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Demência: Causas e Tratamentos

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Demência refere-se a um processo de doença marcado pelo declínio 
cognitivo, mas com clareza de consciência. A demência não se refere 
a um baixo funcionamento intelectual, nem retardo mental, porque 
estas são condições de desenvolvimento e estáticas, e os déficits 
cognitivos na demência representam um declínio de níveis anteriores 
de funcionamento. A demência envolve múltiplos domínios 
cognitivos, e déficits cognitivos causam prejuízo significativo no 
funcionamento social e profissional. 
Existem vários tipos de demência com base na etiologia: doença de 
Alzheimer, demência com corpos de Lewy, demência vascular, 
demência frontotemporal, lesão cerebral traumática (LCT), HIV, 
doença do príon, doença de Parkinson e doença de Huntington. A 
demência também pode ser causada por outras condições médicas ou 
neurológicas ou produzida por várias substâncias. 
Os pontos clínicos críticos da demência são a identificação da 
síndrome e o exame clínico de sua causa. O transtorno pode ser 
progressivo ou estático; permanente ou reversível. Presume-se sempre 
uma causa subjacente, embora, em casos raros, seja impossível 
determinar uma causa específica. O potencial de reversão da 
demência está relacionado à condição patológica subjacente e à 
disponibilidade e aplicação de um tratamento eficaz. 
Aproximadamente 15% das pessoas com demência apresentam 
doenças reversíveis, se o tratamento for iniciado antes que ocorram 
danos irreparáveis. 
Comumente, a demência ocorre como uma doença do cérebro sem 
qualquer outra causa (o que é chamado de doença cerebral primária), 
mas pode ser provocada por diversos problemas. 
Mais comumente, a demência é causada pela Doença de Alzheimer, 
uma doença cerebral primária Cerca de 60 a 80% dos idosos com 
demência têm a doença de Alzheimer. 
 Outros tipos comuns de demência incluem 
• Demência vascular 
• Demência por corpos de Lewy 
• Demência frontotemporal (como doença de Pick) 
• Demência relacionada ao vírus da imunodeficiência humana 
(HIV) 
Muitas pessoas sofrem de mais do que uma dessas demências (um 
transtorno denominado demência mista). 
As doenças que podem provocar a demência incluem as seguintes: 
• Doença de Parkinson (uma causa comum, mas a demência 
ocorre tardiamente na evolução da doença) 
• A lesão cerebral devido a um ferimento na cabeça ou certos 
tumores 
• Doença de Huntington 
• Doenças causadas por príons, como doença de Creutzfeldt-Jakob 
(que causa uma demência rapidamente progressiva) 
• Paralisia supranuclear progressiva 
• Sífilis que afeta o cérebro (neurossífilis) 
A maior parte dos quadros clínicos que causam demência não pode 
ser revertida, mas alguns podem ser tratados e podem ser chamados 
de demência reversível. (Alguns especialistas utilizam o termo 
demência apenas para os quadros clínicos que progridem e que não 
podem ser revertidos e utilizam termos como encefalopatia ou perda 
cognitiva quando a demência pode ser parcialmente reversível.) O 
tratamento muitas vezes pode curar essas demências se o cérebro não 
foi muito danificado. Se o dano cerebral for muito extenso, muitas 
vezes o tratamento não reverte a lesão, mas pode evitar novas lesões. 
Os quadros clínicos que podem provocar a demência incluem os 
seguintes: 
• Hidrocefalia de pressão normal 
• Hematoma subdural 
• Deficiência de tiamina, niacina ou vitamina B12 
• Glândula tireoide com baixa atividade (hipotireoidismo) 
• Tumores cerebrais que podem ser removidos 
• Uso prolongado e excessivo de drogas ou álcool 
• Toxinas (como chumbo, mercúrio ou outros metais pesados) 
• Neurossífilis se tratada precocemente 
• Outras infecções (como a doença de Lyme, encefalite viral e a 
infecção fúngica criptococose) 
• Doenças autoimunes 
• Esclerose múltipla 
Um hematoma subdural (acúmulo de sangue entre as camadas externa 
e média do tecido que cobrem o cérebro) ocorre quando um ou mais 
vasos sanguíneos se rompem, geralmente por causa de um ferimento 
na cabeça. Essas lesões podem ser leves e não podem ser 
reconhecidas. Os hematomas subdurais podem causar um declínio 
lento na função mental que pode ser revertido com tratamento. 
