Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Celso Martins Queiroz Junior CARACTERIZAÇÃO DA DOENÇA PERIODONTAL ASSOCIADA À ARTRITE EXPERIMENTAL EM CAMUNDONGOS Belo Horizonte 2011 Celso Martins Queiroz Junior CARACTERIZAÇÃO DA DOENÇA PERIODONTAL ASSOCIADA À ARTRITE EXPERIMENTAL EM CAMUNDONGOS Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Biologia Celular do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial para a obtenção do título de doutor em Biologia Celular. Orientadora: Profa. Tarcília Aparecida da Silva Departamento de Clínica, Patologia e Cirurgia Odontológica – Faculdade Odontologia/UFMG Co-orientadora: Profa. Danielle da Glória de Souza Departamento de Microbiologia – ICB/UFMG Belo Horizonte 2011 Trabalho realizado no Laboratório de Interação Microrganismo-Hospedeiro (Departamento de Microbiologia – ICB/UFMG), Laboratório de Imunofarmacologia (Departamento de Bioquímica e Imunologia – ICB/UFMG), Laboratório de Patologia (Departamento de Clínica, Patologia e Cirurgia Odontológica – Faculdade de Odontologia/UFMG) e Laboratório de Histologia (Departamento de Ciências Biológicas – Faculdade de Odontologia/USP), com o auxílio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). AGRADECIMENTOS “POR TUDO O QUE TENS FEITO, POR TUDO O QUE VAIS FAZER, POR TUAS PROMESSAS E TUDO O QUE ÉS, EU QUERO TE AGRADECER, COM TODO O MEU SER! TE AGRADEÇO, MEU SENHOR!” (Dennis Jerningan. Versão: Ana Bessa) Todos os outros, de alguma forma, presentes em minha história, sintam-se abraçados. Família, orientadoras, chefe, professores, funcionários, meu povo dos laboratórios, do grupo de pesquisa, das classes, da vida: muito obrigado! É NA MUDANÇA QUE ENCONTRAMOS UM OBJETIVO. HERÁCLITO DE ÉFESO O MUNDO DETESTA MUDANÇAS E, NO ENTANTO, É A ÚNICA COISA QUE TRAZ PROGRESSO. CHARLES FRANKLIN KETTERING RESUMO A doença periodontal (DP) é uma condição inflamatória crônica, de origem infecciosa, associada à perda dos tecidos de suporte dos dentes. Sua patogênese pode estar associada a doenças sistêmicas, como a artrite reumatóide (AR). A AR é uma doença inflamatória crônica, progressiva, de caráter autoimune, que resulta na destruição articular. DP e AR compartilham inúmeras características e mecanismos patogênicos e, de fato, estudos clínicos indicam que pacientes com AR são acometidos por DP com mais frequência e maior gravidade. Porém esta associação ainda não está bem estabelecida. Sendo assim, os objetivos deste trabalho consistiram em caracterizar a DP induzida ou exacerbada pela AR utilizando modelos experimentais em camundongos. Inicialmente, estabeleceu-se um modelo de artrite crônica induzida por antígeno (albumina de soro bovino metilada) (AIA) e foram avaliados parâmetros articulares, periodontais e sistêmicos. Concomitantemente à lesão articular, observou-se perda óssea alveolar dependente da microbiota oral, associada ao aumento da expressão de TNF-α, IL-1β, IFN-γ, IL-6 na maxila, do fator de transcrição RORγ no linfonodo cervical, de anticorpos séricos anti-colágeno tipo I, além de maior reatividade celular ao colágeno tipo I. Também houve melhora dos parâmetros articulares, orais e séricos avaliados na AIA após tratamento com uma terapia anti-TNF-α. Posteriormente, associou-se o modelo experimental de AIA a um modelo de DP induzida por Aggregatibacter actinomycetemcomitans, para investigar a influência da AIA sobre a DP já estabelecida. A AIA exacerbou a perda óssea alveolar induzida por A. actinomycetemcomitans, ao passo que a infecção oral não alterou a lesão articular. Esse processo foi associado ao aumento da expressão do fator de transcrição tBET nos linfonodos cervicais, da citocina IFN-γ na maxila, bem como de níveis significativos de IL-6 no soro. Esta condição também foi melhorada após terapia anti-TNF-α. Desta forma, conclui-se que a AIA experimental induz sinais de DP e exacerba a perda óssea alveolar desencadeada por A. actinomycetemcomitans. Essas alterações periodontais são dependentes da microbiota oral e são atenuadas por uma terapia anti-TNF-α. Palavras-chave: Artrite, Doença Periodontal, TNF-α, Microbiota Oral. ABSTRACT Periodontal disease (PD) is a chronic infectious and inflammatory condition of the tooth supporting tissues, whose pathogenesis may be associated to systemic conditions, such as rheumatoid arthritis (RA). RA is a chronic systemic auto-immune inflammatory disorder, which triggers joint lesions. PD and RA share several pathogenic features and, indeed, clinical studies have suggested that RA patients are more likely to experience PD more frequently and intensively. Nevertheless, this association is not well understood. Therefore, the aim of the current study was to characterize the PD induced or exacerbated by RA, using experimental models in mice. Initially, a mouse model of chronic antigen-induced arthritis (AIA) was established and joint, periodontal and systemic parameters were evaluated. Concomitantly to joint lesion, there was significant alveolar bone loss, which was dependent on oral microbiota and was associated to enhanced expression of TNF-α, IL-1β, IFN-γ, IL-6 in maxillae, the transcription factor RORγ in submandibular lymph node, serum anti-collagen I IgG, besides increased cell reactivity to this protein. Joint, oral and serum conditions triggered by AIA were ameliorated by treatment with an anti-TNF-α therapy. Subsequently, the experimental AIA model was associated to a model of Aggregatibacter actinomycetemcomitans- induced PD, in order to investigate the influence of AIA on established PD. AIA exacerbated the alveolar bone loss triggered by A. actinomycetemcomitans, although the oral infection did not influence joint lesion. This process was associated to enhanced expression of the transcription factor tBET in submandibular lymph nodes, higher release of IFN-γ in maxillae, as well as the production of significant serum levels of IL- 6. This condition was also ameliorated by an anti-TNF-α therapy. In conclusion, experimental AIA induces signs of PD and exacerbates A. actinomycetemcomitans- induced alveolar bone loss. These periodontal imbalances are dependent on oral microbiota and are attenuated by an anti-TNF-α therapy. Keywords: Arthritis, Periodontal Disease, TNF-α, Oral Microbiota. SUMÁRIO LISTA DE ABREVIATURAS .................................................................................... 9 1 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................. 10 1.1 A doença periodontal .......................................................................................... 10 1.1.1 Patogênese da DP .............................................................................................. 11 1.1.2 Modelos experimentais de DP ............................................................................ 12 1.2 A artrite reumatóide ........................................................................................... 13 1.2.1 Patogênese da AR .............................................................................................. 13 1.2.2 Modelos experimentais de AR ............................................................................. 15 1.3 Artrite reumatóide x doença periodontal ...........................................................15 1.3.1 Correlação entre AR e DP .................................................................................. 18 2 ARTIGO CIENTÍFICO 1 ...................................................................................... 22 3 ARTIGO CIENTÍFICO 2 ...................................................................................... 38 4 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 68 5 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 76 6 PERSPECTIVAS ................................................................................................... 77 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 78 ANEXO: Protocolo de aprovação CETEA/UFMG ................................................. 