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Carla Bertelli – 5° Período 
Resumão de IESC N1 Resumão de IESC N1 
Aula 1 Conhecer a Abordagem à Saúde 
Mental na APS 
• Conhecer a importância da abordagem à pessoa com problemas 
emocionais ou transtornos mentais 
• Conhecer as situações de saúde mental comuns na Atenção Básica 
• Compreender o exame mental, manejo e avaliação da pessoa com 
transtorno mental na APS 
O termo “saúde mental”, como é utilizado neste texto, 
refere-se ao resultado da interação de uma complexa 
série de fatores biológicos, psicológicos, familiares e 
sociais, resultando em uma forma de funcionamento 
mental a ser avaliada pelo médico de família e 
comunidade na totalidade de seu atendimento. 
A “vida mental” está inserida em um corpo biológico e, 
portanto, sofre todas as suas influências, assim como 
influencia eventos corporais, mas ela própria não é 
biológica. 
A abordagem em saúde mental na atenção primária à 
saúde (APS) necessita de habilidades técnicas específicas 
do corpo de conhecimentos científicos específicos da 
psicologia e da psiquiatria, mescladas ao desenvolvimento 
de atitudes do médico. 
Os médicos de família e comunidade são, geralmente, os 
únicos recursos de saúde mental a que as pessoas têm 
acesso e aqueles que assumem a responsabilidade pelos 
cuidados continuados em longo prazo dessas pessoas 
A tarefa de avaliar mental e emocionalmente a pessoa, 
embora tenha algumas particularidades específicas, não 
é tão diferente assim de outras tarefas do cotidiano do 
médico. A abordagem emocional requer que ele não só 
compreenda os critérios de diagnóstico, mas que seja 
capaz de acolher com sensibilidade sinais e sintomas das 
pessoas, muitas das quais terão dificuldade em relatar 
uma história clara. A abordagem emocional se traduz pela 
descrição dos sentimentos associados aos fatos, já que 
o afeto é um facilitador para a compreensão e a 
elaboração do que está ocorrendo. 
A forma mais simples de abordagem emocional em uma 
consulta é: 
• Perceber as emoções que estão em jogo 
• Reconhecer na emoção uma oportunidade de 
compreensão do que está ocorrendo no íntimo da 
pessoa, para estabelecimento de uma relação de 
confiança com o profissional 
• Ouvir com empatia, legitimando os sentimentos 
• Ajudar a pessoa a encontrar as palavras e identificar 
a emoção que está sentindo 
• Explorar estratégias para solução do problema em 
questão. 
Estudos concordam que os médicos de família estão em 
uma excelente posição para prestar cuidados de saúde 
mental, já que, na maioria das situações, representam o 
primeiro contanto da pessoa com o serviço de saúde. 
Além do grande volume dessa demanda, que por si só 
exige uma preparação adequada do médico, nem 
sempre a pessoa compreenderá ou aceitará uma 
indicação de referenciamento ao psiquiatra, o que 
poderia estigmatizá-la, assim como nem sempre esse 
especialista estará disponível ou acessível. Por isso, é 
muito importante aprender a avaliar a pessoa em 
sofrimento e dar a ela o atendimento solicitado, pois, 
frequentemente, poderá ser o único ao qual ela terá 
acesso. 
Neste ponto de atenção, as ações são desenvolvidas em 
um território geograficamente conhecido, possibilitando 
aos profissionais de Saúde uma proximidade para 
conhecer a história de vida das pessoas e de seus 
vínculos com a comunidade/território onde moram, bem 
como com outros elementos dos seus contextos de vida. 
Entendemos que as práticas em saúde mental na 
Atenção Básica podem e devem ser realizadas por todos 
os profissionais de Saúde. O que unifica o objetivo dos 
profissionais para o cuidado em saúde mental devem ser 
o entendimento do território e a relação de vínculo da 
equipe de Saúde com os usuários, mais do que a escolha 
entre uma das diferentes compreensões sobre a saúde 
mental que uma equipe venha a se identificar. 
Ações que podem ser realizadas por todos os 
profissionais da Atenção Básica nos mais diversos 
dispositivos de cuidado: 
• Proporcionar ao usuário um momento para pensar 
• Exercer boa comunicação 
• Exercitar a habilidade de empatia 
• Lembra-se de escutar o que o usuário precisa dizer 
• Acolher o usuário e suas queixas como legítimas 
• Oferecer suporte na medida certa – que não torne 
o usuário dependente e nem gere no profissional 
uma sobrecarga 
Carla Bertelli – 5° Período 
• Reconhecer os modelos de atendimento do usuário 
Para o estabelecimento de um plano inicial de 
abordagem, são necessárias seguintes atitudes: 
• Construir uma lista de problemas 
• Conhecer a história dos problemas e o tratamento 
prévio e recorrente 
• Conceitualizar os objetivos de curto e longo prazo 
• Selecionar a modalidade de tratamento, objetivos e 
intervenções 
• Estimar o tempo e a frequência do tratamento 
• Considerar necessidades de referenciamento e os 
recursos externos disponíveis 
Principais Situações de Saúde Mental comuns da Atenção 
Básica – Quem trabalha ou estuda o sofrimento mental 
na AB sabe que tristeza, desânimo, perda do prazer de 
viver, irritabilidade, dificuldade de concentração, ansiedade 
e medo (às vezes na forma de crises) são queixas 
comuns dos usuários. Com frequência, quem se queixa 
de uma delas, também se queixa de muitas das outras. 
Ou seja, são queixas que costumam estar associadas. Por 
outro lado, muitos desses mesmos usuários que relatam 
os fenômenos acima, também apresentam queixas como 
mudança no sono e apetite (por vezes para mais, por 
vezes para menos), dores (frequentemente crônicas e 
difusas), cansaço, palpitações, tontura ou mesmo 
alterações gástricas e intestinais 
De fato, as síndromes mais frequentes na AB são a 
depressiva, ansiosa e de somatização (as chamadas 
queixas físicas sem explicação médica). Ocorre que na 
AB, a maioria dos usuários que apresenta uma dessas 
três síndromes também apresenta uma ou mesmo duas 
das outras síndromes. Ou seja, existem mais quadros 
mistos do que puros. 
Manejo e Exame do Estado Mental – A APS como 
ordenadora das ações e serviços disponibilizados na rede, 
deve coordenar o cuidado, prestando o atendimento ao 
usuário e fazendo o seguimento compartilhado com a 
RAPs, elaborando, acompanhando e criando projetos 
terapêuticos singulares, bem como acompanhando e 
organizando os fluxos dos usuários entre os pontos de 
atenção da RAS. Não existe um modelo único para a 
saúde mental na APS. Todos os envolvidos devem ser 
considerados na organização do serviço. 
Nas situações estratificadas como de baixo risco, 
como as que apresentam sintomas leves a 
moderados de depressão, ansiedade e somatização, 
os sintomas tendem a se sobrepor, além de 
compartilharem os mesmos fatores de risco e 
padrões de evolução. Recomenda-se iniciar com 
cuidados de baixa intensidade (atividade física em 
grupo, panfletos de autoajuda, grupos de apoio), 
passando por grupos psicoeducacionais e de apoio 
que explorem questões como autoestima o u 
resiliência, evoluindo para o uso de terapia 
medicamentosa com supervisão especializada e 
psicoterapia em grupo ou individual, caso necessário. 
Atendimentos individuais, ou consultas compartilhadas 
em saúde mental, também podem ocorrer quando 
identificada a necessidade pela APS, e juntamente 
com os NASF, nos municípios que possuem tais 
equipes. 
Nas situações estratificadas de médio e alto risco, a APS 
desempenha um papel importante no diagnóstico 
precoce, no início rápido do tratamento com 
intervenções rápidas e efetivas na crise, na manutenção 
do tratamento farmacológico e nos programas de 
reabilitação psicossocial. Os atendimentos em domicílio e 
os vínculos com as famílias facilitam estas intervenções. 
O usuário sempre continuará vinculado a APS de 
referência, onde o cuidado compartilhado tem se 
mostrado mais eficaz. 
Nos problemas de saúde mental que se manifestam na 
infância e/ou na adolescência, a APS exerce 
importantefunção de proteção da vida, respeito à 
dignidade, à liberdade e à convivência familiar, social e 
cultural. Os profissionais devem estar atentos para 
reconhecer o s principais fatores de risco da saúde 
infanto juvenis, tais como: o contato precoce com 
substâncias químicas, álcool e suas complicações, as 
doenças sexualmente transmissíveis e a gravidez 
precoce. As ações vão desde a detecção dos sinais 
e sintomas precoces das comorbidades mais 
frequentes, intervenções iniciais para estabilização e, se 
possível, reversão dos problemas; tendo c omo 
principal apoiador os profissionais especializados dos 
CAPS e/ou dos NASFs e/ou equipes multiprofissionais 
de atenção especializada em saúde mental. 
O exame do estado mental é parte fundamental da avaliação da 
pessoa. Diversas áreas merecem atenção e devem ser analisadas 
no atendimento de uma pessoa com problemas de saúde mental. 
As principais são atenção, sensopercepção, representações, 
memória, orientação, consciência, pensamento (juízo, raciocínio), 
linguagem, afetividade, inteligência e atividade voluntária (conduta). 
Elas podem ser agrupadas em uma fórmula mnemônica conhecida 
pelas suas iniciais, ASMOCPLIAC (atenção, sensopercepção, 
memória, orientação, consciência, pensamento, linguagem, 
inteligência, afetividade, conduta). 
Carla Bertelli – 5° Período 
Aula 2 Compreender a abordagem de 
Sintomas depressivos e de ansiedade na APS. 
• Conhecer os conceitos e como identificar sintomas depressivos 
e de ansiedade na APS 
• Conhecer a abordagem inicial de escuta na APS ao usuário em 
sofrimento psíquico 
• Conhecer a conduta proposta para os transtornos de ansiedade 
e depressão na APS 
Ansiedade – Estado emocional vivenciado com a 
qualidade subjetiva de medo ou de emoção a ela 
relacionada com o desconforto somático subjetivo e 
alterações somáticas manifestadas. O sintoma de 
ansiedade se refere a um estado de angústia, 
preocupação e/ou apreensão. É um sentimento 
acompanhado de outras queixas mentais como 
pensamentos excessivos, medos intensos, insônia, 
irritabilidade, palpitações cardíacas, tremores e 
parestesias periféricas ou perto da boca. De fato, a 
ansiedade pode ser benéfica pois aumenta o nível de 
vigilância e prontidão para enfrentar desafios, o problema 
é quando se torna algo exagerado trazendo prejuízos 
para sua vida 
 
