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CONCEITOS, PROJETOS E APLICAÇÕES SUMÁRIO 1 - INTRODUÇÃO - O SOL E SUAS CARACTERÍSTICAS PÁGINA 4 2 - O APROVEITAMENTO DO SOL COMO GERAÇÃO DE ENERGIA PÁGINA 9 3 - COMO SE DIVIDEM OS SISTEMAS FOTOVOLTAICOS? PÁGINA 16 4 - BREVE HISTÓRICO PÁGINA 20 5 - OS DEZ PAÍSES QUE MAIS PRODUZEM ENERGIA SOLAR PÁGINA 22 6 - O SISTEMA FOTOVOLTAICO NO BRASIL PÁGINA 27 7 - COMPONENTES PÁGINA 30 8 - OPORTUNIDADES DE MERCADO PÁGINA 35 9 - ELETRICIDADE BÁSICA PÁGINA 36 10 - DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS ON GRID PÁGINA 46 11 - LEGISLAÇÃO, SOLICITAÇÃO DE ACESSO E HOMOLOGAÇÃO DE SISTEMAS CONECTADOS À REDE PÁGINA 60 12 - DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS OFF GRID PÁGINA 76 13 - SISTEMAS HÍBRIDOS PV-DIESEL PÁGINA 87 4 1 - INTRODUÇÃO O Sol e suas características O sol é basicamente uma enorme esfera de gás incandescente, em cujo núcleo acontece a geração de energia através de reações termonucleares. Em função dos gradientes de temperatura e da presença de várias linhas de emissão e absorção encontrados na atmosfera solar, o espectro de emissão Sol pode ser considerado apenas semelhante ao de um corpo negro de aproximadamente 5.800K (5800 Kelvin de temperatura, o equivalente a 5526,85o C). No Sol a energia é liberada a partir de reações termonucleares, onde quatro prótons são fundidos em um núcleo de hélio, com a liberação de energia. Segundo dados da NASA, estima-se que o Sol tenha reserva de hidrogênio, extremamente necessária para alimentar essas reações nucleares, por mais 5 bilhões de anos. 5 Órbita da Terra em torno do Sol, com seu eixo N-S inclinado de um ângulo de 23,45°, indicando as estações do ano no hemisfério Sul. GEOMETRIA SOL-TERRA A terra, em seu movimento anual em torno do Sol descreve uma trajetória elíptica com uma pequena excentricidade. O seu eixo, em relação ao plano normal à elipse, apresenta uma inclinação de aproximadamente 23,45°. Essa inclinação, juntamente com seu movimento de translação, dá origem às estações do ano. Observando-se o movimento aparente do Sol, ao meio dia solar, ao longo do ano, verifica-se que o ângulo entre os seus raios e o plano do Equador varia entre +23,45° em torno do dia 21 de junho (solstício de inverno no hemisfério Sul), e -23,45° em 21 de dezembro (solstício de verão no hemisfério Sul). Este ângulo denominado Declinação Solar, é positivo ao Norte e negativo ao Sul. Nos dias 21 de setembro (equinócio de primavera) e 21 de março (equinócio de outono) os raios solares se alinham com plano do Equador. SOLSTÍCIO DE INVERNO INVERNO SOLSTÍCIO DE VERÃO VERÃO EQUINÓCIO DE OUTONO OUTONO EQUINÓCIO DE PRIMAVERA PRIMAVERA Trópico de Capricórnio Trópico de Câncer Equador 23,45 21/06 21/09 21/03 Translação 21/12 o 8 8 N S 6 Antes de atingir o solo, as características da radiação solar (intensidade, distribuição espectral e angular) são afetadas por interações com a atmosfera, devidas aos efeitos de absorção e espalhamento. Estas modificações são dependentes da espessura da camada atmosférica, também identificada por um coeficiente denominado Massa de Ar (AM, do inglês Air Mass), portanto, do ângulo zenital do sol, da distância Terra-Sol e das condições atmosféricas e meteorológicas. RADIAÇÃO SOLAR O termo “radiação solar” é usado de forma genérica e pode ser referenciado em termos de fluxo de potência, quando é especificamente denominado de irradiância solar, ou em termos de energia por unidade de área, denominado então, de irradiação solar. Existem diversas unidades para se representar valores de radiação solar, especificamente, adotaremos W/m². Radiação Extraterrestre At m os fe ra Absorção Radiação direta Albedo Espalhamento Radiação difusa 7 DISTRIBUIÇÃO DA IRRADIAÇÃO SOLAR MÉDIA DIÁRIA NO MUNDO A figura a seguir mostra a distribuição espacial da irradiância solar média anual (W/m²) que incide sobre a superfície da terra. Esses dados foram estimados a partir de imagens de satélites meteorológicos obtidos no período de 1990 a 2004. Para obter, a partir destes dados, a irradiação solar na base temporal diária média anual em kWh/m2/dia, deve-se multiplicar por 24h. Esse mapa é particularmente útil para os profissionais envolvidos no desenvolvimento e aplicação de tecnologias para converter energia solar em eletricidade. Os projetos de sistemas fotovoltaicos normalmente exigem uma irradiação de no mínimo 3 a 4 kWh/m2/dia (125 a 166W/m² no mapa), valores estes disponíveis para quase todas as áreas entre os trópicos. 8 Veja um comparativo entre a irradiação da Alemanha, que até os dias de hoje é o país que mais investiu em geração de energia fotovoltaica no mundo, e a irradiação do Brasil, país privilegiado com uma excelente irradiação. De acordo com os dois mapas solares ao lado, nota- se que a melhor irradiação na Alemanha é aproximadamente 1150 kWh/m²/ano enquanto no Brasil a pior irradiação é de aproximadamente 1715 kWh/m²/ano. Ou seja, o pior dia de irradiação no Brasil é 33% superior ao melhor dia de irradiação solar da Alemanha. E note: na região do norte do Estado da Bahia, no Brasil, pode-se chegar até 2300 kWh/ m²/ano. Radiação Comparativo 9 2 - O APROVEITAMENTO DO SOL COMO GERAÇÃO DE ENERGIA A energia gerada pelo Sol é inesgotável na escala terrestre de tempo, e o aproveitamento disto tanto como fonte de calor quanto de luz, é hoje uma das alternativas energéticas mais promissoras para prover a energia necessária ao desenvolvimento humano. O Sol é responsável pela origem de praticamente todas as outras fontes de energia na terra. Ou seja, as fontes de energia são, em última instância, derivadas, em sua maioria, da energia do Sol. É a partir da energia do Sol que se dá a evaporação, responsável pela origem do ciclo das águas, que possibilita o represamento e a consequente geração de eletricidade (hidroeletricidade). A radiação solar também induz a circulação atmosférica em larga escala, causando os ventos. Pode-se inferir então que a energia eólica é uma forma indireta de manifestação da energia solar, já que os ventos se formam a partir da conversão da radiação solar em energia cinética, em função de um balanço diferenciado nas diferentes latitudes entre a radiação solar incidente e a radiação terrestre emitida. Petróleo, carvão e gás natural foram gerados a partir de resíduos de plantas e animais que originalmente obtiveram do recurso solar a energia necessária ao seu desenvolvimento. É também através da energia do Sol que a matéria orgânica, como a cana-de-açúcar, realiza a fotossíntese e se desenvolve para, posteriormente, ser transformada em combustível nas usinas. Entretanto, neste material será estudado apenas o que se pode chamar de energia solar direta. O Relatório Especial sobre Fontes Renováveis de Energia e Mitigação da Mudança Climática, publicado pelo IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change), reuniu a energia solar direta em cinco grandes blocos: • Solar passiva: onde está inserida a arquitetura bioclimática; • Solar ativa: onde estão inseridos o aquecimento e a refrigeração solares; • Solar fotovoltaica: para produção de energia elétrica com e sem concentradores, sendo o sem concentradores o objetivo principal deste curso; • A geração de energia elétrica a partir de concentradores solares térmicos para altas temperaturas e; • Um processo inspirado na fotossíntese através do qual um reator alimentado por dióxido do carbono (CO2), água e metal ou óxido metálico, exposto à radiação solar, produz-se hidrogênio, oxigênio e monóxido de carbono. Neste caso, o hidrogênio seria o combustível solar a alimentar células a combustível. 10 SOLAR PASSIVA Princípio: aproveitamento da energia solar, incidência dos raios solares, para aquecimento de edifícios ou prédios, atravésde concepções e estratégias construtivas. Vantagens: o baixo custo de algumas soluções, um bom planejamento e execução pode reduzir em até 40% o consumo de energia. Aplicações: soluções de eficiência energética e de energia solar passiva podem ser aplicadas a qualquer edifício habitacional, de escritórios ou industrial, tendo em conta as questões de projeto e estudo de forma a maximizar este tipo de aproveitamento energético. Um bom exemplo de aplicação são as paredes trombe. Parede trombe: Parede trombe (não ventiladas) não necessitam de manutenção e funcionam como radiadores gratuitos. Possuem a capacidade de acumular calor dos raios solares nos dias de inverno mais frios e de céu limpo e durante a noite transmitir esse calor acumulado para o interior dos espaços. A construção é simples, sendo possível transformar uma parede comum em uma parede trombe. No momento da construção, é crucial observar a posição da parede, pois esta deve estar voltada para a direção que recebe sol durante o inverno. A orientação correta, portanto, varia de acordo com o hemisfério: no hemisfério Sul a parede deve estar voltada para o Norte e vice-versa. Para fazer uma parede de trombe são necessários basicamente uma parede acumuladora e vidros, a constituição simples é um dos principais fatores responsáveis por tornar o sistema barato e viável. Os vidros devem ser posicionados à frente da parede, deixando um espaço entre ambos para que se forme uma caixa de ar. A função do vidro é permitir a entrada da radiação solar e impedir a saída do ar da caixa de ar, para isso é necessário que os vidros sejam vedados, o que geralmente é feito com silicone. É possível utilizar plástico de estufa no lugar do vidro. SOLAR CHIMNEY VERÃO INVERNO TROMBE WALL 11 A parede acumuladora é a peça fundamental do sistema, por isso sua dimensão e sua composição devem ser cuidadosamente calculadas para determinar a inércia térmica ideal. Os materiais constituintes são de fácil acesso como tijolo, betão, pedra ou adobe, sendo a escolha do material feita a partir das características térmicas dos mesmos. A