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6. o an o – 4. o b im es tr e Orientacao_C4_6o_Ano_Historia_Carlos_2022_PROF 25/04/2022 11:04 Página I Autores: Ana Maria de Fátima Santos Marino Caio Guilherme Fernandes Soares Ricardo Felipe Di Carlo Thiago Azevedo Orientacao_C4_6o_Ano_Historia_Carlos_2021_PROF 20/04/2021 16:11 Página II III Unidade 4 – Idade Média: camponeses, cavaleiros, padres Esta unidade se destina a apresentar o período medieval aos alunos, a partir do conceito de feudalismo e suas transformações, considerando aspectos sociais, econômicos e culturais. Módulo 16 – Feudalismo Este módulo desenvolve o conceito de feudalismo com base em 4 pilares: a sociedade, o feudo, a servidão e o contrato feudo-vassálico. Partimos de elementos do jogo de xadrez para explicar a sociedade feudal e sua relação com as peças desse jogo, já conhecido na Idade Média. Exploramos documentos histó - ricos (imagens) e exercícios de comparação das diferentes formas de trabalho, com a finalidade de desen - volver as habilidades e competências próprias do conhecimento histórico, indicadas na tabela da página IV. Módulo 17 – Igreja medieval e o papel do clero Este módulo se destina a levar os alunos a compreenderem a atuação da Igreja naquele período histórico e o papel do clero. Para isso, trataremos do significado das Catedrais, dos mosteiros e das ordens religiosas e da relação da Igreja com a produção cultural e com o Estado. Para atingir nossos objetivos, trabalhamos com documentos históricos e apresentamos a arquitetura e a produção artística a partir da observação de imagens, com a finalidade de desenvolver as habilidades e competências próprias do conhecimento histórico, indicadas na tabela da página IV. Módulo 18 – Baixa Idade Média Apresentamos no módulo 18 o período da Baixa Idade Média, relacionando-o com as transformações provocadas pelas Cruzadas e, depois, pelo crescimento das cidades em função do aumento das atividades comerciais. Esses dois assuntos serão trabalhados com base em mapas, documentos, imagens e exercícios de leitura, com a finalidade de desenvolver as habilidades e competências próprias do conhecimento histórico, indicadas na tabela da página V. Módulo 19 – Mulheres: políticas, guerreiras e bruxas O módulo 19 apresenta exemplos de mulheres que se destacaram na Antiguidade e na Idade Média, apesar do papel subalterno do gênero feminino ao longo da história. Partindo da história individual de duas mulheres, apresentaremos o tema com o objetivo de levar o aluno a compreender o preconceito contra as mulheres e sua dominação ao longo da história. Esse tema será trabalhado com a finalidade de desenvolver as habilidades e competências próprias do conhecimento histórico, indicadas na tabela da página VI. Caderno do Professor Orientacao_C4_6o_Ano_Historia_TONY_2020_PROF 29/06/2020 09:14 Página III Unidade Módulo Objetivo Competência específica de história Objetos de conhecimento Habilidade Idade Mé dia: campo ne - ses, ca valeiros, padres 16 Compreender o conceito de feudalismo com base em quatro pilares: a sociedade, o feudo, a servidão e o contrato feu- do-vassálico. Competência 5: Compreender e problematizar os conceitos e procedimentos norteadores da produção historiográfica. Competência 2: Compreender a historicidade no tempo e no espaço, relacionando acontecimentos e processos de transformação e manutenção das estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais, bem como problematizar os significados das lógicas de organização cronológica. Feudalismo (EF06HI16) Caracterizar e comparar as dinâmicas de abastecimento e as formas de organização do trabalho e da vida social em diferentes sociedades e períodos, com destaque para as relações entre senhores e servos. (EF06HI17) Diferenciar escravidão, servidão e trabalho livre no mundo antigo. (EF06HI18) Analisar o papel da religião cristã na cultura e nos modos de organização social no período medieval. 17 Identificar a Igreja como instituição fundamental da Idade Média e compreender sua atuação a partir de sua organização e de sua presença na produção cultural medieval. Competência 1: Compreender acontecimentos históricos, relações de poder e processos e mecanismos de transformação e manutenção das estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais ao longo do tempo e em diferentes espaços para analisar, posicionar-se e intervir no mundo contemporâneo. Igreja medieval e o papel do clero (EF06HI18) Analisar o papel da religião cristã na cultura e nos modos de organização social no período medieval. IV Orientacao_C4_6o_Ano_Historia_TONY_2020_PROF 29/06/2020 09:14 Página IV Unidade Módulo Objetivo Competência específica de história Objetos de conhecimento Habilidade Idade Mé dia: campo ne - ses, ca valeiros, padres 18 Reconhecer e compreender as mudanças que ocorreram durante a Idade Média a partir das Cruzadas e do aumento das atividades comerciais. Competência 1: Compreender e problematizar os conceitos e procedimentos norteadores da produção historiográfica. Competência 2: Compreender a historicidade no tempo e no espaço, relacionando acontecimentos e processos de transformação e manutenção das estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais, bem como problematizar os significados das lógicas de organização cronológica. Competência 3: Elaborar questionamentos, hipóteses, argumentos e proposições em relação a documentos, interpretações e contextos históricos específicos, recorrendo a diferentes linguagens e mídias, exercitando a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos, a cooperação e o respeito. Competência 6: Produzir, avaliar e utilizar tecnologias digitais de informação e comunicação de modo crítico, ético e responsável, compreendendo seus significados para os diferentes grupos ou estratos sociais. Baixa Idade Média Habilidade extra 1: relacionar os movimentos de expansão territorial das Cruzadas aos processos de transformação da Idade Média. (EF06HI18) Analisar o papel da religião cristã na cultura e nos modos de organização social no período medieval. Habilidade extra 2: Compreender a dinâmica do trabalho livre nas cidades, relacionando-a com a produção e a circulação de riquezas: a estrutura das corporações de ofício e do comércio. V Orientacao_C4_6o_Ano_Historia_TONY_2020_PROF 29/06/2020 09:14 Página V VI Orientações didáticas Página 4 � 1 – Professor, essa atividade serve de introdução e não deve durar mais que 10 minutos (entre a resolução dos alunos e uma conversa sobre a atividade com a classe); mesmo que todos não tenham acabado, podem terminar em casa. Os grupos não devem ter mais do que 4 pessoas. 1. Essa atividade foi planejada para servir como uma rápida introdução ao tema, podendo ser realizada em 10 minutos. Essa etapa de exploração do conhecimento dos alunos a partir do jogo de xadrez poderá ocasionar algumas perguntas, por isso introduzimos, aqui, algumas informações básicas e que justificam a escolha desse jogo para essa etapa da sequência didática sobre o feudalismo. O jogo de xadrez é, talvez, o jogo de estratégia mais conhecido e pode ser considerado um modelo, em razão de ser praticado há muito tempo. Veja só: há indícios recentes de que ele foi inventado na China do século III a.C., na região entre o Uzbequistão e a Pérsia (atual Irã). Entretanto, a versão mais aceita é a de que ele teria tido origem na Índia, no século VI, tendo sido levado posteriormente para China, Rússia, Pérsia e Europa. Se as origens do xadrez são obscuras, sua evolução e sua chegada à Europa não o são, pois há documentos a partir do século VI que registram seu aparecimento no velho continente. Sabemos, por exemplo, que em sua expansão pela Europa e pela África, após a conquista do atual Irã (antiga Pérsia), os árabes levaram consigo o jogo. No Oriente, também ficou conhecido a partir da sua versão chinesa, tendo chegado à Coreia e ao Japão. As características do xadrez na sua versão indiana, segundo algumas hipóteses, persistem até hoje: o objetivo éa captura de uma peça fundamental: o rei. É um jogo de dois jogadores, cada qual com um conjunto de peças que preveem movimentos específicos. O jogo indiano chamava-se chaturanga, termo que remetia às quatro partes do exército indiano: bigas, elefantes, cavalaria e infantaria. Os primeiros vestígios arqueológicos do xadrez foram encontrados na Pérsia. Eram 7 as peças: 1 rei, 1 torre, 1 vizir, 2 cavalos e 2 peões. O xadrez sempre foi motivo de diversão; ele mobiliza a necessidade de estudo das melhores estratégias do início do jogo e da sequência Unidade Módulo Objetivo Competência específica de história Objetos de conhecimento Habilidade Idade Mé dia: campo ne - ses, ca valeiros, padres 19 Reconhecer a discriminação das mulheres ao longo da Antiguidade e Idade Média e identificar as possibilidades de confronto com a ordem estabelecida. Competência 1: Compreender acontecimentos históricos, relações de poder e processos e mecanismos de transformação e manutenção das estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais ao longo do tempo e em diferentes espaços para analisar, posicionar-se e intervir no mundo contemporâneo. Mulheres: políticas, guerreiras e bruxas (EF06HI19) Descrever e analisar os diferentes papéis sociais das mulheres no mundo antigo e nas sociedades medievais. Orientacao_C4_6o_Ano_Historia_TONY_2020_PROF 29/06/2020 09:14 Página VI para chegar ao xeque-mate, ou seja, à imobilização do rei. O praticante do xadrez é chamado enxadrista. As atuais peças do xadrez são 16: 2 torres, 2 cavalos, 2 bispos, 1 rainha, 1 rei e 8 peões. A rainha e o bispo foram introduzidos já no ocidente, por volta do século XV. Além de ser um jogo de estratégia tradicional e o mais completo de todos, o xadrez nos ajuda a compreender o campo de ação possível dos agentes históricos dos reinos que se formaram