Buscar

ciclo_do_sangue_UN4

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

O CICLO DO SANGUE
da captação de 
doadores à transfusão 
de hemocomponentes
UNIDADE 4
Reações 
transfusionais
Leilanne Kelly Borges de Albuquerque Santos
Manuela Pinto Tibúrcio
2
REAÇÕES TRANSFUSIONAIS
Caro aluno, você deve recordar que na Unidade 1 do presente curso foi 
feito um breve histórico sobre a hemoterapia no Brasil e no mundo. Pois 
bem, no período da chamada era pré-científica houve, em 1879, o pri-
meiro relato acadêmico sobre Hemoterapia no Brasil. Tratava-se de uma 
tese de doutorado de José Vieira Marcondes, apresentado à Faculdade de 
Medicina do Rio de Janeiro. Essa tese trazia a descrição de experiências 
envolvendo transfusão de sangue e descrevia ainda, de forma detalhada, 
um caso de uma reação transfusional do tipo hemolítica aguda que cur-
sou com alterações renais e presença da hemoglobina na urina.
Nessa Unidade iremos abordar essas intercorrências indesejadas, mas 
que podem ocorrer durante ou após as transfusões: as reações transfu-
sionais. Ao final, você será capaz de: 
• identificar os sinais e sintomas que servem de alerta para a ocorrência das 
reações transfusionais; 
• saber conduzir e executar os cuidados mediante a ocorrência das reações 
transfusionais, garantindo uma assistência de qualidade ao paciente. 
Vamos retomar nossos estudos?
3
AULA 1 - VOCÊ SABE 
O QUE SÃO REAÇÕES 
TRANSFUSIONAIS?
Como nós já discutimos, o processo de transfusão de sangue possibi-
litou grandes avanços para a medicina no tocante ao tratamento de 
diversas patologias e reabilitação de condições graves de saúde. Trata-se 
de um procedimento complexo e efetivo que, no entanto, está associado 
a uma série de riscos para o receptor do hemocomponente.
As reações transfusionais são efeitos adversos ou indesejáveis decor-
rentes da transfusão. Mesmo mediante uma indicação precisa e uma 
administração correta, elas podem acontecer. Essas reações podem ser 
classificadas conforme a gravidade, o tempo que levou para manifestar-
-se e a causa. Mas vamos com calma! Abordaremos essa classificação 
mais adiante.
A ocorrência desses incidentes está associada a diversas causas, sen-
do algumas relacionadas à responsabilidade da equipe hospitalar, como 
erros de identificação de pacientes, amostras ou bolsas, utilização de 
materiais inadequados (equipo não específico para hemocomponente, 
por exemplo), e a fatores intrínsecos do receptor e/ou do doador, 
como a existência de anticorpos irregulares não detectados em testes 
pré-transfusionais de rotina.
É importante ressaltar que a realização dos testes pré- 
-transfusionais (estudados na Unidade 3) não irá impedir o 
acontecimento das reações, ela pode minimizar as chances 
de ocorrência de algumas reações e a gravidade dessas, 
garantindo, assim, maior segurança do processo transfusional. 
As reações agudas mais graves, que trazem real risco de vida, são mais 
raras, já as reações mais leves são mais comuns. Mas, independente-
mente da gravidade da reação, você já se colocou no lugar de alguém 
que apresenta um efeito adverso ao receber uma bolsa de sangue? 
Imagine Carlinhos, tratando uma grave doença, vivenciar algo desse 
tipo sem saber do que se trata. 
Portanto, qualquer que seja a gravidade da reação transfusional é 
imprescindível que a equipe de saúde, que presta assistência direta ao 
paciente, seja capaz de reconhecer precocemente os sinais e saiba agir 
diante de um evento adverso dessa natureza.
4
AULA 2 - COMO SE DÁ 
A CLASSIFICAÇÃO DAS 
REAÇÕES TRANSFUSIONAIS?