parede deve ser pintada de preto, visando a uma maior absorção da radiação solar a qual será exposta, e devem ser feitas aberturas para termo circulação nas partes inferior e superior da parede, possibilitando correntes de convecção com o ar da caixa de ar, porém, é importante que estas aberturas sejam operáveis para controlar essas correntes. A parede trombe utiliza os três processos de transferência de calor no seu funcionamento: radiação, condução e convecção. Inicialmente a radiação solar (ondas curtas) atravessa o vidro e aquece o muro, cuja radiação emitida de volta (ondas longas) não consegue atravessar o vidro novamente, gerando um “efeito estufa” que aquece o ar contido entre ambos. Esse processo faz com que a parede absorva calor e, consequentemente, ceda-o, aos poucos, para o interior da divisão adjacente por condução, aquecendo paulatinamente o ambiente. As aberturas nas partes de cima e de baixo do muro são responsáveis por permitir o fluxo de ar da caixa de ar para dentro do ambiente que se deseja climatizar e vice-versa, gerando correntes de convecção. Esse é o mecanismo mais sofisticado da parede trombe, pois dá versatilidade ao sistema, tornando-o capaz de aquecer ou arrefecer ambientes. SOLAR ATIVA O Brasil está entre os 10 países que mais utilizam energia solar no mundo. Seu clima e localização são privilegiados o que garante, em média, uma fração solar de 70% (total de dias no ano com insolação suficiente para utilizar o aquecimento solar sem complementação de outra fonte de energia). Segundo dados do Dasol (Departamento Nacional de Aquecimento Solar) da Abrava (Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento), 66% dos sistemas de aquecimento solar instalados no país são utilizados em residências (casas); 17% em piscinas; 9% no setor de serviços; 6% em prédios residenciais e 2% na indústria. A comprovação da economia tanto no custo de construção (oriunda da necessidade de uma rede de eletricidade interna com menor capacidade) como na redução do gasto com energia elétrica, fez com que a CDHU (Companhia de Habitação e Urbanismo do Estado de São Paulo) incluísse a tecnologia como padrão nos projetos habitacionais do estado paulista. ENERGIA SOLAR TÉRMICA Quando se trata de energia solar térmica a atenção se volta para a quantidade de energia que um determinado corpo é capaz de absorver, sob a forma de calor, a partir da radiação solar incidente no mesmo. Conforme o Balanço de Energia Útil publicado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), uma parcela significativa de toda a energia gerada no Brasil é consumida na forma de calor 12 de processo e aquecimento direto. Parte desta demanda poderia ser suprida por energia termo solar, inclusive na forma de pré-aquecimento para processos que demandam temperaturas mais altas. Fica evidente a importância que a energia solar térmica poderia ter no sistema elétrico brasileiro, principalmente quando sabemos que somente com aquecimento doméstico de água para banho, via chuveiro elétrico, são gastos anualmente bilhões de kWh de energia elétrica que poderiam ser supridos com aquecedores solares, com vantagens socioeconômicas e ambientais. Mais grave ainda é o fato de que quase toda essa energia costuma ser consumida em horas específicas do dia, o que gera uma sobrecarga no sistema elétrico. O grande argumento para a difusão e o desenvolvimento da tecnologia solar térmica é o fato de o aquecimento solar, para aquecimento de água, proporcionar medidas eficazes de conservação de energia, com atenuação e deslocamento do horário de ponta (entre 17h e 21h) das concessionárias de energia. A energia solar térmica, além de ser uma “geração distribuída” - e por isso não provocar demanda por “upgrade” de linhas de transmissão - não requer investimentos governamentais, aumenta a “renda média” da população assalariada das classes mais baixas (na medida em que reduz a conta de energia elétrica) e reduz a demanda por investimentos em novas usinas geradoras de eletricidade. Se a comparação a ser considerada é a termoelétrica, o aquecedor solar ainda pode ser considerado uma alternativa para a redução de emissões de gases ácidos ou poluentes e, consequentemente, contribuir para redução do efeito estufa. Modelo de um aquecedor solar 13 O gráfico abaixo, mostra a evolução do mercado Brasileiro de Aquecimento Solar ao longo dos anos: SOLAR FOTOVOLTAICA Conforme dados do relatório “Um Banho de Sol para o Brasil” do Instituto Vitae Civilis, o Brasil, por sua localização e extensão territorial, recebe energia solar da ordem de 1013 MWh (Mega Watt hora) anuais, o que corresponde a cerca de 50 mil vezes o seu consumo anual de eletricidade. Apesar disso, possui poucos equipamentos de conversão de energia solar em outros tipos de energia, que poderiam estar operando e contribuindo para diminuir a pressão para construção de barragens para hidrelétricas, queima de combustíveis fósseis, desmatamentos para produção de lenha e construção de usinas atômicas. ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA COM CONCENTRADORES A Energia heliotérmica ou energia solar térmica concentrada ou internacionalmente conhecido como CSP (Concentrating Solar Power) é uma tecnologia de geração de energia elétrica renovável que transforma irradiação solar direta em energia térmica e subsequentemente em energia elétrica. Através da concentração dos raios solares diretos, temperaturas acima de 1000°C podem ser atingidos. Fonte: Dasol 14 Uma usina solar térmica concentrada consiste em duas partes: o coletor térmico e o ciclo de potência. Espelhos de configurações variadas servem para concentrar os raios solares; no foco dos espelhos circula um fluido de trabalho que é aquecido com o calor da concentração. No ciclo de potência acontece a expansão desse fluido de trabalho em uma turbina, ou, alternativamenteo vapor pode ser utilizado diretamente em processos industriais. Para garantir um funcionamento mais flexível e confiável da usina heliotérmica, de dia e de noite, é possível incluir um armazenamento térmico ou uma co-combustão de combustíveis reservas no ciclo de potência. Dessa forma, a usina heliotérmica é capaz de gerar energia despachável. Em 2012, uma capacidade total de 1.7 GW foi instalada no mundo, gerando 3.19 TWh de eletricidade. No mesmo momento, 2.7 GW se encontraram em construção e 8.2 GW em fase de planejamento. 15 ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA SEM CONCENTRADORES A radiação solar pode ser diretamente convertida em energia elétrica, por meio de efeitos da radiação (calor e luz) sobre determinados materiais, particularmente os semicondutores. Entre esses, destacam-se os efeitos termoelétrico e fotovoltaico. O efeito fotovoltaico decorre da excitação dos elétrons de alguns materiais na presença da luz solar (ou outras formas apropriadas de energia). Entre os materiais mais adequados para a conversão da radiação solar em energia elétrica, os quais são usualmente chamados de células solares ou fotovoltaicas, destaca-se o silício. Um sistema fotovoltaico não precisa do brilho do Sol para operar. Ele também gera eletricidade em dias nublados, entretanto, a quantidade de energia gerada depende da densidade das nuvens. Devido à reflexão da luz do Sol, dias com poucas nuvens podem resultar em mais produção de energia do que dias completamente claros. Atualmente, o Ministério de Minas e Energia desenvolve vários projetos para o aproveitamento da energia solar no Brasil, particularmente por meio de sistemas fotovoltaicos de geração de eletricidade, visando ao atendimento de comunidades rurais e/ou isoladas da rede de energia elétrica e ao desenvolvimento regional. Esses projetos atuam basicamente com quatro tipos de sistemas: i) bombeamento de água, para abastecimento doméstico, irrigação e piscicultura; ii) iluminação pública; iii) sistemas de uso coletivo, tais como eletrificação de escolas, postos de saúde e centros comunitários; e iv) atendimento domiciliar. Entre outros, estão as estações de telefonia e monitoramento remoto, a eletrificação de cercas, a produção de gelo e a dessalinização de água. Na tecnologia de conversão fotovoltaica existem impactos ambientais importantes em duas fases: na fase da produção dos módulos, que é uma tecnologia intensiva em energia; e no fim da vida útil, após 30 anos de geração, no momento do descomissionamento da planta, quando parte é reciclada e o restante disposto em algum aterro sanitário. A seguir segue uma ilustração demonstrando um sistema fotovoltaico on-grid, ou seja, conectado à rede, que será melhor explorado mais adiante. Este é um dos principais assuntos abordados nesse material. 