na Europa feudal; afinal, todos os agentes históricos daquele tempo podem ser relacionados, por analogia, às peças do xadrez, tanto no que diz respeito à função social deles (nomes das peças) quanto no que diz respeito aos diferentes movimentos das peças do jogo, que remetem às diferenças de poder na sociedade. Por que reis, bispos, torres e cavalos são tão importantes para compreendermos a Idade Média? E a rainha? E os peões? Qual sua importância nesse contexto? Vamos verificar o que os alunos já sabem sobre os agentes históricos da Idade Média, quando os reinos europeus se solidificavam, por volta dos séculos X e XI. Caso nenhum dos alunos de determinado grupo conheça o jogo de xadrez, o professor deverá reorganizar a classe de modo que pelo menos um integrante de cada grupo conheça o jogo. Caso nenhum aluno conheça o jogo, o professor apresentará suas regras. Página 5 � 2 – O documento histórico é um dos mais característicos a respeito da Idade Média. É interessante que a turma realize uma leitura atenta dele e utilize canetas de cores diferentes para realizar o exercício. Tempo estimado: 3 minutos. Página 6 � 3 – Professor, o texto A organização do feudo e a imagem O feudo e seus espaços devem ser trabalhados de forma conjunta. Nesta atividade, o conteúdo do texto preenche a imagem de conteúdo histórico. Os alunos devem estabelecer a correlação entre os dois no exercício de anotações que os segue. Tempo estimado: 5 minutos. Página 7 � 4 – Professor, o texto O que é servidão? deve ser lido de forma coletiva, ponto a ponto, ou pode ser utilizado como texto para estudo em casa, de acordo com seu planejamento de aulas. No entanto, é importante, caso seja estudado em casa, retomar o conceito de servidão com seus alunos. Tempo estimado: 5 minutos. Página 9 � 5 – Professor, a atividade retoma o tema da escravidão no mundo antigo e sua substituição pelo colonato na transição para a Idade Média. Dessa forma, o diálogo deve ser focado naquilo que os alunos desenvolveram ao estudar a história grega e romana nos dois bimestres anteriores. Tempo estimado: 10 minutos. Página 11 � 6 – Professor, de acordo com seu planejamento, você pode optar entre desenvolver o texto A relação de fidelidade entre um vassalo e um suserano de forma coletiva, ponto a ponto, ou como texto para estudo em casa. No entanto, é importante, caso seja estudado em casa, retomar os conceitos de suserania e vassalagem com seus alunos. Tempo estimado: 5 minutos. Página 14 � 7 – A proposta do módulo é levar o aluno a compreender a importância central da Igreja no mundo medieval. Nesse sentido, o professor deve destacar, com o uso das imagens no material, o controle da Igreja Católica sobre a espiritualidade, a moral e a cultura. Por fim, há de se destacar ainda a influência da Igreja na política e a exemplificação dessa aliança com o Estado no controle social promovido por meio da Inquisição. VII Orientacao_C4_6o_Ano_Historia_TONY_2020_PROF 29/06/2020 09:14 Página VII Sugerimos como estratégia didática o uso de um esquema de lousa que contemple: Igreja medieval – controle (religião + moral + cultura): exemplificar com as catedrais, mosteiros (iluminuras, mosaicos e vitrais); – influência (política + sociedade): exemplificar com a Inquisição. Página 29 � 8 – O professor salientará aos seus alunos que o texto é um Documento Histórico. A discussão pode envolver questões como: 1 – Quem o escreveu? 2 – Em que época o documento foi produzido? 3 – Com quais objetivos foi produzido? Para que os alunos localizem os objetivos com clareza, é importante reconhecerem os verbos e adjetivos usados para se referirem aos agentes mencionados no texto. Durante a discussão, é importante notar que o Documento Histórico é um discurso de um agente histórico e ressalta o pano de fundo religioso do movimento das Cruzadas. Página 29 � 9 – Professor, essa é uma boa oportunidade para discutir preconceitos religiosos e étnicos. É importante deixar claro para a sala a necessidade da promoção da tolerância e da aceitação de eventuais diferenças no Estado de direito do século XXI. Essa atividade tem por objetivo o desenvolvimento da empatia e da aceitação das diferenças, importantes habilidades socioemocionais. Entre as propostas de trabalho que podem ser desenvolvidas, destacamos: a) Pesquisa em jornais escritos e televisivos, revistas e internet sobre conflitos e discursos que podem ser comparados ao de Urbano II. Os alunos podem pesquisar notícias, anotar e realizar sua síntese e construir sua crítica sobre esses argumentos b) Entrevista com 2 ou mais adultos sobre quais conflitos eles conhecem e que podem ser comparados com as Cruzadas. Página 32 � 10 – Dependendo do número de alunos em sala de aula e do tempo disponível, o professor pode optar por realizar um desenho coletivo, produzido na lousa com a alternância de alguns alunos, ou pedir desenhos individuais no caderno de atividades. A realização do desenho não deve tomar mais que 8 minutos; os alunos podem terminar em casa, caso seja necessário. Página 33 � 11 – Professor, o aluno trabalhou anteriormente com um croqui do Reino de Gana. As mesmas orientações validam a realização dessa tarefa. Importante salientar que será interessante dar um espaço de uma semana para que o aluno realize essa atividade. Após a correção, a classe poderá montar uma exposição desses trabalhos. Página 38 � 12 – O módulo apresenta alguns textos sobre a participação das mulheres na Idade Média. Os textos sobre Theodora e Joana D’Arc apresentam casos de atuação feminina em áreas como a política e a guerra, notadamente dominadas por homens no período. O texto de encerramento, sobre a bruxaria, traz um panorama breve sobre uma das formas de perseguição às mulheres no período medieval. VIII Orientacao_C4_6o_Ano_Historia_TONY_2020_PROF 29/06/2020 09:14 Página VIII Referências Bibliográficas CARPENTIER, Vicent; MONTI, Marie de (ilustrações). A Idade Média passo a passo. São Paulo: Cia. das Letras, 2012. CLARE, John D. Cavaleiros em armaduras. São Paulo: Manole, 1994. CORDEIRO, Tiago. Como era a vida na Idade Média. In Aventuras na História para viajar no tempo. Disponível em:<http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/como-era-vida-idade-media- 677615.shtml>. Acesso em: 26 nov. 2015.) DUBY, Georges. As três ordens ou o imaginário do Feudalismo. Lisboa: Estampa, 1994. ESPINOSA, Fernanda. Antologia de textos medievais. Lisboa: Sá da Costa, 1972. FRANCO Júnior, Hilário. As Cruzadas: Guerra Santa entre Ocidente e Oriente. São Paulo: Moderna, 1999. História em Revista: campanhas sagradas. Rio de Janeiro: Time Life/Abril Livros, 1994. LE GOFF, Jacques. A Idade Média explicada aos meus netos. Rio de Janeiro: Agir, 2007. LE GOFF, Jacques; SCHMITT, Jean-Claude. Dicionário Analítico do Ocidente Medieval. São Paulo: Editora UNESP, 2017. v. I. MACEDO, José Rivair. Viver em cidade medievais. São Paulo: Moderna, 1999. PAIS, Marco Antônio de Oliveira. O despertar da Europa: a Baixa Idade Média. São Paulo: Atual, 2013. QUEIROZ, Teresa Aline Pereira de. Cidades renascentistas. São Paulo: Atual, 2005. Site consultado: <http://legacy.fordham.edu/hasal/source/urban2-5vers.html>. Acesso em: 5 jan. 2016. IX Orientacao_C4_6o_Ano_Historia_TONY_2020_PROF 29/06/2020 09:14 Página IX Número de aulas sugeridas História – 6.o ano – 4.o Bimestre Caderno Módulo Semana Aulas Programa 4 16 24 47 Feudalismo 48 Feudalismo 25 49 Feudalismo 17 50 A Igreja medieval e o papel do clero 26 51 A Igreja medieval e o papel do clero 52 A Igreja medieval e o papel do clero 18 27 53 As Cruzadas 54 As Cruzadas 28 55 Economia, sociedade e trabalho na Baixa Idade Média 19 56 Economia, sociedade e trabalho na Baixa Idade Média 29 57 Mulheres: políticas, guerreiras e bruxas 58 Ajuste X Orientacao_C4_6o_Ano_Historia_TONY_2020_PROF 29/06/2020 09:14 Página X Anotações XI Orientacao_C4_6o_Ano_Historia_TONY_2020_PROF 29/06/2020 09:14 Página XI XII Orientacao_C4_6o_Ano_Historia_TONY_2020_PROF 29/06/2020 09:14 Página XII 6. o an o – 4. o b im es tr e C4_6o_Ano_Historia_Carlos_2022_PROF.qxp 25/04/2022 14:31 Página 1 Unidade 4 – A Idade Média: camponeses, cavaleiros e padres Módulo 16 – Feudalismo............................................................................. 3 16.1. A sociedade............................................................................ 3 16.2. O feudo.................................................................................. 6 16.3. A servidão .............................................................................. 7 16.4. O contrato feudo-vassálico ..................................................... 11 Módulo 17 – A Igreja Medieval e o papel do clero....................................... 14 17.1. A catedral............................................................................... 15 17.2. Os mosteiros e o clero regular................................................. 18 17.3. As artes e a Igreja ................................................................... 20 Módulo 18 – Baixa Idade Média.................................................................. 25 18.1. As Cruzadas ........................................................................... 25 18.2. Economia, sociedade e trabalho na Baixa Idade Média............ 31 Módulo 19 – Mulheres: políticas, guerreiras e bruxas .................................. 38 Sua criação com a História ........................................................................... 41 Tarefas .................................................................................................... 