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Semana de Arte Moderna de 22 (1)

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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO
LICENCIATURA EM HISTÓRIA
Caio Sobral - 28031377
Beatriz Moscareli - 25583816
Bruna Bueno - 28022807
Rodrigo Batista de Sá - 25800892
HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA I
Semana de Arte Moderna de 1922
São Paulo
2023
SUMÁRIO
Proposição 3
2. Contexto Histórico 4
2.1 No Brasil e no mundo 4
2.2 Pré-Modernismo 5
3. A Semana de Arte Moderna 6
3.1 Modernismo 6
3.2 Antecedentes do Movimento 8
3.3 A Semana de Arte Moderna de 1922 10
3.4 Os artistas e suas obras 11
3.4 Reações e Críticas 12
3.4 Curiosidades 14
4. Pós Semana de Arte Moderna 15
4.1 Consequências e legado 15
5. Proposta - Plano de Ensino 15
Referências Bibliográficas 18
1. Proposição
Trabalho sobre a Semana de Arte Moderna de 1922 com o objetivo de orientar e
desenvolver de forma didática o assunto.
O evento da Semana de Arte Moderna de 1922 deixa um legado de ruptura com o
passado na arte brasileira. Idealizada pelos artistas Menotti Del Picchia, Oswald de
Andrade, Mário de Andrade, Anita Malfatti e Tarsila do Amaral, a Semana foi um
marco na história do Modernismo brasileiro. Esses e outros expoentes da arte
brasileira levaram ao Theatro Municipal, em São Paulo, suas obras e suas críticas
ao que o Oswald de Andrade chamou de “passadismo”, que faz referência à arte
acadêmica, realista a ao parnasianismo. Esse grupo tinha como objetivo trazer a
identidade brasileira para a arte, e também as mudanças ocorridas no final do século
XIX e começo do século XX. Quase como uma releitura de todo o passado trazendo
à tona os acontecimentos e mudanças atuais - como o centenário da Independência
do Brasil, a industrialização e o fim da Primeira Guerra Mundial -, daquele período.
Parte do trabalho tratará de uma proposta de ensino para alunos do nono ano do
ensino fundamental, visando colocar o aluno como protagonista e com objetivo de
ensinar o aluno sobre todo o evento, suas consequências e o legado que deixou. Ao
final queremos que o aluno saiba o que ocorreu e tenha assimilado os
conhecimentos de forma satisfatória.
3
2. Contexto Histórico
2.1. No Brasil e no mundo
A Semana de Arte Moderna aconteceu na cidade de São Paulo, em fevereiro de
1922, 100 anos após a Independência do Brasil, 34 anos após a abolição da
escravidão e 4 anos após o fim da Primeira Guerra Mundial.
O contexto histórico desse período, fez com que os intelectuais brasileiros
pensassem em como o Brasil tinha saído desses processos históricos, qual o
impacto que eles causaram.
São Paulo, não somente o Estado como um todo mas especialmente a cidade,
passava por grande crescimento econômico proveniente dos negócios em torno do
café. Passava também por um grande fluxo imigratório europeu para cobrir as
demandas de mão de obra no setor agrícola. A cultura tradicional ligada ao passado,
ainda muito enraizada na Europa, fazia parte do dia-a-dia.
Além disso, tínhamos o destaque, até maior que a até então Capital Federal Rio de
Janeiro, que implicou em uma alteração no plano social com o advento da burguesia
industrial, do proletariado vinculado a ela e as classes médias em formação.
No plano literário e das artes, o que estava em vigor eram duas estéticas herdadas
do final do século XIX: o Simbolismo e o Parnasianismo. O primeiro surge com as
consequências da industrialização acelerada e a evolução burguesa, disputa das
grandes potências e busca de consumidores. É uma escola que se opõe ao
entusiasmo do Naturalismo e Realismo, colocando uma visão subjetiva e pessimista
dos acontecimentos advindos do período. Já o segundo, é uma escola que busca a
perfeição, apelidada como escola das “poesias perfeitas”. Visava mais o padrão
estético das composições valorizando a forma e a linguagem culta e deixando de
lado o romantismo e o sentimento empregados na mesma.
