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(lonhcgu ;i mais completa C( >LEÇAO DE SERVIÇO SOCIAL Grupos em Serviço Social — Margare t E . Har t ford História do Serviço Social — Balbina O. Vieira Metodologia do Serviço Social — Balbina O. Vieira Um Modelo Genérico para o Serviço Social — Maria da Glória Nin Fer re i ra Modelos de Supervisão em Serviço Social — Balbina O Vieira. Noções Básicas do Serviço Social — Elizabeth Nicholds Organização da Comunidade e Planejamento — Arthur Hi l lman Reformulação do Serviço Social — Alfred Khan Serviço Social Clínico — Transferência e Contratransfe- rência — Verli Eyer de Araújo Serviço Social Clínico — Um Modelo de Prática — Helen Nor then Serviço Social — Precursores e Pioneiros — Balbina O Vieira Serviço Social — Processos e Técnicas — Balbina O. Vieira Serviço Social e a Revalorização de Grupos — Ruth Wilkes Serviço Social — Visão Internacional — Balbina O. Vieira Teoria e Prática do Serviço Social de Casos — Gordon Hami l ton Teorias de Serviço Social de Grupo — Rober t W. Rober ts e Helen Nor then O Voluntário a Serviço da Sociedade — John Huenefeld LIVRARIA AGIR EDITORA Rua Bráulio Comes, 125 (ao lado da Bib. Mun ) — Telefone: 25*-4470 Caixa Postal 6040, São Paulo, SP, CEP01051 Rua México, 98-B — Telefone: 240-1978 Caixa Postal 3291, Rio de Janeiro, RJ, CEP 20001 Rua Espírito Santo, 845, Loja 16 - Telefone: 222-3038 Caixa Postal 733, Belo Horizonte, MC, CEP 30000 Atendemos pelo Serviço de Reembolso Postal ISBN 85-220-0169-3 lllllllillllllllllllllllll rsi CO CO 00 36.01 C397t 2.ed. J P B C M O N 06665/99 ARAXA TEF^ESÕPOLIS SUMARÉ CO AGIR - CBCISS Copyright © do Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviços Sociais (CBCISS) Direitos para edição em língua portuguesa reservados a ARTES GRÁFICAS INDÚSTRIAS REUNIDAS S.A. (AGIR) Capa de HELENA GEBARA DE MACEDO CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte. Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ. Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviços Sociais - CBCISS. C389t Teorização do serviço social / Centro Brasileiro de Cooperação 2. ed. e Intercâmbio de Serviços Sociais. — 2. ed. — Rio de Janeiro: Agir, 1986. Conteúdo: Documento de Araxá, 1967: teorização do serviço social. — Documento de Teresópolis, 1970: metodologia do serviço social. — Documento do Sumaré, 1978: cientificidade do serviço social. Bibliografia. ISBN 85-220-0169-3 1. Serviço social — Teoria. I. Título. 86-0604 CDD - 361.001 CDU - 36.01 LIVRARIA AGIR EDITORA Rua Bráulio Comes, 125 (ao lado da Bib. Mun.) — Telefone: 259-4470 Caixa Postal 6040, São Paulo, SP, CEP01051 Rua México, 98-B - Telefone: 240-1978 Caixa Postal 3291, Rio de Janeiro, RJ, CEP 20001 Rua Espírito Santo, 845, Loja 16 - Telefone: 222-3038 Caixa Postal 733, Belo Horizonte, MC, CEP 30000 Atendemos pelo Serviço de Reembolso Postal SUMÁRIO APRESENTAÇÃO 7 DOCUMENTO DE ARAXA 11 I n t r o d u ç ã o 19 Capítulo I 23 Capítulo I I 29 Capítulo I I I 41 Nota Final 44 Relação dos Documentos Preparatórios 46? < DOCUMENTO DE TERESÓPOLIS 47 £ In t rodução 53 £ Relatório do Grupo A 57 *c Relatório do Grupo B 73 tá Relação dos Documentos Preparatórios 97 5 DOCUMENTO DO SUMARÉ 101 § In t rodução 107- ca 1 — O Serviço Social e a Cientificidade 113 2 — O Serviço Social e a Fenomenologia 171 3 — O Serviço Social e a Dialética 207 APRESENTAÇÃO Os Documentos de Araxá, Teresdpolis e Sumaré cons t i tuem " m a r c o s históricos" do Serviço Social. São p r o d u t o dos es tudos de profissionais competentes reunidos e m Semi- nários promovidos pelo Cent ro Brasi le iro de Cooperação e Intercâmbio d e Serviços Sociais (CBCISS) . /Espe lham a s i tuação d o Serviço Social e m dado m o m e n t o de sua história, e são o resul tado de seu desenvolvimento cientí- fico, embora influenciado p o r acontecimentos sociais e políticos. De fato, desde o início, o Serviço Social preo- cupou-se com de te rminadas ques tões que p õ e m e m jogo. sua própria existência ou sobrevivência./ E m vista dos numerosos es tudos feitos a pa r t i r desses t r ês documentos , esgotou-se a última das edições de cada u m deles. O CBCISS, depois de consul tar vários profis- sionais , resolveu reuni-los n u m só volume, e m nova edição, pe rmi t indo , ass im, facilidade de manuse io p a r a es tudos e consul tas . / No Brasi l , quando , n a década dos anos 30, a Igre ja desejava fo rmar agentes p a r a a Ação Social, surgiu u m "mode lo franco-belga", de tendência assistencialista, e, ma i s t a rde , o "modelo amer icano" , o "mode lo clínico", apoiado e m teor ias psicodinâmicas. Esses modelos não respond iam a o q u e a Igreja desejava, m a s encon t ravam aplicação e m n u m e r o s a s o b r a s sociais então existentes, o q u e to rnou a prática d a car idade menos empírica e mais racional . Ora, as mudanças que se e fe tuaram no Brasi l nos anos de pós-guerra — o desenvolvimento económico e político e o p rogresso das ciências sociais — c r i a r a m novas situa- ções problemáticas e m todos os se tores da sociedade. 8 CBCISS Apesar de absorvidos p o r in tensa at ividade vol tada p a r a o reconhecimento da prof issão e do ensino de Serviço Social, os ass is tentes sociais não pod iam deixar de cons- ta ta r as dificuldades cr iadas , p a r a a melhor ia da qual idade de vida, p o r práticas sociais que, e m b o r a revelassem gran- de dedicação, pouco contribuíam para a realização dos objet ivos desejados. / Contes tadores mais entus ias tas , inspi rados p o r ideolo- gias diversas, l evanta ram a bande i ra da " reconcei tuação" no início dos anos 60. Nisso, não faziam ou t r a coisa senão levar p a r a o Serviço Social os ques t ionamentos de ou t r a s disciplinas sociais, políticas e económicas, q u e se locali- zavam pr inc ipa lmente na s univers idades .^ Es t e fenómeno quase universal manifestou-se, e m re- lação ao Serviço Social, na Ing la te r ra e nos Es tados Unidos, m a s sob re tudo na América Latina, e, n o início, situava-se no c a m p o da abs t ração e da teoria . Foi nessa ocasião que, em 1966, o CBCISS propôs u m es tudo sério, e tão profundo quan to possível, do Serviço Social, a fim de esclarecer os conceitos aceitos, os valores de base e os conhecimentos necessários p a r a u m a prática eficiente. Assim sendo, realizaram-se, nos últimos quinze anos , t r ês Seminários: em 1967, na cidade mine i ra de Araxá, sobre "Teorização do Serviço Social"; e m 1970, e m Tere- sópolis, E s t a d o do Rio de Jane i ro , sob re "Metodologia do Serviço Social" e, e m 1978, no Centro de Es tudos da Arquidiocese do Rio de Janei ro , no Sumaré, sobre "Cienti- ficidade do Serviço Social". Aos Seminários de Araxá e Teresópolis seguiram-se en- cont ros regionais, que envolveram, respect ivamente , 741 e 958 assis tentes sociais de todos os E s t a d o s do Brasi l na discussão e avaliação dos assun tos t r a t ados nos Semi- nários. Ao Seminário do Sumaré n ã o houve encont ros sub- sequentes . O Documento de Araxá — o pr imei ro a ser publ icado — teve grande repercussão , não apenas no Bras i l m a s também no estrangeiro, e foi t raduzido p a r a o inglês e o espanhol . O Documento de Teresópolis foi t raduz ido p a r a o espanhol . Os Documentos receberam elogios e sofreram críticas, o que não deixa de ser posit ivo. Muitos ar t igos de revis tas Teorização do Serv. Social 9 e d isser tações de m e s t r a d o ana l i sa ram ou in t e rp re t a ram as posições e ideias, os es tudos e até a história do Serviço Social a pa r t i r dos referidos Documentos . Todos estes t r aba lhos t ê m o seu valor, pois sabemos que não há ciência "constituída", m a s toda ciência se e labora aos poucos , ac rescentando descober tas ao que já se sabe: é a ciência "const i tu in te" . Ê este o caminho q u e o Serviço Social per- cor re : cada t raba lho redigido, cada pesquisa realizada, cada experiência, é u m a ped ra a cons t ru i r a e st rada percor r ida . Dentro dessa perspect iva, o presen te volume não apre- senta a íntegra dos já edi tados an te r io rmente . F o r a m reti- r ados os anexos que, na época, t i n h a m u m significado ou u m a razão de ser, m a s que na reedição atual , segundo a opinião de profissionais consul tados , pode r i am ser dis- pensados . Agora, ao se def ron ta rem com os Documentos de Araxá, Teresópolis e Sumaré, as novas gerações pode rão com- p r e e n d e r / o que eles represen tavam na época p a r a o Ser- viço Soc ia l /Cons t i tuem o m o m e n t o em que a profissão, ao refletir sobre a sua/práticâ resolveu examinar as bases , n u m a percepção ma io r da real idade, e ingressar , assim, n o caminho da/cientif icidade/ CBCISS Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviços Sociais. COMISSÃO ORGANIZADORA DO SEMINARIO P R E S I D E N T E Helena I racy Junque i r a COORDENADORES DE GRUPO Grupo 1 — Balbina Ottoni Vieira Grupo 2 — Ana Adelina Lins Grupo 3 — Neide Lobato Soares Santos Grupo 4 — Mar t a Teres inha Godinho COMISSÃO DE REDAÇÂO Coordenadora Geral : Jocelyne L. Chamuzeau Maria Amélia da Cruz Leite — Rela tora do Grupo 1 Maria da Glória Lisboa de Nin Fer re i ra — Rela tora do Grupo 2 Maria Lúcia Carvalho d a Silva — Relatora do Grupo 3 Edi th Magalhães Mot ta — Rela tora do Grupo 4 Modes ta Manoela Lopes — Rela tora de Plenário Ana Adelina Lins — Rela tora Graziela B renne r — Rela tora Ivany Lopes Rodr igues — Rela tora Maria de Lourdes Malta Sal iba — Rela tora Neide Loba to Soares San tos — Relatora SECRETARIA EXECUTIVA Mar ia Augusta de Luna Albano — Secretária Execut iva 14 CBCISS Maria das Dores Machado — Secretária Executiva Adjunta HOSPITALIDADE Leda Afonso Borges SECRETARIA ADMINISTRATIVA Nelson José Suzano — Coordenador Técnico Ero th ides Menezes Cavalcante — Secretária PARTICIPANTES Ana Adelina Lins Atila B a r r e t o Balbina Ot toni Vieira Ede l t rudes Guimarães E d i t h Magalhães Mot t a Edy Maciel Monte