43 Sumário Autores: Ana Maria de Fátima Santos Marino Caio Guilherme Fernandes Soares Ricardo Felipe Di Carlo Thiago Azevedo C4_6o_Ano_Historia_Carlos_2021_PROF.qxp 20/04/2021 08:38 Página 2 3 16.1. A sociedade Você já deve ter ouvido falar do jogo de xadrez. Um dos detalhes mais interessantes sobre ele é que suas peças representam as classes sociais e elementos importantes na Idade Média. No fim do bimestre passado, você começou seus estudos sobre a Idade Média. Percebeu que o sistema de trabalho mudou em boa parte da Europa, bem como a maneira de governar os territórios. O novo sistema criado pelos europeus da época foi chamado pelos historiadores de sistema feudal ou feudalismo. Esse nome deriva da palavra feudo, que é basicamente uma propriedade rural gigante, na qual muitas pessoas moravam. O senhor dessa terra a recebia como doação em troca de fidelidade, de outro senhor que tinha posse anterior sobre ela. Esse senhor a recebera de um anterior, e assim por diante. O primeiro senhor recebera a terra do rei, que é o senhor de todo o reino. Neste módulo, você vai estudar os principais elementos desse sistema, ou seja, como ele funcionava. O primeiro desses elementos é a sociedade. A seguir, você estudará como as pessoas se iden - tificavam e viviam naquele período e como era sua organização política, econômica e cultural. E, por fim, verificaremos também se alguns elementos desse sistema ainda se fazem presentes na cultura atual. Feudalismo5 Módulo 16 A 47 a 49 DATA: _____/_____/_____ Nessa iluminura, um marquês, que era também um trovador, é representado jogando xadrez com sua dama. (Iluminura – Marquês Otto Von Brandenburg, 1266-1309. Códice Manesse – manuscrito decorado com 138 iluminuras sobre a vida da nobreza, pintado e copiado entre 1305 e 1340, em Zurique. Museu: Library of the Ruprecht Karl University, Heidelberg. Autor: anônimo.) A lb um / Fi ne A rt Im ag es / F ot oa re na (EF06HI16) (EF06HI17) (EF06HI18) C4_6o_Ano_Historia_Carlos_2022_PROF.qxp 27/05/2022 10:26 Página 3 4 1. Observem a imagem a seguir e identifiquem os grupos sociais ou agentes históricos representados pelas diferentes peças do jogo de xadrez. Possíveis jogadas nesse momento do jogo. a) peões Representam os camponeses, os trabalhadores. b) bispos Representam os membros da Igreja. c) cavalos Representam os cavaleiros, nobres, senhores. d) rei e rainha Representam os maiores governantes do reino. 2. Como o grupo pôde observar, a torre não representa uma classe social. Após uma rápida discussão, registrem suas hipóteses: o que ela pode representar? As hipóteses dos alunos podem passar pelas estruturas fortificadas da Idade Média, como castelos e catedrais. Não é preciso que todos compartilhem suas respostas. A rt es G rá fic as – O bj et iv o � 1 – Vide orientações didáticas (página VI). C4_6o_Ano_Historia_TONY_2019_PROF.qxp 23/08/2019 16:16 Página 4 Durante a Idade Média, cada grupo social era responsável por uma função específica e não havia mobilidade entre os dois grupos fundamentais, ou seja, entre um senhor de terras (que nunca se tornaria um camponês) e um camponês (que jamais se tornaria um senhor de terras). As posições e obrigações sociais eram definidas desde o nascimento e, devido a essa característica, esses grupos são chamados de estamentos. Observe a seguir um documento histórico, apresentado pelo historiador Georges Duby, que contém uma explicação da própria Idade Média sobre sua organização social. � 2 – Vide orientações didáticas (página VII). As três ordens sociais na Idade Média Segundo o arcebispo Aelfric: Há 3 ordens na Igreja de Deus: a ordem dos trabalhadores que produzem para nós o alimento, a ordem dos guerreiros que defendem a nossa pátria, a ordem dos valores – os clérigos, monges e bispos, que oram por todos. (Arcebispo Aelfric (1003-1005), citado por Georges Duby. As três ordens ou o imaginário do feudalismo. Lisboa: Estampa, 1994, p. 126.) Após a leitura do documento histórico, grife as funções dos diferentes grupos sociais, identificando com uma legenda quais são as funções dos: a) servos Esta frase deve ser grifada: ordem dos trabalhadores que produzem para nós o alimento. O aluno deve fazer uma legenda e ligá-la ao grifo. b) nobres Esta frase deve ser grifada: guerreiros que defendem a nossa pátria. O aluno deve fazer uma legenda e ligá-la ao grifo. c) clero (membros da Igreja)Esta frase deve ser grifada: ordem dos valores – os clérigos, monges e bispos, que oram por todos. O aluno deve fazer uma legenda e ligá-la ao grifo. Sugestão de legenda: uso de cores ou números diferentes para cada grupo social. As peças de xadrez, estudadas anteriormente, representam membros possíveis dos três estamentos. Os peões representam os trabalhadores do campo, também chamados de servos: sua função, como demonstrado pelo documento histórico, era produzir alimentos para os demais grupos. Por sua vez, os cavalos e o casal real representam a nobreza: a função desse grupo era a liderança política e militar da sociedade; como possuíam direito sobre a terra, viviam do trabalho dos agricultores que a habitavam. Por fim, os bispos representam os membros da Igreja, grupo chamado de clero: politicamente e socialmente muito influentes, os membros do clero viviam do trabalho dos servos e eram protegidos pela nobreza; em troca, garantiriam a salvação espiritual de todos. 5 C4_6o_Ano_Historia_TONY_2019_PROF.qxp 23/08/2019 16:16 Página 5 6 16.2. O feudo A sociedade feudal era rigidamente dividida e cada um conhecia o seu lugar. Acima de todos estava o rei, que concedia terras aos nobres e à Igreja. Os nobres, ou senhores feudais, moravam em grandes propriedades, os feudos, e ordenavam a construção de castelos (1) para sua defesa. Os campos senhoriais (2a) eram lavrados pelos camponeses, que também cuidavam dos animais e dos pastos (3). Os camponeses retiravam seu sustento dos campos (2b). Moinhos de vento (4) ou de água eram usados para moer cereais. Os camponeses viviam na aldeia (5), cujas casas se agrupavam em torno da igreja (6). Em retribuição aos serviços prestados durante as guerras, os senhores concediam terras aos cavaleiros (7). Nos feudos, havia ainda: celeiros/estábulos (8); pântanos (9); fornos (10); lagares, locais para espremer a uva ou a oliva para fabricar, respectivamente, vinho ou azeite (11); bosques (12); pomares (13). O feudo e seus espaços A rt es G rá fic as – O bj et iv o A organização do feudo A imagem estudada é uma representação de um feudo, termo usado tanto para classificar as propriedades de terra, que eram doadas entre os membros da nobreza, quanto para denominar benefícios, rendas e cargos. Quem recebia um feudo se tornava ligado a quem o doava por relações de fidelidade: quem doava era um suserano e quem recebia era denominado vassalo. As terras doadas passavam a ser domínio do senhor feudal que as recebera. Esses domínios senhoriais eram organizados em três partes, de acordo com sua função: Manso senhorial: Parte da terra explorada em proveito apenas do senhor feudal. Também continha o conjunto de construções fortificadas onde se situavam o castelo feudal, celeiro, estábulo, pomar e cavalariça. Manso servil: Também chamado de tenência, era o pequeno pedaço ou gleba de terra que os servos recebiam para cultivar em proveito próprio. Manso de reserva: Bosques, pastagens, áreas onde ficavam os fornos, moinhos e lagares, lugares reservados ao senhor que os servos podiam utilizar mediante o pagamento de um tributo denominado banalidade. � 3 – Vide orientações didáticas (página VII). C4_6o_Ano_Historia_TONY_2019_PROF.qxp 23/08/2019 16:16 Página 6 Após a leitura do texto A organização do feudo, use seus conteúdos para fazer uma legenda e identificar as diferentes partes do feudo na imagem O feudo e seus espaços, conforme as instruções a seguir: 1. Grife cada parte/manso do feudo de uma cor no box. 2. Na imagem, circule o número do local no feudo referente à cor que você grifou no texto. Manso senhorial: 1, 2a, 3, 8, 13 Manso servil: 2b Manso de reserva: 4, 9, 10, 11, 12 Como você pôde perceber, alguns viviam com muito mais direitos do que outros no feudo. O dono da terra era o senhor feudal, que era SEMPRE da nobreza ou do clero. O camponês apenas podia viver ali em troca de algumas condições que você já começou a aprender quando estudou o colonato. Esse sistema mudou ao longo dos anos para o sistema de servidão (eram até parecidos). Portanto, agora chamaremos camponeses e trabalhadores dos feudos de servos. O acordo entre o senhor das terras e os camponeses não mudou muito: os camponeses continuavam a trabalhar para o senhor em troca de um pedaço de terra para sobreviver e da proteção contra invasores estrangeiros. De um feudo para outro, porém, suas obrigações podiam ser ligeiramente diferentes. 