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Aula 02 Prática Forense Família e Sucessões 2023 1

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Prática Forense Família e Sucessões - Aula 02
Profa. Suzyanne Pessôa
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É o fruto de um acordo realizado entre os cônjuges, que resolvem conjunta e amigavelmente pôr fim ao casamento.
 Divórcio Consensual
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O divórcio consensual se caracteriza como um “negócio jurídico bilateral”, cuja intervenção do juiz se limita a fiscalizar a regularidade do ajuste de vontades firmado pelo casal. 
Divórcio Consensual
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Competência:
Regra geral, a ação de divórcio consensual pode ser proposta no foro de domicílio de qualquer dos interessados.
Divórcio Consensual
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Petição inicial: Além de atender aos requisitos dos arts. 319 e 320 do CPC, a petição inicial da ação de divórcio consensual, que deverá ser firmada por ambos os cônjuges, deve, segundo o art. 731 do mesmo Código, indicar:
Divórcio Consensual
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I) as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns;
II) as disposições relativas à pensão alimentícia entre os cônjuges;
III) o acordo relativo à guarda dos filhos incapazes e ao regime de visitas;
IV) o valor da contribuição para criar e educar os filhos.
Divórcio Consensual
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Embora não seja mencionado pelo legislador, o casal deve ainda dispor sobre o uso do nome de casado, caso tenha havido a sua adoção.
Divórcio Consensual
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Embora seja possível obter o divórcio consensual sem que se efetue a partilha dos bens, que ficaria relegada para procedimento autônomo posterior (arts. 647 a 658, CPC), na prática, considerando que o ânimo conciliatório do casal é fundamental nesse tipo de ação, não havendo acordo sobre a divisão de bens, ponto obviamente sensível a todos os casais em processo de separação, dificilmente será possível efetivar o divórcio de forma consensual.
Divórcio Consensual
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No Divórcio Consensual, os requerentes são livres para acordar o que quiserem sobre os seus bens (negócio jurídico bilateral), independentemente do regime de bens que tenham adotado quando do casamento.
Divórcio Consensual
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A petição inicial deve indicar e valorar individualmente todos os bens do casal, juntando-se documentos que comprovem a propriedade e a data de aquisição, por exemplo:
Divórcio Consensual
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I) certidão de propriedade e carnê de IPTU, no caso de bens imóveis;
II) certificado de registro e licenciamento, no caso de veículos; tendo-se o cuidado de se juntar também documento que comprove o valor declarado do bem, como, por exemplo, anúncio de jornal com preço de mercado de carros semelhantes;
III) contrato social, no caso da propriedade de cotas de pessoa jurídica;
Divórcio Consensual
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IV) nota fiscal, no caso de bens móveis; a valoração pode ser provada pela juntada de avaliações feita por peritos ou de documentos que demonstrem o seu valor comercial;
V) extrato bancário, quanto a saldo em conta corrente, poupança e investimentos;
VI) contratos, quanto a compromissos em aberto.
Divórcio Consensual
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Ainda sobre o tema da divisão de bens, ressalte-se a importância de também discorrer sobre o passivo do casal, mencionando-se as obrigações em aberto e seu saldo, estabelecendo de forma clara quem ficará responsável pelo seu pagamento e quais as penalidades no caso de inadimplência.
Divórcio Consensual
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No que se refere a guarda dos filhos menores, uma vez acordada entre as partes que a mesma será exercida na modalidade unilateral, o cônjuge que não ficou com a guarda dos filhos tem o direito de visitá-los regularmente, devendo o casal indicar na petição inicial o dia e o horário em que as visitas se darão, procurando sempre respeitar a idade e as necessidades das crianças.
Divórcio Consensual
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Oportuno mencionar que existe uma tradição na jurisprudência de que as visitas devem ocorrer, ao menos, de forma quinzenal, alternando-se as festas e ocasiões especiais e dividindo-se o período de férias escolares.
Divórcio Consensual
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Contribuição na manutenção:
O cônjuge que não ficou com a guarda dos filhos menores deve, ademais, contribuir, na medida dos seus rendimentos e das necessidades dos filhos (art. 1.703, CC), para o sustento deles.
Divórcio Consensual
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O acordo sobre a pensão alimentícia devida aos filhos deve indicar:
 I) o valor da pensão para o caso de emprego regular, com ou sem vínculo empregatício;
II) o valor da pensão para o caso do alimentante vir a ficar desempregado, considerando-se, na fixação, as condições pessoais presentes do devedor, salientando-se que o valor da pensão para o caso de desemprego não pode obviamente ser maior do que aquela fixada para o caso de emprego regular;
Divórcio Consensual
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III) o dia do pagamento;
IV) a forma do pagamento (em espécie, em mão, mediante recibo, depósito em conta, desconto em folha de pagamento).
Divórcio Consensual
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O acordo sobre o valor da pensão alimentícia pode ser revisto a qualquer momento, desde que haja alteração nas possibilidades do obrigado ou nas necessidades do credor, conforme permissivo do art. 1.699 do CC:
Divórcio Consensual
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“se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias do caso, exoneração, redução ou majoração do encargo”.