Você sabe o que são reações transfusionais? Você sabia que as reações 
transfusionais podem ocorrer em vários graus de gravidade? Você sabia 
que elas podem estar associadas a erros humanos no processo trans-
fusional? Daí a importância de aperfeiçoarmos o conhecimento acerca 
dessa prática: minimizar os erros do processo. Mas devemos ter em 
mente que as reações transfusionais também podem estar associa-
das a fatores intrínsecos ao doador e/ou ao receptor e irão acontecer, 
independente de todo nosso esforço, cuidado e vontade. 
Mas não vamos desanimar! Diante do exposto, é nosso papel, enquanto 
profissional de saúde, saber reconhecer e agir precocemente de modo a 
minimizar os danos que esse tipo de incidente pode causar nos receptores 
de sangue, prestando uma assistência digna, resolutiva e de qualidade.
Você sabia que as reações transfusionais podem ser classificadas con-
forme sua etiologia – em imunológica ou não imunológica – e conforme 
o tempo que levam para acontecer – em agudas ou tardias? 
As reações agudas são aquelas que ocorrem durante a transfusão san-
guínea ou em até 24h após o procedimento. Quando a reação ocorre 
com mais de 24h do ato transfusional, é classificada como tardia.
5
A seguir, descreveremos de forma sucinta os principais tipos de reações, 
para que você possa reconhecê-las. 
REAÇÃO HEMOLÍTICA AGUDA
Trata-se de uma reação grave e com alto índice de mortalidade. Ocor-
re como consequência de uma transfusão de concentrado de hemácias 
incompatíveis, causando hemólise (destruição das hemácias) no meio 
intravascular. As principais causas para sua ocorrência são: erro de identi-
ficação nas amostras sanguíneas dos pacientes, erro de classificação, erro 
de identificação das bolsas ou troca de bolsa no momento da instalação.
Os principais sinais e sintomas desse tipo de reação são dor abdominal, 
dor no tórax, dor no local da infusão, hipotensão grave, febre e presença 
de sangue na urina, podendo evoluir para um quadro de insuficiência 
renal aguda. Também pode ocorrer nesses casos a coagulação intravas-
cular disseminada (CID). 
O diagnóstico, além dos aspectos clínicos, está pautado em achados 
laboratoriais como Coombs direto positivo, queda da hemoglobina/
hematócrito, elevação dos níveis de bilirrubina indireta e presença de 
hemoglobina livre no plasma.
REAÇÃO ALÉRGICA
Corresponde a uma reação de hipersensibilidade (alergia) ocasiona-
da pela transfusão de algum hemocomponente. Pode manifestar-se 
clinicamente pelo surgimento de eritemas, urticárias, pruridos. É de rara 
ocorrência em neonatos devido à imaturidade do sistema imunológico. 
Tal tipo de reação pode apresentar-se em diferentes graus de gravidade 
(leve, moderada, grave), conforme manifestações clínicas apresentadas. 
Veja alguns exemplos: 
• Reação leve: prurido, urticária, placas eritematosas. 
• Reação moderada: edema de glote, broncoespasmo.
• Reação grave: choque anafilático.
REAÇÕES ANAFILÁTICAS
Corresponde a um tipo de reação transfusional pouco incidente gerado 
por quadro de hipersensibilidade grave, podendo ocorrer após a infusão 
de uma pequena quantidade de hemocomponente. Os sintomas podem 
ser discretos ou não no início, podendo evoluir para rebaixamento do 
nível de consciência, choque e, caso o paciente não seja assistido cor-
retamente, óbito. As sintomatologias mais comuns são rubor, náuseas, 
6
vômitos, dores abdominais, calafrios, diarreia, edema de pálpebra, des-
conforto respiratório e edema de glote. 
Na ocorrência desse tipo de reação, o hemocomponente não deve ser 
reinstalado após a regressão dos sinais e sintomas. Para prevenir a rein-
cidência, recomenda-se sempre, para uma posterior transfusão, o uso 
de concentrado de hemácias lavadas. 