Muitas doenças podem piorar os sintomas de demência. Elas incluem 
doenças autoimunes, diabetes, bronquite crônica, enfisema, infecções, 
uma doença renal crônica, doenças do fígado e insuficiência cardíaca. 
Vários medicamentos podem causar ou piorar, temporariamente, os 
sintomas da demência. Alguns são de venda livre, sem prescrição 
médica. São exemplos comuns os soníferos (que são sedativos), os 
medicamentos para resfriado, os medicamentos contra a ansiedade e 
alguns antidepressivos. 
Beber álcool, mesmo em quantidades moderadas, também pode piorar 
a demência, e a maioria dos especialistas recomenda que as pessoas 
que sofrem de demência interrompam o consumo de álcool. 
A função mental das pessoas com demência deteriora-se num prazo 
de 2 a 10 anos. No entanto, a demência progride a um ritmo diferente, 
dependendo da sua causa: 
Nas pessoas com demência vascular (as quais geralmente são 
causadas por acidente vascular cerebral), os sintomas tendem a se 
agravar em fases súbitas com cada novo acidente vascular cerebral, e 
melhoram um pouco nos intervalos. 
Naqueles que sofrem da doença de Alzheimer ou de demência por 
corpos de Lewy, os sintomas tendem a se agravar de forma contínua. 
Na doença de Creutzfeldt-Jakob, a demência progride de forma rápida 
e contínua. 
A taxa de progressão varia de um indivíduo para outro. Analisar a 
forma como a doença se agravou no ano anterior pode dar um 
indicativo do curso que seguirá no ano seguinte. Os sintomas pioram 
quando as pessoas com demência são levadas para clínicas de repouso 
ou outro tipo de instituição, uma vez que têm dificuldade em aprender 
e recordar as regras e as rotinas que devem seguir. 
Problemas como dor, falta de oxigênio, retenção urinária e 
constipação podem causar delirium que piora com rapidez nas pessoas 
com demência. Uma vez corrigidos esses problemas, os pacientes 
geralmente regressam ao nível de funcionamento mental anterior. 
Os sintomas da maioria das formas de demência são semelhantes. 
Geralmente a demência provoca o seguinte: 
• Perda de memória 
• Problemas em usar a linguagem 
• Mudanças na personalidade 
• Desorientação 
• Problemas ao fazer tarefas diárias habituais 
• Comportamento perturbador ou inapropriado 
Embora exista uma variação de quando os sintomas ocorrem, 
categorizá-los como sintomas precoces, intermediários ou tardios 
ajuda as pessoas afetadas, os familiares e outros cuidadores a terem 
uma ideia do que esperar. 
As mudanças de personalidade e o comportamento disruptivo 
(transtornos de comportamento) podem se desenvolver no início ou 
posteriormente. Algumas pessoas que sofrem de demência têm 
convulsões, que também podem ocorrer em qualquer ponto da doença. 
Os primeiros sintomas de demência tendem a ser leves. Como a 
demência se inicia de forma lenta e piora com o tempo, nem sempre 
se consegue identificar a perturbação desde o início. Uma das 
primeiras funções mentais cuja deterioração é evidente é a memória, 
especialmente para eventos recentes . 
Além disso, as pessoas com demência normalmente têm cada vez 
mais dificuldade em fazer o seguinte: 
• Encontrar e utilizar a palavra certa 
• Entender a linguagem 
• Pensar de forma abstrata, como quando se trabalha com 
números 
• Fazer muitas tarefas diárias, como encontrar o seu caminho e 
lembrar onde foram colocados os objetos 
• Utilizar o bom senso 
As emoções são instáveis e imprevisíveis, passando rapidamente da 
alegria para a tristeza. As mudanças de personalidade também são 
frequentes. Os familiares podem perceber um comportamento 
incomum. 