16.3. A servidão 7 As práticas agrícolas aqui ilustradas representam a persistência das ativida des realizadas nos diferentes espaços do feudo e indicam a distribuição do trabalho segundo os meses do ano. (Iluminura: Tratado de agricultura, de Pietro de Ciezcenzi, século XV. Museu Condé, França.) � 4 – Vide orientações didáticas (página VII). A lb um / Fi ne A rt Im ag es / F ot oa re na C4_6o_Ano_Historia_TONY_2019_PROF.qxp 23/08/2019 16:16 Página 7 8 A natureza e o número dessas obrigações variavam muito de propriedade para propriedade. Os servos de uma propriedade pertencente ao bispo de Mâcon, na Borgonha, por exemplo, deviam: arar a terra; trabalhar nos vinhedos; cortar e transportar o feno para alimentar os animais; fazer as colheitas; debulhar os grãos, ou seja, extraí-los de suas vagens ou espigas; e cuidar das matas que eram usadas como fonte de combustível e pastagem para os porcos. As camponesas tinham obrigações específicas, que incluíam cuidar da cozinha do senhor, fiar a lã e fabricar cerveja e manteiga. No tempo que sobrava dessas tarefas, os servos eram livres para trabalhar o terreno que o senhor lhes concedera. Mas, se vendessem verduras de sua horta no mercado, o senhor exigia uma parte do lucro. Ele esperava que sua gente usasse sua padaria e seu moinho e que pagasse regiamente por esse privilégio. A população servil da Europa atingiria seu maior número no século XIII, mas no século XII alguns já conseguiam permissão para fornecer mercadorias ou dinheiro ao senhor, em vez de serviços. Desse modo, o feudalismo foi se transformando, mas essa já é outra história. (História em Revista: campanhas sagradas. Rio de Janeiro: Time Life/Abril Livros, 1994, p. 28. Adaptado.) O que é servidão? Ao concluir o item anterior, você já pode realizar, em casa, a Tarefa 29 “A vida do camponês na Idade média”. Como já foi observado, a vida de um servo era repleta de obrigações, cobradas pelos senhores feudais e pela Igreja. Observe a seguir algumas das mais importantes: As obrigações servis Mão morta: Quando da morte de um servo, sua família pagava um tributo ao senhor feudal para continuar a viver nas terras do feudo. Banalidades: Pagamentos que os servos efetuavam ao utilizar bens do senhor feudal: fornos, moinho, lagar (espécie de tanque onde se espremem certos frutos, como a uva). Talha: Parte da produção do servo entregue ao senhor feudal. Geralmente, a metade de tudo que fosse produzido, como ovos, galinhas, trigo. Corveia: Dias da semana nos quais o servo trabalhava na propriedade do senhor feudal. Geralmente, eram dois ou três dias por semana, realizando tarefas como colheita, ceifa do feno, limpeza das fossas, transporte em charrete. Dízimo ou tostão de Pedro: Os camponeses que trabalhavam nos mosteiros (terras da Igreja) tinham que entregar a décima parte do que produziam, para a manutenção deles. Você pode perceber que a vida do servo não era nada fácil. As inúmeras obrigações que deviam aos outros estamentos faziam com que somente uma pequena parte da produção fosse de fato usada para a sua sobrevivência. Ao concluir o item anterior, você já pode realizar, em casa, a Tarefa 30 “Obrigações e direitos dos servos”. C4_6o_Ano_Historia_Carlos_2022_PROF.qxp 25/04/2022 14:31 Página 8 A organização do trabalho é um tema importante quando pensamos na transição entre a Idade Antiga e a Alta Idade Média, já que as transformações políticas que ocorreram com o fim do império Romano estavam diretamente relacionadas comas modificações econômicas. Para analisar melhor essa transição, responda ao que se pede nos exercícios a seguir e relembre importantes conceitos sobre mão de obra e distribuição de riqueza (condições de sobreviver) no mundo antigo. De forma coletiva, o professor e a sala devem resolver os exercícios a seguir, a fim de retomar os principais conceitos envolvendo a organização da mão de obra no mundo antigo. 1. Qual era o tipo de trabalho predominante nas polis gregas do período clássico e no Império romano em sua fase de expansão? Os alunos devem lembrar que o trabalho de escravizado era muito comum, tanto o trabalho dentro das residências como o trabalho braçal em plantações. 2. Liste duas características desse tipo de trabalho. Os alunos podem levantar: – trabalho obrigatório; – ausência de salário; – trabalhador considerado uma mercadoria; – direito de vida e morte sobre o trabalhador. 3. Em que momento da história romana esse tipo de mão de obra entrou em decadência? Os alunos devem lembrar que, quando o Império Romano entrou em crise, o fluxo de escravizados diminuiu e as pessoas migraram das cidades para o campo. 4. Cite e explique a modalidade de trabalho que passou a ter destaque com essa decadência. Os alunos devem lembrar que foi feito um acordo entre o dono das terras e os trabalhadores, o que chamamos de colonato. � 5 – Vide orientações didáticas (página VII). 9 C4_6o_Ano_Historia_TONY_2019_PROF.qxp 23/08/2019 16:16 Página 9 Agora que a turma relembrou os principais conceitos envolvendo o trabalho no mundo antigo, você deverá elaborar um mapa mental que compare o tipo de trabalho desenvolvido na Idade Antiga com o trabalho desenvolvido na Idade Média. Tente registrar no seu mapa três características dos trabalhos mais representativos de cada época. a) Trabalho na Idade Antiga: escravidão, trabalhador não tem direito ao fruto de seu trabalho, mobiliza intenso comércio de mão de obra escrava e trabalho obrigatório sem contrapartida por parte do senhor de escravos. b) Trabalho na Idade Média: servidão, trabalhador tem direito a parte do fruto de seu trabalho, não existe comércio de servos e existe uma troca de obrigações entre senhor e servo. 10 Ânfora de terracota com homens pesando mercadorias (540 a.C-530 a.C), Taleides, Sicilia. Met Museum. Trabalho na Idade Antiga Trabalho na Idade Média M et M us eu m C4_6o_Ano_Historia_TONY_2019_PROF.qxp 23/08/2019 16:16 Página 10 16.4. O contrato feudo-vassálico Por sua vez, os senhores das terras raramente passavam por necessidades. Quando havia uma seca muito demorada ou chuvas demais atrapalhavam a plantação, eles simplesmente aumentavam a arrecadação dos seus servos. Além disso, podiam contar com laços de amizade estabelecidos por meio dos contratos conhecidos como contratos feudo-vassálicos, que eram feitos APENAS entre nobres e membros da Igreja, já que servos não podiam ser donos de terra. Observe a seguir as regras desses contratos. 11 Homenagem ao conde de Clermont-en-Beauvaisis. Cópia de manuscrito de 1373-1376. França. � 6 – Vide orientações didáticas (página VII). A lb um / Fi ne A rt Im ag es / F ot oa re na C4_6o_Ano_Historia_TONY_2019_PROF.qxp 23/08/2019 16:16 Página 11 12 A relação de fidelidade entre um vassalo e um suserano A noção de fidelidade era um dos pilares sobre os quais repousavam os laços de homem a homem na sociedade feudal, e implicava direitos e obrigações de ambas as partes. Antes de mais nada, o vassalo devia o serviço militar, cujo número de dias variava de região para região, podendo chegar ao máximo de 50 a 60 por ano; importantes também eram o conselho e a ajuda, que implicavam auxílio e assessoramento ao senhor na administração e preservação dos seus bens e no controle da justiça. Em vários locais os vassalos arcavam ainda com os custos financeiros do senhor em quatro ocasiões: pagamentos dos gastos despendidos por ele numa cruzada (expedição militar para conquistar Jerusalém, que estava sob o poder do Império Árabe-Mu - çulmano), pagamento do seu resgate caso fosse feito prisioneiro, gastos da cerimônia de armamento de cavaleiro do filho primogênito e despesas do casamento da filha. O senhor, por sua vez, concedia ao vassalo um feudo, cujo rendimento possibilitava sua sobrevivência, dava-lhe parte dos saques obtidos nas expedições guerreiras, além de presenteá-lo repetidas vezes. O vassalo que não atendia o chamado de seu suserano para as campanhas militares cometia um delito de traição, sendo severamente punido, já que sua função e razão de ser era justamente militar. (Marco Antônio de Oliveira Pais. O despertar da Europa: a Baixa Idade Média. São Paulo: Atual, 2013, p. 16-17.) Iluminura do Códice Manesse (séc. XIV). Um cavaleiro armado, com cavalo e escudeiro. [Códice é um suporte de escrita composto por folhas dobradas e costuradas. É originário do século I e considerado um precursor do livro.] Agora você já pode realizar, em casa, a Tarefa 31 “O cavaleiro medieval”. Como você pode imaginar, um rei era o maior suserano de um reino. Havia, porém, um poder maior que o dele: o do Papa. A Igreja era a instituição mais poderosa da época. Você estudará isso com mais detalhes, mas saiba que ela controlava praticamente toda a produção de conhecimento, além de muitas terras. E terra naquela época significava poder, já que dependiam dela a produção dos servos e, portanto, a riqueza da sociedade feudal. Os reis, portanto, buscavam não desagradar os líderes cristãos e tentavam ao máximo influenciar suas escolhas. Era comum nobres importantes virarem bispos e cardeais. Assim, os reis teriam aliados na alta cúpula da Igreja. Quando um novo rei era coroado, eram os membros da Igreja que colocavam a coroa em sua cabeça, mostrando que sem a Igreja o rei não conseguiria manter seu poder. PH A S/ U IG / F ot oa re na C4_6o_Ano_Historia_Carlos_2022_PROF.qxp 25/04/2022 14:31 Página 12 13 Coroamento de Carlos VI na França, o Bem-Amado, pelo arcebispo Richard Picque, na presença do bispo de Beauvais, do duque de Guyenne, do arcebispo de Laon, do duque da Normandia, do arcebispo de Langres e do conde de Flandres (4 de novembro de 1380). (Livro de Carlos VI nas Grandes crônicas da França. Iluminuras de Jean Fouquet (1455-1460), pertencente à Biblioteca Nacional da França.) W ik ip éd ia (D om ín io p úb lic o) Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO (www.objetivo.br) e, em “localizar”, digite HIST6F401 No Portal Objetivo C4_6o_Ano_Historia_TONY_2020_PROF.qxp 02/07/2020 14:04 Página 13 14 A Igreja Medieval e o papel do clero5 Módulo 17 A Igreja Medieval era comandada pelo Papa, também chamado de Sumo Pontífice, por ser o superior de todos os bispos. Além de ter autoridade sobre a Igreja, ele controlava um território na Itália: o Patrimônio de São Pedro. Esse fato revela um aspecto fundamental da Igreja naquele período: ela detinha não apenas poder religioso, mas também político e econômico, possuindo muitas terras e grande influência sobre os outros grupos da sociedade medieval (nobres e servos). Enquanto controlava os aspectos cotidianos da vida dos servos, a Igreja servia como intermediadora das relações políticas dos nobres – os pactos de fidelidade entre suseranos e vassalos, que você já estudou, eram sempre estabelecidos com intermediação de uma autoridade religiosa. Organização do clero Como terceiro elemento da sociedade medieval destacava-se o clero, grupo formado pelos membros da Igreja. Responsável pela salvação religiosa, o clero recebia a proteção militar dada pelos nobres e a produção agrícola dada pelos servos. Numeroso e complexo, o clero possuía dois tipos de divisão que se complementavam: um baseado no estamento do qual o membro da Igreja vinha; e