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GESTÃO DA QUALIDADE Bruna Melo A metodologia Seis Sigma Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar a importância do Seis Sigma e de sua posição como projeto para reduzir erros em processos. Analisar o método DMAIC como auxiliar na implementação do Seis Sigma. Relacionar os sucessos e fracassos do Seis Sigma com aplicações nas empresas. Introdução O Seis Sigma, para que seja eficiente e produtivo, segue regras e proces- sos metodológicos, que, por sua vez, devem ser mantidos dentro dos padrões por todas as pessoas envolvidas no programa, garantindo, assim, os resultados previstos. O programa está relacionado com casos de sucesso e de insucesso. Diversas empresas, principalmente as grandes indústrias, utilizaram o Seis Sigma e obtiveram resultados excelentes, melhorando sobretudo a sua lucratividade. Por outro lado, outras muitas empresas fracassaram na apli- cação, principalmente por não seguirem as exigências do programa, como, por exemplo, disciplina, interação entre equipes e controles das etapas. Para que o Seis Sigma aconteça e atinja os resultados esperados, é necessário que alguns métodos e controles sejam, portanto, rigorosamente aplicados. Um desses métodos, e o mais comum na aplicação do Seis Sigma, é o DMAIC, que significa definir, medir, analisar, melhorar e controlar os processos. É utilizado para criar etapas mais precisas e controláveis na identificação de falhas, no controle e em melhorias nos processos. O conteúdo deste capítulo tem o intuito de elucidar a importância do Seis Sigma para aprimoramento dos processos das empresas e o quão ele pode auxiliar na busca da qualidade total. Porém, todas as empresas que buscam a perfeição e a confiança absoluta de seus clientes precisam submeter-se a regras e métodos. Isso é o que o Seis Sigma propõe em toda sua abrangência. Cap_2_Gestao_de_Qualidade.indd 1 21/02/2018 14:24:40 Neste capítulo, você estudará sobre o programa Seis Sigma, que é utilizado para reduzir variações nos processos, primando sempre pelo aprimoramento destes e procurando reduzir os erros a nível zero. Com essa medida, o Seis Sigma preza pela qualidade total dos processos e, consequentemente, pela entrega de maior qualidade e satisfação ao cliente final. Identificando a importância do Seis Sigma Primeiramente, torna-se relevante compreender o signifi cado da termino- logia. Seis Sigma é uma referência para a letra “σ” (alfabeto grego), lida como “sigma”. Esta representação é muito utilizada pela estatística como uma medida de variação. No contexto organizacional, corresponde a um programa de método quantitativo por essência, que visa à redução da va- riação nos processos — ou seja, busca alcançar a qualidade total, por meio de redução de defeitos ao máximo possível, aproximando-se do nível zero (CLETO; QUINTEIRO, 2011). O Seis Sigma é interpretado como sendo um programa estratégico e ope- racional, que possibilita a correta integração de interesses no que tange aos objetivos estratégicos e operacionais. Pelo viés estratégico, o programa está relacionado com o ambiente, sendo necessários a busca por posições com- petitivas, o cuidado nos pontos de trade-offs e a possibilidade de feedbacks estratégicos a partir das metas financeiras que abrangem os projetos. Pelo viés operacional, o programa dá ênfase à melhoria contínua, indo ao encontro das áreas sem a presença de trade-offs. Portanto, na medida em que o Seis Sigma é aplicado dentro das organizações, torna-se necessário o alinhamento cons- tante entre estratégia e operação, garantindo o bom andamento dos processos (SANTOS; MARTINS, 2008). O Seis Sigma pode ser definido como um método de sistema flexível. Em termos organizacionais, torna-se, nesse sentido, flexível para questões de desempenho dos negócios, questões de liderança interna e permite