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Apostila PC MG Escrivão de Polícia I (2018) Vestcon

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Prévia do material em texto

Welma Maia • Livres Rocha • Ernani Pimentel • Márcio Wesley • Luzia Pimenta
Edgard Antônio Lemos Alves • Gustavo Alves • Wagner Miranda • Marcus Palomo 
Fabrício Sarmanho • Eduardo Muniz Machado Cavalcanti • Saulo Fontana • Raquel 
Mendes de Sá Ferreira • Marcelo Andrade • Samantha Pozzer Kühleis
2018
Direitos Humanos • Língua Portuguesa • Noções de Criminologia • Noções de Direito 
Administrativo • Noções de Direito Civil • Noções de Direito Constitucional • Noções 
de Direito Penal • Noções de Direito Processual Penal • Noções de Informática
Noções de Medicina Legal
.
© 2018 Vestcon Editora Ltda.
Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos pela Lei nº 9.610, de 19/2/1998. Proibida a 
reprodução de qualquer parte deste material, sem autorização prévia expressa por escrito do autor e da editora, 
por quaisquer meios empregados, sejam eletrônicos, mecânicos, videográficos, fonográficos, reprográficos, 
microfílmicos, fotográficos, gráficos ou outros. Essas proibições aplicam-se também à editoração da obra, bem 
como às suas características gráficas.
Título da obra: Polícia Civil de Minas Gerais - PC-MG
Escrivão de Polícia I – Nível Superior
Atualizada até 6-2018 (AP589)
(De acordo com o Edital nº 02/2018, de 05 de julho de 2018 – Fumarc)
Direitos Humanos • Língua Portuguesa • Noções de Criminologia • Noções de Direito Administrativo
Noções de Direito Civil • Noções de Direito Constitucional • Noções de Direito Penal
Noções de Direito Processual Penal • Noções de Informática • Noções de Medicina Legal
Autores:
Welma Maia • Livres Rocha • Ernani Pimentel • Márcio Wesley
Luzia Pimenta • Edgard Antônio Lemos Alves • Gustavo Alves • Wagner Miranda
Marcus Palomo • Fabrício Sarmanho • Eduardo Muniz Machado Cavalcanti • Saulo Fontana
Raquel Mendes de Sá Ferreira • Marcelo Andrade • Samantha Pozzer Kühleis
GESTÃO DE CONTEÚDOS
Tatiani Carvalho
PRODUÇÃO EDITORIAL
Érida Cassiano
REVISÃO
Tamires Campos
Ylka Ramos
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
Adenilton da Silva Cabral
Marcos Aurélio Pereira
www.vestcon.com.br
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A Constituição Brasileira de 1988 ........................................................................................................................................ 45
Noções gerais sobre direitos humanos ................................................................................................................................. 3
Gerações de direitos humanos .............................................................................................................................................. 8
A Constituição Brasileira de 1988 e os Tratados Internacionais de Proteção dos Direitos Humanos ...............................38
O Sistema Internacional de Proteção dos Direitos Humanos ............................................................................................. 11
O Sistema Internacional de Proteção dos Direitos Humanos e a Redefinição da Cidadania no Brasil ..............................26
A Constituição Brasileira de 1988: 
Dos princípios fundamentais. A Constituição Brasileira de 1988: Dos Direitos e Garantias Fundamentais. Dos 
direitos e deveres individuais e coletivos. Dos direitos sociais. Da nacionalidade. Dos direitos políticos. Dos 
partidos políticos ..............................................................................................................................................................* 
Direitos humanos das minorias e grupos vulneráveis ........................................................................................................ 86
Política nacional de direitos humanos ................................................................................................................................ 46
* Este conteúdo encontra-se na matéria Noções de Direito Constitucional, nesta apostila.
SUMÁRIO
Direitos Humanos
PC-MG
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Direitos Humanos
Welma Maia / Livres Rocha
Welma Maia
TeORIA GeRAL DOS DIReITOS HUMANOS
Conceito 
Atualmente, a definição consagrada na doutrina é a de 
Antônio Peres Luño1, que compatibilizando a evolução his‑
tórica dos direitos humanos com a necessidade de definição 
de seu conteúdo, considera direitos humanos.
o conjunto de faculdades e instituições que, em cada
momento histórico, concretizam as exigências de 
dignidade, liberdade e igualdade humanas, as quais 
devem ser reconhecidas positivamente pelos orde‑
namentos jurídicos em nível nacional e internacional.
Para o autor, há três tipos de definições sobre o que são 
os direitos humanos. O primeiro tipo seria a definição dita 
tautológica, ou seja, a que não aporta nenhum elemento 
novo que permite caracterizar tais direitos. Assim, seria um 
exemplo desse tipo de definição a conceituação dos direitos 
humanos como sendo aqueles que correspondem ao homem 
pelo fato de ser homem.2 Todavia, como se sabe, todos os 
direitos são titularizados pelo homem ou por suas emanações 
(as pessoas jurídicas), de modo que a definição acima citada 
encerra uma certa petição de princípio.
Um segundo tipo de definição seria aquela dita formal, 
que, ao não especificar o conteúdo dos direitos humanos, 
limita-se a alguma indicação sobre o seu regime jurídico 
especial. Esse tipo de definição consiste em estabelecer que 
os direitos humanos são aqueles que pertencem ou devem 
pertencer a todos os homens e que não podem ser deles 
privados, em virtude de seu regime indisponível e sui generis.
Por fim, há ainda a definição finalística ou teleológica, 
na qual se utiliza objetivo ou fim para definir o conjunto de 
direitos humanos, como, por exemplo, na definição que 
estabelece que os direitos humanos são aqueles essenciais 
para o desenvolvimento digno da pessoa humana.
Para Dallari 3 os direitos humanos representam “uma forma 
abreviada de mencionar os direitos fundamentais da pessoa 
humana. Esses direitos são considerados fundamentais por‑
que sem eles a pessoa humana não consegue existir ou não é 
capaz de se desenvolver e de participar plenamente da vida”.
Tambémé relevante a definição já tradicional de Peces‑
-Barba4, para quem os direitos humanos são faculdades que 
o Direito atribui a pessoas e aos grupos sociais, expressão
de suas necessidades relativas à vida, liberdade, igualdade, 
participação política, ou social ou a qualquer outro aspecto 
fundamental que afete o desenvolvimento integral das 
pessoas em uma comunidade de homens livres, exigindo 
o respeito ou a atuação dos demais homens, dos grupos
sociais e do Estado, e com garantia dos poderes públicos 
para restabelecer seu exercício em caso de violação ou para 
realizar sua prestação.
1 PERES LUÑO, Antônio. Derechos humanos, Estado de derecho y Constitución. 
5. ed. Madrid: Tecnos, 1995, p. 48.
2 TRUYOL Y SERRA, Antônio. Los derechos humanos. Madrid: Tecnos, 1994, p. 11.
3 DALLARI, Dalmo de Abreu. Direitos humanos e cidadania. São Paulo: Moderna, 
1998.
4 PECES-BARBA MARTÍNEZ, Gregorio et al. Derecho positivo de los derechos 
humanos. Madrid: Debate, 1987, p. 14-15.
Terminologia
Quanto à terminologia, vários são as expressões uti‑
lizadas: “direitos naturais”, “direitos humanos”, “direitos 
fundamentais”, “liberdades públicas”, “direitos do cidadão”, 
“direitos da pessoa humana”, “direitos do homem”, “direitos 
civis”, “direitos individuais”, “direitos fundamentais”, “direitos 
públicos subjetivos”. A que mais se disseminou, todavia, 
é Direitos Humanos”.
Canotilho5 envidou esforços para distinguir várias dessas 
expressões, examinando-as aos pares e chegando, entre 
outras, às seguintes conclusões:
• Direitos do homem e Direitos do Cidadão – distinção
presente na ‘Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão’ de 1789, editada como corolário da Revolução
Francesa, segundo a qual os Direitos do Homem são
direitos individuais, pertencendo-lhe “enquanto tal”,
ou seja, são inerentes à condição humana, ao passo
que os Direitos do Cidadão são direitos políticos,
que pertencem ao homem “enquanto ser social, isto
é, como indivíduo vivendo em sociedade” e perante
o Estado;
• Direitos Naturais e Direitos Civis – distinção próxima da
anterior, encontrada no Título I da Constituição France‑
sa de 1791, consoante a qual os Direitos Naturais são
inerentes ao indivíduo e os Direitos Civis são os que lhe
cabem enquanto cidadão, encontrando- se proclamados 
nas constituições e leis infraconstitucionais;
• Direitos Políticos e Direitos Individuais – entre os
Direitos Civis destacam-se de um lado, os Direitos Polí‑
ticos, correspondentes a uma parcela atribuída apenas
a determinados grupos de indivíduos, dotando-os de
aptidão para “tomar parte ativa na formação dos po‑
deres públicos”; o que remanesce, naquela categoria,
depois de apartados dela os Direitos Políticos, são os
Direitos Individuais;
• Direitos e Liberdades Públicas – os Direitos Civis admi‑
tem, ainda, um outro tipo de categorização, que coloca,
de um lado, as Liberdades Públicas, consistentes em
direitos dos indivíduos contra a intervenção do Estado
(e são conhecidos como ‘direitos negativos ou direitos
de negação), e de outro, simplesmente os Direitos (ou
“direitos positivos’), que conferem ao indivíduo status
ativo frente ao Estado, quer porque tenha a prerrogativa 
de participar ativamente na vida política (direito de votar 
e a ser votado), que porque goze da possibilidade de
exigir as ‘prestações ao desenvolvimento pleno da exis‑
tência individual (denominados ‘direitos à prestação’).