i ro Francisco de Paula Fe r re i ra Graziela Brenne r Helena I racy Junque i r a Idália Tocant ins Maués I n a h Rangel Caropreso Ivany Lopes Rodr igues Jocelyne L. Chamuzeau José Lucena Dantas Leda Afonso Borges Leila Mar ia Coelho Velho Maria Amélia da Cruz Leite I r . Maria Aparecida Guimarães Maria Augusta de Luna Albano Mar ia da Conceição Machado Maria da Glória Lisboa de Nin Fer re i ra Mar ia das Dores Machado Mar ia de Lourdes Malta Sal iba Mar ia Jul ie ta Costa Calazans Mar ia Lina de Cas t ro Lima Mar ia Lúcia Carvalho d a Silva Marília Bini Pere i ra Mar ta Campos Tauil Teorização do Serv. Social M a r t h a Teres inha Godinho Mary Cather ine Jennings Mir tes Haickel Fonseca Modes ta Manoela Lopes Neide Lobato Soares San tos Nelson José Suzano Notuburga Rosa Reckziegel Rose Maria Kron land Yolanda Heloísa de Souza Vera Arantes Antunes SUMARIO In t rodução Capítulo I — Considerações sobre a na tureza do Serviço Social Objetivos do Serviço Social Funções do Serviço Social Capítulo I I — Metodologia de ação do Serviço Social Adequação da metodologia à s funções d o Serviço Social Serviço Social de Caso Serviço Social de Grupo Desenvolvimento de Comunidade In tegração do Serviço Social Utilização da adminis t ração e m Serviço Social Capítulo I I I — Serviço Social e a real idade brasi le i ra No ta final Relação dos Documentos preparatórios INTRODUÇÃO 1. /O Serviço Social, como disciplina de intervenção na rea l idade social, constituída p o r u m conjunto de conheci- men tos e técnicas, começou a delinear-se e m princípios des te século nos E s t a d o s Unidos, pouco ma i s t a r d e na Europa , e na década dos t r in t a na América Latina e no Brasi l . 2. N a sua evolução, o Serviço Social, como prática insti- tucionalizada, caracterizou-se pelo desempenho de papéis relacionados com (disfunções manifes tadas no nível do indivíduo sob formas de desa jus tamentos sociais e ao m e s m o t e m p o identif icadas ao nível das e s t ru tu ra s sociais. 3. No seu d inamismo intrínseco, desafiado pelas exigên- c i a s do processo de desenvolvimento, /o Serviço Social vem buscando integrar-se nessa real idade e m mudança como u m , en t re ou t ros , i n s t rumen to eficaz p a r a propic iar ao h o m e m meios à p lena realização de sua condição hu- mana./" E s t a tenta t iva de integração do Serviço Social se processa através de revisões contínuas de seus objetivos, papéis, funções e metodologia de ação. 4. / U m esforço de teor ização do Serviço Social /fera impe- ra t ivo inadiável, nes ta fase da sua evolução n o Brasi l . Esse esforço compreender ia a busca de análise e síntese dos seus componen tes universais , dos seus e lementos de especificidade e de sua /adequação ao contexto econômico- lOCial da rea l idade bras i le i ra / 6. O Comité Brasi leiro da Conferência In ternac ional de Serviço Social (CBCISS) del iberou convocar u m grupo dt ass is tentes sociais, representa t ivo da s várias regiões do país, vinculados aos diferentes campos e níveis de ttuaçlo, po r t ado re s das mais var iadas experiências pro- 20 CBCISS fissionais, p a r a sol idar iamente t en ta r responder àquele impera t ivo . 6. O CBCISS recebeu a cooperação da UNICEP, do Go- verno do Es t ado de Minas Gerais e de organizações pú- blicas e pr ivadas , que au to r i za ram ou faci l i taram a parti- cipação dos assis tentes sociais no referido Seminário. 7. Realizou-se, ass im, na c idade de Araxá, e m Minas Ge- rais , de 19 a 26 de março de 1967, u m encont ro de 38 assis tentes sociais que, pelo s is tema de grupos de es tudo e sessões plenárias, chegaram à elaboração d o presen te documento . 8. De início, pensou o CBCISS e m p rocede r aos es tudos , a t r ibu indo a cinco grupos diferentes t emas que seriam, ao final, d iscut idos e m plenário, solici tando, com esta finalidade, a preparação antec ipada de ro te i ros sob re os conceitos básicos de Serviço Social, Serviço Social de Caso, Serviço Social de Grupo, Desenvolvimento de Co- mun idade e Adminis t ração de P rog ramas . 9. Desde a instalação dos t raba lhos , sentiu-se m a i o r inte- resse dos par t i c ipan tes e m discut i rem, todos , o m e s m o rote i ro sob re conceitos básicos e / e s t u d a r a metodologia sob u m p r i s m a genérico, ao invés da dinâmica dos pro- cessos. / 10. Submet idos ao plenário os dois e squemas de t raba- lho, foi o último aprovado p o r unan imidade , confirmándo- se o vivo /interesse d o g rupo p o r u m es tudo da teorização do Serviço Social/ Adotou-se o ro te i ro cor respondente , sendo os ou t ro s ut i l izados no m o m e n t o dos debates sobre metodologia . 11. Organizaram-se q u a t r o grupos de nove ou onze mem- bros cada u m , cabendo a u m a comissão, constituída p o r represen tan tes de todos os grupos , a redação final do documento q u e o CBCISS ora apresen ta . 12. O Capítulo I analisa os objetivos r emo tos e opera- cionais do Serviço Social, sua na tu reza e funções, com base e m sua evolução histórica, projetando-se, n o en tan to , p a r a o futuro, e m perspect ivas de mudança social. 13. Segue-se o Capítulo I I que es tuda a metodologia do Serviço Social, confrontando-se as concepções a tua is acer- ca dos processos básicos, ao m e s m o t e m p o que p r o c u r a Teorização do Serv. Social 21 os e lementos const i tut ivos de cada u m . Levan- i, a problemática da ma io r rentabi l idade na utili- da sua ins t rumenta l idade metodológica, f ina lmen te , o Capítulo I I I examina a adequação à brasi le i ra do Serviço Social, tal como foi con- to e visualizado e m sua dinâmica operacional . Ressa l tando como fundamenta l a integração do Ser- Social no processo de desenvolvimento, p ropõe u m a sm técnica operacional em função do modelo bá- do desenvolvimento, ab r indo novos hor izontes p a r a presença a tuan te que venha a consti tuir-see m plena •ta ao desafio d o m o m e n t o presente . J - Es te documento , resul tante de es tudos e reflexões, a t ende r a u m rec lamo dos profissionais do Serviço De forma alguma, p re t ende ser definitivo. Pelo i r io , o CBCISS e o grupo de assis tentes sociais que Ibscrevem cons ideram como seu pr incipal mérito sus- debates pos ter iores e es t imular a realização de novas suisas e es tudos . I Capitulo I CONSIDERAÇÕES SOBRE A NATUREZA DO SERVIÇO SOCIAL ('17. A posição teórica do Serviço Social n ã o alcançou, • até* o m o m e n t o , u m a definição satisfatória no quad ro dos ! conhecimentos h u m a n o s . 18. .fi d Serviço Social u m a ciência autónoma? U m a cor- t e n t e o define c o m o "Ciência Social Aplicada", p o r se Utilizar dos conhecimentos da Sociologia, Antropologia, Psicologia, Economia , Política e t c , p a r a intervir n a reali-dade social. Ou t ros defendem posições de independência para o Serviço Social, n o quad ro das ciências, a f i rmando possu i r u m s is tema de conhecimentos científicos, norma- t ivos e transmissíveis, e m t o r n o de u m objetivo c o m u m . Há, a inda, os que asseveram que o Serviço Social é u m a déncia q u a n d o sintet iza as ciências psicossociais . 19. Quan to ao c o m p o n e n t e arte,1 o r ig inar iamente incluído nas definições de Serviço Social, verificam-se divergências, f icando, p o r es te mot ivo , a ques tão em abe r to . 30. Pa rece haver , porém, u m cer to consenso e m carac- teriaar o Serviço Social no p lano do conhecimento espe- OUlativo-prático, enquan to se coloca ao nível da aplicação de conhecimentos próprios ou t omados de ou t r a s ciências. V JUStifica-se, também, considerá-lo como u m a técnica social, p o r q u a n t o influencia o compor t amen to h u m a n o e o meio, SOS seus inter-re lacionamentos . U . ' A evolução dos concei tos de Serviço Social e sua Sistematização c o m o disciplina p e r m i t e m af i rmar a exis-Maola d e componen tes essenciais e que p o d e m ser siste- 24 CBCJSS mat izados como ins t rumen to de intervenção n a real idade social. Nessa intervenção, o Serviço Social a tua à base das inter-relações do binómio indivíduo-sociedade. Sua teorização se processa a p a r t i r da "praxis" , isto é, o Ser- viço Social pesquisa e identifica os princípios inerentes à sua prática e sis temat iza sua teoria . / 22. Como prática insti tucionalizada, o Serviço Social se carac ter iza pela a tuação jun to a indivíduos com desajus- t amen tos familiares e sociais. Tais desa jus tamentos mu i t a s vezes decor rem de e s t ru tu ra s sociais inadequadas . 23. Observa-se que a absorção dos profissionais do Ser- viço Social no plano prático prejudica , p o r vezes, a re- flexão sobre as experiências real izadas e r e t a r d a as opor- tun idades de análise e desenvolvimento de u m quadro de referências que pe rmi t a a definição de sua natureza , difi- cul tando, também, sua colocação no q u a d r o geral das ciências técnicas. 24. Ressalte-se que a análise e crítica do " m o d u s ope- r a n d i " do Serviço Social, nos diversos contextos histórico- cul tura is , se const i tui em elemento fundamenta l à elabo- ração da teor ia des ta disciplina. 25. Ao analisar-se a evolução do Serviço Social no Brasil , verifica-se que o advento do Es t ado paternal is ta , coinci- dente com as origens do Serviço Social, foi fa tor condi- c ionante da mon tagem de u m s is tema de inst i tuições so- ciais que p r o p u n h a m solucionar os p rob lemas através de p r o g r a m a s assistenciais de caráter imediat is ta , caráter j \ esse que também m a r c o u a s organizações par t icu la res de assistência. 