Algumas pessoas com demência conseguem dissimular as suas 
deficiências muito bem. Evitam atividades complexas, como controlar 
as suascontas bancárias, ler ou trabalhar. Os que não modificam o seu 
estilo de vida podem sentir-se muito frustrados perante a incapacidade 
de realizar as suas tarefas diárias. Podem esquecer de fazer tarefas 
importantes ou podem fazê-las de forma incorreta. Por exemplo, 
podem esquecer de pagar as contas ou desligar as luzes ou o fogão. 
No início da demência, as pessoas podem ser capazes de continuar a 
dirigir, mas podem ficar confusas no trânsito congestionado e se 
perderem com mais facilidade. 
Conforme a demência piora, os problemas existentes pioram e se 
expandem, fazendo com que fique difícil ou impossível realizar as 
seguintes tarefas: 
• Aprender e lembrar novas informações 
• Por vezes, lembrar de eventos do passado 
• Executar tarefas diárias de autocuidado, como tomar banho, 
comer, se vestir e ir ao banheiro 
• Reconhecer as pessoas e os objetos 
• Manter o controle do tempo e saber onde estão 
• Entender o que veem e ouvem (levando a confusão) 
• Controlar o seu comportamento 
As pessoas muitas vezes se perdem. Podem não ser capazes de 
encontrar o seu próprio quarto ou banheiro. Podem andar, mas estão 
mais propensas a cair. Em cerca de 10% das pessoas, essa confusão 
leva a sintomas de psicose, como alucinações, delírios (falsas crenças, 
devido a uma má interpretação das percepções ou das experiências) 
ou paranoia (sentimentos de perseguição injustificados). 
Conforme a demência progride, dirigir torna-se cada vez mais difícil, 
pois requer a tomada de decisões rápidas e a coordenação de muitas 
habilidades manuais. As pessoas podem não se lembrar aonde estão 
indo. 
Os traços da personalidade podem se tornar mais exagerados. As 
pessoas que estavam sempre preocupadas com o dinheiro ficam 
obcecadas com isso. As pessoas que costumavam ser preocupadas 
ficam preocupadas constantemente. Algumas pessoas ficam irritadas, 
ansiosas, egocêntricas, inflexíveis ou se irritam mais facilmente. 
Outras se tornam mais passivas, sem expressão, deprimidas, indecisas 
ou ausentes. As pessoas com demência podem ficar hostis ou agitadas 
se forem mencionadas as mudanças em sua personalidade ou função 
mental. 
Os padrões do sono podem ser anômalos. A maioria das pessoas com 
demência dorme uma quantidade adequada de horas, mas passam 
menos tempo em sono profundo. Como resultado, podem tornar-se 
inquietas durante a noite. Também podem ter problemas para 
adormecer ou manter o sono. Se as pessoas não se exercitam o 
suficiente ou não participam de muitas atividades, podem dormir 
muito durante o dia. Então não dormem bem durante a noite. 
Devido ao fato de as pessoas serem menos capazes de controlar o seu 
comportamento, por vezes agem de forma inadequada ou disruptiva 
(por exemplo, gritando, se jogando, se debatendo ou errantes). Essas 
ações são chamadas de transtornos comportamentais. Vários efeitos 
da demência contribuem para essa maneira de agir: 
Como pessoas com demência esqueceram as regras comportamentais 
adequadas, podem agir de forma socialmente inadequada. Quando 
está calor, podem se despir em público. Quando têm impulsos sexuais, 
podem se masturbar em público, usar linguagem vulgar ou obscena 
ou fazer exigências sexuais. 
Como elas têm dificuldade em compreender o que ouvem e o que 
veem, podem interpretar uma oferta de ajuda como uma ameaça, 
podendo ser violentas. Por exemplo, quando alguém tenta ajudá-las a 
se despir, podem interpretar essa ajuda como um ataque e tentar se 
proteger, por vezes, batendo na pessoa. 