Seguindo a tendência das provas de concurso, nesse 
estudo adota-se a designação Direitos Humanos (em sentido 
lato), ao direitos inerentes à condição humana e, que por este 
motivo, independem de norma positiva; direitos internacio‑
nais, ou direitos humanos em sentido estrito, os direitos hu‑
manos contemplados em tratados internacionais; e direitos 
humanos fundamentais, ou direitos fundamentais, àqueles 
assegurados, dentro do ordenamento jurídico interno, pelas 
autoridades político-legislativas de cada Estado-nação.
5 CANOTILHO, J.J. Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição. 7. Ed. 
Coimbra: Almeidina, 2003. p. 393-398. 
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Para memorizar: 
Direitos Humanos (em Sentido Lato)
Direitos Humanos Internacionais
ou
Direitos Humanos em sentido estrito
Direitos Humanos Fundamentais
ou
Direitos Fundamentais
A estrutura das Normas de Direitos Humanos
Os direitos humanos apresentam uma característica 
peculiar: têm, frequentemente, uma formulação normativa 
aberta. De fato, as normas com textura aberta de direitos 
humanos são comuns, sendo raras as formulações estritas.6 
Segundo Alexy7, em construção já muito conhecida, a 
estrutura do ordenamento jurídico é dividida entre regras e 
princípios. As regras correspondem a enunciados jurídicos 
tradicionais, nos quais consta um pressuposto de fato e uma 
consequência jurídica. “Aquele que matar outrem deve ser 
preso” é um exemplo básico de regra. Os princípios são, por 
seu turno, mandamentos de otimização de um determinado 
valor ou bem jurídico, ordenando que esse valor ou bem 
jurídico seja realizado na maior medida do possível.
Assim, a norma “todos têm direito a processo com dura‑
ção razoável e a um juízo imparcial, sujeito ao duplo grau de 
jurisdição” possui uma estrutura de princípio. Não há aqui 
um pressuposto de fato, pois não há uma definição suficien‑
temente precisa de um tipo de situação na qual podem se 
achar pessoas ou coisas e tampouco há uma consequência 
jurídica clara.
Além das diferenças de enunciados, as regras distinguem‑
-se dos princípios também no momento da aplicação. Com 
efeito, as regras são aplicadas a partir da técnica da subsun‑
ção, que consiste em determinar se o caso concreto ajusta-se 
ou não ao pressuposto fático do enunciado jurídico. Caso a 
resposta seja positiva (não que tal operação seja simples, 
podem existir dúvidas quanto à autoria do homicídio do 
exemplo visto acima etc.), aplica-se à consequência jurídica.
Por outro lado, os princípios são aplicados mediante a 
técnica da ponderação, que não acata a lógica do “tudo ou 
nada” das regras (ou o caso concreto se subsume ou não), 
mas sim responde à lógica do “mais ou menos”, que consiste 
na busca da maior otimização do valor ou bem jurídico nele 
contido, na medida das possibilidades do caso concreto. As 
vaguezas e a indeterminabilidade dos enunciados contidos 
nos princípios também excluem a possibilidade de uso da 
técnica de subsunção.
Também cabe lembrar que a estrutura dos direitos 
humanos é majoritariamente formada por princípios, mas 
há regras de direitos humanos, como, por exemplo, a regra 
de exigência de ordem judicial ou flagrante delito para que 
alguém seja preso.
A diferenciação das normas de direitos humanos em 
princípios e regras, como ensina Alexy, é essencial para a 
compreensão do papel dos direitos humanos em um orde‑
6 DIEZ-PICAZO, Luis Maria. Sistema de derechos fundamentales. Madrid: 
Thomson-Civitas, 2003, p. 39.
7 RAMOS, André de Carvalho. Teoria geral dos direitos humanos na ordem inter‑
nacional. 2. ed. — São Paulo: Saraiva, 2012, p. 29 apud ALEXY, Robert. Teoría 
de los derechos fundamentales. Centro de Estudios Constitucionales, Madrid, 
1997, e também, em especial, a análise complementar do próprio Alexy à sua 
teoria em ALEXY, Robert. “Epílogo a la Teoría de los Derechos Fundamentales”, 
66 Revista Española de Derecho Constitucional (2002), p. 43-6.
namento, bem como é peça chave na análise da limitação e 
na colisão dos direitos humanos. A estrutura principiológica 
das normas de direitos humanos exige o estudo da concre‑
tização judicial e de seus instrumentos (como o princípio 
da proporcionalidade e a ponderação de interesses), para 
auxiliar o intérprete na solução dos casos concretos.8
Fundamentação dos Direitos Humanos 
A despeito da diversidade terminológica, os diferentes 
pontos de vista convergemem apresentar, como eixo central 
dos direitos humanos, a dignidade da pessoa humana.
Para a doutrina este tema é complexo e abstrato, envol‑
vendo conceitos históricos e discussões filosóficas.
Bobbio sustenta ser impossível a fundamentação (justi‑
ficativa) absoluta dos direitos humanos por diversas razões. 
Para o citado jurista italiano, o problema básico em relação 
aos direitos do homem não é sua fundamentação, mas sim 
sua efetivação.
O problema fundamental em relação aos direitos do 
homem, hoje, não é tanto o de justificá-los, mas o de 
protegê-los. Trata-se de um problema não filosófico, 
mas político.9
Bobbio afirma que os direitos humanos constituem uma 
classe de direitos variável, conforme nos mostra a evolução 
de seu rol. O rol de direitos humanos modificou-se e é lícito 
afirmar que alguns direitos que sequer são defendidos hoje 
podem, amanhã, ser considerados como integrantes da ca‑
tegoria de “direitos humanos”, ou mesmo que haja exclusões 
dessa categoria. Logo, seria impossível fundamentar de modo 
unívoco os direitos humanos, pois cada contexto histórico 
possuiria sua própria “fundamentação”.
Os direitos humanos constituem-se também em uma 
categoria heterogênea, contendo pretensões muitas vezes 
conflitantes, a exigir a ponderação de interesses no caso 
concreto. Diante de tais conflitos, identificar um fundamento 
único, absoluto, poderia, na visão de Bobbio, até servir de 
pretexto para impedir a evolução do rol dos direitos humanos.
Em breve síntese, veremos as principais correntes que 
buscam fundamentar os direitos humanos.
Os Jusnaturalistas
Visão Jusnaturalista Religiosa
Com antecedentes na Idade Antiga, mas desenvolvida na 
Idade Média por São Tomás de Aquino, a visão jusnaturalista 
8 RAMOS, André de Carvalho. Teoria geral dos direitos humanos na ordem 
internacional. 2. ed. — São Paulo: Saraiva, 2012, p. 29.
9 BOBBIO, Norberto. A era dos direitos (trad. Carlos Nelson Coutinho) São Paulo: 
Campus, 1992, p. 24), apud, Ramos, André de Carvalho. Teoria geral dos direitos 
humanos na ordem internacional - 2. ed. -São Paulo: Saraiva, 2012.
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de cunho religioso prega que a lei humana só detém validade 
se conforme a lei divina, a qual salvaguarda interesses básicos 
ligados à existência humana, os quais por sua vez, vigoram e 
prevalecem sobre eventuais normas positivadas pelo homem 
e consigo desconformes.
Visão Jusnaturalista Racional ou Contratualista
Adotada já na Idade Moderna, com Hugo Grotius, 
precursor do Direto Internacional, e nos séculos seguintes, 
desenvolvida de pelos iluministas contratualistas (tais como 
Locke e Rousseau), a visão jusnaturalista racional apresenta 
uma versão laica do fundamento dos direitos humanos, 
desatrelando-o das leis divinas e vinculando-o à razão huma‑
nam entendida como o traço da natureza do Homem (não 
mais como dom de Deus) que o distingue dos demais seres 
vivos; assim, é inerente à condição humana a vigência de 
direitos apreensíveis pela razão, decorrentes do pressuposto 
Contrato Social (pactuação coletiva que dá poderes limitados 
de organização ao Estado, em nome do em comum) e tidos 
por naturais porque independem da positivação pelos ho‑
mens, cuja validade se perquire em face do direito natural.
Os Positivistas
Ao contrário das concepções jusnaturalistas, a visão 
positivista nega a ideia de pré-existentes ao direito positivo, 
fazendo prevalecer a compreensão segundo a qual direito 
válido é aquele reconhecido pelo Estado como tal.
Para a Escola positivista, o fundamento dos direitos 
humanos consiste na existência da lei positiva (também 
conhecida como direto posto), cujo pressuposto de valida‑
de está em sua edição conforme as regras estabelecidas na 
Constituição. Assim, os direitos humanos justificam-se graças 
a sua validade formal.
O problema é quando a lei for omissa ou mesmo contrária 
à dignidade da pessoa humana, caso em que a proteção dos 
direitos humanos restará prejudicada.
Para Fábio Konder Comparato, “é justamente aí que se 
põe, de forma aguda, a questão do fundamento dos direitos 
humanos, pois a sua validade deve assentar-se em algo mais 
profundo e permanente que a ordenação estatal, ainda que 
esta se baseie numa Constituição”.10
Hart, com concisão, assinala que a divergência entre os 
jusnaturalistas e os positivistas não reside no reconheci‑
mento ou não da existência de certos princípios de moral 
e justiça passíveis de revelação pela razão humana (mesmo 
que tenham origem divina).
A divergência entre as duas Escolas jurídicas reside, sim, 
na defesa, pela Escola Jusnaturalista, da superioridade dos 
princípios de moral e justiça em face de leis incompatíveis.
Para os positivistas, esses princípios de justiça não pertencem 
ao ordenamento jurídico, inexistindo qualquer choque ou 
antagonismo entre a lei posta e a Moral. Para Hart, a Moral 
pode sim influenciar a formação do Direito no momento da 
produção legislativa e também no momento do desempenho 
da atividade judicial.11
10 COMPARATO, Fábio Konder. “Fundamentos dos direitos humanos”, Revista 
Consulex, v. 48, dez. 2000, p. 43
11 Hart denomina essas regras de determinação do direito de regras de reco‑
nhecimento, de acordo com as quais o ordenamento jurídico é formado por 
normas primárias e por normas secundárias, sendo as primeiras as que contêm 
direitos e obrigações, e as segundas aquelas que contêm os procedimentos 
para produzir ou concretizar as normas primárias, o que inclui as normas 
procedimentais pelas quais os julgadores determinam o direito aplicável ao 
caso concreto (HART, Herbert L. A. O conceito de direito. 2. ed. (trad. A. Ribeiro 
Mendes). Lisboa: Fundação C. Gulbenkian, 1994, p. 104 e 142).
