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linguistica unidade 1 estudo

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Oi! Tudo bem?
Te convido a fazer um percurso instigador pelo universo da Linguística. Os temas que estudarás fazem parte da disciplina nomeada “Linguística Avançada” e esse nome nos guia para estudos mais à frente, mais aprofundados sobre as questões que envolvem a linguagem, o discurso, o texto, o contexto e a enunciação.
Para que teus estudos sejam bem contemplados, será necessária a pesquisa, e indico que busques por sites acadêmicos, nos quais encontrarás livros disponibilizados em PDF – quando de domínio público –, artigos, monografias, dissertações e teses que muito te auxiliarão na ampliação do conteúdo, pois trazem discussões acadêmicas na área e te indicam bibliografias. As referências são de extrema importância para um estudante, pois levam ao aprofundamento do saber a partir da leitura nas primeiras fontes, ou seja, nos autores basilares das teorias, que guiaram as discussões que encontrarás nas produções acadêmicas que já citei acima e que te nortearão em tuas produções, como a contextualizada, entre outras produções acadêmicas que te serão necessárias no percurso universitário, especialmente no futuro TCC.
Nesta unidade, abordaremos os conceitos de língua – fala – discurso; o estudo da linguagem sob as perspectivas estruturalista, funcionalista, cognitivista, distribucional, bem como as funções da linguagem.
É necessário salientar que é uma unidade importante, basilar, pois retoma estudos que já fizestes e que precisam ser rememorados para seguirmos no aprofundamento do conteúdo geral da disciplina.
Com o aprofundamento desses temas, deverás refletir acerca dos conceitos aqui tratados e pesquisar, fazer novas leituras, para ampliar o teu conhecimento e amadurecê-lo academicamente.
Pois bem, iniciemos a nossa proposta!
Patrícia Pinheiro
Olá! Eu sou Patrícia Pinheiro, professora de línguas e de linguística, apaixonada pela área. Graduada em Letras Português-Inglês e Letras Português-Espanhol, pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. Fiz meu Mestrado na Universidade Federal da Paraíba – UFPB e pesquisei o ensino-aprendizagem de língua estrangeira, no caso, Inglês, tendo como base as teorias de Saussure e de Gilles Fauconnier. 
A linguística, essa minha grande paixão, tem me guiado ao longo de meu percurso acadêmico, tenha sido enquanto estudante ou enquanto profissional. Passei por grupos de estudo e pesquisa, nas áreas de línguas indígenas, produção da fala de bebês, dêiticos gestuais e os processos de ensino-aprendizagem de língua.
Tenho atuado como professora, nas disciplinas que abordam os processos de uma língua: históricos, morfológicos, sintáticos, semânticos, bem como os processos que envolvem o discurso. Tenho, nos dois últimos anos, trabalhado na gestão, como coordenadora de curso, função essa que me oportuniza a visão interna da organização de um curso universitário. Além disso, também tenho trabalhado, com a elaboração de conteúdo didático para cursos em EAD. Esse último tem me trazido muita satisfação, pois a produção de conteúdo é uma outra paixão.
Espero encontrar você em outra produção!
Acesse o currículo Lattes do(a) autor(a) no botão:
CURRÍCULO LATTES(opens in a new tab)
Presidente do Conselho de Administração: Janguiê Diniz
Diretor-presidente: Jânyo Diniz
Diretoria Executiva de Ensino: Adriano Azevedo
Diretoria Executiva de Serviços Corporativos: Joaldo Diniz
Diretoria de Ensino a Distância: Enzo Moreira
DADOS DO FORNECEDOR
Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional,
Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão.
© Ser Educacional 2022
Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro
Recife-PE – CEP 50100-160
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência.
Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Imagens de ícones/capa: © Shutterstock, © Freepik e © Unsplash
Já se sabe que nesta unidade serão abordados conceitos e perspectivas. É, portanto, necessário esclarecer que as duas palavras, em destaque, aparecem dessa forma por haver conceitos e perspectivas diferentes, ou complementares de acordo com a corrente teórica anunciada. Essa colocação é de extrema relevância, pois não há errado ou certo entre conceitos e perspectivas distintas, mas sim olhares; pontos de vista.
