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CENTRO UNIVERSITÁRIO REDENTOR – PARAÍBA DO SUL RELATÓRIO DE PESQUISA MEIO AMBIENTE E SAÚDE: A INFLUÊNCIA DE ESPAÇOS VERDES NA QUALIDADE DE VIDA Relatório de pesquisa apresentado para a disciplina de Projeto Integrador V, solicitado pela professora Daniela Pereira para o curso de Arquitetura e Urbanismo, da Uni Redentor em Paraíba do Sul. Paraíba do Sul 2019 OBJETIVO GERAL Influências e contributos de áreas verdes na saúde, qualidade de vida e bem-estar das populações urbanas. Com esse objetivo geral busca-se entender qual o benefício que as áreas verdes causam na qualidade de vida, saúde e no bem-estar da população como um todo. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Qual a relação, influência ou contributo de áreas verdes no espaço físico onde estão inseridas ou no meio ambiente. Qual o papel ambiental que elas desempenham CONTRIBUTOS E BENEFÍCIOS DOS ESPAÇOS VERDES NO MEIO FÍSICO E SUA FUNÇÃO AMBIENTAL Aos Espaços Verdes estão associados vários benefícios, como a sustentabilidade e a qualificação da paisagem urbana, que contribuem para a melhoria da qualidade de vida das populações (Madureira, 2012). De acordo com Guzzo (1999) os elementos naturais que compõem os espaços verdes minimizam os impactos decorrentes da urbanização. As áreas verdes contribuem para a requalificação da estrutura urbana, dando uma imagem mais atrativa às cidades (Blanc, 2008; Madureira 2012). As áreas verdes desempenham atualmente, várias funções nos meios urbanos, Funções. Segundo Sá (2013) as funções das áreas verdes em espaços urbanos podem ser agrupadas em três domínios: ambiental, social e econômico. Logo, a fim de responder somente os benefícios e contributos dos espaços verdes para o meio físico o qual está inserido, o foco desta pesquisa ficará em torno apenas do domínio ambiental empenhado pelos espaços verdes. Na sua função ambiental, os espaços verdes, desenvolve-se sobretudo na promoção da biodiversidade, e é encarada como um valor a proteger, pela importância das funções que promove, como a regularização climática, purificação atmosférica e diminuição dos gastos energéticos (Marques, 2011; Madureira, 2012). As funções ambientais só estão totalmente concretizadas se os espaços estiverem estruturados, ligados e organizados (Montez, 2010). Dados os efeitos adversos da intensificação da edificação de outras dinâmicas urbanas as principais funções dos espaços verdes urbanos consistem: ➢ Na regulação do clima local (Bolund e Hunhammar, 1999; Alcoforado, 2010), assim como, na regulação do aumento da concentração e/ou contaminação de alguns gases na atmosfera, nocivos para os humanos ou com efeito estufa (Nowak e Sisinni, 1993). ➢ Regulação da temperatura, os espaços verdes desempenham um papel importante na amenização da temperatura sentida nos espaços urbanos, ―ao intervir ao nível da infiltração do ar, conveção de calor e da transmissão de radiação‖ (Carvalho, 2009). ➢ Bolund e Hunhammar (1999) salientam que a capacidade que a vegetação tem em reduzir os níveis de poluição do ar encontra-se essencialmente dependente das suas próprias características. O autor acrescenta que a redução dos níveis de poluição do ar deve-se sobretudo ao processo de filtragem de partículas do ar, salientando que quanto maior for a superfície foliar da planta, maior é a capacidade de filtragem das partículas do ar (Bolund e Hunhammar, 1999; Givoni, 1991). Assim, pelo fato das folhas agudas terem uma maior superfície foliar total, as coníferas têm uma maior capacidade de filtragem comparativamente às árvores de folhas caducas (ou folhosas). No entanto, as coníferas também são mais sensíveis à poluição atmosférica e as caducas têm uma maior capacidade de absorção de gases poluentes. Assim sendo, o autor conclui que a mistura dos dois tipos de árvores poderá fornecer uma melhor alternativa (Bolund e Hunhammar, 1999). Vários autores fazem também referência ao fato de a temperatura do ar em áreas urbanas ser habitualmente mais elevada (cerca de 0,5°C a 1,5°C) do que a temperatura verificada nas áreas envolventes, geralmente conhecida como ―ilha de calor urbano‖ (e.g. Doick, 2013; Bolund e Hunhammar, 1999; Carvalho, 2009). Deste modo, uma estratégia que tem vindo a ser proposta para mitigar o aumento da temperatura em áreas urbanas é o aumento do coberto vegetal nas áreas urbanas (Bolund e Hunhammar, 1999; Givoni, 1991; Gill et al., 2007). ➢ Na função de termorregulador, os espaços verdes urbanos exercem também influência sobre outros parâmetros climáticos, designadamente sobre o aumento da humidade relativa do ar (Elias, 1997). Estima-se em cerca de 5% numa zona verde, com largura entre 50 e 100 m, e durante o verão uma árvore adulta, é capaz de libertar, num dia calmo 300 a 500 L de vapor de água. O mesmo que se evapora, num dia, numa superfície de água de 300 m2‖ (Elias, 1997:35). ➢ O processo de evapotranspiração, o qual consiste na transferência do vapor de água quando se processam em simultâneo dois fenômenos, a evaporação da água do solo e transpiração do coberto vegetal (Bowler et al., 