Quando essa ansiedade se torna excessiva, porém, a 
ponto de prejudicar o funcionamento da pessoa, seja em 
seu desempenho ocupacional, social ou até mesmo 
biológico (como é o caso de pessoas que não 
conseguem dormir por estarem muito ansiosas), há um 
transtorno. A ansiedade pode ser sintoma de qualquer 
um dos diversos problemas de saúde mental, e até 
mesmo de problemas frequentemente não revelados 
em uma primeira consulta, como violência domiciliar, 
assédio moral, disforia de gênero, e em crianças e 
adolescentes, o bullying. Além disso, pode ser sintoma 
mesmo de um problema clínico, como hipertireoidismo 
ou arritmia cardíaca. Ou seja, sempre que diante de uma 
queixa ou observação de estado de ansiedade, 
recomenda-se que o médico faça uma ampla avaliação 
de possíveis causas psíquicas e clínicas. 
Quando Pensar? Em geral, os sintomas são relatados do 
paciente, com queixas normalmente de nervosismo ou 
angústia. Outros pacientes podem queixar-se com 
insatisfação ou algum problema físico que esteja 
somatizado a ansiedade. Idosos tendem a ‘’omitir’’ a sua 
situação de ansiedade, tendo em vista o preconceito 
com tal situação. 
Transtornos de Ansiedade – É importante diferenciar 
ansiedade de inquietação. A Ansiedade é um sentimento 
de apreensão, já a inquietação pode significar 
hiperatividade, agitação, irritabilidade. 
Transtornos Ansiosos: 
• Transtorno de Ansiedade de Separação 
• Fobia Específica 
• Transtorno de Pânico 
• Agorafobia 
• Transtorno de Ansiedade Generalizada 
• Transtorno de Ansiedade induzida por 
medicamentos/substâncias 
• Transtorno de ansiedade devido a uma condição 
médica geral 
Abordagem – Pode ser dividida em 3 passos: 
Passo 1 – Diferenciar Ansiedade de Inquietação 
Passo 2 – Qual a causa do transtorno? 
Passo 3 – Estabelecer se ansiedade é o problema 
principal ou é a parte de um ou mais transtornos 
subjacentes (estresse/trauma, abuso de substâncias, 
depressão, transtorno bipolar) 
Conduta: 
• Disponibilizar-se para escutar ativamente a pessoa 
• Manter atitude de compreensão e empatia com a 
situação vivia 
• Revisar com a pessoa a história do desenvolvimento 
da crise atual, de modo que ela possa compreender 
seu curso 
• Identificar crises semelhantes no passado e o modo 
de resolução delas 
• Comprometer a pessoa em um esforço 
compartilhado para a resolução do problema atual 
• Apoiar passos práticos e realistas para resolver a 
crise atual 
• Deixar de lado problemas crônicos e de 
personalidade em um primeiro momento 
• Apresentar as possibilidades terapêuticas e 
implementar o plano construído em conjunto 
O tratamento dos transtornos de ansiedade e dos 
transtornos relacionados a estresse ou a trauma varia 
Carla Bertelli – 5° Período 
conforme sua natureza. De maneira geral, uma boa 
parcela dos casos se resolverá com orientação sobre o 
problema (psicoeducação), apoio para enfrentamento 
dos problemas vivenciados e prescrição de mudanças de 
estilo de vida (como melhora da atividade física e adoção 
de técnicas de redução ansiedade ou estresse, como 
o Mindfulness).. Alguns casos necessitarão de tratamentos 
psicoterápicos e/ou farmacológicos, sendo que a escolha 
por uma abordagem ou outra depende de fatores como 
gravidade do caso, disponibilidade de psicoterapia e 
preferência da pessoa. 
 
 
 
 
 
 
Depressão – É um transtorno mental de 
determinação multifatorial (genético, ambientais, 
biológicos) como o modelo diátese-estresse. É uma 
doença muito prevalente, especialmente na atenção 
primária – muitas vezes a depressão não é a queixa 
principal, motivo da consulta. Transtorno de curso crônico 
e recorrente (episódios mais frequentes e intensos). É 
de determinação multifatorial (combinação de fatores 
genéticos, biológicos, ambientais, culturais e psicológicos. 
• Diátese – Propensão que a pessoa tem a ter uma 
doença 
• Estresse – O ambiente 
Episódio Depressivo – Momento em que a pessoa 
apresenta sintomas depressivos, tratamento durante 1 
ano 
Transtorno Depressivo – Quando os episódios se tornam 
frequentes, tratamento para vida toda. 
Impacto na Qualidade de Vida – Isso inclui uma limitação 
na capacidade e produtividade, raciocínio lento, perda da 
vontade de estar em grupo social, responsável por 
causar diversas incapacidades. 
Fatores que Podem Provocar – Desigualdades sociais, 
violência, família, trabalho, doença, serviços de saúde, 
gravidez e puerpério, uso de bebidas alcoólicas e outras 
drogas. História pessoal ou familiar de depressão, uso 
exagerado dos serviços de saúde, doenças crônicas 
(diabetes), mudanças hormonais (puerpério), dor crônica, 
abuso de substancias. 
• Depressão amplifica a sensibilidade à dor 
• Depressão tira o prazer de viver das pessoas 
Conduta: 
Passo 1 – Uma boa escuta, para que a pessoa exponha 
as suas inquietações. Deixar a pessoa expressar 
livremente seus sentimentos 
Carla Bertelli – 5° Período 
Passo 2 – Separar se o caso em questão é grave (alerta 
vermelho) ou pode ser acompanhado com mais calma 
Sinais Vermelhos: 
• Isolamento Social 
• Prostração Intensa – Cansaço/exaustão 
• Grande perda de peso 
• Sintomas psicóticos 
• Tentativa de Suicídio 
• Plano de suicídio elaborado 
Diagnóstico – Critérios diagnósticos de episódio 
depressivo segundo a CID-12 
 
Episódio Leve – 2 Sintomas fundamentais + 2 acessórios 
Episódio Moderado – 2 Sintomas fundamentais + 3/4 
acessórios 
Episódio Grave – 3 Sintomas fundamentais + >4 
acessórios 
Conduta: 
• Iniciar otratamento com antidepressivo 
• Acessar familiares ou amigos próximos para avaliar a 
gravidade e auxiliar no seguimento 
• Solicitar apoio da equipe de saúde 
É importante saber que existem pacientes que não 
relatam o sofrimento e o pensamento suicida, isso 
acontece porque essa temática é carregada de valores 
morais e religiosos negativos. Por isso não se fala tanto. 
Conversar sobre esse tema, explicar que são 
pensamentos frequentes e recorrentes nessas situações 
pode ser terapêutico ao paciente, dando abertura para 
sua fala. 
Pergunta-se sempre – pacientes ansiosos, depressivos, 
quando suspeita, até mesmo quando não se suspeita.. 
Em quem investigar? Como Investigar? 
• Perguntar o que você pensa sobre o futuro 
• Acha que vale a pena continuar vivendo 
• Pensou em se machucar 
• Saber se está pensando nisso no momento 
Fatores Protetores – Apoio da família, amigos e pessoas 
significativas, crenças religiosas, culturais e étnicas, 
envolvimento na comunidade, vida social satisfatória, rede 
social significativa, acesso a serviços e cuidados de saúde 
mental. 
Fatores de Risco para Suicídio – Tentativa prévia, Doença 
Psiquiátrica, Alcoolismo, Abuso de outras substâncias, 
Sexo Masculino, Desemprego, Dor Crônica, Cirurgia 
Recente, Doença Terminal, Histórico familiar de Suicídio, 
Abuso e outros eventos adversos na Infância, ser solteiro, 
viúvo ou separado, viver sozinho, alta hospitalar 
psiquiátrica recente 
Tratamento – Psicoeducação, Psicoterpia, Atividade 
Física, Farmacológico 
Seguimento – Depende se é um episódio ou um 
transtorno. Geralmente um ano de uso de medicamentos 
para realizar a retirada dos antidepressivos de maneira 
gradual Pacientes em 3° episódios depressivos utiliza-se 
o medicamento por toda vida 
 
Aula 3 Compreender a utilização de 
Psicofármacos na APS 
• Discutir o uso de antidepressivo na APS e suas indicações em 
outras condições clínicas 
• Conhecer os principais medicamentos da saúde mental na APS 
-Escolher o medicamento baseando-se 
primordialmente no diagnóstico e nas características 
individuais de cada pessoa. 
-Os antidepressivos inibidores seletivos da recaptação 
da serotonina (ISRS) são a primeira escolha de 
tratamento dos transtornos depressivos e de 
ansiedade. 
-Preferir, sempre que possível, o ajuste de dose no 
lugar da associação de medicamentos. 
-O uso de benzodiazepínicos deve restringir-se ao 
início do tratamento em caráter de associação ao 
medicamento principal. 
-Monitorar ativamente os efeitos colaterais dos 
medicamentos, solicitando os exames necessários. 
A psicofarmacologia tem como foco principal o estudo 
do mecanismo de ação dos fármacos com atividade no 
sistema nervoso central (SNC) que possam influenciar 
funções psíquicas, como humor, cognição, 
psicomotricidade e sensopercepção. 
Carla Bertelli – 5° Período 
Em situações de retirada ou de troca de medicamento, 
sempre que possível, reduzir a dose de forma gradual e 
lenta (a cada 3-7 dias), 
Antidepressivos – Deveria ser a principal classe a 
ser utilizada por serem a principal ferramenta no 
tratamento dos transtornos mentais mais prevalentes na 
população: Ansiedade e Depressão. Todavia, 
infelizmente, muitas pessoas que sofrem desses agravos 
ainda são tratadas exclusivamente com 
benzodiazepínicos 
O médico encontra nos antidepressivos uma ferramenta 
fundamental para o manejo, não só de diversas variações 
no transtorno de humor e ansiedade, como também em 
condições como déficit de atenção, hiperatividade, 
tabagismo, disforia, dores crônicas... 
A escolha do antidepressivo deve ser guiada pelas 
características individuais de cada pessoa e pelos 
sintomas apresentados. O funcionamento de cada 
antidepressivo está associado ao aumento da 
neurotransmissão de 1 ou das 3 monoaminas: Dopamina, 
Norepinefrina e Serotonina. 
 
Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina – São a 
primeira escolha de tratamento na maioria dos casos 
devido sua eficácia e perfil favorável em relação a efeitos 
colaterais. Atuam inibindo a recaptação do 
neurotransmissor serotonina que se acumula na fenda 
sináptica. Citalopram, Escitalopram, Fluoxetina, Sertralina, 
Paroxetina. Podem ser utilizados durante a gestação. 
 
Tricíclicos – são uma classe de medicamentos 
extremamente eficaz (inclusive para depressões graves) 
e, por serem mais antigos, são menos onerosas. Os 
pontos negativos desses medicamentos são seus efeitos 
colaterais. Nortripitilina, Amitriptilina, Imipramina, 
Clomipramina 
Atuam bloqueando a recaptação de serotonina e de 
noradrenalina, que se acumulam progressivamente na 
fenda sináptica, promovendo seus efeitos terapêuticos. 
Além disso, possuem ação anticolinérgica e anti-
histamínica. 
Por possuírem ação anticolinérgica (bloqueio da 
acetilcolina) podem apresentar quadros de piora cognitiva, 
boca seca, risco de delirium, constipação, visão turva. Já 
pela ação anti-histamínica podem apresentar sedação, 
risco de queda, aumento do apetite. 
Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina e da 
Noradrenalina – Atuam inibindo a recaptação do 
neurotransmissor serotonina e norepinefrina que se 
acumula na fenda sináptica. Possuem as mesmas 
indicações do ISRS, sendo considerados medicamentos 
de primeira linha dos transtornos depressivos, lembrando 
que os ISRS são mais utilizados por serem mais acessíveis. 
Venlafaxina, Desvenlafaxina e Duloxetina 
Outras classes de Antidepressivos incluem: Inibidores da 
Monoamina Oxidase (IMAO), Atípicos (não possuem 
como seus mecanismo de ação a recaptação de 
serotonina). 
 
