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6 Lição 1 - Noções de Desenho Técnico e Projeto Arquitetônico Nesta lição, você conhecerá os principais elementos da representação gráfica utilizados nos projetos de arquitetura. Conhecerá as plantas arquitetônicas e suas simbologias, que são as representações mais utilizadas pelo técnico em transações imobiliárias. Estes conhecimentos são essenciais para o exercício da profissão, permitindo que o profissional possa compreender, interpretar e transmitir ao cliente importantes informações no processo e na conclusão de uma negociação imobiliária. Ao final desta lição, o aluno será capaz de: • conhecer as principais representações gráficas; • determinar perímetros e áreas de variadas superfícies; • compreender as cotas e medidas de projetos; • ter o conhecimento do conceito de escala e saber como empregar este conceito em seu trabalho como técnico em transações imobiliárias. 1. Folhas para Desenho Técnico (ABNT NBR10068) Para se realizar um projeto, utilizamos o desenho técnico como ferramenta para representar o que desejamos. Deve-se, portanto, em primeiro lugar, escolher o tipo e o tamanho de folha a ser utilizada. Normalmente é utilizada a folha de papel sulfite, gramatura 75. Porém, o tamanho desta folha varia, sendo necessário analisar para se escolher um tamanho adequado para realizar o desenho e apresentar o projeto. Abaixo está a representação dos tamanhos das folhas (Figura 1) mais utilizadas, que são recomendadas pela ABNT. Elas recebem os nomes de: A0, A1, A2, A3 e A4, conforme seu tamanho, respectivamente, da maior para a menor. Observamos que todas as folhas “cabem” na folha A0, como mostra a figura 1, que mede 1.189mm x 841mm. 7 A0 A1 A3 A4 A5 A2 1189 64 1 Figura 1 - Tamanhos de folhas para desenho técnico O tamanho da folha deve ser escolhido de acordo com o projeto que se deseja realizar. Um projeto pode ter uma ou mais folhas. Normalmente o tamanho mais utilizado para projetos arquitetônicos é a folha A2. Ela deve ter todas as informações pertinentes ao projeto realizado: • Planta baixa, cortes, fachada; • Detalhes referente a construção; • Indicação do Norte por meio de um símbolo representativo; • Quadro legenda (ou carimbo) com todas as informações como: escala, data, nome do projeto, nome do responsável técnico, nome da empresa, número da folha, número da revisão, endereço da obra. A folha deverá ter margens e quadro legenda. Todo o projeto deverá seguir as normas da ABNT. 8 Figura 2 - Folha com margens e quadro legenda no canto inferior direito 2. Elementos de Representação Gráfica 2.1 Linhas A linha é o traço que une dois pontos ou mais, podendo ser uma linha reta (une dois ou mais pontos sempre alinhados), curva (une três ou mais pontos desalinhados), sinuosa (composta de diversas curvas) ou mista (composta de diversas formas). Figura 3 - Linha reta (unindo ponto A ao ponto B) Figura 4 - Linha curva Figura 5 - Linha sinuosa Figura 6 - Linhas mistas 9 Uma reta é a linha, traço ou risco que segue sempre a mesma direção. Pode ainda ser definida como um conjunto de pontos posicionados muito próxi- mos um do outro. É possível prolongar indefinidamente uma reta; é o que chamamos de segmento de reta. De acordo com a posição relativa, as linhas são classificadas em: • Paralelas: mantêm sempre a mesma distância entre seus pontos, não têm um ponto em comum, não se cruzam. Figura 7 - Linhas paralelas • Perpendiculares: Formam sempre um ângulo de 90o entre si. Figura 8 - Linhas perpendiculares • Oblíquas: incidem uma sobre a outra, formando ângulos maiores ou menores que 90 graus. Figura 9 - Linhas oblíquas De acordo com sua posição absoluta, as linhas podem ser: horizontais, verticais ou inclinadas. 