benefícios em diversos âmbitos dentro da organização (PANDE, 2001). Para elucidar o contexto do Seis Sigma, a Figura 1, a seguir, demonstra uma sequência de implementação do método para gerar melhorias organizacionais. A metodologia Seis Sigma2 Cap_2_Gestao_de_Qualidade.indd 2 21/02/2018 14:24:40 Figura 1. Método Seis Sigma para melhorias organizacionais. Fonte: Blakeslee Jr. (1999) adaptado por Andrietta e Miguel (2002). No modelo da figura, é possível identificar um processo de melho- ria com a utilização do programa Seis Sigma. Alguns fatores-chave são percebidos dentro e fora da empresa. Fornecedores, entradas, métodos e processos e saídas são componentes de relações internas das empresas, enquanto que o mercado e requisitos críticos do cliente são a conexão entre empresa e cliente. Pande (2001) sustenta que o método Seis Sigma proporciona alguns im- portantes benefícios para as organizações. Vejamos alguns: 1. Desenvolve novas habilidades e revitaliza a empresa, promovendo sucesso sustentado. 2. Por primar pela busca da perfeição, o Seis Sigma auxilia nas metas de desempenho. 3. Por ter foco no cliente final, auxilia na percepção de valor (não financeiro). 4. Permite que as melhorias sejam sempre aprimoradas, a partir da utili- zação de ferramentas de gestão empresarial. 5. Promove aprendizados diversos, pois a lógica do Seis Sigma inclui desenvolver e acelerar o compartilhamento de ideias novas dentro das equipes das empresas. 6. Auxilia em mudanças estratégicas, pois permite a compreensão deta- lhada de processo e procedimentos internos. Com isso, possibilita, ainda, implementar ajustes simples para mudanças consideradas complexas. 3A metodologia Seis Sigma Cap_2_Gestao_de_Qualidade.indd 3 21/02/2018 14:24:40 No Quadro 1, são apresentadas diferentes definições de abordagem esta- tística e estratégica ao programa Seis Sigma. Abordagem estatística Abordagem estratégica “Iniciativa chave que dá suporte à companhia no seu plano de satisfação total do cliente.” (MITCHEL, 1992) “É um processo de negócio que permite à companhia melhorar drasticamente seus limites inferiores, projetando e monitorando diariamente as atividades do negócio de uma maneira que minimizem o desperdício e os recursos enquanto aumentam a satisfação do cliente.” (HARRY; SCHROEDER, 2000) “É um modo de medir a probabilidade de produzir um produto ou criar um serviço com zero defeito.” (TADIKAMALLA, 1994) “É uma maneira de medir a probabilidade de a companhia poder fabricar ou produzir qualquer dada unidade de um produto ou serviço com zero defeito. É a categoria que significa ‘best in class’, com somente 3,4 DPMO”. (BEHARA et al., 1995) “É uma abordagem de melhoria de negócio que busca achar e eliminar causas de falhas e defeitos no processo do negócio, focando sobre as saídas que são de importância crítica para os clientes. É uma abordagem estratégica que trabalha através de todos os processos, produtos, funções da companhia e indústrias.” (SNEE, 2000) “Estratégia que abastece as companhias com uma série de intervenções e ferramentas estatísticas que podem levar a ganhos substanciais em lucratividade e qualidade, tanto para produtos como para serviços.” (HARRY, 1998) “Um sistema abrangente e flexível para alcançar, sustentar e maximizar o sucesso empresarial. É singularmente impulsionado por uma estreita compreensão das necessidades dos clientes, pelo uso disciplinado de fatos, dados e análise estatística e a atenção diligente à gestão, melhoria e reinvenção dos processos de negócios.” (PANDE et al., 2001) “É uma abordagem quantitativa disciplinada para melhoria de métricas definidas em processos de manufatura, serviço ou financeiro.” (HOERL, 1998) Quadro 1. Definições e diferentes abordagens de Seis Sigma. (Continua) A metodologia Seis Sigma4 Cap_2_Gestao_de_Qualidade.indd 4 21/02/2018 14:24:40 Fonte: Santos e Martins (2008). Abordagem estatística Abordagem estratégica “É uma abordagem de alto desempenho, direcionada para dados para analisar as causasraízes dos problemas do negócio a fim de resolvê-los. Ela amarra os resultados de um negócio aos requisitos de mercado.” (BLAKESLEE, 1999) “Uma estratégia para melhoria de negócios usada para melhorar a lucratividade do negócio, eliminar refugo, reduzir custo da não qualidade e melhoria a eficiência e eficácia de todas as operações, assim como encontrar, ou mesmo exceder as expectativas e necessidades dos clientes.” (CORONADO; ANTONY, 2002) “É um nível otimizado de performance que se aproxima do zero defeito em um processo de confecção de um produto, serviço ou transação. Ele indica a obtenção e a manutenção de uma performance de alto nível. O Seis Sigma não é uma metodologia. É um fim, não um meio.” (PEREZ-WILSON, 1999) “Para nós, Seis Sigma é mais do que uma metodologia e um conjunto de ferramentas. É também um modo de pensar que possibilita-nos mudar o modo de trabalho para toma-lo mais dirigido aos dados. Seis Sigma afasta-nos da decisão baseada na intuição.” (MOTWANI et al., 2004) “Seis Sigma é baseado nas velhas ideias de engenharia da qualidade destinadas a entender e eliminar as causas de variação e projetar a manufatura.” (DALE et al., 2000) “Hoje, Seis Sigma é uma estratégia abrangente de longo prazo para tomada de decisão mais do que um programa estritamente focado na gestão da qualidade.” (ARNHEITER; MALEIYEFF, 2005) “Seis Sigma é uma poderosa estratégia de negócios que emprega uma abordagem disciplinada para capturar variabilidade dos processos, usando a aplicação de ferramentas e técnicas estatísticas e não estatísticas de forma rigorosa.” (ANTONY, 2004) “Seis Sigma é uma abordagem que impulsiona a melhoria do desempenho do negócio e a valorização da satisfação dos clientes, por meio do enfoque estratégico de gerenciamento; da aplicação do pensamento estatístico em todos os níveis de atividades; da medição de desempenho; da utilização de uma metodologia sistematizada que integre técnicas e métodos científicos para se avaliar e otimizar processos; e da aprendizagem decorrente da capacitação e comprometimento das pessoas.” (SANTOS, 2006) Quadro 1. Definições e diferentes abordagens de Seis Sigma. (Continuação) 5A metodologia Seis Sigma Cap_2_Gestao_de_Qualidade.indd 5 21/02/2018 14:24:40 Em termos de gestão de processos, Eckes (2001) aborda o Seis Sigma a partir de elementos considerados essenciais para os negócios. São eles: Criar uma movimentação dentro da empresa, no sentido de afirmar (internamente) que o programa de qualidade obtém maior chance de su- cesso quando encontra o apoio dos envolvidos, sobretudo das lideranças. Desenvolver e identificar processos essenciais, sendo estes aqueles que possuem maior impacto nos objetivos estratégicos dos negócios da empresa. Também acontece para subprocessos-chave (relacionados com um processo essencial) e processos capacitadores (promovem impactos indiretos na satisfação do cliente). Identificar os responsáveis pelos processos. Esses, por sua vez, devem possuir as competências necessárias, habilidades e liderança. Também devem ter um amplo entendimento sobre o negócio da empresa. Seis Sigma como projeto para reduzir erros em processos Para que o Seis Sigma funcione de forma adequada dentro do planejamento e objetivos das organizações, existem alguns princípios determinantes. Tais princípios auxiliam na interpretação do Seis Sigma como projeto. Corro- borando com esse aspecto, Pande (2001) seleciona alguns pontos-chave, como sendo: Foco no cliente, satisfazendo suas necessidades e assegurando melhorias efetivas na entrega de valor. Foco no gerenciamento realizado por meio de dados e fatos, o que elucida a necessidade de regras rígidas de aplicação ao programa Seis Sigma. Foco em processos, gestão e