Dessa forma, iniciamos o percurso da unidade 01 refletindo sobre os conceitos de língua, fala, oralidade, escrita e discurso.
A linguística, enquanto ciência, bem se sabe, tem como agenda a natureza e as leis que regem a linguagem, ou seja, aquilo que pertence ou é relativo à linguagem. Marcuschi (2011) trata das relações de fala e escrita, em uma série de vídeos do Centro de Estudos em Educação e Linguagem da Universidade Federal de Pernambuco (CEEL/UFPE), explicando a perspectiva teórica e as noções centrais de fala, oralidade, escrita, língua, gênero, texto, multimodalidade, entre outras tantas perspectivas (Fala e Escrita – Parte 01).
Para o autor, Marcuschi (2008, p. 64), “a língua é vista como uma atividade, isto é, uma prática sociointerativa de base cognitiva e histórica”, compartilhando, assim, a sua noção com a de Bakhtin.
Marcuschi afirma, como apresentado no infográfico abaixo, que a fala e a escrita são representações da língua, possuindo, cada uma delas, as suas próprias marcas, deixando bem claro que são formas de organização dos discursos, de prática de interação e que não concorrem entre si, pois são complementares.
Infográfico 1 - Relação: língua, fala, escrita
Fonte: Autor
Para complementar a sua formação nos conhecimentos em fala e escrita, assista ao vídeo a seguir.
Fala e Escrita – Parte 01
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Então, para reforçar contigo a questão da conceituação de língua, aqui, são apresentadas as colocações de Bagno, no glossário CEALE – da UFMG – que traz uma série de termos de alfabetização, leitura e escrita para educadores.
O autor traz a língua sob dois pontos de vista: um técnico-científico e outro sociocultural. No primeiro, a língua é vista como um sistema constituído por módulos (fonético, morfossintático e semântico), ou seja, a língua como estrutura e, claro, essa colocação te leva a Saussure – que foi apresentado, com certeza, em teus primeiros estudos linguísticos. Já no segundo, a definição de língua é vaga, “impregnada de mitos culturais e preconceitos sociais, decorrentes de longos processos históricos, específicos a determinado povo, nação ou grupo social.”
É possível, então, que já consigas perceber o que está no início dessa nossa reflexão a respeito das conceituações e perspectivas teóricas. Consegue-se notar a proximidade nas ideias passadas por Marcuschi e por Bagno em relação à conceituação de “língua”.
Logo, será importante que procures, sempre, a reflexão e ampliação dos estudos, a partir de leituras extras, que aqui estão sugeridas em links importantes em relação ao conteúdo abordado. Abaixo, segue o link para que amplies a leitura da conceituação dada por Bagno, sobre língua, no glossário Ceale.
Não deixe de visitar a página e enriquecer o seu conhecimento!
Toda vez que precisares pesquisar termos linguísticos, como língua, fala, escrita, entre outros, deves buscar em sites de credibilidade, como:
Esse é um portal voltado para o público em geral e para a comunidade científica. O conteúdo do portal é de livre acesso. Entre! Pesquise!
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Olá. Seja muito bem-vindo(a) à Unidade 1.
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Desenvolver reflexão crítica.
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Reestruturar as bases teóricas.
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Analisar como é feito o controle de qualidade.
Então? Está preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho!
Língua
Perspectivas estruturalista, distribucional, funcionalista e cognitivista e as funções da linguagem 
O importante linguista, Ferdinand de Saussure, desenvolveu uma teoria de análise linguística,que resultou no estruturalismo. Esta considera a língua como uma rede de elementos na qual cada elemento tem um valor determinado. É uma corrente de pensamento que teve sua origem na psicologia e perpassou outras áreas como a sociologia, antropologia, filosofia e linguística. Considera, portanto, a língua como um conjunto estruturado constituído por elementos interdependentes.