10 Horizontal Vertical Inclinada Figura 10 - Linhas horizontal, inclinada e vertical Quanto à direção, as linhas são classificadas em: • Convergentes: possuem direções diferentes e vão para um mesmo ponto. • Divergentes: partem de um só ponto para direções diferentes. Figura 11 - Linhas convergentes Figura 12 - Linhas divergentes Conforme seu tipo, a linha pode ser: cheia, pontilhada, tracejada ou interrompida, indicando diferentes tipos de uso. Figura 13 - Linhas cheia, pontilhada, tracejada e interrompida 11 2.2 Polígonos Polígono é uma figura geométrica plana, composta de mais de dois lados. São elementos do polígono: • Lado • Vértice • Ângulo Vértice Lado Ângulo Figura 14 - Elementos de um polígono De acordo com o número de lados que o polígono apresenta, eles recebem nomes apropriados, alguns deles bastante conhecidos: Tabela 1 - Nomenclatura dos polígonos 3 lados triângulo 4 lados quadrilátero 5 lados pentágono 6 lados hexágono 7 lados heptágono 8 lados octógono 9 lados eneágono 10 lados decágono 11 lados undecágono 12 lados dodecágono 12 Os polígonos também podem ser classificados em regulares (lados e ângulos com a mesma medida) e irregulares (lados e ângulos diferentes). Triângulo Quadrado Pentágono Hexágono Heptágono Octógono eneágono Decágono Figuras 15 - Polígonos Regulares 13 Triângulo quadrilátero Pentágono Hexágono Heptágono Figuras 16 - Polígonos Irregulares ► 2.2.1 Quadriláteros No desenho arquitetônico, os quadriláteros são figuras muito comuns, representando os diferentes compartimentos ou cômodos de um imóvel. Os quadriláteros são polígonos que possuem quatro lados. Podem ser: • Quadrado: polígono fechado com os quatro lados de mesma medida, paralelos dois a dois, com quatro ângulos iguais e todos os ângulos retos (ângulos de 90°). Figura 17 - Quadrado 14 • Retângulo: polígono fechado com lados opostos paralelos dois a dois, porém, com medidas diferentes e todos os ângulos retos (ângulos de 90°). Figura 18 - Retângulo • Losango: polígono fechado com os quatro lados de mesma medida, paralelos dois a dois e com os ângulos opostos iguais. Figura 19 - Losango • Paralelogramo: polígono fechado com lados paralelos dois a dois, de mesma medida, com os ângulos opostos iguais. Figura 20 - Paralelogramo • Trapézio: polígono fechado com dois lados paralelos, sendo estes dois lados de medidas diferentes. 15 Figura 21 - Trapézio • Trapezoide: Polígono fechado sem lados paralelos. Figura 22 - Trapezoide 2.3 Cálculo de Perímetro de um Polígono e da Área de uma Superfície Saber calcular o perímetro e a área das figuras geométricas é de extrema importância no exercício do profissional da construção civil. São cálculos muito simples, envolvendo as operações matemáticas fundamentais. São úteis para se calcular a quantidade de materiais construtivos, área útil de um imóvel, dimensionamento dos cômodos de um imóvel ou do terreno, entre outros. Muitas vezes uma das primeiras perguntas realizadas por um futuro comprador ou locatário será sobre informações da metragem do local. ► 2.3.1 Cálculo do Perímetro (P) de um Polígono Perímetro (P) é a soma das medidas dos lados de uma figura geométrica. Exemplo 1 – Imagine a seguinte situação: Um cliente está interessado em trocar o rodapé da sala do imóvel. Caso concretize o negócio da venda ou locação, ele lhe pergunta quanto material para trocar o rodapé deve comprar. Assim, o cliente pode ter o conhecimento deste valor antes de fechar o negócio. Para auxiliar o seu cliente, você precisará saber calcular o perímetro desta sala. 16 A sala deste imóvel tem as seguintes medidas: 4 m 4 m 4 m 4 mSALA P = 4,10 m + 4 m + 4,10 m + 4 m = 16,20 m Neste caso, será necessário comprar