Estabilizadores de Humor – Os estabilizadores 
do humor são medicamentos usados no controle de 
alguns transtornos mentais, sendo o principal deles o 
transtorno afetivo bipolar. O primeiro medicamento dessa 
classe a ser descoberta foi o carbonato de lítio, que 
permanece até hoje como um dos estabilizadores do 
humor mais eficazes. Em seguida, foram descobertos 
efeitos estabilizadores do humor de alguns 
medicamentos antiepiléticos, entre eles o ácido valproico, 
a carbamazepina, a oxcarbazepina e a lamotrigina 
Outras situações da prática do médico de família e 
comunidade nas quais os estabilizadores do humor têm 
utilidade são: potencializar efeito antidepressivo, controle 
de impulsividade e agressividade, prevenção de suicídio, 
tratamento da epilepsia e manejo de neuropatias e outras 
dores crônicas. 
Carla Bertelli – 5° Período 
 
 
Antipsicóticos – Os antipsicóticos têm uma função 
importante no contexto da saúde da família. Eles não só 
ajudam a controlar os sintomas de esquizofrenia e outras 
psicoses, como também agitação psicomotora, 
agressividade, alguns sintomas das demências e na 
potencialização de efeitos antidepressivos e ansiolíticos. 
 
 
 
 
 
Benzodiazepínicos – Os benzodiazepínicos são 
medicamentos de uso controverso na prática clínica por 
serem extremamente úteis no controle de sintomas de 
abstinência, depressivos, maniformes e ansiosos em 
curto prazo, porém com risco de dependência e 
prejuízos cognitivos (principalmente da memória) no uso 
prolongado. Assim, é importante ter em mente que essa 
classe de medicamento tem sua maior utilidade nos 
primeiros meses do tratamento, durante a fase de ajuste 
dos medicamentos de manutenção, devendo, sempre 
que possível, ser retirado assim que houver controle 
sintomático adequado 
Incluem Alprazolam, Clonazepam, Diazepam, Lorazepam 
Situações de Emergência Psiquiátrica – Em 
casos de pacientes agitados e/ou agressivos, os 
antipsicóticos são usados como primeira escolha de 
tratamento, principalmente os mais incisivos, como 
haloperidol, risperidona ou olanzapina. O primeiro com a 
grande vantagem de poder ser usado de forma 
paratenteral. Casos de distonia agudos devido ao uso de 
antipsicóticos podem ser tratados com biperideno 
(anticolinérgico) no pronto-atendimento. 
Em casos de grandes ansiedades, ou conversivos, no 
pronto-socorro,podem ser usados os benzodiazepínicos. 
O mais utilizado é o diazepam, lembrando que esse nunca 
pode ser usado via intramuscular devido à sua absorção 
errática, dando preferência para a via oral ou intravenosa, 
a opção intramuscular é o midazolam. 
A abstinência alcoólica deve ser sempre tratada com 
benzodiazepínicos na dose de retorno dos sinais vitais à 
normalidade. Muitas vezes, os pacientes necessitam ficar 
em observação em unidades de terapia intensiva. Os 
benzodiazepínicos mais indicados são o diazepam ou o 
lorazepam. Lembrar-se de que pacientes em abstinência 
têm risco de desautonomia, devendo ficar em unidades 
clínicas e não psiquiátricas até a resolução do quadro. 
Fases do Tratamento 
Aguda/Ataque – Primeiros 3 meses, com objetivo de 
diminuir ou remitir sintomas 
Continuação/Estabilização – 6 meses seguintes, com 
objetivo de estabilizar o quadro 
Manutenção/Prevenir Recaídas – Prevenir recaídas e 
manter funcionalidade 
Após a melhora, recomenda-se manter o tratamento por 
mais 6 a 24 meses. Depois disso, deve-se diminuir 
lentamente a medicação para evitar recaídas. 
Carla Bertelli – 5° Período 
Outras Indicações de Uso de 
Antidepressivos: 
Dor crônica. O tratamento da dor crônica muitas vezes 
é feito com a utilização de antidepressivos, pois 
antidepressivos com função noradrenérgica têm efeitos 
nas dores crônicas e nas neuropáticas. Assim, os 
tricíclicos são bastante usados, com mais evidências para 
amitriptilina e nortriptilina. Dos outros antidepressivos, os 
inibidores seletivos da recaptação de serotonina e 
norepinefrina (ISRSN) são outra opção, como duloxetina, 
venlafaxina e desvenlafaxina. 
Insônia primária. O tratamento da insônia primária tem 
como primeira escolha de tratamento alguns 
antidepressivos sedativos. Entre eles, os mais utilizados 
são trazodona, mirtazapina e a agomelatina. Contudo, 
outros podem ser utilizados, como tricíclicos e mianserina. 
Sintomas disfóricos perimenstruais e climatério. Além do 
tratamento hormonal, antidepressivos que agem em vias 
serotoninérgicas podem ser usados para o tratamento. 
Os mais usados são os ISRS, com mais evidências para a 
fluoxetina, e outros medicamentos que podem ser 
utilizados incluem venlafaxina, desvenlafaxina e 
mirtazapina. 
Transtornos ansiosos. A primeira escolha para 
tratamento de transtornos ansiosos (ansiedade social, 
pânico e ansiedade generalizada) se faz com 
antidepressivos que aumentem a serotonina. A primeira 
escolha consiste em ISRS, mas podem ser usados outros, 
como mirtazapina, inibidores duais de serotonina e 
norepinefrina e alguns tricíclicos mais serotoninérgicos 
(como clomipramina e amitriptilina). 
 