26. Esse passado concorreu p a r a a formação de u m a imagem e de u m a expectativa a respei to do Serviço Social como at ividade de p res t ação de serviços assistenciais . A premênc ia dos p rob l emas sociais e o imedia t i smo do Ser- viço Social, nesse período, dif icul taram a reflexão e a análise que poder i am or ien ta r o Serviço Social e m u m a ação cen t rada de preferência nas e s t r u t u r a s sociais. O Serviço Social, nessa conjuntura , assumiu, en tão , a tarefa de cont r ibui r p a r a a organização técnica daquelas fo rmas de a tuação social. Teorização do Sens. Social 25 As razões pr incipais dessa diretr iz operacional do iço Social es tão cont idas nesse qu^drcjustóriçp, que ica a ênfase d o Serviço Social no passado , po rquan to vivência se apresen tou como u m a tentat iva de opor antídoto a u m a linha m e r a m e n t e assistencialista. Do ÍO modo , con t r ibu iu p a r a u m apelo ao Serviço Social t e r m o s de ação prevent iva. Reconhece-se, en t re tan to , que os carac teres corret ivo, i t ivo e promocional são u m a pecul iar idade do Ser- Social, n ã o lhe sendo, no en tan to , específicos, u m a q u e comuns a ou t r a s ciências teórico-práticas. Apre- tam-se, p ra t i camente , n a l inha de s imul tane idade e não opção, recaindo a ênfase e m u m ou ou t ro dos carac- conforme se jam a real idade ambiental , o m o m e n t o , os objetivos e o enfoque dos p r o g r a m a s . 49. O caráter corret ivo se define c o m o intervenção na JBMiidade p a r a fins de remoção de causas que impedem OU dificultam o desenvolvimento do indivíduo, grupo, íôttunidade e populações.* Nesse sent ido, o Serviço Social fltua aos níveis de mic ro e macroes t ru tu ra , respectiva- j s t n t e , q u a n d o intervém em causas inser idas e m sua esfe- 4 * operacional , de admin i s t ração e pres tação de serviços p r e t o s , e quando par t ic ipa da correção de causas que t r anscendam a sua possibi l idade de ação dire ta ou isolada. 80. Ojsaráter prevent ivo do Serviço Social se define como Um processo de in tervenção que p r o c u r a antepor-se às Consequências de u m de te rminado fenómeno. Esse caráter ¿evidenciado quando se p rocu ra evitar a s causas de desa-juste, inser indo e lementos que pos sam eliminá-los, forne-cendo subsídios p a r a med idas de âmbito geral . 81. A relação en t r e o desajuste e a prevenção sugere possibi l idade de se cons iderar a a tuação prevent iva como UBia decorrência do caráter corret ivo do Serviço Social. Ktase oaso, o Serviço Social apresentar ia , fundamental- I, oaracteres corret ivo e promocional . O assun to é, * Neite documento, o termo populações significa um conjunto de famí- lia! e de Individuai localizados numa determinada área, contínua ou não, apreaentando cartai características comuns de vida, sem constituírem pro-priamente uma comunidade. 26 CBCISS no en tan to , a inda controver t ido, e s tando a merecer inda- gações pos te r iores . 32. O caráter promocional do Serviço Social acha-se con- subs tanc iado na af i rmação de que p romover é capaci tar . Diante dessa colocação, conclui-se que o Serviço Social p r o m o v e quando a tua p a r a habi l i tar indivíduos, grupos , comunidades e populações , fazendo-os atingir-_a_4?lena realização de suas potencial idades. Sob "este p r i sma , a ação d o Serviço Social insere-se no processo de desenvol- v imento , t omado este e m sent ido lato, isto é, aquele que leva à p lena uti l ização dos recursos na tu r a i s e humanos , e, consequentemente , a u m a realização integral do h o m e m . Destaca-se, quan to à p romoção h u m a n a , a importância do processo de conscientização como pon to de pa r t ida p a r a fundamentação ideológica do desenvolvimento global. 33. Nessa o rdem de considerações, os carac teres corre- tivo, prevent ivo e promocional são válidos desde que cons- t i t uam respos ta adequada aos contextos em que o profis- sional do Serviço Social é c h a m a d o a a tua r . Ao se tornar , porém, o contexto social como critério de referência p a r a se aqui la ta r da val idade de quaisquer dos carac te res refe- r idos , n ã o deve o agente do Serviço Social colocar-se n u m a perspect iva p u r a m e n t e estática de acei tação, ma a desem- p e n h a r u m papel que conduza à modificação desse con- texto. 34. Impõe-se es ta reformulação do Serviço Social em novas l inhas de teor ia e de ação p a r a me lhor servir à pessoa h u m a n a e à sociedade. O Serviço Social, agente que intervém na dinâmica social, deve orientar-se no sen- t ido de levar as populações a t o m a r e m consciência dos p rob lemas sociais, cont r ibu indo, também, p a r a o estabe- lecimento de formas de integração popu la r n o desenvolvi- men to do País. 35. As exigências do processo de desenvolvimento mun- dial vêm impondo ao Serviço Social, sobre tudo e m países ou regiões subdesenvolvidos, o desempenho de novos pa- péis. Es tes papéis, e m sua evolução histórica, cons t i tuem fo rmas de inserção da profissão n a real idade econômico- social d o s m e s m o s países o u regiões. Teorização do Sero. Social 27 36. A p a r t i r desse novo enfoque, o Serviço Social deverá r o m p e r o condic ionamento de sua a tuação ao u so exclu- sivo dos processos de Caso, Grupo e Comunidade , e rever seus e lementos const i tut ivos, e laborando e incorporando novos métodos e processos . OBJETIVOS DO SERVIÇO SOCIAL 37. Deve-se fazer, aqui , dist inção en t r e o objet ivo r emo to d o Serviço Social e seus objetivos operacionais , entendi- dos estes como fins imedia tos e intermediários. 38. O objetivo r emo to do Serviço Social p o d e ser consi- de rado como o p rov imento de recursos indispensáveis ao desenvolvimento, à valorização e à melhor ia de condições d o ser h u m a n o , p re s supondo o a tend imen to dos valores universais e a h a r m o n i a en t re estes e os valores cul tura is e individuais. Esses valores funcionam c o m o u m q u a d r o de referência de bens tangíveis e intangíveis, que informa o plano operacional do Serviço Social. 39. Na ausência de u m a teorização suficientemente formu- lada sob re a universal idade da "condição humana" , aceita- se, c o m o q u a d r o de valores, a Declaração Universal dos Direitos d o H o m e m , da s Nações Unidas, que resul tou de u m consenso en t re represen tan tes das ma i s var iadas cul- tu ras . Ressalta-se, en t re tan to , a necessidade d e investiga- ções sistemáticas sobre a matéria, cujos resu l tados venham consol idar o embasamen to teórico do Serviço Social, enri- quecendo, ass im, seu conteúdo. 40. São objetivos operacionais : a ) identificar e t r a t a r pro- b lemas ou dis torções residuais que impedem indivíduos, famílias, grupos , comunidades e populações de alcançarem padrões econômico-socíais compatíveis com a dignidade h u m a n a e es t imula r a contínua elevação desses padrões ; b) colher e lementos e e laborar dados referentes a proble- m a s ou disfunções que es te jam a exigir r e fo rmas das e s t r u t u r a s e s i s temas sociais; c) cr iar condições p a r a tor- nar efetiva a par t ic ipação consciente de indivíduos, grupos , OOmunidades e populações,"seja p romovendo sua integra- çio n a s condições decorrentes de mudanças, seja provo-cando as mudanças necessárias; d ) implan ta r e dinamizar 28 CBCISS s is temas e equ ipamentos que p e r m i t a m a consecução dos seus objetivos. PUNÇÕES DO SERVIÇO SOCIAL 41 . Da na tu reza e dos objet ivos do Serviço Social, decor- r e m as suas funções, nos diferentes níveis de a tuação: a ) Política Social: p rovocar o processo de formulação da política social, quando ausente , ou de sua dinamização, q u a n d o inoperante , e provocar sua reformulação q u a n d o necessária; oferecer subsídios, den t ro de u m a perspect iva de globalidade, ao e m b a s a m e n t o dessa política; cr iar sis- t e m a s , canais e ou t ra s condições p a r a a par t ic ipação de quan tos venham a ser at ingidos pélas medidas da política; b ) Planejamento: cont r ibui r com o conhecimento viven- ciado das necessidades, das expectativas, dos valores, ati- t udes e c o m p o r t a m e n t o das comunidades e das popula- ções, face à mudança, n a formulação dos objet ivos e fixa- ção das m e t a s ; con t r ibu i r p a r a a cr iação de condições que p e r m i t a m a par t ic ipação popu la r n o p rocesso de plane- j amen to ; c) Administração de Serviços Sociais: p r o m o v e r e par t ic ipar de pesquisas operacionais ; e labora r o micro- p lane jamento ; implantar , admin i s t r a r e avaliar p r o g r a m a s de serviços sociais; levar os usuários a par t i c ipa r d a pro- g ramação dos serviços; d ) Serviços de atendimento direto, corretivo, preventivo e promocional, destinados a indiví- duos, grupos, comunidades, populações e organizações: t r aba lha r com indivíduos que ap resen tam p rob lemas ou dificuldades de integração social, através de mobil ização d e suas potencia l idades individuais e de uti l ização dos recursos do meio; p roporc iona r o exercício d a vida e m grupo , pr inc ipa lmente q u a n t o ao desempenho de papéis inerentes à vida social; cont r ibui r p a r a capaci ta r a comu- n idade a integrar-se no processo de desenvolvimento atra- vés de ação organizada, com vistas ao a tend imento de suas necessidades e real ização de suas aspirações; t raba- lhar c o m organizações, v isando à adequação de seus obje- tivos e métodos à s exigências d a rea l idade social e sua integração n u m a perspect iva de desenvolvimento. Capítulo II METODOLOGIA D E AÇAO DO SERVIÇO SOCIAL 42. P a r a me lhor s i tua r a metodologia de ação do Serviço Social, há q u e enunciar os princípios e pos tu lados que a fundamentam. 43. A au tode te rminação , a individualização, o n ã o julga- m e n t o e a acei tação, enunciados q u e o r i en t am a aplicação d a metodologia de ação do Serviço Social, e m seus t rês processos , t ê m sido classificados como princípios básicos da ação profissional . A análise r igorosa do conteúdo e na tu reza lógica desses princípios leva, contudo , a cons- t a t a r : a ) que se a c h a m reunidos na categoria de princípios t a n t o propos ições de na tu reza ética e metafísica, como n o r m a s p a r a p roced imentos técnicos; b ) quan to aqueles princípios p rop r i amen te relacionados com a ação, verifica- se u m a fo rma de enunciação l igada de m a n e i r a dominan te à s par t i cu la r idades da a tuação d o Serviço Social de Caso e de Grupo . 