16 Sistemas Fotovoltaicos Isolados (SFI) – Off-Grid (desconectado da rede) Os sistemas isolados ou autônomos para geração de energia solar fotovoltaica são caracterizados por não serem conectados à rede elétrica. O sistema abastece diretamente os aparelhos que utilizarão a energia e são geralmente construídos com um propósito local e específico. Esta solução é bastante utilizada em locais remotos já que muitas vezes é o modo mais econômico e prático de se obter energia elétrica nestes lugares. Exemplos de uso são sistemas de bombeamento de água, eletrificação de cercas, geladeiras para armazenar vacinas, postes de luz, estações replicadoras de sinal, etc. 3 - COMO SE DIVIDEM OS SISTEMAS FOTOVOLTAICOS? Fonte: LIMA, Mauricio de Sousa - 2016 17 SFI autônomos sem armazenamento elétrico Nos Sistemas Fotovoltaicos Isolados, que não possuem nenhum tipo de armazenamento, a energia gerada é consumida imediatamente quando necessário, porém, sua utilização fica limitada ao período do dia e a carga fica sujeita ao desempenho do sistema ao longo do dia. A carga necessita de estabilidade de tensão e corrente e por consequência potência fornecida. SFI autônomos com armazenamento elétrico Nos Sistemas Fotovoltaicos Isolados que possuem armazenamento da energia gerada, a energia gerada pelo sistema é armazenada em uma bateria, ou em grupo de baterias dependendo da necessidade da carga. Nesse caso, o sistema além de manter a carga ao longo do dia, carrega as baterias para serem utilizadas no período da noite pela carga. Fonte: http://ocaenergia.com 18 SFI Híbridos O Sistema Fotovoltaico Isolado é considerado híbrido quando são utilizados dois ou mais sistemas diferentes para geração de energia para uma mesma carga. Pode-se citar como exemplo, Sistema Fotovoltaico + Aerogerador (Eólico) ou Sistema Fotovoltaico + Gerador movido a combustível fóssil (Moto gerador), onde cada um contribui com parte da energia gerada para a carga ao longo de sua utilização. Sistema Fotovoltaico conectado à rede – On Grid (ou Grid Tie) Os sistemas fotovoltaicos de conexão à rede são caracterizados por estarem integrados à rede elétrica que abastece a população. Diferentemente dos sistemas isolados, que atendem a um propósito específico e local, estes sistemas são capazes de abastecer a rede elétrica com energia que pode ser utilizada por qualquer consumidor da rede. Isso garante que toda a energia gerada seja utilizada, ou localmente ou em outro ponto da rede. Sistemas de conexão à rede podem ser utilizados tanto para abastecer uma residência, ou então simplesmente produzir e injetar a energia na rede elétrica, assim como acontece em uma usina hidroelétrica ou térmica. Para casas e empresas estes sistemas também são chamados de sistemas fotovoltaicos de autoconsumo. Se o proprietário do sistema produzir mais energia do que consome, a energia produzida fará com que o medidor “gire para trás”. Quando produzir menos do que consome, o medidor deverá “girar mais devagar”. Vale observar que o medidor deve ser apropriado para contabilizar o fluxo de energia nos dois sentidos (medidor bidirecional). 1 – Módulos Fotovoltaicos 2 – Inversor Interativo Fotovoltaico 3 – Quadro de Luz e Força 4 – Eletrodomésticos 5 – Medidor residencial bidirecional 19 SFV Híbridos O Sistema Fotovoltaico Híbrido tramita entre o Sistema Fotovoltaico Isolado e o Sistema Fotovoltaico conectado à rede, onde, a associação dos dois sistemas permite um “aproveitamento” maior do Sistema Fotovoltaico para a unidade consumidora, ou seja, durante o dia o sistema gera a energia que será utilizada na unidade consumidora de acordo com sua necessidade, e o restante gerado será direcionado para as baterias. Uma vez que as baterias estiverem carregadas, a energia gerada passa a ser injetada na rede para compensação na conta de energia elétrica da unidade consumidora, as baterias carregadas serão utilizadas a noite pela unidade consumidora sem depender da concessionária enquanto a bateria conseguir fornecer a potência necessária pela unidade consumidora. Fonte: http:// degeriberica.com 20 4 - BREVE HISTÓRICO O efeito fotovoltaico, primeiramente descoberto por Edmond Becquerel, em 1839, implica no aparecimento de uma diferença de potencial nos terminais de uma célula eletroquímica causada pela absorção de luz. Em 1876 foi concebido o primeiro aparato fotovoltaico advindo dos estudos da física do estado sólido e, apenas em 1956, iniciou-se a produção industrial, seguindo o crescimento da área de eletrônica. Inicialmente, o desenvolvimento da tecnologia apoiou-se na busca, por empresas do setor de telecomunicações, de fontes de energia para sistemas instalados em localidades remotas. O segundo agente impulsionador foi a chamada “corrida espacial”. A célula fotovoltaica era, e continua sendo, o meio mais adequado (menor custo, peso e segurança) para fornecer a quantidade de energia necessária para longos períodos de alimentação de equipamentos eletrônicos no espaço. A crise do petróleo de 1973 renovou e ampliou o interesse em aplicações terrestres para a energia solar fotovoltaica. Porém, para retornar economicamente viávelessa conversão de energia, seria necessário, naquele momento, reduzir em até 100 vezes o custo de produção das células fotovoltaicas em relação ao custo daquelas usadas em aplicações espaciais. Adicionalmente, o perfil das empresas envolvidas no setor também foi modificado. Nos Estados Unidos, algumas empresas de petróleo resolveram diversificar seus investimentos, incluindo a produção de energia a partir da radiação solar em suas áreas de negócios. Em 1978, a produção da indústria fotovoltaica no mundo já ultrapassa a marca de 1 MWp/ ano. Os Estados Unidos foram líderes mundiais na produção dessa tecnologia durante a maior parte da década de 90. No final dessa década, impulsionados pelo compromisso de 21 redução de CO2, conforme previsto pelo Protocolo de Kyoto, as políticas de governo na Alemanha e no Japão, resultaram em aumentos substanciais no desenvolvimento desse mercado. Em 1998, a produção mundial de células fotovoltaicas atingiu a marca de 150 MWp, sendo o silício quase absoluto dentre os materiais utilizados. O grande salto no desenvolvimento do mercado fotovoltaico resultou do rápido aumento da produção chinesa, observado desde 2006. EM 2009 a China já ocupava a liderança na fabricação de módulos. Em 2012, a produção mundial de células fotovoltaicas atinge cerca de 36,2 GWp o que equivale a mais de duas vezes e meia a potência da usina hidroelétrica de Itaipu, a maior central de produção de energia elétrica do Brasil. Em onze anos, o crescimento anual médio da indústria de células fotovoltaicas foi de 54,2%. NO GRÁFICO A SEGUIR, PODEMOS VISUALIZAR A EVOLUÇÃO DESSE CRESCIMENTO DO MERCADO MUNDIAL DE CÉLULAS FOTOVOLTAICAS: 1. ALEMANHA Como eles pretendem obter mais: O governo da Alemanha já estabeleceu a ambiciosa meta de 66 GW de energia solar capacidade fotovoltaica até 2030. O plano da Alemanha é também obter 25 por cento do seu total de eletricidade a partir de energia solar até 2050. 2. ITÁLIA Seu total acumulado atualmente assenta-se em cerca de 12.500 MW de produção de energia solar fotovoltaica, anualmente, em segundo lugar no mundo. Como eles pretendem obter mais: A partir de 2011, uma forte redução de incentivos teve como consequência o abrandamento do crescimento dos sistemas fotovoltaicos na Itália. Porém o governo italiano lançou um programa de incentivo chamado “Conto Energia“ que foi definitivamente concluído em maio de 2014, foi publicado um decreto que regulamenta a reformulação dos incentivos oferecidos pelo programa. Uma das ações desse decreto é estender o período de incentivo na reformulação do valor unitário do incentivo de 20 a 24 anos e continuar com incentivos pagos por 20 anos, mas reduzidos por uma porcentagem, dependendo do tamanho da planta. 5 - OS DEZ PAÍSES QUE MAIS PRODUZEM ENERGIA SOLAR NO MUNDO 3. JAPÃO Os japoneses são conhecidos por seu interesse em tecnologia, e eles não são diferentes quando se trata de tecnologia limpa. O Japão instalou 1.100 MW de capacidade em 2011 e agora tem um total acumulado de 4.700 MW por ano. Como eles pretendem obter mais: O governo japonês definiu algumas metas ambiciosas: 28 GW de capacidade fotovoltaica até 2020 e 53 GW até 2030. A tarifa feed-in foi promulgada em 2009 para ajudar essas metas e a maioria das novas casas no Japão são agora construídos com energia solar instalada. 4. ESTADOS UNIDOS Os Estados Unidos é o lar de uma das maiores instalações de energia solar no mundo, a em San Luis Obispo, na Califórnia (EUA), encontra-se a planta de produção de energia elétrica Topaz. A fazenda começou a ser construída em 2012 e a previsão para que entrasse em pleno funcionamento era em 2015, mas a conclusão ocorreu antes do esperado e a usina solar já está em atividade. O projeto pertence à MidAmerican Solar e a construção, operação e manutenção foram feitas pela First Solar. Além de ser a maior fazenda deste tipo de energia, ela também é a maior a estar ligada a linhas de transmissão. O projeto pertence à MidAmerican Solar e tem capacidade para produzir 550 megawatts de energia limpa. Atualmente os EUA estão com produção de energia solar fotovoltaica em cerca de 4.200 MW por ano, no entanto, o país produz mais do que o dobro da capacidade quando todos os tipos de tecnologia solar são contabilizados. Como eles pretendem obter mais: Estados Unidos até 2025, pretende produzir 10 por cento do total de eletricidade do País com energia fotovoltaica. Incentivos financeiros para projetos de energia solar nos EUA são fornecidos pelo governo nacional, governos estaduais e locais, e alguns serviços públicos locais. Historicamente, incentivos nacionais foram fornecidos principalmente através de os EUA código fiscal, na forma de um crédito fiscal de investimento de 30% (ITC) (que aplica-se a clientes residenciais, comerciais e instalações de escala de utilidade pública) e depreciação acelerada de impostos de 5 anos (que se aplica a todos; comercial e instalações de escala de utilidade e de terceiros de propriedade residencial, governo ou instalações sem fins lucrativos). 5. ESPANHA A nação rica em sol tem 4.200 MW de produção anual. A Espanha foi duramente atingida pela crise econômica de 2008, e subsídios para a energia solar foram drasticamente cortados. No entanto, o fato de que eles continuam a aumentar sua capacidade de energia solar por ano é animadora. Como eles pretendem obter mais: O plano de energias renováveis (PER) 2011-2020 que é o que rege o desenvolvimento na Espanha nesse setor, tem como objetivo alcançar 7.250 MW de produção anual. 