Aula 4 Conhecer os Aspectos Referentes à 
Reforma Psiquiátrica 
• Conhecer a nova Política Nacional de Saúde Mental e a 
contextualização histórica da reforma psiquiátrica no Brasil 
• Entender o processo de desinstitucionalização 
• Compreender a rede de cuidados voltados para a saúde mental 
• Debater sobre os principais desafios da reforma psiquiátrica 
LEI No 10.216, de 6 de Abril de 2001. – Dispõe sobre a 
proteção e os direitos das pessoas portadoras de 
transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial 
em saúde mental. 
No modelo biomédico a saúde física e mental foi vista 
como ausência de doença. Doença mental já foi 
considerada a questões mitológicas, possessões, 
exorcismos, isolar-se da sociedade. 
Reforma Psiquiátrica – Necessidade da 
construção de uma política de saúde mental que garantia 
direitos e amplie as possibilidades de inclusão social para 
pacientes que eram objeto, passivo, de ações técnicas e 
terapêuticas 
O início do processo de reforma no Brasil é 
contemporâneo da eclosão do ‘’movimento sanitário’’ 
nos anos 70, em favor de mudanças nos modelos de 
atenção e gestão nas práticas de saúde, defesa da saúde 
coletiva, equidade na oferta de serviços. Embora 
contemporâneo da Reforma Sanitária, o processo de 
reforma psiquiátrica brasileiro tem uma história própria, 
inscrita num contexto internacional de mudanças pela 
superação da violência asilar. Fundado, ao final dos anos 
70, na crise do modelo de assistência centrado no hospital 
psiquiátrico, por um lado, e na eclosão, por outro, dos 
esforços dos movimentos sociais pelos direitos dos 
pacientes psiquiátricos, o processo da reforma brasileira 
é maior do que a sanção de novas leis e normas, e maior 
que o conjunto de mudanças políticas e governamentais. 
Essa reforma é um processo político e social complexo, 
composto por atores, instituições e forças de diferentes 
origens, e que incide em territórios diversos, nos 
governos federal, estadual e municipal. Compreendida 
como um conjunto de transformações de práticas, 
saberes, valores culturais e sociais, é no cotidiano da vida 
das instituições, dos serviços e das relações interpessoais 
que o processo da Reforma Psiquiátrica avança, marcado 
por impasses, tensões, conflitos e desafios 
Contextualização Histórica: 
Crítica do Modelo Hospitalocêntrico – O ano 1978 é 
identificado como início efetivo do movimento social 
pelos direitos do paciente psiquiátrico no país. O 
Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental 
(formado por muitas pessoas e associações) surge. É 
com esse movimento, que passa a se protagonizar e 
construir a denúncia da violência de manicômios, da 
mercantilização da loucura, da hegemonia de uma rede 
privada de assistência e a construir coletivamente uma 
crítica ao chamado saber psiquiátrico e ao modelo 
hospitalocêntrico na assistência á pessoas com 
transtornos mentais. 
Implantação da Rede Extra-Hospitalar (1992-200) – 
Aprovação das primeiras leis que determina a 
substituição progressiva dos leitos psiquiátricos por uma 
rede de atenção à saúde mental, Projeto de Lei Paulo 
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2010.216-2001?OpenDocument
Carla Bertelli – 5° Período 
Delgado. A partir desse período, a política do MS para a 
saúde mental + as diretrizes em construção da Reforma 
Psiquiátrica ganham contornos definidos. É na década de 
90, com a assinatura da Declaração de Caracas e pela 
realização da II Conferência Nacional de Saúde Mental, 
que passam a entrar em vigor no país as primeiras 
normas federais regulamentando a implantação dos 
serviços de atenção diária, fundadas nas experiências dos 
primeiros CAPS, NAPS, hospitais-dia, e das primeiras 
normais de fiscalização e classificação dos hospitais 
psiquiátricos. Porém, foram descontínuos pois não há 
financiamento específico. 
Reforça Psiquiátrica depois da Lei Nacional – Somente 
em 2001, que a Lei Paulo Delgado é sancionada. Assim, a 
Lei Federal 10.216 redireciona a assistência em saúde 
mental, privilegiando o oferecimento de tratamento em 
serviços de base comunitária, dispõe sobre a proteção e 
os direitos das pessoas com transtornos mentais, mas 
não institui mecanismos claros para a progressiva 
extinção dos manicômios. Ainda assim, a promulgação da 
lei 10.216 impõe novo impulso e novo ritmo para o 
processo de Reforma Psiquiátrica no Brasil. É no contexto 
da promulgação da lei 10.216 e da realização da III 
Conferência Nacional de Saúde Mental, que a política de 
saúde mental do governo federal, alinhada com as 
diretrizes da Reforma Psiquiátrica, passa a consolidar-se, 
ganhando maior sustentação e visibilidade. Nessa época, 
linhas específicas de financiamento são criadas pelo MS 
para os serviços abertos e substitutivos dos hospitais 
psiquiátricos, e novos mecanismos são criados para 
fiscalização, gestão e redução programada dos leitos. 
Neste mesmo período, o processo de 
desinstitucionalização de pessoas longamente internadas 
é impulsionado, com a criação do Programa “De Volta 
para Casa” 
É neste período que a Reforma Psiquiátrica se consolida 
como política oficial do governo federal 
Desinstitucionalização – 
A desinstitucionalização como desospitalização refere-seàs medidas de prevenção de internações inadequadas 
em hospitais psiquiátricos; alta para o tratamento na 
comunidade; e implantação de serviços de base 
comunitária para o cuidado dos egressos das internações. 
Redução de Leitos – O processo de redução de leitos em 
hospitais psiquiátricos e de desinstitucionalização de 
pessoas com longo histórico de internação passa a 
tornar-se política pública no Brasil a partir dos anos 90, e 
ganha grande impulso em 2002 com uma série de 
normatizações do Ministério da Saúde, que instituem 
mecanismos claros, eficazes e seguros para a redução 
de leitos psiquiátricos a partir dos macro-hospitais. O 
processo de desinstitucionalização pressupõe 
transformações culturais e subjetivas na sociedade e 
depende sempre da pactuação das três esferas de 
governo (federal, estadual e municipal). 
Avaliação Anual dos Hospitais e Seu Impacto na Reforma – 
Essencialmente um instrumento de avaliação, o 
PNASH/Psiquiatria permite aos gestores um diagnóstico 
da qualidade da assistência dos hospitais psiquiátricos 
conveniados e públicos existentes em sua rede de saúde, 
ao mesmo tempo que indica aos prestadores critérios 
para uma assistência psiquiátrica hospitalar compatível 
com as normas do SUS, e descredencia aqueles hospitais 
sem qualquer qualidade na assistência prestada a sua 
população adscrita. Trata-se da instituição, no Brasil, do 
primeiro processo avaliativo sistemático, anual, dos 
hospitais psiquiátricos. Se a reorientação do modelo de 
atenção em saúde mental no Brasil é recente, mais 
recente ainda são seus processos de avaliação. 
É a partir da instituição do PNASH/Psiquiatria que o 
processo de avaliação da rede hospitalar psiquiátrica 
pertencente ao Sistema Único de Saúde passa a ser 
sistemático e anual, e realizado por técnicos de três 
campos complementares: o técnicoclínico, a vigilância 
sanitária e o controle normativo. 
Residências Terapêuticas – A implementação e o 
financiamento de Serviços Residenciais Terapêuticos 
(SRT) surgem neste contexto como componentes 
decisivos da política de saúde mental do Ministério da 
Saúde para a concretização das diretrizes de superação 
do modelo de atenção centrado no hospital psiquiátrico. 
Assim, os Serviços Residenciais Terapêuticos, residências 
terapêuticas ou simplesmente moradias, são casas 
localizadas no espaço urbano, constituídas para 
responder às necessidades de moradia de pessoas 
portadoras de transtornos mentais graves, egressas de 
hospitais psiquiátricos ou não. 
Uma Residência Terapêutica deve acolher, no máximo, 
oito moradores. De forma geral, um cuidador é designado 
para apoiar os moradores nas tarefas, dilemas e conflitos 
cotidianos do morar, do co-habitar e do circular na cidade, 
em busca da autonomia do usuário. Cada residência deve 
estar referenciada a um Centro de Atenção Psicossocial 
e operar junto à rede de atenção à saúde mental dentro 
da lógica do território. 
Carla Bertelli – 5° Período 
O processo de implantação e expansão destes serviços 
é recente no Brasil. Nos últimos anos, o complexo 
esforço de implantação das residências e de outros 
dispositivos substitutivos ao hospital psiquiátrico vem 
ganhando impulso nos municípios, exigindo dos gestores 
do SUS uma permanente e produtiva articulação com a 
comunidade, a vizinhança e outros cenários e pessoas 
do território. De fato, é fundamental a condução de um 
processo responsável de trabalho terapêutico com as 
pessoas que estão saindo do hospital psiquiátrico, o 
respeito por cada caso, e ao ritmo de readaptação de 
cada pessoa à vida em sociedade. Desta forma, a 
expansão destes serviços, embora permanente, tem 
ritmo próprio e acompanha, de forma geral, o processo 
de desativação de leitos psiquiátricos 
Programa de Volta para Casa – É um dos instrumentos 
mais efetivos para a reintegração social das pessoas com 
longo histórico de hospitalização. Trata-se de uma das 
estratégias mais potencializadoras da emancipação de 
pessoas com transtornos mentais e dos processos de 
desinstitucionalização e redução de leitos nos estados e 
municípios. O objetivo do Programa é contribuir 
efetivamente para o processo de inserção social das 
pessoas com longa história de internações em hospitais 
psiquiátricos, através do pagamento mensal de um 
auxílio-reabilitação, no valor de R$240,00 (duzentos e 
quarenta reais, aproximadamente 110 dólares) aos seus 
beneficiários. O Programa possibilita a ampliação da rede 
de relações dos usuários, assegura o bem estar global da 
pessoa e estimula o exercício pleno dos direitos civis, 
políticos e de cidadania, uma vez que prevê o pagamento 
do auxílio-reabilitação diretamente ao beneficiário, 
através de convênio entre o Ministério da Saúde e a 
Caixa Econômica Federal. 
Rede de Cuidados na Comunidade – O SUS 
regula e organiza em todo o território nacional as ações 
e serviços de saúde de forma regionalizada e 
hierarquizada, em níveis de complexidade crescente, 
tendo direção única em cada esfera de governo: federal, 
municipal e estadual. São princípios do SUS o acesso 
universal público e gratuito às ações e serviços de saúde; 
a integralidade das ações, num conjunto articulado e 
contínuo em todos os níveis de complexidade do 
sistema; a eqüidade da oferta de serviços, sem 
preconceitos ou privilégios de qualquer espécie; a 
descentralização político-administrativa, com direção 
única do sistema em cada esfera de governo; e o 
controle social das ações, exercido por Conselhos 
Municipais, Estaduais e Nacional de Saúde, com 
representação dos usuários, trabalhadores, prestadores 
de serviços, organizações da sociedade civil e instituições 
formadoras. 
A rede de atenção à saúde mental, composta por 
Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Serviços 
Residenciais Terapêuticos (SRT), Centros de Convivência, 
Ambulatórios de Saúde Mental e Hospitais Gerais, 
caracteriza-se por ser essencialmente pública, de base 
municipal e com um controle social fiscalizador e gestor 
no processo de consolidação da Reforma Psiquiátrica 
Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) – 2011 - Prevê a 
criação, ampliação e articulação de pontos de atenção à 
saúde para pessoas com sofrimento ou transtorno 
mental e com necessidades decorrentes do uso de 
crack, álcool e outras drogas no âmbito do SUS. 
A RAPS tem os objetivos gerais de: (i) ampliar o acesso 
à atenção psicossocial da população em geral; (ii) 
promover a vinculação das pessoas com transtornos 
mentais e com necessidades decorrentes do uso de 
crack, álcool e outras drogas e de suas famílias aos 
pontos de atenção; e (iii) garantir a articulação e a 
integração dos pontos de atenção das redes de saúde 
no território, qualificando o cuidado por meio do 
acolhimento, do acompanhamento contínuo e da 
atenção às urgências. 
 
Como objetivos específicos: a) Promover cuidados em 
saúde especialmente a grupos mais vulneráveis (crianças, 
adolescentes, jovens, pessoas em situação de rua e 
populações indígenas); b) Prevenir o consumo e a 
dependência de álcool e outras drogas e reduzir os 
danos provocados pelo consumo; c) Promover a 
reabilitação e a reinserção das pessoas com transtorno 
mentais e com necessidades decorrentes do uso de 
álcool e outras drogas por meio do acesso ao trabalho, 
à renda e à moradia solidária; d) Produzir e ofertar 
informações sobre os direitos das pessoas, as medidas 
Carla Bertelli – 5° Período 
de prevenção e cuidado e os serviços disponíveis na 
rede; e) Regular e organizar as demandas e os fluxos 
assistenciais da Rede de Atenção Psicossocial; e f) 
Monitorar e avaliar a qualidade dos serviços mediante 
indicadores de efetividade e resolutividade da atenção. 
CAPS – Para que os pacientes com transtornos, 
reabilitar o sujeito para que ele continue tendo sua vida 
social preservada, e não recolhida – acolhimento e 
reabilitação psicossocial 
CAPS I: atende toda a faixa etária que apresente 
prioritariamente intensosofrimento psíquico decorrente 
de transtornos mentais graves e persistentes, incluindo 
uso de substâncias psicoativas, e outras situações clínicas 
que impossibilitem estabelecer laços sociais e realizar 
projetos de vida. Indicado para Municípios ou regiões de 
saúde com população acima de quinze mil habitante 
CAPS II: atende prioritariamente pessoas em intenso 
sofrimento psíquico decorrente de transtornos mentais 
graves e persistentes, incluindo uso de substâncias 
psicoativas, e outras situações clínicas que impossibilitem 
estabelecer laços sociais e realizar projetos de vida. 
Indicado para Municípios ou regiões de saúde com 
população acima de setenta mil habitantes; 
CAPS III: atende prioritariamente pessoas em intenso 
sofrimento psíquicos decorrente de transtornos mentais 
graves e persistentes, incluindo uso de substâncias 
psicoativas, e outras situações clinicas que impossibilitem 
estabelecer laços sociais e realizar projetos de vida. 
Proporciona serviços de atenção contínua, com 
funcionamento vinte e quatro horas, incluindo feriados e 
finais de semana, ofertando retaguarda clínica e 
acolhimento noturno a outros serviços de saúde mental, 
inclusive CAPS AD. Indicado para Municípios ou regiões 
de saúde com população acima de cento e cinquenta mil 
habitantes 
CAPS AD: atende pessoas de todas as faixas etárias, que 
apresentam intenso sofrimento psíquico decorrente do 
uso de crack, álcool e outras drogas. Indicado para 
Municípios ou regiões de saúde com população acima 
de setenta mil habitantes 
CAPS AD III: atende pessoas de todas as faixas etárias que 
apresentam intenso sofrimento psíquico decorrente do 
uso de crack, álcool e outras drogas. Proporciona 
serviços de atenção contínua, com funcionamento vinte 
e quatro horas, incluindo feriados e finais de semana, 
ofertando retaguarda clínica e acolhimento noturno. 
Indicado para Municípios ou regiões de saúde com 
população acima de cento e cinquenta mil habitantes 
CAPS AD IV: atende pessoas com quadros graves e 
intenso sofrimento decorrentes do uso de crack, 18 álcool 
e outras drogas. Sua implantaçãõ o deve ser planejada 
junto a cenas de uso em municípios com mais de 
500.000 habitantes e capitais de Estado, de forma a 
maximizar a assistência a essa parcela da população. Tem 
como objetivos atender pessoas de todas as faixas 
etárias; proporcionar serviços de atenção continua, com 
funcionamento vinte e quatro horas, incluindo feriados e 
finais de semana; e ofertar assistência a urgências e 
emergências, contando com leitos de observação 
CAPS i: atende crianças e adolescentes que apresentam 
prioritariamente intenso sofrimento psíquico decorrente 
de transtornos mentais graves e persistentes, incluindo 
aqueles relacionados ao uso de substâncias psicoativas, e 
outras situações clinicas que impossibilitem estabelecer 
laços sociais e realizar projetos de vida. Indicado para 
municípios ou regiões com população acima de setenta 
mil habitantes 
Principais Desafios na Reforma 
Psiquiátrica – Estima-se que 3% da população 
necessitam cuidados contínuos em saúde mental, em 
função de transtornos severos e persistentes (psicoses, 
neuroses graves, transtornos de humor graves, 
deficiência mental com grave dificuldade de adaptação). 
A magnitude do problema (no Brasil, cerca de 5 milhões 
de pessoas) exige uma rede de cuidados densa, 
diversificada e efetiva. 
Cerca de 10 a 12% da população não sofrem transtornos 
severos, mas precisam de cuidados em saúde mental, na 
forma de consulta médico-psicológica, aconselhamento, 
grupos de orientação e outras formas de abordagem. 
O modelo hospitalocêntrico (e também o dos 
ambulatórios de especialidades), por ser concentrador de 
recursos e de baixa cobertura, é incompatível com a 
garantia da acessibilidade. 
Sem a potencialização da rede básica ou atenção 
primária de saúde, para a abordagem das situações de 
saúde mental, não é possível desenhar respostas efetivas 
para o desafio da acessibilidade. 
 