REAÇÃO FEBRIL NÃO HEMOLÍTICA
Tal reação é definida pela presença de elevação da temperatura 
corporal e/ou tremores e calafrios, associada à transfusão de um 
hemocomponente. Assim, destacamos a importância da verificação 
dos sinais vitais antes e após a transfusão de cada hemocomponente, 
conforme discutido na Unidade 3. 
Relembrando! Como já vimos na Unidade 3, em pacientes com 
quadro febril durante a instalação do hemocomponente, con-
sideramos elevação da temperatura corporal para suspeita de 
reação transfusional quando ocorre aumento de 1ºC em relação 
à temperatura pré-transfusional. Em pacientes sem quadro 
febril, consideramos elevação de temperatura para suspeita de 
reação transfusional quando essa atinge a mínima de 37,8ºC. 
ATENÇÃO! Após reação febril,o hemocomponente envolvido no inciden-
te não deve ser reinstalado. 
O diagnóstico desse tipo de reação é clínico. Medidas profiláticas, como 
administração de antitérmicos, podem ser tomadas após o primeiro epi-
sódio desse tipo de manifestação. 
EDEMA PULMONAR NÃO-CARDIOGÊNICO / TRALI 
(TRANSFUSION-RELATED ACUTE LUNG INJURY)
Você sabia que o edema pulmonar não cardiogênico é uma síndrome 
clínica grave relacionada à transfusão de hemocomponentes que con-
têm plasma? Ela caracteriza-se pelo quadro de desconforto respiratório 
agudo durante o ato transfusional ou até 6h após. 
A avaliação do paciente evidencia quadro de edema pulmonar, sem 
comprometimento cardíaco. A sintomatologia respiratória é muitas 
vezes desproporcional ao volume de sangue infundido, que geralmente 
é insuficiente para gerar o evento adverso por sobrecarga volêmica. 
7
A sintomatologia desse tipo de reação ainda pode cursar com calafrios, 
febre, cianose e hipotensão. O tratamento consiste na aplicação da 
oxigenoterapia para reverter o desconforto respiratório e o quadro de 
hipóxia, ventilação mecânica invasiva pode ser necessária.
SOBRECARGA VOLÊMICA
Como o próprio nome já diz, consiste numa transfusão de hemocom-
ponente em volume superior ao suportado pelo receptor, é comum em 
crianças, idosos, portadores de insuficiência cardíaca e insuficiência renal.
O sintoma consiste em desconforto respiratório, de gravidade variável, 
sendo necessário o uso da oxigenoterapia, diuréticos, elevação de decú-
bito e, eventualmente, diálise.
CONTAMINAÇÃO BACTERIANA
A colonização do doador, a assepsia inadequada no momento da coleta 
para doação de sangue e o manuseio inadequado do hemocomponente, 
seja no seu preparo ou no processo de transfusão, pode contaminar a 
bolsa, causando uma bacteremia aguda no receptor. Para prevenção, 
é importante que, além do manuseio adequado, nós façamos inspeção 
visual do hemocomponente antes de transfundi-lo. Mudança de colora-
ção e de aspecto sugere contaminação bacteriana. 
Essa reação se caracteriza por febre, calafrios intensos, tremores, taqui-
cardia. Pode manifestar-se ainda com náuseas, vômitos, dor lombar e 
alterações do padrão respiratório. Inicialmente, tal reação tem as mani-
festações clínicas semelhantes ao quadro de reação hemolítica aguda, 
mas a evolução clínica do paciente é diferente. O receptor pode evoluir 
com quadro séptico necessitando do uso de antibiótico de largo espec-
tro, o mais precocemente possível, choque séptico, falência renal e CID. 
É um quadro muito mais grave, não é mesmo?
A confirmação laboratorial desse tipo de reação se dá com a realiza-
ção da cultura do hemocomponente envolvido. Após o resultado desse 
exame, a prescrição do antibiótico deve ser revista.