6. CHINA A China viu a sua capacidade PV cumulativa crescer de 2.000 MW em 2011, para um total de 2.900 MW em 2014, no mesmo ano o país produzia aproximadamente a metade dos produtos fotovoltaicos que se fabricam no mundo (China e Taiwan juntos somam mais de 60 % de cota). Como eles pretendem obter mais: Com cerca de 400 empresas na produção de módulos fotovoltaicos na China e superando inclusive a demanda mundial, a produção começou a ser instalada no próprio país asiático, com um crescimento espetacular, superando inclusive as previsões iniciais. Devido a tão rápido crescimento, as autoridades chinesas viram-se obrigadas a reavaliar em várias ocasiões o seu objetivo de potência fotovoltaica. A potência total instalada na China pode crescer até os 70 GWp em 2017, de acordo com os últimos planos da comissão reguladora do país. Para 2020, a China espera contar com uma potência fotovoltaica de 100 GW. 7. FRANÇA A França obteve 1.500 MW de capacidade recém-conectada em 2011, mas o país tem uma capacidade instalada acumulada de apenas 2.500 MW. Então, 2011 foi um grande ano, apesar de grande parte da infraestrutura ter sido concluída em 2010. Como eles pretendem obter mais: O governo tem planejado uma reavaliação de tarifas para impulsionar o setor de edifícios integrados ao sistema FV. Tarifas feed-in são garantidos por um período de 20 anos e anualmente ajustados para compensar a inflação. 8. REPÚBLICA CHECA Depois de dois anos agitados a produção solar da República Checa saltou para quase 2.000 MW por ano. A Republica Checa teve forte crescimento entre 2009/2010, crescimento esse que caiu muito nos anos subsequentes. De 2012 a 2014 o crescimento foi de apenas 5% devido à queda na economia do país, o governo resolveu segurar os investimentos do setor no momento. 9. BÉLGICA O mercado Flamengo na produção de energia solar fotovoltaica cresceu novamente em 2011 por 550 MW, melhorando a sua produção total anual de 1.500 MW. Como eles pretendem obter mais: A empresa Katoen Natie tem anunciado planos para construir a maior instituição solar na Europa, o que deve aumentar a energia solar em Antuérpia e região em 25%. 10. AUSTRÁLIA A massa de terra quente, árida e pouco povoada central que compõe grande parte da Austrália é ideal para produção de energia solar, e a indústria está crescendo rapidamente lá. No ano passado, 700 MW de produção anual de PVsfoi adicionada à grade, mais da metade do total acumulado no país de 1.200 MW. Como eles pretendem obter mais: Tarifas feed-in, metas obrigatórias de energia renovável e outros incentivos foram promulgadas para ajudar o país a alcançar suas metas de energia solar. Um programa chamado “Cidades Solares” também foi lançado, que promove a energia solar e outras fontes renováveis de energia em áreas urbanas em todo o país. Fonte: Relatório EPIA - 2014 27 6 - O SISTEMA FOTOVOLTAICO NO BRASIL Luz para todos e demais aplicações remotas O Programa de Desenvolvimento Energético de Estados e Municípios (PRODEEM), criado em 1994, promoveu a aquisição de sistemas fotovoltaicos por meio de licitações internacionais. Foi instalado o equivalente a 5 MWp em aproximadamente 7.000 comunidades em todo Brasil. O PRODEEM foi incorporado ao Programa Luz para Todos com 24 propostas para Inserção da Energia Solar Fotovoltaica na Matriz Elétrica Brasileira e o intuito de atender localidades remotas, para as quais a extensão da rede de distribuição traz custos proibitivos. De acordo com o Relatório da Administração da Eletrobras de 2009, ao todo foram instalados 2.046 sistemas fotovoltaicos desde 2004. O programa menciona também algumas experiências específicas de comunidades isoladas. Também foram intensificados os estudos, visando ao atendimento de localidades distantes das redes de distribuição, que priorizam o uso de fontes renováveis de energia. Neste sentido, foram desenvolvidos estudos com vistas ao atendimento por meio de sistemas fotovoltaicos individuais na região amazônica, baseados nas experiências advindas do Projeto Piloto de Xapuri, projeto implantado pela Eletroacre, com participação da Eletrobras, que beneficiou 103 famílias com estes sistemas, no âmbito do Programa. Nesse contexto, também foi desenvolvido, em cooperação com a Celpa, o Projeto Piloto de Araras, visando à implantação de sistemas de geração descentralizada com energia renovável e distribuição por mini redes nas ilhas de Araras, no município de Curralinho (PA). Este piloto, com recursos aprovados no fim de 2009, utilizou tecnologia fotovoltaica e eólica para fornecer energia elétrica às comunidades das ilhas, beneficiando 76 famílias. Nessa época as aplicações fotovoltaicas no Brasil estão mais difundidas no entorno rural e destinadas à universalização do serviço elétrico e ao bombeamento de água. 28 Instalação fotovoltaica em sistema isolado na região amazônica. Fonte: Programa Luz para Todos, Eletrobras. Os primeiros sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica foram instalados no Brasil no final dos anos 90 em concessionárias de energia elétrica, universidades e centros de pesquisa. A Chesf (Companhia Hidroelétrica do São Francisco) foi pioneira nesta área ao instalar um sistema de 11 KWp em 1995, em sua sede em Recife, PE. Outros sistemas pioneiros foram instalados na USP (São Paulo, SP), na UFSC (Florianópolis, SC), na UFRGS (Porto Alegre, RS) e no Cepel (Rio de Janeiro, RJ). Primeiro gerador solar fotovoltaico integrado a uma edificação urbana no Brasil UFSC 9 (kWp) – 1997. Gerador solar fotovoltaico integrado ao IEE / USP (12 kWp) Operando continuamente desde 2001 29 No que se refere à instalação de Usinas Fotovoltaicas (UFV) no Brasil, a primeira planta, um empreendimento da iniciativa privada com potência de 1 MWp, foi inaugurada em 2011 no município de Tauá, CE. Em 2012, foi aprovado a regulamentação para sistemas fotovoltaicos conectados à rede de distribuição, associados a unidades consumidoras, definida pela ANEEL, a partir da publicação da Resolução Normativa nº 482/2012, que trata da micro e mini geração distribuída, correspondendo, respectivamente, a potencias iguais ou inferiores a 100 KWp, e superiores a 100KWp até 1 MWp. A regulamentação prevê o sistema de compensação de energia elétrica, de acordo com o qual é feito um balanço entre a energia consumida e a gerada na unidade consumidora (modelo net metering). Em novembro de 2013 ocorreu o primeiro Leilão de Energia (Grupo A-3) cujos empreendimentos de geração fotovoltaicos – com potência igual ou superior a 5MW – foram habilitados pelo EPE. O Leilão foi destinado à compra de energia de novos empreendimentos de geração eólica, solar e termelétrica a biomassa ou a gás natural em ciclo combinado, para início de suprimento a partir de janeiro de 2016, com custo marginal de referência de R$ 126,00/MWh só foram atrativos para os projetos eólicos. Em agosto de 2015, houve mais um Leilão de Energia de Reserva, o qual, contratou um total de 30 empreendimentos de geração de energia solar fotovoltaica, somando capacidade de 1.043 megawatts-pico (MWp). O preço médio do leilão ficou em R$ 301,79/MWh, refletindo deságio de 13,5% em relação ao preço inicial. A previsão era de que fossem investidos cerca de R$ 4,3 bilhões na construção dos empreendimentos, que estão situados nos Estados da Bahia, Piauí, Paraíba, Minas Gerais e Tocantins. Em março de 2016, entra em vigor a resolução 687/2016 alternado a resolução 482/2012 com mais novidades para sistemas fotovoltaicos conectados à rede de distribuição, dentre elas a possibilidade de geração compartilhada: caracterizada pela reunião de consumidores, dentro da mesma área de concessão ou permissão, por meio de consórcio ou cooperativa, composta por pessoa física ou jurídica, que possua unidade consumidora com microgeração ou minigeração distribuída em local diferente das unidades consumidoras nas quais a energia excedente será compensada, dentre outras providências. 30 PAINÉIS SOLARES Painéis solares fotovoltaicos são dispositivos utilizados para converter energia da luz do Sol em energia elétrica. Os painéis solares fotovoltaicos são compostos por células solares, assim designadas já que captam, em geral, a luz do Sol. Estas células são, por vezes, e com maior propriedade, chamadas de células fotovoltaicas, ou seja, criam uma diferença de potencial elétrico (tensão elétrica) por ação da luz (seja do Sol ou da sua casa). As células solares contam com o efeito fotovoltaico para absorver a energia do sol e fazem a corrente elétrica fluir entre duas camadas (Positivo – P e negativa – N) com cargas opostas. É através desses painéis que todo o processo começa, podemos dizer que os painéis são peças fundamentais no processo do sistema fotovoltaico, sem eles não temos como transformar energia da luz do sol diretamente para energia elétrica. Uma das características principais dos módulos fotovoltaicos é a eficiência do painel fotovoltaico (placa fotovoltaica), estamos falando na porcentagem de energia do sol que atinge a superfície do painel e é transformada em energia elétrica para o nosso consumo. Ou seja: Quanto maior for a eficiência do painel fotovoltaico, mais Watts por metro quadrado o sistema vai gerar. Quanto maior for a eficiência do painel fotovoltaico, menor é o painel para a mesma produção de energia. 