2010). Para além destes processos o sombreamento proporcionado pelas árvores não pode ser ignorado na sua capacidade de redução da temperatura (Bowler et al., 2010). Os copados promovem ―filtragem dos raios solares pelas plantas, com a retenção dos raios ultravioletas e a diminuição da intensidade da radiação até 20%, e a irradiação de calor. ➢ No que respeita à regulação da qualidade do ar, Elias (1997:27) realça que ―um hectare de relvado plantado com árvores de espécies diferentes, absorve à volta de 900 kg de dióxido de carbono em 12 horas, correspondente a 6x106 m3 de ar, e a uma produção ao mesmo tempo de 600 kg de oxigénio. Ainda ao nível ambiental, os espaços verdes urbanos têm um contributo decisivo para a biodiversidade e constituem-se como importantes habitats de refúgio para a fauna e flora, e desta forma atuam como elementos estruturantes na preservação de uma diversidade de espécies em ambiente urbano (Tzoulas et al., 2007; Forest Research, 2010). Esta função de suporte à biodiversidade realça que o conjunto de espaços verdes em meio urbano beneficia em estruturar-se num sistema, concebidos como um todo comunicando em contínuo, através de corredores de vegetação que promovam a ligação entre os diversos espaços verdes, assim como, com a paisagem envolvente da zona urbana (Ahern, 2002). Para além dos benefícios já mencionados, os espaços verdes urbanos podem ter um contributo fundamental na: ➢ Proteção da qualidade do solo, através do uso adequado de fertilizantes e pesticidas, através da plantação de espécies que possam melhorar a fertilidade do solo (e.g., espécies fixadoras de azoto) e, ainda, através da manutenção do coberto vegetal para evitar a erosão do solo; ➢ Na melhoria da qualidade do solo, através da utilização de técnicas de cultivo que agem como atenuantes do processo de compactação do solo e permitem a criação natural de uma camada de matéria orgânica; e ainda, ➢ Na formação de solo, na medida em que melhoram a fertilidade do solo, a capacidade de retenção de água e a dinâmica da comunidade microbiana. Estes autores realçam também a importância destes espaços na estabilização dos declives em contexto urbano (Forest Research, 2010). Importa ainda salientar, a importância dos espaços verdes urbanos para a manutenção do ciclo hidrológico, desde que garantida a permeabilidade do solo (Houghton, 1994; Alcoforado, 2010). A impermeabilização do solo das áreas urbanas tem por consequência, com a ocorrência de um evento de precipitação mais intenso, o agravamento da periculosidade do potencial das cheias (Houghton, 1994). Neste contexto, as estruturas verdes favorecem a infiltração da água, possibilitando arecarga de aquíferos e a evaporação da água (processo de evapotranspiração). Bolund e Hunhammar (1999) realçam que nas áreas verdes somente 5 a 15% das águas pluviais não são evaporadas ou infiltradas no solo. Por último, mas não menos relevante, é o contributo destes espaços para a redução dos níveis de ruído, proporcionando um refúgio da poluição sonora característica da cidade de hoje (Anderson et al., 1984). Neste sentido, vários autores referem que a plantação de ―noise buffers composto por árvores e arbustos pode reduzir o ruído de 5 a 10 dB para a largura de 30 m de área florestal, o que representa uma redução do ruído para o ouvido humano de aproximadamente 50% (Cook e Haverbeke, 1977). Figura 1: Quadro de Resumo dos Benefícios das Áreas Verdes na Função Ambiental. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALCOFORADO, M. J. (2005) Orientações Climáticas para o ordenamento em Lisboa. Lisboa: Centro de Estudos Geográficos – Universidade de Lisboa. ALCOFORADO, M. J. (2010). Climatologia Urbana para o ensino. Lisboa: Instituto de Geografia e Ordenamento do Território - Núcleo clima. BOLUND, P., & HUNHAMMAR, S. (1999). Ecosystem Services in urban areas. Ecological economics, 29, 293–301. BOWLER, D.E.; BUYUNG-ALI, L.M.; KNIGHT, T.M.; PULLIN, A.S. (2010). A systematic review of evidence for the added benefits to health of exposure to natural environments. BMC Public Health, 10, 456–466. Colóquio Ibérico de Geografia – respuestas de la Geografía Ibérica a la crisis actual, Santiago de Compostela ELIAS, T. (1997). Quantificação dos Espaços Verdes Urbanos no Aglomerado de Algés- Miraflores. Relatório do final de curso de Arquitetura Paisagista. Instituto Superior de Agronomia, Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa. GIVONI, B. (1991). Impact of planted areas on urban environmental quality: a review. Atmospheric Environment. Part B. Urban Atmosphere, 25B (3), 289-299. MADUREIRA, H. (2012), Revitalizar a cidade pelo planeamento da estrutura verde, XIII MARQUES, M.; GOUVEIA, M.; LEAL, I. (2007), Actividade física, Saúde e Qualidade de vida, XIV Jornadas pedagógicas da ASPEA: Ambiente – Saúde – Qualidade de Vida, Lisboa MONTEZ, C. (2010), Valor dos espaços verdes da cidade, Universidade de Aveiro, Aveiro NOWAK, D.J.,& SISINNI, S. (1993). Plant Chemical Emissions. Miniature Roseworld, X, 46. NOWAK, D.J.; CRANE, D.; STEVENS, J. (2006). 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