REAÇÃO HEMOLÍTICA TARDIA
Nesse tipo de reação, a destruição da hemácia acontece no meio extra-
vascular e ocorre devido à produção de anticorpos antieritrocitários após 
transfusão ou gestações prévias, na qual o paciente é exposto a antíge-
nos que ele não possui. Tal reação pode ocorrer horas ou semanas após 
a segunda exposição ao antígeno em questão, sendo mais comum em 
pacientes politransfundidos.
8
O quadro clínico pode ser composto por febre, icterícia, alteração 
da coloração da urina e queda da hemoglobina ou aproveitamento 
inadequado da terapia transfusional. O paciente também pode evoluir 
com esplenomegalia. O diagnóstico é laboratorial e acontece a partir 
da identificação de um novo anticorpo, seja no soro (PAI+) ou ligado às 
hemácias do paciente. 
Na maior parte das vezes, não é necessário nenhum tratamento espe-
cífico. Caso haja necessidade de transfusão posterior, o concentrado de 
hemácias deverá ser antígeno negativo para o correspondente anticor-
po identificado, com o objetivo de evitar reações. 
DOENÇA DO ENXERTO CONTRA HOSPEDEIRO 
PÓS-TRANSFUSIONAL (DECH-PT)
É extremamente rara e geralmente fatal. Ocorre quando linfócitos viá-
veis, contidos no hemocomponente transfundido, não são eliminados 
pelo sistema imunológico do paciente e passam a reconhecer como 
estranhos tecidos e órgãos do receptor. 
O quadro é caracterizado por febre, eritema cutâneo, náuseas, vômi-
tos, diarreia, alteração da função hepática e pancitopenia. O diagnóstico 
é feito a partir de avaliação clínica e exame histopatológico. A falta de 
conhecimento sobre a DECH-PT resulta em um diagnóstico tardio, que, 
juntamente com o curso rápido dessa síndrome e a ausência de respos-
ta ao tratamento, contribuem para a má evolução dos pacientes.
O tratamento geralmente é ineficaz, ocorrendo óbito em mais de 90% 
dos pacientes. A profilaxia deve ser feita irradiando-se os hemocompo-
nentes celulares (sangue total, concentrado de hemácias, concentrado 
de plaquetas). No entanto, a prescrição de hemocomponentes irradiados 
não deve ser indiscriminada, mas seguir critérios, sendo recomendado 
para alguns casos, como: transfusão entre familiares, para pacientes 
submetidos ao transplante de medula óssea, transfusões intra-útero, 
transfusões em recém-nascidos prematuros, para pacientes com síndro-
me de imunodeficiência congênita e para pacientes oncológicos em 
tratamento quimioterápico agressivo.
DOENÇAS INFECCIOSAS TRANSMISSÍVEIS
Como você sabe muitas são as doenças infecciosas que podem ser trans-
mitidas via transfusão. No entanto, nas últimas décadas, a incidência des-
se tipo de complicação transfusional sofreu uma importante redução. Isso 
se deve, dentre outras causas, à implementação de rigorosos critérios na 
seleção de doadores e ao aprimoramento dos métodos laboratoriais para 
detecção dessas doenças no sangue do doador. 
9
Como medida de prevenção dessas ocorrências, é obrigatória, confor-
me a portaria nº 158 do Ministério da Saúde, a realização de exames 
laboratoriais de alta sensibilidade a cada doação, visando à detecção de 
marcadores das seguintes infecções: sífilis, doença de Chagas, hepatite 
B, hepatite C, AIDS e HTLV I/II.
Atualmente, existe ainda a obrigatoriedade de os hemocentros realizarem 
um teste complementar aos testes sorológicos, o Teste de Ácido Nucleico 
– NAT. O NAT tem mais sensibilidade que os testes sorológicos, é aplica-
do para detecção mais precoce do vírus HIV, do vírus da hepatite C e da 
hepatite B, uma vez que busca o DNA viral, reduzindo a janela imunológica 
(tempo em que o vírus permanece indetectável). O teste NAT representa, 
assim, um grande avanço para a segurança do processo transfusional. 