87 LISTA DE ABREVIATURAS AIA Artrite induzida por antígeno AR Artrite reumatóide DP Doença periodontal FoxP3 Forkhead box P3 FR Fator reumatóide GATA Guanine-Adenine-Thymine-Adenine - Fator de transcrição com capacidade se ligar à sequência de DNA GATA HLA Human leukocyte antigen IFN-γ Interferon-γ IL- Interleucina- LN Linfonodo mBSA Albumina de soro bovino metilada MPO Mieloperoxidase NAG N-acetilglicosaminidase RANKL Ligante do Receptor Ativador do Fator Nuclear (NF)-κB RORγ Retinoic acid-related orphan receptor gamma tBET T-box expressed in T cells TNF-α Fator de necrose tumoral-α 1 REFERENCIAL TEÓRICO 1.1 A doença periodontal A doença periodontal (DP) é uma condição inflamatória crônica e destrutiva das estruturas de sustentação dos dentes – osso alveolar, ligamento periodontal, cemento e gengiva. A DP é uma das causas mais significativas de perda dental em adultos, além de ser considerada uma das formas mais prevalentes de doença que afeta estruturas ósseas em humanos (BAKER, 2000). Essencialmente, a DP é uma doença de origem infecciosa, desencadeada pelo acúmulo de bactérias predominantemente anaeróbias Gram-negativo na região subgengival, o que induz uma cascata inflamatória e estimula a destruição tecidual mediada pelo próprio hospedeiro. Na ausência de tratamento, essa destruição progressiva do ligamento periodontal e osso alveolar pode levar à formação de bolsas periodontais e retração gengival, podendo evoluir até a perda dos dentes (PAGE et al., 1997; SANZ; WINKELHOFF, 2011). Estudos epidemiológicos indicam que uma grande porcentagem da população mundial adulta é afetada significativamente por algum tipo de DP, sendo a periodontite crônica uma doença prevalente na população idosa. Apesar disso, é comum encontrar DP crônica entre indivíduos de diferentes faixas etárias (ALBANDAR, 2005). Estimativas indicam que aproximadamente 25-48% dos norte-americanos e mais de 30% dos indivíduos adultos do Reino Unido têm periodontite crônica, e valores similares ou maiores que esses já foram relatados em outras populações. No Brasil, uma recente avaliação epidemiológica, realizada em 2010, indicou que cerca de metade da população adulta do país apresenta sangramento gengival e cálculo dentário e que aproximadamente 30% dela possui bolsas periodontais em uma ou mais regiões da boca (BRASIL, 2011). Sendo assim, as DPs representam importantes questões socioeconômicas e de saúde pública em âmbito mundial (ALBANDAR, 2005; BRASIL, 2011; MORRIS et al., 2001; WILLIAMS, 1990). O impacto da DP nas populações se deve não apenas à perda dos dentes. Estudos sugerem que pessoas com DP avançada podem ser até duas vezes mais susceptíveis a doenças cardiovasculares do que pessoas sem DP (ALMAN et al., 2011; PAQUETTE, 2004). Infecções orais maternas também podem constituir fatores de risco para complicações na gravidez, tais como o nascimento de bebês prematuros (MADIANOS; Referencial Teórico 11 BOBETSIS; KINANE, 2002). A relação entre a DP e outras condições inflamatórias, como a artrite reumatóide, também parece ser significativa, sendo que indivíduos com artrite tendem a apresentar lesão periodontal mais frequentemente e com maior gravidade que indivíduos sem artrite. Entretanto, os mecanismos dessa relação ainda não são bem compreendidos (DE PABLO et al., 2009; MERCADO et al., 2001). 1.1.1 Patogênese da DP A DP crônica apresenta etiologia bacteriana com padrão complexo, existindo uma variedade de microrganismos responsáveis por seu desencadeamento e outros por sua progressão. Embora a DP tenha agentes etiológicos já identificados, como Porphyromonas gingivalis, Tannerella forsythensis e Aggregatibacter actinomycetemcomitans, a resposta do hospedeiro a esses microrganismos periodontopatogênicos desempenha papel importante no desenvolvimento da doença (PAQUETTE; WILLIAMS, 2000; SANZ; WINKELHOFF, 2011). As bactérias presentes nos tecidos subgengivais desencadeiam uma resposta inflamatória associada à destruição tecidual. A interação entre o crescente número de microrganismos e de seus fatores de virulência com o epitélio gengival induz a expressão de moléculas de adesão celular e a liberação de mediadores inflamatórios. Em conseqüência disso, células como leucócitos polimorfonucleares, linfócitos, macrófagos e mastócitos migram para o periodonto para interagir com os agentes patogênicos. De fato, tanto as células recrutadas quanto as células residentes liberam mediadores que, se não conseguirem impedir a progressão do processo infeccioso, perpetuarão a condição inflamatória local e contribuirão para a destruição dos tecidos periodontais (CHAPPLE, 1997; LEE et al., 1995; KINANE; PRESHAW; LOOS, 2011; LOHINAI et al., 1998). Dentre os inúmeros mediadores inflamatórios envolvidos nessa resposta periodontal, as citocinas estão entre os mais relevantes. Algumas citocinas, como IL (interleucina)-1β, IL-6, IL-8, IFN (interferon)-γ e TNF (fator de necrose tumoral)-α são caracterizadas por sua atividade pró-inflamatória (FENG; WEINBERG, 2006), ao passo que outras, como IL-4 e IL-10, regulam negativamente tal resposta (MENG et al., 2007). Em doenças inflamatórias como a DP, o que ocorre é um desequilíbrio entre os mediadores pró e anti-inflamatórios em favor da inflamação, havendo posteriormente uma tendência de aumento dos mediadores anti-inflamatórios quando o processo se torna crônico (GARLET et al., 2006a; KINANE; PRESHAW; LOOS, 2011). Referencial Teórico 12 Elevados níveis de TNF-α já foram encontrados no fluido crevicular de pacientes com DP, em relação a indivíduos saudáveis, e são indicativos do papel dessa citocina na destruição periodontal (ROSSOMANDO; KENNEDY; HADJIMICHAEL, 1990). Apesar de o TNF-α ser um importante mediador no controle da infecção periodontal, ele também atua sobremaneira na destruição dos tecidos de sustentação dos dentes (GARLET et al., 2006b; GRAVES et al., 2001). De fato, alguns autores já propuseram terapias anti-TNF-α como adjuvantes ao tratamento periodontal convencional para impedir a progressão da DP (ASSUMA et al., 1998; GRAVES et al., 1998; PERS et al., 2008). 1.1.2 Modelos experimentais de DP O estudo da doença periodontal humana apresenta um alto grau de complexidade, o qual é decorrente do grande número de variáveis existentes, como por exemplo hábitos dos pacientes (fumo, consumo de álcool), uso de medicamentos, fatores genéticos, microbiota, entre outros. Por isso, a utilização de modelos experimentais, capazes de reproduzir aspectos bem definidos da doença, é útil para desvendar mecanismos e propor novas estratégias terapêuticas para a DP (GENCO; VAN DYKE; AMAR, 1998). Frequentemente,os roedores são os animais de escolha para os estudos de DP experimental, pois eles são fáceis de manusear, têm características genéticas determinadas, apresentam sistema imune bem estudado e são susceptíveis à indução da dos sinais da doença. Nesses animais, a indução dos sinais de DP pode ser realizada, por exemplo, pela introdução experimental de periodontopatógenos na cavidade bucal. Este modelo experimental de DP por inoculação oral de microrganismos é simples de ser reproduzido, é bem estabelecido na literatura e apresenta vantagens: a DP é induzida por um periodontopatógeno conhecido, o tempo de infecção é preciso e não há necessidade do uso de ligaduras, o que permite o estudo dos efeitos induzidos pelos microrganismos sem a interferência de um elemento estranho aos tecidos. Além disso, esse modelo possibilita que importantes parâmetros da DP, tais como cinética de perda óssea, caracterização dos tipos celulares e mecanismos inflamatórios envolvidos, possam ser avaliados (GARLET et al., 2006a, b; MADEIRA, 2008). Referencial Teórico 13 1.2 A artrite reumatóide Uma condição de grande relevância na clínica médica é a artrite reumatóide (AR), uma doença destrutiva das articulações cujos relatos de existência acompanham a história da humanidade. Os conceitos atuais descrevem a AR como uma doença inflamatória crônica, sistêmica e progressiva, de caráter autoimune, que acomete articulações diartrodiais simetricamente ao induzir proliferação da membrana sinovial, erosão da cartilagem articular, infiltrado de células inflamatórias nos espaços periarticulares e destruição óssea (CULSHAW; MCINNES; LIEW, 2011; FIRESTEIN, 2003; SCOTT; WOLFE; HUIZINGA, 2010). Estimativas epidemiológicas indicam que a AR afeta cerca de 0,5-1% de toda população do mundo industrializado e leva comumente a índices significativos de incapacidade funcional e, consequentemente, a uma pior qualidade de vida. A AR é duas a três vezes mais frequente em mulheres e pode se iniciar em qualquer idade, apesar de que o pico de incidência ocorre entre a quarta e sexta décadas de vida (GABRIEL, 2001; NEOVIUS et al., 2011). A AR é uma condição potencialmente incapacitante e, só nos Estados Unidos, estima-se que o custo com despesas médicas e com queda de produtividade no trabalho relacionados à AR tenha ultrapassado os 65 bilhões de dólares nos últimos anos. E, com o aumento significativo da expectativa de vida em todo o planeta, existe uma tendência de avanço nesses gastos (ELDERS, 2000; NEOVIUS et al., 2011; PUGNER et al., 2000). 