Levando-se em conta que a sua memória a curto prazo é deficiente, 
não se lembram do que lhes foi dito, nem do que fizeram. Repetem as 
perguntas e as conversas, solicitam atenção constante ou pedem coisas 
(como comida) que já receberam. Podem ficar agitadas e chateadas 
quando não recebem o que pedem. 
Por não conseguirem expressar as suas necessidades com clareza ou 
de maneira alguma, podem gritar de dor ou perambular, quando se 
sentem sozinhas ou assustadas. Elas podem vagar, gritar ou chamar 
quando não conseguem dormir. 
Se um determinado comportamento é considerado perturbador 
depende de muitos fatores, incluindo quanto o prestador de cuidados 
é tolerante e qual o tipo de situação que a pessoa com demência está 
passando. Se a pessoa vive em um ambiente seguro (com trancas e 
alarmes em todas as portas e portões), a perambulação pode ser 
tolerável. No entanto, se a pessoa vive em uma casa de repouso ou 
hospital, a perambulação pode ser inadmissível, pois perturba outros 
residentes ou interfere no funcionamento da instituição. Os cuidadores 
podem tolerar o comportamento disruptivo melhor durante o dia do 
que à noite. 
 Com o tempo, as pessoas com demência perdem a habilidade de 
seguir uma conversa e ficam incapazes de falar. A memória para 
eventos recentes e passados é perdida de forma completa. Podem não 
reconhecer os familiares próximos ou até mesmo seu próprio rosto 
num espelho. Quando a demência é avançada, a capacidade de 
trabalho do cérebro fica destruída quase que de forma total. A 
demência avançada interfere no controle dos músculos. As pessoas 
não conseguem andar, se alimentar ou realizar qualquer outra tarefa 
diária. Tornam-se totalmente dependentes dos outros e acabam 
ficando incapazes de sair da cama. Também podem apresentar 
dificuldade em engolir alimentos sem engasgarem. Esses problemas 
aumentam o risco de desnutrição, pneumonia (muitas vezes devido a 
inalação de secreções ou partículas da boca) e lesão por pressão (pois 
não podem se mover). A morte costuma ocorrer como resultado de 
uma infecção, como a pneumonia. 
Tendo em vista que o TCM é caracterizado por perda da função 
cognitiva + prejuízo na funcionalidade, como avaliar corretamente 
esse paciente? Em primeiro lugar, é necessário coletar a história 
minuciosa, entendendo a queixa do paciente e a queixa do 
acompanhante. A avaliação clínica quantificada envolve o rastreio 
cognitivo e a avaliação neuropsicológica. 
: 
Para atendimento em serviços de atenção primária, utilizam-se 
instrumentos que não necessitem de treinamento extensivo e que 
possam ser aplicados por diversos profissionais de saúde de maneira 
breve. Com isso, o rastreio cognitivo é feito através de pequenos testes 
aplicados no consultório, que conseguem avaliar a existência 
comprometimentos cognitivos. Esses testes apresentam alta 
sensibilidade e baixa especificidade, mas têm a vantagem de serem 
práticos para a aplicação rápida. 
O maior e mais utilizado teste é o Mini Exame do Estado Mental, ou 
MiniMental (Imagem 01), que é um teste muito bem estruturado e 
validado no Brasil. Apresenta boa capacidade de rastreio, com análise 
dos diversos domínios cognitivos. Porém, apresenta limitações para 
uso com pacientes analfabetos e pacientes cegos. 
Além do MiniMental, existem outros testes, como o da fluência 
verbal, o teste do desenho do relógio e o MoCA (Montreal Cognitive 
Assesment), que é um teste com validade para o Brasil, mais 
elaborado e que pode ser utilizado para pacientes com alta cognição. 
Existem também baterias que aprofundam a avaliação cognitiva sem 
trazer grande incremento no tempo de avaliação, como a Bateria 
Breve de Rastreio Cognitivo (BBRC) e o Exame Cognitivo de 
Addenbrooke-Revisado (Addenbrooke’s Cognitive). 