Diante de tudo que foi exposto, você acha importante o profissional de 
saúde reconhecer rapidamente a ocorrência dos incidentes transfusio-
nais? O dano ao receptor seria minimizado? Mas como reconhecer e agir? 
Para responder todas essas perguntas, continuemos com nossos estudos.
10
AULA 3 - IDENTIFICAÇÃO 
DA REAÇÃO E ASSISTÊNCIA 
AO PACIENTE MEDIANTE 
A OCORRÊNCIA DE UM 
INCIDENTE TRANSFUSIONAL
Caro aluno, já discutimos sobre a importância da prática transfusional 
para a medicina e sobre os grandes progressos que essa terapêutica 
teve nas últimas décadas. Nessa perspectiva, é importante ressaltar que 
os profissionais envolvidos no ciclo do sangue também precisam acom-
panhar essa evolução. 
Para que o processo transfusional seja feito com mais segurança, os cri-
térios de boas práticas devem permear todo o ciclo. Os procedimentos 
de transfusão devem ser realizados por profissionais treinados e capa-
citados para que, assim, sejam capazes de reconhecer precocemente 
e agir mediante a ocorrência dos incidentes, prevenindo as possíveis 
complicações e reações transfusionais.
Na aula anterior, nós conversamos sobre os tipos de reações transfu-
sionais e descrevemos, de forma sucinta, as mais relevantes. Diante de 
tudo que foi exposto, você saberia o que fazer ao se deparar com uma 
reação transfusional? 
Pois bem, vamos aqui descrever os passos a serem seguidos mediante 
a detecção de um incidente. Inicialmente, vamos relembrar os principais 
sintomas presentes nas reações transfusionais que devem servir de alerta 
e despertar para asuspeita. Para isso, acesse o Infográfico 2 no AVASUS. 
Infográfico 2 – Sinais e sintomas de alerta 
Agora, vamos compreender o passo a passo das ações a serem executa-
das pela equipe de enfermagem junto ao leito do paciente, quando hou-
ver suspeita de reação transfusional. Confira o Infográfico 3 no AVASUS. 
Infográfico 3 – Atendimento da equipe de enfermagem
11
Esse passo a passo é fundamental para uma boa assistência mediante 
uma reação transfusional! Vamos revisar? Acesse o AVASUS e assista ao 
Vídeo 10. 
Vídeo 10 – Reações transfusionais
Caro aluno, como vimos, a ocorrência de algumas reações transfusio-
nais está diretamente relacionada a fatores inerentes ao doador ou ao 
receptor, cabendo ao profissional ficar atento aos sinais e sintomas para 
direcionamento de uma assistência precoce. No entanto, outras reações 
podem ser prevenidas com algumas medidas:
• Treinamento dos profissionais da saúde quanto às normas de coleta 
e identificação de amostras e do paciente; 
• Avaliação clínica criteriosa para indicação transfusional; 
• Realizar uma história pré transfusional detalhada, incluindo história 
gestacional, transfusional, diagnóstico, e tratamentos anteriores; 
• Atenção em todas as etapas relacionadas à transfusão; 
• Atenção redobrada na conferência da bolsa e do paciente à beira do leito; 
• De acordo com a história clínica ou de reação transfusional, utilizar pré 
medicações, sangue desleucocitado, irradiado ou lavado.
Você se lembra do Dr. Rodolfo Soares? Na segunda parte da entre-
vista dele ao programa Saúde em Foco, ele falou sobre as reações 
transfusionais. Assista ao vídeo no AVASUS para reforçar os conheci-
mentos adquiridos até aqui. 