A Fundamentação Moral
O conceito de direitos morais, aprofundado por 
Dworkin12, consiste no conjunto de direitos subjetivos ori‑
ginados diretamente de valores (contidos em princípios), 
independentemente da existência de prévias regras postas.
Utilizando tal conceito, podemos ver que os direitos 
humanos podem ser considerados direitos morais que, por 
definição, não aferem sua validade por normas positivadas, 
mas diretamente de valores morais da coletividade humana. 
Para o citado autor, a moralidade integra o ordenamento 
jurídico por meio de princípios mesmo que não positivados. 
Princípios são, segundo esse autor, exigências de justiça, de 
equidade ou de qualquer outra dimensão da moral.
Dworkin demonstra que, nos chamados casos-limite 
ou hard cases, quando os intérpretes debatem e decidem 
em termos de direitos e obrigações jurídicas, são utilizados 
padrões que não funcionam como regras, mas trabalham 
com princípios.
Quando se afirma que os intérpretes empregam princí‑
pios e não regras, está a se admitir que são duas as espécies 
de normas, cuja diferença é de caráter lógico. Um princípio 
não determina as condições que tornam sua aplicação ne‑
cessária. Ao revés, estabelece uma razão (fundamento) que 
impele o intérprete numa direção, mas que não reclama uma 
decisão específica, única. Daí acontecer que um princípio, 
numa determinada situação, e frente a outro princípio, pode 
não prevalecer – o que não quer significar que ele perca a 
sua condição de princípio.
Assim, as normas de condutas são originadas de reflexões 
morais contidas nos princípios de qualquer ordenamento 
jurídico. Os direitos morais são mais do que exigências éti‑
cas oriundas do jusnaturalismo. São títulos, na acepção de 
pretensão, que permitem exercer direitos.
Nino13, por sua vez, sustenta que é na aplicação do direito 
que os princípios de justiça e moralidade são invocados pelo 
julgador. A diferença entre o jusnaturalismo clássico e esse 
novo positivismo é que se determina o Direito não somente 
pelas fontes formais, mas também em sua aplicação.Com 
isso, os direitos humanosdefinem-se como direitos morais, 
ou seja, como exigências éticas, que compõem os princípios 
do ordenamento.14
Há assim uma fundamentação ética dos direitos hu‑
manos, que consiste no reconhecimento de condições im‑
prescindíveis para uma vida digna e que se entroniza como 
princípio vetor do ordenamento jurídico.
Assim, as necessidades humanas são razões justificatórias 
e argumentativas para que se possa incidir o regramento 
jurídico especial do conjunto de direitos humanos. Ou, no 
dizer de Añon Roig, são argumentos que apoiam uma res‑
posta jurídico-normativa às demandas que exigem algo, que 
pode ser tanto o estabelecimento de um direito positivado 
ou uma nova técnica positiva de proteção.15
Assim, a fundamentação dos direitos humanos como 
direitos morais busca a conciliação entre os direitos humanos 
entendidos como exigências éticas ou valores e os direitos 
humanos entendidos como direitos positivados. 
12 DWORKIN, Ronald. Uma questão de princípio. São Paulo: Martins Fontes, 2000, 
p. 90.
13 RAMOS, André de Carvalho. Teoria geral dos direitos humanos na ordem 
internacional. 2. ed. — São Paulo: Saraiva, 2012, p. 35 apud Carlos Santiago 
Nino (NINO, Carlos Santiago. Ética y derechos humanos: un ensayo de funda‑
mentación. Barcelona: Ariel, 1989, p. 16-21).
14 RAMOS, André de Carvalho. Teoria geral dos direitos humanos na ordem inter‑
nacional. 2. ed. — São Paulo: Saraiva, 2012, apud, Carlos Santiago Nino (NINO, 
Carlos Santiago. Ética y derechos humanos: un ensayo de fundamentación. 
Barcelona: Ariel, 1989, p. 16-21.
15 ANÕN ROIG, Maria José. “Fundamentación de los Derechos Humanos y Nece‑
sidades Básicas”, in BALLESTEROS, Jesús. Derechos humanos. Madrid: Tecnos, 
1992, p. 100-115, em especial p. 113.
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Os Negacionistas
Há ainda quem negue a possibilidade de se identificar, 
com exatidão, qual seria ou quais seriam os fundamentos 
dos direitos humanos.
Baseados na assertiva que tais direitos são consagrados 
a partir de juízos de valor, ou seja, de opções morais as 
quais, por definição, não podem ser comprovadas ou justi‑
ficadas, mas aceitas por convicção pessoal, há aquelesque 
negam a existência de fundamentação racional dos direitos 
humanos.16
Devemos ainda citar, como mais um exemplo de corrente 
“negacionista”, aqueles que defendem a ideia de que os 
direitos humanos são apreendidos pelos sentimentos mo‑
rais. Assim, o juízo valorativo da superioridade dos direitos 
humanos sobre todo ordenamento jurídico não pode ser 
justificado ou fundamentado, pois é juízo de persuasão, 
tradução de emoção daquele que defende tal posição.17
Contudo, a busca do fundamento para o reconhecimento 
dos direitos humanos é de importância capital quando é 
motivada pela existência de dúvidas ou contestações.
É o que ocorre com os direitos humanos. De fato, a 
proteção dos direitos humanos foi conquista histórica, que, 
como tal, necessitou de fundamentação teórica para sua 
afirmação frente ao absolutismo e outras formas de governo 
autoritárias.
Mas a necessidade de fundamentação não perdeu a razão 
de ser nos dias atuais, em especial quando a violação de di‑
reitos humanos é patrocinada pelo Estado, por seus agentes 
ou por suas leis. Como expõe Jorge Miranda, renunciar à 
fundamentação dos direitos humanos pode consistir, para 
muitos, na resignação perante as leis positivas vigentes ou 
perante as contingências de sua aplicação.18
Os exemplos históricos mostram os riscos desse positi‑
vismo exacerbado.
Assim, a fundamentação dos direitos humanos é im‑
portante na chamada relação “direitos humanos – direito 
posto”. Se os direitos humanos são aqueles declarados e 
reconhecidos pelo Estado, o que fazer quando não existe 
esse prévio reconhecimento pelo Estado? Como protegê-los 
com efetividade, então?
A resposta está no referencial ético que justifica terem 
os direitos humanos posição superior no ordenamento jurí‑
dico, capaz inclusive de se sobrepor a eventual ausência de 
reconhecimento explícito por parte do Estado. Assim, urge 
o estudo da fundamentação dos direitos humanos.
Universalismo e Relativismo
Ainda com relação aos fundamentos dos direitos huma‑
nos é importante conhecer dois pensamentos (divergentes 
também) acerca do assunto: o Universalismo e o Relati-
vismo.
Irrompe essa diferença na possibilidade de implantação 
generalizada ou não de tais direitos, levando-se em conta os 
fatores socioculturais de cada Estado.
A corrente relativista alega que os meios culturais e mo‑
rais de uma sociedade devem ser respeitados, ainda que em 
16 Peres Luño denomina tal corrente de pensamento jurídico de “não cognitivista”. 
Entre eles, Felix Oppenheim (OPPENHEIM, F. Ética y filosofia política. Cidade 
do México: Fondo de Cultura Economica, 1976; e em PERES LUÑO, Antônio. 
Derechos humanos, estado de derecho y Constitución. 5. ed. Madrid: Tecnos, 
1995.
17 RAMOS, André de Carvalho. Teoria geral dos direitos humanos na ordem 
internacional. 2. ed. — São Paulo: Saraiva, 2012, apud, Alf Ross (ROSS, Alf. On 
law and justice. Londres: Stevens & Sons, 1976.
18 MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional. v. IV, 2. ed. Coimbra: Coimbra 
Editora, 1993, p. 43.
prejuízo dos direitos humanos dessa mesma comunidade. 
O relativismo pode ser forte (vê a cultura como fonte princi‑
pal de validade das normas morais ou jurídicas) ou fraco (vê 
a cultura como forma auxiliar de validade das normas morais 
ou jurídicas). Destaque importante para o relativismo se dá 
no sentido de se entender que o universalismo acarreta uma 
ocidentalização de costumes, destruindo as diferenças cultu‑
rais e, propiciando, inclusive e lamentavelmente, a eclosão 
de atentados terroristas.
A corrente universalista defende a implantação global 
dos direitos humanos. Afirma Valério de Oliveira Mazzuoli 
que “após um quarto de século da realização da primeira 
Conferência Mundial de Direitos Humanos, ocorrida em 
Teerã, a segunda Conferência realizada em Viena em 1993 
consagrou os direitos humanos como global, reafirmando 
sua universalidade, e consagrando sua indivisibilidade, in‑
terdependência, e inter-relacionalidade”.
Prevaleceu o entendimento da tese universalista quando 
da Declaração Universal da ONU (1948), pois o relativismo 
cultural não pode ser invocado para justificar violações de 
direitos humanos.
A Conferência de Viena (1993) endossou o conteúdo 
da Declaração Universal da ONU de 1948, reafirmando o 
universalismo dos direitos humanos e introduzindo novos 
princípios, quais sejam: a indivisibilidade19, a interdepen‑
dência20 e a inter-relacionalidade21. 
Características dos Direitos Humanos 
Objetivando destacar o papel central dos direitos huma‑
nos no ordenamento jurídico vigente, a doutrina costuma 
apontar certas características desses direitos, não o fazendo, 
todavia, de maneira uniforme.
