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Curso: Direito Professora: LIDIA CALDEIRA Disciplina: Direito Civil VII Unidade: Bonsucesso Turma: JUR0801M - 2022-2 Turno: Manhã Alunos: Matrícula: Ana Catarina dos Santos Fernandes da Costa 19101257 Clarissa Reis Gonçalves do Nascimento 19100275 Ingrid Eduarda dos Santos Teodoro 19104463 Lethícia Beatriz Motta Carvalho 19100002 Lucas Batista Lucio 19201846 ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA II DIREITO CIVIL VII EXTINÇÃO DO TESTAMENTO POR INVALIDADE, CADUCIDADE, REVOGAÇÃO E ROMPIMENTO RESUMO: Este trabalho acadêmico tem o escopo de discutir os termos e as aplicações acerca da extinção do testamento. Tal tema é de suma importância, já que, é confirmada pelos inúmeros processos judiciais em andamento, questionando a validade do ato de última vontade. Como a eficácia do testamento é diferida para após a morte do testador e este não poderá realizar novamente o ato, entende-se que sua derradeira vontade deve ser preservada, sempre que possível. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens, ou de parte deles, para depois de sua morte. O testamento é denominado como um negócio jurídico unilateral, personalíssimo e revogável, pelo qual o testador faz disposições de caráter patrimonial ou extrapatrimonial, para depois de sua morte. De forma que o testador possui a liberdade para fazer e desfazer de acordo com sua vontade, devendo sempre, é claro, ser respeitados as disposições legais exigidas para que se tenha validade. No entanto, é indispensável que não se confunda os termos e nem suas aplicações, ou seja, é essencial se compreender corretamente o sentido e a função de cada um dos termos, para que se aplique de forma correta cada acontecimento ao seu respectivo ato. 1. INTRODUÇÃO A legislação brasileira possui duas formas de sucessão: a legitima e a testamentária. A sucessão legítima respeita os herdeiros necessários, conforme disposto em lei, já a sucessão testamentária na sucessão, baseado no Princípio da Livre Manifestação da Vontade do Testador, a sucessão testamentária é conduzida pelo testamento, o qual, dito anteriormente, é um ato pessoal e revogável, o testador tem a liberdade para fazer e desfazer conforme sua vontade, sempre respeitando as disposições legais exigidas. Acerca do testamento, ninguém pode praticar o ato em nome de terceiro. Somente o próprio testador pode praticar o testamento. É unilateral porque é a vontade da pessoa que pode ser manifestada, não podendo ser admitida influência de outros. Deve ser praticado sem qualquer irregularidade. Em havendo alguma irregularidade o testamento será nulo. É um ato gratuito, não pode ser oneroso, eis que quando o testamento surtir efeito o testador já estará morto. Somente a pessoa que o faz é que pode modificá-lo e faltando qualquer exigência da lei, o testamento será anulado. É evidente que, o direito brasileiro trata e regulamenta toda e qualquer relação existente entre pessoas, nessa premissa, o ordenamento jurídico dispõe sobre o Direito das Sucessões. Os pressupostos da sucessão é a morte do autor da herança e a vocação hereditária, ou seja, a necessidade de alguém falecer e a existência de um herdeiro ou substituto. O falecimento é comprovado com a certidão de óbito e coube ao Código Civil disciplinar a prevalência dos herdeiros. Contudo, existem algumas coisas que podem impedir este testamento de produzir efeitos jurídicos dentre elas: a invalidade, a caducidade, a revogação e o rompimento, que serão objetos deste presente trabalho. A justificativa desse estudo se dá pela falta de conhecimento por parte das pessoas quando se trata da extinção do testamento e a distinção entre os termos. A metodologia utilizada para a elaboração do presente trabalho acadêmico foi o de pesquisa teórica, pois esta visa a realização de uma análise detalhada de determinado assunto, assim foram-se usados livros escritos por autores renomados. Para uma melhor exposição e compreensão do tema o assunto foi dividido em partes, sendo a primeira referente a invalidade e suas características, a segunda parte acerca da caducidade, a terceira sendo a revogação e suas minucias, e a quarta e última parte, esta sendo sobre o rompimento e suas especificadas. 