4
2.2 Pré-Modernismo
O Pré-Modernismo foi um período de transição entre o Simbolismo e o
Parnasianismo e o Modernismo. No Brasil, ele contempla aproximadamente o
começo do século XX e a Semana de Arte Moderna de 1922.
Não é considerado uma Escola Literária por muitos estudiosos por unir
características de muitas escolas distintas como parnasianismo, naturalismo,
simbolismo e realismo. Em sua obra “História Concisa da Literatura Brasileira”, o
crítico literário Alfredo Bosi afirma que é possível chamar de pré-modernista tudo o
que, nas primeiras décadas do século XX, problematiza a realidade social e cultural.
Com o contexto histórico, no Brasil, com muitas revoltas populares que acontecem
com a consolidação da República - como a Revolta da Vacina (1904), Revolta da
Chibata (1910), Guerra dos Canudos (ocorreu entre 1896 e 1897 mas com maior
ênfase nesse período), Guerra do Contestado (1912-1916) -, os escritores passam a
adotar uma postura liberal e passam a fazer críticas dos problemas sociais
enfrentados pela população. A linguagem formal - fruto do Arcadismo - e a
preocupação estética são deixados de lado para dar lugar a temas sociais, históricos
e políticos.
Como principais características desse “movimento” de transição temos a denúncia
dos problemas sociais como fome, miséria e desigualdade social; a aproximação da
literatura ao contexto social, político e econômico; regionalismo como valorização da
cultura nacional (ainda que nos primeiros passos); marginalização dos personagens
principais, com enfoque no popular; linguagem informal, contrapondo o Arcadismo;
naturalismo com a descrição detalhada de lugares e personagens.
Os principais autores e obras do Pré-Modernismo são Euclides da Cunha, com a
obra Sertões, na qual a visão que é composta a obra é a do revoltoso da Guerra dos
Canudos e não dos vitoriosos. O escritor Graça Aranha com a obra “Canaã”, que
aborda a imigração alemã no Estado do Espírito Santo com uma temática racial.
5
Monteiro Lobato com as suas obras Cidades Mortas, na qual denunciou o cotidiano
das cidades cafeeiras de São Paulo, a decadência econômica e o comportamento
das pessoas e Urupês, com o personagem principal Jeca Tatu, que se opõe ao
homem do campo que era idealizado no Romantismo, já que o personagem principal
tem muitos defeitos e um deles é a preguiça. E Lima Barreto com a sua principal
obra “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, narra a história de um funcionário público,
Policarpo Quaresma, que em uma de suas ações reconhece o tupi como idioma
principal do Brasil em sinal de valorização da cultura brasileira.
3. A Semana de Arte Moderna
3.1 Modernismo
O Modernismo foi um dos movimentos que mais impactaram a forma como
pensamos e criamos. E é um dos movimentos que mais pode divergir entre si, pois
nele cabem várias formas de pensamentos e que algumas vezes até discordam uma
com a outra.
Essas várias formas de pensamento tinham algo em comum: a busca por um
“moderno”, para renovar a cultura tradicional que julgava ultrapassada em
decorrências das mudanças que estavam ocorrendo no mundo.
Fortemente marcadas por valores de experimentalismo e transgressão, estas
correntes procuravam a ruptura com os padrões, as normas, não só nos modos de
criar, mas também de viver e agir em sociedade.
Mesmo que o movimento seja diverso, podemos encontrar características que são
marcantes em todas as “diversidades” como a ruptura com a tradição e com os
moldes acadêmicos, e no lugar podiam ser usados a criatividade e a liberdade de
expressão que geram temas diferentes dos já vistos. Temos também a
experimentação, tentativa de adicionar coisas novas sem o medo de respeitar limites
tradicionais.
6
A valorização do cotidiano e a reconstrução de uma identidade a partir disso faziam
parte das características do Modernismo.
No Brasil, o Modernismo está dividido em três fases:
● 1ª fase (1922-1930): chamada de Fase Heróica é apontada com a mais
radical no rompimento com os paradigmas tradicionais. Houve a redescoberta
e valorização do cotidiano brasileiro, com grande destaque da linguagem
coloquial e espontânea, com suas gírias, erros e capacidade expressiva
(humor, ironia e sarcasmo).Ocorreu também a negação brusca do passado a
nível formal, sendo desvalorizadas as regras de rima e métrica da poesia.