1.2.1 Patogênese da AR A AR é uma doença em que um “gatilho imunológico” desencadeia um processo inflamatório e leva a sinais e sintomas clínicos como edema, dor articular, destruição da cartilagem e osso. Apesar dos inúmeros estudos sobre AR ao longo da história da ciência, esse fator de desencadeamento da doença ainda parece ser uma incógnita. Existem evidências de que agentes infecciosos, predisposição genética ou outras condições induzam uma resposta inflamatória com formação de autoanticorpos que caracterizam a AR (CULSHAW; MCINNES; LIEW, 2011; SCOTT; WOLFE; HUIZINGA, 2010; SMOLEN; STEINER, 2003). A inflamação articular tem início na membrana sinovial, presente na camada interna da cápsula articular e formada por sinoviócitos que secretam o líquido sinovial. Referencial Teórico 14 Na sinóvia reumatóide, ocorre uma hiperplasia dessa camada de células, paralelamente a uma migração de linfócitos T e mastócitos na camada sub-sinovial, além de um rico infiltrado neutrofílico, predominantemente, no líquido sinovial. Esse quadro, por sua vez, provoca um aumento na produção de mediadores pró-inflamatórios, em detrimento dos anti-inflamatórios, que culmina na erosão da cartilagem e osso e perpetuação da AR (BINGHAM, 2002; FIRESTEIN, 2005; SCOTT; WOLFE; HUIZINGA, 2010; SMOLEN; STEINER, 2003). Dentre os mediadores inflamatórios, assim como na DP, as citocinas exercem papéis fundamentais na patogênese da AR. Em condições fisiológicas, a atuação das proteínas pró-inflamatórias é contrabalanceada por mediadores com atividade anti- inflamatória, como IL-4, IL-10 e antagonista do receptor de IL-1 (IL-1ra). Nas articulações artríticas, entretanto, o balanço favorece as citocinas pró-inflamatórias, como IL-1β, TNF-α, IL-6, IL-8 e IFN-γ (CULSHAW; MCINNES; LIEW, 2011; FIRESTEIN, 2005; SCOTT; WOLFE; HUIZINGA, 2010). De grande relevância parece ser o fator de necrose tumoral-α (TNF-α) (CANETTI et al., 2001; FIRESTEIN; ALVARO-GARCIA; MAKI, 1990; SZEKANECZ et al., 2000). Amplamente identificado nos tecidos sinoviais de pacientes com AR, o TNF-α induz alterações que se correlacionam diretamente com a progressão da doença (CHU et al., 1991). Essa citocina participa ativamente da migração e ativação celular nessa condição inflamatória, o que resulta na liberação de enzimas proteolíticas e outras citocinas, i.e. IL-1β, IL-6, IL-8, além de estimular a proliferação dos sinoviócitos e induzir a formação de pannus (BRENNAN et al., 1989; GRIMBACHER et al., 1998). Em modelos experimentais, o TNF-α induz sinais de artrite quando é injetado na articulação de animais de experimentação (SAEZ-LLORENS et al., 1991) e camundongos que superexpressam essa citocina apresentam sinais de AR espontaneamente (KEFFER et al., 1991). Frente a evidências como essas, a estratégia de neutralização de citocinas como forma de tratamento de pacientes com AR passou com sucesso da ciência básica para a clínica médica, o que representou um grande avanço nos últimos dez anos. O infliximab – o primeiro bloqueador de TNF-α a ser utilizado clinicamente – e o adalimumab são anticorpos anti-TNF-α que bloqueiam a interação dessa citocina com seu receptor. Outro bloqueador dessa citocina de uso clínico aprovado é o etanercept, uma proteína de fusão que atua como receptor solúvel de TNF-α (LIPSKY et al., 2000; WEINBLATT et al., 1999, 2003). Referencial Teórico 15 Apesar dos bons resultados clínicos, as terapias anti-TNF-α são completamente eficazes apenas em cerca de 40% dos pacientes – provavelmente devido ao envolvimento de outros mecanismos. Assim, a recomendação atual é que essas terapias sejam utilizadas, primordialmente, em pacientes que não respondam bem às terapias convencionais (antiinflamatórios não esteroidais, esteroidais e fármacos antirreumáticos modificadores da doença, como o metotrexato) (FIRESTEIN, 2003; SCOTT; WOLFE; HUIZINGA, 2010; SMOLEN; STEINER, 2003). 1.2.2 Modelos experimentais de AR Grande parte dos avanços observados nos estudos sobre fármacos com potencial terapêutico para AR decorreram do uso de modelos experimentais, pois estes permitem entender com detalhes os mecanismos, tipos celulares e mediadores relacionados ao desenvolvimento da doença (KEFFER et al., 1991; PEARSON; WOOD, 1963; WENGNER et al., 2007). Entre os modelos experimentais de AR mais utilizados na literatura está o de artrite induzida por antígeno-adjuvante. Neste modelo, a albumina de soro bovino metilada (mBSA) é utilizada como antígeno protéico associada a adjuvante completo de Freund, o que induz uma resposta imune mediada por células T na presença desse antígeno e desencadeia um quadro histopatológico caracterizado por intenso infiltrado inflamatório, exsudato articular, formação de pannus na articulação desafiada e presença de nódulos linfóides no processo crônico da doença. Ou seja, há uma similaridade das manifestações clínicas, da natureza imunológica da patogênese da doença e da eficácia dos agentes terapêuticosentre o modelo experimental e a condição humana, o que fornece uma alternativa valiosa para o estudo dos mecanismos da AR (HEGEN et al., 2008; PEARSON; WOOD, 1963; SANTOS et al., 2001; THORBECKE et al., 1992; WENGNER et al., 2007). 1.3 Artrite reumatóide x doença periodontal A similaridade entre os mecanismos patogênicos de DP e AR há muito desperta o interesse na pesquisa sobre a associação entre essas condições. Alguns autores chegam, inclusive, a colocar a hipótese de que elas seriam manifestações distintas de uma única doença: “de fato, a periodontite crônica e a artrite reumatóide têm muita coisa em Referencial Teórico 16 comum, tanta coisa que eu me questiono se, na realidade, elas não seriam uma mesma doença” (GREENWALD; KIRKWOOD, 19991, citado por BARTOLD; MARSHALL; HAYNES, 2005). Desde os anos 60, há estudos que indicam que pacientes com AR apresentam maiores índices de perda óssea alveolar e edentulismo quando comparados a indivíduos saudáveis (LIUBOMOROVA, 1964; MALMSTROM; CALONIUS, 19752, citado por MERCADO et al., 2001). No entanto, paralelamente, outros autores apresentavam dados opostos, em que a DP não parecia ser uma característica proeminente em pessoas com AR (HELMINEN-PAKKALA, 19713, citado por BARTOLD; MARSHALL; HAYNES, 2005). A literatura científica era, até então, controversa no tocante à relação DP e AR. As hipóteses colocadas para explicar a relação entre as duas doenças apontavam mais para a potencial deficiência motora, o componente emocional e a conseqüente higienização oral insatisfatória dos pacientes artríticos, do que para uma convergência de mecanismos patogênicos (ARNEBERG et al., 1991; PERSSON; BERGLUND; SAHLBERG, 1999). Entretanto, um estudo que avaliou especificamente a higiene oral de indivíduos artríticos não indicou diferenças significativas no controle de placa bacteriana desses pacientes após o uso de diferentes métodos de escovação dental (RISHEIM; KJAERHEIM; ARNEBERG, 1992). Mais recentemente, os trabalhos científicos praticamente não apontam a possível deficiência de higiene oral como o fator de associação entre AR e DP. Diversos estudos populacionais mostram que não existem diferenças significativas entre os índices de placa de pacientes com e sem AR (HAVEMOSE-POULSEN et al., 2006; KÄBER et al., 1997; MERCADO et al., 2001; MIRANDA et al., 2003). Em um estudo recente, Pischon et al. (2008) avaliaram a prevalência de DP em indivíduos com AR e detectaram que o risco de pacientes artríticos apresentarem DP era quase 6 vezes maior que o de pacientes sem AR, e que a deficiência de higienização oral apresenta pouca influência nessa correlação. Além disso, os autores mostraram que a associação entre AR e DP era maior que as interações já bem estabelecidas entre fumo, consumo de álcool e obesidade versus DP. Observou-se ainda que a AR se 1 GREENWALD, R. A.; KIRKWOOD, K. Adult periodontitis as a model for rheumatoid arthritis with emphasis on treatment strategies. J. Rheumatol., v. 26, p. 1650-1653, 1999. 2 MALSTROM, M.; CALONIUS, P. E. B. Teeth loss and inflammation of teeth supporting tissues in rheumatoid disease. Scand. J. Rheumatol., v. 4, p. 49-55, 1975. 