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DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO Aula 6 Prof. Antonio Luiz Arquetti Faraco Júnior NACIONALIDADE: CONCEITO É o vínculo jurídico-político que liga um indivíduo a um certo e determinado Estado, fazendo deste indivíduo um componente do povo, da dimensão pessoal deste Estado, capacitando-o a exigir sua proteção e sujeitando-o ao cumprimento de deveres impostos. Aluísio Dardeau de Carvalho 2 Nacionais são as pessoas submetidas à autoridade direta de estado, que lhes reconhece direitos e deveres e lhes deve proteção além das suas fronteiras. DISTINÇÃO • Conceitos importantes para o entendimento da nacionalidade: Nacional •Vinculado ao Estado em questão. Estrangeiro •Vinculado a outro Estado. Apátrida •Sem vínculo com qualquer Estado. Polipátrida •Vinculado a mais de um Estado. Cidadão •É o titular de direitos e deveres políticos perante o Estado. 3 DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS Adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948. [...] Artigo 15 1. Todo homem tem direito a uma nacionalidade. 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade. [...] 4 Nacionalidade como um direito fundamental CONVENÇÃO SOBRE NACIONALIDADE Adotada em Haia, em 12 de abril de 1930. (Dec. nº 21.798/1932) Art. 1º - Cabe a cada Estado determinar por sua legislação quais são seus nacionais. Essa legislação será aceita por todos os outros Estados, desde que esteja de acordo com as convenções internacionais, o costume internacional e os princípios de direito geralmente reconhecidos em matéria de nacionalidade. 5 Estabelece a concessão da nacionalidade como uma faculdade e não um dever dos Estados. Toda pessoa tem direito à nacionalidade do Estado em que tiver nascido, na falta de outra. CONVENÇÃO AMERICANA DE SÃO JOSÉ, COSTA RICA, 22 DE NOVEMBRO DE 1969 Caminha-se no sentido do reconhecimento do Direito fundamental a nacionalidade, de forma a evitar situações de apatridia. 6 ratificada pelo Brasil em 25/09/1992 NACIONALIDADE COMO DECORRÊNCIA DO EXERCÍCIO DO PODER SOBERANO DO ESTADO • Somente o Estado pode: • I. Atribuir ao indivíduo, pelo simples fato de seu nascimento, a sua nacionalidade; • II. Conceder a condição de nacional aos estrangeiros por meio da naturalização; • III. Estabelecer quando se perde a nacionalidade. 7 TIPOS DE NACIONALIDADE Nacionalidade originária: • É primária (atribuída desde o início); • É involuntária; • Resulta seja do local do nascimento (critério ius solis), seja da nacionalidade dos pais (critério ius sanguinis). Nacionalidade derivada: • É adquirida; • É voluntária; • O resultado é a naturalização; • Normalmente, significa uma ruptura da nacionalidade anterior, pois exige manifestação de vontade. 8 Nacionalização: quando o território em que o indivíduo reside é desmembrado e se forma um novo Estado ele adquire uma nova nacionalidade. CRITÉRIOS DE ESTABELECIMENTO DA NACIONALIDADE ORIGINÁRIA • Leva-se em conta fatores territoriais, marcados pelo nascimento.Ius solis • Leva-se em conta fatores de descendência, ou seja, quem são os ascendentes do indivíduo. Ius sanguinis • Combina o ius solis e jus sanguinis. • O sistema brasileiro é misto, em regra nosso sistema é ius solis, com exceções para o jus sanguinis. Misto 9 PERDA DA NACIONALIDADE 10 A nacionalidade é um direito humano. Só poder vir a ser retirada por meio de normas pré-estabelecidas, as quais devem estar de acordo com as normas internacionais, sobretudo com a proteção dos Direitos Humanos. PROTEÇÃO E REGULAMENTAÇÃO DE ESTRANGEIROS Artigo 1º Os Estados têm o direito de fixar, por meio de leis, as condições de entrada e residência dos estrangeiros nos seus territórios. 