência assim como o estudo da 
genética, o positivismo lógico e a antropologia social incidiram sobre os estudos da 
teoria da personalidade. 
O fato de não darmos uma conotação psicológica às preocupações renascentistas 
em relação aos novos conhecimentos e às questões referentes à individualidade e à 
diversidade de opiniões entre os homens, reproduzidas na filosofia cartesiana, se deve 
à natureza dessas inquietações que são vistas mais como aspectos generalizados do 
conhecimento do universo físico, «cogito, ergo sum» (penso, logo existo). Seguindo 
essa linha de tempo, também podemos citar o “nosce te ipsum” (conhece-te a ti mesmo) 
de Sócrates. Tanto Descartes como Sócrates aparecem com questões filosóficas, numa 
tentativa de responder a certas inquietações intelectuais e a busca do conhecimento de 
uma humanidade comum a todos os indivíduos, do que na busca do conhecimento da 
própria originalidade do ser, na pesquisa do conhecimento do eu. (LEITE, 1967)
Foi no Romantismo do século XIX que a busca da origem do homem passa da 
universalidade para a individualidade, com a valorização das diferenças entre os homens. 
Ainda neste século foram dados os primeiros passos da psicologia geral e da teoria da 
personalidade com ajuda da teoria da evolução de Darwin e o avanço da fisiologia. No 
entanto, a teoria da personalidade iniciou a partir da dedução das experiências clínicas 
com Charcot, Freud, Janet, McDougall e Stern como seus representantes. Por outro 
lado, essa mesma teoria era vista por Helmholtz, Pavlov, Thorndike, Watson com 
uma visão experimental da psicologia, buscando a inspiração e os valores nas ciências 
naturais a partir da aplicação dos dados colhidos no laboratório. (HALL; LINDZEY, 
2004; LEITE, 1967; ALLPORT, 1973).
11
SOBRE O TEMPO HISTÓRICO │ UNIDADE I
É dado que a psicologia, que se desenvolveu no fim do século XIX, era fruto da filosofia 
e da fisiologia experimental, assim como a teoria da personalidade que se originou não 
da psicologia como se pensa, mas a partir de resultados da prática médica e conclusões 
clínicas admitidas por Freud, Jung e McDougall, médicos e psicoterapeutas. (ibdem)
Allport (1966), em sua publicação, já afirmava que a personalidade é “menos um produto 
acabado que um processo transitivo. Ainda que tenha alguns aspectos estáveis, está ao 
mesmo tempo continuamente sofrendo mudanças” o que nos parece uma concepção 
bastante atual hoje, em 2016, quando se trata não apenas do estudo da personalidade 
mas também do próprio conceito e processo de desenvolvimento da personalidade. 
Também disse Murray, em sua autobiografia datada de 1959, segundo Geiwitz (1973, 
p. 51) “uma teoria completa de personalidade está muitos anos além de nós e será 
precedida por muitos anos de pensamento e pesquisa”. Isso poderemos deduzir mais 
adiante com as teorias da personalidade, quando encontraremos a visão de cada autor 
de distintas áreas da psicologia sobre o entendimento do processo de construção da 
personalidade, assim, com nossas próprias conclusões, serão construídas inferências 
pessoais ao longo desse estudo que corroborarão com as ideias de que as alterações 
dentro de uma perspectiva pessoal da personalidade interpõem-se, em certo sentido, a 
uma teoria já apresentada da personalidade.
É muito interessante também o que aportam alguns teóricos estudiosos das teorias 
da personalidade a respeito da estruturação do pensamento e formulação da teoria de 
um teórico da personalidade. Com isso, queremos dizer que alguns autores refletem a 
crença de que as teorias da personalidade foram se construindo a partir de uma forte 
referência biográfica dos teóricos da época. O que explica os diversos contrapontos 
encontrados entre as teorias. Do lado da psicologia quantitativa encontramos os 
teóricos behavioristas, os que abordam a aprendizagem social e os que falam sobre 
traços; do outro lado a psicologia qualitativa que versa uma posição clínica do 
pensamento em que encontramos os psicanalistas, humanistas e existencialistas. 
Deste modo, concluímos que a teoria da personalidade não está totalmente livre de 
determinantes pessoais que a constroem. Aqui, para não entrar no modelo de aceitação 
das teorias a partir de valores e predileções pessoais, iremos avaliar cada teoria de modo 
a apresentar objetivamente a sua visão. (FEIST; COL, 2015; HALL; LINDZEY, 2004; 
SCHULTZ; SCHULTZ, 2002; ALLPORT, 1966).
A pessoa como ser individual
Allport, em algum momento, disse que a característica mais notável de uma pessoa era 
a singularidade, tal qual as impressões digitais, a pessoa é única e nunca existirá alguém 
12
UNIDADE I │ SOBRE O TEMPO HISTÓRICO
como ela, que pense como ela, sinta como ela, viva como ela. A individualidade, pois, 
seria a marca genuína da natureza humana. O que nos distingue em traços mentais 
que são manifestados seguindo um padrão que estamos chamando de personalidade. 
“Persona est substantia individua rationalis naturae – uma pessoa é uma substância 
individual de natureza racional” (BOÉCIO, séc. VI, apud ALLPORT, 1973, p. 46).
Ao aceitarmos que todos os teóricos, que vieram por 20 anos discutindo acerca dos 
fenômenos da personalidade, compreendem que a personalidade apresenta um 
enfoque interativo, temos a certeza que a mesma não é rígida e pode apresentar traços 
diferenciados de acordo com o tipo de interação existente. Allport (1973) comentou 
que é inevitável que os teóricos não vejam como ponto em comum às teorias da 
personalidade a singularidade da hereditariedade e do ambiente de cada pessoa; mas 
veremos que nem todos os teóricos acreditam nessa premissa.
Conceito de personalidade
A origem etimológica da palavra PERSONALIDADE, segundo Allport (1973), grandeprecursor e estudioso da personalidade, nos ensina que o termo advindo do inglês é 
personality; do alemão persönlichkeit; do francês personnalité e do latim medieval, 
personalitas; e no latim clássico persona veio com um significado comum aos 
pensadores da época. A palavra que tem sua origem no latim define o nome dado às 
máscaras utilizadas no teatro romano para interpretação de personagens. Outra palavra 
levantada por autores é personare que significa ressoar por meio de algo. Sendo assim, 
Dalgalarrondo (2008) define personalidade utilizando da etimologia da palavra e 
destaca a seguinte compreensão para personalidade: “o autor/ator faz ressoar a sua 
voz, a sua versão da história, por meio das diversas máscaras, das diversas personagens 
que cria”. 
Por ser um tema complexo, os teóricos não chegaram a um consenso da definição 
da palavra, mas para Pervin e John (2008, p. 4) a definição científica da palavra 
personalidade se refere a “um conjunto de pressupostos relacionados que permite que 
os cientistas usem o raciocínio lógico dedutivo para formular hipóteses verificáveis”. 
Veremos, ainda, que alguns autores denotarão as características ou traços individuais 
que não são totalmente estáveis, mas encontram certo grau de estabilidade em 
uma pessoa, e que refletem no comportamento desta pessoa como personalidade. 
(DALGALARRONDO, 2008).
Um ponto interessante sobre os teóricos da personalidade está no fato de que eles não 
entenderem a personalidade como um fator determinante, e, por isso, pensam o estudo 
da personalidade como uma tentativa de promover o estudo da pessoa em sua totalidade, 
13
SOBRE O TEMPO HISTÓRICO │ UNIDADE I
não segmentada. Gordon Allport (1937 apud HALL et al, 2008, p. 32) compilou quase 
cinquenta definições de personalidade e as separou em categorias divididas em definição 
biossocial e biofísica. “Na definição biossocial a personalidade é entendida em termos 
de importância social: é a reação produzida nos outros que define a personalidade de 
um indivíduo. No entanto, Allport prefere a definição biofísica, a qual fundamenta a 
personalidade em características ou qualidades do próprio indivíduo: a personalidade 
apresenta um aspecto constitucional e outro aparente e pode estar ligada a qualidades 
específicas do indivíduo. Estas qualidades são passíveis de descrição e mensuração 
objetivas” (RIES; RODRIGUES; Org., 2004). 
A concepção popular de personalidade refere-se a um determinado 
feixe de traços que sejam socialmente atraentes e eficientes. Os 
propagandistas que pretendem ajudar no “desenvolvimento da 
personalidade” procuram fortalecer esse conjunto, através de instrução 
para falar em público, para postura, dançar, conversar; mesmo seus 
anúncios de cosméticos pretendem esse objetivo. Diz-se que certo batom 
(sic) ou roupa da moda “dá personalidade”. Neste caso, a personalidade 
não chegar a atingir a pele. (ALLPORT, 1973, p. 44).
Com esta afirmativa, o autor nos revela que devemos estar atentos para não aceitar o 
conceito de personalidade superficial, é popular porque implica dizer que uma pessoa 
tem «mais» ou “menos» personalidade que outra. Para ele, no sentido psicológico, 
todas as pessoas são importantes no estudo da personalidade.