44. Pa r t indo dessas consta tações , procurou-se en tão clas- sificar aqueles princípios, enunciando-se sob forma de postulados os q u e r ep resen tam os p ressupos tos éticos e metafísicos p a r a a ação do Serviço Social, e c o m o princípios operacionais d a metodologia de ação aqueles q u e enun- c iam p o n t o s básicos nor teadores da a tuação do agente profissional . Entende-se, ass im, como princípios operacio- nais da metodologia aquelas n o r m a s de ação de val idade universa l à prática d e todos os processos d o Serviço Social. 45. Dent re os pos tu lados , conclui-se que pelo menos t rês se acham, explícita ou impl ic i tamente , ado tados c o m o pres- supos tos fundamentadores da a tuação do Serviço Social: 30 CSC1SS a ) postulado da dignidade da pessoa humana: q u e se en- tende c o m o u m a concepção do ser h u m a n o n u m a posição de eminência ontológica na o r d e m universal e a o qua l t o d a s a s coisas devem es ta r refer idas; b ) postulado da sociabilidade essencial da pessoa humana: que é o reco- nhec imento d a d imensão social intrínseca à na tureza hu- mana , e, e m decorrência do q u e s e . af i rma, o d i re i to de a pessoa h u m a n a encont ra r , na sociedade, a s condições p a r a a s u a auto-realização; c) postulado da perfectibilidade hu- mana: compreende-se c o m o o reconhecimento d e q u e o h o m e m é, n a o r d e m ontológica, u m ser que se auto-realiza n o p l a n o d a h is tor ic idade h u m a n a , e m decorrênc ia do que se admi te a capacidade e potencia l idades na tu ra i s dos in- dividuos, grupos , comunidades e populações p a r a progre- d i r e m e se au topromoverem. 46. Den t re osprincípios operacionais d a metodologia de ação, s em desejar esgotar a enunciação, reconhecendo a necess idade de reflexão e análise m a i s aprofundadas a esse respei to , chegou-se a identificar os seguintes: a) estímulo ao exercício d a livre escolha e da responsabi l idade das decisões; b ) respe i to aos valores , p a d r õ e s e p a u t a s cultu- ra is ; c) ensejo à mudança no sent ido da au top romoção e d o enr iquec imento do indivíduo, do grupo, da comunidade , d a s populações ; d ) a t u a ç ã o d e n t r o de u m a perspect iva de global idade n a rea l idade social. 47. São e lementos operacionais da metodologia, c o m u n s a t o d o s os p rocessos , a participação d o h o m e m e m todo o p rocesso d e mudança e o relacionamento en t r e profis- sional-indivíduo, profissional-grupo, profissional-comuni- d a d e e profissional-populações, estabelecido d e m a n e i r a d i re ta ou indireta , dependendo d o t ipo de ação a ser exercida. ADEQUAÇÃO DA METODOLOGIA ÀS FUNÇÕES DO SERVIÇO SOCIAL 48. O Serviço Social, como técnica, dispõe d e u m a meto- dologia de ação q u e uti l iza d iversos processos . Os proces- sos de Caso, de Grupo e Desenvolvimento de Comunidade foram considerados , até o momen to , o " m o d u s ope rand i " d o Serviço Social e m sua in tervenção n a rea l idade social, Teorização do Serv, Social 31 sendo que só recentemente se inicia a uti l ização também do processo de t r aba lho com população de mane i r a ma i s sistematizada.* 49. A intervenção na real idade, através de processos de t r aba lho c o m indivíduos, grupos , comunidades e popula- ções, n ã o é característica exclusiva do Serviço Social; o q u e lhe é pecul iar é o enfoque or ientado p o r u m a visão global d o h o m e m , in tegrado em seu s i s tema social. 50. De acordo com a classificação das funções de Serviço Social ado tada nes te documento , que inclui funções aos níveis de política social, p lane jamento , admin is t ração d e Serviços Sociais e p res tação de serviços diretos , verificou- se a necessidade de incorporação de novos processos aos já existentes. 51 . Ao anal isar a na tureza dos diferentes níveis de atua- ção d o Serviço Social, infere-se que estes são de duas categorias : a ) nível d e microa tuação ; b ) nível de macro- a tuação . 52. O nível de mic roa tuação é essencialmente operacional , compreendendo as funções de Serviço Social aos níveis de admin i s t ração e p res tação de serviços dire tos . 53. O nível de mac roa tuação compreende a integração das funções do Serviço Social ao nível de política e planeja- m e n t o p a r a o desenvolvimento. Es sa in tegração supõe a par t ic ipação no p lane jamento , na implantação e n a melhor uti l ização da infra-estrutura social. 54. A infra-es t rutura social é aqui en tendida c o m o "faci- l idades básicas, p r o g r a m a s p a r a saúde, educação, habili- tação e serviços sociais fundamenta i s" que p r e s supõem o atend imento da s seguintes condições: a ) disponibi l idade de u m a l to potencial de empregos p a r a pessoas de diferentes g rupos sócio-econômicos; b ) uti l ização da t e r r a e m bene- fício de toda a população , não só pelo governo local, senão também pelo empresário par t icu la r ; c) existência de u m a rede adequada de comunicações , no sent ido físico (telefo- * Para alguns, o Serviço Social não atingiu ainda todas as fases de úm processo metodológico universalmente aceito. Outros propõem a substituição dos termos "estudo", "diagnóstico" e "tratamento" por "estudo e análise diagnostica", "planejamento" e "execução", por julgar que estes têm uma conotação mais adequada. Levanta-se dúvida, porém, quanto à adequação dos termos "execução" e "planejamento" em Serviço Social de Caso. 32 CBCISS ne, rádio etc . ) , e e m t e r m o s de canais sociais p a r a a comu- nicação dos grupos en t r e si e destes com o governo; d ) provisão de amplas facilidades sócio-culturais: inst i tuições educacionais , cul tura is , sociais, recreat ivas etc. 55. Convém salientar , ainda, que a infra-estrutura social foi cons iderada de importância vital, merecendo p r io r idade idêntica e não inferior à assegurada p a r a a solução dos p rob lemas de infra-estrutura económica e física.* 56. A aplicação dos p rocessos de Serviço Social varia de acordo com os níveis de a tuação . 57. O nível de mic roa tuação compreende a pres tação de serviços dire tos , através dos processos de Caso, Grupo e Desenvolvimento de Comunidade e Processos de t raba lho com populações . Es t e último, também empregado a o nível de macroa tuação , é de apl icação recente e está a exigir a elaboração de sua metodologia e estratégia de ação. 58. O processo de Desenvolvimento de Comunidade (DC) é igualmente empregado e m ambos os níveis. No nível de macroa tuação , es te processo se insere e m s i s temas nacio- na is ou regionais de p lane jamento como u m in s t rumen to p a r a estabelecer canais de comunicação com a população e p r o m o v e r a sua par t ic ipação no processo de planeja- men to . 59. Ao nível de macroa tuação , o " m o d u s ope rand i " do Serviço Social consis te em: a ) par t i c ipar de todas as fases de p rog ramação p a r a o macroplano; b ) fo rmula r a meto-dologia e estratégia de ação p a r a e laborar e implan ta r a política social; c) p lane jar e implementa r a infra-estrutura social. 60. Esses níveis de a tuação fo rmam a pirâmide profis- sional necessária ao Serviço Social p a r a a consecução de ' seu objetivo r emo to e objet ivos operacionais . SERVIÇO SOCIAL DE CASO 61. Considerando-se possu i r o Serviço Social de Caso u m conjunto de conhecimentos teórico-práticos identificável * Conceito expresso pelo Grupo de Trabalho da Pré-Conferência reali-zada em Charlottesville-Virgínia, antecedendo a XIII Conferência Interna-cional de Serviço Social, E.U.A., 1966. Teorização do Serv. Social 33 ¡missível, torna-se urgente , n o momen to , focalizar aspectos referentes à sua util ização adequada à w»de brasi leira , ma i s d o que p r o p r i a m e n t e u m a aten- par t icu lar izada à s u a teoria. Assim, pa r t i ndo da p remis sa de q u e se emprega o ) Social d e Caso j u n t o a pessoas com p rob lemas íldades de re lac ionamento pessoal e social, ou seja, mer-re lac ionamento social, reconhece-se a validade de uti l ização, e m profundidade, e m serviços especializa- e / o u d e sua adequação ao nível de execução de pro- n a s amplos , de m o d o a integrar-se no processo de snvolvimento. Nes ta perspect iva, sua aplicação deverá a c o m p a n h a d a pela uti l ização dos processos de g rupo envolvimento da comunidade . 'Tal pos ição encer ra p a r a o Serviço Social d e Caso rsguintes implicações: a ) o Serviço Social de Caso deve apl icado de fo rma a capaci tar o cliente a integrar-se t u a comunidade e no processo de desenvolvimento; 0 Serviço Social de Caso deve ser uti l izado naqueles tres e com aqueles indivíduos que, de fato, r eque i ram 1 efetuado o t r a t a m e n t o social à base do re lac ionamento a ten te social /cl iente ( is to é, adoção de critérios sele- ¡M p a r a o seu emprego) ; c) a aplicação do Serviço Social WB Caso deve se r a l iada à de Grupo p a r a a abordagem ou j fc t ra tamento dos aspectos c o m u n s dos p rob lemas -identi-JMtíftdos nos casos; d ) deve, também, se r vinculada ao psjsenvolvimento de pro je tos d e comunidade objet ivando 5 me lhor apare lhamento social e a mobil ização dos indi-duos p a r a conjugação de esforços que visem a remover , l lbninar ou prevenir as causas sociais dos p rob lemas iden-tfctloados no t r a t a m e n t o dos casos."* H . Considera-se a inda q u e contr ibui p a r a a racionalização 'da assistência; p a r a a ação do Serviço Social e m o u t r a s fraas, levando a esta ação a s informações colhidas n o OOnteto d i re to com os efeitos das carências e disfunções i; considerasse que concorre , também, p ar a a capa- profissional . U m dos aspectos dessa capaci tação • KPOURI Nadir Gouvêa. Serviço Social de Casos, Escola de Serviço Wb7PUC , Cur» dé atualizaçáo de conhecimentos para assistentes sociais, , d» Trabalhos Práticos. 