para esta sala 16,20 m de material para fazer o rodapé. Exemplo 2: Imagine outra situação: Se um terreno for um quadrilátero, onde dois lados medem 30 metros, outro lado mede 28 metros e o último mede 33 metros, de quanto será este perímetro? Para saber este resultado basta somar as medidas dos quatro lados do terreno: P = 30 m + 30 m + 28 m + 40 m = 128 m Teremos um terreno de 128 metros de perímetro. As respostas sempre serão em unidades de medidas lineares. ► 2.3.2 Cálculo daÁrea (A) de uma Superfície Área é a medida de uma superfície (ou de um espaço plano) compreendida entre determinados limites. A área pode ser regular ou irregular. São formas regulares as que possuem geometria definida, como o quadrado ou o retângulo; e irregulares quando possuem geometria indefinida, como os trapezoides. Existem fórmulas que auxiliam no cálculo da área e variam de acordo com sua forma. Exemplo3: Imagine a seguinte situação: Seu cliente gostaria de trocar o piso do banheiro e saber quanto gastaria para realizar esta pequena obra antes de comprar ou alugar o imóvel que você está oferecendo. Você precisará saber como calcular a quantidade de piso necessária para auxiliar seu cliente. Não é simplesmente medir o contorno desse cômodo, pois o piso deverá ser colocado no chão todo (em sua área) e 17 não em seu contorno, como no caso do rodapé. Por isso, neste caso, não se trata do perímetro, mas sim da área do piso banheiro. No cálculo de áreas, é necessário adotar uma unidade padrão de medida. Normalmente a medida é em metros quando se refere à imóveis. No Sistema Métrico Decimal, a principal unidade é o metro quadrado (m²), que é a área de um quadrado de 1 m de lado, pois a área do quadrado é calculada multiplicando a base pela altura do mesmo. 1 m 1 m 1 m 1 m1 m2 Figura 23 - Desenho representando 1m2 de área Quando dizemos que um terreno tem a área de 250 m², estamos dizendo que cabem 250 desenhos como a figura 37 dentro deste terreno. Para medir grandes superfícies, como a extensão de um país, por exemplo, a unidade de medida em metros quadrados torna-se um padrão muito pequeno. Usamos então, unidades maiores, múltiplos do m², que são: • Quilômetro quadrado (km²) – área de um quadrado de 1 km (1.000 m) de lado. • Hectômetro quadrado (hm²) – área de um quadrado de 1 hm (100 m) de lado. • Decâmetro quadrado (dam²) – área de um quadrado de 1 dam (10 m) de lado. Ao contrário, se desejarmos medir pequenas superfícies, como a área de um ladrilho, quadro, vidro, espelho, etc., precisamos usar unidades menores que o m² – os seus submúltiplos –, que são: • Decímetro quadrado (dm²) – área de um quadrado de 1 dm (0,1 m) de lado. • Centímetro quadrado (cm²) – área de um quadrado de 1 cm (0,01 m) de lado. • Milímetro quadrado (mm²) – área de um quadrado de 1 mm (0,001 m) de lado. Vejamos então as fórmulas para cálculo das áreas das principais figuras geométricas. 18 • Área de um quadrado ou retângulo Para calcular a área de um quadrado ou retângulo basta multiplicar a medida de dois lados (l): A = base × altura ou (A = b × h) *Simbolizamos a altura pela letra h. *A base é simbolizada pela letra b. Se o quadrilátero for um quadrado, ele tem todos os seus lados iguais, então, b = h. Por isso, neste caso, costumamos chamar b e h pela letra l. Então A = l x l ou A = l² Exemplo 1: Se o quadrado tiver 5 m de lado, então significa que todos os seus lados medem 5 m, isto é l = 5 m. Sua área será: A = l × l = l² � 5 m × 5 m = 25 m² Exemplo 2: Para um retângulo cuja base mede 3 m e a altura 5 m, sua área será: A = b × h � 3 m × 5 m = 15 m² • Área de um paralelogramo Observe abaixo (Figura 24) as medidas do paralelogramo. Consideramos b a base e h a altura. h b Figura 24 - Paralelogramo A área do paralelogramo é dada pelo produto da base (b) vezes altura (h), sendo que a altura é sempre na vertical, perpendicular à base. A altura nunca acompanha a inclinação dos lados. 