Havia também uma busca pela valorização da cultura indígena, ainda que em
segundo plano. O nacionalismo foi a característica mais marcante dessa fase,
com o nacionalismo crítico que denunciava a realidade brasileira e com o
ufanismo que exaltava o patriotismo. Entre os artistas desta fase, se
destacam Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Anita
Malfatti, Menotti Del Picchia e Manuel Bandeira. Foi nesta fase que Oswald
de Andrade fez suas três publicações mais importantes sobre o movimento, a
Revista Klaxon (1922 — 1923), o Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924 —
1925) e a Revista de Antropofagia (1928 — 1929).
● 2ª fase (1930-1945): conhecida como a fase de consolidação ou a Geração
30, era mais madura que a primeira e fez o movimento ganhar mais força,
principalmente no campo da literatura. Esta fase buscava refletir sobre o lugar
do homem no mundo e a realidade do cidadão brasileiro, se debruçando por
um olhar sócio-político. Na prosa, houve grande reflexão e crítica da realidade
brasileira retratando problemas de diversas regiões do Brasil com ênfase no
regionalismo nordestino, denunciando o coronelismo, exploração da classe
trabalhadora, consequências da escravidão e precaridade dos retirantes. Na
poesia, houve um questionamento no sentido da existência, com profunda
análise dos sentimentos humanos e suas angústias, advindo dos ecos da
Segunda Guerra Mundial.
7
Os autores com maior destaque nesta fase são Carlos Drummond de
Andrade, Cecília Meireles, Vinicius de Moraes, Érico Veríssimo e Rachel de
Queiroz. Jorge Amado com a obra Capitães de Areia e Graciliano Ramos com
Vidas Secas também compunham o time.
● 3ª fase (a partir de 1945): conhecida como a Geração 45, é a última fase do
Modernismo, considerada por muitos estudiosos como Pós-Modernismo. Os
artistas desta fase abandonam muitos ideais defendidos pela primeira fase
como o regionalismo e a exploração da realidade brasileira e a linguagem
popular. A poesia ganhou destaque nesse período, influenciada pelos
conflitos indiretos da Guerra Fria, o final da Era Vargas, o Populismo e os
movimentos que prepararam a instauração da Ditadura, se caracterizava por
ser mais séria, grave e focada na reflexão do indivíduo, abordando a
psicologia humana. Nos destaques como artistas desta fase estão Mário
Quintana, João Cabral de Melo Neto, Lygia Fagundes Telles, Ariano
Suassuna e Clarice Lispector com sua obra A Hora da Estrela. Na prosa, o
regionalismo nordestino continuava com destaque para Guimarães Rosa com
a obra Grande Sertão: Veredas.
3.2 Antecedentes da Semana
A precursora do movimento Modernista no Brasil foi Anita Malfatti. Em 1910, a
pintora, desenhista e professora, foi para Berlim, na Alemanha estudar arte e lá
aprendeu técnicas expressionistas que usou em suas pinturas. Em 1914, retorna ao
Brasil e faz sua primeira exposição na Casa Mappin com pinturas feitas no ateliê de
Lovis Corinth. Entre 1915 e 1916, estudou com professores americanos na
Independent School of Art, na qual ganhou influências modernistas da Europa, com
o professor Homer Boss e ganhando mais liberdade e elementos cubistas em suas
criações. Mas tanto sua primeira exposição quanto a exposição de Lasar Segall em
1913, com pinturas expressionistas, passaram despercebidas com uma ou duas
notas no jornal.
8
Outro fato que precedeu a exposição de Anita e pode ser considerado uma das
influências para o movimento é o retorno de Oswald de Andrade à Europa, em 1912,
tendo contato com o Futurismo italiano e o Cubismo na França.
Quando Anita retorna ao Brasil em 1917, por insistência de pessoas que viram seus
quadros - entre elas, seu amigo Di Cavalcanti -, decide fazer a Exposição de Pintura
Moderna, realizada entre 12 de dezembro de 1917 e 11 de janeiro de 1918 em um
salão cedido pelo Conde de Lara na Rua Líbero Badaró nº 111. Foi considerada o
“estopim” da Semana de Arte Moderna de 1922. Foi nesta segunda exposição que
conheceu Mário de Andrade, com quem viria a idealizar a Semana.