34 CBCISS ser ia o t ipo de abordagem individual. Duvida-se, porém da t ranspos ição , com êxito, da abordagem do Serviço So-cial de Caso p a r a o processo de DC. SERVIÇO SOCIAL DE GRUPO 65. O conceito de Serviço Social de Grupo se modificou e m consequência da evolução histórica, do processo . Tra- dicionalmente, a ação d o ass is tente social se concentrava no g rupo e nele circunscrevia seu l imite. Hoje , busca-se, também, o engajamento efetivo da clientela n o p rocesso social ma i s amplo . A na tureza do p rocesso é, agora, enten- d ida c o m o sócio-educativa, podendo te r caráter terapêut ico e / o u prevent ivo. 66. P a r a efeito de análise, e pelo conteúdo funcional do conceito, apresenta-se a definição de Konopka : "O Serviço Social de Grupo é u m processo de Serviço Social que, através de experiências p ropos i tadas , visa a capaci ta r os indivíduos a m e l h o r a r e m o seu re lac ionamento social e a enf ren ta rem de m o d o m a i s efetivo seus p rob l emas pes- soais, d e g rupo e de comunidade."* 67. Deste concei to infere-se existir u m a significativa cor- re lação en t r e capacidade de re lac ionamento social e ex- periência de grupo. Conclui-se, ainda, des ta definição, que as pessoas necess i tam de ajuda, às vezes profissional , p a r a desenvolverem ou aperfeiçoarem suas potencial idades de re lac ionamento . 68. As a tua i s tendências do Serviço Social de Grupo impl icam o u s o consciente do g rupo como ins t rumen to p a r a alcance dos objetivos visados, o a la rgamento das funções t radicionais do Serviço Social, consequentemente , a inclusão de novas funções, o engajamento dos m e m b r o s e m p r o g r a m a s sociais ma i s amplos e u m a preocupação com o indivíduo, o grupo e as mudanças sócio-culturais. 69. O objetivo do Serviço Social de Grupo é, e m última análise, capaci tar os m e m b r o s do g rupo p a r a u m a efetiva par t ic ipação no p rocesso social. *JC,?NrOPKA' Gis«la. Social Group Work — a Helping Process Pren tice Hall, Inc. Englewood Cliffs, New Jersey, 1963 * ' Teorização do Serv. Social 35 tComo base d e referência p a r a es ta par t ic ipação , con-a-se que o contexto d o grupo represen ta u m a respos ta ecessidades psicossociais da pessoa h u m a n a , que a teia e m grupo responde a es tas necessidades e que o r i o g rupo é u m ins t rumen to de a tuação n a comuni-n a qua l se acha inser ido. Os objet ivos operacionais do Serviço Social de Grupo condicionados p o r t r ês variáveis que devem se r con-a d a s global e s imul taneamente : a s necessidades dos b r o s , a finalidade da o b r a e o objet ivo profissional ~ d o assis tente social. , US. As funções do Serviço Social de G r u p o r e spondem a «dois pr incipais t ipos de necessidades: as dos próprios par- t i c ipan te s do g rupo , p o r q u a n t o as experiências de grupo «tendem às necessidades individuais de per tencer e de J9uto-af i rmar-se , e à s necessidades da sociedade n a qual o g r u p o se acha inser ido, v is to que a s experiências de g rupo desenvolvem o espírito de cooperação mútua. T8. O Serviço Social de Grupo cont r ibu i de m o d o efetivo p a r a o p roces so d e mudança social, q u a n d o busca a ade- quação d a ambivalência h u m a n a . 74. A dinâmica individual decor re dessa ambivalência. E n q u a n t o ser ambivalente , o h o m e m vive e m cons tante p r o c u r a de fo rmas adequadas de auto-realização e delas t a n t o m a i s se ap rox ima quan to ma i s desenvolve, em si, a capac idade de inter-relações (pessoais e de g rupo) grati- f lcadoras . Essas inter-relações se cons t i tuem e m condição e recurso p a r a a s mudanças sociais, a o t e m p o e m que, p o r ai m e s m a s , r ep re sen t am mudanças. 75. Assim, ao intervir nos processos de g rupo , garan t indo q u e eles se desencadeiem e se desenvolvam e m suas for- m a s posi t ivas , o Serviço Social de Grupo cont r ibu i p a r a > i in t roduz i r as mudanças sociais n a med ida d a s necessida- des do h o m e m . 76. Considera-se que a lguns aspectos de interesse p a r a os ass is tentes sociais de g rupo es tão a merece r e s tudo e reflexão. Dent re eles, deve-se ci tar : o concei to de liderança, O u s o d e at ividades pelo ass is tente social de g rupo , o s grupos a tendidos pelos assis tentes sociais enquan to grupos de formação social e de a tuação social, e os campos de a tuação d o Serviço Social de Grupo . 36" CBCISS DESENVOLVIMENTO D E COMUNIDADE 77. N u m a visão panorâmica da s i tuação mundia l , obser- va-se q u e o processo de Desenvolvimento de Comunidades (DC) apresenta , n ã o apenas na fase de implantação, como também no desenvolvimento de p rog ramas , a incorporação de equipes diversificadas profiss ionalmente, n e m s e m p r e incluindo assis tentes sociais. 78. Nota-se, porém, que os profissionais in tegrantes des- sas equipes recebem o embasamen to teórico e o treina- m e n t o c o m u m à formação do ass is tente social. 79. No Brasi l , a origem e a evolução do DC estão inti- m a m e n t e l igadas a o Serviço Social, cujo p ionei r i smo se justifica desde a cons ta tação de s u a in t rodução n o país, sendo o DC incorporado , de início, c o m o u m dos processos d o Serviço Social. 80. Pelo exame d a evolução do DC n o Brasi l , podem-se definir q u a t r o e tapas . A p r i m e i r a está ligada à s experiên- cias de organizações de comunidades , insp i radas e m mol- des nor te-americanos , através de tenta t ivas de coordena- ção de serviços e o b r a s sociais em áreas funcionais. 81. A segunda caracteriza-se p o r experiências isoladas, a t ingindo pequenas áreas e com finalidades específicas de melhor ias imedia tas de condições de vida, s em recursos político-administrativos e técnicos e n e m t a m p o u c o a preo- cupação com perspect ivas vol tadas p a r a o se to r económico. 82. A tercei ra fase é definida p o r u m a t rans ição carac- ter izada pelo reconhecimento da necessidade de atender-se a problemáticas es t ru tura i s , mot ivando a necessidade de estabelecimento de me ta s p a r a o desenvolvimento. 83. A quar ta , que se esboça a tua lmen te com esforço defi- nido de e laboração técnica, p rocu ra enfatizar a criação de mecan i smos de par t ic ipação popu la r no processo do desenvolvimento, baseando-se n u m melhor conhecimento d a rea l idade nacional e regional quan to , pr incipalmente , ao ins t rumenta l disponível e à dinâxnica de comporta- m e n t o das populações . Saliente-se q u e a ma io r i a des tes p r o g r a m a s está vinculada a p lanos governamenta is e ope- ram-se e m a lgumas regiões do país. 84. DC é u m processo interprofissional q u e visa a capa- ci tar a comunidade p a r a integrar-se n o desenvolvimento Teorização do Serv. Social 37 através de ação organizada, p a r a a tendimento de suas ne- cess idades e realizações de suas aspirações . 85. A caracter ização de DC, como processo interprofis- sional, decorre do fato de sua realização ser s empre conse- 1 guida através de pro je tos in tegrados , definidos pe lo eco- nomis ta Dirceu Pessoa* como "empreend imen to que en- volve diversos se tores e, como tal , são obje to de at ividades mult iprofissionais , in terdependentes , que deverão ser con- duzidas in tegra lmente" . 86. P a r a esclarecer ma i s p rofundamente o conteúdo do DC, convém l e m b r a r o documento das Nações Unidas** que destaca as qua t ro contr ibuições de DC aos p r o g r a m a s d e desenvolvimento nacional : a ) "gera o cresc imento eco- nómico e social no p lano local; b ) const i tu i u m canal ade- q u a d o p a r a mútua comunicação en t r e governo e povo; c) colabora n a formação do capital social básico e n a ex- pansão d ainfra-estrutura, pelo incentivo às iniciativas lo- cais nesses se tores , l iberando recursos governamenta is que pode rão dest inar-se a invest imentos nacionais impor tan tes ; d ) cria, e m m u i t o s países, as condições prévias necessárias p a r a a evolução dos órgãos do governo local ou p a r a o fortalecimento de inst i tuições que f icaram estacionárias oú que não se a d a p t a r a m à s mudanças". 87. Contr ibuindo na formação do capital social básico e na expansão da infra-estrutura, amplia-se a perspect iva do DC, ressal tando-se a sua integração no desenvolvimento sócio-econômico, através do estímulo ao capital h u m a n o , " t r ans fo rmando recursos h u m a n o s ociosos e m capacidade produt iva , den t ro dos objetivos explicitados pelas próprias comunidades" .* * * 88. N u m a d imensão de in tegração, cons iderando DC como u m processo interprofissional , ressalta-se a posição do (̂Serviço Social p resen te n a equipe em todas as fases do * PFSSOA Dirceu Ação Comunitária como Atividade Programada em Proietos I Seminário de Ação Comunitária do Nordeste, Pernambuco, SUDENE, 1966. ** Comunidad y Desarrollo Nacional, Nações Unidas, 1963. *** Cadernos do IBRA, Desenvolvimento de Comunidades, Rio de Ja- neiro, Série 1, 1967. 38 CBCISS t r aba lho , buscando com os demais m e m b r o s a perspect iva global dos diversos p rog ramas setoriais . 89. Po r o u t r o lado, focalizando o papel d o Serviço Social n a in tegração da comunidade no processo de desenvolvi- men to , sua presença é requer ida em todas as fases da ação metódica e d a dinâmica d o processo . 