Já o linguista Bloomfield teve o distribucionalismo se originando de seus estudos, sendo formalizado por Harris, um linguista americano. Essa teoria foi tomada como uma variante do estruturalismo. Além disso, a teoria distribucionalista tinha como base os princípios da fonética e considerava, a partir de Harris, que a semântica era intuitiva demais para ser uma base confiável para a pesquisa, defendendo a abordagem distributiva, na qual os elementos da língua não se dispõem arbitrariamente, mas sim obedecendo a determinados critérios de ordenação que determinam os contextos.
Nós já abordamos a perspectiva estruturalista e distribucionalista da língua e agora vamos ter a consideração funcionalista. Essa considera a língua como instrumento de interação social, lembras de Bakhtin? Pois bem, para o funcionalismo a principal função da linguagem é a mediação da comunicação, não deixando de levar em conta as propriedades pertinentes aos falantes, usuários da língua: biológicas, cognitivas e psicológicas, que tomam parte do ato comunicativo.
Diferentemente das abordagens formalistas (estruturalismo e gerativismo), o funcionalismo não só de distância pela concepção de língua já apresentada, mas também, pelo interesse investigativo, que vai além da estrutura gramatical, uma vez que se ocupa do contexto discursivo. Ou seja, a análise das condições discursivas, em que se pode observar o uso interativo da língua, pois para o funcionalismo a estrutura gramatical depende do uso, da situação comunicativa. 
Por fim, abordamos a noção a partir do cognitivismo que postula que a linguagem é parte integrante da cognição humana, ou seja, a linguagem só pode ser entendida a partir de uma visão real do processamento mental, uma vez que reflete a interação de variados fatores, como os culturais, psicológicos e comunicativos, levando a abordagem aos estudos de aquisição da linguagem, sendo ela vista como uma forma de ação pelo seu nível de desenvolvimento cognitivo e o grande nome será o de Vygotsky.
As teorias cognitivas têm grande relevância no cenário dos estudos referentes à linguagem, pois essa passou a ser analisada a partir de sistemas cognitivos interconectados, relacionados ao raciocínio, à percepção de mundo, à memória entre outros, além da própria capacidade linguística, uma vez que a relação entre linguagem e cognição nos é explicada da seguinte forma: “não há possibilidades integrais de pensamentos ou domínios cognitivos fora da linguagem, nem possibilidades de linguagem fora de processos interativos humanos.” (KOCH, 2009, p. 32), que deixa claro, tratar-se de uma relação recíproca.
Se pararmos para uma reflexão acerca do papel da linguagem para a abordagem cognitivista, teremos a essência do significado da palavra como o pensamento, já que a noção de significação de Vygotsky adere à visão representacional de linguagem, partindo de que o significado não é dado pelo uso, mas pelo nível de desenvolvimento cognitivo. Dessa forma, a relação entre linguagem e cognição é entendida como uma forma de interação entre o processo de aquisição da linguagem e o processo de aquisição dos conhecimentos cognitivos, direcionando a atividade mental para a construção de significados.
Para abordarmos a aquisição da linguagem é importante entender qual é a visão cognitivista, a respeito do tema, pois teremos uma proposta teórica que toma o surgimento da linguagem, apenas, no período representativo, em torno dos dois anos, mediante a interação da criança com o meio, ou seja, é um reflexo das capacidades cognitivas, no processo de aquisição da língua materna. Assim, a aquisição de linguagem é considerada um fenômeno psicolinguístico, com resultado de uma complexa interação entre fatores biológicos e ambientais. Estes fatores incluem as capacidades cognitivas da criança, o desenvolvimento do cérebro, o ambiente de linguagem que a criança tem acesso e o tipo de interação com o meio. O processo de aquisição da linguagem se desenvolve de forma gradual, começando com a produção de sons e palavras não significativas e progredindo para a produção de frases complexas. Durante esse período, a criança passa por um processo de aquisição de novas regras gramaticais e vocabulário, o que lhe possibilita a comunicação com outras pessoas, uma vez que, a linguagem possibilita que os indivíduos compartilhem seus conhecimentos, experiências, sentimentos, medos, anseios e intenções. A linguagem é também um meio de interação social, de expressão de desejos e ideias, bem como de influência sobre outras pessoas, possibilitando a construção da identidade social. Tudo isso se dá através do desenvolvimento cognitivo linguístico que é um marco essencial para que as crianças possam desenvolver suas habilidades cognitivas e linguísticas, promovendo a aquisição de conhecimento e a construção da linguagem. Esse desenvolvimento está dividido em quatro áreas principais: desenvolvimento cognitivo, linguagem, habilidades sociais e emocionais e desenvolvimento motor. As áreas são interconectadas e cada uma delas contribui para o desenvolvimento global da criança.