Vídeo 11 – Entrevista com Dr. Rodolfo Soares – Parte 2
ATENDIMENTO DA EQUIPE MÉDICA 
A equipe médica deve fazer o diagnóstico diferencial entre os diversos 
tipos de reações transfusionais, atentando para a possibilidade de reação 
hemolítica, TRALI, anafilaxia e sepse relacionada à transfusão, situações 
nas quais são necessárias condutas de urgência, para adotar medidas 
terapêuticas de acordo com a reação transfusional apresentada.
12
Após avaliação, o profissional médico deve ainda decidir sobre a reinsta-
lação, desistência ou solicitação de outra transfusão; preencher a ficha 
de notificação do incidente transfusional, detalhando todo o quadro clí-
nico apresentado pelo paciente e a conduta médica adotada; registrar o 
ocorrido no prontuário do paciente.
A seguir, apresentamos um quadro com as reações transfusionais e as 
condutas direcionadas para cada uma delas: 
Reação Sinais/Sintomas Conduta Laboratorial Conduta clínica
Reação hemolítica 
aguda imune
Febre, tremores, 
calafrios, 
hipotensão, 
taquicardia, 
dor (tórax, local 
da infusão, 
abdominal), 
hemoglobinúria, 
insuficiência renal 
e CID.
Enviar amostras 
para o serviço 
de hemoterapia; 
repetir testes 
imunohematológicos; 
realizar cultura do 
hemocomponente e 
do receptor.
Hidratação 
venosa, manter 
diurese a 
100ml/h; 
cuidados de 
terapia intensiva.
Reação febril não 
hemolítica
Febre (ou 
aumento da 
temperatura 
acima de 1°C), 
e/ou calafrios, 
tremores.
Enviar amostras 
para o serviço 
de hemoterapia; 
repetir testes 
imunohematológicos; 
realizar cultura do 
componente e do 
receptor.
Antipiréticos 
e, nos casos 
de calafrios, 
meperidina.
Reação alérgica 
leve ou moderada
Prurido, urticária, 
eritema, pápulas, 
tosse, rouquidão, 
dispneia, 
sibilos, náuseas 
e vômitos, 
hipotensão, 
choque.
Não se aplica.
Antihistamínicos, 
mas a maioria 
pode cessar 
sem o uso de 
medicamentos.
Reação alérgica 
grave
Prurido, urticária, 
eritema, pápulas, 
rouquidão, tosse, 
broncoespasmo, 
hipotensão, 
choque.
Dosar IgA ou outras 
proteínas; investigar 
presença de anticorpo 
anti-IgA.
Cuidados de 
terapia intensiva 
(epinefrina, anti-
-histamínicos, 
corticosteroide).
13
Reação Sinais/Sintomas Conduta Laboratorial Conduta clínica
TRALI
Qualquer 
insuficiência 
respiratória aguda 
relacionada à 
transfusão (até 6 
horas após).
Afastar sobrecarga 
circulatória, reação 
hemolítica aguda 
imune e contaminação 
bacteriana; 
Rx de tórax; 
ecocardiograma; 
pesquisa de anticorpo 
antileucocitário 
doador e/ou receptor.
Suporte 
respiratório.
Sobrecarga 
volêmica
Dispneia, cianose, 
taquicardia, 
hipertensão e 
edema pulmonar.
Rx tórax.
Suporte de 
oxigênio e 
diuréticos.
Contaminação 
bacteriana
Tremores 
intensos, calafrios, 
febre elevada (40-
42°C) e choque.
Afastar hemólise 
aguda imune, cultura 
do componente e do 
receptor.
Cuidados de 
terapia intensiva; 
antibiótico de 
amplo espectro.
Hipotensão 
relacionada à 
transfusão
Hipotensão, 
rubor, ausência de 
febre, calafrios ou 
tremores.
Não se aplica.
Terapia de 
suporte, caso 
necessário.
Hemólise aguda 
não-imune.
Oligossintomática; 
atenção à 
presença de 
hemoglobinúria e 
hemoglobinemia.