14
CAPítulo 2
A teoria no estudo da personalidade
A teoria por ela mesma
Todorov (2007) aborda um aspecto importante sobre a teorização, no que diz respeito 
à psicologia, nos faz refletir quando se refere às definições. Para ele, definições de 
Psicologia têm variado no tempo e de acordo com as características de seus autores. 
Problemas surgidos no âmbito da Filosofia ou da ciência refletem-se em várias dessas 
definições. Por exemplo, é muito conhecida a definição de Psicologia como o estudo 
da mente. Entre outros problemas, essa definição coloca a questão de saber-se o que 
é a mente para que a definição seja inteligível. Alguns preferem referir-se a uma vida 
mental, um conceito aparentemente menos estático que mente. A Psicologia seria a 
ciência da vida mental, o que quer que venha a ser vida mental. Outros, mais preocupados 
com o significado e as implicações dos termos incluídos em uma definição, afirmam 
ser a Psicologia o estudo do comportamento. Essa definição, como as anteriores, antes 
de explicar algo, levanta a necessidade de outra definição; neste caso, a definição de 
comportamento.
Portanto, comecemos pelo questionamento sobre o que é teoria. Compreendemos que 
é impossível definir personalidade sem a escolha de uma linha teórica de referência 
na qual a personalidade será pesquisada. Uma teoria existe em oposição ao fato, uma 
especulação sobre a realidade que ainda não fora conhecida. A partir do momento em 
que essa teoria é confirmada ela passa a se tornar um fato. A construção de uma teoria 
ocupa o lugar de visibilidade no esquema das ciências exatas, no entanto, torna-se um 
fenômeno cotidiano quando vista fora de suas propriedades formais e lógicas (HALL; 
LINDZEY, 2004; BURTON, 1978).
A teoria possibilita a coleta ou observação de relações empíricas 
relevantes e ainda não observadas. A teoria deveria permitir a expansão 
sistemática do conhecimento sobre os fenômenos de interesse, e essa 
expansão deveria ser estimulada por proposições empíricas específicas 
derivadas da teoria (afirmações, hipóteses, predições) e que são sujeitas 
à prova. (HALL; LINDZEY, 2004, p. 9).
A teoria não é utilizada apenas por cientistas e nem todas elas são propostas de maneira 
formal precisando de vários postulados e inferências. A teoria pessoal implícita é vista 
em nosso cotidiano a partir das interações que realizamos diariamente, as suposições 
feitas sobre a personalidade daqueles do nosso meio e especulação sobre a natureza 
15
SOBRE O TEMPO HISTÓRICO │ UNIDADE I
humana de um modo geral, por exemplo, pode nos fazer acreditar que todas as pessoas 
são boas, ou todas as pessoas só se importam consigo mesmas. Dadas as suposições, 
podemos intuir que elas são teorias uma vez que são estruturadas dentro das quais 
colocamos os dados das nossas observações dos outros. Se nos baseamos nos dados 
que coletamos de nossas percepções sobre o comportamento daqueles que nos cercam, 
então nossas teorias derivam das nossas observações. Deste modo, as teorias pessoais 
são semelhantes às formais. Ainda podemos averiguar que as teorias formais têm 
mais probabilidade de serem objetivas, uma vez que as observações de cientistas não 
são idealmente influenciadas pelas suas necessidades, temores, desejos e valores; 
diferentemente das teorias informais que são baseadas tanto na observação de nós 
mesmos quanto na dos outros. Na teoria informal há uma tendência a interpretar as 
atitudes de outras pessoas em termos das nossas ideias e sentimentos, avaliamos as 
reações ou uma situação com base no que faríamos ou em como nos sentiríamos, de 
tal modo, as teorias informais parecem mais pessoais e subjetivas no que diferem dos 
cientistas que observam de forma mais objetiva e imparcial. A teoria é um conjunto 
de normas delimitadas que permite ao pesquisador trabalhar sem se preocupar com 
todos os aspectos do fenômeno que estuda. Ela permite que o observador continue a 
fazer abstração a partir da complexidade natural de maneira sistemática e eficiente 
(SCHULTZ; SCHULTZ, 2002; HALL; LINDZEY, 2004). 
Subjetividade nas teorias da personalidade
Podemos inferir que a teoria da personalidade consiste em um conjunto de postulados 
sobre o comportamento humano, juntamente com regras para estabelecer relações entre 
os postulados e definições que permitam sua interação com dados empíricos observáveis. 
As teorias da personalidade são o conjunto de teorias gerais do comportamento e se 
distinguem das teorias psicológicas. As teorias da personalidade procuram analisar 
fatos mais variados, na medida em que tem um significado funcional para o indivíduo. 
A teoria motivacional do comportamento e as teorias da aprendizagem não são em si 
teorias da personalidade, no entanto, passam a ser parte dateoria da personalidade por 
serem uma teoria geral do comportamento. 
Schultz e Schultz (2002) explicam que um aspecto importante de toda a teoria da 
personalidade é a imagem da natureza ou o meio formulado pelo teórico. Cada 
teórico tem uma concepção da natureza humana que aborda uma série de perguntas 
fundamentais, as quais se concentram no âmago do que significa ser humano. As várias 
imagens da natureza humana oferecidas pelos teóricos nos permitem fazer comparações 
significativas de suas visões. Essas concepções não são diferentes das teorias pessoais, 
uma vez que são estruturas nas quais os teóricos percebem a si próprios e a outras 
16
UNIDADE I │ SOBRE O TEMPO HISTÓRICO
pessoas, e dentro das quais eles constroem suas teorias. No entanto, o que se segue 
é que as teorias da personalidade têm de ser verificáveis, esclarecerem e explicarem 
os dados da personalidade e serem úteis para entender e prever comportamentos. Os 
autores ainda relatam que os teóricos da personalidade divergem quanto às questões 
básicas sobre a natureza humana, como vimos anteriormente: livre arbítrio versus 
determinismo, natureza versus criação, a importância do passado versus o presente, 
peculiaridade versus universalidade, equilíbrio versus crescimento e otimismo versus 
pessimismo (Ibidem). Outro aspecto importante considerado por Hall e Lindzey (2004, 
p. 17) é que:
Nenhum teórico da personalidade nega a importância da aprendizagem, 
alguns preferem preocupar-se mais com as aquisições, os resultados 
da aprendizagem, do que com o próprio processo. Isso se torna um 
ponto de divergência entre os que se opõem a estudar primariamente o 
processo de mudança e os que se mostram interessados nas estruturas 
estáveis ou aquisições da personalidade em determinado momento.
Dentro da psicologia, a personalidade é um tema muito importante, talvez porque haja 
uma tendência entre os psicólogos em encontrar dentro das teorias da personalidade 
um foco, um método, uma tendência de abordar os aspectos da personalidade de 
modo apropriado e sistemático. No entanto, são os psicólogos da personalidade 
que, na tentativa de compreender os aspectos do funcionamento de um indivíduo, 
suas diferenças, suas percepções e o funcionamento total de cada pessoa, buscam 
concentrar-se nos aspectos psicológicos sem deixar de lado as outras relações que 
ocorrem dentro desses processos. 
A integração da forma do funcionamento do ser humano envolve mais do que 
compreender cada indivíduo separadamente mas também observá-lo como um 
todo, saindo do círculo de relevância dos processos mentais e abrangendo os fatores 
fisiológicos, sociais, econômicos, ambientais, genéticos e hereditários, além dos aspectos 
intrínsecos e extrínsecos aos seres humanos; o que faz do estudo da personalidade um 
complexo campo de estudo. 
A complexidade do tema, os aspectos multifacetados e a falta de normatização que 
induz ao erro e a simplicidade não devem inibir o teórico de estudar os aspectos da 
personalidade, no entanto, há o alerta para que não ocorra o determinismo que as 
teorias não propõem. Para Pervin e John (2008, p. 23), “a personalidade representa 
aquelas características da pessoa que explicam padrões consistentes de sentimentos, 
pensamentos e comportamentos”. Uma vez que os padrões são consistentes, eles não 
são imutáveis, eles consistem num modelo, mas variam dentro desse modelo.
17
SOBRE O TEMPO HISTÓRICO │ UNIDADE I
Vimos que nas teorias da personalidade existem um componente subjetivo que reflete 
os eventos da vida dos teóricos, e que por mais cientistas que sejam, por mais que 
tentem ser objetivos e imparciais, acabam revelando pontos pessoais que normalmente 
influenciam a sua percepção e a formulação teórica. Isso não significa dizer que toda 
teoria da personalidade seja pessoal, uma vez que existem teorias que são testadas em 
relação à realidade do teórico, em relação ao que propõe. 