O padrão ouro para o diagnóstico de declínio na função cognitiva é a 
avaliação neuropsicológica, que é feita por psicólogos especializados 
em neuropsicologia. Esses profissionais realizam testes para 
determinar o QI do paciente, além de avaliar a atenção, a memória, a 
capacidade de aprendizado, entre outros domínios cognitivos. 
Avaliação funcional 
O declínio funcional se dá quando o paciente apresenta perda na 
capacidade de realizar certas atividades da vida diária que antes 
conseguia realizar. Ou seja, existe uma queda no nível prévio de 
funcionamento. “O paciente sabia, mas agora não sabemais”. 
As atividades de vida diária podem ser divididas em básicas (ABVD) 
e instrumentais (AIVD). As primeiras são importantes para o 
autocuidado e incluem a capacidade de realizar a higiene pessoal, o 
controle esfincteriano e a alimentação. As AIVD são mais complexas 
e incluem a capacidade de preparar uma refeição, realizar trabalhos 
domésticos, cuidados com finanças e correspondência, administração 
da própria medicação, entre outras. 
Algumas escalas são utilizadas para avaliar a perda de função do 
paciente, como a ESCALA DE LAWTON, que avalia as AIVDS e a 
ESCALA DE KATZ, que avalia as ABVDS. 
Após a constatação de déficit cognitivo e prejuízo funcional nas 
atividades da vida diária, o profissional de saúde deve solicitar exames 
complementares apenas para investigar causas reversíveis. Os exames 
complementares comumente solicitados são os laboratoriais e os de 
imagem. 
• Exames de sangue com painel bioquímico abrangente, incluindo 
função hepática e renal; 
• Hemograma; 
• Função tireoidiana; 
• Nível de vitamina B12 e ácido fólico; 
• Sorologias (HIV e VDRL especialmente). 
Geralmente a tomografia computadorizada é suficiente para 
screening, possibilitando a exclusão de diagnósticos diferenciais de 
demência, como acidente vascular cerebral (AVC), hemorragia, tumor 
cerebral, entre outros. 
 
Classicamente, a demência vascular se distingue de demência do tipo 
Alzheimer pela deterioração gradual que pode acompanhar doença 
cerebrovascular ao longo do tempo. Embora a deterioração 
progressiva e insidiosa possa não ser aparente em todos os casos, 
sintomas neurológicos focais são mais comuns em demência vascular 
do que na do tipo Alzheimer, assim como os fatores-padrão de risco 
de doença cerebrovascular. 
Ataques isquêmicos transitórios (AITs) são episódios breves de 
disfunção neurológica focal que duram menos de 24 horas (em geral 
de 5 a 15 minutos). Embora vários mecanismos possam ser 
responsáveis, os episódios com frequência são o resultado de 
microembolização de lesão arterial intracraniana proximal que produz 
isquemia cerebral transitória, e os episódios normalmente se resolvem 
sem alteração patológica relevante do tecido parenquimatoso. Em 
torno de um terço dos indivíduos com AITs sem tratamento 
experimenta um infarto cerebral mais tarde; portanto, a identificação 
de AITs é uma estratégia clínica importante para prevenir infarto 
cerebral. 
O clínico deve distinguir episódios envolvendo o sistema 
vertebrobasilar dos que envolvem o sistema arterial carotídeo. De 
modo geral, sintomas de doença vertebrobasilar refletem uma 
perturbação funcional transitória tanto no tronco encefálico quanto no 
lobo occipital; os sintomas de distribuição carotídea refletem 
anormalidade unilateral retiniana ou hemisférica. Terapia 
anticoagulante, fármacos aglutinantes antiplaquetários, como 
aspirina, e cirurgia vascular reconstrutiva extracraniana e 
intracraniana são eficazes para reduzir o risco de infarto em pacientes 
com AITs. 