Inspeção visual 
do plasma e urina 
do paciente; TAD 
negativo.
Terapia de 
suporte, caso 
necessário.
Distúrbios 
metabólicos 
(hipocalcemia, 
hipomagnesemia)
Parestesia, tetania, 
arritmia cardíaca.
Dosar cálcio e 
magnésio iônico; ECG 
com alargamento do 
intervalo QT.
Infusão lenta 
de cálcio e/ou 
magnésio com 
monitorização 
periódica dos 
níveis séricos.
Embolia aérea
Dispneia e cianose 
súbita, dor, tosse, 
hipotensão, 
arritmia cardíaca.
Não se aplica.
Deitar paciente 
em decúbito 
lateral esquerdo, 
com as pernas 
acima do tronco e 
da cabeça.
Hipotermia
Desconforto, 
calafrios, queda 
da temperatura, 
arritmia cardíaca e 
sangramento.
Não se aplica.
Diminuir a 
vazão do 
sangue; terapia 
conforme as 
intercorrências.
Quadro 1 - Reações transfusionais e condutas a serem adotadas em cada caso
Fonte: Protocolo de Atendimento às Reações Transfusionais 
Imediatas do Serviço de Hemoterapia do HUOL / 
Adaptado do Guia para uso de Hemocomponentes 
do Ministério da Saúde, 2015
14
Lembre-se, diante de qualquer sintoma que levante a suspeita de ocor-
rência de reação transfusional, a transfusão deve ser imediatamente 
interrompida, para só depois seguir com as demais ações e tomar as 
medidas assistenciais cabíveis.
Todas as suspeitas de reação transfusional devem ser 
notificadas!
15
AULA 4 - AÇÕES DE 
HEMOVIGILÂNCIA E A 
IMPORTÂNCIA PARA A 
SEGURANÇA TRANSFUSIONAL
Pelo que já discutimos, podemos perceber que a segurança do processo 
transfusional é uma preocupação constante que permeia todo o ciclo, 
não é mesmo? Então agora vamos falar de mais uma importante ferra-
menta para tornar esse processo ainda mais seguro. 
Entende-se por segurança transfusional como sendo um conjunto de 
medidas adotadas visando minimizar os riscos aos quais doadores e 
receptores de sangue estão submetidos. Para tanto, parâmetros rigo-
rosos de qualidade devem ser adotados. Nessa perspectiva, vamos 
falar sobre um elemento muito importante para a segurança transfu-
sional: a hemovigilância. 
Trata-se de um conjunto de procedimentos de vigilância que deve estar 
presente em todo ciclo do sangue, desde a coleta de sangue do doa-
dor até a infusão desse no receptor, coletando e avaliando informações 
acerca das ocorrências dos incidentes e atuando na elaboração e imple-
mentação de medidas para prevenção desses. 
Vale ressaltar que esse modo de se pensar hemovigilância de forma mais 
abrangente é recente, no início, limitava-se a monitorar apenas as rea-
ções adversas que ocorriam durante ou após uma transfusão sanguínea. 
A ampliação da atuação da hemovigilância a todas as etapas do ciclo é 
de fundamental importância, uma vez que a ocorrência de um evento 
adverso pode estar diretamente relacionada a alguma não conformida-
de no processo de produção das bolsas ou em outra etapa do ciclo.
Como já foi dito anteriormente, toda suspeita de reação transfusional 
deve ser notificada. Feito isso, é papel da hemovigilância informar o 
ocorrido, por meio de sistema informatizado, à autoridade competente 
do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária para posterior investigação.Um aspecto fundamental para um sistema de hemovigilância eficien-
te é a garantia da rastreabilidade de um hemocomponente. Mas o 
que isso significa? Significa que o serviço de hemoterapia deve saber 
com precisão, a partir de seus registros, em quem foram transfundi-
dos os hemocomponentes. 