o outro baseado no estilo de vida e na relação com a sociedade. O chamado Alto Clero era composto pormembros nascidos entre os nobres e ocupava os principais cargos da Igreja. Já o Baixo Clero era composto por pessoas do povo e atuava nas Igrejas menores e com menos recursos. Outra classificação era entre clero secular e clero regular. Aqueles membros da Igreja que viviam e atuavam mais próximos da sociedade eram denominados de clero secular. Aqueles que viviam isolados da sociedade, seja por viverem em mosteiros ou por obedecerem rígidas regras de conduta, compunham o clero regular. Para saber mais Além de possuir força espiritual, política e econômica, a Igreja era a mais importante instituição cultural da época. O pensamento, a arte, a espiritualidade e o conhecimento da sociedade feudal foram desenvolvidos em suas catedrais, mosteiros e escolas. As catedrais eram construídas nas cidades que possuíam bispos. Elas eram um centro de produção de arte direcionada às cerimônias religiosas, como as missas, os batizados, os casamentos, bem como à sagração dos cavaleiros e reis. Na prática, a Igreja estava associada a todos os aspectos da vida medieval. Por isso, é importante compreender sua organização, consolidada ao longo da Alta Idade Média. Uma forma de fazê-lo é examinando como ela manifestava seu poder e transmitia sua mensagem: a partir de suas construções. A 50 a 52 DATA: _____/_____/_____ � 7 – Vide orientações didáticas (página VII). (EF06HI18) Habilidade extra BNCC – Relacionar os movimentos de expansão territorial das Cruzadas aos processos de transformação da Idade Média. C4_6o_Ano_Historia_TONY_2020_PROF.qxp 10/08/2020 12:22 Página 14 17.1. A Catedral Assim como os castelos fortificados, as catedrais aparecem como construções que alimentam o imaginário popular e que simbolizam a Idade Média. O castelo mostra o poder e a importância dos cavaleiros; e a catedral prolonga o prestígio de Deus, por intermédio de um representante direto: o bispo, que a utiliza, na cidade, como verdadeira Casa de Deus. É o local onde se reza, onde se fazem pregações e onde se celebram as missas. Em regiões pobres, nas quais havia imensas florestas, as igrejas inicialmente eram feitas de madeira; com o passar do tempo, em função da interferência humana e das guerras, madeiras passaram a dar lugar a pedras. Em seu interior, eram ricamente adornadas, com tapeçarias, afrescos, esculturas. Mais tarde, com a necessidade cada vez maior de evangelização dos fiéis e de luz, identificada com Deus, vieram os vitrais coloridos, representando passagens bíblicas e aumentando a luminosidade no interior das cate - drais. Também surgiram as grandes torres, que marcam a importância e a grandiosidade dessas construções. É importante ressaltar que a construção de uma catedral era algo muito caro e demandava muito trabalho, empenho e tempo. Envolvia tanto a contratação de mão de obra quanto a aquisição de materiais. Para isso, havia uma cooperação entre os nobres, os reis e o clero. Quando o comércio volta a crescer, a partir do século XII, e surgem os burgos (cidades medievais) com suas atividades comerciais e seu artesanato, os seus habitantes (burgueses) passam também a contribuir para a construção das catedrais. As catedrais eram o símbolo máximo do desenvolvimento das cidades e, ao mesmo tempo, demonstravam a perpetuação da força da Igreja, em torno de toda a sociedade. Aquelas que foram construídas em madeira foram praticamente todas destruídas. No entanto, em toda a Europa permaneceram muitas igrejas medievais, construídas em pedra. Dois estilos arquitetônicos se sobressaíram na época: o românico e o gótico. A catedral românica Catedral de Nossa Senhora da Assunção, em Siena, Itália. 15 A lb um / Pr is m a/ F ot oa re na Estilo Período Características Românico Séculos XI a XII • Origem ligada a grupos religiosos. • Aplicação de abóbadas nos templos religiosos. • Sólidas construções: mosteiros, pontes, castelos feudais. • Arquitetura austera, com pouca luminosidade. • Decoração fundamentada em ensina mentos da fé cristã. • As plantas das igrejas tinham a forma de cruz. C4_6o_Ano_Historia_Carlos_2022_PROF.qxp 25/04/2022 14:31 Página 15 16 A catedral gótica Catedral de Colônia, na Alemanha. Sua construção foi iniciada em 1248 (século XIII) e terminada em 1880. Estilo Período Características Gótico Séculos XII a XV • Surgimento vinculado à nascente burguesia, que aplica capitais em grandes construções. • Abóbadas em ogiva ou arqueadas. • Arquitetura mais leve e elegante. • Colocação de grandes janelas com vitrais coloridos. • Intensa luminosidade. • Surgem pináculos e grandes torres. Sc hü tz e/ Ro de m an n/ A la m y/ Fo to ar en a C4_6o_Ano_Historia_Carlos_2022_PROF.qxp 25/04/2022 14:31 Página 16 Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a Catedral de Colônia acabou sofrendo 14 ataques (com bombas aéreas) e não caiu. Mas ficou abalada e precisou ser, em parte, refeita. Para saber mais 17 A estrutura em cruz da catedral de Colônia, Alemanha. Catedral de Chartres, França, vista lateral. Catedral de Chartres, França, vista frontal. A lb um / ak g- im ag es / A rc hi ve s C D A / St -G en ès / F ot oa re na A lb um / ak g- im ag es / A rc hi ve s C D A / St -G en ès / F ot oa re na Fi gu ra 1 C4_6o_Ano_Historia_Carlos_2022_PROF.qxp 25/04/2022 14:31 Página 17 18 17.2. Os mosteiros e o clero regular O clero regular atuava nos mosteiros e se diferenciava do clero secular por viver sob regras de conduta mais rígidas, levando uma existência de trabalho e oração. A Ordem de São Bento foi pioneira nesse processo, sendo formada no século VI. Entre as regras dessa ordem, destacavam-se a busca por isolamento e os votos de pobreza, castidade e obediência. Em seus mosteiros, o clero regular auxiliava a Igreja no processo de conversão dos pagãos e difusão do cristianismo. Além disso, tinha grande destaque na cultura. Os monges liam e estudavam, realizavam a preservação de livros da Antiguidade greco-romana por meio de cópias e realizavam desenhos incríveis, as iluminuras. No século X, com o surgimento do feudalismo, os mosteiros passaram a girar na órbita dos grandes senhores, que interferiam nos assuntos religiosos. Isso também aconteceu com o mosteiro da Ordem de São Bento, que, no entanto, conseguiu sua independência, no século X, e tornou-se, ele mesmo, o senhor de suas terras. Esse mosteiro inspirou a criação de muitos outros em todo o Ocidente. Por isso que a partir do feudalismo a Igreja tornou-se senhora das terras. A Ordem de Cluny assumiu uma posição de reforma dentro da Igreja, influenciando papas como Nicolau II e Gregório VII na reorganização da Igreja. Com Nicolau II, Cluny conseguiu a proibição da simonia (venda de bençãos, bens materiais e espirituais da Igreja e cargos). Também influenciou o estabelecimento do celibato e da escolha do papa pelo Colégio de Cardeais. A Reforma Gregoriana, capitaneada por Gregório VII, contava com o espírito disciplinador da Ordem de Cluny e estabelecia que a nomeação de bispos era incumbência exclusiva do papa e que só ele poderia depor imperadores e ser chamado de Universal. 1. O que diferenciava o clero regular do clero secular? O clero regular atuava nos mosteiros, auxiliava a igreja no processo de conversão dos pagãos e na difusão do cristianismo. Diferenciava-se do clero secular por viver sob regras de conduta mais rígidas, levando uma existência de trabalho e oração. 2. Qual era a importância dos monges na cultura medieval? Os monges tiveram uma grande importância para a cultura medieval: por meio da atividade de copiar os livros da Antiguidade greco-romana, contribuíram para a preservação dessas obras, além de realizarem desenhos, as iluminuras. 3. De que forma a Ordem de Cluny e as reformas papais atuaram para disciplinar o clero e diminuir a influência dos nobres nos assuntos da Igreja? A Ordem de Cluny influenciou uma reforma dentro da Igreja, reorganizando-acom as seguintes determinações: proibição da simonia (venda e compra de sacramentos, indulgências), estabelecimento do celibato, bem como da escolha do papa pelo Colégio de Cardeais. Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO (www.objetivo.br) e, em “localizar”, digite HIST6F402 No Portal Objetivo C4_6o_Ano_Historia_Carlos_2021_PROF.qxp 05/03/2021 15:18 Página 18 19 A abadia de Cluny O duque Guilherme da Aquitânia fundou a abadia de Cluny, na Borgonha, em 910, deixando claro seus objetivos: Dou com a condição de que seja construído em Cluny um mosteiro regular, em honra dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo; que aí formem uma congregação de monges vivendo sob a regra de São Bento; que a possuam para sempre, detenham e governem, de tal maneira que esta santa e abençoada morada esteja incessantemente cheia de religiosos que façam votos para entrar na regra e preces; [...] Foi de nosso agrado registrar neste testamento que deste dia em diante o monges unidos na congregação de Cluny fiquem completamente libertos do nosso poder, do dos nossos parentes e da jurisdição da real grandeza, e nunca se submetam ao jugo de qualquer poder terreno, nem ao de nenhum príncipe secular, conde ou bispo, nem ao do pontífice da Sé Romana, mas apenas a Deus. (Fernanda Espinosa. Antologia de textos medievais. Lisboa: Sá da Costa, 1972, p. 285.) A rt es G rá fic as – O bj et iv o (Hammond Past Worlds. The Times Atlas of Archaeology, 1988, p. 55.) C4_6o_Ano_Historia_TONY_2019_PROF.qxp 23/08/2019 16:16 Página 19 20 1. A partir da observação das imagens, procurem aplicar as características dos estilos religiosos das catedrais medievais a Cluny. Trata-se de uma construção gótica ou românica? Por quê? Trata-se de uma construção românica. Podemos perceber isso pela cúpula redonda da igreja. 