De modo geral, distingue-se delirium por seu início rápido, curta 
duração, oscilação do prejuízo cognitivo no decorrer do dia; 
exacerbação noturna dos sintomas; perturbação acentuada do ciclo de 
sono-vigília; e perturbações proeminentes na atenção e na percepção. 
Alguns pacientes com depressão têm sintomas de prejuízo cognitivo 
difíceis de serem distinguidos dos sintomas de demência. O quadro 
clínico às vezes é chamado de pseudodemência, embora o termo 
disfunção cognitiva relacionada a depressão seja preferível e mais 
descritivo. Pacientes com essa disfunção em geral apresentam 
sintomas depressivos proeminentes e com frequência uma história de 
episódios depressivos. 
Indivíduos que tentam simular perda de memória, como no transtorno 
factício, o fazem de modo errático e inconsistente. Na demência 
verdadeira, a memória de tempo e lugar é perdida antes da memória 
para pessoa, e a memória recente se perde antes da memória remota. 
Embora esquizofrenia possa ser associada a um prejuízo intelectual 
adquirido, seus sintomas são muito menos graves do que os sintomas 
relacionados de psicose e de transtorno do pensamento observados na 
demência. 
O envelhecimento não está necessariamente associado a um declínio 
cognitivo significativo, mas problemas menores de memória podem 
ocorrer como parte normal do processo. Essas ocorrências normais às 
vezes são chamadas de esquecimento senescente benigno, prejuízo de 
memória associado à idade ou senescência benigna normal 
relacionada à idade. Elas se diferenciam da demência por sua 
gravidade menor e porque não interferem de forma significativa no 
comportamento social ou ocupacional do indivíduo. 
O curso clássico de demência é um início na faixa dos 50 ou 60 anos, 
com deterioração gradual ao longo de 5 a 10 anos, levando, por fim, à 
morte. A idade de início e a rapidez da deterioração variam conforme 
o tipo de demência e as características das categorias diagnósticas 
individuais. A expectativa de sobrevivência média para pacientes com 
demência do tipo Alzheimer fica em torno de oito anos, com alcance 
de 1 a 20 anos. Depois do diagnóstico de demência, o paciente deve 
passar por uma bateria completa de exames médicos e neurológicos, 
porque de 10 a 15% deles apresentam uma condição potencialmente 
reversível se o tratamento for iniciado antes que ocorra dano cerebral 
permanente. 
O curso mais comum de demência se inicia com uma série de sinais 
sutis que pode, à primeira vista, ser ignorada tanto pelo paciente como 
pelas pessoas próximas. Um início gradual de sintomas costuma estar 
associado com mais frequência a demência do tipo Alzheimer, 
demência vascular, endocrinopatias, tumores cerebrais e transtornos 
metabólicos. De maneira alternativa, o início de demência em 
decorrência de lesão cerebral traumática, parada cardíaca com hipoxia 
cerebral ou encefalite pode ser repentino. Embora sejam sutis, os 
sintomas da fase inicial de demência se tornam mais evidentes com o 
avanço do processo, e os familiares podem, então, levar o indivíduo 
ao médico. Pessoas com demência podem ser sensíveis ao uso de 
benzodiazepínicos ou álcool, os quais podem precipitar 
comportamento agitado, agressivo ou psicótico. Nos estágios 
terminais de demência, o paciente torna-se uma sombra do que 
costumava ser – profundamente desorientado, incoerente, amnésico e 
com incontinência urinária e fecal. 
Com tratamento psicossocial e farmacológico, e talvez devido às 
propriedades autocurativas do cérebro, os sintomas de demência 
podem ter um progresso lento durante um período ou até mesmo 
recuar um pouco. A regressão dos sintomas, sem dúvida, é uma 
possibilidade em demências reversíveis (demências causadas por 
hipotireoidismo, HPN e tumores cerebrais) depois que o trata- mento 
é iniciado. O curso da demência varia desde um avanço constante 
(observado com frequência na demência do tipo Alzheimer) a uma 
demência que se agrava aceleradamente (observada em geral na 
demência vascular) até uma demência estável. 