19 Exemplo 1 Se a base do paralelogramo medir 2,5 cm e sua altura for de 3 cm, a área (A) será: A = b × h � 2,5 cm × 3 cm = 7,5 cm² • Área de um triângulo Observe na figura abaixo que um triângulo é a metade de um quadrado, ou de um retângulo, ou de um paralelogramo. A união de dois triângulos forma os polígonos (Figura 25). Por isso, quando calculamos a área de um triângulo, dividimos a área do quadrado ou do retângulo (ou paralelogramo) por dois. Figura 25 - Quadriláteros divididos ao meio, formando triângulos Portanto, a fórmula da área de um triângulo será: A = b × h 2 Exemplo 2 Qual a área do triângulo abaixo? Aplicando a fórmula da área do triângulo, temos: A = (3 x 2) 2 A = 3 m2 20 • Área de um losango Observe a Figura 26: O losango apresenta duas diagonais, uma maior (D) e outra menor (d). Diagonal é o segmento de reta que une dois vértices não consecutivos. D d Figura 26 - losango e suas diagonais D e d A fórmula para calcular a área do losango é: A = D × d 2 Exemplo 3 Se a diagonal maior (D) medir 6 cm e a diagonal menor (d) medir 3 cm, a área do losango será: A = 6 cm × 3 cm 2 A = 9 cm2 3. Escala de um Desenho Primeiramente, observe atentamente as figuras a seguir. As figuras ilustradas são semelhantes? 2 1 3 Figura 27 - Ampliação e redução de desenhos 21 Sim, elas são semelhantes! A figura 2 é uma redução da figura 1, e a figura 3 é uma ampliação da figura 1. Essa relação que existe entre estes desenhos é chamada de razão de semelhança ou escala. Aumentando ou diminuindo as dimensões do desenho, as medidas devem sempre manter uma proporção entre elas, de maneira que continuem sendo semelhantes. Naturalmente, não podemos desenhar um automóvel, ou uma casa, por exemplo, em seu tamanho real, pois não caberia em um papel ou não seria nada prática a sua leitura. Portanto, em uma folha de papel, esses desenhos são feitos em tamanho reduzido, porém, mantendo a proporção com as medidas reais e não perdendo suas características. Dizemos que o desenho é feito “em escala”, que é a relação entre o tamanho representado no papel e o tamanho real do objeto. As escalas podem ser utilizadas para reduzir um objeto e também para ampliá-lo, como no caso de pequenas peças. As escalas são sempre representadas pela unidade (1) seguida de dois pontos (:) e um determinado número. Exemplos 1:20 – lê-se: um para vinte 1:200 – lê-se: um para duzentos 1:1.000 – lê-se: um para mil O que significa, por exemplo, a escala 1:20? Significa que 20 unidades reais são representadas por uma unidade no papel. Em outras palavras, 1 centímetro no papel corresponde a 20 centímetros do objeto real. Na escala 1:200, 1 cm no desenho corresponde a 200 cm na reali- dade, ou seja, dois metros. Os mapas geográficos e as plantas são desenhos reduzidos do real, feitos em escala, que é sempre indicada na legenda no canto inferior direito da folha. Desta maneira, sabendo-se qual é a escala do desenho, é fácil determinar as medidas reais como as medidas dos cômodos de um imóvel, objeto, planta ou mesmo um mapa. Existem dois tipos mais utilizados de escalas: a numérica (que acabamos de estudar) e a gráfica. A escala gráfica é representada por um desenho parecido com uma “régua” junto de sua indicação. Por exemplo: Figura 28 - Escala gráfica 22 A escala gráfica é mais utilizada em mapas ou cartas, como cartas topográfi- cas, por exemplo. Elas indicam a escala de áreas bem maiores como cidades, florestas, países etc. Já a escala numérica é utilizada para representar áreas menores, como