Sugerimos que você pesquise para se aprofundar na divisão do desenvolvimento cognitivo da linguagem. Busque por Jean Piaget o importante psicólogo, pensador do século XX.
Fala
Infográfico 2 – Aspectos da fala.
A partir do esquema acima, acredito que estás se perguntando: mas como assim fala individual e língua social?
A questão é que Saussure (1990) vê a língua como um sistema de signos que é comum a todos que usam uma determinada língua, enquanto a fala é particular de cada um dos falantes que usam o mesmo sistema linguístico, pois esses podem escolher os elementos da língua, conforme sua necessidade comunicativa, contexto, entre outros fatores.
Na fala, o emissor utiliza um vocabulário atrelado à entonação de voz, interação com o meio, expressão facial, entre tantas marcas próprias da fala.
Essas tão importantes marcas da fala e sua relação com a escrita são estudadas por Dionisio e Marcuschi (2007).
O professor Marcuschi, no vídeo sobre fala e escrita, chama a atenção para o fato de a fala estar presente em 90% da nossa comunicação diária, embora haja a supremacia da escrita. No entanto, as duas práticas são consideradas discursivas e são empregadas harmonicamente no cotidiano da comunicação.
Dionísio e Marcuschi (2007, p.16) apontam que a fala influencia a escrita e esse aspecto permite que entendamos um pouco mais “as relações sistemáticas entre oralidade e escrita e suas influências mútuas”. Os autores salientam a importância da atenção que deve ser dada à oralidade e ao fato de que há falares e que nem todos têm a mesma “reputação social”, uma vez que há uma grande variação linguística presente na oralidade, que é tratada a partir de um “preconceito social”, como colocado por Bagno apud Dionísio e Marcuschi, (2003, p.15-21).
Os autores ainda apontam para as dicotomias perigosas entre fala e escrita, pois essas são fundadas em posições ideológicas e formais que levam a visões distorcidas do fenômeno textual na oralidade e na escrita.
Oralidade
Beth Marchuschi, no glossário Ceale, aborda a oralidade como uma prática social complexa que envolve diversos fatores, tais como as habilidades e competências linguísticas dos falantes, suas crenças, seus valores culturais, as relações de poder e as características do contexto em que a comunicação ocorre. Ao mesmo tempo, a oralidade também pode ser entendida como um processo de interação entre os falantes que envolve a codificação e decodificação de mensagens, assim como a construção de sentidos através de diversas formas de linguagem.
A oralidade abrange, portanto, todos os aspectosrelacionados à fala, entendida como um ato comunicativo que se manifesta em um contexto social específico e que envolve múltiplas linguagens. É importante destacar que, mesmo quando um indivíduo não se manifesta verbalmente, suas reações corporais também podem influenciar o andamento da interação, como no caso de expressões faciais, movimentos corporais, entre outros elementos. Portanto, a oralidade envolve todos os aspectos das interações orais, sejam eles verbais ou não verbais.
Nesse sentido, as atividades desenvolvidas no espaço escolar devem abordar a oralidade como um processo dinâmico e relacional, que envolve o uso dos recursos da língua em diferentes situações e com diferentes finalidades. A partir de então, o objetivo de trabalhar a oralidade na escola deve ser o de promover o desenvolvimento de competências de comunicação e interação, ou seja, capacitar o aluno para usar a língua em contextos sociais e acadêmicos diversos.