7 - COMPONENTES 31 Existe no mercado, painéis de células fotovoltaicas, como o de silício Cristalino, que podem ser encontrados na versão policristalino e monocristalino. O policristalino possui eficiência em torno de 13,5% e o monocristalino em torno de 16% e é ainda a maior parte da produção mundial e o mais fácil de ser adquirido no mercado nacional. Já existe no mercado células fotovoltaicas de silício cristalino com eficiências em torno de 25%, porém o custo é mais elevado do que os de eficiências menores (13 a 16%), por exemplo. Outra opção são Células e módulos fotovoltaicos de filmes finos que correspondem a cerca de 12% da produção mundial, bastante finas, nas quais camadas de poucos micrômetros (µm) de diferentes materiais semicondutores são depositadas sucessivamente, por técnicas de produção em larga escala sobre superfícies rígidas ou flexíveis. Dentre os materiais mais usados temos o silício amorfo hidrogenado, o disseleneto de cobre e índio ou disseleneto de cobre, índio e gálio e otelureto de cádmio. CONTROLADORES DE CARGAS Os controladores de carga ou carregadores ficam entre os painéis e as baterias e são utilizados para controlar a voltagem de entrada nelas, evitando sobrecargas ou descargas excessivas, otimizando e prolongando a sua vida útil. Os painéis solares produzem mais ou menos energia de acordo com a quantidade de luz solar e as baterias não suportam esta variação. Para resolver este problema e também para aperfeiçoar o carregamento das baterias, utiliza-se os controladores de carga. CONTROLADORES PWM E MPPT Os controladores PWM (Pulse Width Modulation) são os mais utilizados, pois apesar da menor eficiência se justificam pelo custo. Já os controladores MPPT (Maximum Power Point Tracking), possuem maior eficiência e são cerca de duas vezes mais caros. BATERIAS ESTACIONÁRIAS As baterias são o pulmão de um sistema fotovoltaico isolado e servem para garantir o fornecimento de energia quando não houver sol (noite e dias nublados). São as baterias que determinam a autonomia de um sistema isolado. Um sistema de alarme, por exemplo, não pode deixar de funcionar devido a alguns dias sem sol e por isso as baterias poderiam ser dimensionadas para 7 dias de autonomia, por segurança. Já uma aplicação mais simples ou menos essencial, poderia ser dimensionada para 3 dias sem sol. Sistemas conectados à rede não necessitam de baterias já que a falta de sol é compensada pela energia da rede. As baterias adequadas para sistemas de energia renovável são as baterias estacionárias ou de ciclo profundo. Estas baterias suportam grandes descargas que uma bateria comum não suportaria e é por isso baterias de carro devem ser evitadas. 32 Baterias automotivas: DEVEM SER EVITADAS. Estas baterias foram projetadas para fornecer grandes correntes por curtos períodos de tempo, como durante as partidas, por exemplo. No entanto, não suportam descargas profundas e por isso sua vida útil fica extremamente reduzida se utilizada em sistemas solares. Baterias Estacionárias comuns: Estas baterias utilizam placas mais grossas que as convencionais, o que permite a elas passar por descargas profundas. São as mais econômicas e uma boa opção para sistemas pequenos. Também são usadas em veículos recreacionais, como carrinhos de golfe. Vida útil: 4 a 5 anos Baterias OPzS: São muito utilizadas para sistemas de energia alternativa e tem preços razoáveis para a sua vida útil. Estas baterias são ventiladas, ou seja, liberam gás e devem ter reposição de água de tempos em tempos. Os gases são explosivos e, portanto, deve permanecer em locais apropriados. Vida útil: > 10 anos Baterias de Gel: São baterias seladas de gel, que não liberam gás e que, portanto, podem ficar em locais fechados. Também são adequadas para embarcações, pois o gel não se movimenta dentro da bateria. Vida útil: > 10 anos Baterias AGM: Nestas baterias uma capa de vidro é utilizada para conter o eletrólito. São baterias seladas, que não liberam gás, e com excelente desempenho. São mais caras, mas geralmente pagam o investimento. Vida útil: >10 anos Bateria íons-lítio: é um tipo de bateria recarregável muito utilizadas em equipamentos eletrônicos portáteis. Armazenam o dobro de energia que uma bateria de hidreto metálico de níquel (ou NiMH) e três vezes mais que uma bateria de níquel cádmio (ou NiCd). Outra diferença da bateria de íons de lítio é a ausência do efeito memória (não vicia), ou seja, não é preciso carregar a bateria até o total da capacidade e descarregar até o total mínimo, ao contrário da bateria de NiCd. Baterias são o primeiro item de desgaste em um sistema fotovoltaico e, portanto, a sua escolha deve levar em conta a dificuldade/custo de manutenção e troca. Sistemas de energia renovável são feitos para durar 25 anos ou mais e economizar em baterias pode não ser a melhor opção no longo prazo. 33 INVERSORES AUTÔNOMOS Um inversor ou ondulador, é um dispositivo elétrico ou eletromecânico capaz de converter um sinal elétrico CC (corrente contínua) em um sinal elétrico CA (corrente alternada). DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO E SECCIONAMENTO A caixa de junção ou do inglês Junction Box, é onde se encontram os dispositivos de proteção como os fusíveis contra curto e sobrecarga, o DPS (dispositivo de proteção contra surto), ou seja, descargas atmosféricas e seccionamentos através de uma chave seccionadora para CC ou CC/CA nas mesma caixa. INVERSORES INTERATIVOS Caso sua instalação seja conectada à rede, você precisará de um Inversor Grid-tie. Estes inversores, além de produzir uma onda senoidal pura, precisam sincronizar a frequência com a rede elétrica. Geralmente possuem um mecanismo chamado “anti- ilhamento”, que garante que o sistema não energize a rede quando esta for desligada, evitando eletrocutar pessoas durante procedimentos de manutenção. 34 CABOS Para a aplicação nos sistemas fotovoltaicos no que diz respeito a corrente contínua (CC), os cabos indicados e que atendem as normas para essa aplicação são os cabos que possuem isolação resistente a raios UV, as mudanças de temperatura, flexível e com isolação de 1KV. Qualquer outro cabo que não respeite essas características poderá comprometer o sistema fotovoltaico. SUPORTES PARA SISTEMAS FOTOVOLTAICOS No mercado existem suportes já direcionados para atender as diversas necessidades de mercado, tais como, telhados com telhas cerâmicas, telhas de fibrocimento, telhas de concreto, telhas de fibra vegetal, telhas galvanizadas entre outras. Os suportes para sistemas fotovoltaicos, além de auxiliar na fixação dos módulos ao telhado, proporcionam uma altura adequada entre o telhado e os módulos a fim de garantir uma boa troca de calor (bolsa de ar) para os módulos e a proteção da água que escorre no telhado em caso de chuva, diretamente na parte de baixo dos módulos fotovoltaicos. Caso a instalação dos módulos sejam projetadas em lajes ou até mesmo no solo, aí entra a aplicação de suportes dedicados para essa aplicação, onde, o que muda são os apoios e a ancoragem dos suportes. 35 8 - OPORTUNIDADES DE MERCADO A energia fotovoltaica é uma importante opção tecnológica na transição para um fornecimento de energia com aumento da participação de fontes renováveis em nível global. De acordo com o relatório REN 21, somente 19% da eletricidade produzida mundial em 2010 provém de fontes renováveis, dos quais 16% se devem à hidroeletricidade e pouco mais de 3% às “novas renováveis”, entre as quais a geração eólica, a biomassa e solar. Estas fontes são as que apresentam maior ritmo de crescimento nos últimos anos, algo típico de tecnologias ainda marginais em estágios iniciais de inserção. O recurso solar é abundante e melhor distribuído geograficamente que o petróleo, que é controlado por um grupo pequeno de países produtores. A queda de preços esperada nos próximos anos é de tal ordem que muitos especialistas, como o prêmio Nobel Paul Krugman, acreditam que esta forma de produzir energia será competitiva em relação às tradicionais formas de produção, tais como as que utilizam carvão ou gás natural. Paul Krugman, em artigo intitulado “Here comes the Sun” publicado no New York Times em 6 de novembro de 2011, faz uma analogia (tirada de um artigo do Scientific American) entre a famosa “Lei de Moore”40 e a evolução de preços da indústria fotovoltaica. O autor argumenta que estamos próximos de uma transformação energética impulsionada pela queda vertiginosa de preços da energia solar. Por fim, Krugman conclui de forma semelhante ao que exibe o gráfico abaixo, que: “se a tendência de queda de preços continuar e parece que de fato está se acelerando, em poucos anos atingiremos o ponto em que a eletricidade gerada pelos módulos solares se torna mais econômica que a eletricidade gerada pela queima de carvão”. É importante não confundir o amadurecimento rápido de uma tecnologia com sua participação no mercado. A transição de tecnologia de produçãode eletricidade, hoje marginal, em principal, acontecerá em espaço de algumas décadas, não anos. EXISTEM MILHÕES DE CONSUMIDORES NO BRASIL E UM MERCADO ENORME A SER EXPLORADO NOS PRÓXIMOS ANOS, COM A POSSIBILIDADE DE UM SIMPLES CONSUMIDOR PODER PRODUZIR A PRÓPRIA ENERGIA EM SUA RESIDÊNCIA, É UMA QUESTÃO DE TEMPO PARA QUE ESSE MERCADO DECOLE DE VEZ. É NECESSÁRIO QUE ESTEJAMOS PREPARADOS PARA ATENDER ESSA ENORME DEMANDA, PARA ISSO, PESQUISAS, CURSOS, PALESTRAS, CONTATOS SÃO DE EXTREMA IMPORTÂNCIA NESSE MOMENTO. 36 Um profissional do setor de energia solar fotovoltaica terá em suas mãos poderosas ferramentas para projetar sistemas fotovoltaicos e fazer as melhores escolhas de equipamentos e outros aspectos técnicos de forma segura e eficaz. Para isso, um prérequisito básico de um bom projetista é, sem dúvida, entender e dominar o cálculo básico de circuitos elétricos. Ainda que boa parte do público que se interessa em trabalhar com energia solar tenha já alguma familiaridade com estas noções, como é o caso de engenheiros e técnicos, este mundo atrai cada vez mais profissionais de diferentes áreas de formação, justificando assim a necessidade de uma introdução básica sobre circuitos elétricos no nosso curso Projetos e Negócios Fotovoltaicos. Esta introdução pretende transmitir o conhecimento necessário para o aluno tratar de temas como energia, potência, corrente e tensão com segurança e resolver as principais questões que tornarão parte do seu dia a dia. Se você já domina estes assuntos, poderá ir direto ao Capítulo 2, ou então encarar este capítulo como uma revisão rápida e divertida sobre esse tema, que na prática é o kit básico de ferramentas do projetista de sistemas fotovoltaicos. Objetivos deste capítulo: Explicar as relações entre tensão, corrente, potência e energia Definir os dois tipos de corrente elétrica: contínua e alternada Entender as ligações de equipamentos e cargas em série e em paralelo Realizar cálculos básicos de potência e energia 9 - ELETRICIDADE BÁSICA 37 1. FONTES DE ENERGIA ELÉTRICA A eletricidade é uma fonte secundária de energia, o que significa que ela deve ser “produzida” por alguma outra fonte primária. Existem diversas fontes primárias a partir das quais a eletricidade é produzida, além de diferentes formas de se armazenar essa energia, como por exemplo: Módulos fotovoltaicos: geram eletricidade a partir da luz através de um processo chamado Efeito Fotovoltaico. Baterias: armazenam eletricidade na forma química. A energia é liberada ou absorvida através de reações químicas. Indução eletromagnética: produz eletricidade através do movimento de rotação de uma bobina dentro de um campo magnético. A energia necessária para essa rotação pode ser proveniente de geradores alimentados por combustíveis fósseis ou fontes renováveis de energia como a hidráulica ou eólica. 