plantas de imóveis ou objetos. Para facilitar, vamos apresentar uma fórmula geral para trabalharmos com escalas: d = D E Sendo que: d: medida no desenho D: medida real E: escala Exemplo 1 Qual será a medida no desenho, sabendo-se que a medida real (D) é de 6 metros e a escala (E) de 1:100? Substituindo os valores na fórmula: d = 6 / 100 d = 0,06 m = 6 cm Exemplo 2 Qual a distância real (D) entre dois pontos, sendo que no desenho (d) ela vale 3 cm e a escala (E) é de 1:50? Como agora queremos achar D, precisamos multiplicar a medida do desenho (d) pelo valor da escala (E), transformando a fórmula original em: D = d × E. Então, substituindo os valores dados: D = 3 cm × 50 = 150 cm = 1,5 m Exemplo 3 Qual a escala de um desenho, sabendo-se que uma certa medida é de 2 cm no desenho e na realidade vale 500 metros? Para determinarmos a escala, precisamosdividir a distância real pela distância no desenho. Substituindo os valores dados no problema, temos: 23 E = 500 = 250 E = 1:250 2 As escalas mais utilizadas no desenho arquitetônico são as seguintes: • 1:100 e 1:50 – para plantas baixas • 1:200 – para coberturas (telhados) • 1:500 – para plantas de situação • 1:50 – para fachadas e cortes • 1:20 e 1:10 – para os detalhes do projeto Uma outra maneira de trabalhar com escala é utilizar um instrumento facilitador, denominado escalímetro. O escalímetro possui seis escalas graduadas. Normalmente as mais utilizadas em arquitetura são as escalas de 1:20, 1:25, 1:50, 1:75, 1:100, 1:125. Para utilizar, basta medir a distância no desenho, utilizando o lado do escalímetro que marca a escala desejada e fazer a leitura diretamente em metros, sem cálculos. Figura 29 - Escalímetro 4. Planta Baixa Planta baixa é a representação gráfica de uma construção no plano horizon- tal. Esta construção pode ser residencial, comercial ou industrial. O desenho, feito geralmente em escala 1:50, apresenta o maior número possível de de- talhes e informações. Ele precisa ser muito claro e compreensível. Todos os compartimentos ou cômodos são cotados, ou seja, apresentam as medidas reais. Estas medidas são representadas por meio de traços e números. 24 Uma planta apresenta um imóvel visto de cima, sem sua cobertura, para que seja possível a visualização de seu interior, suas paredes internas, pisos, medidas dos cômodos, localização e medidas de aberturas de portas e janelas, pias, detalhes de escadas, entre outras informações. Quando se trata de uma edificação de vários pavimentos (andares), haverá um número de plantas para um número de pavimentos diferenciados. Uma planta deve apresentar principalmente: • Espessura das paredes internas e externas; • Medidas de todos os cômodos; • Medidas de recuos laterais, frontal, entre outros; • Localização e medidas de aberturas de portas e janelas; • Indicação e tipos de aberturas de portas, janelas e portões; • Cotas de desnível (dentro do imóvel e em relação ao nível da rua); • Representação de escada e seus detalhes, número de degraus, largura e comprimento, quando houver; • Suposta localização de móveis, plantas, carros, paredes de divisa interna, muretas etc.; • Indicação de revestimentos, como pisos ou passagens de concreto; • Indicação de jardins e gramados; • Indicação de limite do telhado (beiral); • Localização e medidas de pias e louças sanitárias. A planta baixa não deverá apresentar as informações de modo que se torne um desenho “poluído”, isto é, que não seja possível visualizar claramente todas as informações contidas nele. Por exemplo, o desenho de uma cama ou de um carro não pode esconder a medida das paredes de um dormitório ou da garagem. Se isto ocorrer, a melhor opção é realizar duas plantas baixas, uma contendo as medidas de todos os cômodos, peças principais e recuos, e outra planta baixa contendo os desenhos e localização dos móveis, carros, vegetação, entre outros elementos decorativos (Figura 30 a 32). 