2. INVALIDADE O testamento pode ser inválido se, no momento da sua elaboração, o testador não tiver conhecimento do ato ou se a declaração de vontade for deficiente. Art. 1860 do Código Civil, que na falta de discernimento: "Salvo os incapazes, não podem pôr à prova os que não têm pleno discernimento no ato." Ou seja, quando a pessoa tinha alguma limitação mental. O testamento também pode ser inválido em caso de vício do testamento, como erro, dolo, coação, emergência, dano e fraude contra os credores, nos termos do art. 1909 e 138-165 do Código Civil. Para dar início ao processo de invalidação de testamento, o interessado deve ingressar com ação judicial e comprovar a existência de vício no testamento. O Ministério Público também pode requerer a anulação do testamento. Será necessário demonstrar que o testador não gozava de boa saúde e era mentalmente incapaz ou que existe alguma das situações acima referidas que tornem o documento inválido, como fraude ou coação. Um testamento ou disposição testamentária é confirmado por uma decisão judicial que declara o testamento ou parte dele inválido. Se os interessados não tomarem a iniciativa de interpor recurso de anulação, o testamento será válido. O vício será verificado ao longo do tempo. São dois prazos. O prazo para provar o erro, dolo ou coação é de quatro anos (artigo 1909.º do Código Civil). Se a audiência incidir sobre a falta de reconhecimento do testador, o prazo expirará 5 anos a contar da data da inscrição (artigo 1859.º do Código Civil). 3. CADUCIDADE O termo “caducar” significa perder a eficácia. No direito sucessório, a caducidade refere-se a impossibilidade do cumprimento do testamento ou então alguma disposição testamentária. Em regra, quando o testamento se torna caduco, todas as cláusulas estão sem eficácia. No entanto, se somente alguma de suas disposições caducarem, o testamento não é atingido por completo. A caducidade não se confunde com nulidade ou anulabilidade, pois quando o testamento é nulo ou foi anulado não é testamento. Já o caduco continua sendo testamento, mas no caso o objeto deixa de existir, quer seja pela perda ou por falta dos sujeitos instituídos como beneficiários. O art.1788 do Código Civil, trata da caducidade do testamento, estabelecendo que a herança se transfere aos herdeiros necessários em caso de testamento nulo ou caduco. Um outro exemplo de caducidade está prevista nos testamentos especiais. Esse tipo de testamento caduca se o testador não morrer em até 90 dias da entrega do testamento às autoridades competentes (arts.1891 e 1895). O testamento marítimo e o aeronáutico deixam de ter eficácia caso o testador não morra na viagem e nem no período de 90 dias após o desembarqueem terra. Isto ocorre porque depois desse período, o testador pode testar na forma ordinária. O mesmo ocorre com o testamento especial militar. Contudo, há uma exceção que está prevista no art.1894 do Código Civil. Refere-se ao testamento cerrado apresentado ao auditor ou ao oficial, pois após lavrado o termo de apresentação e firmado pelo superior, pelo testador e por duas testemunhas, continua valendo. Afinal, estão cumpridos todos os requisitos do testamento. Uma outra forma de caducidade é o rompimento do testamento, conforme estabelecido no art.1973 do Código Civil. Também existe caducidade no testamento nucumpativo. Esse tipo de testamento é realizado oralmente durante a guerra, diante de duas testemunhas. Se o testador não morrer na guerra, o testamento perde a sua eficácia. A jurista Maria Helena Diniz considera os seguintes casos de caducidade: a. Arts.8 e 1943 do CC: se o herdeiro instituído morrer antes do testador ou simultaneamente a