Uma semana após a abertura da mostra, um artigo do escritor Monteiro Lobato,
publicado no jornal O Estado de S. Paulo, intitulado “Paranoia ou Mistificação?”,
condenou, em tons histéricos, aqueles traços exóticos. Para ele, Anita havia se
deixado contaminar pelas “extravagâncias de Picasso e companhia”.
Para um crítico europeu, a arte de Anita Malfatti era uma arte emergente espelhada
no cubismo e expressionismo - “era Arte Moderna”. A crítica serviu de estopim para
o “Movimento Modernista no Brasil”.
Oswald de Andrade, que havia retornado da Europa, escreveu um artigo em defesa
de Anita, por influência do impulso inovador que se inspirava.
Em 1920, esse grupo de divulgação das ideias modernistas foi denominado de
“Futurista”, termo extraído da vanguarda italiana de Marinetti - escritor, poeta,
jornalista e ativista político. A aceitação do grupo pelo termo não foi pacífica,
acontecendo em uma fase posterior ao movimento. Mas em 1921, com a obra
Paulicéia Desvairada, Mário de Andrade cria uma obra verdadeiramente moderna,
com versos livres e natureza futurista - recursos defendidos pelas vanguardas
europeias.
9
Mais tarde, o grupo ficou conhecido como Grupo dos Cinco, composto por Anita
Malfatti, Tarsila do Amaral, Menotti del Picchia, Oswald de Andrade e Mário de
Andrade, os idealizadores e principais organizadores da Semana de Arte Moderna.
3.3 A Semana de Arte Moderna de 1922
Segundo Mário de Andrade, a ideia da Semana de Arte Moderna pertence ao pintor
Di Cavalcanti, que acatou a sugestão de Marinete Prado - esposa de Paulo Prado -
que se refere a fazer em São Paulo algo similar aos festivais culturais de Deauville,
na França. Manuel Bandeira também menciona Di Cavalcanti como autor da ideia.
Porém, no Correio Paulistano, um dos jornais que anuncia a realização do evento,
Graça Aranha é posto como autor da iniciativa - mesmo sendo apenas um dos
organizadores da Semana.
Como patrocinadores da Semana de Arte Moderna estão Paulo Prado, escritor,
mecenas, cafeicultor, poeta e investidor paulista; Alfredo Pujol, advogado, jornalista,
crítico literário, político e orador brasileiro; René Thiollier, advogado e escritor
brasileiro e José Carlos Macedo Soares, jurista, historiador e político brasileiro.
A proposta era unir os festejos do Centenário da Independência do Brasil com o
marco de outra independência, a da cultura brasileira.
Chega-se a 1922. Em 29 de janeiro, o jornal O Estado de São Paulo anunciava a
Semana de Arte Moderna “por iniciativa do festejado escritor, Sr. Graça Aranha, da
Academia Brasileira de Letras”. O jornal Correio Paulistano também anunciou a
Semana que seria realizada entre 11 e 18 de fevereiro, no Theatro Municipal, com a
participação de escritores, músicos, artistas e arquitetos de São Paulo e do Rio de
Janeiro, que tem como objetivo “a perfeita demonstração do que havia em nosso
meio em escultura, pintura, arquitetura, música e literatura sob o ponto de vista
rigorosamente atual”.
10
Mesmo com o anúncio de sete dias de evento, as atividades abertas ao público
aconteceram nos dias 13, 15 e 17 com variações entre conferências, leituras de
poemas, danças, recitais e concertos musicais, além das exposições de pinturas e
esculturas. O festival de abertura teve participação de Graça Aranha, com a
conferência “A emoção estética na arte moderna”, pouco entendida pelo público.
Seguiram-se números de música, poesia, piano e dança, além de outra conferência
de Ronald de Carvalho, “A Pintura e a escultura moderna no Brasil”.
Mas as vaias e aplausos se confundem na noite do dia 15, quando Menotti del
Picchia faz um discurso de teor verdadeiramente futurista. E assim se seguiu a
Semana de Arte Moderna de 1922.