2. Procure também identificar se o mosteiro praticava alguma atividade econômica. Justifique sua resposta com elementos do texto da doação de Guilherme de Aquitânia para a sua construção. Agricultura, já que havia celeiro e estábulo. Devia armazenar os grãos no celeiro e utilizar animais na produção agrícola. Essa produção era importante para os monges não ficarem submetidos aos senhores feudais. 17.3. As artes e a Igreja Por toda a Idade Média, talvez com mais ou menos intensidade, as igrejas, particularmente as catedrais e os mosteiros, continuavam sendo os principais lugares onde se desenvolviam o saber e o ensino (artes plásticas, arquitetura, escultura e música). Assim como Carlos Magno fizera no século IX, os governantes do ano 1000 fizeram questão de que catedrais e mosteiros fossem verdadeiros depósitos do saber, providos de uma grande quantidade de livros e mestres. Quantos homens puderam aproveitar essa instrução? Em cada geração, algumas centenas, alguns milhares talvez – e ao nível superior nunca ascenderam mais do que algumas dezenas de privilegiados, dispersos por toda a Europa, separados por enormes distâncias, mas que se conheciam, correspondiam-se, trocavam manuscritos. Paralelamente a tudo isso, naquela época era grande a necessidade de saber e aprofundar o conhecimento sobre Deus e suas obras. Daí o surgimento da Teologia, palavra vinda do grego que significa “estudo de Deus”. Dessa forma, todos que tinham o privilégio de escutar os mestres enfrentavam os maiores perigos, movidos por um encantamento, pois o aprendizado os levava a um nível de respeito cada vez maior e, dessa forma, podiam melhor servir o seu Deus. Já o povo simples se instruía nos assuntos religiosos apenas indo à igreja. As igrejas medievais eram os espaços privilegiados da produção artística, que sobreviveu na parte menos frágil das edificações e dos objetos confeccionados na época. Essas obras de arte eram feitas para Deus, o que permite caracterizar a cultura medieval como uma cultura teocêntrica, ou seja, na qual Deus e a religião ocupam o centro da produção cultural. Os homens medievais acreditavam que as oferendas e os presentes podiam apaziguar a ira de Deus, considerado o Todo-Poderoso. Dentre suas obras de arte, destacam-se as iluminuras, os mosaicos e os vitrais. C4_6o_Ano_Historia_TONY_2020_PROF.qxp 29/06/2020 10:15 Página 20 21 Neste seu material didático, há também iluminuras dos séculos XIV e XV. Identifique as páginas em que elas se encontram e seu assunto. Páginas 3, 7, 11, 12 e 13. Iluminuras Também conhecidas por miniaturas, eram um tipo de pintura colorida e com letras ricamente ornamentadas. Seu suporte era o pergaminho. São chamadas de iluminuras por serem pinturas nas quais folhas de ouro “iluminavam” a imagem. As cores eram obtidas de plantas, minerais, sangue e insetos, de onde se extraíam os pigmentos que, misturados com clara e gema de ovo, além de cera de abelha, tornavam-se uma tinta consistente e com poder de fixação. A tinta preta vinha do carvão; a branca, da cal ou das cinzas de ossos de pássaros; a azul, muito apreciada pelos monges, era extraída das sementes de uma planta ou da azurita e do lápis-lazúli moídos; a verde se obtinha da malaquita; a amarela, do açafrão. Essas pinturas possuíam vários motivos, que iam da inspiração floral à inspiração mítico-religiosa, de flores e estrelas a pássaros, monstros e outras criaturas. Eram aplicadas no início dos capítulos, em letras capitulares – grandes letras coloridas. Também eram utilizadas para ilustrar cenas religiosas ou da vida da nobreza. Letra inicial iluminada com alunos do mestre cantor. Miniatura do breviário do patriarca de Aquileia. Cerca de 1350. Bíblia de Souvigny. Breviário, livro de orações, Mossárabe procedente de Toledo. Século X. Letra Visigoda. Coleção da Biblioteca Nacional, Madrid, Espanha. A la m y/ A la m y D e A go st in i P ic tu re L ib ra ry / D . D ag li O rt i / B rid ge m an Im ag es / Fo to ar en a A lb um / O ro no z/ F ot oa re na C4_6o_Ano_Historia_Carlos_2022_PROF.qxp 25/04/2022 14:31 Página 21 22 Mosaicos Pequenos pedaços de pedras, vidros ou outros materiais coloridos formam imagens e são usados para decorar o interior dos ambientes. Após o século V, essa antiga forma de arte, muito forte também entre os romanos, passou a ser usada para decorar as paredes das igrejas e das catedrais, com forte temática religiosa. O mosaico bizantino teve grande destaque. Além do desenvolvimento técnico, os homens bizantinos utilizavam ouro e pedras preciosas para decorar sua igrejas, catedrais, prédios públicos, moradia dos aristocratas e palácios imperiais. Essa arte de características bizantinas influenciou também a decoração das igrejas românicas, que ensinavam a história de Cristo por meio da arte. A história de Cristo: a criação dos pássaros. Catedral de Palermo, na Itália. Arte românica. Mosaico de Adão e Eva. Imperador Justiniano e arcebispo Maximiano de Pola. Museu San Vitale, Ravena, Itália. Jesus e os pães. Mosaico. Igreja de São Apolinário, em Ravena, Itália. A rt es G rá fic as – O bj et iv o A rt es G rá fic as – O bj et iv o A lb um / F ot oa re na M el vy n Lo ng hu rs t/ A la m y/ F ot oa re na Cristo chama os pescadores Pedro e André para serem seus apóstolos. A lb um / F ot oa re na C4_6o_Ano_Historia_TONY_2019_PROF.qxp 26/08/2019 10:09 Página 22 Vitral Durante a Baixa Idade Média, as igrejas e catedrais eram luxuosamente decoradas. Havia grandes e coloridas janelas (com desenhos geométricos, imagens de santos ou passagens do texto bíblico) que iluminavam o seu interior. Os vitrais, como os mosaicos, eram importantes, pois algumas vezes narravam acontecimentos religiosos para uma sociedade predominantemente analfabeta. Além dos temas religiosos, também representavam temas ligados aos cavaleiros e à vida cotidiana. Rosácea norte. Catedral de Chartres. Catedral de Chartres.Vitral de Noé (Noé construindo a arca). Doadores do vitral de Noé: carpin - teiros, fabricantes de rodas e barris. Vitral da Catedral de Chartres. Sapateirocosturando um sapato. Doação da corporação de sapateiros, século XIII. 23 A lb um / O ro no z/ F ot oa re na Er ic h Le ss in g / A lb um / F ot oa re na Er ic h Le ss in g / A lb um / F ot oa re na A lb um / ak g- im ag es / F ot oa re na A lb um / A kg -im ag es / C at he rin e Bi bo lle t / F ot oa re na C4_6o_Ano_Historia_Carlos_2022_PROF.qxp 25/04/2022 14:31 Página 23 24 Agora que você já conhece as construções e a produção cultural da Igreja, amplie seus conhecimentos sobre sua aliança com o Estado. Aliança entre Igreja e Estado: a criação da Inquisição A Igreja e o Estado organizaram-se de forma muito próxima no mundo medieval. Um dos exemplos dessa proximidade era a forma como combatiam qualquer tipo de oposição aos pensamentos religiosos predominantes na época, as chamadas heresias. Para isso, a Igreja contava com dois instrumentos de imposição: a excomunhão e a Inquisição. A excomunhão significava ser retirado da comunhão da Igreja. No mundo medieval, não fazer parte da comunidade religiosa significava não ser mais aceito para o convívio em sociedade. Assim, o excomungado perdia status e direitos. No caso dos senhores feudais, a excomunhão autorizava que os vassalos não precisavam mais respeitar seus juramentos perante seus suseranos, caso estes fossem excomungados. Outro instrumento importante na época foi o Tribunal da Inquisição, também conhecido como a Santa Inquisição. Esse órgão foi criado em 1231 pelo papa Gregório IX para investigar acusações de heresia e bruxaria. A Igreja, após forte interrogatório com tortura, aplicava a pena espiritual – condenação ao Inferno; ao Estado, cabia o papel de penalizar fisicamente – na maioria das vezes, com a morte na fogueira. Esses dois instrumentos evidenciam a ação conjunta e o rígido controle social sobre toda a sociedade. Essa prática ultrapassou o mundo medieval e perdurou até o século XVIII. Escudo da Inquisição Espanhola. 1571. Tradução: “Levantai-vos, Senhor, e defendei a vossa causa – Salmo 73”. W ik ip éd ia (D om ín io p úb lic o) C4_6o_Ano_Historia_TONY_2019_PROF.qxp 23/08/2019 16:48 Página 24 25 Baixa Idade Média5 Módulo 18 A sociedade que se consolidou durante a Alta Idade Média, e que você estudou anteriormente, começou a se transformar a partir do século X. Crescimento da população, fortalecimento do comércio e retomada da vida urbana foram acompanhados por movimentos de expansão territorial da sociedade europeia e pela lenta ruptura da sua forma de organização baseada na troca de obrigações entre clero, nobres e servos. Esse momento de desconstrução do feudalismo foi denominado Baixa Idade Média e durou até o século XV. 18.1. As Cruzadas A expansão territorial ocorreu principalmente no sentido do Oriente e ficou conhecida como Cruzadas. Caracterizado por uma série de cam - panhas militares, esse movimento tinha como objetivo reforçar a posição cristã. Um dos principais alvos dessa expansão foi a Palestina, onde as Cruzadas opuseram cristãos e muçulmanos em combates que envolviam religião, política e comércio. Realizadas entre 1095 e 1291, as Cruzadas mobilizaram cristãos para a chamada Guerra Santa. Essa expressão se tornou corrente para caracterizar momentos em que sociedades de religiões diferentes entraram em conflito. No entanto, é importante perceber que esses conflitos não surgem apenas de motivações religiosas, apesar de elas predominarem nos discursos e narrativas criadas pelos personagens históricos envolvidos e por parte dos historiadores. Dessa forma, a mobilização das populações nesses eventos conta com um pano de fundo religioso, mas gera transformações políticas (surgimento de novos Estados e mudanças nas relações de poder); sociais (transferência de excessos populacionais e desvio das guerras entre os cristãos) e econômicas (abertura de novas rotas comerciais e acesso a novos produtos). A 53 e 54 DATA: _____/_____/_____ A