ele”; b. Arts.125, 1809 e 1943 do CC/02: se o nomeado falecer antes do implemento da condição da qual dependia a herança ou legado; se a condição suspensiva imposta pelo disponente não puder ser realizada; c. Arts.1943, 1798, 1799, 1801, 1939, IV e 1971 CC/02: se o herdeiro instituído ou o legatário renunciar a herança ou ao legado, for incapaz de herdar ou for excluído da sucessão; d. Art.1939 CC/02: se houver modificação substancial ou perecimento de coisa legada por caso fortuito, pois se a destruição se der por culpa do herdeiro, o legatário terá direito a perdas e danos, e, se ocorrer o fato por ato culposo do próprio legatário, nenhum direito lhe assiste; e. Arts.1891 a 1895 CC/02: se, nas hipóteses de testamento especial o testador não morrer em viagem ou em 90 dias. 4. REVOGAÇÃO Uma das características do testamento, previstas no artigo 1.858 do Código Civil, é ser, sobretudo revogável, isto é, poderá o testador revogar o ato que contém a sua última manifestação de vontade, até momentos antes de sua morte, não sendo necessário expor o motivo. A forma pelo qual o testador vai impedir que o testamento produza seus efeitos jurídicos é a revogação. Espécies de revogação Sobre as espécies de revogação do testamento existentes em nosso ordenamento jurídico versa o artigo 1.970 do Código Civil. São elas: 1. Expressa É aquela que resulta de declaração clara do testador manifestada em novo testamento. 2. Tácita Ocorre quando o testador não declara que revoga a anterior, mas há incompatibilidade entre as disposições deste e as do novo testamento. 3. Total Quando é retirada por inteira a eficácia do testamento 4. Parcial Quando alcança somente algumas cláusulas, permanecendo intactas as demais. O testamento é um ato personalíssimo, que pode ser modificado a qualquer tempo pelo testador. Zeno Veloso nos informa que a “revogabilidade do testamento é inderrogável”, ou seja, será nula ou sem efeito, a cláusula em que o testador se compromete a não revogar o testamento. Porém, há uma exceção prevista no art. 1609, III, do CC/02. O testamento pode ser revogado pelo testador, no todo ou em parte, a qualquer tempo, contudo, o reconhecimento de filho é irretratável e não admite revogação. No que se refere a capacidade para revogar o testamento é necessária a mesma competência exigida para testar. O testamento anterior só será revogado por testamento válido, o que implica na exigência de capacidade plena do testador. Declarado nulo o testamento revogatório, prevalece válido o anterior. 5. DO ROMPIMENTO DO TESTAMENTO O rompimento ocorre devido ao que é disposto na lei, acontece quando se presume que o testador não iria dispor de seus bens em testamento, caso soubesse da existência de herdeiros necessários. O art. que aborda essa temática é o 1.973 do Código Civil. Um caso prático desse acontecimento seria quando o de cujus, antes de testar, não tinha nenhum descendente, passando, após, a tê-los, havido casamento ou não, podendo ser, por exemplo, um filho que poderia vir a ser reconhecido por meio de uma investigação de paternidade ou até mesmo por conta de alguma adoção. Isso ocorre pois atualmente não restam dúvida dos direitos dos filhos reconhecidos, independentemente de serem adotados ou de sangue, levando-se em consideração o que está no art. 227, §6º da Constituição Federal. É mister dizer, também, que caso o de cujus já tinha herdeiros antes da descoberta desse novo, ambos dividirão a legítima, não precisando romper o testamento que já estava pronto. Portanto, resumidamente, a ruptura do testamento pode ocorrer quando o de cujus, ao testar, não possuía nenhum descendente, passando a ter depois, podendo ter casado ou não; ou ainda quando o de cujus ignorava a existência de algum filho ou acreditava que havia morrido; ou ainda, quando o de cujus ignorava a existência de outros herdeiros necessários, assim como o disposto no art. 1.974 do Código Civil. Com o rompimento, considera-se que o testamento ainda existe