Divórcio Consensual
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Registre-se que todos os comentários feitos sobre guarda, visita e alimentos dos filhos menores, se estendem igualmente, aos “filhos maiores incapazes”, conforme dispõe o art. 1.590 do CC: “as disposições relativas à guarda e prestação de alimentos aos filhos menores estendem-se aos maiores incapazes”.
Divórcio Consensual
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Por último, a petição de divórcio consensual deve mencionar se há ou não estipulação de pensão alimentícia entre os requerentes.
Divórcio Consensual
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Embora a letra expressa da lei fale em pensão devida pelo homem à mulher, tal dispositivo deve ser interpretado à luz da Constituição Federal, art. 5º, inciso I, e dos arts. 1.702 e 1.704 do Código Civil, que estabelecem a igualdade entre os sexos, inclusive quanto à obrigação de prestar alimentos.
Divórcio Consensual
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Outro ponto importante a ser destacado se refere a validade de cláusula em que um, ou ambos, os cônjuges, renunciam ao direito de pedir alimentos, vejamos:
Divórcio Consensual
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Não obstante a literalidade do art. 1.707 do CC, que declara que “pode o credor ..., porém lhe é vedado renunciar o direito a alimentos ”, bem como do conteúdo da Súmula 379 do STF (“No acordo de desquite não se admite renúncia aos alimentos, que poderão ser pleiteados ulteriormente, verificados os pressupostos legais.”)
A doutrina e a jurisprudência do STJ têm indicado que a renúncia aos alimentos é válida, se o renunciante possuir, naquele momento, renda ou bens que lhe garantam a subsistência.
Divórcio Consensual
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No entanto, as partes podem avençar o pagamento de uma pensão ao ex-cônjuge, entretanto, tal situação representa uma exceção, pelo tempo mínimo necessário para que o necessitado busque os seus próprios recursos, salvo naqueles casos em que o alimentando não tenha capacidade para o trabalho.
Divórcio Consensual
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Como já mencionado anteriormente, embora o CPC não mencione, a petição de divórcio consensual deve ainda indicar se os cônjuges voltarão a usar o nome de solteiro, caso tenham, é claro, alterado o seu nome quando do casamento, adotando o patronímico do outro cônjuge.
Divórcio Consensual
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Ao contrário do que dispunha a legislação anterior (CC/1916 e Lei 6.515/1977), o atual Código Civil permite que no divórcio consensual acorde o casal que o cônjuge continue a usar o nome de casado.
Divórcio Consensual
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Nesse sentido, o § 2º do art. 1.571 do CC estabelece que: “dissolvido o casamento pelo divórcio direto ou por conversão, o cônjuge poderá manter o nome de casado; salvo, no segundo caso, dispondo em contrário a sentença de separação judicial”; assim como o §2º do art. 1.578 do mesmo diploma legal que diz: “nos demais casos caberá a opção pela conservação do nome de casado”.
Divórcio Consensual
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Procedimento:
Aplica-se à ação de divórcio consensual o procedimentoprevisto nos arts. 731 a 734 do Código de Processo Civil.
Divórcio Consensual
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O Código apenas declara que a homologação do divórcio consensual deve ser requerida por petição assinada por ambos os cônjuges. Sendo assim, o novo CPC extinguiu a necessidade dos requerentes comparecerem perante o juiz para que este tente a reconciliação do casal.
Divórcio Consensual
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Distribuída ou registrada a petição, esta vai conclusa ao juiz, que, após oitiva do representante do Ministério Público e verificado o atendimento dos requisitos legais (arts. 319, 320 e 731, CPC), procederá com a homologação do pedido, decretando o divórcio dos requerentes e determinando a expedição do mandado competente para fins de registro junto ao cartório.
Divórcio Consensual
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A petição deve ser instruída com os documentos pessoais das partes, Instrumento Procuratório, Declaração de Hipossuficiência, quando for cabível, Certidão de Casamento, Escritura Pública de Pacto Antenupcial, quando houver sido firmada, Certidão de Nascimento de eventual prole e outros documentos tendentes a provar a existência e o valor dos bens.
Divórcio Consensual
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Segundo o art. 731 do Código de Processo Civil, a homologação do divórcio consensual pode ser obtida mediante o simples protocolo, ou distribuição (quando for o caso), da petição inicial firmada por ambos os cônjuges; não sendo mais necessário o comparecimento do Advogado e das partes em audiência homologatória perante o juiz(Audiência de Ratificação), providência essa, que já vinha sendo dispensada por muitos magistrados.
Divórcio Consensual
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Homologado o pedido de divórcio, este será averbado junto ao registro de casamento do casal, expedindo-se para tanto o competente mandado.
Divórcio Consensual
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Havendo partilha de bens imóveis, deverá ainda ser expedido formal de partilha, a fim de possibilitar a retificação da matrícula junto ao Cartório de Registro de Imóveis competente.
Divórcio Consensual
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