A gravidade e o curso de demência podem ser afetados por fatores 
psicossociais. Quanto maior a inteligência e a escolaridade pré-
mórbidas do indivíduo, melhor sua capacidade de compensar déficits 
intelectuais. Pessoas que apresentam um início rápido usam menos 
defesas do que as que experimentam um início insidioso. Ansiedade e 
depressão podem intensificar e agravar os sintomas. Pseudodemência 
ocorre em pessoas deprimidas que se queixam de prejuízo na 
memória, mas que, na realidade, têm um transtorno depressivo. 
Quando a depressão é tratada, as deficiências cognitivas desaparecem. 
O primeiro passo no tratamento de demência é a verificação do 
diagnóstico. O diagnóstico preciso é imperativo porque a progressão 
pode ser interrompida e mesmo revertida se a terapia apropriada for 
proporcionada. 
Medidas preventivas são importantes, especialmente nocaso de 
demência vascular. Essas medidas podem incluir mudanças na dieta, 
na rotina de exercícios e no controle de diabetes e hipertensão. 
Agentes farmacológicos podem incluir anti-hipertensivos, 
anticoagulantes ou antiplaquetários. O controle da pressão arterial 
deve ter como objetivo se manter na parte superior da faixa de 
normalidade, porque foi demonstrado que isso melhora a função 
cognitiva em pacientes com demência vascular. Demonstrou-se que a 
pressão arterial abaixo da faixa de normalidade prejudica ainda mais 
a função cognitiva em pacientes demenciados. A escolha do agente 
anti-hipertensivo pode ser relevante, uma vez que antagonistas dos 
receptores β-adrenérgicos foram associados a aumento do prejuízo 
cognitivo. Inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) e 
diuréticos não foram correlacionados a aumento do prejuízo 
cognitivo, e acredita-se que reduzam a pressão arterial sem afetar o 
fluxo sanguíneo cerebral, o qual se supõe estar correlacionado à 
função cognitiva. 
A remoção cirúrgica de placas carotídeas pode prevenir eventos 
vasculares subsequentes em pacientes criteriosamente selecionados. 
A abordagem de tratamento geral a pacientes com demência é fornecer 
cuidados médicos de apoio, apoio emocional para o indivíduo e sua 
família e o tratamento farmacológico para os sintomas específicos, 
incluindo comportamento disruptivo. 
A experiência da sensação de continuidade ao longo do tempo 
depende da memória. A memória recente é perdida antes da memória 
remota na maioria dos casos de demência, e muitas pessoas sentem 
muita angústia ao se lembrarem com clareza de como costumavam 
funcionar, ao mesmo tempo que observam sua deterioração evidente. 
No nível mais fundamental, o self é um produto de funcionamento 
cerebral. A identidade do indivíduo começa a desaparecer com o 
avanço da doença, e ele consegue se lembrar cada vez menos de seu 
passado. Reações emocionais que vão desde depressão até ansiedade 
grave e terror catastrófico podem derivar da tomada de consciência de 
que o senso de self está desaparecendo. 
O indivíduo costuma se beneficiar de uma psicoterapia de apoio e de 
esclarecimento na qual a natureza e o curso de sua doença são 
explicados de forma clara. Ele também pode ter o benefício da 
assistência em seu pesar e da aceitação da extensão de sua deficiência, 
assim como da atenção voltada para questões de autoestima. Uma 
avaliação psicodinâmica de funções deficientes do ego e de limitações 
cognitivas também pode ser útil. O clínico pode ajudar o paciente a 
encontrar meios de lidar com as funções deficientes do ego, como 
manter calendários para problemas com orientação, fazer tabelas com 
horários para ajudar a estruturar atividades e fazer anotações para lidar 
com problemas de memória. 
Intervenções psicodinâmicas com familiares de pacientes com 
demência podem ser de grande valia. As pessoas que tomam conta de 
um paciente precisam lidar com sentimentos de culpa, pesar, raiva e 
exaustão ao testemunharem a deterioração gradativa de um membro 
da família. Um problema comum entre os cuidadores envolve seu 
autossacrifício para cuidar do paciente. O ressentimento que se 
desenvolve paulatinamente desse autossacrifício costuma ser 
reprimido devido aos sentimentos de culpa que produz. 