melhorias constantes, pois, para o Seis Sigma, o processo é o centro de todas as ações e, paralelamente, o ponto-chave de sucesso para as organizações. Foco na gestão proativa, pois isso ajuda a prevenir problemas e de- terminar prioridades. Foco no compartilhamento e na colaboração, pois isso permite maior compreensão sobre o todo, sobretudo quanto às necessidades dos clientes. Foco na busca da perfeição e tolerância ao fracasso, pois esse equi- líbrio entre acertos e erros é essencial para o crescimento de todos os A metodologia Seis Sigma6 Cap_2_Gestao_de_Qualidade.indd 6 21/02/2018 14:24:41 lados da organização. Este item foca no estímulo constante de novas ideias, de métodos e, até mesmo, na gestão de riscos, primando sempre pela busca da perfeição. Quando uma empresa busca aplicar todos os pontos-chave da metodologia do Seis Sigma, ela permite uma mudança no seu enfoque em diversos elementos de desempenho, a priori, naqueles que envolvem projetos de produtos (pois vai ao encontro dos clientes) e operações comerciais (que reforçam as vendas da empresa) (HAHN; DOGONAKSOY; HOERL, 2000). Um projeto Seis Sigma tem por objetivo reduzir a variabilidade de um processo e aumentar sua capacidade. A implementação parte do uso de métodos estatísticos, que visam a promover a interpretação nas relações de causa e efeito que se relacionam com processos críticos ao negócio. Os projetos Seis Sigma são catalisadores do sistema, permitindo feedback operacional e estratégico. O feedback estratégico auxilia na revisão constante de metas nos médio e longo prazos. Por esse motivo, os resultados influenciam na tomada de decisão de níveis estratégico, tático e operacional (SANTOS; MARTINS, 2005). Tais resultados acarretam em ganhos importantes e tan- gíveis sobre fatores de desempenho organizacional. Os pesquisadores Fernandes e Turrioni (2007) defendem que a seleção adequada dentro do projeto é o que garante sucesso ao Seis Sigma dentro de uma empresa. Para isso, é importante escolher o método adequado para a solução de problemas, que seja compatível com a realidade da empresa (LYNCH; BERTOLINO; CLOUTIER, 2003). Quanto aos métodos a serem escolhidos, apresentam-se aqui algumas opções: M-PCpS (Machine-Process Characterization Study): Estudo para caracterizar e otimizar processos, com o objetivo de eliminar per- das financeiras e de tempo (LYNCH; BERTOLINO; CLOUTIER, 2003). M-PCpS faz delineamento do processo, caracterização de metodologia, determinação da capacidade, otimização e controle. Utiliza-se de um conjunto de ferramentas, técnicas e regras esta- tísticas e matemáticas, sendo, nesse caso, a etapa de “medida” um ponto fundamental. DFSS (Design For Six Sigma): Aplicado no desenho de novos pro- cessos e também na otimização dos já existentes (SANTOS; MAR- TINS, 2010). DMADV (Define, Measure, Analyze, Design, Verify): Inclui as fases de definir, medir, analisar, desenhar e verificar (TAYNTOR, 2003). 7A metodologia Seis Sigma Cap_2_Gestao_de_Qualidade.indd 7 21/02/2018 14:24:41 DMEDI: Inclui as fases de definir, medir, explorar, desenvolve e implementar. DMAIC (Define,Measure, Analyse, Improve e Control): Inclui as fases de definir, medir, analisar, melhorar e controlar. Dentre todos os métodos apresentados, o mais utilizado é o DMAIC, que será abordado a seguir. Para relembrar ou aprofundar os seus conhecimentos sobre nível estratégico, tático e operacional procure alguns artigos acadêmicos ou livros de administração e estratégia. Os três níveis possuem uma forma conexão em diversos processos, que envolvem aspectos como planejamento, tomada de decisão e ação. Veja um exemplo em https://goo.gl/GPfHGt O método DMAIC como auxiliar na implementação do Seis Sigma O método DMAIC é composto por cinco etapas, sendo elas: defi nir, medir, analisar, melhorar e controlar. Tais etapas permitem a organização adequada