Transtornos graves associados ao consumo de álcool e 
outras drogas (exceto tabaco) atingem pelo 12% da 
população acima de 12 anos, sendo o impacto do álcool 
Carla Bertelli – 5° Período 
dez vezes maior que o do conjunto das drogas ilícitas. A 
criminalização do consumo agrava a vulnerabilidade dos 
usuários de drogas, exigindo uma articulação efetiva e 
inventiva entre a rede de cuidados e outras políticas 
setoriais, como justiça, segurança pública, trabalho, 
educação, ação social. Sem esta articulação e 
cooperação intersetorial, um acesso efetivo à prevenção 
e ao tratamento não está assegurado. 
A qualidade do atendimento deve ser garantida em todas 
as regiões do país, mesmo as mais carentes e distantes 
dos centros universitários, e pode ser assegurada através 
de um forte programa de capacitação, supervisão e 
formação de multiplicadores. O distanciamento entre as 
instituições de formação e pesquisa e a saúde pública, no 
Brasil, agrava as carências de formação e qualificação de 
profissionais. • Formação de Recursos Humanos • O 
debate cultural: estigma, inclusão social, superação do 
valor atribuído ao modelo hospitalocêntrico, papel dos 
meios de comunicação • O debate científico: evidência e 
valor 
 
Aula 5 Sistematizar o Conhecimento sobre 
despescrição e polifarmácia na APS 
• Categorizar a Polifarmácia 
• Conhecer o Manejo da polifarmácia na APS 
• Identificar os benefícios da Desprescrição 
Polimedicação – Definida como o emprego de cinco ou 
mais fármacos de uso crônico por um paciente 
determinado; no aspecto qualitativo, analisa-se uso de ao 
menos um medicamento considerado inadequado. 
Os perfis associados a ambos os tipos de polimedicação 
estão condicionados, em geral, pela expectativa de vida 
reduzida, pela baixa adesão terapêutica e pela alta 
possibilidade de interações farmacológicas e de efeitos 
adversos. Nesse sentido, as condições de vida e as 
expectativas dos próprios pacientes têm papel 
fundamental. Existe uma tendencia mundial a 
polimedicação ou polifarmácia, que se caracterizam pelo 
envelhecimento da população e o aumento da incidência 
das doenças crônicas. A multimorbidade está diretamente 
relacionada com o envelhecimento 
Populações de Risco – Idosos, pessoas com doenças 
crônicas, crianças (geralmente por condição psiquiátrica 
dos pais – síndrome de Munchausen – é um tipo de 
abuso infantil em que um dos pais geralmente a mar 
simula sinais e sintomas da criança com a intenção de 
chamar atenção para si) 
Consequências e Riscos da Polimedicação – Diminui a 
adesão terapêutica; Aumenta a incidência de interações 
medicamentosas, aumenta o risco de hospitalização, 
diminui a qualidade de vida, supõe maior morbimortalidade 
Classes de Medicamentos que Aumentam os Riscos de 
Polifarmácia – Sedativos/Hipnóticos, Antidepressivos, 
Anti-inflamatórios, Anticoagulantes, Fármacos para 
Doenças Cardiovasculares, Opioides, Quimioterápicos, 
Esteroides, 
Nos últimos anos, foram desenvolvidas numerosas 
estratégias para enfrentar esse problema. Tais 
estratégias, em nossa prática clínica diária, podem ser 
reunidas em quatro grupos: 1) medidas que incidem na 
educação e na formação dos profissionais; 2) sistemas 
informatizados orientados a ajudar na tomada de decisão; 
3) intervenções baseadas na revisão farmacoterapêutica; 
e 4) intervenções multidisciplinares ou multifacetadas. 
Desprescrição – Existem alguns princípios para 
nortear a desprescrição: 
• Máximo de 5 fármacos e revisões regulares dos 
medicamentos em uso 
• Reconsiderar fármacos preventivos 
• Priorizar medicamentos que possam tratar duas ou 
mais queixas 
• Considerar reduzir doses após resolução de um 
quadro agudo. 
Para nos aproximarmos da maneira mais didática e 
prática possível, destacaremos dois conceitos comuns.: 
1 – Adequação Terapêutica – Pode ser definida como 
parte da terapia do paciente, na qual, mediante a 
indicação, a prescrição, a dispensação,a administração e 
o seguimento, o profissional pode obter alguns resultados 
apropriados às condições e circunstâncias do próprio 
paciente e do conjunto da comunidade. 
2 – Revisão da Medicação – Entendida como a sua 
avaliação estruturada, com objetivo de otimizar o uso de 
medicamentos e melhorar os resultados em saúde, o que 
implica detectar problemas relacionados com os 
fármacos e recomendar intervenções. 
Ambos os termos descrevem um processo que parte 
do conhecimento fiel do estado e da situação do 
paciente, passando por um diagnóstico correto de seus 
principais problemas de saúde até a indicação ou não de 
determinado tratamento. Por isso, é muito importante 
que se tenha em mente que, quando se fala de 
desprescrição, se descreve um processo singular e 
Carla Bertelli – 5° Período 
contínuo (prescrição-desprescrição) que 
necessariamente deve ser adaptado a cada pessoa e 
circunstância. O resultado final do processo será uma 
intervenção fundamentada que, levando em conta a 
situação vital e clínica do paciente, considere a indicação, 
a seleção, a dose, a substituição ou a eliminação de 
alguns fármacos, a adição de outros ou a seleção de 
medidas não farmacológicas. 
Desprescrever não é só retirar medicamentos que não 
são considerados adequados. Para a desprescrição, é 
preciso fazer uma análise mais ou menos pormenorizada 
e padronizada, que, respeitando como eixo central a 
idiossincrasia do paciente, tem como finalidade 
Como Fazer? A forma de realizar a desprescrição 
depende, em primeira instância, do modelo teórico 
escolhido. A evolução histórica da desprescrição sofreu 
mudanças em sua curta história, desde uma visão inicial 
farmacocentrista até a concepção mais atual centrada no 
paciente. 
A preocupação fundamental em torno do processo de 
desprescrição é a de decidir qual fármaco deve ser 
retirado. Essa identificação dos medicamentos 
potencialmente inadequados (MPIs), por meio de listagens 
(sistemas explícitos, com base em critérios), algoritmos e 
questionários (sistemas implícitos, com base em juízos 
clínicos), definirá a evolução dos modelos de 
desprescrição durante esta primeira década. 
Alguns modelos descritos são os Critérios de Beers, MAI, 
questionário de Hamdy, IPET, e outras alterações com 
sucessivas versões dos critérios de Beers e do STOPP-
START. 
No entanto, ao nos depararmos com a realidade clínica 
cotidiana, esses primeiros modelos se mostraram 
insuficientes. São necessários passos que facilitem e 
afianciem a desprescrição. Deve-se considerar a situação 
basal do paciente e sua expectativa de vida, dando 
especial atenção às situações de final da vida. É 
importante incluir o paciente na tomada de decisão de 
forma ativa, simétrica e transversal ao longo de todo o 
processo. Deve-se também obter o histórico da relação 
que o paciente estabeleceu com a sua medicação. Os 
temores do paciente diante da retirada da medicação 
deverão ser compensados com um plano em acordo 
com as ações preventivas (retirada progressiva, 
mudanças adaptadas ao ritmo e às necessidades do 
paciente, priorização de fármacos que serão 
desprescritos). Deve-se garantir, também, o seguimento 
e a reavaliação frequente para detectar efeitos adversos 
e a adesão ao plano de desprescrição. 
Modelo de Desprescrição por fases da Woodward: 
1 ) Elaborar uma lista de medicamentos 
2 ) Identificar o fármaco a ser desprescrito 
3 ) Planejar a Desprescrição 
4 ) Revisa-la 
 
 
 
 
 
Carla Bertelli – 5° Período 
 
 
 
 
 
Prognóstico e Possíveis Complicações – 
Como toda intervenção médica, a desprescrição não 
está isenta de riscos, os quais devem ser pesados para 
que se possa decidir de forma prudente. Sempre é 
necessário levar em conta as possíveis complicações que 
poderiam surgir devido à desprescrição 
Síndrome da Retirada – Frequente em fármacos que 
agem sobre o sistema nervoso central (SNC), são 
comuns as complicações oriundas da retirada de 
antidepressivos inibidores seletivos de recaptação da 
serotonina (ISRS), que ocorrem aproximadamente uma 
semana depois de tirar o fármaco, sendo leves e se 
resolvendo em 10 dias, ou com a retirada de 
benzodiazepinas, que se associam com uma síndrome 
de abstinência muito mais grave, com confusão, 
alucinações e convulsões. A interrupção abrupta da 
levodopa pode precipitar uma reação grave com 
características de síndrome neuroléptica maligna (SNM), 
que inclui rigidez muscular severa, disfunção autonômica 
e deterioração do nível de consciência. Nos pacientes 
que fizeram uso de corticoides sistêmicos de forma 
contínua, a interrupção repentina pode conduzir a uma 
crise addisoniana secundária à supressão do eixo 
hipotálamo-hipófise-suprarrenal 
Efeito Rebote – Seria a reaparição, após a suspensão 
brusca do fármaco, dos sintomas em intensidade maior 
à apresentada previamente pelo paciente. Dessa forma, 
o término de um tratamento com betabloqueadores 
pode associar- se com o surgimento de taquicardia e 
hipertensão, que pode, por sua vez, agravar-se com um 
quadro de insuficiência cardíaca ou cardiopatia isquêmica. 
A interrupção de inibidores da bomba de próton (IBP) 
pode produzir una hipersecreção ácida e o agravamento 
de sintomas gastrintestinais. A insônia de rebote é 
comum após a retirada de fármacos hipnóticos. 
Desmarcaramento de Interações – As interações 
farmacocinéticas devem ser levadas em conta no 
momento de retirar um fármaco. Por exemplo, se há 
suspensão do omeprazol em um paciente com uma 
dose estável de varfarina, o índice de normalização 
internacional (INR) pode diminuir, pois o omeprazol é um 
fármaco que inibe o metabolismo da varfarina. 
Reparação de Sintomas – É importante não interpretar 
um efeito rebote como uma recorrência dos sintomas 
da doença original. Isso é importante sobretudo com 
condições como a depressão tratada com fármacos, cuja 
retirada provocaria sintomas que podem ser confundidos 
com um efeito rebote da doença. Surpreendentemente, 
os ensaios clínicos que avaliam processos de retirada de 
fármacos, em muitos casos, não mostram aumento da 
incidência de sintomas da doença original, ou que os 
fatores de risco reapareçam após a interrupção da 
medicação 
 