O estudo dessas características é importante por duas 
razões básicas: em primeiro lugar, permite a compreensão 
do atual estágio de desenvolvimento da proteção dos direitos 
humanos na esfera internacional.
Em segundo lugar, permite ao operador do Direito brasi‑
leiro o uso dessas características no âmbito interno, uma vez 
que o Brasil, além de ser signatário de dezenas de tratados 
de direitos humanos, já reconheceu a jurisdição obrigatória 
da Corte Interamericana de Direito Humanos, cujas decisões 
serviram para formar o quadro das principais características 
dos direitos humanos na esfera internacional.
Historicidade
Os direitos humanos apresentam natureza histórica, 
advindo do Cristianismo, superando diversas revoluções até 
a chegada aos dias atuais.
Universalidade
Os direitos humanos são universais na medida em que 
abrangem todo e qualquer ser humano, sem distinção. Claro 
que determinados direitos humanos incidem sobre comu‑
nidadeespecífica, como os direitos trabalhistas, os direitos 
dos migrantes e os direitos das pessoas com deficiência, 
entre outros. A universalidade é característica que decorre 
da proteção da igualdade (formal e material) como dimensão 
essencial da dignidade da pessoa humana. Não obstante, ser 
universal não significa ser absoluto.
19 Os direitos humanos não se sucedem em gerações, mas se acumulam em 
dimensões.
20 Os direitos políticos e sociais devem reforçar-se mutuamente.
21 Interatividade entre direitos humanos e os sistemas internacionais de proteção. 
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Irrenunciabilidade
Não cabe ao titular do direito humano renunciá-lo. 
Fundamenta-se esta característica na impossibilidade de o 
homem despir-se de sua dignidade. Essa característica é alvo 
de intensas críticas, na perspectiva do campo fático, haja 
vista não serem poucas as circunstâncias em que se admite 
que o titular de gozar parte ou mesmo a integralidade de 
determinado direito humano.
Inalienabilidade e Indisponibilidade
Outrossim, os direitos humanos são inalienáveis e ina‑
fastáveis, não podem ser transferidos para outrem, ainda 
que com a anuência de seu titular. Não é permitida a sua 
transmissão, disponibilização ou transigência, tanto a título 
gratuito quanto oneroso.
Indivisibilidade
Os direitos humanos são indivisíveis, ou seja, pela sua 
natureza não podem ser decompostos. Como possuem 
uma composição uniforme, que não permite distinguir seus 
componentes, formando um todo homogêneo, sua eventual 
dissociação acabaria por desconfigurá-los. Não obstante as 
disposições sejam autônomas, o conjunto de normas é uno, 
incindível.
efetividade
Os direitos humanos são efetivos. Não basta o singelo 
reconhecimento abstrato de sua existência pelos Estados. 
O Poder Público deve responsabilizar-se pela sua aplicação 
de maneira incontestável, não podendo tais direitos existirem 
apenas no âmbito da subjetividade humana.
essencialidade
Os direitos humanos são essenciais, na medida de cons‑
tituir preceitos excepcionais e inerentes ao homem, que 
protegem interesses fundamentais e indispensáveis para a 
sua sobrevivência.
São direitos revestidos de imprescindibilidade, cuja tutela é 
vital para a própria existência da pessoa humana
Relatividade
Admite-se a relatividade dos direitos humanos como 
saída teórica para uma insustentável (do ponto de vista 
prático) concepção intransigente acerca das características 
da universalidade e da irrenunciabilidade. Nesta linha, não 
se nega que diretos humanos colidem entre si e podem 
sofre restrições por ato estatal ou do próprio titular, O pró‑
prio Poder Constituinte Originário tratou, na Constituição 
Federal brasileira de promover de saída, algumas restrições 
a direitos fundamentais, do que são exemplos a vedação 
da associação par fins paramilitares, a pena de morte em 
caso de guerra, a prisão em flagrante delito (dispensada a 
autorização judicial), a garantia do direito de propriedade 
condicionado à observância de sua função social e o não 
cabimento de habeas corpus em relação a punições disci‑
plinares de natureza militar.
Imprescritibilidade
Enquanto instituto aplicável, na essência, a direitos 
patrimoniais, a prescrição não se aplica aos direitos hu‑
manos, ante sua natureza personalíssima e seu escopo de 
salvaguarda da dignidade da pessoa humana. Sendo assim, 
a prevenção, a repressão ou a reparação de violação a qual‑
quer direito humano jamais poderá deixar de ser levada a 
efeito por decurso de prazo.
Concorrência, Complementariedade ou 
Interdependência
Os direitos humanos são passiveis de exercício conco‑
mitante, como ocorre com a liberdade de expressão e a 
liberdade de religião, quando dos discursos proferidos em ce‑
rimonias e cultos, e com a liberdade de reunião e o direito de 
greve, no caso das assembleias grevistas. Esta característica, 
inclusive intrínseca a certos direitos humanos, nos casos em 
que deriva do outro ou nele encontra suporte (complemen‑
tariedade ou interdependência), como por exemplo, direito 
à vida/direito à saúde; direito à educação/direito à cultura; 
liberdade de ir e vir/habeas corpus; direito à privacidade/
sigilo das comunicações; liberdade de associação/direito à 
representação por sindicato, etc.
Constitucionalização
No plano doméstico sob a ótica da consolidação da sua 
qualificada força normativa, os direitos humanos são pre‑
vistos nas Constituições com vistas a obter proteção e cen‑
tralidade, auferidas por estarem enunciados no documento 
que direciona e vincula as demais normas do ordenamento 
jurídico, assim como pela experimentação dos efeitos da 
rigidez constitucional, sobretudo verificados a partir dos 
institutos da clausula pétrea e do controle de constitucio‑
nalidade (no Brasil, vigentes os sistemas concentrados e 
difuso desse controle).
Supremacia
Decorrência da sua constitucionalização, os direitos 
humanos alcançam força normativa destacada, dentro do 
ordenamento jurídico, a ponto de direcionar, vincular, limitar 
os poderes públicos constituídos. Subordinam-se aos direitos 
fundamentais os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário 
(incluindo aqueles que agem por sua delegação), os quais 
devem zelar, cada qual em seu campo de atuação, pelo res‑
peito, proteção e promoção desses direitos. A supremacia 
dos direitos fundamentais é material e formal. Material, na 
medida em que nenhum ato ou norma dos poderes consti‑
tuídos pode, em seu conteúdo, afrontar os direitos funda‑
mentais; e formal, porquanto o ordenamento jurídico não 
autoriza a supressão de direitos fundamentais por ato dos 
constituído, incluindo o legislador ordinário. Como conse‑
quência prática desta supremacia material e formal, tem-se: 
a inconstitucionalidade de normas incompatíveis com os 
direitos fundamentais; a não-recepção de normas anterio‑
res e não-conformes à Constituição; e por fim, a exigência 
de aplicação das normas jurídicas infraconstitucionais com 
adoção de sentido compatível com os direitos fundamentais 
e que melhor os otimize.
Aplicabilidade Imediata
Esta característica está inserta no §1º do art. 5º da Cons‑
tituição Federal, que estabelece que as ‘normas definidoras 
dos direitos e garantias fundamentais tem aplicação imedia-
ta’. Tal disposição na perspectiva do ordenamento jurídico 
nacional tem por finalidade marcar posição no sentido de 
que as normas de direitos humanos não são meramente 
programáticas ou simplesmente matrizes de outras normas, 
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mas têm aptidão para regular ações estatais e particulares 
(força normativa), de modo direito, ou seja, sem demandar 
a intermediação de outra norma que a regulamente. A apli‑
cabilidade imediata é característica que serve, sobretudo à 
proteção dos direitos humanos frente ao Poder Judiciário, 
que neles encontra aptidão para a solução de casos concretos 
e não simples diretrizes ou inspiração.
As arroladas características dos direitos humanos 
eleva-os à condição de normas nucleares do ordenamento 
jurídico brasileiro, de modo que sua supressão significa a 
implosão do próprio ordenamento. Não foi por outro moti‑
vo que o Poder Constituinte Originário tratou de colocar os 
direitos fundamentais sob o manto das cláusulas pétreas.
Congenialidade
Os direitos humanos são congênitos, pois pertencem ao 
indivíduo antes mesmo de seu nascimento, manifestam‑se 
espontaneamente e têm origem na própria condição hu‑
mana. São qualidades particulares ao homem, indepen‑
dentemente da existência do Estado. Assim sendo, não se 
condensam ao ordenamento jurídico interno, apesar da 
relevância do seu conteúdo.
Inexauribilidade
Os direitos humanos nunca se esgotam, pois são inexaurí‑
veis. Como estão conexos a valores, a todo momento podem 
ser somados novos direitos,sem que estes mais recentes 
desconfigurem os anteriores, mas ao contrário: o acréscimo 
reforça a concretização deles.
Proibição do Retrocesso
Os Estados estão expressamente proibidos de diminuir 
sua proteção aos direitos humanos em relação ao estágio 
em que se encontram. Tanto a norma interna quanto os 
Tratados Internacionais estão impossibilitados de estabelecer 
quaisquer condicionantes que reduzam ou eliminem direitos 
pregressamente determinados.
Teoria das Gerações ou Dimensões de Direitos 
Humanos
Sem maiores pretensões, a partir de uma relação mera‑
mente didática entre as etapas de reconhecimento dos direi‑
tos humanos e as cores da bandeira da França, associadas ao 
lema da Revolução Francesa, “liberdade, Igualdade, Fraterni‑
dade” atribuída ao jurista tcheco, naturalizado francês, Karel 
Vasak, surgiu a Teoria das Gerações de Direitos Humanos. 
A primeira geração: os direitos individuais
A primeira das gerações compreende os chamados di‑
reitos individuais. Foi a partir dos direitos individuais que os 
direitos humanos se expandiram.
Os direitos individuais podem ser vistos como direitos 
subjetivos oponíveis ao Estado. 