38 2. TERMINOLOGIA Tensão (V, unidade de medida: Volts (V)) A tensão elétrica é a diferença de potencial elétrico entre dois pontos ou a diferença em energia elétrica potencial por unidade de carga elétrica entre estes pontos. Para facilitar a compreensão sobre este conceito, pode-se fazer uma analogia entre a tensão elétrica e a pressão hidráulica. Quanto maior a diferença de pressão hidráulica entre dois pontos, maior será o fluxo, caso haja comunicação entre estes dois pontos. A diferença do nível de água entre os dois tanques (e, em consequência, o potencial para o fluxo) é análogo à tensão elétrica em um circuito elétrico. Corrente (I, unidade de medida: Ampère (A)) A corrente elétrica pode ser definida como a taxa do fluxo de elétrons em um condutor. Se considerarmos novamente a analogia com o sistema hidráulico, a corrente seria a velocidade da água que flui de um reservatório para outro. A corrente elétrica é medida em Ampères (A). 1 A é equivalente a 1 Coulomb por segundo. 1 Coulomb corresponde a 6.24 x 1018 elétrons. 39 Resistência (R, unidade de medida: Ohms (Ω)) A resistência é a oposição de um determinado material à passagem da corrente elétrica, um pouco como a fricção em um cano hidráulico. Quanto maior a resistência, mais difícil será a passagem dos elétrons pelo material condutor. A unidade de resistência é o Ohm (Ω). Da mesma forma que a água descendo de uma montanha, os elétrons sempre procuram pelo caminho mais fácil, o de menor resistência. Se a resistência for grande demais ou se não houver caminho para o fluxo, a corrente simplesmente não flui. Voltando à analogia do tanque d’água, um ponto de resistência seria a válvula que liga os dois tanques. A resistência ao fluxo de água entre os dois tanques dependerá de quão aberta ou fechada a válvula está. Quanto mais fechada a válvula, maior a resistência, e menos água passará pelo encanamento. Condutores Condutores são materiais que, como a maioria dos metais, prontamente permite o fluxo de elétrons através deles. Quanto mais facilmente um material é capaz de conduzir elétrons (isto é, quanto menor a sua resistência), melhor condutor ele é. Materiais isolantes como plástico, madeira ou papel, são muito resistivos à passagem de elétrons. É comum encontrarmos materiais condutores e isolantes juntos como por exemplo em um fio condutor de cobre isolado com material plástico. A resistência de um condutor depende de vários aspectos, dentre os quais o tipo de material, a secção transversal, o comprimento e a temperatura. 40 Potência (P, unidade de medida: Watts (W)) A potência elétrica é definida como a capacidade de uma fonte de tensão elétrica ou equipamento realizar um trabalho por unidade de tempo. Por exemplo, sabemos que equipamentos elétricos precisam de energia elétrica para funcionar. Ao receber energia elétrica, esses aparelhos transformam-na em outra forma de energia. O chuveiro, por exemplo, converte a energia elétrica em térmica. Quanto maior a quantidade de energia transformada em um mesmo intervalo de tempo, maior é a potência do equipamento. Essa grandeza, portanto, aponta a velocidade com que a energia elétrica é transformada em outro tipo de energia. Em um circuito elétrico, a potência elétrica pode ser medida multiplicando-se a corrente pela tensão: P = V.I Como a maioria dos equipamentos com os quais lidamos no dia a dia possui muitos watts, é muito comum a utilização da unidade kW (quilowatt), que representa 1.000 W. 1 kW = 1.000 W LEI DE OHM A lei de ohm trata das relações entre tensão, corrente, resistência e é dada pela seguinte fórmula: V = R.I Se juntarmos à equação já definida anteriormente para a potência, temos a relação adicional: P = R.I2 ESTAS EQUAÇÕES FAZEM PARTE DO DIA A DIA DO PROJETISTA DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS. PORTANTO, É MUITO IMPORTANTE COMPREENDÊ-LAS E SABER UTILIZÁ-LAS. 41 Energia (E, unidade de medida: Watt-hora (W.h)) Você já sabe que Watt é a unidade de potência. E como a potência é a taxa com a qual a energia é transferida, ela é instantânea. Portanto, para quantificarmos a energia, um intervalo de tempo é necessário. Geralmente, utiliza-se uma hora como intervalo de tempo, o que nos dá a unidade W.h ou kW.h. A unidade watt-hora representa quantidade de energia e é usada em contas de energia elétrica e no dimensionamento de sistemas fotovoltaicos. Por exemplo: Uma lâmpada de 10 W ligada por 3 horas consome uma energia de 30 W.h: 10 W x 3 h = 30 W.h Um ventilador de 50 W funcionando por duas horas consome 100 W.h: 50 W x 2 h = 100 W.h Um arranjo fotovoltaico de 1000 W gerando energia durante 2 horas de sol a pico entrega 2000 W.h, ou 2 kW.h 3. CÁLCULO DE POTÊNCIA E ENERGIA EM SISTEMAS FOTOVOLTAICOS Os conceitos vistos até aqui podem ser combinados para determinarmos a potência e a energia que um arranjo fotovoltaico pode produzir. Observe o arranjo da figura X, abaixo. Se cada módulo possui 100 W, qual a potência total do arranjo? Se temos 4 módulos x 100 W, temos 400 W no total. Portanto, a potência do arranjo fotovoltaico é de 400 W. Agora imagineque esse arranjo receba 5 horas de sol a pico durante uma segunda-feira de céu aberto e 2 horas de sol a pico numa terça-feira um pouco nublada (não se preocupe, explicaremos melhor o conceito de sol a pico nos capítulos subsequentes). Qual a quantidade de energia que este arranjo produziu durante estes dois dias? 400 W x 5 h = 2.000 W.h na segunda-feira e 400 W x 2 h = 800 W.h na terça-feira. Somando-se as duas quantidades, temos 2.800 W.h ou 2,8 kW.h. Potência total do arranjo: 400 W Energia produzida nos dois dias: 2,8 kW.h 42 Cálculos de potência e energia das cargas A mesma lógica se aplica para o calculo de potência e energia de cargas elétricas: potência elétrica ao longo do tempo é energia elétrica. Por exemplo, 5 lâmpadas incandescentes de 100 W cada, fornecem mais ou menos a mesma luminosidade de 5 lâmpadas compactas de 25 W. Qual a potência de cada conjunto de lâmpadas e qual a energia gasta por cada conjunto durante um funcionamento contínuo de 5 horas? Medição de capacidade de baterias A capacidade das baterias usualmente é descrita usando-se a unidade Ampère.Hora (A.h), que corresponde à 1 A fluindo dos terminais da bateria durante 1 hora. Devido ao fato de que a tensão de uma bateria é usualmente conhecida ou pode ser medida facilmente, o Ampère.Hora é uma medida usualmente eficaz para se comparar duas baterias com a mesma tensão. Como exemplo, uma bateria de 200 A.h pode fornecer 1 A durante 200 horas, 2 A durante 100 horas ou 20 A durante 10 horas. No mundo real, a capacidade das baterias em Ampère.Hora é similar à relação quilômetros / litro em um carro. Esta relação não é fixa, mas depende de como a bateria é usada e de quando ela foi carregada pela última vez. Além disso, uma bateria usada em sistemas fotovoltaicos não pode ser completamente “esvaziada”, pois isso causaria danos irreparáveis a ela. Falaremos mais sobre baterias nos próximos capítulos. 4. CÁLCULO DE UM CIRCUITO ELÉTRICO E DIAGRAMA DE CIRCUITO O exemplo de circuito elétrico simples abaixo aborda alguns dos desses conceitos: 43 Este circuito apresenta uma lâmpada incandescente de 12 V, uma bateria de 100 A.h como fonte e um interruptor entre eles, representados tanto no desenho como no diagrama elétrico. Tente responder às seguintes perguntas: Qual corrente a lâmpada vai demandar da bateria? Por quanto tempo a bateria será capaz de manter a lâmpada acesa? Para determinarmos a corrente, devemos usar a equação P=V.I: 60 W = 12 V x I I = 60/12 I = 5 A Como a bateria possui 100 A.h de capacidade, para calcular o tempo, temos: 100 A.h = 5 A x no horas no horas = 100/5 no horas = 20 horas Este exemplo é simplificado, já que, na prática, uma bateria não pode ser 100% descarregada e algumas cargas como geladeiras e motores trabalham em ciclos intermitentes usando diferentes quantidades de potência. O importante aqui é compreender como corrente, tensão e potência estão relacionados e estar confortável com estas definições, cálculos e unidades. 5. CORRENTE CONTÍNUA E CORRENTE ALTERNADA Existem basicamente dois tipos de corrente elétrica e, na maioria dos sistemas fotovoltaicos, ambos estão presentes: corrente alternada (CA ou AC) e corrente contínua (CC ou DC). Corrente contínua É o fluxo de elétrons contínuo, de mesma intensidade e na mesma direção em um condutor. É o tipo de corrente produzido pelos módulos fotovoltaicos, armazenado em baterias, usado em sistemas automotivos e na maioria dos sistemas eletrônicos. Na Figura X abaixo, a linha vermelha representa a corrente contínua. A intensidade da corrente contínua é a diferença entre o ponto vermelho no eixo da tensão e o ponto referente a 0 V no mesmo eixo. Veja que a intensidade da corrente não varia com o passar do tempo. Corrente alternada A corrente alternada é o fluxo cíclico alternado de elétrons em duas direções opostas em um condutor. A corrente alternada é produzida por campos magnéticos rotativos, como nos geradores. Este é o tipo de corrente que as concessionárias entregam para os seus clientes e que você provavelmente tem disponível na sua tomada. 