Carla Bertelli – 5° Período 
Aula 6 Abordagem à Saúde Mental em Grupos 
Vulneráveis 
• Conhecer os principais aspectos da atenção psicossocial a 
crianças e adolescentes na APS 
• Debater os principais aspectos a atenção psicossocial à pessoa 
idosa 
• Debater os principais aspectos relacionados à saúde mental na 
população de rua 
• Debater os principais aspectos da atenção psicossocial aos 
povos indígenas 
A vulnerabilidade também pode levar à deterioração da 
saúde mental. Estigma e discriminação geram baixa 
autoestima, diminuição da autoconfiança, motivação 
reduzida, e menos esperança no futuro. Resulta ainda em 
isolamento, considerado importante fator de risco para o 
surgimento dos transtornos mentais e uso de drogas. A 
saúde mental também é afetada quando são negados 
direitos civis, políticos, sociais, econômicos e culturais. 
Vulnerabilidade não pode ser confundida com 
incapacidade e os grupos vulneráveis não devem ser 
considerados como vítimas passivas de seu próprio 
destino. Nessa perspectiva, é fundamental que estudos 
na área de saúde mental busquem caminhos alternativos 
para lidar com a vulnerabilidade das pessoas com 
transtornos mentais e usuários de álcool e outras drogas. 
Dentre os artigos deste número, também são descritas 
ações de prevenção e promoção de saúde mental. 
Crianças e Adolescentes – Queixas dos pais ou relatadas 
pela escola. Queixas comuns incluem: 
• Disfunção do Comportamento 
• Ansiedade 
• Hiperatividade 
• Depressão (irritabilidade na criança) 
• Autismo 
• Em adolescentes atenção especial ao uso de álcool 
e drogas 
Fatores de Risco – Familiares ausentes ou ambiente 
familiar violento (questão da alfabetização dos nossos 
sentimentos, a formação);Atraso escolar ou violência no 
ambiente escolar; Falta de senso de pertencimento à 
comunidade; Condições socioeconômicas desfavoráveis; 
Temperamento Difícil; Abuso; Aspectos biológicos 
desfavoráveis 
Cuidados – Atentar para características específicas da 
infância e adolescência; Crianças e adolescentes não 
costumam procurar serviços de saúde 
espontaneamente; Não desvalorizar os sintomas e os 
sentimentos; Psicoeducação com familiares para 
minimizar o estigma dos transtornos mentais; Conhecer 
a dinâmica familiar 
Idosos – Tem maior vulnerabilidade a transtornos 
mentais. Momentos que mudanças ocorrem com mais 
frequência, comprometimento da funcionalidade e 
independência, além da rede de apoio comprometida 
Transtornos Comuns: 
• Demência 
• Transtorno Depressivo 
• Transtornos Ansiosos 
• Transtorno de Humor Bipolar 
• Transtornos Somatoformes 
• Abuso de álcool e outras substâncias 
Cuidados – Não negligenciar; Dificuldade em 
compreender os sintomas; Crenças do paciente; 
Comorbidades associadas; fármacos. No que se refere à 
saúde mental da pessoa idosa, a aquisição de um 
envelhecimento ativo encontra desafios, principalmente 
em função de riscos como, por exemplo, o sofrimento 
psíquico causado pela depressão. 
Moradores de Ruas – Doenças mentais podem estar 
relacionados como causa ou consequência da situação 
de rua 
Cuidados – Exclusão social; Pouca compreensão; Vítimas 
da exclusão e violência 
Indígenas – População marginalizada, poucos estudos, 
vítimas frequentes da violência. Cuidados com 
dependência química e depressão 
 
 
Aula 7 Saúde e Espiritualidade 
• Debater sobre religiosidade e espiritualidade como 
determinantes de Saúde 
A espiritualidade tem impacto em termos de saúde 
biológica, emocional e social. Há associação entre crenças 
religiosas com proteção da saúde mental, qualidade de 
vida e controle de sintomas, além de redução da 
mortalidade global e cardiovascular. 
As pessoas desejam, em frequências diferentes, 
conforme o contexto e a gravidade de seu estado, que 
os profissionais de saúde abram espaço para serem 
conhecidas também em sua dimensão espiritual e/ou 
religiosa 
Carla Bertelli – 5° Período 
A abordagem da espiritualidade na prática clínica de 
médicos de família e comunidade ainda é um desafio. A 
literatura enumera várias barreiras para a abordagem da 
espiritualidade do paciente, tais como a falta de 
treinamento, o tempo ou conhecimento sobre o assunto 
ou, ainda, seus próprios valores pessoais, medo de 
conflitar com os da pessoa e/ou família ou considerar que 
abordar a espiritualidade não é papel do profissional de 
saúde. 
O conhecimento das habilidades de comunicação, aliado 
à prática clínica centrada na pessoa podem ser 
ferramentas potentes para auxiliar o médico de família e 
comunidade no exercício da abordagem clínica da 
dimensão religiosa-espiritual da pessoa 
O médico de família e comunidade pode contribuir para 
a construção de resiliência de pessoas, de famílias e de 
comunidades, à medida que aborde o processo de 
saúde-adoecimento de modo integral, auxiliando na 
valorização de estratégias de superação ou na 
ressignificação de agentes estressores que produzam 
sofrimento ou desequilíbrio 
No contexto de abordagem clínica da dimensão espiritual 
do paciente, é necessário o entendimento do conceito de 
espiritualidade, para que ele não seja reduzido ou 
confundido com conceitos de religião ou religiosidade. A 
definição de espiritualidade tem recebido sucessivas 
aproximações na literatura. 
 
 
Dar ênfase ao conceito de espiritualidade, em vez de 
religiosidade, pode ajudar a temática a tornar-se mais 
acessível para profissionais e pacientes, uma vez que a 
espiritualidade é uma dimensão intrínseca ao ser humano, 
ao passo que o domínio religioso pode ou não ser 
significativo para a pessoa abordada 
O que fazer? Independente de tantas evidências no 
campo da R/E na saúde, muitos profissionais ainda têm 
dificuldade em inserir essa temática na prática clínica. Os 
vários pontos que dificultam aos profissionais abordarem 
esse tema nos encontros terapêuticos também já têm 
sido pesquisados. 
 
As barreiras, como falta de conhecimento ou 
treinamento, vêm sendo superadas à medida que o tema 
ganha espaço nas pesquisas e nas discussões clínicas. A 
preocupação com o tempo pode ser apaziguada 
conforme o melhor desempenho no treinamento e a 
longitudinalidade do cuidado clínico. Contudo, há barreiras 
que permeiam as concepções do médico sobre seu 
papel e seus valores pessoais. 
O autoconhecimento sobre as emoções advindas da 
prática clínica, a necessidade de tomada de consciência 
do médico no exercício profissional (awareness), a sua 
postura de atenção plena (mindfulness) e a sua vivência 
espiritual intrínseca podem ter impacto sobre a forma 
como o profissional maneja demandas espirituais trazidas 
pelo paciente, bem como sobre sua disponibilidade para 
fomentá-las e abordá-las. 
O médico necessita manter uma prática reflexiva sobre 
si mesmo e seus valores pessoais, de modo a respeitar 
as necessidades e as crenças das pessoas, sem impor 
seu ponto de vista. 
Modelos de Abordagem da Espiritualidade na Prática – 
Existem alguns instrumentos para facilitar. A proposta da 
história espiritual é aprender sobre como os pacientes 
lidam com suas doenças, os tipos de sistemas de suporte 
disponíveis para eles na comunidade e quaisquer crenças 
fortes que possam influenciar os cuidados médicos. É 
preciso ter em mente, de modo geral, que um 
instrumento de avaliação espiritual deve ser fácil de 
aplicar, flexível, adaptável, não demorado e ser aplicado 
de modo dialogado com a pessoa, sem produzir uma 
abordagem focal, tipo check list. O formato estruturado 
proposto para a anamnese espiritual deve ser visto como 
um guia dos tópicos importantes a serem pesquisados, 
Carla Bertelli – 5° Período 
uma vez que esse tema deve sempre ser abordado de 
forma leve e fluida, respeitando as crenças e o tempo 
de cada pessoa. 
É preciso observar a reação da pessoa e a resposta 
dada, reajustando o formato da próxima questão de 
acordo com o tom ditado pela própria pessoa. É preciso 
identificar a linguagem utilizada e como a pessoa a 
relaciona com sua fé/crença (p. ex., Deus, família, 
natureza), seguindo, assim, o mesmo enfoque nos demais 
itens da anamnese 
Conduta – Uma proposta de aplicação clínica dessa visão 
pode ser exemplificada pelo método 3H, que 
compreende a vivência espiritual do ser humano como 
dividida em aspectos cognitivos (head), emotivo-
experienciais (heart) e comportamentais (hands). Ajuda a 
avaliar as estratégicas de coping positivo ou negativo. 
O aspecto cognitivo decorre de questões filosóficas ou 
reflexivas, tais como “Porque isso está acontecendo 
comigo?” ou “O que ocorrerá depois da morte?”. A 
dimensão emotivoexperiencial decorre do processo de 
significado que a pessoa dá à sua vivência, como senso 
de conexão e paz ou de solidão e desespero perante 
suas crenças. O aspecto comportamental se manifesta 
pelas ações diretas, como escolha de hábitos de vida 
(alimentação, aceitar ou não transfusão de sangue), 
prática de preces ou rituais religiosos. Com essa 
abordagem, podem ser identificadas estratégias de apoio 
da pessoa, bem como pensamentos e sentimentos que 
lhe agravem a experiência, como culpa, medo ou 
percepção de punição dentro de sua relação com o 
sagrado (crenças, Deus ou instituição religiosa) 
 