A titularidade desses diretos é do indivíduo (singular) 
enquanto que no polo passivo estão todos os demais e, 
principalmente, o Estado. Alguns direitos individuais, todavia, 
podem ser exercidos de forma coletiva, como é o caso da 
liberdade de associação.
A segunda geração: os direitos econômicos, sociais e 
culturais
Após a Primeira Guerra Mundial, veio com a Constituição 
Alemã de 1919 (Constituição de Weimar) uma nova gama 
de direitos humanos, contidos na Parte II da Carta Maior 
do País. Além dos direitos individuais, a Carta Maior trouxe 
em seu corpo seções dedicadas à vida social, à religião, 
à instrução e aos estabelecimentos de ensino, e por último 
à vida econômica. 
A Segunda Geração teve forte ligação com a igualdade 
e com os anseios da classe operária que começaram a se 
manifestar contra o sistema capitalista vigente. 
Percebe-se que o conteúdo dos direitos humanos cresce 
à medida em que as pessoas tem seus direitos declarados 
e, mais ainda quando eles são satisfeitos, o que faz surgir 
abertura para o surgimento de novas necessidades e, por 
conta disso, para a descoberta de novos direitos. 
A terceira geração: os direitos de solidariedade
Como as necessidades humanas aumentam com o desen‑
volvimento da sociedade e, principalmente, com a satisfação 
das necessidades anteriores, a evolução dos direitos huma‑
nos, ou melhor, o implemento do conteúdo do objeto de 
estudo dos direitos humanos não cessou com o surgimento 
dos direitos sociais. Essa nova etapa na evolução dos direitos 
humanos ficou conhecida como direitos de solidariedade ou 
de fraternidade.
Os direitos de solidariedade contemplam o direito à paz, 
ao desenvolvimento, ao meio ambiente sadio e ao patrimô‑
nio comum da humanidade.
Esses direitos têm titularidade coletiva e o sujeito passivo, 
é em regra o Estado. Podem ser colocados também como 
titulares desses direitos os Estados que tiveram a sua paz 
turbada por atitudes de outros sujeitos de direito interna‑
cional público.
Há doutrinadores que já entendem existentes a quarta 
e a quinta geração de direitos.
A quarta geração seriam os direitos à democracia, à 
informação e o direito ao pluralismo. 22 Já a quinta geração 
de direitos fundamentais seria o direito à paz. 
A teoria das gerações vem sendo criticada por suposta‑
mente atentar contra a universalidade, a indivisibilidade e 
a interdependência, características dos direitos humanos, 
essenciais para a sua efetividade, como explicitado na Decla‑
ração e Programa de Ação de Viena de 1993 (ONU). Por este 
motivo, há uma predileção atual em substituir-se o termo 
“gerações ”pelo termo “dimensões”.
AFIRMAÇÃO HISTÓRICA DOS DIReITOS 
HUMANOS
Imagina-se que os direitos humanos foram fruto da Se‑
gunda Guerra Mundial, no entanto, a evolução desse ramo 
do Direito começou muito tempo antes do massacre étnico 
que se deu sob os domínios da Alemanha Nazista.
Antiguidade
Já na Antiguidade, é possível encontrar instrumentos 
que podem ser equiparados às normas de proteção aos 
direitos humanos, como é o caso do Código de Hamurábi e 
da Lei de Talião.
O Código de Hamurábi foi criado no Século XVIII a.C. 
e se constitui como um antiquíssimo conjunto de normas 
da Mesopotâmia, elaborado pelo Rei Hamurábi, filho de 
Sinmuballit. Ele foi o sexto rei da primeira dinastia babilônica, 
denominada amoritas.
22 BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 7ª Ed. São Paulo: Malheiros; 
1998, p.525. 
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O Código de Hamurábi é um monumento de estrutura 
geológica, constituído por única e maciça rocha magmática 
de diorito, na qual o rei é retratado recebendo a insígnia 
do reinado e sobre o qual se dispõem 21 colunas de escrita 
cuneiforme assírio-babilônia desenvolvida pelos sumérios 
(afro-asiáticos), com 282 dispositivos em 3.600 linhas, que 
regulavam a conduta das pessoas na sociedade.
Havia regra para três classes diferentes:
1) Awelum: homens livres e de classe mais alta, que era
merecedora de maiores compensações por injúrias,
mas que arcava com multas maiores em face da prá‑
tica de ofensas;
2) Mushkenum: cidadão livre, mas de classe inferior e
com obrigações mais suaves; e
3) Wardum: escravo marcado que, apesar disso, poderia
possuir propriedade.
Aplicavam-se penas de morte (afogamento, fogueira, 
forca, empalação) mutilações corporais (cortar a língua, seio, 
orelha, arrancar olhos, dentes) e outras penas infamantes.
O Código de Hamurábi tinha por objetivo a implantação 
da justiça na Terra, com a destruição do mal e a prevenção 
da opressão do fraco pelo forte, propiciando o bem-estar do 
povo e a iluminação do mundo.
Seus dispositivos não diferenciavam prescrições civis, 
religiosas e morais.
Já a Lei das XII Tábuas, também denominada Lex Duo – 
Decim Tabularum ou simplesmente Duodecim Tabulae, em 
latim, constituía uma antiga legislação que se encontra na 
formação do direito romano.
A Lei das XII Tábuas foi promulgada entre os anos de 451 
e 450 a.C., tendo sido escrita em 12 tabletes de madeira, 
que foram afixados no fórum romano de forma que todas as 
pessoas pudessem lê-los e conhecer o seu conteúdo.
Originou-se para estabelecer a igualdade de direitos 
entre as diversas classes sociais, sendo vedada a beligerância 
privada.
Idade Média
A Idade Média (476 a 1453) teve como marco inicial 
a tomada do Império Romano do Ocidente pelos povos 
bárbaros e como termo a tomada de Constantinopla pelos 
turco-otomanos, e por mais incrível que possa parecer, 
trouxe maior proteção ao ser humano.
Na Alta Idade Média, também chamada Idade Média 
Antiga ou Antiguidade Tardia (Séculos V ao X), não houve 
evento que se destacasse a proteção dos direitos humanos. 
Já na Baixa Idade Média (Séculos XI ao XV), houve a elabora‑
ção do mais importante diploma sobre o tema até então: a 
Magna Carta, do Rei João Sem Terra (Lackland), como assim 
ficou conhecido. Isso porque não recebeu terras em herança, 
ao contrário de seu irmão mais velho.
A Magna Carta foi um instrumento elaborado em 15 de 
junho de 1215 que restringiu o poder do Rei João da Inglater‑
ra, que a assinou, bem como de seus sucessores, obstando 
o exercício de um poder pleno.
A Magna Carta foi criada em face de desinteligências 
entre o Rei João, o Papa Inocêncio e os barões ingleses sobre 
as prerrogativas do distinto monarca.
Em consonância com os termos da Magna Carta, João 
deveria abjurar determinados direitos, obedecer a certos 
procedimentos legais e admitir como verdade que a vontade 
do imperador estaria submissa à lei.
Idade Moderna
A Idade Moderna (1453 a 1789), que se iniciou com a 
tomada de Constantinopla pelosturco-otomanos e terminou 
com a Revolução Francesa, caracterizou-se pela conquista da 
proteção aos direitos humanos.
Face a estes acontecimentos, decorrentes do processo 
de maturação da sociedade e do desenvolvimento social e 
histórico surgiram várias declarações de direitos.
Tratado de Westfália (Alemanha, 1648)
Com o advento da Idade Moderna, mais precisamente 
no século XVII, no ano de 1648, foram assinados os Tratados 
de Westfália, que levaram a termo a penosa e grave Guerra 
dos Trinta Anos (1618 a 1648) entre os católicos e protes‑
tantes. Os países protestantes foram reconhecidos (Tratado 
de Osnabruck) e os católicos obtiveram sua independência 
da Igreja (Tratado de Munster).
Conforme ensina Malheiro, estes Tratados foram os pri‑
meiros documentos a trazer uma configuração dos “Estados” 
bastante similar à que conhecemos hoje e a estabelecer entre 
eles uma concepção de equilíbrio, conhecida como “Princípio 
da igualdade formal”.
Os Estados, então, renunciaram sua consideração a uma 
hesitante hierarquia internacional fundamentada na religião 
e não mais conceberam nenhum outro poder superior por 
si sós, o que foi denominado soberania.
Bill Of Rights (Inglaterra, 1689)
O Bill of Rights foi criado na Inglaterra, em 13 de fevereiro 
de 1689, reprisou as normas da Magna Carta e destacou a 
independência do Parlamento, sendo considerado a gênese 
do princípio da separação dos poderes. Com ele, a população 
teria as liberdades de expressão e política, além da tolerân‑
cia – e não liberdade – religiosa.
Declaração de Direitos da Virgínia (eUA, 1776)
A Declaração de Direitos da Virgínia, de concepção ilumi‑
nista, foi elaborada em Willinasburg (EUA), em 12 de junho 
de 1776, insere-se no contexto da Alfétena pela insubmissão 
americana e precede a Declaração de Independência dos 
Estados Unidos da América.
Declaração de Independência dos estados Unidos da 
América
A Declaração de Independência dos Estados Unidos da 
América, foi ratificada em 4 de julho de 1776 e representou 
o ato inaugural da democracia moderna.
Estabeleceu a separação entre as 13 colônias da América 
do Norte e o Reino Unido. Em seu texto, determinou a repre‑
sentação do povo com a restrição dos poderes do governo e 
a inalienabilidade dos direitos humanos.
Constituição dos estados Unidos da América
Entre 25 de maio e 17 de setembro de 1787, foram reali‑
zadas as discussões e houve a aprovação da primeira e única 
Constituição dos Estados Unidos da América, pela Convenção 
Constitucional da Filadélfia, na Pensilvânia. Os autores da 
Constituição americana foram influenciados pelo pacifismo 
e contrários ao uso político-econômico das guerras.