3.4 Os artistas e suas obras
Os principais artistas da Semana de Arte Moderna foram:
● Arquitetos: Antonio Moya, que apresentou18 trabalhos na Semana e Georg
Przyrembel que apresentou projetos em estilo neocolonial e foi quem
projetou a Basílica de Nossa Senhora do Carmo, inaugurada em 1934.
● Escritores: Manuel Bandeira, que não participou mas teve seu poema,
Os Sapos, lido por Ronald de Carvalho; Graça Aranha que profere, na
abertura do dia 13, a conferência intitulada de “A emoção estética na
arte moderna”; Ronald de Carvalho que participou lendo, além de seus
versos, os de Manuel Bandeira e Ribeiro Couto; Guilherme de Almeida,
quem ajudou na fundação da revista Klaxon integrando-se na equipe de
editores, criando a capa do periódico e anúncios de patrocinadores;
Mário de Andrade, participante ativo da Semana de Arte, ajudou a
organizar o evento e apresentou o esboço de sua obra que seria
publicada em 1925, “A escrava que não é Isaura” e ajudou também na
“Revista de Antropofagia”, fundada por Oswald de Andrade;
11
Menotti del Picchia, orador oficial da Semana, apresentando os poetas
e prosadores que exibiam suas obras; Oswald de Andrade, fez uma
conferência na Semana, no dia 18, em homenagem ao centenário da
Bandeira Nacional.
● Escultor: Victor Brecheret, expôs vinte esculturas no saguão e nos
corredores do Theatro Municipal. Fundou a Sociedade Pró Arte Moderna.
● Músicos: Ernani Braga, pianista que regia as ilustrações musicais durante a
conferência de Graça Aranha, comanda um recital e critica publicamente
Chopin; Guiomar, pianista que faz um recital tocando “A dança dos Gnomos”,
de Lizt e famosa por interpretar Chopin e Schumann; Heitor Villa-Lobos,
apresentou obras com pianos, violoncelos e violinos e também o seu recital
mais famoso na Semana, o “Danças características africanas”. Apresentou
também canções metade em francês e metade em português, inspiradas por
Claude Debussy. Foi um dos artistas mais vaiados ao longo dos três dias de
evento e subiu ao palco de casaca e chinelo em um dos pés por estar com
um calo.
● Pintores: Anita Malfatti, expôs cerca de vinte obras, dentre elas O Homem
Amarelo; Emiliano Di Cavalcanti, exibiu onze obras e ilustrações publicitárias,
dono da frase icônica do evento: “Seria uma semana de escândalos literários
e artísticos, de meter os estribos na barriga da burguesiazinha paulista”; Jhon
Graz, expôs sete telas na Semana de Arte Moderna e fez ilustrações para a
Revista Klaxon; Vicento do Rego Monteiro, não participa da Semana, voltando
a França, mas deixa oito pinturas de óleo e aquarela para serem expostas.
3.4 Reações e críticas
A imprensa estava dividida entre três opiniões muito claras. Tínhamos aqueles que
viam com entusiasmo o projeto de tornar o Brasil independente da cultura europeia e
até apoiava. Como segunda opinião, tínhamos os que formavam um grupo
socialmente conservador, que via de forma negativa o movimento antes mesmo de
conhecer a proposta dos Modernistas. E a terceira opinião que era imparcial e nem
sequer chegou a formular esboçar reação pois fingiu que não houve um Modernismo
no Brasil naquele período.
12
Devemos lembrar que a imprensa naquele tempo, só era acessível a um grupo
pequeno, principalmente da elite, pois a maioria da população era analfabeta. O que
leva às críticas com maior entusiasmo de dois participantes ativos da Semana de
Arte Moderna, Oswald de Andrade e Mário de Andrade.
Em 1923, Oswald de Andrade viaja à Europa, passando a ter contato direto com os
movimentos europeus, como Cubismo e Dadaísmo. Foi nessa viagem que o artista
percebeu o primitivismo, um traço da vanguarda presente em Picasso e outros
artistas cubistas.
Vale lembrar que para a cultura europeia, o primitivo era o exótico, o diferente da
“cultura branca” a ser explorado. Para nós brasileiros, esses elementos estavam
incorporados no nosso cotidiano, algo natural que faz parte da nossa tradição, como
a cultura indígena e africana. Oswald de Andrade retorna ao Brasil com essa “visão
sobre o desconhecido” que despertara na Europa.