e que também é válido, porém, com a descoberta desses novos fatos, ele torna-se totalmente ineficaz. Desse modo, compreende-se que a partir desse momento, ele pára de surtir efeitos, não podendo mais ser cumprido. A lei leva em consideração que, se o de cujus soubesse que, na verdade, ainda teria herdeiros necessários, não iria testar para outras pessoas toda a sua herança. Porém, é mister destacar que esse fato trata-se de uma presunção relativa, uma vez que, caso o testador queira, será possível continuar com o testamento desde que ele manifeste que essa é a sua vontade (mesmo que sejam encontrados posteriormente outros herdeiros necessários). Mas, apesar de tudo isso, ainda será preciso respeitar a parte legítima. Maria Berenice diz que essa ruptura marcada pela lei acontece devido a natureza ética das pessoas, pressupondo a lealdade que o testador teria caso soubesse da existência dessas eventuais pessoas. Além disso, mesmo que o testador ainda estivesse vivo, a lei tem o condão de destruir os efeitos do testamento caso um novo herdeiro necessário seja encontrado. JULGADOS Ementa APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE TESTAMENTO. AUSÊNCIA DE REGISTRO DE TESTAMENTO. INÉPCIA DA INICIAL. EXTINÇÃO DO PROCESSO. POSSIBILIDADE DE EMENDA DA INICIAL. Verificado que a petição inicial apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, deve ser oportunizado ao autor que a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado. Inteligência do artigo 312 do CPC. Apelação provida. Sentença desconstituída. ( Apelação Cível Nº 70075630483, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Luís Dall'Agnol, Julgado em 28/02/2018). Ementa TESTAMENTO. CADUCIDADE PARCIAL. LEGATÁRIOS FALECIDOS ANTES DA TESTATORA. REGISTRO E CUMPRIMENTO EM RELAÇÃO AOS DEMAIS. Insurgência contra sentença de extinção por caducidade, nos termos do art. 1.939, V, do Código Civil. Reforma. Caducidade somente com relação às disposições relativas aos dois legatários falecidos antes da testadora, do total de quatro legatários indicados em testamento. Persistência da declaração de vontade. Registro e cumprimento, nos termos dos artigos 735 e seguintes do Código do Processo Civil, deferido. Recurso provido. CONSIDERAÇÕES FINAIS Após a apresentação do tema extinção dos testamentos, percebe-se que os estes muitas das vezes têm a sua validade contestada de forma errônea, a fim de atender interesses pessoais de indivíduos que tem relação de parentesco com o de cujus. Isto é, os parentes que seriam herdeiros naturais, conforme a ordem de vocação hereditária prevista no Direito Brasileiro, insatisfeitos com a nomeação realizada no testamento, não se furtam a ignorar o ato de última vontade do dono da herançae questionam judicialmente o ato, a fim de tomar posse dos bens. Refere-se acerca de um tema bem delicado, que exige do juiz muito cuidado para compreender a real intenção dos sujeitos que pleiteiam nulidade ou anulabilidade da declaração de última vontade. Portanto, constata-se que, os indivíduos, como operadores do direito, devem sempre primar pela aplicação da boa-fé objetiva nas relações privadas, agindo com diligência ao assessorar na confecção de um testamento, para que este seja eficaz, preservando sempre a vontade daquele que dispôs de seus bens de modo legítimo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS https://claudiamaraviegas.jusbrasil.com.br/artigos/759470990/testamentos-invalidados-e- ineficazes-revogacao-rompimento-caducidade-anulabilidade-e-nulidade Sinopses Jurídicas - Volume 4 - Carlos Roberto Gonçalves - Direito das Sucessões https://claudiamaraviegas.jusbrasil.com.br/artigos/759470990/testamentos-invalidados-e- ineficazes-revogacao-rompimento-caducidade-anulabilidade-e-nulidade https://claudiamaraviegas.jusbrasil.com.br/artigos/759470990/testamentos-invalidados-e- ineficazes-revogacao-rompimento-caducidade-anulabilidade-e-nulidade
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