Cuida-se da segunda Constituição mais antiga do mundo, 
que ainda está em vigor, pois a primeira é a de San Marino, 
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que vigora desde 1600. A Constituição americana prega uma 
autonomia política para os Estados integrantes da federação 
e um poder central forte.
O diploma prevê um sistema de modificações, mediante 
emendas que, atualmente, são 27. As dez primeiras emendas 
são designadas por Carta de Direitos dos Estados Unidos (Bill 
of Rights – 1791), pois contém os direitos do cidadão perante 
o poder do Estado. Não houve consenso para a sua inserção
no texto original da Constituição.
Idade Contemporânea
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão 
(França, 1789)
A Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão foi 
inspirada na Revolução Estadunidense, ocorrida em 1776, 
e nos ideais filosóficos iluministas. No dia 26 de agosto de 
1789, a Assembleia Nacional Constituinte da França apro‑
vou-a, tendo sido votada definitivamente em 2 de outubro 
do mesmo ano.
Com 17 artigos e um preâmbulo de ideais libertários e 
liberais, proclamou as liberdades e dos direitos fundamentais 
do homem. O seu objetivo foi universalizar os princípios de 
liberdade, igualdade e fraternidade; prega um Estado laico, 
o direito de associação política, o princípio da reserva legal,
da anterioridade e do estado de inocência, além da livre 
manifestação do pensamento.
Igualmente, prevê em seu texto, que a finalidade de toda 
associação política é a conservação dos direitos naturais e 
imprescritíveis do homem. Esses direitos são a liberdade, 
a propriedade, a segurança e a resistência à opressão.
De acordo com o diploma, ninguém pode ser acusado, 
preso ou detido senão nos casos determinados pela lei e 
de acordo com as formas por ela prescritas. Aqueles que 
solicitarem, expedirem, executarem ou mandarem executar 
ordens arbitrárias deverão ser punidos; mas qualquer cida‑
dão convocado ou detido em virtude da lei deve obedecer 
imediatamente, sob pena de ser culpado de resistência. Em 
conformidade com a Declaração, a sociedade tem o direito 
de pedir contas a todo agente público pela sua administração.
Constituição Mexicana (México, 1917)
A atual Constituição Mexicana remonta o ano de 1917 e 
foi promulgada em 5 de fevereiro daquele ano, tendo sofrido 
diversas alterações desde então.
A repercussão mundial e mesmo na América Latina foi 
mínima. No entanto, as regras relacionadas ao trabalho e à 
proteção social foram bastante revolucionárias para a época. 
A Carta Suprema do México caracteriza-se pelo anticlerica‑
lismo, agrarismo, sensibilidade social e nacionalismo. Ela 
traz um elenco de direitos do trabalhador e demostra certa 
hostilidade em relação ao poder econômico.
Constituição Alemã (de Weimar, Alemanha 1919)
Tendo assinado o Tratado de Versalhes, em 28 de junho 
de 1919, a Alemanha precisava elaborar uma nova Cons‑
tituição, principalmente para romper com o seu passado 
e também para o estabelecimento de novos direitos que 
colocassem em destaque a proteção do ser humano.
O Tratado produziu um choque e grande humilhação à 
população, já que a Alemanha foi obrigada a reconhecer 
a independência da Áustria, além de perder todas as suas 
colônias arquipelágicas, assim como aquelas localizadas no 
continente africano. Teve também que admitir uma restrição 
ao tamanho de seus exércitos e se obrigar a ressarcir todos 
os Estados vencedores da Primeira Guerra Mundial. Nesse 
contexto, nasceu a Constituição Alemã, assinada em 11 de 
agosto de 1919.
A estrutura da Constituição de Weimar é claramente 
dualista: a primeira parte teve por objetivo a organização 
do Estado, enquanto a segunda parte apresentava a decla‑
ração dos direitos e deveres fundamentais, acrescentando 
às clássicas liberdades individuais os novos direitos de 
conteúdo social.
Direitos Humanos e a Segunda Guerra Mundial
A Segunda Guerra Mundial teve início com a invasão 
da Polônia, em 1º de setembro de 1939, e findou em 2 de 
setembro de 1945, com a assinatura da rendição formal 
do Japão, a bordo do encouraçado Missouri, na baía de 
Tóquio. Na verdade, a Segunda Guerra Mundial começou 
muito antes, pois menos de um mês, após a promulgação da 
Constituição Alemã, fundou-se, em setembro do mesmo ano, 
numa cervejaria em Munique, o Partido Operário Alemão. 
Encontrava‑se entre os indivíduos que se reuniram para a 
sua criação um jovem cabo austríaco chamado Adolf Hitler. 
O Partido transformou-se, em 1920, no Partido Nacional 
Socialista dos Trabalhadores Alemães e sob essa denomina‑
ção foi mal preparado um golpe de Estado, em 1923. Tendo 
fracassado na Baviera, Adolf Hitler foi condenado à prisão, 
cumprindo apenas oito meses da pena de cinco anos que 
tinha sido aplicada. Uma vez em liberdade, Hitler reorganizou 
seu partido, determinou o seu programa de ação e criou uma 
força armada para apoiar as reivindicações políticas.
Em 1930, o seu partido já possuía 107 Deputados no 
Poder, e em 30 de janeiro de 1933, ele foi nomeado chan‑
celer pelo então Presidente alemão, Paul von Hindenburg. 
Com a morte do Presidente, em 2 de agosto de 1934, Hitler 
ascendeao Poder.
Vale destacar, que em 14 de outubro de 1933, a Ale‑
manha se retirou da Conferência Geral do Desarmamento, 
em Genebra. Uma semana depois, recolheu-se da Liga das 
Nações.
O serviço militar foi restabelecido em março de 1935 e 
um exército de mais de 500 mil homens foi criado. Em 12 
de março de 1938, as tropas alemãs penetraram na Áustria, 
e em 10 de abril do mesmo ano, realiza-se um plebiscito em 
que 99,7% dos austríacos aprovam a união com a Alemanha. 
Os que se opuseram foram encaminhados ao cárcere.
Na madrugada de 1º de setembro de 1939, a Alemanha 
atravessou a fronteira polonesa sem aviso prévio e, sem que 
se desse conta, Adolf Hitler desencadeou a Segunda Guerra 
Mundial. Inúmeros acontecimentos entre 1º de setembro 
de 1939 e 2 de setembro de 1945 (fim da Segunda grande 
Guerra) destroçaram a proteção aos direitos humanos no 
cenário das relações exteriores.
É inegável que com o advento da conflagração global e 
dos massacres perpetrados, os direitos humanos entraram 
em colapso severo. No entanto, com o término dos conflitos, 
houve um desenvolvimento sem precedentes em sua histó‑
ria com o surgimento de inúmeros tratados internacionais 
cuidando do tema.
Tanto a Primeira Guerra Mundial (agosto de 1914 a 
novembro de 1918), cujo triste epílogo trouxe consigo o 
legado da perda de mais de oito milhões de pessoas, quanto 
a Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945), com todos os seus 
atos cruéis, desumanos, atrozes e mais de 45 milhões de 
mortos, serviram para apresentar ao mundo a necessidade 
inquietante e imediata de proteção dos direitos humanos na 
dimensão internacional.
A primeira manifestação dessa proteção, mostrou a sua 
face com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 
1948, que foi a base de outros diplomas internacionais, 
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como o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos 
e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e 
Culturais, ambos em 1966.
Na verdade, o que se buscou foi a reconstrução da dou‑
trina de direitos humanos. Nesse aspecto, cumpre ressaltar a 
diferença doutrinária entre as proficientes expressões direi-
tos do homem, direitos humanos e direitos fundamentais.
Direito do homem é a expressão que se refere aos di‑
reitos naturais ainda não positivados, capazes de proteger 
o ser humano na esfera mundial.
Direitos humanos são aqueles consignados em tratados 
e convenções internacionais.
Já os direitos fundamentais estão relacionados àqueles 
que visam à proteção do homem e que estão registrados nas 
Constituições dos Estados.
O SISTeMA INTeRNACIONAL De 
PROTeÇÃO e PROMOÇÃO DOS DIReITOS 
HUMANOS: ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕeS 
UNIDAS (ONU)
A preocupação com a questão dos direitos humanos é 
antiga, embora sua positivação internacional seja fenômeno 
recente, fruto de um processo que se inicia no pós-Segunda 
Guerra Mundial. Os principais instrumentos internacionais 
de proteção desses direitos surgem inicialmente como uma 
tentativa de se evitar a repetição das violações cometidas por 
sistemas totalitários, como o fascismo e o nazismo. A partir 
daí o tema dos direitos humanos passou a possuir status 
obrigatório na agenda internacional.
Em virtude desse processo, proliferam-se convenções 
de âmbito internacional estabelecendo garantias mínimas 
ao bem-estar da pessoa humana, cujo instrumento mais 
conhecido é a Declaração Universal dos Direitos do Homem, 
assinada em 10 de dezembro de 1948 no âmbito da Assem‑
bleia-Geral das Nações Unidas. A partir da assinatura dessa 
Declaração, a proteção dos direitos humanos passaria a ser 
considerada não mais como assunto interno de cada Estado, 
mas como foco do interesse comum de toda a humanidade. 
Esse processo de universalização dos direitos humanos, por 
sua vez, acarretou a formação de sistemas de proteção vol‑
tados à garantia desses direitos como o Sistema Global ou 
Universal de Proteção, que se formou nas Nações Unidas, 
e os Sistemas de Regionais de Proteção: Europeu, Americano 
e Africano. Desenvolve-se, assim, o que se denominou Direito 
Internacional dos Direitos Humanos.
Sistema Global ou Universal
O Sistema Global ou Universal de proteção é comandado 
pela Organização das Nações Unidas – ONU.
A Organização das Nações Unidas, também conhecida 
pela sigla ONU, é uma organização internacional formada 
por países que se reuniram voluntariamente para trabalhar 
pela paz e o desenvolvimento mundial.