A pesquisadora faz a indicação de uma série de práticas com a oralidade, lembramos então do “Bate-papo”, uma vez que podemos convidar os alunos a refletirem sobre temas como o meio ambiente, a saúde ou a educação, e do “Teatrinho”, momento em que os alunos são incentivados a representar situações cotidianas.
Ela ainda lembra que é importante oferecer à criança o contato com variados gêneros de oralidade que devem ser selecionados para se adequar à faixa etária a que se destinam. Os alunos então precisam produzir, ouvir e compartilhar estes gêneros em sala de aula.
Escrita
Além de já termos abordado as questões da escrita a partir de Marcuschi, no início dessa unidade, também exploramos o tema com a visão de Ana Maria de Oliveira Galvão, no glossário Ceale, que fala sobre a “cultura escrita” como podendo ser entendida como o conjunto de elementos que envolvem a escrita: a língua, a forma de escrever, os conteúdos, a circulação da escrita, as formas de representação, os modelos de leitura, as formas de uso, a formação das identidades culturais relacionadas à escrita e o contexto social em que se dá o uso da escrita. A cultura escrita pode variar muito de um lugar para o outro, dependendo da língua, das relações de poder, do papel da escrita na vida social, bem como do contexto histórico e sociopolítico da comunidade. Por exemplo, diferentes comunidades têm diferentes estilos de escrita, tais como a diferença entre escrita formal e informal.
Esse conhecimento possibilita compreender que os sujeitos têm um papel cada vez mais ativo na produção de culturas do escrito. Isto é, as culturas escritas não são homogêneas, mas são influenciadas por diferentes grupos e indivíduos e produzidas a partir de suas interações. Além disso, a compreensão dela permite reconhecer o papel fundamental das pessoas na produção e manutenção deste tipo de cultura e, assim, contribuir para a promoção de uma cultura inclusiva e diversa.
A cultura escrita abrange, portanto, aspectos variados nas sociedades que a adotam, como a transmissão de conhecimentos, a produção de novos saberes, as relações entre as pessoas, o estudo da história, a produção de arte, a organização de complexas estruturas sociais, entre outros. O letramento, por sua vez, é um conjunto de práticas sociais relacionadas ao uso da leitura e da escrita, incluindo o ensino, a aprendizagem, o acesso a materiais escritos, a capacidade de interpretar e produzir textos, e a compreensão das convenções culturais relacionadas à leitura e à escrita.
Portanto, o papel do escrito em uma sociedade depende da cultura desta sociedade. Ele pode ser usado para marcar hierarquias sociais e simbólicas e pode ser considerado um meio de poder para alguns grupos ou indivíduos. Por outro lado, o escrito pode ser ignorado por outros grupos e não ter qualquer valor para eles. É importante lembrar que o papel do escrito muda entre culturas e é necessário considerar as relações de poder existentes para compreender como o escrito é usado e como isso afeta a sociedade.
Discurso
Para abordar discurso, vamos partir de um dicionário de linguística que nos apresenta 5 páginas sobre discurso, daí já se percebe o quanto temos a estudar. Apresentemos, então, algumas das acepções nele expostas.
A primeira delas coloca discurso como “linguagem posta em ação, ou seja, a língua assumida pelo falante” e aplicada em determinados contextos de necessidade comunicativa.