A teoria formal tenta ser objetiva ao fazer suas observações e analisar os dados que 
podem corroborar ou refutar a sua teoria. No entanto, todas as teorias da personalidade 
têm como objetivo buscar características psíquicas do homem e interpretá-las, 
trazendo-as para o mundo objetivo como forma de conhecimento da pessoa. Portanto, 
certa importância nas teorias da personalidade é a forma como o teórico enxerga 
a natureza humana, uma vez que esses pontos de vista divergem entre eles e são 
trabalhados em cima do que eles entendem por ser humano. Schultz e Schultz (2002) 
nos apresenta tipos de natureza humana que são trazidos pelos teóricos na construção 
de suas teorias e que explicam o modo como eles enxergam o homem, são eles: 
livre-arbítrio ou determinismo; natureza ou criação; passado ou presente; singularidade 
ou universalidade; equilíbrio ou crescimento; otimismo ou pessimismo. Que não 
trataremos aqui, mas veremos continuamente nas propostas dos teóricos de cada 
orientação psicológica.
A Psicologia dos Psicólogos
(...) somos obrigados a renunciar à pretensão de determinar para as múltiplas 
investigações psicológicas um objeto (um campo de fatos) unitário e coerente.
Consequentemente, e por sólidas razões, não somente históricas mas 
doutrinárias, torna-se impossível à Psicologia assegurar-se uma unidade 
metodológica. (...) Por isso, talvez fosse preferível falarmos, ao invés de 
“psicologia”, em “ciências psicológicas”. Porque os adjetivos que acompanham 
o termo “psicologia” podem especificar, ao mesmo tempo, tanto um domínio 
de pesquisa (psicologia diferencial), um estilo metodológico (psicologia clínica), 
um campo de práticas sociais (orientação, reeducação, terapia de distúrbios 
comportamentais etc.) quanto determinada escola de pensamento que chega 
a definir, para seu próprio uso, tanto sua problemática quanto seus conceitos 
e instrumentos de pesquisa. (...) não devemos estranhar que a unidade da 
Psicologia, hoje, nada mais seja que uma expressão cômoda, a expressão de 
um pacifismo ao mesmo tempo prático e enganador. De onde não há nenhum 
inconveniente em falarmos de “psicologias” no plural. Numa época de mutação 
18
UNIDADE I │ SOBRE O TEMPO HISTÓRICO
acelerada como a nossa, a Psicologia se situa no imenso domínio das ciências 
“exatas”, biológicas, naturais e humanas. Há diversidade de domínio e diversidade 
de métodos. Uma coisa, porém, precisa ficar clara: os problemas psicológicos 
não são feitos para os métodos; os métodos é que são feitos para os problemas. 
(...) Interessa-nos indicar uma razão central pela qual a Psicologia se reparte em 
tantas tendências ou escolas: a tendência organicista, a tendência fisicalista, a 
tendência psico-sociológica, a tendência psicanalítica etc. Qual o obstáculo 
supremo impedindo que todas essas tendências continuem a constituir “escolas” 
cada vez mais fechadas, a ponto de desagregarem a outrora chamada “ciência 
psicológica”? A meu ver, esse obstáculo é devido ao fato de nenhum cientista, 
consequentemente, nenhum psicólogo, considerar-se um cientista “puro”. 
Como qualquer cientista, todo psicólogo está comprometido com uma posição 
filosófica ou ideológica. Este fato tem uma importância fundamental nos 
problemas estudados pela Psicologia. Esta não é a mesma em todos os países. 
Depende dos meios culturais. Suas variações dependem da diversidade das 
escolas e das ideologias. Os problemas psicológicos se diversificam segundo as 
correntes ideológicas ou filosóficas venham reforçar esta ou aquela orientação 
na pesquisa, consigam ocultar ou impedir este ou aquele aspecto dos domínios 
a serem explorados ou consigam esterilizar esta ou aquela pesquisa, opondo-se 
implícita ou explicitamente a seu desenvolvimento. (...) 
Japiassu, Hilton, 1983, pp. 24-26, apud Bock e Col, 2001, pp. 34-35.
19
CAPítulo 3
Avaliação e pesquisa no estudo da 
personalidade
Avaliação no estudo da personalidade
Avaliação da personalidade é um procedimento bastante utilizado não apenas na clínica 
psicológica como também em escolas,empresas, orientações profissionais, juizados, 
pesquisadores e atualmente até os coaches recomendam algum teste de avaliação 
psicológica da personalidade para um melhor autoconhecimento do seu coachee. 
Existe uma gama de testes que avaliam a personalidade e que são reconhecidos por 
sua padronização, confiabilidade e validade, características fundamentais para que um 
teste esteja dentro do rol de testes aceitos pelo órgão responsável pela profissão. Caberia 
ainda dizer que as avaliações psicológicas realizadas sejam a partir de testes, entrevistas, 
análises, etc., que são sugeridos como complemento para o psicodiagnóstico, devem 
ser aplicados apenas por profissionais capacitados da psicologia. “Entendemos que 
não basta esclarecer a sociedade sobre a importância da avaliação psicológica. Temos 
que trabalhar para que o seu uso seja mais consequente e venha oferecer visibilidade 
ao sujeito, e não apenas à sua patologia. Nesse sentido, a avaliação será reconhecida 
como necessária se responder às necessidades daquele que a ela se submete”. (CFP, 
2007 p. 6).
Quando falamos em padronização de uma avaliação estamos apontando para a 
consistência ou uniformidade das condições em que o teste está sendo aplicado, 
assim como a uniformidade do procedimento. As técnicas avaliativas diferem em 
níveis de objetividade ou subjetividade, sendo que quando subjetivas somos sujeitos à 
parcialidade e os resultados das técnicas podem vir distorcidos a partir das características 
da personalidade do sujeito avaliado. Ainda, em se tratando de confiabilidade, é 
quando dizemos que há consistência das respostas, a partir de um método de avaliação 
psicológica utilizado nos testes. Portanto, um teste é considerado confiável uma vez 
que os seus resultados sejam consistentes, ou seja, não deve haver grande variação 
na pontuação de um teste feito. Já para validade, dizemos que o método de avaliação 
corresponde ao que é proposto, por exemplo, se o teste propõe medir, ele então deve 
apresentar resultados correspondentes à medição. (SCHULTZ; SCHULTZ, 2002).
20
UNIDADE I │ SOBRE O TEMPO HISTÓRICO
Métodos de avaliação
Alguns métodos de avaliação podem ser descritos aqui como resultado da interação da 
teoria e da singularidade do teórico que propõe a avaliação. Os teóricos desenvolveram 
métodos peculiares para avaliar as personalidades distintas conforme adequação de 
sua própria teoria, de modo que aplicando esse método o teórico pudesse obter as 
respostas, baseando-se em suas formulações. As técnicas variam entre objetividade, 
confiabilidade e validade e vão da interpretação dos sonhos e lembranças da infância 
aos testes feitos no papel. Citaremos alguns enfoques de avaliação da personalidade 
que são os inventários objetivos ou autorrelatos; técnicas projetivas; entrevistas 
clínicas; procedimentos de avaliação comportamental; procedimentos de avaliação de 
amostragem de ideias.
Pesquisa no estudo da personalidade
Uma teoria necessária é quando ela incentiva a pesquisa. Segundo Schultz e Schultz 
(2002), os psicólogos estudam uma personalidade de diversas maneiras; o método 
utilizado vai depender do aspecto da personalidade que ele pretende investigar. Alguns 
psicólogos estão interessados apenas no comportamento em situações específicas ou 
como resposta a determinado estímulo; já outros se preocupam com sentimentos e 
experiências conscientes que geralmente são medidos a partir de testes e questionários; 
há ainda psicólogos que se preocupam em compreender as forças inconscientes que 
motivam as pessoas. Desta forma, o método utilizado para examinar um aspecto da 
personalidade pode não ser útil para outro aspecto.
Enfoque de Pesquisa Idiográfica - tem um objetivo geralmente terapêutico em 
virtude do psicólogo que aplica querer alcançar um conhecimento maior sobre a pessoa 
em tratamento, ou ainda quando o pesquisador quer obter uma compreensão geral da 
personalidade humana.
Enfoque de Pesquisa Nomotética - está relacionado à comparação e análise das 
diferenças estatísticas entre amostras estudadas. O objetivo desse tipo de pesquisa é 
obter dados que possam ser generalizados para uma quantidade maior de pessoas.
Existem três métodos utilizados para pesquisas da personalidade, que embora diferentes 
baseiam-se na observação objetiva, a qual é uma característica da pesquisa científica 
em qualquer disciplina.
Método Clínico - baseia-se na história do caso, ou estudo de caso, no qual o psicólogo 
procura dados relevantes da história de vida passada e presente de seus pacientes que 
21
SOBRE O TEMPO HISTÓRICO │ UNIDADE I
indiquem a raiz de seus problemas emocionais. Para o profissional, trabalhar com 
estudo de caso é se aprofundar na história de vida do paciente desde os primeiros 
anos, a fim de alcançar os sentimentos, temores e vivências descritos por eles. Um dos 
estudiosos que utilizou em grande escala o estudo de casos foi Sigmund Freud, de modo 
a construir a teoria da psicanálise. Por meio de uma série de estudo de casos, Freud 
elaborou sua teoria da personalidade. Para investigar a personalidade os psicólogos 
utilizam de métodos clínicos. Além do estudo de casos, os métodos conhecidos são os 
testes, entrevistas e análise dos sonhos que podem ser utilizados para avaliação. 