 
Abordagem da Espiritualidade a partir do 
Método Clínico Centrado na Pessoa: 
1 – Explorando a doença e experiência da Doença – A 
dimensão de significado que a pessoa atribui à sua fé, 
crença ou vivência ganha imensa importância. o avaliar as 
dimensões da vivência espiritual (significado, paz, fé e 
religiosidade) em relação à qualidade de vida, saúde 
mental e bem-estar em adultos. Como profissionais, não 
cabe julgar o que deveria ou não ser perdoado, mas sim 
dar suportepara a pessoa “escrever” sua história com 
autonomia. 
2 – Entendendo a pessoa como um todo – Conhecer a 
pessoa como um todo, incorporando a avaliação rotineira 
do CRE, pode melhorar nosso entendimento e 
descortinar pontos de resiliência a serem fortalecidos. A 
partir dessa avaliação, o CRE positivo pode ser 
encorajado por meio de reforço das práticas 
salutogênicas da pessoa, como meditação, práticas 
corporais integrativas, preces, perdão, contemplação, 
leitura de materiais espirituais ou outras. Neste 
componente, também pode ser abordada a dimensão 
relacional e comunitária da pessoa. Nesse passo, inserem-
se interrogações sobre relações familiares (crenças 
semelhantes ou conflitivas), princípios religiosos ou 
culturais e suporte social, por exemplo, dentro de uma 
comunidade religiosa ou de um grupo em que a pessoa 
vivencie sua relação transcendental. 
3 – Elaborando um Plano Conjunto de Manejo de 
Problemas – Os valores espirituais terão impacto nas 
decisões da pessoa, podendo influenciar condutas 
específicas, como não desejar transfusão sanguínea ou 
tratamento medicamentoso, mas também atuar de 
modo mais amplo, impactando diretamente no fator 
volitivo e motivacional.24 Abordar esses aspectos pode 
fortalecer a aliança terapêutica e também auxiliar a 
pessoa na ressignificação de vivências prévias negativas 
ou que prejudiquem o vínculo com o tratamento clínico 
4 – Intensificando o relacionamento entre pessoa e médico 
– É preciso que o médico tenha claro que sua postura 
será de estar ao lado da pessoa, ainda que ela seja 
refratária às intervenções. “O olhar, a compaixão e o 
respeito adquirido” pelos pacientes pode fazer toda a 
diferença na condução de uma situação Essa postura 
exige autoconhecimento do profissional, tanto para 
reconhecer e trabalhar com sua frustração quanto para 
gerir os processos de transferência e contratransferência. 
Outra postura essencial é que o profissional se mantenha 
em situação de igualdade com a pessoa na construção 
Carla Bertelli – 5° Período 
da relação, de modo a garantir um ambiente seguro, livre 
de julgamento ou depreciação devido à fé ou conjunto 
de crenças da pessoa. Adotar uma atitude compassiva e 
empática auxilia o profissional nesse trabalho 
 
Aula 8 Conhecer Práticas Integrativas 
Complementares (PICs) 
• Conhecer as práticas integrativas e complementares 
• Medicina Tradicional Chinesa 
• Homeopatia 
• Fisioterapia e Plantas Medicinais 
• Medicina Antroposófica 
As práticas integrativas e complementares (PICs) são 
cada vez mais procuradas e apreciadas como formas 
legítimas de cuidado eficiente em saúde. São formas de 
cuidado que chamam a atenção pela integratividade com 
que lidam com a complexidade humana (em suas 
dinâmicas física, emocional, mental, social e espiritual) em 
uma prática sistematizada e coerente 
O movimento acadêmico chamado racionalidades 
médicas envolve cinco áreas: medicina antroposófica 
(MA), homeopatia, medicina tradicional chinesa (MTC), 
alopatia, ayurvédica. 
Cada racionalidade médica é um universo em si. Não há 
como se fazer um utilitarismo terapêutico raso, uma 
miscelânea de práticas concomitantes, com o perigo de 
piora do estado de saúde. Trata-se justamente de 
integrar e complementar o cuidado coerentemente, de 
forma segura e inteligente. Para todo profissional que 
trabalha com saúde, é mais importante ter a realidade 
em si do que é um ser humano saudável do que ter a 
noção do que significa estar doente. Muitas pessoas já 
usam as PICs em suas vidas, mas boa parte não expõe 
isso aos profissionais de saúde, provavelmente por ter 
receio dos julgamentos da biomedicina. 
A OMS recomenda que os governos nacionais 
respeitem, preservem e divulguem os conhecimentos 
das MTs enquanto realizam programas de saúde pública 
e regulamentações para promover o uso apropriado, 
seguro e efetivo dessas formas de cuidado. Recomenda 
ainda a inclusão dessas medicinas em seus sistemas de 
saúde e a comunicação e a troca de experiências dos 
países-membro relacionadas a esses conhecimentos 
 
 
 
 
 
Medicina Antroposófica – A MA se provou 
segura, eficaz e não aumenta os custos de saúde. Está 
associada a melhoras clínicas substantivas e ao aumento 
importante da qualidade de vidas. Outra qualidade 
impactante se dá quando é usada para diminuir efeitos 
colaterais de medicações e procedimentos invasivos, 
sendo a oncologia a área mais estudada neste sentido. É 
também preciosa para processos de desintoxicação e 
convalescença, além de ser excelente nos cuidados 
paliativos. 
Sua profundidade e complexidade se mostra eficaz em 
todos os níveis de atenção à saúde, mas é na APS que 
se evidencia o seu maior potencial, uma vez que tem alta 
resolutividade e resgate do sentido de pertencimento e 
coerência interna individual, familiar e comunitária. 
A antroposofia, estabelecendo-se então como 
“Sabedoria do Homem,” propõe uma abordagem integral 
do ser humano em seus aspectos físicos, psicológicos e 
espirituais, no sentido de não se ocupar na discussão do 
que seria Deus (Teosofia) para se dirigir diretamente às 
questões humanas. 
Características – Estuda-se o ser humano trimembrado 
desde o início da vida escolar. 
Medicina Antroposófica distingue, além da organização 
puramente física do homem, outras três organizações: 
• Organização vital que ordena os fenômenos 
físicos como fenômenos viventes; 
• Organização anímica que reordena por sua vez 
os fenômenos físicos e vitais de forma a 
possibilitar a aparição da consciência; 
• Organização espiritual, absolutamente individual 
de homem para homem, e que organiza as 
Carla Bertelli – 5° Período 
outras três instâncias como uma organização 
biológica individual. 
Tal como a Medicina Acadêmica, que se baseia no 
método das ciências naturais, a Medicina Antroposófica 
baseia-se no mesmo método para o conhecimento do 
homem físico; mas para o conhecimento das 
organizações vital, anímica e espiritual, baseia-se no 
método da Ciência Espiritual ou Antroposofia 
De acordo com esse método, temos 4 estruturas 
essenciais que constituem e entidade humana: 
1. O Corpo Físico: mineral, substancial, existente em 
diversas formas, em todos os reinos da natureza. 
2. O Corpo Vital ou Etérico: fundamento da vida, das 
características puramente vegetativas, crescimento, 
regeneração e reprodução. Existe em todos os 
organismos vivos. 
3. O Corpo Anímico ou Astral: é o fundamento da 
organização sensitiva do homem; ele reordena os 
processos biológicos, permitindo a aparição do sistema 
nervoso no mundo animal e no homem. 
4. A Organização para o Eu: é a organização própria do 
homem, dá a auto-consciência e reagrupa as atuações 
dos outros três corpos, surgindo assim o andar ereto e 
as capacidades de falar e pensar. 
Essas quatro organizações agrupam-se reciprocamente 
em três formas diferentes no organismo humano, 
surgindo assim uma estrutura funcional e anatômica de 
constituição tríplice: 
1. Sistema Neuro-sensorial: concentrado principalmente 
na região da cabeça, mas também distribuído por 
todo o corpo. Ele está a serviço da consciência. 
2. Sistema Rítmico: cujo centro funcional se encontra na 
região torácica, onde a característica das funções 
pulmonar e do coração é o ritmo. Também presente 
nos ritmos de outras funções biológicas, fora da 
cavidade torácica. 
3. Sistema Metabólico e das Extremidades: agrupa todos 
os processos metabólicos, base para o sustento, 
regeneração e movimento do organismo, cujos 
órgãos principais se concentram na cavidade 
abdominal e extremidades; mas funcionalmente 
presente, tal como os outros dois sistemas, em todo 
o organismo e em cada uma de suas células e 
tecidos. 
A relação recíproca desses três sistemas muda durante 
a vida do ser humano, de idade para idade, vinculando-se 
com essa mudança biológica às mudanças que 
acontecem psicológica e espiritualmente no 
desenvolvimento normaldas pessoas. 
Assim, a MA compreende o ser humano constituído de 
corpo, de alma e de espírito, percebendo sua atuação 
plena no SNS, no SMM e no sistema rítmico (SR). Desse 
modo, percebe a integração de cada órgão, cada célula, 
em um todo intermediado continuamente pelo SR 
(circulação e respiração) e, assim, o médico tem 
ferramentas eficazes para atuar de maneira orgânica 
(organismo como um todo) e sincrônica. Mostra, a todo 
o momento, como o anímico e o espiritual estão 
coatuando com o corpo e como o uso de medicamentos 
está agindo em todos os âmbitos de forma simultânea 
 
Homeopatia – compartilha com outras PICs a visão 
integral do ser humano e pode contribuir na ampliação 
da arte de cuidar da prática do médico de família e 
comunidade. Assim, ele poderá utilizar os exemplos da 
seção “Exemplos de uso” como apoio, sempre que sentir 
necessidade e quando as pessoas sob cuidado assim 
concordarem. 
Como se vê, a meta idealizada por essa racionalidade 
terapêutica é a cura completa da pessoa ao se 
“encontrar”, durante a entrevista homeopática, o 
medicamento mais semelhante ao quadro patológico. Em 
sua teoria (chamada de “filosofia”), dado o contexto da 
época de sua concepção, não há especulações sobre 
determinantes sociais de saúde e doença 
Os medicamentos homeopáticos sempre são prescritos 
na forma dinamizada. A dinamização homeopática 
consiste na potencialização de uma substância pelos 
processos de diluição e sucussão (ato de sacudir) 
sucessivos. 
Para a preparação dos medicamentos homeopáticos, 
empregam-se substâncias das mais diversas origens. 
Essas serão diluídas (geralmente na proporção de uma 
parte de substância para 100 partes de diluente) e, em 
seguida, agitadas vigorosamente durante um intervalo de 
tempo, preparando-se a potência denominada C1. Esse 
processo é a potencialização do medicamento. Se for 
repetido, a potência cresce na medida em que 
aumentam as diluições: C2, C4, etc. Buscando uma 
aproximação matemática, verifica-se que a quantidade, 
por exemplo, do metaloide arsênico, que há em um 
Carla Bertelli – 5° Período 
medicamento homeopático chamado Arsênico C6, será 
de uma parte para 1 trilhão, ou seja, 10 elevados ao dobro 
do valor da potência (o algarismo que vai ao lado da letra 
C). 
 