44 No exemplo da Figura X abaixo, a onda senoidal mostrada em azul representa 1 ciclo que ocorre a cada segundo, ou seja 1 Hertz (Hz). Em um fluxo de corrente alternada, o valor da corrente começa em zero, aumenta até o seu pico máximo, volta a cair a zero e continua a cair até o seu valor mínimo (que é equivalente ao valor máximo, só que agora negativo). Em seguida, a corrente volta a subir até atingir novamente o valor zero e o ciclo todo recomeça. No caso do sistema elétrico brasileiro, que funciona em 60 Hz, este ciclo todo ocorre 60 vezes por segundo. Estes são os conceitos básicos que todo projetista de sistemas fotovoltaicos deverá saber. Com essas ferramentas, estamos prontos para mergulhar de cabeça no mundo da energia solar fotovoltaica, e é disso que tratam os próximos capítulos. 6. LIGAÇÕES SÉRIE E PARALELO EM CIRCUITOS DC Módulos fotovoltaicos, baterias, cargas e outros componentes elétricos são usualmente combinados em ligações chamadas série e paralelo. O objetivo disso é atingir valores de tensão e corrente necessários para a correta operação de equipamentos como controladores e inversores por exemplo. Ligações em paralelo: nas ligações em paralelo, junta-se todos os terminais positivos num mesmo nó e todos os negativos em outro nó. O conjunto final apresenta o mesmo valor de tensão de cada equipamento separado, mas a corrente de cada equipamento é somada, resultando assim num aumento de corrente. 45 Ligações em série: nas ligações em série, liga-se um terminal positivo de um equipamento no terminal negativo do equipamento subsequente. O conjunto final apresenta o mesmo valor de corrente de cada equipamento separado, mas a tensão de cada equipamento é somada, resultando assim num aumento de tensão. Ligações em série: nas ligações em série, liga-se um terminal positivo de um equipamento no terminal negativo do equipamento subsequente. O conjunto final apresenta o mesmo valor de corrente de cada equipamento separado, mas a tensão de cada equipamento é somada, resultando assim num aumento de tensão. 46 10 - DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS ON GRID Esta parte do curso se dedica ao dimensionamento de sistemas conectados à rede. O local da instalação, os parâmetros específicos e os objetivos e limitações do cliente são os fatores chave a serem considerados na etapa de projeto e dimensionamento dos sistemas. Resumidamente, há duas partes principais neste processo: 1. Determinar qual o tamanho do sistema (a potência do arranjo fotovoltaico em Watts STC). 2. Selecionar os componentes: Determinar quais módulos e inversores serão usados e como o arranjo será configurado (quantos módulos conectados em série e quantos em paralelo, ou quantas entradas MPPT o inversor interativo apresentar). Neste capítulo, você aprenderá a: Determinar o tamanho de um sistema conectado à rede baseando-se nas considerações e nas limitações do seu cliente; Aplicar os fatores de correção apropriados, baseando-se nos parâmetros específicos da instalação e nas perdas gerais de eficiência dos componentes do sistema para a realidade brasileira; Selecionar um inversor, baseando-se no tamanho do sistema; Determinar a correta ligação do arranjo fotovoltaico na entrada do(s) inversor(es). 47 1. Trabalhando as restrições no dimensionamento de sistemas Quando estamos estimando o tamanho de um sistema fotovoltaico, existem várias restrições preliminares, tanto técnicas quanto comerciais que nos ajudarão a balizar nosso dimensionamento. Precisamos partir de algum ponto para podermos definir o tamanho ótimo de cada sistema, e as restrições de espaço, orçamento e objetivo energético são as mais comumente encontradas quando estamos comercializando sistemas fotovoltaicos conectados à rede. Espaço disponível Em sistemas conectados à rede, uma das três principais restrições para o dimensionamento do sistema é adisponibilidade de um espaço orientado para o norte, sem sombreamento e sem obstruções, onde serão instalados os módulos fotovoltaicos. Esta área quase sempre estará disponível sobre um telhado, laje ou no solo. No caso de um telhado, a inclinação deste deve ser verificada. Como regra geral, 1 kWp de módulos de silício cristalino ocupa uma área de 7 a 10 metros quadrados. Estes números consideram os espaços entre os módulos resultados da montagem em estruturas, mas não levam em conta espaços para acesso de pessoas e outros detalhes. E é claro, cada caso tem suas peculiaridades. Quanto maior a eficiência dos módulos, menor a área necessária para a instalação de uma mesma potência pico. Fatos importantes a serem considerados quando da avaliação do espaço disponível: Existe uma área disponível para a instalação dos módulos? Qual a área total disponível? Esta área faz parte de um telhado ou está no solo? A área está direcionada para o norte? Qual a inclinação da área com relação ao solo? Existe sombreamento ou obstrução da área em algum período do ano? Existe a possibilidade de serem construídas edificações no entorno, que causarão sombreamento? 48 A ideia aqui é verificar as restrições de área disponível do local de instalação, escolher a melhor opção dentre as disponíveis e considerar nos cálculos de rendimento as eventuais perdas de eficiência relacionadas a inclinações e direcionamentos não-ótimos, como mostrado na ilustração abaixo: A POSIÇÃO DAS PLACAS NO TELHADO A posição ideal para produzir o máximo de energia com os painéis fotovoltaicos no Brasil é face Norte, com um grau de inclinação igual ao da latitude. Ex: Campinas está na latitude 22º do plano horizontal. Na prática, você nem sempre vai ter a inclinação e direção perfeitas - mas não se preocupe! A perda na produção de energia é pequena e totalmente aceitável. Na figura ao lado é possível ver que mesmo virado para Oeste ou Leste, o rendimento ainda é muito bom. Objetivo energético Mais comum das restrições, o objetivo energético é simplesmente a quantidade média de energia que o cliente deseja que o sistema que ele está adquirindo gere em determinado período. Muitas vezes esta quantidade é a média de gasto energético de sua residência, e o objetivo é “zerar” a conta de energia (no Brasil, não é possível zerar a conta de energia totalmente, falaremos mais sobre isso a diante). Para determinar esta quantidade, o ideal é pedir ao cliente uma conta de energia recente, somar o consumo dos últimos 12 meses (em kW.h) e fazer uma média mensal, dividindo essa soma por 12. Um fator muito importante a ser levado em conta nesta discussão é a possibilidade do cliente gerar mais do que for consumir em determinados períodos. Você deve orientar os seus clientes e lhes dizer que as resoluções 482 e 687 da ANEEL estabelecem o sistema de compensação. Portanto, no caso de um consumidor gerar mais do que consumir em determinado mês, este crédito poderá ser utilizado (abatido) em meses subsequentes na mesma unidade consumidora ou de outras unidades consumidoras dentro da mesma concessionária de energia, para o mesmo CPF. 49 A partir de março de 2016, os clientes dentro de uma mesma concessionária podem também transferir percentuais de créditos de energia para serem compensados em outras unidades consumidoras com CPF ou CNPJ diferentes, bastando comprovar o vínculo entre os integrantes. Esse vinculo pode ser caracterizado pela reunião de consumidores por meio de consórcio ou cooperativas de pessoas físicas ou jurídicas. Assim, passa a ser permitida a transferência de créditos energia para terceiros, como vizinhos, parentes, instituições de caridade, cooperativas, empresas e outros. Apesar de todos estes benefícios e possibilidades, ainda não é permitido receber os créditos de energia excedente diretamente em dinheiro. Os detalhes do sistema de compensação e a explicação detalhada de todas as regras e possibilidades fornecidas pelas resoluções 482 e 687 da ANEEL serão feitos no módulo Legislação, Solicitação de Acesso e Homologação de Sistemas Fotovoltaicos Conectados à Rede. Orçamento O orçamento disponível é uma restrição primária na maioria das vendas de sistemas on-grid. Muitas vezes o cliente determina o sistema que vai adquirir baseando-se no orçamento que tem disponível. Neste caso, é importante deixar claro para o cliente que o sistema é completamente modular e escalável, ou seja, poderá ser ampliado quantas vezes forem necessárias no futuro. Não perca um negócio só porque o cliente julgou ser muito caro o valor do sistema. Neste caso, sempre ofereça um projeto menor ou um Projeto Piloto, e deixe claro que o sistema pode ser aumentado aos poucos no futuro. Além disso, conheça muito bem todas as Linhas de financiamento disponíveis para pessoa física e pessoa jurídica nos bancos e instituições financeiras e de fomento. Conheça bem as formas de pagamento e taxas de juros envolvidas e informe o cliente sobre todas as possibilidades. Uma linha de financiamento adequada pode ser a diferença entre apenas mais um cliente interessado e um negócio fechado. É muito importante fornecer sempre um cálculo e uma expectativa de payback para o cliente. Assim ele vai ficar sabendo em quanto tempo o sistema se pagará e terá melhores condições de julgar se o investimento vale a pena. Existem outros fatores que podem restringir o tamanho de um sistema, como a potência máxima permitida para determinadas regiões ou classes de consumo. Esses detalhes também serão discutidos no Módulo Legislação, Solicitação de Acesso e Homologação de Sistemas Fotovoltaicos Conectados à Rede. 50 2. Fundamentos do dimensionamento de sistemas Agora que você já determinou as principais restrições do seu projeto, já pode começar a pensar em determinar de maneira