Embora o método clínico seja bastante conhecido e utilizado por vários profissionais, e 
pretenda ser considerado um método científico, ele visivelmente não oferece a precisão 
e o controle necessários, dando margem a uma interpretação que pode refletir tanto na 
predisposição pessoal do profissional avaliador quanto envolver lembranças distorcidas 
da infância do avaliado. No entanto, o método clínico abre portas para que adentremos 
nas profundezas das características da personalidade de uma pessoa.
Método Experimental - esse método preenche os requisitos de observações bem 
controladas e sistemáticas assim como a duplicação e a verificação dos dados. É possível 
ao aplicador replicar as condições, ou melhor, duplicar as condições de avaliação, 
obtendo o controle cuidadoso das condições experimentais levados em consideração, 
no entanto a exatidão detalhada dos acontecimentos da vida de uma pessoa não existe. 
Ainda no método experimental, é possível se trabalhar com apenas uma variável, 
manipulando outra variável com um experimento. Um experimento é uma técnica para 
determinar o efeito de uma ou mais variáveis ou eventos sobre o comportamento. 
Método Correlacional - se trata do estudo de relações existentes e não manipuladas 
como no método experimental. Aqui, a relação irá existir entre as variáveis. (ex.: Se um 
comportamento em uma variável difere ou muda em função de outra variável). 
Apontamentos sobre avaliações da 
personalidade
A avaliação psicológica não tem apenas um objetivo, ela pode ser usada para verificação 
de hipóteses seja na área educacional, prisional, da saúde, servir como prognóstico, 
encaminhamento, diagnóstico e intervenção.
O objetivo do processo avaliativo é decidir a técnica que será utilizada no processo de 
avaliação psicológica, neste caso iremos falar um pouco dos instrumentos de avaliação 
da personalidade, que deve ser sempre aplicado por um profissional psicólogo, devendo 
este ter o cuidado de averiguar se o teste está válido. Para isso, o Conselho Federal 
de Psicologia disponibiliza uma página na internet <http://satepsi.cfp.org.br/> que 
22
UNIDADE I │ SOBRE O TEMPO HISTÓRICO
atualiza o profissional dos testes psicológicos no mercado e que estão com os seus 
procedimentos corretos. 
Alguns dos testes psicológicos que estão validados e são utilizados para o estudo da 
personalidade são:
quadro 1.
Bateria 
Fatorial de 
Personalidade
Bateria 
Fatorial de 
Personalidade 
(BFP)
2010
Maiana 
Farias Oliveira 
Nunes.; 
Claudio Simon 
Hutz; Carlos 
Henrique 
Sancineto da 
Silva Nunes;
Casa do 
Psicólogo
21/10/2008 1/8/2009 Favorável
EPQ-J
Questionário de 
Personalidade 
para Crianças 
e Adolescentes 
(EPQ-J)
2012
Carmen 
E.Flores-
Mendonza e 
Colaboradores;
Vetor Editora 25/7/2012 21/9/2013 Favorável
HTP
Casa ? Árvore 
? Pessoa 
(HTP) Manual 
e Guia de 
Interpretação
2003
Renato Cury 
Tardivo;
Vetor 2/7/2003 16/1/2004 Favorável
ICFP-R
INVENTÁRIO 
REDUZIDO DOS 
CINCO FATORES DE 
PERSONALIDADE
Tatiana 
Severina de 
Vasconcelos; 
Luiz Pasquali;
LabPam ? 
Universidade 
de Brasília
22/5/2003 17/4/2004 Favorável
IFP
Inventário 
Fatorial de 
Personalidade 
- IFP-R
1999
Maria 
Mazzarello 
Azevedo; 
Ivânia Ghesti; 
Luiz Pasquali;
LabPam ? 
Universidade 
de Brasília
22/5/2003 27/9/2003 Favorável
IFP- II 
Inventário 
Fatorial de 
Personalidade
2012
Irene F. 
Almeida de 
Sá Leme; 
Ivan Sant?ana 
Rabelo; 
Gisele 
Aparecida da 
Silva Alves;
Casa do 
Psicólogo
6/11/2012 24/5/2013 Favorável
23
SOBRE O TEMPO HISTÓRICO │ UNIDADE I
IFP-R
Inventário 
Fatorial de 
Personalidade 
Revisado 
- Forma 
Reduzida - 
IFP-R
2013
Bartholomeu 
Tôrres Tróccoli;
Luiz Pasquali;
LabPAM Saber 
e Tecnologia
24/10/2013 22/3/2014 Favorável
Inventário 
Hogan de 
Personalidade 
(HPI)
Inventário 
Hogan de 
Personalidade 
(HPI)
2009
Gleiber Couto;
André Holer;
Ainda não 
publicado
23/9/2014 27/6/2015 Favorável
MBTI - Myers-
Briggs Type 
Indicator
MBTI - Myers-
Briggs Type 
Indicator 
- Inventário 
de Tipos 
Psicológicos
2010 Gleiber Couto;
Fellipelli 
Instrumentos de 
Diagnóstico e 
Desenvolvimento 
Organizacional
26/3/2010 31/1/2013 Favorável
RORSCHACH
Rorschach Clínico 2007
Lucia Maria 
Sálvia Coelho;
Terceira 
Margem 
Editora 
Didática Ltda
2/9/2003
5/12/2003
13/3/2004
Favorável
O Rorschach: 
Teoria e 
Desempenho 
(Sistema Klopfer)
2004 Cicero E. Vaz; 10/1/2005 12/5/2006 Favorável
Rorschach 
? Sistema 
Compreensivo
2003
Regina 
Sonia Gattaz 
Fernanades 
do 
Nascimento;
Antonio 
Carlos 
Pacheco e 
Silva Neto;
Anna Elisa 
de Villemor 
Amaral;
Casa do 
Psicólogo
5/6/2002
5/7/2003
25/10/2003
Favorável
Rorschach 
- Sistema 
da Escola 
Francesa ( 1. O 
Psicodiagnóstico 
de Rorschach 
em Adultos: 
Atlas, Normas 
e Reflexões. 2. 
A Prática do 
Rorschach)
2000
Sônia Regina 
Pasian;
Casa do 
Psicólogo e 
Vetor
2/7/2003 22/1/2005 Favorável
24
UNIDADE I │ SOBRE O TEMPO HISTÓRICO
SAT
Técnica de 
Apercepção 
para Idosos 
- SAT
2012
Adele de 
Miguel;
Leila 
Salomão de 
La Plata Cury 
Tardivo;
Maria Cecília 
de Vilhena 
Morais Silva;
Silésia Maria 
Veneroso 
Delphino Tosi;
Vetor Editora 30/10/2012 24/5/2013 Favorável
TAT
Teste de 
Apercepção 
Temática - 
T.A.T.
1995
José de 
Souza e Mello 
Werneck;
Casa do 
Psicólogo
5/6/2002 25/10/2003 Favorável
fonte: <http://satepsi.cfp.org.br/listaTeste.cfm>. acesso em 10 out 2016.
forneço parte da Cartilha sobre avaliação psicológica para que possamos 
compreender melhor os aspectos formais que a regem, conforme Conselho 
federal de Psicologia.
Caso queiram mais informações, consultem nossa biblioteca ou acessem o 
endereço eletrônico ao final do texto.
Sobre avaliação psicológica
Qual a diferença entre avaliação psicológica e testagem psicológica? 
A avaliação psicológica é um processo amplo que envolve a integração de 
informações provenientes de 9 diversas fontes, dentre elas, testes, entrevistas, 
observações, análise de documentos. A testagem psicológica, portanto, pode 
ser considerada uma etapa da avaliação psicológica, que implica a utilização de 
teste(s) psicológico(s) de diferentes tipos.
Quais os problemas frequentemente (sic) identificados pelas Comissões de 
Orientação e fiscalização (COfs) e as possibilidades de solução? Os problemas 
mais frequentes são os referentes à inadequação do uso dos testes psicológicos, 
especialmente nas situações apontadas a seguir: 
 » Sobre as condições do aplicador: deve estar preparado tecnicamente 
para a utilização dos instrumentos de avaliação escolhidos, estando 
treinado para todas as etapas do processo de testagem, para poder 
oferecer respostas precisas às eventuais questões levantadas pelos 
25
SOBRE O TEMPO HISTÓRICO │ UNIDADE I
candidatos, transmitindo-lhes, assim, segurança; deve planejar 
a aplicação do instrumento, levando em consideração o tempo 
necessário bem como o horário mais adequado, e deve treinar 
previamente a leitura das instruções para poder se expressar de forma 
espontânea durante as instruções (Título IV do Anexo da Resolução 
CfP no 012/2000); 
 » Sobre a permissão de uso de um determinado teste: é sempre 
importante que seja consultado o Sistema de Avaliação de Testes 
Psicológicos (SATEPSI). Esse sistema é constantemente atualizado, 
contém a relação de todos os testes psicológicos submetidos à 
apreciação do CfP e fornece informações sobre sua condição de uso 
(parecer favorável ou desfavorável; 
 » Sobre as condições de aplicação: devem ser seguidas as especificações 
contidas nos manuais de cada teste utilizado, que só pode ser aplicado 
por psicólogos (se for um estudante de Psicologia, a aplicação deverá 
ser supervisionada por psicólogo); 
 » Sobre as características do material: deve estar de acordo com 
a descrição apresentada no manual e em condições adequadas 
de conservação e utilização. É importante que os testes estejam 
arquivados em local apropriado, ao qual não possam ter acesso outras 
pessoas; 
 » Sobre os protocolos respondidos: é necessário que sejam mantidos 
arquivados, bem como conservados sob sigilo. 
