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APS Direito Civil 22 10 2019

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Elivelton Inacio Rocha da Silva / Guilherme Alcantara Bento Vieira
Retificação de registro civil em favor de transexual e transgênero sem cirurgia de transgenitalização: STF, ADI 4275, Relator: Min. Marco Aurélio Mello, Julgamento: 01/03/2018. Órgão Julgador: Tribunal Pleno meio eletrônico.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA DE REGISTROS PÚBLICOS DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE XXXXXXXXX DO FORO REGIONAL DE XXXXXXXX – ESTADO DO XXXXXX.
Analisando pela ótica do Direito Civil, personalidade jurídica, o ato da mudança de nome, a legislação vigente permite que exista a alteração de nome, mesmo sendo a regra a inalterabilidade do nome, a exceção é clara nos casos de nome vexatório, que vem causando constrangimento excessivo ao portador.
O parágrafo único do artigo 55, da Lei 6.015/1973, esclarece: “Os oficiais do registro civil não registrarão prenomes suscetíveis de expor ao ridículo os seus portadores (...)”. No caso em análise, entendo que o nome de registro não representa mais o gênero da pessoa em questão, desta maneira causando certos desconfortos emocionais entre outros. As conotações podem ser pejorativas ao nome do Autor, sendo nitidamente um caso que merece ser analisado de tal forma, vez que tem reais inconvenientes com relação ao seu nome, e que resultam em uma diversidade de problemas, profissionais e até mesmo emocionais. O art. 57, da Lei 6.015/1973, permite a alteração do nome como exceção, devendo esta ser motivada, o que se extrai do caso em apresso, levando em consideração a situação de vida em que o Autor passa diariamente, relacionando o seu nome.
Ainda, vale lembrar o descrito no artigo 58, da Lei 6.015/1973, que descreve situação de possibilidade de alteração, vejamos:
Art. 58. O prenome será definitivo, admitindo-se, todavia, a sua substituição por apelidos públicos notórios. (Redação dada pela Lei nº 9.708, de 1998). Parágrafo único. A substituição do prenome será ainda admitida em razão de fundada coação ou ameaça decorrente da colaboração com a apuração de crime, por determinação, em sentença, de juiz competente, ouvido o Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº 9.807, de 1999). A tese sustentada “é a de que há um direito fundamental à identidade de gênero, inferido dos princípios da dignidade da pessoa humana (art. 1º, inciso III), da igualdade (art. 5º, caput), da vedação de discriminações odiosas (art. 3º, IV), da liberdade (art. 5º, caput), e da privacidade (art. 5º, X)”.
A principal característica do nome é a imutabilidade. Porém, a regra geral da inalterabilidade do nome é relativa, segundo se colhe da leitura do caput do art. 58, da Lei nº. 6.015/73 e das hipóteses de alteração do nome.
Dessa forma, poderia se entender, em princípio, pelo artigo 58, da Lei de Registros Públicos, que o prenome era imutável, por ser norma de ordem pública. Porém, se a finalidade do registro público é espelhar a veracidade dos fatos da vida e entendendo-se que o nome civil é a real individualização da pessoa humana no seio familiar e na sociedade, é possível, nas hipóteses previstas em lei, além das hipóteses trazidas pela doutrina e pela jurisprudência, modificar o prenome.
 A origem doutrinária deste tema parte do princípio constitucional da dignidade da
pessoa humana, sendo, pois, constitutivos da dignidade humana, “o reconhecimento da identidade de gênero pelo Estado é de vital importância para garantir o gozo pleno dos direitos humanos das pessoas trans, incluindo a proteção contra a violência, a tortura e maus tratos, o direito à saúde, à educação, ao emprego, à vivência, ao acesso a seguridade social, assim como o direito à liberdade de expressão e de associação”, como também registrou a Corte Interamericana de Direitos Humanos. Por isso, “o Estado deve assegurar que os indivíduos de todas as orientações sexuais e identidades de gênero possam viver com a mesma dignidade e o mesmo respeito que têm todas as pessoas”. Tal reconhecimento traz implicações diretas para o caso dos autos. Se o Estado deve assegurar que os indivíduos possam viver com a mesma dignidade, deve também assegurar-lhes o direito ao nome, ao reconhecimento de sua personalidade jurídica, à liberdade e à vida privada. Esses direitos têm a seguinte previsão no Pacto de São José da Costa Rica.