Quando regressa ao Brasil, escreve o Manifesto do Pau-Brasil que é uma
consequência de se explorar o primitivo. O “pau-brasil”, matéria-prima presente em
toda a costa brasileira na época da invasão portuguesa, diz bem da ideologia
implicada na atitude. Conforme citação de Oswald de Andrade, presente no
manifesto:
“Temos a base dupla e presente - a floresta e a escola. A raça crédula e dualista e a
geometria, a álgebra e a química logo depois da mamadeira e do chá de erva doce.
Um misto de ‘dorme nenê que o bicho vem pegá’ e de equações”.
Todavia, é apenas com o “Manifesto Antropófago” de 1928, que Oswald vai
descobrir a possibilidade de pensar as diferenças da cultura brasileira como um
valor em si mesmo, não mais a ser avaliado pelo europeu como produto de
exportação. Com essa publicação define-se o traço de nacionalidade brasileira, o ser
antropófago.
O texto polêmico e radical do artista contou com diversas metáforas e simbolismos.
Nessa publicação, surgiu o termo “antropofágico”, uma associação direta à palavra
“antropofagia”, que nada mais é do que uma referência aos rituais de canibalismo.
Isso porque, nesse tipo de cerimônia, acreditava-se que após engolir a carne de
uma pessoa, seriam concedidos ao canibal todo o poder, conhecimentos e
habilidades da pessoa devorada.
Dessa forma, com o pensamento voltado para o novo e para o futuro, Oswald de
Andrade criou o movimento antropofágico, que aconteceu por meio da publicação de
um manifesto na revista Antropofagia, em São Paulo.
Nesse contexto, a proposta do artista foi a de “engolir” as técnicas e as influências
de outros países e, assim, fomentar o desenvolvimento de uma nova estética
artística brasileira. Logo, surgiria um novo modo de “fazer arte” que contaria, a partir
de então, com uma forte identidade nacional e, assim, se desvincularia da influência
direta da cultura europeia.
13
A segunda crítica importante, vinda de Mário de Andrade, questiona que a
diversidade e complexidade do Brasil não foi levada em consideração pelo
movimento modernista. A investida desses artistas foi interessante do ponto de vista
da elite formal, mas insuficiente para a construção de uma identidade nacional nas
artes. A Semana de Arte Moderna foi elaborada por uma elite branca, advinda dos
cafeicultores e grandes latifundiários, que teve a oportunidade de estudar arte dentro
e fora do Brasil. E é com essa temática que Mário de Andrade critica o movimento,
em 1942, na conferência “O movimento modernista”, dizendo que os artistas da
Semana não captaram de fato o que acontecia no Brasil e fez pouco para mudá-lo
na sua estrutura.
“Eu creio que os modernistas da Semana de Arte Moderna não devemos servir de
exemplo a ninguém. Mas podemos servir de lição”.
3.5 Curiosidades
1. A Semana de Arte Moderna não foi uma semana de programação.
Curiosamente, um dos maiores eventos da história da arte brasileira durou
apenas três dias. Ela teve uma exposição que durou uma semana, mas as
apresentações foram nos dias 13, 15 e 17.
2. Heitor Villa-Lobos foi o único artista a receber um cachê para se apresentar.
Ele se recusava a se apresentar de graça.
3. No dia 17 de fevereiro, Villa-Lobos fez uma apresentação musical. Entrou no
palco calçando num pé um sapato e em outro um chinelo. O público vaiou,
pois considerou a atitude futurista e desrespeitosa. Depois, foi esclarecido
que Villa-Lobos entrou desta forma, pois estava com um calo no pé.
4. Oswald de Andrade contratou estudantes do Largo São Francisco, escola de
direito da USP, para que atirassem tomates nele próprio durante a
declamação de um poema.
5. Alguns dos nomes mais relevantes do Modernismo, não puderam comparecer
ao evento histórico, como Tarsila do Amaral e Manuel Bandeira. A pintora
mais conhecida do movimento estava estudando em Paris e o poeta havia
contraído tuberculose.