Quais os principais cuidados a serem seguidos na elaboração de um 
relatório/laudo psicológico? Sempre levando em consideração sua finalidade, 
o laudo deverá conter a descrição dos procedimentos e conclusões resultantes 
do processo de avaliação psicológica. O documento deve dar direções sobre 
o encaminhamento, intervenções ou acompanhamento psicológico. As 
informações fornecidas devem estar de acordo com a demanda, solicitação 
ou petição, evitando-se a apresentação de dados desnecessários aos objetivos 
da avaliação. Mais detalhes sobre a elaboração desse documento podem ser 
obtidos mediante a consulta da Resolução CfP no 7/2003. 
Que competências um psicólogo necessita para realizar avaliação 
psicológica? Em princípio, basta que o profissional seja psicólogo para que 
ele possa realizar avaliação Psicológica. Entretanto, algumas competências 
26
UNIDADE I │ SOBRE O TEMPO HISTÓRICO
específicas são importantes para que esse trabalho seja bem fundamentado e 
realizado com qualidade e de maneira apropriada:
 » Ter amplos conhecimentos dos fundamentos básicos da Psicologia, 
dentre os quais podemos destacar: desenvolvimento, inteligência, 
memória, atenção, emoção, etc., construtos esses avaliados por 
diferentes testes e em diferentes perspectivas teóricas. 
 » Ter domínio do campo da psicopatologia, para poder identificar 
problemas graves de saúde mental ao realizar diagnósticos. Possuir 
um referencial solidamente embasado nas teorias psicológicas 
(psicanálise, Psicologia analítica, fenomenologia, Psicologia sócio-
histórica, cognitiva, comportamental, etc.), de modo que a análise e 
interpretação dos instrumentos seja coerente com tais referenciais. 
 » Ter conhecimentos da área de psicometria, para poder julgar as 
questões de validade, precisão e normas dos testes, e ser capaz de 
escolher e trabalhar de acordo com os propósitos e contextos de cada 
um. 
 » Ter domínio dos procedimentos para aplicação, levantamento 
e interpretação do(s) instrumento(s) utilizados para a avaliação 
psicológica. 
Quais os principais cuidados que o psicólogo dever ter na escolha de um 
teste psicológico? Na escolha de um teste como instrumento de avaliação 
psicológica, é fundamental que o psicólogo consulte o Sistema de Avaliação 
de Testes Psicológicos (SATEPSI), disponível no site do Conselho federal de 
Psicologia <www.pol.org.br>, com o intuito de verificar se ele foi aprovado para 
uso em avaliação psicológica. Em caso afirmativo, ele deverá, então, consultar 
o manual do referido teste, de modo a obter informações adicionais acerca do 
construto psicológico que elepretende medir bem como sobre os contextos e 
propósitos para os quais sua utilização se mostra apropriada. 
Quais os principais cuidados que o psicólogo deve ter para utilizar um teste 
psicológico? 
 » Verificar se as pessoas estão em condições físicas e psíquicas para 
realizar o teste. 
 » Verificar se não existem dificuldades específicas da pessoa para 
realizar o teste, sejam elas físicas ou psíquicas. Utilizar o teste dentro 
dos padrões referidos por seu manual. 
27
SOBRE O TEMPO HISTÓRICO │ UNIDADE I
 » Cuidar da adequação do ambiente, do espaço físico, do vestuário dos 
aplicadores e de outros estímulos que possam interferir na aplicação. 
Quais são os princípios éticos básicos que regem o uso da avaliação 
psicológica? É necessário que o psicólogo se mantenha atento aos seguintes 
princípios: 
 » Contínuo aprimoramento profissional visando ao domínio dos 
instrumentos de avaliação psicológica. 
 » Utilização, no contexto profissional, apenas dos testes psicológicos 
com parecer favorável do CfP que se encontram listados no SATEPSI. 
 » Emprego de instrumentos de avaliação psicológica para os quais o 
profissional esteja qualificado. Realização da avaliação psicológica em 
condições ambientais adequadas, de modo a assegurar a qualidade e 
o sigilo das informações obtidas. 
 » Guarda dos documentos de avaliação psicológica em arquivos seguros 
e de acesso controlado. 
 » Disponibilização das informações da avaliação psicológica apenas 
àqueles com o direito de conhecê-las. 
 » Proteção da integridade dos testes, não os comercializando, 
publicando ou ensinando àqueles que não são psicólogos.
fonte: <http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2013/05/Cartilha-Avalia%C3%A7%C3%A3o-
Psicol%C3%B3gica.pdf> Acesso em 13 de Julho 2016.
28
unidAdE iitEoriAS dA 
PErSonAlidAdE
figura 2.
fonte: <http://www.academiapolitica.com.br/2016/04/22/personalidade-dos-politicos/>acesso em: 14 de julho 2016.
CAPítulo 1
teorias psicodinâmicas
Falar de personalidade envolve um conceito dinâmico que abrange todo um sistema 
integrado de crescimento e desenvolvimento do que podemos chamar de estrutura 
psicológica. Para Dalgalarrondo (2008), a personalidade é um conjunto integrado, 
dinâmico em relação às possiblidades de mudanças existenciais ou alterações 
neurobiológicas como também estável quando a percebemos como um sistema formado 
ao longo da vida do indivíduo. Sua plasticidade é vista uma vez que se encontra em 
constante desenvolvimento, no entanto, sua estabilidade permanece em termos da 
formação dos conteúdos (vindos do mundo externo associados com a tradução individual 
dos estímulos exteriores) que a compõem. Ainda segundo o autor, a personalidade é 
um conjunto integrado de traços psíquicos, que moldam as caraterísticas individuais 
na relação do indivíduo com o meio, porém, ainda, fazendo parte desse contexto 
de formação dos traços psíquicos estão os fatores biológicos, físicos, psíquicos, 
socioculturais, tendências inatas e adquiridas das experiências de vida. 
29
TEORIAS DA PERSONALIDADE │ UNIDADE II
O desenvolvimento da personalidade, conforme Freud, dá ênfase aos aspectos evolutivos 
e destaca a importância dos primeiros anos de vida na estruturação do caráter do sujeito. 
Freud baseou sua teoria nos tratamentos psicanalíticos com seus pacientes e percebeu 
que a vivência da primeira infância no processo psicanalítico era recorrente. Segundo 
o autor, a personalidade se estrutura em torno do crescimento fisiológico, frustrações, 
conflitos e perigos. Significa dizer que a constante tensão produzida leva uma pessoa 
a desenvolver respostas próprias que a conduzem à redução da tensão, e assim, nesse 
processo, a personalidade vai se desenvolvendo. (HALL; LINDZEY, 1984).
teoria psicanalítica Sigmund Freud
A teoria psicanalítica de Freud, marcada no final do século XIX, surgiu em oposição à 
psicologia tradicional da consciência, a qual valorizava os processos mentais ativos tais 
como os sentidos, o pensamento e a imaginação. Para Freud, a premissa da psicanálise 
é que o psiquismo se divide em consciente e inconsciente, uma vez que “a psicanálise 
não pode situar a essência do psiquismo na consciência, mas é obrigada a encarar esta 
como uma qualidade do psiquismo, que pode achar-se presente em acréscimo a outras 
qualidades, ou estar ausente”. (FREUD [1923-1925], 1996, p. 25). É aqui onde vamos 
encontrar os níveis da personalidade, em que Freud comparava a mente humana a 
um iceberg, no qual a ponta seria o consciente; o inconsciente estaria situado abaixo 
da superfície do iceberg e seria a maior parte do psiquismo; e entre eles estaria o 
pré-consciente.
figura 3.
fonte: <https://artigosdepsicanalise.wordpress.com/2016/07/08/teori-topografica/>. acesso 8 agosto 2016.
30
UNIDADE II │ TEORIAS DA PERSONALIDADE
Para Freud, o estar consciente é um termo que descreve o momento transitório de 
conteúdos capazes de tornarem-se conscientes. Se, então, percebemos a estrutura 
mental como um processo dinâmico, continuamos a compreender o pensamento 
de Freud quando este elabora questões acerca da inconsciência como um estado 
em que os conteúdos foram reprimidos pela energia psíquica. É dentro do conceito 
de repressão – uma força que resiste ao encontro do conteúdo mental, memória, 
percepção, sensação com a consciência – que conseguimos entender do que se trata 
esse processo. Freud ainda fala de dois tipos de inconsciente, o que é latente, e por isso 
é possível tornar-se consciente, e o outro que é reprimido e não consegue por si próprio 
tornar-se consciente, apenas com trabalho de análise. É nessa ideia de inconsciente 
latente que Freud formulou o conceito de pré-consciente, dessa forma o inconsciente 
se transforma em conteúdo da dinâmica reprimida, mas que pode ser acessado.