25 Figura 30 - Planta baixa residencial, pavimento inferior, com as principais medidas de cômo- dos e recuos. Figura 31 - Planta baixa residencial, pavimento inferior 26 Figura 32 - Planta baixa residencial, pavimento superior 4.1 Tipos de Plantas Há vários tipos de plantas para a execução de uma construção. Veja os principais: • Planta de Situação Desenho feito geralmente em escala de 1:500. Deve conter: • Localização do terreno em relação ao loteamento, às divisas e à quadra, indicando a esquina mais próxima; • Localização da construção em relação ao lote que ocupa, com todas suas medidas, apontando as medidas de afastamento do lote em relação à construção e recuos; • Numeração da construção, dos lotes vizinhos e, caso haja alguma edificação nestes, assinalar suas posições de afastamento em relação ao alinhamento e às divisas laterais. • Indicação do passeio (calçada) e do nome do logradouro (rua, avenida, etc.) em que o lote está situado, com as respectivas dimensões. • Quadro onde se determina a fração construída e a não construída, chamada de taxa de ocupação. • Orientação do terreno em relação às direções da rosa dos ventos. Usa-se uma seta com a indicação do Norte magnético. 27 • Anteprojeto Anteprojeto é um rascunho do projeto definitivo, realizado com base em informações prestadas pela pessoa interessada em construir, como: • Número de pessoas e respectivos sexos que vão habitar ou frequentar o imóvel; • Localização (bairro, condomínio, loteamento fechado), dimensões e perfil do terreno; • Tipo de construção pretendida; • Preferências dos moradores; • Pretensão de disposição e tamanho dos cômodos; • Verba disponível para as principais fases da obra. A planta de anteprojeto é basicamente um estudo feito antes de se organizar o projeto definitivo, podendo sofrer várias alterações, até ser finalmente aprovada pelo cliente. • Projeto de Prefeitura ou Projeto Definitivo É o desenho do projeto legal que deverá ser aprovado pela Prefeitura do município onde se localiza o imóvel. Os técnicos da Prefeitura irão averiguar se o projeto arquitetônico se enquadra às especificações legais – que variam para cada município, autorizando ou não o início da obra. Este projeto deve conter, obrigatoriamente: • Planta do pavimento térreo; • Planta dos pavimentos superiores ou inferiores, se houver; • Corte transversal da construção (denominado corte BB); • Corte longitudinal da construção (denominado corte AA); • Fachada da residência (vista frontal); • Perfil do terreno (corte do terreno); • Localização indicativa do Norte; • Quadro informativo. • Projetos Complementares Outros desenhos que complementam o projeto arquitetônico são: • Projeto elétrico/telefonia; • Projeto de instalações hidráulicas; • Projeto de ar condicionado; • Projeto de detalhes arquitetônicos. 28 A planta das instalações elétricas esquematiza desde a recepção da energia até a sua distribuição aos pontos de utilização. Apresenta as bitolas1 das tubulações elétricas, as caixas, os fios e suas bitolas, bem como os aparelhos de aquecimento, cuja tensão é de 220 volts. Pode incluir os aparelhos telefônicos, indicando os pontos de ligação. A planta das instalações hidráulicas mostra desde a coleta da água, seu armazenamento (caixa d’água) até a distribuição aos pontos de utilização. Apresenta a localização das tubulações, conexões, registros, válvulas, torneiras, aparelhos sanitários, etc. A planta de detalhes serve para mostrar e explicar os elementos que possam gerar dúvidas, como escadas, por exemplo, onde deverão estar indicadas a altura e a largura dos degraus. Peças sanitárias também podem ser mostradas em detalhes, com a indicação da altura de lavatórios, torneiras e registros. 