cidade de Jerusalém, centro do mundo Aviso diretivo para efetuar a passagem de ultramar. (Paris, BnF, século XV. In: Jacques Le Goff; Jean-Claude Schmitt. Dicionário Analítico do Ocidente Medieval. São Paulo: Editora UNESP, 2017. v. 2, encarte iconográfico, sem paginação). (EF06HI18) (EF06HI19) Habilidade extra BNCC – Compreender a dinâmica do trabalho livre nas cidades relacionando-a com a produção e a circulação de riquezas: a estrutura C4_6o_Ano_Historia_TONY_2020_PROF.qxp 10/08/2020 12:22 Página 25 26 Mapa medieval do mundo com Jerusalém no centro, 1275. A nc ie nt A rt a nd A rc hi te ct ur e/ A la m y/ F ot oa re na C4_6o_Ano_Historia_TONY_2019_PROF.qxp 23/08/2019 11:16 Página 26 27 Todos esses elementos fazem parte do fenômeno que você estudará a seguir. As quatro primeiras Cruzadas A rt es G rá fic as – O bj et iv o A Primeira Cruzada A Primeira Cruzada (1096-1099) foi convocada devido ao aumento dos conflitos contra os muçulmanos no Oriente, fato que dificultava a peregrinação religiosa para Jerusalém e ameaçava a existência do Império Bizantino. O acesso cristão ao território, apesar das dificuldades da viagem, era garantido até à ascensão dos turcos seljúcidas entre os muçulmanos. A expansão política e militar desse grupo dificultou a peregrinação para a Terra Santa e ameaçava a existência de uma Constantinopla cristã, forçando uma intervenção do cristianismo ocidental. A expedição militar, liderada por nobres franceses, atravessou a Europa até chegar ao Oriente. No confronto com os muçulmanos, essa expedição, que passou também a contar com populares, formou reinos na Palestina, tomou a cidade de Jerusalém e garantiu a sobrevivência do cristianismo em Constantinopla. Apesar de reunir questão religiosa (a peregrinação ao berço do cristianismo) e política (a existência de forças políticas cristãs no Oriente), a Primeira Cruzada também teve repercussões econômicas, já que reabriu rotas comerciais e aumentou o acesso às valorizadas mercadorias orientais. Godofredo manda reconstruir muralha em Jerusalém, 1099. Crônica da 1.a Cruzada. Manuscrito do século XV. Autor: Dreux Jean. Coleção da Biblioteca Nacional. Viena, Áustria. A lb um / O ro no z/ F ot oa re na Vocabulário Seljúcidas: Povo nômade turco de religião islâmica. C4_6o_Ano_Historia_TONY_2019_PROF.qxp 23/08/2019 10:54 Página 27 28 O termo “Cruzada”, inspirado na utilização da cruz nos uniformes militares, foi criado em momento posterior aos conflitos. Com a Primeira Cruzada, surgiram 4 enclaves (territórios cravados em outros) cristãos no oriente: reino de Jerusalém, principado de Antioquia e condados de Trípoli e Edessa. Apesar de contar com o apoio militar cristão, esses reinos tiveram vida curta e sumiram ao longo do século XII. Na figura, é possível observar guerreiros de origem nobre, partindo para uma cruzada com o apoio de religiosos. Iluminura do século XII. Fi gu ra 2 A rt es G rá fic as – O bj et iv o Fi gu ra 3 C4_6o_Ano_Historia_TONY_2019_PROF.qxp 26/08/2019 08:18 Página 28 29 Agora você vai ler um trecho do discurso do papa Urbano II no Concílio (reunião de bispos, presidida pelo papa para a deliberação de questões religiosas) de Clermont, convocando para a luta cristã no Oriente. Esse documento pode ser considerado o início da ideia de Cruzada e contém as principais justificativas políticas e religiosas para o fenômeno. Discurso de Urbano II no Concílio de Clermont, 1095 Como muitos de vocês já ouviram, os turcos e os árabes atacaram e conquistaram muitos territórios. Eles ocuparam muitas e muitas terras dos cristãos e os derrotaram em sete batalhas. Eles mataram e capturaram vários líderes cristãos, destruíram igrejas e devastaram o império. Se vocês permitirem que os infiéis continuem com essa impureza, os fiéis de Deus serão ainda mais largamente atacados por eles. Sobre esse assunto eu, como mensageiro de Deus, suplico a vocês – ou melhor,Deus suplica a vocês – para que publiquem essas notícias em todos os lugares e convençam as pessoas de qualquer posto, soldados ou cavaleiros, pobres ou ricos, para levarem auxílio para os cristãos e para destruir e expulsar os inimigos das terras cristãs. Eu digo isso para os que estão aqui, mas também para os que não estão. Cristo ordena a sua ação. Todos os que morrerem no caminho, tanto na terra quanto no mar, ou em batalha contra os pagãos, terão o perdão de seus pecados. Isso eu garanto pelo poder de Deus investido em mim. [...] Com que reprovação Deus irá nos atingir se não ajudarmos os que, como nós, professam a religião Cristã. (Tradução dos autores: Concílio de Clermont, versão do discurso de Urbano II, por Fulquério de Chartres. Disponível em: <http://legacy.fordham.edu/hasal/source/urban2-5vers.html>. Acesso em: 5 jan. 2016.) De forma coletiva, a sala deverá listar quais eram os argumentos dados aos cristãos, no Concílio de Clermont, para que eles participassem das Cruzadas. A finalidade desta tarefa é estimular os alunos a se colocarem no lugar dos promotores das Cruzadas e a identificarem seus objetivos. O grupo de alunos poderá considerar que o Concílio de Clermont usa argumentos de ordem religiosa para convencer à participação na Cruzada, tais como: • solidariedade com os outros cristãos; • necessidade de conter os muçulmanos no Oriente; • possibilidade do perdão dos pecados; • obediência a ordens divinas para evitar a reprovação de Deus. Sua criação com a História: Discurso de convencimento O discurso de Urbano II foi capaz de mobilizar parte significativa da sociedade medieval contra outras culturas e religiões. Agora que já o conhece e pôde discutir sobre ele, você deverá realizar uma pesquisa e uma reflexão sobre discursos similares no século XXI: como os argumentos usados por Urbano II aparecem nos dias de hoje? Quem, atualmente, os utiliza? De que modo os utiliza? Quais são os prejuízos que podem causar? Quais são os objetivos dos grupos que perpetuam discursos similares e como se colocar contra eles? � 8 – Vide orientações didáticas (página VIII). � 9 – Vide orientações didáticas (página VIII). C4_6o_Ano_Historia_TONY_2020_PROF.qxp 29/06/2020 09:22 Página 29 30 Escreva um texto reproduzindo o uso atual desses argumentos que poderia aparecer em uma propaganda. Vale ilustrar. Se na Idade Média eram feitas iluminuras, hoje fazemos cartoons e charges e todo tipo de ilustração. Em seguida, faça um comentário crítico ao texto produzido, de forma que ele pudesse aparecer em um jornal. Fique atento às instruções de seu professor sobre como essa pesquisa funcionará. Ao todo foram realizadas oito Cruzadas oficiais para a Terra Santa e muitas outras, oficiais ou não, para outras regiões dentro da Europa. Dessas expedições militares, é possível destacar a Cruzada Popular, a Terceira e a Quarta Cruzadas. Os resultados mais importantes para os cristãos vieram da Quarta Cruzada, pois os cristãos acabaram por recuperar a navegação no Mediterrâneo. Três cruzadas significativas A Cruzada Popular (1096-1097) aconteceu paralelamente à Primeira Cruzada. Depois da convocação do papa Urbano II, e enquanto as tropas nobres se organizavam, um religioso, conhecido como Pedro, o Eremita, convocou populares para combater no Oriente, dizendo estar sob a orientação divina. O avanço em direção ao Oriente, bastante desorganizado, ficou marcado por ataques às comunidades judaicas presentes no caminho das tropas de Pedro. Uma vez no Oriente, e contra as recomendações do imperador bizantino, o mal preparado exército da Cruzada Popular tentou entrar em confronto com os muçulmanos, sendo facilmente derrotado. Os sobreviventes juntaram-se aos integrantes da Primeira Cruzada. A Terceira Cruzada foi organizada para enfrentar o avanço muçulmano na região, após Jerusalém ser retomada sob a liderança de Saladino. Esse líder muçulmano foi responsável por impor derrotas aos reinos cristãos, cada vez mais enfraquecidos. Tropas francesas, inglesas e germânicas uniram-se sob a liderança de seus reis para invadir a região. Principal personagem do lado dos cristãos, o rei inglês Ricardo Coração de Leão negociou o acesso cristão a Jerusalém com Saladino, que autorizou peregrinos desarmados a visitarem a cidade. Apesar de não retomar o controle de Jerusalém para os cristãos, a Terceira Cruzada foi responsável pela conquista das regiões de Acre, Chipre e Jafa. Por sua vez, a Quarta Cruzada simbolizou a sobreposição dos interesses econômicos sobre os interesses religiosos no movimento. Originalmente, o objetivo dos cruzados era conquistar o Egito, importante centro muçulmano na época. No entanto, as lideranças optaram por atacar Constantinopla em busca de recursos e riquezas. A conquista da cidade de Constantinopla garantiu grandes vantagens para Veneza, cujos mercadores eram responsáveis pelo transporte das tropas. Com Constantinopla dominada, os venezianos obtiveram o monopólio do comércio de especiarias orientais através do Mar Mediterrâneo. Para saber mais Agora você já pode realizar, em casa, a Tarefa 32 “A Cruzada das Crianças”. C4_6o_Ano_Historia_Carlos_2022_PROF.qxp 25/04/2022 14:31 Página 30 31 18.2. Economia, sociedade e trabalho na Baixa Idade Média A Europa, entre os séculos XI e XIII, atravessou um período de expansão econômica que possibilitou o crescimento e a reorganização das cidades e do mundo do trabalho. Os centros urbanos ganharam novos contornos: passaram a concentrar funções administrativas e religiosas. Vamos, então, conhecer o cotidiano nas revigoradas cidades europeias. Na Baixa Idade Média, a vida urbana renasceu estreitamente relacionada às atividades comerciais. Ressurgiram cidades em pontos de passagem de caravanas, nas margens dos rios e nos cruzamentos das antigas estradas romanas. Os mercadores que começavam a circular por diversos pontos da Europa abrigavam-se perto de fortificações (existentes ao redor do castelo ou de igrejas) denominadas