90. A p a r t i r dessas considerações, a contr ibuição espe- cífica do Serviço Social nas equipes profissionais de IX! pode ser a s s im definida: a ) par t ic ipar e m pesquisas ope- racionais; b ) cont r ibui r na elaboração das variáveis p a r a o es tudo, a análise-diagnóstico e a avaliação dos progra- m a s ; c) estabelecer canais de comunicação c o m a comu- nidade, susci tando sua par t ic ipação no es tudo, análise- diagnóstico, p lane jamento e avaliação; d ) cont r ibu i r p a r a adequação das p r io r idades técnicas à s p r io r idades sen t idas pela comunidade; e) dinamizar a comunidade p a r a inte- gração n o p rocesso de desenvolvimento; f) susci tar ino- vações q u e es t imulem a comunidade a ado t a r a t i tudes e compor t amen tos que a levem a op ta r e a a ssumir decisões. 91 . Usa-se, mui to , a m e s m a terminologia p a r a a denomi-nação do processo global e p a r a a faixa de a tuação do Serviço Social. 92. E n t r e profissionais, há a tua lmente tendência p a r a uso d o t e r m o DC. N o en tan to , a expressão Serviço Social de Comunidade , res t r i t amente , é usada p a r a intervenção espe- cífica d o Serviço Social. 93. As Escolas de Serviço Social, e m razão de disposições legislativas, em sua documentação oficial ut i l izam a deno-minação Desenvolvimento e Organização de Comunidade (DOC). 94. Observe-se que as expressões ado tadas a c o m p a n h a m a contínua evolução de apl icação do processo , de acordo c o m as características q u e o m e s m o assumiu e m fases diversas históricas, e m var iados contextos sociais. 95. As funções do Serviço Social em DC são principal- m e n t e or ien tadas p a r a a deflagração dos p rocessos de conscientização, mot ivação e engajamento de lideranças individuais, de g rupos e inst i tuições no sent ido do desen- volvimento. Cabe-lhe, po r t an to , apl icar técnicas, atualmen- te, e m diferentes g raus de e laboração, tais como a de abordagem individual e de grupo, de capaci tação de lide- Teorização do Serv. Social 39 ça, de nucleação e organização de grupos , de uti l ização t ru t iva de s i tuações de conflito e tensões sociais. INTEGRAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL . Den t ro da nova perspect iva da metodologia operacio- ", coloca-se a ques tão da in tegração do Serviço Social, discutível o tema. Os elementos conceptuais são escas- sos; as experiências e m curso , a inda incipientes. VI. E s s a busca de in tegração evidencia o desejo de u m . fnaior r end imento do Serviço Social, podendo-se já iden- tificar a lgumas f o r m a s de abordagem, como: in tegração Aos processos de Serviço Social, de p r o g r a m a s e pro je tos , d a s técnicas dos processos e m p rog ramas , e da docência c o m o exercício profissional e pesquisa . 98. Es sa s fo rmas de abordagem, na prática, apresentam- se sob os seguintes aspectos: a) u m m e s m o órgão aplica, s imul taneamente , os t r ê s processos ; b ) a ação visa à mes- m a clientela, ou seja, indivíduos e grupos in tegrantes de u m a comunidade e / o u população; c ) as características pessoais da clientela e as condições ambienta is da área de a tuação d e t e r m i n a m a escolha d o processo e a passa gem d e u m p a r a o u t r o processo ; d ) identificação da pro- blemática e definição das áreas de abordagem através de Serviço Social de Caso, Serviço Social de Grupo , Desen- volvimento de Comunidade e Traba lho com populações ; e) a t end imento a casos, g rupos , comunidades e popula- ções e m função de problemáticas específicas e através de p r o g r a m a s e / o u p ro je tos que a t endam a essas problemá- ticas . 99. A in tegração da docência, do exercício profissional e da pesquisa a s sume as seguintes características: a) os p r o g r a m a s teórico-práticos de aprendizagem e os progra- m a s profissionais se desenvolvem nas perspect ivas de p r o g r a m a s e p ro je tos in tegrados; b ) a exper imentação nes- tes dois níveis de p r o g r a m a oferece subsídios à pesquisa , c ) os agentes da pesqu i sa enr iquecem a experiência, favo- recendo es ta atualizaçao dos conhecimentos e a síntese das ciências, h u m a n a s . 40 CBCISS UTILIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO E M SERVIÇO SOCIAL 100. A admin i s t ração não é u m processo específico de Serviço Social. O assis tente social, con tudo , no exercício de sua profissão, desempenha funções adminis t ra t ivas quando : a ) ocupa cargo de chefia e de coordenação de equipes na admin is t ração de p rog ramas ; b ) colabora ao nível da formulação de decisões adminis t ra t ivas ; c) part i - cipa da formulação de política de ação. 101. A admin is t ração consti tui , hoje, u m a disciplina pro- fissional definida, do tada de u m corpo próprio de teor ia e técnicas. 102. O fato de que a ação do Serviço Social pressupõe , sempre , a existência de quadros organizacionais e, conse- quentemente , o mane jo de processos adminis t ra t ivos , co- m o apoio à execução de suas at ividades, está a exigir es- tudos e concei tuação de u m c a m p o da adminis t ração vol- t ada p a r a a problemática específica do Serviço Social. 103. A "Adminis t ração d o Serviço Social" const i tuir ia u m a especialização, a exemplo do que já existe em t e rmos de Adminis t ração Hospi ta la r e Adminis t ração Escolar . 104. O p repa ro adequado , nessa especialização, deve cons- t i tuir requis i to fundamenta l p a r a o profissional de Serviço Social, chamado a exercer funções adminis t ra t ivas no seu campo de ação técnica. Capítulo III SERVIÇO SOCIAL E A REALIDADE BRASILEIRA 105. A necessidade do conhecimento da real idade brasi- leira é p ressupos to fundamenta l p a r a que o Serviço Social nela possa inserir-se adequadamente , nes te seu esforço atual de reformulação teórico-prática. Ressalta-se que este conhecimento deve ser consubstanciado e m t e r m o s de diagnóstico da real idade nacional , diagnóstico este indis- pensável a u m p lane jamento p a r a a intervenção na reali- dade brasi leira , com vistas à implantação das necessárias mudanças. 106. O esforço do Serviço Social, nes ta perspect iva, t em e m m i r a u m a contr ibuição posit iva ao desenvolvimento, en tendido este como u m processo de p lane jamento inte- g rado de mudança nos aspectos económicos, tecnológicos, sócio-culturais e político-administrativos. 107. Nesta conotaçãode desenvolvimento, en tende o Ser- viço Social que o h o m e m deve ser, nele, s imul taneamente , agente e objeto, e m busca de sua p r o m o ç ã o h u m a n a , n u m sent ido abrangedor , de m o d o que os benefícios não se l imitem a frações de populações, m a s a t in jam a todos , propic iando o p leno desenvolvimento de cada u m . 108. É den t ro desse quad ro de referências que o Serviço Social deve definir suas faixas próprias de a tuação , cons- t ru indo modelos específicos de intervenção. 109. P a r a a i n s t r u m e n t a l i d a d e d a intervenção do Serviço Social no Desenvolvimento, faz-se mis te r a e laboração de modelos que s is temat izem a programação global e / o u se- tor ia l . 42 CBCISS 110. Evidentemente , a fixação d e ta is modelos não é, n e m p o d e ser, de exclusiva responsabi l idade d o Serviço Social, m a s torna-se imprescindível a par t ic ipação des te nes ta ela- bo ração . 111. A título de contr ibuição, apresenta-se este p r ime i ro esquema de modelo de a tuação do Serviço Social, colocado e m perspect iva de Desenvolvimento, reconhecendo-se a necessidade de análise científica que pe rmi t a a avaliação p a r a pos te r io res reformulações . 112. Supõe es te mode lo de a tuação os seguintes ele- men tos : IDEOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO INTEGRAL; PLANEJAMENTO; MOBILIZAÇÃO DE FORÇAS ORGANIZADAS; CAPITAL ( recursos h u m a n o s e mate r i a i s ) ; TÉCNICA. 113. Pace a este modelo de a tuação , sugere-se como fun- ção e a t ividade do Serviço Social e m u m a escala de micro e macroa tuação . 114. Na IDEOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO INTE- GRAL, a microatuação do Serviço Social ser ia o processo d i re to de conscientização de indivíduos, g rupos e organi- zações de base , enquan to a macroatuação do Serviço Social ser ia o es tabelecimento de u m a política e /ou de medidas que impl iquem: a) u m amplo processo de conscientização dos centros de poder de decisão da sociedade; b)> a inva- l idação dos processos que, implícita ou explici tamente, se- j a m contrários aos ins t rumentos ou estímulos propulsores e aceleradores do desenvolvimento. 115. Assim entendido, o Serviço Social deve formular diretr izes, c r ia r u m a estratégia de ação, de acordo com seus princípios fundamentais, p a r a a t u a r de m a n e i r a gené- rica e, especialmente, frente a de te rminadas s i tuações de bloqueio à mudança. 116. No PLANEJAMENTO, a microatuação do Serviço Social ser ia a inserção de p lane jamento n a s microrrealiza- ções, den t ro de diretr izes e / o u política d o macroplaneja- mento , enquan to a macroatuação do Serviço Social seria: a) inserção consciente das populações no p lane jamento através d o conhecimento de suas potencial idades e dos meios de transformá-los e m ins t rumentos dessa integração; Teorização do Serv. Social 43 b ) a adoção de medidas que ga ran tam a inserção dos pro- g ramas e at ividades de Serviço Social nos vários níveis do p lane jamento . 117. Na MOBILIZAÇÃO DE FORÇAS ORGANIZADAS, a microatuação do Serviço Social seria: a) identificação, mo- bilização e ar t iculação de indivíduos, grupos e organizações p a r a a par t ic ipação no processo de desenvolvimento; b ) incentivo à formação de novos quadros de liderança, gru- p o s e organizações; c) valorização e capaci tação de qua- d ros de liderança, visando habilitá-los a a t u a r n o processo de desenvolvimento. A macroatuação do Serviço Social seria: a ) valorização e estímulo às inst i tuições p a r a que se capaci tem e estabeleçam sistemática de coordenação e u s e m ou t ros processos dinâmicos que as t o r n e m propul- soras de mudança; b ) in t rodução de s is temas de transfor- m a ç ã o p a r a aquelas inst i tuições que se cons t i tuem em freios e /ou bloqueios à mudança. 