4.2 Cortes Transversais (AA) e Longitudinais (BB) Os cortes (ou perfis) têm o objetivo de mostrar detalhes do interior do imóvel com uma vista vertical. Exemplo 1: Imagine a seguinte situação! Obserse a pessoa em pé olhando um objeto na posição que mostra o primeiro desenho da Figura 33. Esta pessoa estará vendo a lateral deste objeto, o que chamamos de vista lateral. Para visualizar detalhes deste objeto é necessário que se realize um corte (ou secção) do mesmo, como visto no segundo desenho da mesma figura. Após realizado este corte, a pessoa que continua na mesma posição irá ter o mesmo ângulo de visão, porém conseguirá ver este objeto “por dentro”, ou seja, no perfil onde foi cortado. É o que representa o terceiro desenho na figura 33. Figura 33 - Vista e corte de um objeto 1. Bitola Medidas do diâmetro dos fios elétricos, espessura. 29 Nas plantas baixas dos imóveis acontece da mesma forma. Imagina-se um “corte” na construção e a visualização a partir da linha por onde passa este corte. A direção também deve ser indicada. É preciso estabelecer esta linha de corte em algum ponto do imóvel para que seja possível visualizaraquele perfil. Os cortes devem ser indicados nas plantas baixas recebendo os nomes de CORTE AA (perfil longitudinal) e CORTE BB (perfil transversal). Na planta baixa, são utilizadas linhas com a indicação da direção que será visto o corte (Figura 34). Figura 34 - Planta baixa com as indicações dos cortes AA e BB Na planta, os cortes são indicados por letras maiúsculas. O plano de corte é indicado por meio de traços de espessura larga, interrompidos por pontos e terminados por setas, que orientam para onde o observador está olhando. 30 A linha por onde passa o corte na planta baixa é a linha pela qual nos imaginamos naquele local, visualizando o imóvel. Se nos posicionarmos na linha do corte A, por exemplo, podemos ver as paredes internas da cozinha, despensa, banho 1 e área de serviço. Podemos também visualizar a pia da cozinha, box do banho 1 e janelas dos mesmos cômodos. Os cortes devem ser realizados de forma a abranger o maior número possível de detalhes do imóvel (Figuras 35 e 36). CORTE AA Figura 35 - CORTE AA Fundação CORTE BB P.N.T. Figura 36 - CORTE BB 31 Um projeto arquitetônico deve ter pelo menos dois cortes da construção principal. Quando houver edícula2, deve conter pelo menos um corte. Os cortes poderão passar por qualquer posição, desde que a cozinha e os banheiros sejam cortados pelo menos uma vez. Nos cortes (AA e BB) é possível, e muito importante, que se represente outras medidas como altura do pé direito (medida do piso até a laje ou cobertura); medidas de alturas de pias, tanques e lavatórios; desníveis no piso; altura dos parapeitos e portas, entre outras medidas verticais importantes para se executar ou entender o projeto. Além disso pode-se representar revestimentos de áreas molhadas como banheiros, lavanderia e cozinha, bem como detalhes verticais de escadas e mesaninos, quando hover. 4.3 Simbologia Utilizada em Plantas Arquitetônicas Os símbolos têm o objetivo de demonstrar, de maneira rápida e de fácil compreensão, determinados objetos ou situações dentro de um contexto. São muito utilizados nos desenhos técnicos e arquitetônicos para facilitar o entendimento das plantas baixas. A seguir serão apresentadas algumas simbologias utilizadas em desenhos de construção civil (Figuras 37 a 39): Figura 37 - Símbolos representado móveis utilizados em planta baixa 2. Edícula Pequena casa ao fundo do terreno de uma casa principal, utilizada como um imóvel secundário. Normalmente utilizada como depósito ou pequena casa esporádica. 