Já uma outra colocação vê o discurso como “uma unidade igual ou superior à frase”, ou seja, um enunciado constituindo uma mensagem que possui começo, meio e fim. Em uma acepção moderna, temos o termo discurso, designando o enunciado superior à frase, levando a análise do discurso a se opor a uma ótica que aborde a frase como uma unidade linguística terminal. O que nos leva a uma problemática que é anterior à análise do discurso, pois apenas o termo discurso, do ponto de vista linguístico, era sinônimo de enunciado. A oposição entre eles era marcada por não linguístico/linguístico. A linguística se ocupava dos enunciados, enquanto estudo das regras do discurso, enquanto que os processos discursivos eram analisados por outras áreas e métodos, levando em consideração o falante. A psicanálise é uma dessas outras áreas e, temos J. Lacan propondo o problema inicial do discurso a partir de seu estudo sobre a função e o campo da fala e da linguagem. Então, teremos E. Benveniste que, partindo de Lacan, propõe como linguístico o problema do discurso. Ele nos diz que a frase não mantém com as outras frases as mesmas relações, da mesma forma já dita antes por Saussure, pois a frase está para o domínio do discurso e não da língua, funcionando como instrumento de comunicação, ela é a unidade do discurso. Partindo de todos esses pontos de vista, podemos colocar o discurso como organizado, pelos usuários da língua, em suas interações, a partir de motivações pragmático-comunicativas.
Para encerrarmos essa nossa primeira unidade, vamos rever alguns pontos importantes da Análise do Discurso. Essa, bem já se sabe, estuda não somente a língua, mas também contextos sociais, históricos e culturais do texto. Ao analisar um texto, busca-se identificar as relações de poder que estão presentes, bem como as hierarquias de status e os processos de construção do sentido. O foco é, portanto, a forma como os elementos linguísticos e contextuais contribuem para a formação de uma determinada ideologia.
Para isso, é importante considerar os fatores como: a temporalidade, a intencionalidade, as relações de poder e as intenções políticas que podem estar presentes na construção discursiva. Além disso, a Análise do Discurso tem como objetivo identificar e interpretar o modo como as ideologias presentes na linguagem são utilizadas em determinado contexto. Por meio dela, é possível perceber as formas como os discursos políticos, científicos, religiosos ou de qualquer outro tipo influenciam o público-alvo. Por isso, é importante que se considere a análise do Discurso para compreender melhor a estrutura discursiva e as ideologias envolvidas nela.
Para Foucault (2005), o discurso é o meio pelo qual as pessoas se comunicam, assim como as formas como elas expressam seus pensamentos, ideias e sentimentos. A Ordem do Discurso é a estrutura que organiza e regula esse discurso, restringindo ou ampliando a liberdade das palavras, expressões e ideias. Este ordenamento pode ser estabelecido por vários fatores, incluindo a linguagem, a cultura, as crenças, as leis, as instituições, as classes sociais e a moral. Por meio desta ordem, as pessoas se relacionam com outras pessoas, estabelecendo assim as fronteiras da comunicação. Além disso, ela permite que as palavras, as frases e os pensamentos sejam compreendidos e interpretados de acordo com o contexto social e cultural.
O Universo de Concorrências proposto pelas práticas discursivas tem como objetivo analisar as interações entre os emissores e os receptores de determinada mensagem. A partir desta interação, é possível identificar os diferentes recursos discursivos utilizados pelo emissor para alcançar a recepçãodesejada. Estes recursos podem ser os mais variados, desde a linguagem figurada e as metáforas aos argumentos lógicos e ao recurso do humor. Dessa forma, o Universo de Concorrências permite ao analista do discurso identificar como a mensagem é recebida e compreendida pelo receptor e como o emissor usa os recursos discursivos para alcançar seu objetivo.
A análise do discurso estético é essencial para entender como as imagens, textura, cores e outros elementos visuais são usados para passar mensagens e transmitir ideias. Estudar como isso é feito nos permite compreender melhor não só a obra de arte em si, mas também a cultura e o contexto em que ela foi criada. Esse estudo também nos ajuda a compreender como as obras de arte refletem e influenciam as sociedades ao longo do tempo. Além disso, tal análise pode nos dar insights sobre como a linguagem visual é usada e interpretada para criar narrativas e transmitir mensagens em diferentes culturas.
O sentido do discurso é, portanto, fundamental para a sua análise e compreensão. É através do sentido que se descobre a intenção do autor e a mensagem que este pretende transmitir. Para chegar ao sentido do discurso, é necessário analisar os elementos da sua construção, como a sintaxe, o contexto e a retórica. Esses elementos ajudam a descobrir o significado do discurso, o que permite ao seu receptor interpretar a mensagem de forma correta.