O clínico pode prescrever benzodiazepínicos para insônia e ansiedade, 
antidepressivos para depressão e antipsicóticos para delírios e 
alucinações, mas deve estar ciente dos possíveis efeitos 
idiossincráticos do fármaco em idosos (p. ex., excitação paradoxal, 
confusão e aumento da sedação). De modo geral, devem-se evitar 
fármacos com atividade anticolinérgica elevada. 
Donepezila, rivastigmina, galantamina e tacrina são inibidores da 
colinesterase usados para tratar prejuízos cognitivos de leve a 
moderados na doença de Alzheimer. Eles reduzem a inativação do 
neurotransmissor acetilcolina e, assim, potencializam o 
neurotransmissor colinérgico, que, por sua vez, produz uma melhora 
modesta na memória e no pensamento direcionado a objetivos. Esses 
fármacos são mais úteis para indivíduos com perda de memória de 
leve a moderada com suficiente preservação de seus neurônios 
colinérgicos do prosencéfalo basal, a fim de que possam tirar proveito 
do aumento da neurotransmissão colinérgica. 
A donepezila é bem tolerada, e seu uso é disseminado. A tacrina é 
raramente usada, devido a seu potencial hepatotóxico. Há menos 
dados clínicos disponíveis sobre rivastigmina e galantamina, as quais 
parecem ser mais propensas a causar efeitos adversos gastrintestinais 
(GI) e neuropsiquiátricos do que a donepezila. Nenhum desses 
medicamentos impede a degeneração neuronal progressiva do 
transtorno. 
A memantina protege neurônios de quantidades excessivas de 
glutamato, as quais podem ser neurotóxicas. O fármaco, às vezes, é 
combinado com donepezila, e existiram casos em que houve melhora 
da demência com seu uso. 
Outros fármacos que estão sendo testados para intensificação da 
atividade cognitiva incluem intensificadores metabólicos cerebrais 
gerais, inibidores do canal de cálcio e agentes serotonérgicos. Alguns 
estudos demonstraram que a selegilina, um inibidor seletivo da 
monoaminoxidase tipo B (MAOB), pode retardar o avanço dessa 
doença. A andansetrona, um antagonista do receptor 5-HT3, está 
sendo pesquisada. 
 A terapia de reposição de estrogênio pode reduzir o risco de declínio 
cognitivo em mulheres após a menopausa; no entanto, mais estudos 
são necessários para confirmar esse efeito. Estudos sobre 
medicamentos complementares e alternativos com ginkgo e outros 
fitoterápicos são necessários para determinar se eles têm um efeito 
positivo sobre a cognição. Surgiram relatos de pacientes que usaram 
agentes antiinflamatórios não esteroides e apresentaram menor risco 
de desenvolvimento de doença de Alzheimer. Não foi comprovado se 
a vitamina E ajuda a prevenir a doença. 
a) Sadock, Benjamin J. Compendio de psiquiatria: ciência do 
comportamento e psiquiatria clínica. 11ªed. Porto Alegre: Artmed, 
2017. 
b) https://www.msdmanuals.com/pt-br 
c) https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/dementia 
d) https://www.nia.nih.gov/health/what-is-dementia 
e) https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/j.1468-
1331.2012.03784.x 
f) MARTINS JR, C. R.; MARTINEZ, A. R. M. Semiologia 
neurológica. Rio de Janeiro: Revinter, 2017. 
g) NOGUEIRA, M. J. Exame das funções mentais: um guia. 3ªed. São 
Paulo: Atheneu, 2017 
h) SuperMaterial SanarFlix – Demência 
i) Resumos da Med. 
https://www.msdmanuals.com/pt-br
https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/dementia
https://www.nia.nih.gov/health/what-is-dementia
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/j.1468-1331.2012.03784.x
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/j.1468-1331.2012.03784.x

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