No que tange à noção de identidade de gênero, extremamente elucidativa a Introdução aos Princípios de Yogyakarta, documento apresentado no Conselho de Direitos Humanos da ONU que versa justamente sobre a aplicação da legislação internacional sobre direitos humanos em relação à orientação sexual e identidade de gênero. Nele se consigna logo de partida em seu preâmbulo que identidade de gênero:
"(...) como estando referida à experiência interna, individual e profundamente sentida que cada pessoa tem em relação ao gênero, que pode, ou não, corresponder ao sexo atribuído no nascimento, incluindo-se aí o sentimento pessoal do corpo (que pode envolver, por livre escolha, modificação da aparência ou função corporal por meios médicos, cirúrgicos ou outros) e outras expressões de gênero, inclusive o modo de vestir-se, o modo de falar e maneirismo".
A Corte Interamericana, por sua vez, assentou que a identidade de gênero: “também se encontra ligada ao conceito de liberdade e da possibilidade de todo ser humano autodeterminar-se e escolher livremente suas opções e circunstâncias que dão sentido à sua existência, conforme às suas próprias convicções, assim como ao direito à proteção de sua vida privada (…).
Ressalta que esta matéria já vem sendo consolidada por entendimentos jurisprudenciais, os quais devem prosperar, vejamos:
RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Origem: RS - RIO GRANDE DO SUL
Relator: MIN. DIAS TOFFOLI
Redator do acórdão:
RECTE.(S)
S T C 
ADV.(A/S)
MARIA BERENICE DIAS (74024/RS, 74024/RS) 
RECDO.(A/S)
OITAVA CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL 
AM. CURIAE.
INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO DE FAMILIA - IBDFAM 
Julgado mérito de tema com repercussão geral
TRIBUNAL PLENO
Decisão: O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, apreciando o tema 761 da repercussão geral, deu provimento ao recurso extraordinário. Vencidos parcialmente os Ministros Marco Aurélio e Alexandre de Moraes. Nessa assentada, o Ministro Dias Toffoli (Relator), reajustou seu voto para adequá-lo ao que o Plenário decidiu na ADI 4.275. Em seguida, o Tribunal fixou a seguinte tese: "i) O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua classificação de gênero no registro civil, não se exigindo, para tanto, nada além da manifestação de vontade do indivíduo, o qual poderá exercer tal faculdade tanto pela via judicial como diretamente pela via administrativa; ii) Essa alteração deve ser averbada à margem do assento de nascimento, vedada a inclusão do termo 'transgênero'; iii) Nas certidões do registro não constará nenhuma observação sobre a origem do ato, vedada a expedição de certidão de inteiro teor, salvo a requerimento do próprio interessado ou por determinação judicial; iv) Efetuando-se o procedimento pela via judicial, caberá ao magistrado determinar de ofício ou a requerimento do interessado a expedição de mandados específicos para a alteração dos demais registros nos órgãos públicos ou privados pertinentes, os quais deverão preservar o sigilo sobre a origem dos atos". Vencido o Ministro Marco Aurélio na fixação da tese. Ausentes, neste julgamento, o Ministro Gilmar Mendes, e, justificadamente, a Ministra Cármen Lúcia (Presidente). Presidiu o julgamento o Ministro Dias Toffoli (Vice-Presidente). Plenário, 15.8.2018.
DOS PEDIDOS
Ante a todo o exposto, requer-se:
1) a procedência do pedido, alterando o prenome do Autor (xxxxxxx), para o seu novo prenome xxxxxxxx, com a devida averbação no Cartório de Registro Civil; e
2) a produção de todas as provas admitidas em direito, em especial a produção de prova testemunhal.
Nesses temos, Pede deferimento.
São Paulo, 22/10/2019.
Advogado:
Elivelton Inacio Rocha da Silva - RA: 1273862
Guilherme Alcantara Bento Vieira- RA: 793113

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