Funções da linguagem
Nos apoiamos, aqui, na teoria da comunicação verbal, para tratarmos das Funções da linguagem, que aborda a comunicação como um acontecimento da linguagem através do qual uma mensagem é transmitida por um emissor a um receptor. O grande nome é o do linguista russo Roman Jakobson. O linguista propôs um modelo que representa os diferentes fatores do processo linguístico realizado na comunicação verbal. Podemos apresentá-lo da seguinte forma:
Infográfico 3 - Modelo do processo linguístico (Jakobson)
O linguista explica que o destinador envia uma mensagem ao destinatário. A mensagem requer um contexto, e Jakobson o nomeia por referente. Sobre o contexto, o russo esclarece que deve ser verbal ou capaz de ser verbalizado, compreendido pelo destinatário. A respeito da mensagem, ele nos diz que requer um código, que seja comum ao destinador e ao destinatário e que deva haver um contato que estabeleça e mantenha a comunicação, ou seja, um canal físico e uma conexão psicológica. Sendo assim, Jakosbson nos apresenta um modelo que designa para cada fator da comunicação verbal uma função na linguagem. Ele distingue 6 funções:
A função referencial possui outras nomenclaturas, então possa ser que a encontres nomeada por cognitiva ou denotativa, sendo essa segunda bem mais comum. Ela está para a mensagem, para uma informação sobre os objetos do mundo, sejam materiais ou conceituais. Enquanto a função emotiva, também nomeada de expressiva, está para o destinador, exprimindo a atitude do locutor em relação à mensagem. Já a função conativa está para o destinatário e suscita neste um comportamento que esteja em conformidade com o que é dito. Chegamos, então, à função poética, que é orientada para a mensagem, não só pelo conteúdo informacional, mas também por sua forma. A função poética está para o gênero poético, enquanto a função fática está para o contato físico ou psicológico, entre destinador e destinatário, estabelecendo ou mantendo a comunicação. E, por fim, a função metalinguística, que está para o código, ou seja, o próprio objeto da mensagem. 
O modelo de Jakobson tem sido ajustado às diversas perspectivas metodológicas, oferecendo reflexão sobre a polifuncionalidade da linguagem verbal.
GLOSSÁRIO
 Estruturalismo
Corrente teórica linguística baseada no Curso de Linguística Geral, de Ferdinand de Saussure que depreende a realidade social a partir de um conjunto considerado elementar de relações. O teórico propôs compreender a linguagem de um ponto de vista sincrônico, fundada em dois elementos básicos: significante e significado.
 Distribucionalismo
Originalmente aplicado à compreensão de processos fonológicos, morfológicos e sintáticos, o distribucionalismo é uma teoria geral advinda do estruturalismo norte-americano de Leonard Bloomfield.
 Funcionalismo
Ao contrário do que é objeto de estudo do gerativismo e do estruturalismo, o funcionalismo estuda a relação existente entre a estrutura gramatical e os contextos comunicativos.
 Cognitivismo
A Teoria Linguística Cognitiva afirma que a linguagem é representada mentalmente em termos de estruturas cognitivas e que o processamento da linguagem ocorre através de processos cognitivos. Esta teoria também propõe que a aquisição da linguagem é mediada por mecanismos cognitivos e que os usos da linguagem são influenciados por fatores culturais, sociais e psicológicos. Além disso, a Teoria propõe que as palavras e estruturas da linguagem não são aprendidas de forma mecânica, mas são interpretadas e avaliadas com base em experiências anteriores e no contexto. 
 Conativo
É a função da linguagem que busca persuadir, convencer o interlocutor.
 Enunciação
A enunciação é fundamentada em três principais componentes: o emissor, o receptor e o conteúdo. O emissor é aquele que tem a capacidade e a intenção de produzir um enunciado. O receptor é quem recebe o enunciado. O conteúdo é a informação, a ideia ou o sentimento transmitido pelo enunciado. A enunciação também se relaciona com a noção de contexto. Este, por sua vez, é a situação em que o enunciado é produzido e interpretado. O contexto pode incluir fatores como o contexto social, histórico, cultural, político o contexto de gênero, e assim por diante. A situação influencia diretamente na forma como o enunciado é interpretado.