O preâmbulo da Carta das Nações Unidas – documento 
de fundação da Organização – expressa os ideais e os pro‑
pósitos dos povos cujos governos se uniram para constituir 
as Nações Unidas.
História da ONU
Depois da II Guerra Mundial, que devastou dezenas de 
países e tomou a vida de milhões de seres humanos, existia 
na comunidade internacional um sentimento generalizado 
de que era necessário encontrar uma forma de manter a 
paz entre os países.
Porém, a ideia de criar a ONU não surgiu de uma hora 
para outra. Foram necessários anos de planejamento e 
dezenas de horas de discussões antes do surgimento da 
Organização.
O nome “Nações Unidas” foi concebido pelo presidente 
norte-americano Franklin Roosevelt e utilizado pela primeira 
vez na Declaração das Nações Unidas, de 1º de janeiro de 
1942, quando os representantes de 26 países assumiram o 
compromisso de que seus governos continuariam lutando 
contra as potências do Eixo.
A Carta das Nações Unidas foi elaborada pelos represen‑
tantes de 50 países presentes à Conferência sobre Organiza‑
ção Internacional, que se reuniu em São Francisco de 25 de 
abril a 26 de junho de 1945.
As Nações Unidas, entretanto, começaram a existir ofi‑
cialmente em 24 de outubro de 1945, após a ratificação da 
Carta por China, Estados Unidos, França, Reino Unido e a 
ex-União Soviética, bem como pela maioria dos signatários. 
O dia 24 de outubro é comemorado em todo o mundo como 
o “Dia das Nações Unidas”.
O Brasil ratificou a Carta em 22 de outubro de 1945 
(Decreto nº 19.841). O Estatuto da Corte Internacional de 
Justiça faz parte integrante da Carta.
Sede da ONU
Durante a primeira reunião da Assembleia Geral, que 
aconteceu na capital do Reino Unido, Londres, em 1946, 
ficou decidido que a sede permanente da Organização seria 
nos Estados Unidos.
Em dezembro de 1946, John D. Rockefeller Jr. ofereceu 
cerca de oito milhões de dólares para a compra de parte dos 
terrenos na margem do East River, na ilha de Manhattan, em 
Nova York. A cidade de NY ofereceu o restante dos terrenos 
para possibilitar a construção da sede da Organização.
Hoje em dia, a estrutura central da ONU fica em Nova 
York, com sedes também em Genebra (Suíça), Viena (Áustria), 
Nairóbi (Quênia), Addis Abeba (Etiópia), Bangkok (Tailândia), 
Beirute (Líbano) e Santiago (Chile), além de escritórios espa‑
lhados em grande parte do mundo.
Propósitos da ONU
• Manter a paz e a segurança internacionais.
• Desenvolver relações amistosas entre as nações.
• Realizar a cooperação internacional para resolver os
problemas mundiais de caráter econômico, social,
cultural e humanitário, promovendo o respeito aos
direitos humanos e às liberdades fundamentais.
• Ser um centro destinado a harmonizar a ação dos povos
para a consecução desses objetivos comuns.
Princípios da ONU
As Nações Unidas agem de acordo com os seguintes 
princípios:
• todos os membros se obrigam a cumprir de boa-fé os
compromissos da Carta;
• todos deverão resolver suas controvérsias internacio‑
nais por meios pacíficos, de modo que não sejam ame‑
açadas a paz, a segurança e a justiça internacionais;
• todos deverão abster-se em suas relações internacio‑
nais de recorrer à ameaça ou ao emprego da força
contra outros Estados;
• Todos deverão dar assistência às Nações Unidas em
qualquer medida que a Organização tomar em con‑
formidadecom os preceitos da Carta, abstendo-se de
prestar auxílio a qualquer Estado contra o qual as Na‑
ções Unidas agirem de modo preventivo ou coercitivo;
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• cabe às Nações Unidas fazer com que os Estado, que
não são membros da Organização, ajam de acordo
com esses princípios em tudo quanto for necessário à
manutenção da paz e da segurança internacionais;
• nenhum preceito da Carta autoriza as Nações Unidas a
intervir em assuntos que são essencialmente da alçada
nacional de cada país.
estrutura da ONU
De acordo com a Carta, a ONU, para que pudesse aten‑
der seus múltiplos mandatos, teria seis órgãos principais, 
a Assembleia Geral, o Conselho de Segurança, o Conselho 
econômico e Social, o Conselho de Tutela, a Corte Interna-
cional de Justiça e o Secretariado.
A Assembleia Geral
A Assembleia Geral da ONU é o principal órgão delibera‑
tivo da ONU. É lá que todos os Estados-Membros da Orga‑
nização (193 países23) se reúnem para discutir os assuntos 
que afetam a vida de todos os habitantes do planeta. Na 
Assembleia Geral, todos os países têm direito a um voto, 
ou seja, existe total igualdade entre todos seus membros.
Atenção!
O Brasil participa dos processos de tomada de decisão e 
do trabalho das Nações Unidas principalmente por meio 
de quatro representações permanentes – nas cidades de 
Nova York (Estados Unidos), Genebra (Suíça), Roma (Itália) 
e Paris (França).
A função das representações é acompanhar de perto a 
agenda da ONU, ter informações mais específicas sobre os 
trabalhos e ampliar a participação do País no Sistema. As des‑
pesas destas representações são inteiramente custeadas 
pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
Assuntos em pauta na Assembleia Geral: paz e seguran‑
ça, aprovação de novos membros, questões de orçamento, 
desarmamento, cooperação internacional em todas as áreas, 
direitos humanos etc. As resoluções – votadas e aprovadas – 
da Assembleia Geral funcionam como recomendações e não 
são obrigatórias.
Principais Funções da Assembleia Geral da ONU
• Discutir e fazer recomendações sobre todos os assun‑
tos em pauta na ONU.
• Discutir questões ligadas a conflitos militares – com
exceção daqueles na pauta do Conselho de Segurança.
• Discutir formas e meios para melhorar as condições
de vida das crianças, dos jovens e das mulheres.
• Discutir assuntos ligados ao desenvolvimento susten‑
tável, meio ambiente e direitos humanos.
• Decidir as contribuições dos Estados-Membros e como
estas contribuições devem ser gastas.
• Eleger os novos Secretários-Gerais da Organização.
23 A ONU possui hoje 193 Países-membros, dos quais 51 são membros fundadores, 
e o Brasil é um deles. Chamam-se Membros-Fundadores das Nações Unidas 
os países que assinaram a Declaração das Nações Unidas de 1º de janeiro de 
1942 ou que tomaram parte da Conferência de São Francisco, tendo assinado e 
ratificado a Carta. Outros países podem ingressar nas Nações Unidas por deci‑
são da Assembleia-Geral mediante recomendação do Conselho de Segurança. 
Por outro lado, também é possível a suspensão ou expulsão de um membro. 
A suspensão pode ocorrer quando o Conselho de Segurança tomar medidas 
preventivas ou coercitivas contra um Estado-Membro, cabendo a expulsão 
sempre que houver uma violação persistente dos preceitos da Carta.
Conselho de Segurança
O Conselho de Segurança é o órgão da ONU responsá‑
vel pela paz e segurança internacionais. Ele é formado por 
15 membros: cinco permanentes, que possuem o direito 
a veto – Estados Unidos, Rússia, Grã-Bretanha, França e 
China – e dez membros não-permanentes, eleitos pela 
Assembleia-Geral por dois anos.
Vale destacar, que o Conselho de Segurança é o único 
órgão da ONU que tem poder decisório, isto é, todos os 
membros das Nações Unidas devem aceitar e cumprir as 
decisões do Conselho.
Principais Funções
• Manter a paz e a segurança internacional.
• Determinar a criação, continuação e encerramento das
Missões de Paz, de acordo com os Capítulos VI, VII e
VIII da Carta.
• Investigar toda situação que possa vir a se transformar
em um conflito internacional.
• Recomendar métodos de diálogo entre os países.
• Elaborar planos de regulamentação de armamentos.
• Determinar se existe uma ameaça para a paz.
• Solicitar aos países que apliquem sanções econômicas
e outras medidas para impedir ou deter alguma agres‑
são.
• Recomendar o ingresso de novos membros na ONU.
• Recomendar para a Assembleia Geral a eleição de um
novo Secretário-Geral.
Conselho econômico e Social
O Conselho Econômico e Social (ECOSOC), composto por 
54 (cinquenta e quatro) membros é o órgão coordenador do 
trabalho econômico e social da ONU, das Agências Especia‑
lizadas e das demais instituições integrantes do Sistema das 
Nações Unidas.
O Conselho formula recomendações e inicia atividades 
relacionadas com o desenvolvimento, comércio internacio‑
nal, industrialização, recursos naturais, direitos humanos, 
condição da mulher, população, ciência e tecnologia, pre‑
venção do crime, bem-estar social e muitas outras questões 
econômicas e sociais.
Principais Funções
• Coordenar o trabalho econômico e social da ONU e das
instituições e organismos especializados do Sistema.
• Colaborar com os programas da ONU.
• Desenvolver pesquisas e relatórios sobre questões
econômicas e sociais.
• Promover o respeito aos direitos humanos e as liber‑
dades fundamentais.
Conselho de Tutela
Segundo a Carta, cabia ao Conselho de Tutela a su‑
pervisão da administração dos territórios sob regime de 
tutela internacional. As principais metas desse regime de 
tutela consistiam em promover o progresso dos habitantes 
dos territórios e desenvolver condições para a progressiva 
independência e estabelecimento de um governo próprio.
Os objetivos do Conselho de Tutela foram tão ampla‑
mente atingidos que os territórios, inicialmente sob esse 
regime – em sua maioria países da África – alcançaram, 
ao longo dos últimos anos, sua independência. Tanto assim, 
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que em 19 de novembro de 1994, o Conselho de Tutela sus‑
pendeu suas atividades, após quase meio século de luta em 
favor da autodeterminação dos povos. A decisão foi tomada 
após o encerramento do acordo de tutela sobre o território 
de Palau, no Pacífico. Palau, último território do mundo que 
ainda era tutelado pela ONU, tornou-se então um Estado 
soberano, membro das Nações Unidas.