para que a implementação seja feita, o desenvolvimento e a conclusão para os projetos Seis Sigma (ANDRIETTA; MIGUEL, 2007). Pelo histórico de utilizações, há previsão de que o projeto seja realizado em um período de 6 a 12 meses. Este tempo levaráem consideração o porte da empresa, o engajamento dos membros das equipes e dos recursos aloca- dos. A Figura 2, a seguir, apresenta o percentual de tempo gasto e algumas características importantes em cada etapa do DMAIC. A metodologia Seis Sigma8 Cap_2_Gestao_de_Qualidade.indd 8 21/02/2018 14:24:41 https://goo.gl/GPfHGt Figura 2. Método DMAIC. Fonte: Adaptado de Pande (2001) e Werkema (2002) apud Franz e Caten (2003). Conforme a figura, é importante perceber o significado de cada etapa para melhores aproveitamento e resultados do DMAIC. Na etapa “definir”, são realizadas definições precisas sobre o escopo do projeto (ocupa 2% do tempo do processo). Na etapa “medir”, determina-se a localização ou o foco central do problema (ocupa 25% do tempo do processo). Na etapa “analisar”, estuda-se e determina-se as causas do problema identificado como sendo prioridade (ocupa 45% do tempo do processo). Na etapa “melhorar”, faz-se a avaliação e a implementação de soluções para um dos problemas que foram priorizados (ocupa 25% do tempo do processo). Por fim, a etapa “controlar” realiza a manutenção constante dos resultados (ocupa 3% do tempo do processo). Assim, o método DMAIC apresenta vantagens interessantes para as em- presas que desejem aplicar o Seis Sigma. 9A metodologia Seis Sigma Cap_2_Gestao_de_Qualidade.indd 9 21/02/2018 14:24:41 Você conhece o Poka-Yoke? Poka-Yoke trata-se de um dispositivo que auxilia a evitar falhas. Ele previne defeitos e ajuda a aperfeiçoar processos. Pesquise mais sobre ele e veja como pode ser aplicado de forma complementar ao Seis Sigma. Confira um estudo que apresenta a relação entre os métodos DMAIC e PDCA. O estudo promove, de forma científica e crítica, uma discussão sobre os dois modelos utilizados largamente nas questões estratégicas de controle de qualidade das organizações. Acesse: https://goo.gl/mSxLZ1 Relacionando os sucessos e fracassos do Seis Sigma com aplicações nas empresas Como o programa (metodologia) Seis Sigma é antigo e já foi largamente aplicado em diferentes empresas, é possível observá-lo a partir de casos de sucesso e fracasso. Assim, torna-se importante, nesse caso, mencionar também os fracassos, como forma de aprendizado, pois nem sempre as aplicações enquadram-se em uma empresa, dadas questões internas e de mercado. É de importância mencionar os sucessos da aplicação do programa Seis Sigma, sobretudo para motivar empresas à sua implementação, visando a melhorias nos processos. A General Eletric é um exemplo de uma das empresas com maior proporção de resultados envolvendo os Seis Sigma. O caso é de sucesso não apenas pela dimensão da empresa, mas pela gestão do antigo presidente Jack Welch. Em 1995, a G.E implementou o Seis Sigma, tendo atingido lucros expressivos em 1996, após a aplicação do programa (MAES- TRELLI; MIGUEL, 2001). A metodologia Seis Sigma10 Cap_2_Gestao_de_Qualidade.indd 10 21/02/2018 14:24:41 https://goo.gl/mSxLZ1 Além da General Eletric, outras obtiveram sucesso na implementação do programa: Motorola, Asea Brown Boveri, Black & Decker, Allied Signal, Dupont, Dow Chemical, Johnson & Johnson, Federal Express, Polaroid, Kodak, Siebe Appliance Controls, Sony, Toshiba e muitas outras (PANDE, 2001). Todas empresas mencionadas obtiveram sucesso no programa por terem seguido dois aspectos importantes no programa Seis Sigma: rigor na prática e disciplina (ECKES, 2001). A Figura 3 demonstra os fatores de sucesso na aplicação do Seis Sigma. Figura 3. Fatores de sucesso na implementação do método Seis Sigma. Fonte: Adaptado de Blakeslee Jr., 1999 apud Andrietta e Miguel (2002). 