14
4. Pós Semana de Arte Moderna
4.1 Consequências e legado
Apesar de polêmica e controversa, a Semana de Arte Moderna de 1922
inegavelmente foi o catalisador de profundas mudanças no cenário intelectual e
cultural brasileiro, dando inícioa uma fase de grande soberania na produção
artística.
O movimento modernista se caracterizou por defender uma livre criação, o
nacionalismo e pela crítica social. Inaugurou um período de renovação na arte,
contrário ao tradicionalismo e ao rigor estético. Colocando a arte moderna no
holofote, o evento permitiu a consolidação de uma revolução dentro de diversas
áreas do conhecimento, que já tomava forma no início do século, mas que ganhou
força após 1922.
E com os movimentos de Oswald e Mário de Andrade, após a Semana de Arte
Moderna, foi deixado o legado de que era preciso redescobrir o Brasil e suas
culturas e que mesmo inovador, o evento reproduziu algumas características ligadas
a elite brasileira, e uma delas é a forte influência europeia, deixando de lado a nossa
tradição e cultura - indígena e africana.
A Semana de Arte Moderna é estudada até hoje, o que mostra a sua força e
importância para a arte naquele período.
5. Proposta - Plano de Ensino
● Ano
9° ano do Ensino Fundamental
● Unidades Temáticas
O nascimento da República no Brasil e os processos históricos até a metade do
século XX
15
● Objeto de Conhecimento
- Primeira República e suas características Contestações e dinâmicas da vida
cultural no Brasil entre 1900 e 1930
● Objetivos Gerais
Esta habilidade diz respeito a relacionar os processos de urbanização e
modernização com a expressão artística e a vida cultural da elite brasileira e suas
manifestações. E como essas manifestações devem ser avaliadas com um novo
olhar visto “de baixo”, da cultura tradicional.
.
● Objetivos Específicos
- (EF09HI05) Identificar os processos de urbanização e modernização
da sociedade brasileira e avaliar suas contradições e impactos na
região em que vive.
● Conteúdo Programático
A Semana de Arte Moderna de 1922: Contexto Histórico, Pré-Modernismo,
Modernismo, Antecedentes, A Semana de Arte Moderna, Artistas, Consequências e
Legado.
● Metodologia
1. Exposição do assunto a ser tratado, aula explicando o contexto histórico, os
antecedentes, o movimento modernista, a Semana de Arte Moderna, os
artistas, as críticas e o legado
2. Proposta de atividade em grupo na sala de aula, relacionando o conteúdo
explicado na primeira aula com a construção de um movimento artístico
● Recursos Digitais e Materiais de Apoio
Usando trechos dos artigos e publicações que usamos como referência, bem como
os slides para apresentar a matéria aos alunos.
16
● Avaliação
A avaliação será feita em forma de metodologia ativa, na qual os alunos deverão
criar a sua própria exposição. Formarão grupos e desse grupo, alguns alunos ficarão
responsáveis por criarem um movimento e as obras - podendo ser literatura, música,
escultura, pintura ou até mesmo um manifesto - se baseando no que querem exaltar
como cultura tradicional e popular. Essa cultura pode ser exaltada advinda do local
onde residem, da cidade onde nasceram ou de alguma região do Brasil que possa
ter familiaridade. Devem levar em consideração a cultura própria, nascida no local
escolhido, levar em consideração o ambiente, a linguagem, as pessoas e suas
manifestações. A outra parte do grupo ficará responsável pela curadoria da
exposição, tendo de fazer toda a divulgação - com publicações, peças publicitárias e
etc - e organização da mesma. Os críticos que irão avaliar as exposições serão os
professores de História e de Artes em conjunto, por se tratar de um projeto
interdisciplinar.
17
BIBLIOGRAFIA
NASCIMENTO, Eduardo. A semana de Arte Moderna de 1922 e o Modernismo
Brasileiro: atualização cultural e “primitivismo” artístico. Gragoatá, Niterói, nº
39, p. 376-391, 2. sem. 2015. Disponível em link:
https://periodicos.uff.br/gragoata/article/download/33354/19341/111602
ALAMBERT, Francisco. A reinvenção da Semana (1932-1942). REVISTA USP, São
Paulo, nº 94, p. 107-118. Disponível em;
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18
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