Corte Internacional de Justiça
A Corte Internacional de Justiça, com sede em Haia 
(Holanda), é o principal órgão judiciário das Nações Unidas. 
Todos os países que fazem parte do Estatuto da Corte – que 
é parte da Carta das Nações Unidas – podem recorrer a ela. 
Somente países, nunca indivíduos, podem pedir pareceres 
à Corte Internacional de Justiça.
Além disso, a Assembleia Geral e o Conselho de Segu‑
rança podem solicitar à Corte pareceres sobre quaisquer 
questões jurídicas, assim como os outros órgãos das Nações 
Unidas.
A Corte Internacional de Justiça se compõe de quinze 
juízes chamados “membros” da Corte. São eleitos pela As‑
sembleia Geral e pelo Conselho de Segurança em escrutínios 
separados.
Secretariado
O Secretariado presta serviço a outros órgãos das Nações 
Unidas e administra os programas e políticas que elabo‑
ram. Seu chefe é o secretário-geral, que é nomeado pela 
Assembleia Geral, seguindo recomendação do Conselho de 
Segurança.
Principais Funções
• Administrar as forças de paz.
• Analisar problemas econômicos e sociais.
• Preparar relatórios sobre meio ambiente ou direitos
humanos.
• Sensibilizar a opinião pública internacional sobre o
trabalho da ONU.
• Organizar conferências internacionais.
• Traduzir todos os documentos oficiais da ONU nas seis
línguas oficiais da Organização.DeCReTO Nº 19.841, De 22 De OUTUBRO 
De 1945
Promulga a Carta das Nações 
Unidas, da qual faz parte inte-
grante o anexo Estatuto da Corte 
Internacional de Justiça, assinada 
em São Francisco, a 26 de junho de 
1945, por ocasião da Conferência 
de Organização Internacional das 
Nações Unidas.
O PReSIDeNTe DA RePÚBLICA, tendo em vista que foi 
aprovada a 4 de setembro e ratifica a 12 de setembro de 
1945. Pelo governo brasileiro a Carta das nações Unidas, 
da qual faz parte integrante o anexo Estatuto da Corte In‑
ternacional de Justiça, assinada em São Francisco, a 26 de 
junho de 1945, por ocasião da Conferencia de Organização 
Internacional da Nações Unidas; e
Havendo sido o referido instrumento de ratificação 
depositado nos arquivos do Governo do Estados Unidos da 
América a 21 de setembro de 1945 e usando da atribuição 
que lhe confere o atr. 74, letra a da Constituição,
DeCReTA:
Art. 1º fica promulgada a Carta da Nações Unidas apensa 
por cópia ao presente decreto, da qual faz parte integrante 
o anexo Estatuto da Corte Internacional de Justiça, assinada
em São Francisco, a 26 de junho de 1945.
Art. 2º Este decreto entrará em vigor na data de sua 
publicação.
Rio de Janeiro, 22 de outubro de 1945, 124º da Indepen‑
dência e 57º da República.
GETÚLIO VARGAS 
P. Leão Velloso
Faço saber, aos que a presente Carta de ratificação vie‑
rem, que, entre a República dos Estados Unidos e os países 
representados na Conferência das Nações Unidas sobre 
Organização Internacional, foi concluída e assinada, pelos 
respectivos Plenipotenciários, em São Francisco, a 26 de 
junho de 1945, a Carta das Nações Unidas, da qual faz parte 
integrante o anexo Estatuto da Corte Internacional de Justiça, 
tudo do teor seguinte:
CARTA DAS NAÇÕeS UNIDAS
NÓS, OS POVOS DAS NAÇÕES UNIDAS, RESOLVIDOS
a preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra, 
que por duas vezes, no espaço da nossa vida, trouxe so‑
frimentos indizíveis à humanidade, e a reafirmar a fé nos 
direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor 
do ser humano, na igualdade de direito dos homens e das 
mulheres, assim como das nações grandes e pequenas, e a 
estabelecer condições sob as quais a justiça e o respeito às 
obrigações decorrentes de tratados e de outras fontes do 
direito internacional possam ser mantidos, e
a promover o progresso social e melhores condições de 
vida dentro de uma liberdade ampla.
E para tais fins
praticar a tolerância e viver em paz, uns com os outros, 
como bons vizinhos, e
unir as nossas forças para manter a paz e a segurança 
internacionais, e a garantir, pela aceitação de princípios e a 
instituição dos métodos, que a força armada não será usada 
a não ser no interesse comum,
a empregar um mecanismo internacional para promover 
o progresso econômico e social de todos os povos.
Resolvemos conjugar nossos esforços para a consecução 
desses objetivos.
Em vista disso, nossos respectivos Governos, por intermé‑
dio de representantes reunidos na cidade de São Francisco, 
depois de exibirem seus plenos poderes, que foram achados 
em boa e devida forma, concordaram com a presente Carta 
das Nações Unidas e estabelecem, por meio dela, uma or‑
ganização internacional que será conhecida pelo nome de 
Nações Unidas.
CAPÍTULO I
Propósitos e Princípios
Artigo 1º Os propósitos das Nações unidas são:
1. Manter a paz e a segurança internacionais e, para esse
fim: tomar, coletivamente, medidas efetivas para evitar ame‑
aças à paz e reprimir os atos de agressão ou outra qualquer 
ruptura da paz e chegar, por meios pacíficos e de conformi‑
dade com os princípios da justiça e do direito internacional, 
a um ajuste ou solução das controvérsias ou situações que 
possam levar a uma perturbação da paz;
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2. Desenvolver relações amistosas entre as nações,
baseadas no respeito ao princípio de igualdade de direitos 
e de autodeterminação dos povos, e tomar outras medidas 
apropriadas ao fortalecimento da paz universal;
3. Conseguir uma cooperação internacional para resolver
os problemas internacionais de caráter econômico, social, 
cultural ou humanitário, e para promover e estimular o 
respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais 
para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião; e
4. Ser um centro destinado a harmonizar a ação das
nações para a consecução desses objetivos comuns.
Artigo 2º A Organização e seus Membros, para a reali‑
zação dos propósitos mencionados no Artigo 1, agirão de 
acordo com os seguintes Princípios:
1. A Organização é baseada no princípio da igualdade de
todos os seus Membros.
2. Todos os Membros, a fim de assegurarem para todos
em geral os direitos e vantagens resultantes de sua qualidade 
de Membros, deverão cumprir de boa fé as obrigações por 
eles assumidas de acordo com a presente Carta.
3. Todos os Membros deverão resolver suas controvérsias
internacionais por meios pacíficos, de modo que não sejam 
ameaçadas a paz, a segurança e a justiça internacionais.
4. Todos os Membros deverão evitar em suas relações
internacionais a ameaça ou o uso da força contra a integrida‑
de territorial ou a dependência política de qualquer Estado, 
ou qualquer outra ação incompatível com os Propósitos das 
Nações Unidas.
5. Todos os Membros darão às Nações toda assistência
em qualquer ação a que elas recorrerem de acordo com a 
presente Carta e se absterão de dar auxílio a qual Estado 
contra o qual as Nações Unidas agirem de modo preventivo 
ou coercitivo.
6. A Organização fará com que os Estados que não são
Membros das Nações Unidas ajam de acordo com esses 
Princípios em tudo quanto for necessário à manutenção da 
paz e da segurança internacionais.
7. Nenhum dispositivo da presente Carta autorizará as
Nações Unidas a intervirem em assuntos que dependam 
essencialmente da jurisdição de qualquer Estado ou obrigará 
os Membros a submeterem tais assuntos a uma solução, 
nos termos da presente Carta; este princípio, porém, não 
prejudicará a aplicação das medidas coercitivas constantes 
do Capitulo VII.
CAPÍTULO II
Dos Membros
Artigo 3º Os Membros originais das Nações Unidas serão 
os Estados que, tendo participado da Conferência das Nações 
Unidas sobre a Organização Internacional, realizada em São 
Francisco, ou, tendo assinado previamente a Declaração 
das Nações Unidas, de 1 de janeiro de 1942, assinarem a 
presente Carta, e a ratificarem, de acordo com o Artigo 110.
Artigo 4º 1. A admissão como Membro das Nações 
Unidas fica aberta a todos os Estados amantes da paz que 
aceitarem as obrigações contidas na presente Carta e que, 
a juízo da Organização, estiverem aptos e dispostos a cumprir 
tais obrigações.
2. A admissão de qualquer desses Estados como Mem‑
bros das Nações Unidas será efetuada por decisão da As‑
sembleia Geral, mediante recomendação do Conselho de 
Segurança.
Artigo 5º O Membro das Nações Unidas, contra o qual 
for levada a efeito ação preventiva ou coercitiva por parte 
do Conselho de Segurança, poderá ser suspenso do exercício 
dos direitos e privilégios de Membro pela Assembleia Geral, 
mediante recomendação do Conselho de Segurança. O exer‑
cício desses direitos e privilégios poderá ser restabelecido 
pelo conselho de Segurança.
Artigo 6º O Membro das Nações Unidas que houver 
violado persistentemente os Princípios contidos na presente 
Carta, poderá ser expulso da Organização pela Assembleia 
Geral mediante recomendação do Conselho de Segurança.
CAPÍTULO III
Órgãos
Artigo 7º 1. Ficam estabelecidos como órgãos principais 
das Nações Unidas: uma Assembleia Geral, um Conselho de 
Segurança, um Conselho Econômico e Social, um conselho de 
Tutela, uma Corte Internacional de Justiça e um Secretariado.
2. Serão estabelecidos, de acordo com a presente Carta,
os órgãos subsidiários

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