Ou seja, tornar possível que a partir de cada receptor de transfusão de 
sangue se consiga identificar o(s) doadores(s), e que a partir de cada doa-
dor seja possível identificar o(s) receptor(es) e os respectivos hemocom-
ponentes que foram administrados. Pois bem, a rastreabilidade permite 
16
que se realize tanto a investigação ascendente (do receptor ao doador) 
quanto a investigação descendente (do doador ao receptor).
Enfim, todos os serviços de hemoterapia devem ter seu serviço de 
hemovigilância, organizando-se de modo a proporcionar o controle, 
preferencialmente informatizado, de todo o processo do ciclo do 
sangue, da distribuição e da utilização dos hemocomponentes. 
RESUMINDO
As reações transfusionais são efeitos adversos que ocorrem 
durante ou após a transfusão de um hemocomponente. Esses 
incidentes manifestam-se com diferentes graus de gravidade, 
podendo, em casos mais graves ou malconduzidos, gerar poten-
cial dano ao receptor. 
Nessa perspectiva, é de fundamental importância que os 
profissionais sejam treinados e capacitados para reconhecer 
precocemente os sinais e sintomas que servem de alerta para 
a ocorrência das reações transfusionais e, assim, possam 
intervir rapidamente. 
Vale aqui relembrar, caro aluno, que diante da identificação de 
uma reação transfusional deve-se, primeiramente, interromper 
a transfusão para somente depois tomar as outras medidas 
assistenciais cabíveis. Após prestar a assistência ao paciente, 
o incidente deve ser obrigatoriamente notificado.
Com a ficha de notificação gerada, é papel do serviço de hemo-
vigilância investigar a ocorrência e criar medidas de prevenção 
para o incidente. A hemovigilância deve exercer seu papel em 
todo o ciclo do sangue, tendo, assim, um papel fundamental 
para a segurança do processo transfusional.
17
REFERÊNCIAS
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Marco conceitual e 
operacional de hemovigilância: guia para a hemovigilância no Brasil. 
Brasília, DF: ANVISA, 2015. 75 p.
DE PAULA, Gerson G. et al. Estudo da refratariedade plaquetária do dia 0 
ao 50, em pacientes submetidos a transplante de medula óssea. Revista 
Brasileira Hematol Hemoter, v. 26, n. 1, p. 3-12, 2004.
FERREIRA, Oranice et al. Avaliação do conhecimento sobre hemoterapia 
e segurança transfusional de profissionais de enfermagem. Revista 
Brasileira Hematol Hemoter, v. 29, n. 2, p. 160-167, 2007.
JUNIOR, Antonio Fabron; LOPES, Larissa Barbosa; BORDIN, José Orlando. 
Lesão pulmonar aguda associada à transfusão. Journal bras pneumol, 
v. 33, n. 2, p. 206-212, 2007.
JUNQUEIRA, Pedro C.; ROSENBLIT, Jacob; HAMERSCHLAK, Nelson. 
History of Brazilian Hemotherapy. Revista brasileira de Hematologia e 
Hemoterapia, v. 27, n. 3, p. 201-207, 2005.
LANDI, E. P.; OLIVEIRA, J. S. Doença do enxerto contra hospedeiro 
pós-transfusional guia para irradiação gama de hemocomponentes. 
Revista Brasileira Hematol Hemoter, v. 45, n. 3, p. 261-272, 1999.
OLIVEIRA, Luciana CO; COZAC, Ana Paula. Reações transfusionais: 
diagnóstico e tratamento. Medicina (Ribeirão Preto. Online), v. 36, 
n. 2/4, p. 431-438, 2003.
SILVA, Karla F. N.; SOARES, Sheila; IWAMOTO, Helena H. A prática 
transfusional e a formação dos profissionais de saúde. Revista Brasileira 
Hematol Hemoter, v. 31, n. 6, p. 421-426, 2009.
SWEENEY, J. D. Rizk Y. Manual prático de hemoterapia. Rio de Janeiro: 
Revinter; 2005.

Continue navegando