O médico homeopata utiliza uma anamnese detalhada, 
investigando sintomas de toda a ordem e motivando as 
já antológicas longas consultas. 
Então, será selecionado o medicamento que tiver o 
quadro mais parecido (física, emocional e mentalmente) 
ao da pessoa em tratamento. Na prática cotidiana, a 
escolha do medicamento mais apropriado ao quadro 
geral do paciente é feita com o uso da ferramenta 
Repertório de sintomas, que cataloga e conduz à 
prescrição do medicamento. 
Medicina Tradicional Chinesa – Fundamenta-
se em uma visão peculiar sobre as forças que fluem 
atuando, organizando e, portanto, interferindo nos seres 
vivos e no meio circundante de forma coordenada. 
Visando a interferir beneficamente nessas forças é que 
são praticadas as terapêuticas conhecidas, como 
acupuntura (colocação de agulhas em pontos 
específicos), moxabustão (incineração da erva Artemisia 
sinensis direta ou indiretamente na pele) e shiatsu 
(estímulo digital de pontos específicos), movimentos 
harmoniosos do corpo, massagens, entre outras 
Os procedimentos profiláticos e terapêuticos da MTC 
visam a buscar o equilíbrio do fluxo das forças internas, 
responsáveis pela expressão da saúde e da doença. Para 
isso, as recomendações higiênicas e outros 
procedimentos buscarão ajustar internamente o diálogo 
oposto e complementar das forças Yin-Yang e, 
externamente, compatibilizá-las com o contexto das 
forças da Terra e do Céu, isto é, com o clima e seus 
influentes atmosféricos 
 
Saúde e Doença: O equilíbrio dinâmico – Para a MTC, a 
saúde é um momento em que o fluxo contínuo de 
forças polares que interagem no organismo está em 
uma dinâmica de equilíbrio. Esse equilíbrio é uma 
tendência natural: o organismo busca espontaneamente 
a saúde pelas interações dos órgãos internos e com as 
forças atmosféricas da Terra. Tanto essas influências 
quanto as físicas, nutricionais e emocionais desencadeiam 
o predomínio de uma ou de outra dessas forças. A 
persistência desse predomínio gera a desarmonia. Assim, 
as doenças, segundo a MTC, decorrerão da estase (que 
gera acúmulos) ou da dispersão (que gera carências) 
excessivos do fluxo energético em determinados pontos 
ou órgãos. Como nem sempre o organismo atinge a cura 
espontânea, o cuidador terapeuta deverá inferir qual o 
sentido que esse organismo está tomando na busca do 
reequilíbrio e atuar sinergicamente pela orientação 
higiênica ou pelo estímulo de alguns pontos no corpo 
que dispersem a estase ou tonifiquem o esvaziamento 
Forças Interatuantes no Organismo Humano: Yin-Yang – 
Fundamentalmente, o Universo está em permanente 
mudança, e as análises se dão sobre os processos das 
contínuas mudanças e não sobre os seus resultados. 
Esses processos são consequências do fluir de uma 
energia denominada chi, que se manifesta e atua pela 
interação de duas polaridades opostas e 
complementares: Yin e Yang. Todas as ocorrências da 
natureza e, portanto, da vida são fruto da ação recíproca 
dessas duas forças contraditórias. Sempre em relação de 
criação e controle mútuo. Yin e Yang criam-se e se 
opõem cíclica e continuamente, tentando dominar-se. 
Algumas características dessas duas tendências, tanto na 
natureza circundante quanto no organismo humano, 
mostram o Yin receptivo, feminino, lunar, escuro, 
formativo, frio, úmido, profundo, côncavo, relacionado 
com a Terra, tendendo a acolher. O Yang relaciona-se 
com céu, convexo, raso, secura, calor, movimento, Sol, 
masculino, ativo, tendendo a penetrar 
No âmbito do funcionamento do organismo, pode-se 
afirmar que a circulação sanguínea, por exemplo, é 
consequência do diálogo sístole (de caráter 
Yang)/diástole (de caráter Yin); a respiração, do diálogo 
inspiração/expiração; a constituição óssea, pela interação 
osteoblastos/osteoclastos; o metabolismo corpóreo, pelo 
equilíbrio dinâmico anabolismo/catabolismo, etc. O 
predomínio suave de um dos polos qualifica os 
fenômenos visíveis e caracteriza o biótipo e os múltiplos 
perfis de saúde individual; o exagero caracteriza as 
doenças 
Carla Bertelli – 5° Período 
Os 5 movimentos – Os quatro elementos geradores do 
universo (Fogo, Terra, Água e Ar), classicamente 
considerados no ocidente, têm seu equivalente na MTC. 
Contudo, os chineses operam com uma quinta força 
derivada dessas quatro essências, a madeira (na realidade, 
é o que surge como vitalidade da Terra). 
 
Aula 9 Abordar sobre Cuidados Paliativos 
na APS 
• Caracterizar Cuidados Paliativos e seus Princípios 
• Conhecer a organização do serviço para os cuidados paliativos 
• Descrever o prognóstico e atuação da equipe de atenção 
básica 
O cuidado paliativo é uma abordagem que objetiva a 
melhoria na qualidade de vida da pessoa enferma e de 
seus familiares, ao realizar a prevenção e o alívio de 
sofrimento, diante de uma doença que ameaça a vida. 
Os cuidados de que a pessoa doente necessita provocam 
mudanças na dinâmica familiar e nas atividades cotidianas, 
aumentando a vulnerabilidade social 
Os planos de cuidado devem ser discutidos com a equipe 
multiprofissional. 
É importante a avaliação da espiritualidade e da 
religiosidade da pessoa, a importância que ela dá às 
crenças e qual é o papel exato da equipe de saúde nos 
cuidados. Sempre há o que fazer para melhorar as 
condições de vida, seja com relação à dor ou outro 
sintoma ou à saúde espiritual. 
Reavaliar e sempre observar possíveis complicações da 
doença de base, complicações neurológicas, além da 
compreensão da família quanto à evolução da doença. 
Os cuidados paliativos surgiram como uma prática de 
implantação, tanto dos cuidados quanto da organização 
dos serviços de saúde, que precisamser modificados, 
para oferecer resposta aos problemas sofridos por 
pessoas que apresentam enfermidades crônicas e/ou 
incuráveis. 
O cuidado paliativo é uma abordagem que objetiva a 
melhoria na qualidade de vida da pessoa enferma e de 
seus familiares, ao realizar a prevenção e o alívio de 
sofrimento, diante de uma doença que ameaça a vida. 
Para efetivá-la, é necessária a identificação precoce da 
dor, assim como fazer sua avaliação e seu tratamento, 
além de abordar outros problemas físicos, psicológicos e 
espirituais. 
Nesse sentido, a prática dos cuidados paliativos não 
significa uma intervenção de “fim de linha”, mas sim uma 
abordagem estruturada para atender as necessidades das 
pessoas em qualquer fase da enfermidade, e o mais 
precocemente possível. Ain da que os cuidados paliativos 
tenham sido desenvolvidos como resposta às 
necessidades (não atendidas) das pessoas portadoras de 
câncer em fase avançada e seus familiares; hoje, eles 
são uma modalidade de atenção aplicável a qualquer 
pessoa com doença crônica que vivencia sua 
terminalidade. 
 
Atenção Paliativa – Utilização desse termo. Porque muito 
mais que um cuidado, se abrange um paciente como um 
todo, é uma abordagem Ampla – MULTIDISCIPLINAR 
Suporte espiritual, físico, mental, medicamentoso 
Atenção Domiciliar – Cuidados paliativos estão inseridos 
nas normas de atenção familiar e regulamentados – 
estão relacionados a atenção domiciliar da modalidade 2 
(AD2) 
• Pacientes Oncológicos 
• Pacientes com enfermidade pulmonar crônica 
• Doenças neurológicas – AVE, ELA, Parkinson, EM 
• Pessoas idosas que padecem de enfermidades 
graves e em estado avançado 
• Pacientes com cirrose hepática, demências 
Como determinar se a doença precisa de Atenção 
Paliativa? São doenças que evoluem lentamente, podem 
ficar muito tempo com essa doença merecendo atenção 
paliativa 
 
Carla Bertelli – 5° Período 
 
Saber como é a doença do paciente, sua evolução, 
como ela se comporta, por quanto tempo se precisa dos 
cuidados paliativos no paciente, até a morte 
Critérios de Elegibilidade para Atenção Paliativa: 
• Percepção Tecidual 
• Marcadores clínicos e funcionais gerais e geriátrico 
• Marcadores clínico e funcionais de cada doença 
Instrumento NECPAL CCOMS-ICO Instrumento para 
identificação de pessoas em situação de doença 
avançada e/ou terminais e necessidade de atenção 
paliativa para uso em serviços de saúde e sociais 
Escala de Karnofsky 
 
Abaixo de 50% pode ter mens que 6 meses de vida 
Confecção de Planos de Cuidado – Começam muito antes 
da eminente morte do paciente. 
 
Se começa quando você identifica que aquela doença 
pode ser fatal para aquele paciente 
 
A expectativa média de vida, que é proporcionado pela 
melhora do nível de saúde nas últimas décadas, 
aumentando as necessidades de cuidados e dependência.. 
Os cuidados paliativos não são determinados pelo 
diagnóstico, mas pela situação e necessidade do paciente. 
No entanto, as doenças que mais frequentemente 
necessitam de cuidados paliativos organizados são o 
câncer, a Aids, algumas doenças cardiovasculares e 
algumas doenças neurológicas graves e rapidamente 
progressivas. As características próprias dessas doenças 
tornam mais frequente a existência de sintomas e 
necessidades que, pela sua intensidade, mutabilidade, 
complexidade e impacto individual e familiar, são de difícil 
resolução. 
Os cuidados paliativos dirigem-se, prioritariamente, à fase 
final da vida, mas não se destinam apenas aos últimos dias 
de vida ou aos pacientes agônicos. Muitas pessoas 
necessitam ser acompanhadas por semanas ou meses 
antes da morte. Contudo, é habitual, com o avanço da 
doença, que os sintomas fiquem com mais intensidade e 
sejam mais perturbadores e as necessidades de apoio se 
tornem mais permanentes. Este aspecto deve ser 
considerado na gestão da capacidade de resposta dos 
serviços, definindo-se critérios de prioridade adequados, 
evitando que ocorram demoras médias de admissão ou 
excessivamente prolongadas na acessibilidade dos 
pacientes que se encontram em mais intenso sofrimento. 
Carla Bertelli – 5° Período 
Uma equipe com cuidados paliativos incorporados deve 
ter os membros com formação específica em cuidados 
paliativos. O serviço deve possuir todos os fármacos 
considerados essenciais para as equipes e apoio todos os 
dias da semana, 7 horas diárias. 
A equipe deve ter como objetivos principais: 
●Tratar a dor e outros sintomas físicos (náuseas, 
vômitos, delírios, convulsões, dispneias, etc.), assim como 
as necessidades emocionais, sociais e aspectos práticos 
dos cuidados dos pacientes 
●Informar, comunicar e dar o apoio emocional, 
assegurando que o paciente seja escutado, que participe 
das decisões, que obtenha respostas claras e honestas e 
que possa sempre expressar os seus sentimentos. 
●Assegurar a continuidade assistencial ao longo da 
evolução da sua doença. 
●Melhorar a qualidade da atenção prestada aos pacientes 
em situação terminal e aos seus familiares, promovendo 
uma resposta integral, respeitando a autonomia e os 
valores de cada pessoa. 
Princípios da equipe 
• Acompanhamento da pessoa e de sua família com 
base nas suas necessidades. 
• Atenção integral, acessível e equitativa. 
• Continuidade da atenção. 
• Comunicação aberta e honesta. 
• Reflexão ética das atitudes. 
• Participação do paciente e da sua família na tomada 
de decisões. 
• Competência e desenvolvimento profissional 
continuados para poder responder adequadamente 
às necessidades das pessoas e da família. 
• Atuações terapêuticas baseadas nas melhores 
evidências científicas. 
 
 
 
 
Aula 10 Avaliação Multidimensional e 
Aspectos da Saúde do Idoso 
• Conhecer a avaliação da pessoa idosa em suas 
diferentes dimensões 
• Conhecer as doenças crônicas do idoso e 
abordagem nos casos de múltiplas morbidades 
 
Aula 11 Sistematizar o Conhecimento sobre 
Síndromes Demenciais 
• Identificar os tipos de Demência na pessoa Idosa 
• Abordar a conduta para pessoa com demência na 
APS (quando referenciar) 
• Conhecer prognóstico e Complicações 
• Abordar sobre a atuação da Atenção Básica no 
processo de demência

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