 Fática
Uma das funções da linguagem que se ocupa do canal de comunicação, da manutenção do ato comunicativo.
 Metalinguagem
É uma das funções da linguagem que é caracterizada por destacar a própria linguagem usada na comunicação.
 Referência
É uma das funções da linguagem, na qual a expressão remete a objetos, pessoas, fatos, reais ou imaginários.
· Código 
Um conjunto de sinais e símbolos convencionalmente significados e estruturados.
 Enunciação
A enunciação é fundamentada em três principais componentes: o emissor, o receptor e o conteúdo. O emissor é aquele que tem a capacidade e a intenção de produzir um enunciado. O receptor é quem recebe o enunciado. O conteúdo é a informação, a ideia ou o sentimento transmitido pelo enunciado. A enunciação também se relaciona com a noção de contexto. Este, por sua vez, é a situação em que o enunciado é produzido e interpretado. O contexto pode incluir fatores como o contexto social, histórico, cultural, político o contexto de gênero, e assim por diante. A situação influencia diretamente na forma como o enunciado é interpretado.
 Fática
Uma das funções da linguagem que se ocupa do canal de comunicação, da manutenção do ato comunicativo.
 Metalinguagem
É uma das funções da linguagem que é caracterizada por destacar a própria linguagem usada na comunicação.
 Referência
É uma das funções da linguagem, na qual a expressão remete a objetos, pessoas, fatos, reais ou imaginários.
· Código 
Um conjunto de sinais e símbolos convencionalmente significados e estruturados.
Ferdinand de Saussure Seu livro mais famoso é Curso de Linguística Geral, publicado postumamente em 1916. Este livro estabeleceu a dicotomia entre o signo linguístico e seu significado, a qual se tornou a base da semiótica. Saussure também desenvolveu o conceito de língua como um sistema de sinais arbitrários e interdependentes. Além disso, ele também foi um dos primeiros a usar o conceito de estrutura em relação à linguagem.
Acesse LINK(opens in a new tab) e você encontrará uma série de artigos, resenhas e entrevistas, com Maingueneau e Bronckart, a respeito de discurso. A Revel é uma revista eletrônica de livre acesso, na qual você não só tem acesso às publicações, bem como poderá se atentar aos editais e candidatar à alguma produção científica sua para submissão e aceite parapublicação. Vale conhecê-la!
O mais importante, agora, é que você perceba, nos discursos diários que te rodeiam, os importantes elementos nessa unidade apontados. Observe a língua, a linguagem, a fala, oralidade e escrita e discurso no seu cotidiano, empregada por você e por quem se comunica com você! Observe nos jornais, na fala das ruas, na comunicação familiar, profissional, ou seja, na comunicação que te cerca. Observe e analise como cada um desses elementos comunicativos, diários, são construídos.
Agora seguem dicas, caso você se interesse por realizar uma pesquisa e análise de algum discurso, para fins acadêmicos. Você deverá realizar a análise após ter examinado todo o contexto histórico-social e as condições de produção, além de outras variáveis que possam ter influenciado a cosmovisão do autor do discurso.
Refletindo sobre tudo que foi abordado ao longo da unidade, é possível entender que a linguaguem é ação, uma forma de ação que é realizada através do discurso. Esse é situado socialmente, construído e partilhado, não sendo, portanto, uma construção individual ou descontextualizada, mas sim, uma prática social, partilhada entre sujeitos.
Chegamos ao fim desta unidade que abordou conceitos e perspectivas importantes acerca do estruturalismo, distribucionalismo, funcionalismo, cognitivismo, as funções da linguagem, bem como língua, fala, escrita, oralidade e discurso. Além disso, vimos agendas de estudo que devem ser ressaltadas para que sigamos nas próximas unidades com o aprofundamento dos temas pertinentes à disciplina.

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