A ideia do inconsciente, em oposição à ciência psicológica da consciência, ao mesmo 
tempo fala sobre impulsos sexuais e de agressão que estão situados no organismo e 
são expelidos através dos impulsos biológicos e dos conflitos da infância. A vivência 
de um ciclo homeostático de tensão impulsiona ou motiva o sistema mental para a 
e resolução da tensão, isso pode ocorrer através da satisfação da necessidade, com 
respostas adaptadas ou não adaptadas. (HALL; LINDZEY, 1984, pp. 22-25)
Destarte pode considerar a seguinte compreensão trazida por Feist, Feist e Roberts 
(2005, p.20) sobre as instâncias da mente em que o modelo topográfico - existência de 
consciente e inconsciente – ficou para trás, dando margem a uma teoria mais profunda 
que ajudou a explicar as vicissitudes das imagens mentais representadas pelos sonhos 
e trazidas na hipnose.
Nesse modelo de teoria, Freud considerava o homem como um sistema (mental) 
dinâmico sujeito às alterações induzidas pelas leis da natureza. Esse dinamismo já 
revela que o sistema mental proposto não funciona isoladamente, mas opera por meio 
do que ele denominou três sistemas formadores da personalidade. Estes geram uma 
energia psíquica que se desloca para objetos substitutos, esse deslocamento gera uma 
energia chamada energia resultante do comportamento para uma série de atividades. 
(HALL; LINDZEY, 1984)
Freud foi educado sob a influência da filosofia positivista e marcadamente 
determinista do século XIX, razão pela qual considerava o ser humano 
como um sistema complexo de energia, a qual se origina da alimentação 
e é gasta nos processos da circulação, do pensamento, da memória, da 
respiração, do exercício muscular e da percepção. Freud não via motivo 
para admitir que a energia que produz força para a respiração e a 
31
TEORIAS DA PERSONALIDADE │ UNIDADE II
digestão seja diferente, exceto na forma, da energia que produz a força 
para pensar e para recordar. 
(HALL; LINDZEY, 1984, p. 28)
A teoria da personalidade que se estruturava a partir dos sistemas mentais conhecidos 
como id [das Es], ego ou “eu” [das Ich] e superego ou “supereu” ” [Uber-Ich], se 
formulou a partir dos princípios conhecidoscomo Impulsos - tensão ou instintos vistos 
como forças motivadoras que impulsionam o comportamento, ou seja, uma forma de 
energia fisiológica que uni as necessidades biológicas aos desejos mentais. Os impulsos 
internos que são revelados pelos estímulos transformam-se em uma necessidade ou 
uma tensão que necessita ser satisfeita. (HALL; LINDZEY, CAMPBELL, 2004; FREUD, 
1996,; SCHULTZ; SCHULTZ, 2002).
Falar sobre essa dinâmica da personalidade construída por Freud é pensar nos 
níveis mentais e nas instâncias da mente em relação à estrutura ou composição da 
personalidade, uma vez que estas fazem ou proporcionam princípios motivadores – 
que explicam a força motora por traz das ações das pessoas, e por isso postulamos uma 
dinâmica da personalidade. Essa motivação à procura da satisfação do prazer e redução 
da tensão e da ansiedade é derivada de uma energia psíquica física que nasce dos 
impulsos básicos, neste caso, os Trieb (impulsos) “operam como uma força motivacional 
constante. Como estímulo interno, diferem dos estímulos externos na medida em que 
não podem ser evitados pela fuga”. (FIEST, FIEST; ROBERTS, 2105. p. 22). 
Os impulsos seriam sexuais (eróticos ou Eros) ou agressivos (destruição ou Tanatos). 
Freud nos leva à compreensão de uma teoria para infindáveis discussões, definições, 
terminologias e abrangência de que existem aspectos dinâmicos no entendimento de 
suas formulações e que nos instigam a pensar sobre uma teoria da personalidade. Sobre 
a personalidade é preciso destacar a importância que Freud dava aos primeiros anos 
de vida para estruturação do caráter de uma pessoa. Para ele, aos cinco anos de idade 
já se apresenta uma personalidade básica, sendo os anos subsequentes dedicados à 
elaboração de uma estrutura. 
Em se tratando dos desejos destrutivos libidinosos da criança, além dos impulsos 
incestuosos e homossexuais de todos os seres humanos e da motivação sexual como 
uma explicação para o comportamento humano, a teoria de Freud foi criticada, uma vez 
que se via muito próxima de uma visão mecanicista e determinista da própria ciência do 
século XIX. Para os cientistas daquela época a teoria de Freud não era suficientemente 
humana, por pintar um quadro triste demais desta natureza. Portanto, sua teoria fora 
consagrada pelo pensamento da época por enriquecer as teorias do comportamento, 
32
UNIDADE II │ TEORIAS DA PERSONALIDADE
por trazer alusão literária e mitológica na tradução das imaginações, hipnose, sonhos e 
pensamentos humanos assim como o conceito de inconsciente.
Importante que tenhamos em mente a definição da força pulsional explicada por Hall, 
Lindzey e Campbell (2000, p. 56) quando dizem que “o instinto é um quantum de 
energia psíquica ou, como Freud colocou, ‘uma medida da exigência feita à mente para 
trabalhar (1905a, p. 168)’”. Para uma melhor compreensão, os autores continuam: “a 
meta do instinto é a remoção da excitação corporal”, ou seja, “a meta do instinto de fome, 
por exemplo, é abolir a deficiência nutricional, o que conseguimos, evidentemente, 
comendo o alimento”. Deste modo, podemos concluir que o comportamento de uma 
pessoa é acionado por estímulos internos que só terminam quando a ação acertada for 
a de remover ou diminuir a estimulação. 
O comportamento é controlado por impulsos inconscientes, no caso das crianças suas 
habilidades cognitivas se desenvolvem devido à necessidade de gratificação para sua 
homeostase. Nesses estágios, a criança estimula suas zonas erógenas em busca da 
gratificação de suas necessidades básicas (vistas como sexuais). Freud revela que a cada 
fase do desenvolvimento há um conflito que deve ser resolvido antes de a criança passar 
para o próximo estágio, por exemplo, na fase oral. Quando o conflito não é resolvido, 
a criança tende a fixar-se naquela fase do desenvolvimento, embora consiga passar 
para os próximos estágios há um investimento de energia que ficou retido, por assim 
dizer, na fase anterior. Schultz e Schultz (2002) nos explicam que naquela época Freud 
chocou o colegiado, uma vez que tratou de chamar os impulsos infantis de impulsos 
sexuais, no entanto este se referia à motivação da criança em obter satisfação corporal 
através de suas zonas erógenas que começavam da boca, em seguida mudavam para o 
ânus, e, por fim, para os genitais - tudo isso nos cinco primeiros anos de vida.
A partir da análise dos seus pacientes, Freud concluiu que os sintomas sem causa física 
aparente, apresentados durante a análise, estavam ligados a perturbações emocionais, 
situadas em experiências traumáticas reprimidas no período da primeira infância. 
Essas experiências se traduziam em conflitos que se repetiam no decorrer de todo o 
período de desenvolvimento. Para ele, os conflitos eram uma forma com que a pessoa 
lidava com os impulsos biológicos inatos ligados ao sexo e às exigências sociais. Para 
nossa melhor compreensão, Papalia e Olds (2000) destacaram a afirmativa de Freud 
de que os conflitos ocorrem invariavelmente em todo o período de vida, portanto 
são repetições dos traumas obtidos nas experiências da primeira infância. (VILELA, 
2016. pp. 29-30)
33
TEORIAS DA PERSONALIDADE │ UNIDADE II
Conforme Freud, o prazer muda de uma zona erógena do corpo à outra em algumas 
fases da vida. Os cinco estágios do desenvolvimento da personalidade chamados de 
Estágios Psicossexuais são:
quadro 2.
1. Oral (do nascimento até 12 meses). 
 » Aqui a principal fonte de prazer são atividades ligadas à boca como mamar e comer.
 » A boca é a principal zona erógena. E o prazer é ligado à sucção.
2. Anal (1 a 3 anos).
 » A criança obtém gratificação sensual retendo ou expelindo fezes.
 » O treinamento dos hábitos de higiene resulta da forma de gratificação recebida ao defecar.
3. Fálico (4 a 5 anos).
 » A criança apega-se ao genitor do sexo oposto e posteriormente identifica-se ao genitor do mesmo sexo. A zona de gratificação transfere-se para 
a região genital.
 » Fantasias incestuosas: complexo de édipo, ansiedade, desenvolvimento do superego.
4. Latência (6 anos à puberdade).
 » Época de relativa calma entre os estágios mais turbulentos.
 » Período de sublimação do instinto sexual.
5. Genital (Adolescência à Idade Adulta).
 » Época do desenvolvimento sexual maduro. 