118. No CAPITAL, a microatuação do Serviço Social seria a identificação de recursos mater ia i s disponíveis e o estí- m u l o à cr iação de novos recursos q u e se fizerem necessá- rios , enquan to que a macroatuação do Serviço Social seria: a ) implementação dos invest imentos de infra-estrutura social; b ) estímulo à par t ic ipação popu la r e m p r o g r a m a s q u e efetivem os chamados invest imentos de capital fixo; c) contr ibuição p a r a a elevação dps níveis de vida; d ) estabelecimento de p r io r idades p a r a p rog ramas , pro je tos e at ividades, a pa r t i r de necessidades e aspi rações das populações; e) valorização dos recursos h u m a n o s , visando a supe ra r resistências aos p r o g r a m a s e proje tos a serem implan tados ; f) avaliação d o cus to de pessoal e equipa- m e n t o apl icado nos p r o g r a m a s vinculados, d i re ta ou indi- re tamente , ao Serviço Social, t endo em vista a rentabili- dade destes . 119. Na TÉCNICA, a microatuação do Serviço Social se- ria a uti l ização dos processos de Caso, Grupo e Desenvol- v imento de Comunidade , b e m como de técnicas auxil iares, procedendo-se sua seleção e m vista da melhor aplicabili- dade ao desenvolvimento, enquan to que a macroatuação do Serviço Social seria: a ) uti l ização de formas operacio- na is n o sent ido de t rans formação das e s t ru tu ras ; b ) esta- belecimento realístico das condições e das e tapas d o pro- cesso da par t i c ipação popular , p a r a que os p r o g r a m a s se 44 CBCISS efetivem, revigorando as decisões e ações h u m a n a s , com vis tas ao desenvolvimento; c) par t ic ipar do estabelecimen- t o de sistemáticas de coordenação de at ividades in terpro- fissionais; d ) es tabelecimento de política de estímulo quan- to a empresas e técnicos, objet ivando desper t a r a t i tudes inovadoras capazes de levá-los a ader i r em a o processo de mudança; mot ivação do empresa r i ado p a r a a utilização dos inves t imentos que lhes são oferecidos pelas institui- ções públicas e pr ivadas , v isando ma io r rentabi l idade a suas iniciativas e esforços; incentivo do espírito empre- sarial , v isando ao aperfeiçoamento de iniciativas empíricas e, consequentemente , ma io r contr ibuição ao processo do desenvolvimento; e) ap rofundamento e /ou e laboração da teorização, da s técnicas do p lane jamento e técnicas opera- cionais do Serviço Social, t endo e m vista as exigências a tua is de a b e r t u r a de campos e /ou m e r c a d o de t r aba lho a o nível de macroa tuação . 120. Face à s colocações explicitadas, reconhece-se reque- r e r a a tuação d o Serviço Social o es tabelecimento de cri- térios de p r io r idades e a definição de opções adequadas às exigências da real idade económico-social. 121. O desenvolvimento harmónico d o h o m e m — perma- nen te desafio à a tuação do Serviço Social — exige que sua adequação à real idade seja u m a cons tante . 122. P a r a as t ransformações necessárias a o desenvolvi- men to , faz-se mis te r u m a ampla e consciente par t ic ipação do próprio h o m e m , sujeito e obje to do Serviço Social. Disto decor re a necessidade de u m t r aba lho cientificamente embasado , que fundamente u m a sistemática real is ta e efi- caz à nova estratégia do Serviço Social, n a consecução de seus objet ivos. NOTA FINAL 123. Os par t ic ipantes do Seminário de Araxá reconhecem a importância do m o m e n t o histórico deste encont ro . Acre- d i t am que a iniciativa e os resul tados des te Seminário const i tuem u m m a r c o no processo de e laboração do con- teúdo técnico-científico do Serviço Social. 124. Refletindo sobre as consequências das opções suge- r idas , cons t a t am a necessidade de profundas reformula- Teorização do Serv. Social 45 ções na teoria , n a metodologia, no ensino e nos canais de comunicação do Serviço Social com o público. Es t a s res- ponsabi l idades novas, contudo, n ã o os in t imidam. Ao con- trário, são t o m a d a s como desafio. Certos de que as propo- sições des te documento serão objeto de análise crítica, -<le reflexão p o r pa r t e das escolas, dos profissionais, dos ó rgãos de classe e dos es tudan tes deServiço Social, con- f i a m que es tas formulações se p ro je tem n o fu turo do Serviço Social no Brasi l . Assinado por todos os participantes. RELAÇÃO DOS DOCUMENTOS PREPARATÓRIOS Roteiros para Discussão Doe. I — Componentes •universais do Serviço Social — S. Paulo Doe. I I — Metas do Serviço Social — S. Pau lo Doe. I I I — O Serviço Social face ao processo de formu- lação e implan tação da Política Social — S. Paulo Doe. IV — Papel d o Serviço Social; funções do Assistente Social — S. Paulo Doe. V — Serviço Social. Objetivos. Níveis de Atuação. ótica e Metodologia — Helena I . Junque i ra Todos estes documentos foram publ icados no Suple- m e n t o n.° 4 de 1967, dos Debates Sociais, d o CBCISS. DOCUMENTO DE TERESÓPOLIS METODOLOGIA DO SERVIÇO SOCIAL II SEMINÁRIO — 10 a 17 de janeiro de COMÎSSAO ORGANIZADORA DO SEMINARIO Helena I racy Junque i r a E d i t h Mot t a Mar ia Augusta de Luna Albano Mar ia d a s Dores Machado José Lucena Dantas COORDENAÇÃO E d i t h Mot ta HOSPITALIDADE Conselheiro Luiz Gonzaga Marengo Pere i ra e Dire tor ia do "Hol iday Club" PARTICIPANTES Angela Anastasia Cardoso Ana Alves Pere i ra Balbina Ot toni Vieira Ed i th M. Mot t a Edy Maciel Monte i ro E v a Teres inha Silveira Faleiros Franc i sco Pau la Fe r re i ra Giselda Bezer ra Helena I racy Junque i r a I s a Maia CBCISS Jocelyne L. Chamuzeau José Lucena Dan tas Leda Del Caro Mar ia Augusta de Luna Albano Mar ia da Glória Nin Fer re i ra Mar i a d a s Dores Machado Mar ia Dulce de Moura Beleza Mar ia do Ca rmo C. Falcão Mar ia Helena M. D u a r t e Mar ia Lúcia A. Velho Mar ia de Nazaré Moraes Marília Diniz Carnei ro Mar ina de Bar to lo Mar isa Meira Lopes M a r t a "Teresinha Godinho Mary Cather ine Jennings Nadi r Gouveia Kfouri Nelson José Suzano Rosa da Silva Gandra Suely Gomes Costa Suzana Medeiros Tecla Machado Soeiro Vicente de Pau la Falei ros SUMARIO I n t r o d u ç ã o RELATÓRIO DO GRUPO A * 2. Concepção científica da prática do Serviço Social 2.1.1 Fenómenos e variáveis significativos p a r a a prá- tica do Serviço Social Levantamento dos fenómenos e variáveis Identif icação da s funções cor respondentes Classificação das funções (Quadros: nível biológico, nível doméstico e fa- mil iar , nível educacional , nível cívico- municipal , nível sócio-cultural, nível de segurança) 3. Aplicação da metodologia do Serviço Social Investigação-diagnóstico In te rvenção Observações sob re o Relatório do Grupo A * O item 1 foi suprimido nesta edição. Ver Introdução, p. 54. 52 CBCISS RELATÓRIO DO GRUPO B * 2. Concepção científica da prática do Serviço Social 2.1 Conhecimentos científicos que e m b a s a m a prática do Serviço Social 2.1.1 Fenómenos e variáveis significativos p a r a a prática d o Serviço Social (Quadro de variáveis segundo o critério d e necess idades e p rob lemas ) 2.1.2 Conhecimentos já e laborados pelas ciências sociais 2.1.3 Conhecimentos já e laborados ou que o pos- s a m ser, pe lo profissional ou p o r qua lquer c ient is ta social (Quadro de conhecimentos p a r a a prática do Serviço Social) 2.2 Apreciação dos critérios e da s tendências que vêm or ien tando a formulação da metodologia d o Ser-viço Social (Quadro : especificação da metodologia do Serviço Social segundo os critérios mais usados ) 3 . Aplicação da metodologia do Serviço Social 3.1 Metodologia aplicável ao nível de p lane jamento 3.2 Metodologia aplicável a o nível de admin is t ração 3.3 Metodologia aplicável ao nível de p re s t ação de serviços Observações sobre o Relatório do Grupo B RELAÇÃO DOS DOCUMENTOS PREPARATÓRIOS * O item 1 foi suprimido nesta edição. Ver Apresentação, p. 7. INTRODUÇÃO E m 1967, t r i n t a e oito ass is tentes sociais brasi le i ros , a con- vite do CBCISS, reuni ram-se e m Araxá com o objetivo de teor izar s o b r e Serviço Social face à real idade brasi leira . Nesse e n c o n t r o foi e laborado u m relatório a m p l a m e n t e di- vulgado sob o título: DOCUMENTO D E ARAXA. Se te encon t ros regionais fo ram real izados e m 1968 p a r a levantar opiniões s o b r e a val idade teórica do Documento d e Araxá e recolher subsídios s o b r e os aspectos nele omis- sos e a s reformulações cabíveis. Setecentos e qua ren ta e u m ass is tentes sociais op ina ram sobre a matéria nos en- con t ros regionais real izados em Goiânia, Fortaleza, Ma- naus , Belo Horizonte , Campinas , Por to Alegre e Rio de Jane i ro (GB) . Os resu l tados desses encont ros foram divul- gados n o "Sup lemento de Debates Sociais" n.° 3, agosto de 1969: "Análise do Documento de Araxá — Síntese dos 7 Encontros Regionais". Os depoimentos recebidos revela- r a m , com bas t an t e clareza, a necessidade de u m es tudo so- b r e a Metodologia do Serviço Social face à real idade brasi- leira. E m respos ta a esta necessidade, o CBCISS p rog ramou novo encont ro p a r a es tudo d o t e m a p ropos to . A comissão organizadora do segundo seminário e laborou o seguinte ro te i ro de t r aba lho : METODOLOGIA DO SERVIÇO SOCIAL I — 1 Teor ia d o Diagnóstico e da In te rvenção em Serviço Social — A In te rvenção e m Serviço Social. 