burgos. Para saber mais sobre o assunto, leia o texto abaixo e realize as atividades propostas. A 55 e 56 DATA: _____/_____/_____ As pessoas nas cidades De fato, do século XI ao XIII, houve um grande desenvolvimento das cidades. A maioria de seus habitantes devia sua condição não ao nascimento – contrariamente aos senhores e servos –, mas ao trabalho. Alguns enriqueceram, ou através do artesanato (fabricação de cobertas e roupas, de ferramentas – usando cada vez mais o ferro), ou através do comércio, e obtiveram, pacificamente ou pela força: o direito de fabricar e de vender sem ter que pagar taxas a um senhor: são as franquias (a palavra franco quer dizer livre). As cidades, na primeira fase de sua existência e de seu desenvolvimento (do século IX ao XII), eram, em geral, chamadas de burgos e seus habitantes de burgueses. Com o passar do tempo, a palavra burguês acabou designando os citadinos de origem mais antiga e os mais ricos. Quando os burgos se desenvolveram além do limite de seu próprio território, isso dava origem aos subúrbios. Estes foram quase todos cercados, em determinados momentos, por uma muralha: foi o caso de Paris, sob o reinado de Filipe Augusto, de 1190 a 1210. Ainda na França, há também o exemplo extraordinário das Muralhas de Carcassone, que foram construídas imitando as cidades medievais, no século XIX. Os burgueses tinham quase sempre direitos especiais sobre os subúrbios: particularmente, eles recebiam taxas daqueles que atravessavam o território para construir ali uma casa ou instalar uma loja. (Jacques Le Goff. A Idade Média explicada aos meus netos. Rio de Janeiro: Agir, 2007, p. 58-59. Adaptado.) Muralhas de Carcassone, na França, hoje em dia. Fi gu ra 4 Jo ão L ae t/ F ot oa re na Carcassone, fortaleza medieval no Sul da França. C4_6o_Ano_Historia_TONY_2019_PROF.qxp 26/08/2019 08:18 Página 31 32 A partir da leitura do texto do historiador francês Jacques Le Goff, a classe deverá responder às seguintes questões:1. Qual a origem histórica da palavra burguesia? Inicialmente, a palavra burguesia designava os habitantes dos burgos, que eram locais seguros e fortificados em que, nos séculos IX e XII, eram feitas as trocas comerciais. Com o passar do tempo, a burguesia passou a caracterizar o grupo social dos habitantes mais antigos e ricos das cidades. 2. Usando a imagem e a descrição de Le Goff como inspiração, a classe deverá representar, por meio de um desenho, um burgo da Baixa Idade Média. � 10 – Vide orientações didáticas (página VIII). C4_6o_Ano_Historia_Carlos_2021_PROF.qxp 05/03/2021 15:18 Página 32 33 O espaço das cidades A cidade medieval é, antes de mais nada, uma sociedade da abundância, concentrada num pequeno espaço em meio a vastas regiões pouco povoadas. Em seguida, é um lugar de produção e de trocas, onde se articulam o artesanato e o comércio, sustentados por uma economia monetária. É também o centro de um sistema de valores particular, do qual emerge a prática laboriosa e criativa do trabalho, o gosto pelo negócio e pelo dinheiro, a inclinação para o luxo, o senso da beleza. É ainda um sistema de organização de um espaço fechado com muralhas, onde se penetra por portas e se caminha por ruas e praças, e que é guarnecido por torres. Mas também é um organismo social e político baseado na vizinhança, no qual os mais ricos não formam uma hierarquia e sim um grupo de iguais – sentados lado a lado – que governa uma massa unânime e solidária. Em contraste com o tempo tradicional, enquadrado e ritmado pelos regrados sinos da Igreja, essa sociedade laica (não religiosa) urbana conquistou um tempo comunitário, em que sinos laicos indicam a irregularidade das chamadas à revolta, à defesa, à ajuda. (Jacques Le Goff; Jean-Claude Schmitt. Dicionário Analítico do Ocidente Medieval. São Paulo: Editora UNESP, 2017. v. I, p. 252.) Para saber mais 11 – Vide orientações didáticas (página VIII). Agora você já pode realizar, em casa, a Tarefa 33 “Viver em Cidades”. O comércio e a produção artesanal nas cidades A intensificação do comércio entre as cidades levou ao estabelecimento de algumas rotas de comércio por terra e por mar, que atingiram dimensões internacionais, ligando um ponto a outro do continente europeu e chegando ao Oriente. Para entender melhor o assunto, faça uma leitura atenta dos mapas a seguir. As rotas comerciais e os principais centros econômicos da Europa Medieval e do Oriente. A rt es G rá fic as – O bj et iv o C4_6o_Ano_Historia_Carlos_2022_PROF.qxp 25/04/2022 14:31 Página 33 34 GranadaGranada SegóviaSegóvia SaragoçaSaragoça ToulouseToulouse CairuãoCairuão PalermoPalermo TessalônicaTessalônica ConstantinoplaConstantinopla BudapesteBudapeste CracóviaCracóvia KievKiev SmolenskSmolensk LeipzigLeipzig SczeczinSczeczin NurembergNuremberg MaastrichtMaastricht LiègeLiège LilleLille ChâlonsChâlons ProvinsProvins AugsburgoAugsburgo ParisParis BeauvaisBeauvais RuãoRuão ColôniaColônia MilãoMilão GênovaGênova VenezaVeneza CremonaCremona LucaLuca FlorençaFlorençaPisaPisaBeaucaireBeaucaire MontpellierMontpellier ArrasArras St. OmerSt. Omer LondresLondres YpresYpres NorthamptonNorthampton BrugesBruges StamfordStamford LincolnLincoln 0 240 km TebasTebas CorintoCorinto GandGand Tecido, lã e algodão N LO S Principais centros têxteis da Europa (século XIII). (José Rivair Macedo. Viver em cidades medievais. São Paulo: Moderna, 1999, p. 39.) A partir da leitura dos dois mapas e das explicações de seu professor, responda ao que se pede: 1. Quais são as rotas comerciais apontadas no mapa? Rotas venezianas, rotas bizantinas, rotas das especiarias, rotas árabes e rota da seda. 2. Você observa um ponto de encontro entre as principais rotas comerciais? Qual é esse ponto? Sim, a cidade de Constantinopla, um dos maiores centros de distribuição de artigos comerciais na Idade Média. 3. De acordo com o mapa, quais são as principais regiões produtoras de tecidos no século XIII? A que regiões da Europa atual elas correspondem? A maior concentração de produção de tecidos localiza-se na região de Flandres, que atualmente corresponde ao noroeste da França, Holanda e Bélgica. Em seguida, destaca-se a região do norte da Itália. Agora você já pode realizar, em casa, a Tarefa 34 “O Comércio”. C4_6o_Ano_Historia_Carlos_2022_PROF.qxp 25/04/2022 14:31 Página 34 35 O comércio, naquele período histórico, tinha abrangência internacional. Alguns mercadores medievais, como forma de defender seus interesses e melhorar seus negócios, organizaram-se em associações denominadas Hansas ou Ligas. Por sua vez, artesãos medievais, como vidreiros, tapeceiros, sapateiros, confeiteiros, carpinteiros, ferreiros, entre outros, organizavam-se em associações denominadas Corporações de Ofício ou Guildas. Cada cidade tinha as suas corporações, nas quais se reuniam os artesãos, conforme a atividade que desempenhavam. As Corporações de Ofício tinham como finalidade proteger seus associados; não permitiam que se instalassem na cidade profissionais que não pertencessem àquela associação. Muitas chegavam a restringir a possibilidade de fazer parte delas um número de membros considerado excessivo, procurando com isso limitar a concorrência. Controlava-se também a quantidade e a qualidade daquilo que era produzido. Estabelecia-se o chamado “justo preço” dos produtos, a fim de controlar a concorrência e eliminar a cobrança de valores desmedidos. Esse ganho além do justo era considerado usura, prática condenada pela Igreja. Caso algum membro da Corporação de Ofício utilizasse métodos de produção que reduzissem os custos e, assim, abaixasse os preços de seus produtos, isso seria considerado concorrência desleal. Procuravam com tais medidas eliminar a concorrência de produtos de outras localidades. Seguindo o mesmo princípio de controle, a atividade produtiva desenvolvia-se segundo regras rígidas. A organização do trabalho era feita de acordo com uma hierarquia, na qual as posições de cada trabalhador estavam definidas. Nas oficinas medievais, havia os seguintes trabalhadores: A – mestres: proprietários das oficinas, das ferramentas, da matéria-prima. Eram conhecedores das técnicas de produção; B – oficiais: trabalhadores adultos que conheciam o ofício de sua corporação. Atuavam junto ao seu mestre; C – aprendizes: eram, em sua maioria, filhos ou parentes do mestre. Trabalhavam em troca de alimentação, moradia e vestuário; D – jornaleiros: trabalhavam “por jornada”, em troca de salários. São considerados por vários historiadores como os precursores do trabalho assalariado que temos atualmente. As Corporações de Ofício se responsabi - lizavam pelos seus associados em situações de dificuldades. Cada membro contribuía para um fundo, cujo valor, em caso de sua morte, era usado para ajudar seus filhos e sua viúva. Se eventualmente o associado estivesse incapacitado para o trabalho, ele também podia recorrer ao fundo para garantir sua sobrevivência e de sua família. Ilustração de três corporações de ofício. (Vicent Carpentier e Marie de Monti (Ilustrações). A Idade Média passo a passo. São Paulo: Cia. das Letras, 2012, p.55. Adaptado.). Agora você já pode realizar, em casa, a Tarefa 35 “Às corporações de ofício”. C4_6o_Ano_Historia_Carlos_2022_PROF.qxp 25/04/2022 14:31 Página 35 36 As feiras medievais A economia medieval se expandiu e modificou a estrutura feudal. Afinal, a partir do século XI, o feudo produzia mais do que precisava para seus habitantes sobreviverem. Para dar conta de tanta atividade, as formas de fazer comércio se diversificaram. Os primeiros mercadores medievais realizavam as transações comerciais e intermediavam as trocas numa atividade basicamente itinerante. Deslocavam-se de um lado para outro, obtendo mercadorias num local e vendendo mais além. Naquele momento, o dinheiro em forma de moedas passou a circular com mais vigor dentro de algumas cidades europeias.