 » Desenvolvimento da identidade do papel sexual e de relações sociais adultas.
fonte: aline vilela, 2016, pp. 29-30; adaptado de Papalia e Olds, 2002, p. 43; Schultz e Schultz 2002, p. 57.
A teoria de Freud certamente contribuiu e gerou grandes controvérsias no mundo 
científico, seu método psicanalítico influenciou grandemente a psicoterapia moderna. 
Entretanto, sua teoria é o resultado de observações limitadas no contexto histórico 
social da época. O que vimos ainda, é que Freud elaborou suas teorias a partir do 
desenvolvimento normal de uma gama de pacientes adultos neuróticos de classe 
média alta em psicoterapia, o que nos faz observar que a falta dos fatores biológicos 
e do entendimento da importância de se levar em conta os processos de maturação e 
experiências precoces influenciaram como fatores limitantes de sua teoria. 
Psicologia individual de Alfred Adler
Adler que se tornou médico por adventos pessoais de sua infância, associou-se à Freud 
num pequeno grupo que discutia temas psicológicos, momento em que surgiram 
diferenças entre as teorias, fazendo Adler estabelecer uma teoria oposta à do famoso e 
reconhecido médico vienense. Sua teoria conhecida como individual primava por:
34
UNIDADE II │ TEORIAS DA PERSONALIDADE
quadro 3.
FREUD ADLER
Motivação reduzida à agressividade e sexo. 
Pessoas eram vistas com motivações sociais que a levavam a lutar por 
superioridade e sucesso. 
As pessoas têm pouca ou nenhuma escolha sobre a formação de sua 
personalidade, 
As pessoas são em grande parte responsáveis pelo que são. 
Comportamento presente é determinado por experiências do passado. Comportamento presente é moldado pela visão de futuro da pessoa.
Ênfasenos componentes inconscientes.
Ênfase nas pessoas psicologicamente saudáveis e conscientes do que 
estão fazendo e de por que estão fazendo.
fonte: adaptado de feist, feist e Robert, 2015, p. 46.
Embora não tenha sido tão conhecido quanto Freud e Jung no meio Psicanalítico dos 
anos 20, Alfred Adler teve seguidores como Karen Horney, Abraham Maslow, Carl 
Rogers, Rollo May e outros. A fonte de sua ideia sustenta que o homem é motivado 
fundamentalmente pelas questões sociais, uma vez que é um ser social inerente por 
excelência e individualizado, responsável pelos seus atos e não ativado por sistemas 
orgânicos. Deste modo, contrastando com a ideia de Freud - de comportamento guiado 
por instintos inatos - a teoria do ego; assim como a teoria junguiana de condutas a partir 
de um governo de arquétipos inatos. A teoria de Adler relaciona o comportamento do 
homem empreendendo atividades sociais em cooperação. O bem-estar social que se 
impõe sobre o interesse individual, adquiriu força dentro de um estilo de vida orientado 
para o meio externo. Sua teoria psicológica chamou atenção dos psicólogos da época que 
voltaram a atenção às variáveis sociais, o que levantou a psicologia social necessitada de 
encorajamento, especialmente vindo da bancada “psicanalítica”.
A teoria da personalidade de Adler contribui no entendimento do self. Aqui self era 
um sistema personalizado e subjetivo que interpretava e tornava significativas as 
experiências do homem; era chamado de self criativo, pois possuía capacidades a partir 
das experiências sociais e quando não, compensava essa inexperiência com novas 
formulações. Deste modo, compensava o extremismo em relação à objetividade da 
psicanálise clássica mecanicista, que se apoiava unicamente nas necessidades biológicas 
- sendo os estímulos externos o modo de explicar a dinâmica da personalidade. 
Diferentemente da ênfase sobre a singularidade da personalidade, onde cada pessoa 
tem mecanismos singulares de motivação, traços, interesses e valores. E sendo esses 
aspectos um selo do seu próprio estilo de vida ─ uma vez que é fundamentalmente 
uma criatura social e motivado pelo interesse Social ─ o self é reconhecido como 
um importante aspecto do comportamento. Ele desempenha funções nas recentes 
formulações sobre a personalidade, funções essas de apresentar exteriormente a 
maneira na qual se comporta. A aplicação da teoria adleriana neoanalítica, se assim 
podemos chamar, se relaciona na psicoterapia com a constelação familiar onde a ordem 
do nascimento dos gêneros dos seus irmãos e diferenças entre idades são características 
35
TEORIAS DA PERSONALIDADE │ UNIDADE II
peculiares ao tratamento, mas que não serão aqui destacadas. (FEIST, FEIST; ROBERT, 
2015; HALL-LINDZEY, 2004).
quadro 4. visão de adler de alguns possíveis traços segundo a ordem de nascimento.
Traços positivos Traços negativos
Filho mais velho
Acolhedor e protetor com os outros 
Bom organizador
Alta ansiedade
Sentimentos exagerados de pordes
Hostilidade inconsciente
Luta pela aceitação 
Deve estar sempre “certo”, enquanto os outros estão sempre “errados” 
Altamente crítico com os outros 
Não cooperativo 
Segundo Filho
Altamente motivado
Cooperativo
Moderadamente competitivo 
Altamente competitivo
Facilmente desencorajado 
Filho mais moço
Realisticamente ambicioso Estilo de vida mimado
Dependente dos outros 
Deseja se sobressais em tudo 
Irrealisticamente ambicioso 
Filho único
Socialmente maduro Sentimentos exagerados de superioridade 
Fracos sentimentos de cooperação 
Senso de self inflado
Estilo de vida mimado 
fonte: fEIST, fEIST; ROBERT, 2015, p. 60.
Como falamos anteriormente, a vida do pesquisador passa a influenciar sua pesquisa 
e isso pode ser visto através dos aspectos bibliográficos da vida dos nossos autores, 
também aqui em Adler que foi marcado como filho do meio, e por doenças e consciência 
da morte durante toda sua infância. Viveu entre ser o preferido da mãe e o despojado 
por ela na medida em que os irmãos iam nascendo, Adler foi uma criança mimada 
devido à doença que o acompanhou durante a infância, sofreu pelo ciúme do irmão 
mais velho que podia realizar todas atividades que ele não podia, e por isso foi tomado 
por um enorme complexo de inferioridade, o que teve grande influência na sua teoria 
da personalidade. 
Nunca foi discípulo de Freud nem psicanalisado por ele, fundou a sociedade da psicologia 
individual, lugar em que trabalhou com os sentimentos de inferioridade como a fonte 
36
UNIDADE II │ TEORIAS DA PERSONALIDADE
da luta humana. O primeiro fundamento de sua teoria é que a única força dinâmica 
por trás do comportamento das pessoas é a luta pelo sucesso ou pela superioridade.
Há em sua teoria certo reducionismo que leva à crença da existência de um único 
impulso motivador que seria a luta pelo sucesso ou pela superioridade. Sua teoria 
individual sustenta que as pessoas iniciam uma vida com deficiências que ativam 
sentimentos de inferioridade (motiva uma pessoa a lutar pela superioridade ou pelo 
sucesso). Ele avalia que os indivíduos que não são psicologicamente saudáveis lutam 
pela superioridade, enquanto os psicologicamente saudáveis procuram sucesso. Sua 
teoria é dinâmica, uma vez que a luta pela superioridade impulsiona a pessoa a partir 
de um processo motivacional com características que podem induzir a agressividade ─ 
sendo esses um impulso universal.
Quando falamos do poder criativo do self reportamos ao pensamento adleriano de que 
a pessoa cria o seu próprio estilo de vida. Deste conceito, descreveu como poder criativo 
o self, a personalidade e o caráter, criados individualmente a partir do estilo de vida 
elegido. Sua teoria revela que a pessoa não é passivamente moldada pela experiência 
da infância principalmente as que não são tão importantes como atitude consciente em 
relação a ela mesma, no entanto o que gera ou constitui a personalidade é a forma como 
interpretamos a influência do ambiente e construímos o nosso estilo de vida. 
Para explicar os traços positivos e negativos, segundo a ordem do nascimento, Adler 
explica que a relação entre mãe e filho é tão íntima e de longo alcance que de nenhuma 
maneira vamos poder apontar outras características na vida, pois todas as tendências 
que poderiam ser ajudadas já foram adaptadas, treinadas, educadas e refeitas pela mãe. 
A sua capacidade ou falta dela influencia toda a potencialidade da criança.
Então eu seria força criativa? Ela quem coloca a pessoa no controle da sua própria vida 
e se torna responsável pelo objetivo final? A força criativa determina seu método de 
empenho por aquele objetivo e contribui para o desenvolvimento do interesse social. 
Este é um conceito dinâmico que implica movimento, sendo essa a característica mais 
relevante da vida, uma vez que toda a vida psíquica envolve movimento em direção 
ao objetivo, movimento com uma direção. (SHULTZ; SHULTZ, 2002; FEIST, FEIST; 
ROBERTS, 2015)
teoria das relações objetais de Melanie Klein
Melanie Klein construiu sua teoria a partir de observação de crianças pequenas, este foi 
o seu alicerce. Em oposição a Freud que acreditava que entre os 4 e os 6 anos se dava o 
início da construção da personalidade da criança, Klein compreendia que os primeiros 4 
37
TEORIAS DA PERSONALIDADE │ UNIDADE II
a 6 meses após o nascimento era o que figurava os impulsos do bebê direcionados a um 
objeto. Evidentemente a teoria das relações objetais foi o fruto da teoria dos instintos 
de Freud, no entanto a teoria das relações objetais coloca menos ênfase nos impulsos 
biológicos e mais importância nos padrões consistentes das relações interpessoais. 