54 CBCISS 2. Teor ia do Diagnóstico e da In te rvenção e m Serviço Social — O Diagnóstico Social. I I — Diagnóstico e Intervenção em Nível de Pla- ne jamento , incluindo s i tuações globais e pro- b lemas específicos. I I I — Diagnóstico e In te rvenção e m Nível de Admi- n i s t ração . IV — Diagnóstico e In tervenção e m Nível de Pres- tação de Serviços Diretos a Indivíduos, Gru- pos , Comunidades e Populações . E s s e ro te i ro foi distribuído a 103 assis tentes sociais possíveis par t ic ipan tes do fu turo encont ro . Destes, 33 pu- d e r a m comparecer a o Seminário. Os critérios adotados pelo CBCISS na escolha dos profissionais foram: interesse pelo es tudo da Teor ia do Serviço Social, realizações ou vivência profissional , especialização, regionalidade, repre- sentat ividade de inst i tuições nacionais , públicas e pr ivadas , d ivers idade q u a n t o à procedência inst i tucional , t empo de fo rma tu ra e procedência regional. Vinte e u m documentos versando sobre os i tens sugeri- dos no ternário pre l iminar foram encaminhados ao CBCISS e pos t e r io rmen te mimeografados e distribuídos en t re os par t ic ipantes , como subsídio ao es tudo da matéria. E m síntese, o CBCISS recebeu e d is t r ibuiu 11 documen- tos de S. Paulo; 7 da Guanabara ; 1 de Brasília; 1 do E s t a d o do Rio e 1 do Paraná, sendo 6 documentos s o b r e o Tema I ; 5 sobre o T e m a I I ; 2 sobre o T e m a I I I e 3 sobre o T e m a IV. Como se desenvolveu o Seminário A pr ime i r a reunião de es tudos foi iniciada com o debate sobre a dificuldade de o ternário ser seguido n a íntegra. Discutido o assunto , ficou acer tado q u e o seminário se concent ra r ia no e s tudo de apenas t r ê s pon tos : 1. Fundamentos da metodologia do serviço social. 2. Concepção científica da prática do serviço social. 3. Aplicação da metodologia do serviço social. Teorização do Serv. Social 55 O es tudo do p r i m e i r o pon to embasar ia a s reflexões so- b r e os dois últimos e ser ia feito através da análise dos sub- sídios recebidos sobre o assunto . O ternário foi en tão re- e laborado, como se segue: 1. Fundamentos da metodologia do serviço social. 2. Concepção científica da prática do serviço social. 2.1 Conhecimentos científicos que embasam a prá- tica do serviço social. 2.2 Apreciação dos critérios e das tendências que vêm orientando a formulação da metodologia do serviço social. 3. Aplicação da metodologia do serviço social. 3.1 Teorias que fundamentam o diagnóstico e téc- nicas para sua elaboração. 3.2 Teorias que fundamentam a intervenção e téc- nicas para sua elaboração. Foi também apresen tada u m a p r o p o s t a de Pesquisa so- bre Serviço Social no Brasil, documento e laborado p o r u m g r u po de S. Paulo . Aceito o ro te i ro de t r aba lho , o Seminário desenvolveu- se n a s seguintes e tapas : A — Apresentação da p r o p o s t a sobre Pesquisa em Ser- viço Social no Brasil. O assun to desper tou g rande in teresse en t re os par t ic ipan tes e u m subgrupo encarregou-se d a e laboração de u m antepro je to com sugestões de aspectos a s e rem es tudados , levantados o u pesquisados . B — Análise e deba te , e m plenário, de t r ê s documen tos sob re o T e m a 1: F u n d a m e n t o s d a Metodologia do Serviço Social.1 1 Sobre o assunto foram encaminhados ao CBCISS cinco trabalhos. Os dois não debatidos foram os seguintes: — "Teoria do diagnóstico e da intervenção em serviço social", de Helena Yracy Junqueira, que, presente no Seminário, considerou-o mais como um roteiro pata futura elaboração. — "Introdução ao método. Teoria do Diagnóstico Social. Formas de intervenção na realidade", de Ana Augusta de Almeida, que não pôde comparecer ao Seminário. 56 CBCISS — Introdução às Questões de Metodologia — Teoria do Diagnóstico e da Intervenção em Serviço Social, p o r Suely Gomes Costa. — Teoria Metodológica do Serviço Social, uma Abor- dagem Sistemática, p o r José Lucena Dantas. — Bases para Reformulação da Metodologia do Serviço Social, p o r Tecla Machado Soeiro. C — Subdivisão dos par t ic ipantes em dois grupos — A e B — pa ra estudo dos temas subsequentes: Tema 2 — Concepção científica do serviço social ; e Tema 3 — Ap l i - cação da metodo log ia do serviço social . D — Apresentação, e m plenário, dos documentos ela- borados pelos dois grupos. O Grupo A aprofundou-se mais n o Tema 2, o G r u p o B seguiu f ie lmente o esquema pro- posto. A diversidade nas f o rmas de t raba lho imposs ib i l i - t o u a fusão dos dois relatórios. O Relatório Final Os assistentes sociais que subscrevem o Documento de Teresópolis, conscientes da responsabi l idade assumida, re- conhecem que o assunto deve ser objeto de estudos e reflexões fu turas . A matéria, p o r demais vasta, não pôde ser suf ic ientemente apro fundada n u m encontro de sete dias. O Seminário não pre tendeu esgotar assunto de tão a l ta relevância. O CBCISS submete à crítica dos assistentes sociais os resultados do Seminário de Teresópolis e espera haver contribuído de a lguma f o r m a para o desenvolv imento de u m Serviço Social que responda cada vez ma is às necessi- dades do H o m e m Bras i l e i ro . Nesta a tua l edição são apresentados somente os Rela- tórios dos dois grupos. Os documentos preparatórios, d iscut idos o u não no Seminário, f o r a m editados separa- damente.* * Ver na p. 97 a relação desses documentos, editados pelo CBCISS, na Coleção Temas Sociais. RELATÓRIO DO GRUPO A GRUPO A Conforme decisão do plenário, os Grupos só es tudaram os Temas 2 e 3, porque o Tema 1 f o i debat ido e m plenário, baseado nos três t raba lhos preparatórios ao Seminário. O Grupo A, e m resposta ao Tema 2 — Concepção Cien- tífica da Prática do Serviço Social e ao i t e m 2.1 Conheci- mentos Científicos que Embasam a Prática do Serviço Social, — i n i c i o u o estudo pelos 2.1.1 Fenómenos e Variá- veis Significativos para a Prática do Serviço Social, desen- volvendo-o ma is amplamente , não chegando a abordar os i tens seguintes do Tema 2. Quanto ao Tema 3 — Aplicação da Metodologia do Ser- viço Social, o estudo f o i fe i to a p a r t i r de u m ro t e i r o orga- nizado p o r elementos do próprio Grupo ao término da ela- boração do estudo anter ior . T E M A 2: CONCEPÇÃO CIENTÍF ICA DA PRATICA DO SERVIÇO SOCIAL 2.1.1 Fenómenos e Variáveis Significativos para a Prática do Serviço Social O estudo se desenvolveu e m cinco etapas: levantamento de fenómenos signi f icat ivos observados na prática do ser- viço social , correspondentes aos níveis adotados pelo gru- po; levantamento das variáveis signi f icat ivas para o serviço social, nos fenómenos observados; levantamento das fun- ções correspondentes às variáveis levantadas; redução das funções ident i f icadas e, f ina lmente , classificação dessas funções. 60 CBCISS A apresentação detalhada das cinco etapas exige, antes, u m a advertência. A sistemática de t raba lho (estudo de fe- nómenos, levantamento de variáveis e identificação de fun- ções) não pretende suger i r que, de o r a e m diante , o ser- viço social se reduza à análise isolada de cada necessidade. Ao contrário, o estudo, p o r s i mesmo, conduz ao reconhe- c imento da global idade e do inter-re lac ionamento das ne- cessidades humanas. Ma i s ainda, certos condic ionantes básicos pa ra a prática do serviço social não decor rem de cada u m dos níveis encarados isoladamente mas das carac- terísticas centrais da sociedade bras i l e i ra , país subdesen- vo l v ido e e m crise mo t i vada p o r u m a fase de transição e de mudanças. É forçoso sal ientar, a inda, que o pape l do serviço social na sociedade bras i l e i ra — e m seu estágio a tua l de desenvolvimento, c o m os choques de opiniões exis- tentes — é u m fenómeno s igni f icat ivo que não deve ser es- quecido na prática pro f i ss iona l . Com estas ressalvas, são apresentadas, a seguir, as cinco etapas de t raba lho : l.a Etapa L E V A N T A M E N T O D E FENÓMENOS S I G N I F I C A T I V O S OBSERVADOS N A PRATICA DO SERVIÇO SOCIAL. Par t indo do inventário dos níveis 1 e laborado p o r S. L. Lebre t 2 f o i efetuado o levantamento dos fenómenos 8 signi f icat ivos, observados na prática do serviço social nos níveis propostos pelo au to r : Necessidades básicas Nível Biológico Nível Doméstico 1 Nível: diferentes planos de realidades da sociedade global nos quais se situam necessidades homogéneas, (Verbete retirado do Dictiotiary of Social Sciences, editado por Julius Gould e William L. Kolb.) 2 Em Dynamique Concrète du Dévéloppement, Paris, Les Editions Ouvrières, 1961, p. 156. 8 Fenómeno (social ou fato social): fatos sociais enquanto objeto de uma observação. (Verbete preparado pelo cientista social E. A. Gellner para o Dictionary of the Social Sciences, edição da UNESCO.) Teorização do Serv. Social 61 Nível Residencial Nível de Equ ipamento Escolar Necessidades sociais Nível Social Nível Fami l i a r e de Compor tamento Sexual Nível de Sociabi l idade Nível de V i d a M u n i c i p a l Nível de V i d a Cívica Nível de V i d a Ética e E s p i r i t u a l A esses níveis f o i acrescentado o de "Segurança" Inventar iados os fenómenos, f o i ver i f icada a frequência de fenómenos semelhantes ou idênticos, e m diferentes ní- veis. Por esta razão, f o i e laborada nova classificação de níveis como se segue: Nível Biológico e de Equ ipamento Sanitário Nível Doméstico e Fami l i a r Nível Educac iona l Nível Residencial Nível Cívico-Municipal Nível Sócio-Cultural Nível de Segurança F o i necessário, então, reagrupar os fenómenos de acordo c o m a classificação de níveis adotada pelo grupo . (Ver , no f i na l do Tema 2, Quadros A 1, A 2, A 3, A 4, A 5, A 6 — co luna 1.) 2.o Etapa IDENTIFICAÇÃO DAS VARIÁVEIS 4 S I G N I F I C A T I V A S PARA O SERVIÇO SOCIAL, NOS FENÓMENOS OB- SERVADOS. Conhecidos os fenómenos, procurou-se a identificação das diversas f o rmas pelas quais eles se apresentam. Fo i 4 Variável: fator dinâmico cujo desenvolvimento é sincronizado ao desen- volvimento de outro fenómeno. (Verbete preparado pelo cientista social Raymond V. Bowers para o Dictionary of the Social Sciences, edjção da UNESCO.) 62 CBCISS desde logo evidenciado que as mesmas variáveis, c o m fre- quência, aparec iam relacionadas a diferentes fenómenos. (Ver Quadros A 1, A 2, A 3, A 4, A 5, A 6, A 7 — coluna 2.) 3. a Etapa IDENTIFICAÇÃO DAS FUNÇÕES 5 CORRESPONDEN- TES ÀS VARIÁVEIS I N V E N T A R I A D A S . Conhecidas as variáveis dos fenómenos estudados, fo- r a m ident i f icadas as funções a elas correspondentes. (Ver Quadros A 1, A 2, A 3, A 4, A 5, A 6, A 7 — co luna 3.) 4. a