3 HELMINEN-PAKKALA, E. Periodontal conditions in rheumatoid arthritis. A clinical and reontological investigation. Part two. The study in rheumatoids. Proc. Finnish Dental Soc., Sup. IV, p. 1-108, 1971. Referencial Teórico 17 relacionava à periodontite independentemente de características demográficas e de estilo de vida (idade, sexo, grau de escolaridade, fumo, consumo de álcool). Em um estudo experimental em ratos, Ramamurthy et al. (2005) demonstraram que a indução de artrite por adjuvante nesses roedores é capaz de desencadear uma significativa perda óssea alveolar, mobilidade dentária, bem como aumento dos níveis gengivais de IL-1β e de TNF-α. De modo similar, também já foi mostrado que ratos transgênicos, superexpressando alelos associados à AR, HLA-B27, apresentam, além da artrite, uma perda óssea periodontal significativa (TATAKIS; GUGLIELMONI, 2000). Mais recentemente, outros dois estudos apoiaram a hipótese de que a relação entre AR e DP decorre dos mecanismos imunopatogênicos semelhantes das duas doenças. Trombone et al. (2010) mostraram, em linhagens de camundongos selecionados geneticamente, que um genótipo hiper-inflamatório é essencial para que a AR agrave os sinais de DP induzida por bactéria. Park et al. (2011) demonstraram, por meio de ensaios in vitro, que células obtidas de osso alveolar de camundongos com AR induzida por colágeno apresentavam maior atividade osteoclástica e menor atividade de formação óssea, e esses achados foram associados à maior perda óssea alveolar nesses camundongos. Sendo assim, as evidências atuais apontam que a interação entre AR e DP deve ocorrer, predominantemente, pela convergência e semelhança dos mecanismos patogênicos das duas doenças em indivíduos susceptíveis. No entanto, essas interações ainda não estão bem definidas. De modo interessante, a relação inversa, isto é, DP induzindo AR, apesar de menos freqüente, também tem sido relatada (AL-KATMA et al., 2007; DE PABLO et al., 2009). Essa relação parece estar intimamente associada a um periodontopatógeno em particular, Porphyromonas gingivalis, pois essa bactéria expressa a enzima peptidil arginina deaminase, que é responsável pela citrulinação pós-traducional de antígenos peptídicos em resíduos de arginina. Teoricamente, em pacientes com DP, esse processo pode gerar fatores imunogênicos sistêmicos, potencialmente capazes de desencadear uma perda de auto-tolerância e, consequentemente, AR (CANTLEY et al., 2011; DE PABLO et al., 2009). Um recente estudo experimental realizado por Cantley et al. (2011) indicou que, na presença de uma grande carga bacteriana de P. gingivalis, os sinais de artrite em camundongos podem ser agravados. Em contrapartida, estudos envolvendo outros microrganismos, como o A. actinomycetemcomitans, não detectaram a capacidade de a DP influenciar do desenvolvimento da AR (TROMBONE et al., 2010). Também já foi mostrado que o controle da infecção periodontal pode reduzir a Referencial Teórico 18 avaliação subjetiva de pacientes quanto à intensidade dos sinais de AR, apesar de a microbiota não ter sido caracterizada (AL-KATMA et al., 2007). Deste modo, este é um aspecto que também precisa ser estudado. 1.3.1 Correlação entre AR e DP Embora a DP seja considerada uma doença primariamente infecciosa e a AR uma doença autoimune, a patogênese dessas condições apresenta diversos mecanismos comuns que poderiam caracterizar a AR como moduladora da resposta imune/inflamatória no periodonto do hospedeiro, capaz de aumentar a susceptibilidade à DP destrutiva em adultos e vice-versa (BARTOLD; MARSHALL; HAYNES, 2005; CULSHAW; MCINNES; LIEW, 2011). De acordo com De Pablo et al. (2009), o modelo conceitual de interação entre as doenças poderia ser caracterizado amplamente por vias causais, em que a AR seria um fator causal de DP, induzindo uma maior incidência e progressão da periodontite em indivíduos artríticos, e vice-versa, e por vias não-causais, em que fatores ambientais e do hospedeiro aumentariam a susceptibilidade a ambas doenças. Em consonância com a via causal, Golub et al. (2006) propuseram um modelo hipotético denominado two-hit model. Neste modelo, os autores sugerem que, em um ambiente “favorável” como a boca com seus produtos microbianos gerados pelo biofilme subgentival (primeiro hit), doençassistêmicas envolvendo destruição óssea, como a AR, podem se “comunicar” com o tecido periodontal (segundo hit), para co-induzir, não apenas exacerbar, a DP, mesmo na ausência de periodontopatógenos clássicos. Apesar da falta de evidências, essas são as hipóteses mais aceitas atualmente para explicar a relação entre DP e AR. Estudos de comparação entre os perfis de expressão gênica de citocinas de pacientes com AR e/ou com DP indicam que o componente genético pode ter um importante papel na interação entre essas doenças (HAVEMOSE-POULSEN et al., 2005; SORENSEN et al., 2008; TROMBONE et al., 2010). Relata-se, por exemplo, que mais de 50% das variações nas diversas características da periodontite crônica podem ser explicadas por fatores genéticos, tais como o polimorfismo do grupo de genes da interleucina-1β (HAVEMOSE-POULSEN et al., 2007). As fortes associações dos genes HLA (human leukocyte antigen) com a AR – genes que constituem fatores de risco de cerca de 30% para a doença – também parecem ter alguma influência sobre o Referencial Teórico 19 desencadeamento e progressão da DP, conforme mostrado em um estudo experimental em ratos transgênicos (TATAKIS; GUGLIELMONI, 2000). Além dos componentes genéticos, existe uma grande similaridade entre os mediadores que induzem a destruição periodontal e articular (CULSHAW; MCINNES; LIEW, 2011). A produção excessiva de espécies reativas de oxigênio (CHAPPLE, 1997), de mediadores inflamatórios lipídicos derivados do ácido araquidônico (OHM et al., 1984), os elevados níveis de enzimas derivadas de neutrófilos (LEE et al., 1995), de citocinas pró-inflamatórias como o TNF-α (NISSON; KOPP, 2008), de metaloproteinases de matriz e de fatores de ativação de osteoclastos, além dos baixos níveis de citocinas anti-inflamatórias, como IL-4 e IL-10, e de inibidores teciduais de metaloproteinases, que são encontrados nos tecidos periodontais doentes (GARLET et al., 2006a), caracterizam também os tecidos articulares inflamados (FIRESTEIN, 2005; SMOLEN; STEINER, 2003). Sendo assim, o perfil da resposta imunológica observada na AR, capaz de gerar alterações locais e sistêmicas, teria potencial para fazer com que pacientes artríticos, na presença de patógenos periodontais, apresentassem uma maior susceptibilidade à DP (DE PABLO et al., 2009; MERCADO et al., 2001). Outras evidências corroboram ainda mais essas hipóteses. Por diversas razões, incluindo o processo inflamatório em si, a AR induz, frequentemente, uma perda óssea sistêmica generalizada (WOOLF, 1991). Isso decorre de um aumento na osteoclastogênese (WALSH et al., 2005), bem como de uma diminuição das atividades físicas do paciente e do uso de fármacos com potencial para causar osteoporose, como os anti-inflamatórios esteroidais (WALSH et al., 2005). Essas condições, por sua vez, podem ter um impacto sobre a saúde periodontal. A relação entre o chamado fator reumatóide (FR) e a DP também parece contribuir para a explicação da interação AR e DP. O FR, autoanticorpos contra determinantes antigênicos no fragmento Fc de IgG, é encontrado no soro, fluido sinovial e membrana sinovial de pacientes com AR e é um dos marcadores que caracterizam a doença (FIRESTEIN, 2005). Entretanto, apesar de estar caracteristicamente relacionado à AR, o FR já foi detectado na gengiva, saliva e soro de pacientes com DP, com e sem AR (THÉ; EBERSOLE, 1991). Apesar da existência de inúmeros achados que confrontam as semelhanças e diferenças entre os mediadores relacionados à AR ou à DP, ainda se conhece muito pouco sobre as influências de uma doença sobre a outra, ou sobre as conseqüências do Referencial Teórico 20 processo autoimune sobre a condição inflamatória de natureza infecciosa. A grande maioria dos estudos que avaliam DP e AR concomitantemente são estudos populacionais, muitas vezes retrospectivos, transversais, baseados apenas em observações clínicas, radiográficas, história pregressa e relatos de pacientes (KÄBER et al., 1997; MERCADO et al., 2001; MIRANDA et al., 2003; PISCHON et al., 2008). Apesar da relevância, muitas vezes os achados obtidos nesses trabalhos são limitados, pois a avaliação da cinética de progressão das doenças, a caracterização histológica e citológica, a determinação dos tipos de mediadores e mecanismos associados ao desenvolvimento da AR e da DP simultaneamente, e a determinação da influência sistêmica de uma condição sobre a outra se tornam difíceis em humanos. Além disso, as grandes chances de viés decorrentes da origem dos indivíduos que participam de estudos como esses, i.e. indivíduos controles recrutados em hospitais, podem resultar na super ou subestimação da associação entre AR e DP (DE PABLO et al., 2009). Outro fator que dificulta a interpretação dos resultados de pesquisas em humanos é o uso das terapias antiartrite pelos pacientes. Como os tratamentos não podem ser interrompidos e como os fármacos utilizados geralmente têm atividade anti- inflamatória, as relações entre as doenças e os mecanismos envolvidos muitas vezes são mascarados (ISHI et al., 2008). Em virtude disso, justifica-se o uso de modelos experimentais de AR e DP, já bem estabelecidos na literatura, a fim de se conhecer mais sobre a cinética das interações entre essas doenças, bem como sobre os efeitos de estratégias terapêuticas anti-artrite na DP associada. Os modelos experimentais possibilitam reproduzir as principais características das doenças, intervir sobre elas e analisá-las em diferentes estágios de suas progressões (GARLET et al., 2006a; WENGER et al., 2007). Deste modo, sabendo-se que: (1) AR e DP estão entre as formas mais prevalentes de doenças inflamatórias crônicas indutoras de perda óssea em humanos (BAKER, 2000; CULSHAW; MCINNES; LIEW, 2011; GABRIEL, 2001; WILLIAMS, 1990); (2) Diversos estudos sugerem que indivíduos que apresentam AR são mais susceptíveis a desenvolverem DP, tanto em maior frequência quanto com maior gravidade (BARTOLD; MARSHALL; HAYNES, 2005; CULSHAW; MCINNES; LIEW, 2011; DE PABLO et al., 2009; MERCADO et al., 2001); (3) Existem poucas evidências experimentais que caracterizam a interação entre DP e AR; Referencial Teórico 21 (4) E que entender essa interação tem uma grande relevância clínica, o presente estudo objetiva caracterizar a DP induzida ou exacerbada pela artrite, utilizando modelos experimentais bem estabelecidos na literatura. Em um primeiro momento, estabeleceu-se um modelo de artrite crônica induzida por antígeno (albumina de soro bovino metilada) (AIA) em camundongos e avaliaram- se parâmetros articulares, periodontais e sistêmicos. Posteriormente, associou-se o modelo experimental de AIA a um modelo de DP induzida por Aggregatibacter actinomycetemcomitans, para investigar a influência da AIA sobre a DP já estabelecida. 