A noção de Klein sempre leva em consideração a criança como um todo, lutando com 
forças incontroláveis impulsionadas pelas fantasias e mecanismos psíquicos. A teoria é 
uma teoria das pulsões e das relações objetais, ou seja, a relação do objeto é fundamental 
para sua orientação. Ao nascer, o bebê apresenta um ego rudimentar com capacidadede 
sentir ansiedade e, portanto, tenta resolver fisicamente a fim de eliminar a ansiedade. 
Sendo assim Klein presume que o recém-nascido apresenta uma capacidade incipiente 
para relacionar-se com os objetos na realidade externa e na fantasia, embora deixe claro 
que a capacidade de diferenciar o interno do externo seja um princípio muito limitado. 
(KLEIN 1942, 1991).
Os bebês introjetam ou assimilam a sua estrutura psíquica na fantasia ativa, com os 
objetos externos, incluindo o pênis do pai, as mãos e o rosto da mãe, o seio da mãe e 
outras partes do corpo, esse entendimento de objetos internos sugere que os objetos 
têm uma força própria, comparável ao conceito de Freud de superego que supõe que a 
consciência do pai ou da mãe é carregada dentro da criança. (FEIST, FEIST; ROBERTS, 
2015. pp. 96-97)
À medida que o ego avança em direção à integração e se afasta da desintegração, os 
bebês naturalmente preferem sensações gratificantes em relação às frustrantes. Na 
tentativa de lidar com essa dicotomia de bons e maus sentimentos, os bebês organizam 
suas experiências em posições, ou formas de lidar com os objetos internos e externos. 
Klein escolheu o termo “posição” em vez de “estágio do desenvolvimento” para indicar 
que as posições se alternam para frente e para trás; elas não são períodos de tempo ou 
fases do desenvolvimento pelos quais uma pessoa passa. Apesar de ter usado rótulos 
psiquiátricos ou patológicos, Klein tinha em mente que essas posições representavam o 
crescimento e o desenvolvimento social normal. As duas posições básicas são a posição 
esquizoparanoide e a posição depressiva. (FEIST, FEIST; ROBERTS, 2015). 
Na posição esquizoparanoide, o bebê adota uma forma de organizar as experiências que 
inclui os sentimentos para nós de ser perseguido e uma divisão dos objetos internos e 
externos em bons e maus. Durante os primeiros três a quatro meses de vida, momento 
em que o ego tem uma visão de mundo externo subjetiva e fantasiosa, a criança precisa 
manter o seio bom e o seio mau separados. Uma vez que os seios são persecutórios, a 
criança deseja manter esse seio ideal, ou seja, o seio bom dentro dele como parte de uma 
proteção contra a aniquilação dos perseguidores. A criança precisa manter o seio bom 
38
UNIDADE II │ TEORIAS DA PERSONALIDADE
em si para não confundi-lo, pois isso seria aniquilar o seio bom e perder o que apazigua 
seus sentimentos de ira e destruição em torno do seu mau. Esses valores são subjetivos 
e sentidos internamente pela psique do bebê e não estão dentro de uma classificação da 
linguagem, são vividos pelo bebê de forma vinculativa, onde ele vincula a nutrição ao 
instinto de vida e atribui o valor negativo, a fome, ao instinto de morte. Já em torno dos 
cinco ou seis meses um bebê começa a perceber os objetos externos como um todo e a 
entender que a dicotomia entre o bem e o mal pode existir na mesma pessoa. Além disso, 
o ego está começando a amadurecer de modo que consegue tolerar alguns próprios 
sentimentos destrutivos, em vez de projetá-lo no seio em que ele considerava mau. O 
bebê que percebia que a mãe ao ir embora poderia ser perdida para sempre, teme essa 
possível perda e desejando protegê-la e mantê-la afastada dos perigos de suas próprias 
forças destrutivas começa a experimentar a culpa por esses impulsos destrutivos, ao 
perceber que não tem capacidade para defender a mãe de seus impulsos agressivos. 
Deste modo, os sentimentos de ansiedade surgidos quanto à perda do objeto amado 
associada a um sentimento de culpa por querer destruir aquele objeto, constitui o que 
Klein denominou posição depressiva. (KLEIN (1942), 1991).
Na posição depressiva, a criança se censura pelos impulsos destrutivos anteriores em 
relação à mãe e deseja fazer a reparação desses ataques à posição depressiva. Resolvido 
esse processo, quando a criança fantasia que fez a reparação por suas transgressões 
(ataques) anteriores e quando reconhece que a mãe não irá embora permanentemente 
nem será destruída, mas retornará depois de cada partida. O ego e a noção de self chegam 
à maturidade em um estágio muito anterior ao considerado por Freud. O ego começa a 
se desenvolver usando a primeira experiência do bebê com amamentação quando o seio 
bom oferta não só leite, mas, afeto amor e a segurança. E, portanto, com a expansão do 
ego, o superego começa a se desenvolver através da ansiedade que a criança tem em ser 
destruída pelos sentimentos que os instintos lhe causam. Para manejar essa ansiedade, 
o ego da criança mobiliza o instinto de vida contra o instinto de morte e, assim, o ego é 
forçado a se defender contra suas próprias ações. Essa defesa precoce do ego estabelece 
as bases para o desenvolvimento do superego cuja violência extrema é uma reação à 
autodefesa agressiva do ego contra as próprias tendências destrutivas. Esse superego 
severo e cruel é o responsável por muitas tendências antissociais e criminais em adultos. 
O superego de uma criança de cinco anos, por volta do quinto ou sexto ano, desperta 
pouca ansiedade, mas uma grande dose de culpa. Nessa fase já perdeu boa parte da 
sua agressividade e vai transformando a mesma inconsciência realista sabendo lidar 
com a realidade do mundo externo. O superego aqui é uma consequência do complexo 
de Édipo. A se desenvolver o complexo de Édipo, por fim, emerge como culpa realista 
depois que é resolvido e se desenvolve como superego. (FEIST, FEIST; ROBERTS, 
2015; KLEIN 1942, 1991).
39
TEORIAS DA PERSONALIDADE │ UNIDADE II
teoria analítica de Carl gustav Jung
Carl Gustav Jung estabeleceu uma teoria de personalidade distinta da psicanálise 
ortodoxa de Freud e denominou sua psicologia de analítica. O pressuposto dessa 
psicologia é a de que fenômenos ocultos influenciam a vida de todos como as experiências 
reprimidas, certas experiências de tom emocional de nossos ancestrais, o qual ele 
chama inconsciente coletivo. Alguns elementos do inconsciente coletivo tornaram-se 
amplamente desenvolvidos e foram denominados arquétipos. O interessante da obra 
de Jung é que ela está repleta de opostos que primam por desvendar a personalidade, 
sendo eles: introversão e extroversão; racional e irracional; masculino e feminino; 
consciente e inconsciente. Todas essas denominações são características de eventos 
passados que ao mesmo tempo são vivenciados nas nossas experiências presentes e 
futuras.
A personalidade em Jung é dinâmica, uma vez que há uma energia psíquica se 
manifestando da energia de vida, ou seja, a energia do organismo como um sistema 
biológico. 
O termo de Jung para energia vital é libido, mas ele também usa libido 
paralelamente com energia psíquica. Jung não assumiu uma posição 
definida sobre a relação da energia psíquica com a energia física, mas 
ele acreditava que provavelmente existe algum tipo de ação recíproca 
entre as duas.
(HALL, LINDZEY; CAMPBELL, 2004. p.96)
Jung reconheceu que vários tipos psicológicos se desenvolvem a partir do conjunto da 
junção de duas atitudes básicas: introversão e extroversão, e quatro funções separadas: 
pensamento, sentimento, sensação e intuição.
Como atitudes básicas ele relatou que cada pessoa possuía a sua, como forças opostas 
à introversão há a extroversão que se relaciona compensatoriamente, a isso ele dá o 
exemplo do Yang e do Yin.
A introversão é quando a energia psíquica se volta para dentro em direção ao subjetivo, 
dando maior relevância o mundo interno e as inclinações às fantasias, sonhos e 
percepções individualizadas, pode ser um indivíduo morbidamente preocupado consigo 
mesmo, e a introspecção pode ser de grande importância para resolução de sua vida. A 
extroversão em contraste com atitude anterior tem uma energia psíquica que se volta 
para o exterior, no qual a pessoa é orientada em direção ao objetivo, à expectativa, 
se afastando dos aspectos subjetivos. O extrovertido é mais influenciado, vai sempre 
40
UNIDADE II │ TEORIAS DA PERSONALIDADE
adotar o ponto de vista da maioria, é menos intuitivo, mais

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