32 Quadro de distribuição de força e luz Quadro de chaves Quadro de telefones Tomada de 110 V na parede Tomada 110 V no piso Tomada 220 V na parede Ponto de telefone no piso Figura 38 - Símbolos utilizados em planta baixa, normalmente em projetos elétricos de um imóvel Escada em U Escada em L Escada Caracol Elevadores Armário Embutido Seta que indica o Norte Magnético N M Figura 39 - Outros símbolos utilizados nas plantas baixas 33 5. Memorial Descritivo O memorial descritivo é um documento que acompanha a planta arquitetônica definitiva e contém todas as informações sobre os materiais e métodos construtivos utilizados na construção. Faz parte deste importante documento as seguintes informações: • Tipo de construção (método construtivo e materiais utilizados); • Endereço completo do imóvel (e possíveis complementos); • Nome completo, dados e assinatura do proprietário; • Objetivo do projeto, incluindo tipo de uso, principalmente; • Movimento de terra (cortes no terreno); • Tipo de fundação e estrutura; • Impermeabilização; • Tipo e espessura de lajes, forros e coberturas; • Calhas e condutores; • Tipos de piso, espessura e revestimentos, bem como os locais que estão presentes; • Revestimentos de paredes internas e externas, bem como tipo e cor da pintura; • Tipos de esquadrias (portas e janelas), altura de parapeito e medidas de abertura; • Instalações elétricas; • Instalações hidráulicas; • Caixa de inspeção; • Hidrômetro; • Coleta de águas pluviais; • Coleta de águas servidas e esgotos sanitários; • Iluminação natural; • Ventilação natural; • Nome e assinatura do responsável pelo projeto (arquiteto ou engenheiro civil). O memorial descritivo é um texto e precisa ser assinado pelo responsável técnico, possuindo valor legal. Existem diversos tipos de memoriais descritivos como: residencial, comercial, descritivo de residência para demolição, para execução de piscina, entre outros. O verbo de um memorial deve ser sempre no passado, pois o imóvel já foi construído, exceto do memorial demolição. 34 6. Laudo Técnico Um laudo técnico é um documento elaborado por um profissional habilitado denominado perito, no qual relata uma análise feita sobre determinado evento ocorrido em um imóvel. Quando ocorre um evento em uma construção como trincas, afundamentos ou qualquer outra patologia, um perito especializado é solicitado para estudar o evento, suas causas e suas particularidades. O resultado deste estudo é descrito e um laudo técnico, assinado, registrado pelo perito. Um laudo técnico compreende: • Estudos e levantamento de informações • Diagnósticos • Cenário atual • Prognósticos • Conclusão • Propostas O laudo possui valor legal, podendo ser considerado o parecer de uma perícia com fundamentação técnica com o objetivo de descobrir o que levou a ocorrer determinado evento na construção. Importante também ressaltar que um prognóstico pode ser levantado durante a perícia visando à segurança e ao bem-estar dos moradores do imóvel e vizinhança. Saiba Mais Geometria: a matemática do espaço. https://tvescola.org.br/tve/video/perspectivas-matematica-geometria-a-matematica-do- espaco Área e Perímetro https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/matematica/area-perimetro.htm Dica de Leitura CRUZ, Michele David da; MORIOKA, Carlos Alberto. Desenho técnico: medidas e representação gráfica. São Paulo: Érica, 2014. PEREIRA, de Nicole de Castro. Desenho Técnico. Livro Técnico, 2012. VIZIOLI, Tanoue Simone Helena et al. Desenho Arquitetônico Básico; São Paulo: Pini, 2009.
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