2 ARTIGO CIENTÍFICO 1 Experimental arthritis triggers periodontal disease in mice: involvement of TNF-α and the oral microbiota Celso M. Queiroz-Junior*†‡, Mila F. M. Madeira†‡, Fernanda M. Coelho‡, Vivian V. Costa†, Rafaela L. C. Bessoni*‡, Larissa F. C. Sousa‡, Gustavo P. Garlet§, Daniele G. Souza†, Mauro M. Teixeira‡, Tarcília A. Silva*‡ *Department of Oral Surgery and Pathology, Faculdade de Odontologia, Universidade Federal de Minas Gerais, Minas Gerais, Brazil; †Department of Microbiology, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais, Minas Gerais, Brazil; ‡Department of Biochemistry and Immunology, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais,Minas Gerais, Brazil; §Department of Biological Sciences, School of Dentistry of Bauru, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brazil. Artigo científico publicado na edição 187, páginas 3821-3830, do periódico The Journal of Immunology. Artigo Científico 1 23 Artigo Científico 1 24 Artigo Científico 1 25 Artigo Científico 1 26 Artigo Científico 1 27 Artigo Científico 1 28 Artigo Científico 1 29 Artigo Científico 1 30 Artigo Científico 1 31 Artigo Científico 1 32 Artigo Científico 1 33 Este trabalho foi classificado no tópico In This Issue da revista The Journal of Immunology, que destaca os 10% melhores trabalhos publicados no periódico, conforme descrito abaixo. Artigo Científico 1 34 Este trabalho também foi alvo de comentários e recomendações, sendo, por isso, classificado como Top 2% do arquivo de publicações em biologia e medicina do Faculty of 1000, como mostrado abaixo. Artigo Científico 1 35 Artigo Científico 1 36 Artigo Científico 1 37 3 ARTIGO CIENTÍFICO 2 Experimental arthritis exacerbates Aggregatibacter actinomycetemcomitans- induced periodontitis in mice Celso Martins Queiroz-Junior*†‡, Mila Fernandes Moreira Madeira†‡, Fernanda Matos Coelho‡, Camila Ribeiro de Oliveira*‡, Luíza Castro Menezes Cândido ‡, Gustavo Pompermaier Garlet§, Mauro Martins Teixeira‡, Daniele da Glória de Souza†, Tarcília Aparecida da Silva*‡ *Department of Oral Surgery and Pathology, Faculdade de Odontologia, Universidade Federal de Minas Gerais, Minas Gerais, Brazil; †Department of Microbiology, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais, Minas Gerais, Brazil; ‡Department of Biochemistry and Immunology, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais, Minas Gerais, Brazil; §Department of Biological Sciences, School of Dentistry of Bauru, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brazil. Artigo científico submetido ao periódico Journal of Clinical Periodontology e avaliado pelos editores e revisores da revista. O trabalho está em revisão para responder as questões apontadas pelos revisores. Artigo Científico 2 39 Experimental arthritis exacerbates Aggregatibacter actinomycetemcomitans- induced periodontitis in mice Celso Martins Queiroz-Junior*†‡, Mila Fernandes Moreira Madeira†‡, Fernanda Matos Coelho‡, Camila Ribeiro de Oliveira*‡, Luíza Castro Menezes Cândido ‡, Gustavo Pompermaier Garlet§, Mauro Martins Teixeira‡, Daniele da Glória de Souza†, Tarcília Aparecida da Silva*‡1 *Department of Oral Surgery and Pathology, Faculdade de Odontologia, Universidade Federal de Minas Gerais, Minas Gerais, Brazil; †Department of Microbiology, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais, Minas Gerais, Brazil; ‡Department of Biochemistry and Immunology, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais, Minas Gerais, Brazil; §Department of Biological Sciences, School of Dentistry of Bauru, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brazil. Running title: Arthritis aggravates periodontitis Keywords: Arthritis, Periodontal Disease, TNF-α, Bone Loss, Experimental Model Conflict of interest and source of funding statement: The authors declare that they have no conflict of interests. This work was supported by Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq, Brazil) and Fundação do Amparo a Pesquisas do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG, Brazil). 1 Corresponding author: Tarcília Aparecida da Silva. Mailing address: Departamento de Clínica, Patologia e Cirurgia Odontológicas, Faculdade de Odontologia, Universidade Federal de Minas Gerais, Av. Presidente Antônio Carlos 6627, CEP 31.270-901, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil. Phone: 55 31 3409-2478 (voice); 55 31 3409-2430 (Fax). E-mail: tarcilia@ufmg.br. Artigo Científico 2 40 Abstract Aim: This study aimed to investigate the influence of chronic antigen-induced arthritis (AIA) on infection-induced periodontitis (PD) in mice. The contribution of TNF-α was also evaluated. Materials and methods: PD was induced in C57BL/6 mice by oral infection with Aggregatibacter actinomycetemcomitans. AIA was induced 30 d after infection. Anti- TNF-α and chlorhexidine treatments were used to investigate the role of TNF-α and oral infection on PD and AIA interaction. Maxillae, knee joints, lymph nodes and serum samples were used for histomorphometric,immunoenzimatic and/or real time-PCR analyses. Results: AIA exacerbated alveolar bone loss triggered by PD infection. In contrast, PD did not influence AIA in the evaluated time point. PD exacerbation was associated with enhanced production of IFN-γ in maxillae and expression of Th1 transcription factor in submandibular lymph nodes. Increased serum levels of IL-6 and C-reactive protein were also detected. Anti-TNF-α and antiseptic therapies prevented the development and exacerbation of infectious-PD by reducing the expression of IFN-γ, TNF-α and IL-17 in maxillae. Conclusions: Altogether, the current results indicate that exacerbation of PD by AIA is prevented by anti-TNF-α therapy and is associated with an alteration of the Th polarization pattern and increased systemic reactivity. Artigo Científico 2 41 Clinical Relevance Scientific rationale for the study: Clinical evidence suggests that PD is more severe in patients with RA. The current study investigated the interaction between PD and RA by assessing immune imbalances triggered by antigen-induced arthritis (AIA) in mice with PD. Principal findings: AIA aggravated alveolar bone loss and inflammation in the maxillae of mice with PD. This exacerbation was associated with functional immune interferences, systemic reactivity to auto-antigens and amelioration by anti-TNF-α therapy. Practical implications: Understanding the interaction between periodontitis and arthritis in a mouse model provides insights for therapeutic strategies to improve the course of periodontal breakdown in RA patients. Artigo Científico 2 42 Introduction Periodontal disease (PD) and rheumatoid arthritis (RA) are some of the most prevalent chronic inflammatory diseases that affect soft and bone structures in humans (Albandar, 2005, Firestein, 2005). Although PD is primarily triggered by infection and RA is an auto-immune disorder, the examination of both conditions indicates a remarkable similarity of their pathogenic features, such as bone resorption, cell infiltration and release of inflammatory mediators, e.g. tumor necrosis factor (TNF)-α, in affected sites (Pablo et al. 2009). These similarities have been suggested to account for the development and exacerbation of RA signs by PD (Ribeiro et al. 2005, Bartold et al. 2010, Cantley et al. 2011) and vice versa, increased PD in patients with RA (Tolo & Jorkjend, 1990, Mercado et al. 2000, Mercado et al. 2001, Pablo et al. 2009). Recently, experimental studies from Bartold et al. (2010) and Cantley et al. (2011) showed that Porphyromonas gingivalis-induced inflammation can promote systemic alterations, which lead to the development and enhancement of arthritis signs in rodents. Inversely, our group (Queiroz-Junior et al. 2011) and others (Tatakis & Guglielmoni 2000, Ramamurthy et al. 2005, Trombone et al. 2010, Park et al. 2011) indicated that arthritis can induce alveolar bone loss in the presence of a