11A metodologia Seis Sigma Cap_2_Gestao_de_Qualidade.indd 11 21/02/2018 14:24:41 De maneira prática, as aplicações do Seis Sigma podem considerar fatores, como comprometimento da empresa, treinamentos específicos, sistema de execução e controle de projetos, envolvimento de fornecedores, envolvi- mento de clientes, inclusão de boas práticas de administração no cotidiano, argumentação fundamentada em dados, patrocínios em nível hierárquico e procedimentos de mentoria constantes. Entretanto, para que as empresas obtenham sucesso na implementação do programa Seis Sigma, elas contam com ferramentas eficazes, que, quando aplicadas de forma adequada, proporcionam melhorias constantes e reflexos consideráveis para a gestão da qualidade, o gerenciamento de processos, os sistemas administrativos e de manufatura. Dentre as ferramentas mais utilizadas, encontram-se: Controle Estatístico de Processo (CEP); Gráficos de Controle (auxiliam na identificação de problemas); Provas de Significância Estatística (Qui-quadrado, Teste-T e Análise de Variância), para auxiliar na definição do problema e em análises da causa-raiz; Correlação e Regressão (análise de causas-raiz e previsão de resultados); Planejamento de Experimentos (DOE), para análise das soluções ótimas e validações de resultados; Análise de Modo e Efeitos de Falha (FMEA), para priorizar e prevenir problemas; Dispositivos à Prova de Falhas (POKA-YOKE), para prevenir defeitos e aperfeiçoar processos; Desdobramento da Função da Qualidade (QFD), para produtos, serviços e projetos de processos. Por outro lado, algumas empresas obtiveram fracasso na aplicação do mé- todo do Seis Sigma. Amparado por diversos estudos e pesquisas, o pesquisador Eckes (2001) fez um comparativo entre as informações obtidas e conseguiu destacar as principais possíveis causas para tais fracassos na aplicação. Elas são, então, mencionadas: 1. Empresas que aplicaram apenas visando à redução de custos. 2. As melhorias do processo não foram consideradas como componente importante no trabalho da empresa. 3. A metodologia DMAIC não foi seguida de forma correta e com disciplina. A metodologia Seis Sigma12 Cap_2_Gestao_de_Qualidade.indd 12 21/02/2018 14:24:42 4. A liderança da empresa não conseguiu separar variação de causa comum e variação de causa especial. 5. Empresas que não compreenderam a importância do cliente. 6. Empresas em que o papel da liderança não foi compreendido e alguns procedimentos na gestão de processos acabaram sendo negligenciados. Ademais, dois fatores podem favorecer o fracasso na aplicação do Seis Sigma: quando a empresa acredita que o método é um conjunto de projetos e quando o descaso da liderança não permite assumir o comprometimento em todas as etapas de implementação e condução do método. O papel da liderança é fundamental na aplicação do método Seis Sigma. ANDRIETTA, J. M.; MIGUEL, P. A. C. A importância do método Seis Sigma na Gestão da Qualidade Analisada sob uma Abordagem Teórica. Revista de Ciência e Tecnologia, v. 11, n. 20, p. 91-98, 2002. ANDRIETTA, J. M; MIGUEL, P. A. C. Aplicação do programa Seis Sigma no Brasil: resul- tados de um levantamento tipo survey exploratório-descritivo e perspectivas para pesquisas futuras. Gestão da Produção, São Carlos, v. 14, n. 2, p. 203-219, 2007. BLAKESLEE JR., J. A. Achieving quantum leaps in quality and competitiveness: implemen- ting the Six Sigma solution in your company. In: ANNUAL QUALITY CONGRESS OF THE AMERICAN SOCIETY FOR QUALITY, 53., 1999, Anaheim. 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Conceitos e características de sistemas Poka-Yokes: uma revisão de literatura. Produção Online, v.11, n.2, p. 344-368, 2011. A metodologia Seis Sigma14 Cap_2_Gestao_de_Qualidade.indd 14 21/02/2018 14:24:42 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo:
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