precisa qual o tamanho e as características do sistema fotovoltaico que será oferecido ao seu cliente. Não entraremos em detalhes para o dimensionamento baseado na área, no orçamento ou no limite máximo que a concessionária permite para determinada instalação, pois se trata apenas de calcular o tamanho do sistema que se encaixa em cada uma dessas restrições de forma direta e simples. Por exemplo, se o cliente define que tem um determinado montante de financiamento aprovado com seu banco e quer usar 100% desse valor para adquirir um sistema fotovoltaico, deve ser feito um orçamento preliminar e ajustá-lo de maneira incremental até se atingir o preço-alvo do cliente. Funciona da mesma forma quando a restrição é a área: se temos 100 metros quadrados disponíveis e conseguimos para uma instalação específica, por exemplo, instalar 1 kWp em 10 metros quadrados, um sistema de 10 kWp otimizaria a área disponível. O dimensionamento de sistemas on-grid, portanto, consiste em duas etapas principais: Etapa 1: Determinar o tamanho do arranjo: determinar qual a potência pico (em kWp) do sistema. Etapa 2: Seleção e configuração dos equipamentos a serem utilizados: quais os modelos de módulos e inversores serão usados e como eles serão configurados. Perceba que os tamanhos dos sistemas na Etapa 1, para os casos exemplificados acima de restrições de orçamento e área, são facilmente calculáveis. Entretanto, em 90% dos casos, a restrição principal será a Meta de energia a ser atingida, abordagem que exige alguns cálculos adicionais, os quais detalharemos logo em seguida. Note também que a etapa 2 é conduzida da mesma maneira para todos os tipos de restrições possíveis: uma vez determinado o tamanho do sistema, faz-se a seleção e configuração dos equipamentos de forma equivalente para todos os projetos. Uma vez que as restrições foram identificadas, o tamanho do sistema poderá ser determinado usando os cálculos que vamos demonstrar logo em seguida. Existem planilhas, softwares e sites que tornam estes cálculos automáticos, mas é importante entender a matemática e a engenharia por detrás destes cálculos para termos confiançanos nossos dimensionamentos. Com o tamanho do sistema em kWp determinado, a próxima etapa será definir exatamente o número e o modelo de módulos fotovoltaicos, o número e o modelo de inversores e como a ligação entre os componentes será realizada. 51 Horas de sol a pico (HSP) A produção energética de determinado sistema fotovoltaico depende de vários fatores, dentre os quais: o tamanho do sistema, em Wp a quantidade de luz solar que o arranjo recebe as perdas de eficiência no sistema as condições meteorológicas do local Os dados de HSP (horas de sol a pico) de determinada localidade nos informam o quanto de luz solar o arranjo fotovoltaico deve receber, levando em conta inclusive o regime de chuvas da região, por exemplo. Esses dados podem ser obtidos de várias fontes e podem ser utilizados para calcular a produção energética do sistema. O website SWERA (https://maps.nrel.gov/swera/#/?aL=0&bL=groad&cE=0&lR=0&m C=40.21244%2C-91.625976&zL=4), do governo norte americano, é uma das fontes de dados de HSP mais confiáveis e é largamente utilizada pela indústria da energia solar. Ao acessar o website, escolha a opção Latitude Tilt Irradiance, que nos dá a irradiância no plano inclinado com angulação igual à latitude do local. 52 Em seguida, selecione a fonte de dados TILT INPE High Resolution para localidades no Brasil (pois as medições desta fonte são mais precisas). No caso da figura acima, escolhemos a cidade de Belo Horizonte, que apresenta um HSP diário anual médio de 5,623 no plano inclinado. Veja que temos também a média de HSP diário mensal para cada mês (5,987 para janeiro, 6,055 para fevereiro, e assim por diante). Com esses dados, podemos calcular a energia que será produzida em um ano pelo sistema fotovoltaico ou ainda, se preferirmos, podemos demonstrar a geração média esperada por mês. Em seguida, encontre no mapa a localidade onde o sistema será instalado e clique sobre ela. 53 Custo de disponibilidade É importante ressaltar também que jamais conseguiremos “zerar” a conta de energia elétrica em uma unidade consumidora com microgeração. Isto se deve a algumas taxas como a taxa de iluminação pública, cobrada por algumas concessionárias, ou pelo custo de disponibilidade da rede, que é cobrado em todo o Brasil. O custo de disponibilidade da rede determina que, ainda que não exista consumo em determinado mês (ou que a energia gerada seja igual à consumida em uma unidade com geração fotovoltaica), o cliente deve pagar um valor mínimo que corresponde ao custo que a concessionária tem de manter a rede 100% do tempo disponível para aquela unidade. A forma de cobrança deste custo varia para instalações em alta ou baixa tensão. Para clientes em baixa tensão, temos o seguintes valores: Unidades consumidoras monofásicas: o valor em moeda corrente será o equivalente a 30 kWh Unidades bifásicas: 50 kWh Unidades trifásicas: 100 kWh Como o valor do kW.h varia de uma concessionária para outra, de uma classe de consumo para outra, dentre outros fatores, o valor monetário será diferente para cada caso, mas o valor correspondente em energia será o apresentado acima. Já que não conseguiremos escapar do custo de disponibilidade, não faz sentido gerarmos 100% do consumo para clientes em baixa tensão. Desta forma, descontamos esse valor correspondente em kW.h e dimensionamos o sistema para gerar o consumo total menos o valor energético correspondente ao custo de disponibilidade. 3. Etapas para o dimensionamento de sistemas On-Grid Determinando o tamanho do arranjo fotovoltaico Vamos detalhar agora como dimensionar um sistema fotovoltaico a partir de um objetivo energético. O ponto de partida aqui é a quantidade de energia (em kW.h) que o sistema vai ter que gerar. Na grande maioria dos casos, para um sistema on-grid, o cliente deve solicitar o abatimento total da conta (o que já vimos não ser possível) ou uma porcentagem deste total. Portanto, para sabermos qual o total de energia que o sistema deve gerar, precisamos da conta de luz do cliente. 1. Cálculo da energia média diária a ser gerada Com a conta de luz em mãos, a primeira coisa que devemos fazer é uma média do consumo do cliente nos últimos 12 meses. Isto é relativamente simples, pois toda conta de luz apresenta um histórico de consumo, justamente abrangendo o período dos últimos 12 meses. 54 Portanto, temos: Média mensal de energia = Σ energia consumida dos últimos 12 meses (kW.h) 12 Desta forma, temos o valor da energia média mensal. Agora, poderemos descontar o custo de disponibilidade, e determinar a energia média mensal que o sistema fotovoltaico deverá gerar. Já que não conseguimos escapar do custo de disponibilidade, precisamos descontá-lo. Caso contrário, estaríamos desperdiçando energia. Energia mensal a ser gerada pelo SF = Média mensal de energia – Custo de disponibilidade (kw.h) Agora que já sabemos quanto de energia o nosso sistema fotovoltaico deverá gerar em média, dividimos este valor por 30 e temos a média diária de energia. Precisamos fazer isso pois os dados de HSP que iremos utilizar são dados diários. Média diária de energia = Média mensal a ser gerada pelo SF (kW.h) 30 2. Cálculo da Potência de saída dos inversores Neste ponto, já conhecemos a quantidade de energia que o nosso sistema fotovoltaico deverá gerar diariamente, em média. Agora, precisamos do valor de HSP anual médio do local, que já demonstramos estar disponível no website do SWERA (https://maps. nrel. gov/swera/ ) para calcularmos, em kW, a potência dos nossos inversores. Potência de saída dos inversores = Média diária de energia (kW) HSP do local 55 3. Cálculo da Potência do arranjo fotovoltaico É de se esperar que o arranjo fotovoltaico apresente mais ou menos a mesma ordem de potência dos inversores, certo? A resposta é sim. Entretanto, existem diversas perdas em todo o sistema que devem ser consideradas se quisermos fazer um dimensionamento mais preciso e confiável. Essas perdas incluem as perdas de eficiência no inversor, perdas nos cabeamentos elétricos, perdas de geração nos módulos por efeito de temperatura, perdas por eventuais sombreamentos, perdas por inclinação e direcionamento nãootimizados dos módulos fotovoltaicos, entre outras. Logo, para que o sistema gere a quantidade de energia definida, ele precisa estar dimensionado para gerar um pouco a mais, justamente para compensar todas essas perdas. O cálculo preciso de todas essas perdas é extremamente complexo e demandaria tempo, dados e tecnologias que muitas vezes não estão disponíveis. E no final, a diferença para o método empírico seria insignificante para sistemas pequenos. Por isso, usamos os valores empíricos observados no dia a dia e largamente usados e aceitos para a realidade brasileira. Esta prática determina que as perdas na geração de energia giram em torno de 18% para as condições mais comumente encontradas no Brasil. Desta forma, o cálculo da potência do arranjo fotovoltaico é determinado pela seguinte fórmula: Potência do arranjo fotovoltaico = Potência de saída dos inversores (kWp) 0,82 Após estas etapas, já conhecemos a potência nominal aproximada do inversor que iremos utilizar e a potência pico do arranjo fotovoltaico que vai gerar a quantidade de energia que precisamos. O próximo passo agora é entender como funciona a seleção dos componentes e a configuração geral do sistema. 4. Etapas para o dimensionamento de sistemas On-Grid Seleção dos componentes e configuração O próximo passo para o projeto de um sistema fotovoltaico é selecionar os componentes a melhor configuração para que o sistema funcione de forma correta. Os métodos para selecionar os equipamentos podem variar consideravelmente, e frequentemente,
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