non-manipulated oral microbiota. In a model of antigen-induced arthritis (AIA) in mice, we showed that AIA spontaneously triggered signs of PD through induction of T-helper (Th) 17 polarization and systemic hyper-reactivity to auto-antigens, in a TNF-α-dependent manner (Queiroz- Junior et al. 2011). Moreover, collagen-induced arthritis in mice triggered PD by increasing osteoclastic activity (Park et al. 2011). Altogether, these results support a causal hypothesis – RA triggering PD, and vice versa, through systemic immune activation (Pablo et al. 2009) – but the influence of RA on the severity of pre-existent PD has not been addressed yet. Besides an increase in prevalence, several clinical studies suggest greater severity of PD among individuals with RA (Tolo & Jorkjend, 1990, Mercado et al. 2000, Mercado et al. 2001, Havemose-Poulsen et al. 2006, Pischon et al. 2008). Accordingly, in a model of experimental arthritis induced by systemic challenge, it was observed exacerbation of infection-induced PD in mice with maximum acute inflammatory reactivity (Trombone et al. 2010). Nevertheless, the mechanisms by which RA exacerbates PD are not well understood. In the current study, we investigated the influence of chronic antigen-induced arthritis (AIA) on Aggregatibacter actinomycetemcomitans-induced PD in mice. We also Artigo Científico 2 43 evaluated the contribution of anti-TNF-α therapy, oral microbiota and systemic imbalances triggered by AIA on this condition. Artigo Científico 2 44 Material and Methods Mice Experimental groups consisted of 6-week-old male C57BL/6 mice housed under standard conditions in the animal facilities of the Department of Microbiology, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais, Brazil. Mice had free access to chow and water. All experiments were performed according to a protocol approved by the local Institutional Committee for Animal Care and Use (protocol number: 165/2009). Experimental periodontitis Infectious periodontal disease (PD) was induced in two groups of mice – with or without experimental arthritis – as described previously (Garlet et al. 2006). Periodontal infection was achieved by oral delivery of 1 x 109 CFU of the periodontopathogen Aggregatibacter actinomycetemcomitans strain FDC Y4 (from the collection of Laboratório de Microbiologia Oral e Anaeróbios [Department of Microbiology, UFMG]) in 100 µL phosphate buffered saline (PBS) with 1.5% carboxymethylcellulose (CMC), on day 0, for 3 alternated days. Oral infection was induced 30 days before arthritis re-challenge. Mice were euthanized 45 days post-infection and maxillae, knee joints, spleen, serum, inguinal and submandibular lymph nodes were collected for analysis. Negative controls included naïve and sham-infected mice. Chronic antigen-induced arthritis Chronic antigen-induced arthritis (AIA) was performed as described earlier (Wengner et al. 2007, Queiroz-Junior et al. 2011). Mice were immunized with subcutaneous 100 µg mBSA (Methylated Bovine Serum Albumin, Sigma-Aldrich, Saint Louis, MO, USA) emulsified in Freund’s complete adjuvant (CFA; Sigma-Aldrich) and further reinforced with mBSA in Freund’s incomplete adjuvant (IFA; Sigma-Aldrich). In parallel, 200 ng of Bordetella pertussis toxin (Calbiochem, La Jolla, CA, USA) was injected (i.p.). These immunizations do not induce any signs of arthritis in mice (Wengner et al. 2007, Queiroz-Junior et al. 2011). Fourteen days after immunization, mice were orally inoculated for PD (day 0), as described above, and first joint-challenged. Subsequently, 30 d later, mice were re-challenged by intra-articular joint injection with mBSA to induce chronic AIA and were euthanized 15 days later (corresponding to 45 days of oral Artigo Científico 2 45 infection). In the group PD, without AIA, mice were immunized but joint challenge with the antigen mBSA was replaced by vehicle. Non-immunized mice, inoculated for PD, were also evaluated but presented no difference from immunized animals. Anti-TNF-α therapy To evaluate the role of TNF-α on PD and AIA interaction, mice were treated with infliximab (Remicade®, Shering-Plough, Kenilwoth, NJ, USA, 10 mg/kg, i.p.), a chimeric monoclonal anti-TNF-α antibody, each 2 days, until the 45th day post-infection(Sachs et al. 2011). Oral anti-microbial therapy To investigate the effects of oral infection on PD and AIA association, two additional groups – PD+CLX and PD+AIA+CLX – were created by topical delivery of 50 µL chlorhexidine (1-chlorhexidine gluconate 0.12%) plus 2% CMC, each 2 days, until the 45th day post-infection (Trombone et al. 2010). Control group received 50 µL aqueous 2% CMC. Morphometric evaluation of maxillae At 45 days of A. actinomycetemcomitans infection, maxillae of 5 mice/group were collected and analyzed as described previously (Garlet et al. 2006, Queiroz-Junior et al. 2011). The palatal faces of maxillae samples were photographed using a stereomicroscope and a digital camera (Kodak EasyShare C743, Kodak, Manaus, Brazil). Quantitative analyzes comprised the measurement of the area between the cemento-enamel junction (CEJ) and the alveolar bone crest (ABC) in the 1st molar using Image J software (NIH, National Institute of Health, Bethesda, MD, USA). In further experiments, the left hemi-maxillae were collected for immunoenzimatic or Real-Time PCR assays. The right hemi-maxillae were histologically processed and three distinct sections of each sample were stained for tartarate resistant acid phosphatase (TRAP, Sigma-Aldrich) for blinded osteoclast counting in the distal alveolar bone adjacent to the 1st molar in 5 consecutive microscopic fields (400x) per section. Knee joint evaluation Artigo Científico 2 46 Knee joints of mice euthanized for maxillae evaluation were also analyzed. Knee cavity was washed with PBS (2 x 5 µL) and total number of leukocytes was counted in a Neubauer chamber. Periarticular tissues were collected for immunoenzimatic assays. Knee joints were also collected for histological evaluation. Samples were processed and stained for H&E or toluidine blue (TB). Two sections per knee joint were scored in a blinded manner for different parameters (severity of synovial hyperplasia, intensity of inflammatory infiltrate and bone erosion) to obtain an arthritis index (range: 0-8) (Williams et al. 2007). TB stained slides were used to estimate joint proteoglycan content as described previously (Urech et al. 2010). Quantification of neutrophil and macrophage enzymes Quantification of the neutrophil enzyme marker myeloperoxidase (MPO) and the macrophage enzyme marker N-acetylglucosaminidase (NAG) was performed as described earlier (Barcelos et al. 2005). MPO and NAG activities in maxillary and knee joint tissues were evaluated by enzymatic reaction, at the absorbance of 450 nm and 405 nm, respectively. Real-time PCR The extraction of total RNA from maxillae, inguinal and submandibular lymph nodes was performed with Trizol reagent (Invitrogen, Rockville, MD, USA) and the cDNA synthesis was accomplished as described earlier (Garlet et al. 2006). Extraction of A. actinomycetemcomitans DNA was performed from maxillary tissues with DNA Purification System (Promega Biosciences Inc., San Luis Obispo, CA, USA). Real-time PCR quantitative mRNA or DNA analyzes were performed in a MiniOpticon system (Bio-Rad, Hercules, CA, USA), using Sybr Green PCR Master Mix (Invitrogen), 100 nM specific primers and 2.5 ng cDNA or 5 ng DNA in each reaction. Primer sequences and reaction properties are depicted in Table 1. For mRNA analysis, the relative level of gene expression was calculated with reference to β-actin using the cycle threshold (Ct) method. DNA levels of A. actinomycetemcomitans were determined using the Ct method and normalized by the tissue weight. Detection of serum anti-collagen I antibodies Estimation of anti-collagen I IgG in serum of mice was determined as described earlier (Van de Velde et al. 2010, Queiroz-Junior et al. 2011). Ninety-six-well microplates Artigo Científico 2 47 were incubated with 20 µg/mL solution of murine collagen I (kind gift of Dr. G. T. Kitten, UFMG). Serum samples (1:2-1:100) were incubated, followed by addition of biotinylated goat anti-mouse IgG (Southern Biotechnology, Birmingham, AL, USA) and streptavidin-peroxidase. OPD (o-phenylenediamine dihydrochloride; Sigma- Aldrich) was the substrate buffer and 1 M H2SO4 the stop buffer. Results are expressed as optical density (O.D.) at the absorbance of 492 nm. Spleen cell cultures The protocol for stimulation of cell cultures with collagen was adapted from Berg et al. (2000). Whole spleen cells from individual mice were harvested 45 days after PD induction and cultured in triplicate in 96-well microplates at 106 cells/mL in the presence of collagen I 15 µg/well, concavalin (Con A) 2 µg/well or culture medium (RPMI, Flow Laboratories, Irvine, Scotland). Culture supernatants were collected 48 h later and TNF-α levels determined by ELISA. ELISA The concentration of interleukin (IL)-1β, IL-6, IL-17, IL-10, interferon (IFN)-γ and tumor necrosis factor (TNF)-α was measured in maxillae, serum and/or splenocytes culture supernatants, using commercially available kits, according to manufacturer instructions (R&D Systems, Minneapolis, MN). The results were expressed as picograms of cytokines (± S.E.M.) normalized for 100 mg tissue or 1 mL of sample. C-Reactive Protein Quantification of C reactive protein (CRP) levels was determined in serum samples of mice using a commercially available agglutination kit according to manufacturer instructions (Labtest Diagnóstica, São Paulo, Brazil). Statistical analysis Data are presented as mean ± SEM and the statistical significance among control, PD, PD+AIA and treated groups was detected by analyses of variance (ANOVA), followed by Newman-Keuls post hoc analysis. Tests were performed with GraphPad Prism 4.0 software (GraphPad Software Inc., San Diego, CA, USA). Results with P<0.05 were considered statistically significant. Artigo Científico 2 48 Results Influence of chronic experimental arthritis on A. actinomycemcomitans-induced periodontal disease Infection with Aggregatibacter actinomycetemcomitans, referred to here as PD, induced alveolar bone loss (Fig. 1a and 1c), increased number of osteoclasts (Fig. 1b and 1d) and enhanced levels of MPO (Fig. 1e) in maxillae 45 days post-infection. AIA alone also triggered significant signs of PD, i.e. alveolar bone loss (0.78 ± 0.02 mm2; p<0.05), increased number of osteoclasts (1.25 ± 0.09 cells/field; p<0.05) and MPO levels (0.33 ± 0.07 relative units; p<0.05), which were similar to the induced by infection. Concomitant induction of PD+AIA significantly exacerbated alveolar bone loss and increased number of osteoclasts when compared with the PD group (Fig. 1a-d), although maxillary levels of MPO were not influenced (Fig. 1e). Infectious PD also triggered the expression of cytokines in maxillae, including TNF-α, IFN-γ, IL-17 and IL-10 (Fig. 2a-d). This was similarly observed in mice with AIA alone, except for IL-10 whose expression was decreased (data not shown). Concomitant induction of AIA in mice with PD enhanced levels of IFN-γ (Fig. 2b) in comparison with mice subjected to PD only but expression of TNF-α, IL-17 and IL-10 (Fig. 2a-d) was not affected. As TNF-α is a key mediator in RA and PD, the role of TNF-α in mediating exacerbated bone loss in animals subjected to PD and AIA was evaluated by using infliximab, a clinically prescribed anti-TNF antibody. Infliximab induced major effects in alveolar bone loss, number of osteoclasts and MPO levels in maxillae (Fig. 1c-e). Moreover, it reduced expression of TNF-α, IFN-γ and IL-17in maxillae in PD and PD+AIA groups (Fig. 2a-c). Aggregatibacter actinomycetemcomitans-induced PD does not interfere with AIA In order to evaluate the influence of PD infection on AIA signs, animals infected or not with A. actinomycetemcomitans were subjected to AIA and indices of joint inflammation were assessed. AIA triggered synovial hyperplasia and infiltration of mononuclear cells in the synovium, as scored in the arthritis index (Fig. 3a), proteoglycan loss in joint cartilage (Fig. 3b), increased leukocyte number in synovial fluid (Fig. 3c) and NAG levels in periarticular tissues (Fig. 3d). These signs were similarly increased when comparing groups without and with PD (AIA and PD+AIA, Artigo Científico 2 49 respectively). A. actinomycemcomitans infection did not induce signs of joint lesion by itself (Fig. 3). Also, no signs of inflammation were observed in the contra-lateral unchallenged joint of mice subjected to AIA or PD+AIA. In addition, the anti-TNF-α therapy decreased joint inflammation triggered by AIA (i.e., it reduced the arthritis index, proteoglycan loss and cell infiltrate) (Fig. 3). Dependence of PD and AIA interaction on oral infection Despite the greater alveolar bone loss (Fig. 1c) and expression of IFN-γ (Fig. 2b) in the group PD+AIA than in the group PD, A. actinomycetemcomitans load in maxillae was similarly increased in both groups (Table 2). Also, A. actinomycetemcomitans load was not affected by the anti-TNF-α therapy (Table 2). Although bacterial load was not influenced by AIA, it was necessary for PD development. Topical oral application of chlorhexidine (CLX) abrogated alveolar bone loss in the groups PD and PD+AIA (PD: 0.84 ± 0.02 mm2 versus PD+CLX: 0.63 ± 0.03 mm2, P<0.05; PD+AIA: 1.01 ± 0.08 mm2 versus PD+AIA+CLX: 0.54 ± 0.04 mm2, P<0.05; mean ± SEM), although it did not influence AIA parameters (data not shown). T-helper transcription factors in submandibular lymph nodes In view of the results indicating that AIA exacerbates PD, but not the opposite, a scenario ameliorated by anti-TNF-α therapy, we next investigated the expression of Th transcription factors in PD and AIA interaction. In submandibular lymph nodes, an increased expression of tBET, GATA3, RORγ and Foxp3 mRNA was associated with PD (Fig. 4). Nevertheless, in the group PD+AIA, the expression of tBET was exacerbated, while GATA3 and Foxp3 mRNA levels were reduced in relation to group PD (Fig. 4a- d). Infliximab decreased the expression of tBET (Fig. 4a) in PD+AIA mice, but it did not affect the other transcription factors (Fig. 4b-d). Regarding inguinal lymph nodes, which drain joint region, PD did not affect the expression of any of the evaluated transcription factors, while in the groups AIA and PD+AIA tBET, GATA3, RORγ and Foxp3 mRNA levels were indistinctly increased. Infliximab therapy reversed this polarization pattern of Th transcription factors, triggered by AIA in inguinal lymph nodes (data not shown). Serum anti-collagen I antibodies Artigo Científico 2 50 We further investigated whether any soluble factor in the serum could account for the exacerbation of PD by AIA. No significant changes in levels of cytokines, including TNF-α, IL-1β, IL-17 and IL-10, were observed in serum of mice with or without AIA, 45 days post-PD-infection (data not shown). Nevertheless, serum levels of IL-6 were markedly increased in the group PD+AIA and this expression was ablated by infliximab (Fig. 5a). Increased serum C-reactive protein levels were detected in PD group (C: 3.14 ± 0.37 versus PD: 6.82 ± 0.13 mg/l; mean ± SEM, P < 0.05), while in the group PD+AIA these levels were even higher (PD+AIA: 11.61 ± 1.31 mg/l, P<0.05). In addition, AIA induced production of anti-collagen I IgG detected in serum and partially reduced by anti-TNF-α treatment (Fig. 5b). Stimulation of whole spleen cell cultures with collagen I enhanced the expression of TNF-α by cells from group PD+AIA, but not by cells from groups C and PD (Fig. 5c). Without stimulus or with ConA, cell cultures responded similarly (data not shown). Artigo Científico 2 51 Discussion Periodontal disease (PD) and rheumatoid arthritis (RA) have remarkably similar pathogenesis and, despite some controversies, emerging evidence suggests that RA might have a direct role in sustaining and aggravating the immune-mediated inflammatory response in established PD and vice versa (Golub et al. 2006, Pablo et al. 2009). Previously, we demonstrated that AIA induces signs of PD through increased systemic reactivity to auto-antigens (Queiroz-Junior et al. 2011). In the current study, we showed that chronic joint AIA exacerbated infection-induced PD in mice, a scenario that was ameliorated by anti-TNF-α therapy, although PD did not influence AIA. This interaction was associated with an altered polarization pattern of Th transcription factors and increased systemic reactivity. The use of microorganisms to study PD in mice is useful and well established in the literature (Garlet et al. 2006, Garlet et al. 2010, Trombone et al. 2010, Cantley et al 2011). Indeed, in the present study, A. actinomycetemcomitans infection triggered signs of PD, including alveolar bone loss, neutrophil infiltration (as indicated by MPO levels) and release of inflammatory cytokines in maxillae. In view of these results, we investigated whether AIA, which was already shown to spontaneously induce signs of PD (Queiroz-Junior et al., 2011), would alter the progression of A. actinomycetemcomitans-induced PD and found that mice challenged for AIA had these signs of PD markedly exacerbated. These findings highlight the evidence that RA aggravates PD not through functional limb disabilities of the patients, but through active immunological imbalances (Mercado et al. 2001, Havemose-Poulsen et al. 2006, Pischon et al. 2008). Arthritis triggers systemic functional immune interferences that may alter host response to periodontopathogens (Pablo et al. 2009, Golub et al. 2006, Trombone et al. 2010). Investigating the mechanisms underlying the influence of AIA on PD severity, we showed that the inflammatory response in maxillae was locally amplified and skewed toward a Th1 response in mice with AIA – increased IFN-γ levels in maxillae and enhanced expression of the Th1 transcription factor tBET in submandibular lymph nodes. The expression of RORγ, related to the Th17 response, although enhanced by infection, was not influenced by AIA. Indeed, Th1 immune response has been associated with the influx of inflammatory cells, production of bone resorptive cytokines and worse RA (Firestein 2005) and PD (Garlet et al. 2006, 2010) prognosis. Artigo Científico 2 52 Along with this pattern, the expression of Foxp3 and GATA-3, transcription factors associated to T regulatory cells and the Th2 response respectively, which are involved in the control of periodontal destruction after infection (Garlet et al. 2010), was reduced in mice with PD+AIA. Besides the interference in the Th polarization pattern, AIA also triggered systemic reactivity in mice with PD. Circulating serum levels of C-reactive protein and the bone resorptive IL-6 were significantly higher after AIA induction in mice with PD, but this increase was not observed in mice with PD or AIA alone (Queiroz-Junior et al. 2011). IL-6 can induce osteoclastogenesis (Liu et al. 2005) and it was alreadysuggested to interfere with periodontal parameters of patients with RA (Bozkurt et al. 2006). These serum mediators may also prime circulating leukocytes, favoring their responsiveness to bacterial stimulus (Golub et al. 2006). Another relevant finding was the production of anti-collagen antibodies triggered by AIA. Auto-antibodies can lead to the formation of immune complexes which may induce the release of tissue degrading enzymes and cytokines (Adkisson et al. 2002, Mullazehi et al. 2006). Indeed, in vitro stimulation of whole spleen cell cultures of PD+AIA mice with collagen I, an important component of periodontium (Havemose-Poulsen et al. 1997), induced the production of TNF-α, not observed in cell cultures of Control and PD groups. These results suggest that the systemic reactivity triggered by AIA can be directed against particular auto-antigens and this may favor periodontal destruction. In contrast, A. actinomycetemcomitans infection induced narrow systemic effects by itself, insufficient to interfere with AIA. These findings differ from some evidences showing that the inflammation triggered by the periodontopathogen P. gingivalis may alter the course of arthritis (Bartold et al. 2010, Cantley et al. 2011). In fact P. gingivalis is supposed to influence PD and RA interaction through active citrullination of host peptides, generating systemic autoantigens that could be involved in the loss of self-tolerance and RA development in the context of untreated PD (Liao et al. 2009). This ability is due to the expression of the enzyme peptidyl arginine deiminase by P. gingivalis, which is not harbored by A. actinomycetemcomitans. Moreover, it is known that, in some conditions, periodontal bacteria can induce transient bacteremia and reach other organs, as it has already been described in arthritic joints, being a potential trigger point of RA (Martinez-Martinez et al. 2009). Nevertheless, as previously characterized, bacterial dissemination to other organs, such as spleen, liver, joints, is not detected in the experimental model of A. actinomycetemcomitans-induced PD in mice (Garlet et al. 2008, Trombone et al. 2010), Artigo Científico 2 53 despite the periodontal colonization, which is in line with our results indicating no signs of inflammation in joints of infected mice without AIA. Therefore, these conditions may have been responsible for the narrow systemic effects triggered by A. actinomycetemcomitans-infection and, consequentely, the discrepancies among the studies. Finally, the prevention of PD and AIA development and exacerbation by the anti-TNF-α therapy, shown in this study, has relevant clinical importance. Anti-TNF-α therapies represented a major breakthrough in the treatment of chronic inflammatory conditions, such as RA (McInnes & Schett, 2007), and they have already been shown to be effective in experimental PD (Assuma et al. 1998, Graves et al. 2001). Here, anti-TNF-α therapy prevented the development and exacerbation of PD by AIA and it was associated with reduction in the expression of bone resorptive cytokines in maxillae and tBET in submandibular lymph nodes. Although infliximab prevented PD exacerbation, the documented side effects of ablating TNF-α activity include increased risk of infections (Smolen et al. 2007), as shown in experimental PD (Garlet et al. 2006). Nevertheless, here infliximab did not influence A. actinomycetemcomitans load in maxillae of PD and PD+AIA groups. Therefore the efficacious use of this therapy seems to be safe to treat RA and avoid the exacerbation of other inflammatory co- morbidities, such as PD. However, in the clinics it is known that more than half of patients do not respond to treatment with complete remission of RA (Firestein 2005). Thus, it is possible that clinical response in the oral cavity may not be complete in patients whose arthritis do not respond to anti-TNF. In these cases, treating oral infection, such as exemplified here with the use of chlorhexidine, may avoid AIA- induced exacerbation of infectious PD. Altogether, the present results indicate that exacerbation of PD by AIA is ameliorated by an anti-TNF-α therapy and is associated with an alteration in the Th polarization pattern, production of anti-collagen antibodies and increased systemic reactivity. Strategies that efficiently treat AIA may restrain the aggravation of PD. Therefore, studies aiming at developing therapeutic strategies directed to specific targets to control host response seem to be the best approach to reduce co-morbidities such as the one involving PD and RA. Artigo Científico 2 54 References Adkison, A. M., Raptis, S. Z., Kelley, D. G. & Pham, C. T. (2002) Dipeptidyl peptidase I activates neutrophil-derived serine proteases and regulates the development of acute experimental arthritis. Journal of Clinical Investigation 109, 363-371. Albandar, J. M. (2005) Epidemiology and risk factors of periodontal diseases. Dental Clinics of North America 49, 517-532. Assuma, R., Oates, T., Cochran, D., Amar, S. & Graves, D. T. (1998) IL-1 and TNF antagonists inhibit the inflammatory response and bone loss in experimental periodontitis. The Journal of Immunology 160, 403-409. Barcelos, L. S., Talvani, A., Teixeira, A. S., Vieira, L. Q., Cassali, G. D., Andrade, S. P. & Teixeira, M. M. (2005) Impaired inflammatory angiogenesis, but not leukocyte influx, in mice lacking TNFR1. Journal of Leukocyte Biology 78, 352-358. Bartold, P. M., Marino, V., Cantley, M. & Haynes, D. R. (2010) Effect of Porphyromonas gingivalis-induced inflammation on the development of rheumatoid arthritis. Journal of Clinical Periodontology 37, 405-411. Berg, L., Rönnelid, J., Sanjeevi, C. B., Lampa, J. & Klareskog, L. (2000) Interferon-γ production in response to in vitro stimulation with collagen type II in rheumatoid arthritis is associated with HLA-DRB1*0401 and HLA-DQ8. Arthritis Research 2, 75- 84. Bozkurt, F. Y., Ay, Z. Y., Berker, E., Tepe, E. & Akkus, S. (2006) Anti-inflammatory cytokines in gingival crevicular fluid in patients with periodontitis and rheumatoid arthritis: a preliminary report. Cytokine 35, 180-185. Cantley, M. D., Haynes, D. R., Marino, V. & Bartold, P. M. (2011) Pre-existing periodontitis exacerbates experimental arthritis in a mouse model. Journal of Clinical Periodontology 38, 532-541. Artigo Científico 2 55 Firestein, G. S. (2005) Immunologic mechanisms in the pathogenesis of rheumatoid arthritis. Journal of Clinical Rheumatology 11, S39-S44. Garlet, G. P., Cardoso, C. R. B., Campanelli, A. P., Ferreira, B. R., Avila-Campos, M. J., Cunha, F. Q. & Silva, J. S. (2006) The dual role of p55 tumour necrosis factor-α receptor in Actinobacillus actinomycetemcomitans-induced experimental periodontitis: host protection and tissue destruction. Clinical and Experimental Immunology 147, 128- 138. Garlet, G. P., Cardoso, C. R. B., Campanelli, A. P., Garlet, T. P., Avila-Campos, M. J., Cunha, F. Q. & Silva, J. S. (2008) The essential role of IFN-γ in the control of lethal Actinobacillus actinomycetemcomitans infection in mice. Microbes and Infection 10, 489-496. Garlet, G. P., Cardoso, C. R., Mariano, F. S., Claudino, M., Assis, G. F., Campanelli, A. P., Avila-Campos, M. J. & Silva, J. S. (2010) Regulatory T cells attenuate experimental periodontitis progression in mice. Journal of Clinical Periodontology 37, 591-600. Garlet, G. P., Cardoso, C. R., Silva, T. A., Ferreira, B. R., Ávila-Campos, M. J., Cunha, F. Q. & Silva J. S.
Compartilhar