11 Convenção de Havana, de 1928 A permanência e entrada de indivíduos de outra nacionalidade em seu território fica a cargo de cada Estado, tendo cada um o poder discricionário de regulamentar essas questões. Os Estados também podem determinar a retirada de estrangeiros, o que pode ocorrer em algumas situações específicas e previstas legalmente. Essa retirada não pode ter caráter discriminatório nem violar as regras de Direito Internacional e de Direitos Humanos. Art. 22 PROTEÇÃO E REGULAMENTAÇÃO DE ESTRANGEIROS 12 Convenção Americana de Direitos Humanos, Pacto de São José, Costa Rica, 1969. 6. O estrangeiro que se encontre legalmente no território de um Estado-parte na presente Convenção só poderá dele ser expulso em decorrência de decisão adotada em conformidade com a lei. [...] 8. Em nenhum caso o estrangeiro pode ser expulso ou entregue a outro país, seja ou não de origem, onde seu direito à vida ou à liberdade pessoal esteja em risco de violação em virtude de sua raça, nacionalidade, religião, condição social ou de suas opiniões políticas. 9. É proibida a expulsão coletiva de estrangeiros. DEPORTAÇÃO, EXPULSÃO E EXTRADIÇÃO 13 Deportação •É um ato administrativo de competência da Polícia Federal quando detecta que um estrangeiro entrou ou permanece ilegalmente no país. •O estrangeiro pode, se em situação de regularidade, voltar ao Brasil. Expulsão •É um ato privativo do Presidente da República. Para a imposição da penalidade tem que haver um processo administrativo anterior. •Sanção ao estrangeiro que tiver sofrido condenação criminal ou cuja conduta se revele nociva à convivência e ao interesse nacional. •A expulsão consiste em medida administrativa de retirada compulsória de migrante ou visitante do território nacional, conjugada com o impedimento de reingresso por prazo determinado. Extradição •Acontece quando um indivíduo pratica crime em outro Estado o qual solicita a sua entrega. •Nenhum Estado é obrigado a proceder a entrega, a menos que tenha assinado algum Tratado que estabeleça essa obrigação. REPATRIAÇÃO • A repatriação consiste em medida administrativa de devolução de pessoa em situação de impedimento ao país de procedência ou de nacionalidade. 14 RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL O Estado e as Organizações internacionais, como sujeitos de direito internacional que são, possuem direitos e deveres e, no caso de descumprimento desses deveres, devem responder pelos seus atos a fim de reparar os danos por eles causados. 15 Ideia geral de responsabilidade no âmbito internacional o Estado e os demais sujeitos de direito respondem pelos atos ilícitos que pratiquem e pelos danos que venham a causar aos direitos de outros sujeitos e de pessoas dependentes destes. RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL A responsabilidade internacional possui alguns elementos essenciais para a sua aferição, são eles: 16 • O cometimento de um ato contrário às normas internacionais. Ato ilícito • A existência de nexo causal entre o cometimento do ato e um sujeito de Direito Internacional. Imputabilidade • Prejuízo econômico ou moral decorrente do ato ilícito. Dano RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL Regra: 17 Para que haja a responsabilidade internacional é preciso que haja o cometimento de um ato ilícito causador de danos. Ex: As atividades de natureza nuclear e os danos ao meio ambiente. Nessas situações, ainda que a conduta não seja ilícita, se dela decorrer algum tipo de dano o sujeito será responsabilizado, admite-se, portanto, a responsabilidade objetiva nesses casos. Atualmente, a doutrina e a jurisprudência internacional vêm admitindo algumas possibilidades de responsabilização do Estado sem o cometimento de um ato ilícito, no caso da realização de atividades de alto risco, lícita, que venha a causar algum dano. RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL 18 Responsabilidade internacional direta ●Quando o ato ilícito é praticado pelo próprio Estado ou pelos seus órgãos internos. Responsabilidadeinternacional indireta ●Quando o ato ilícito for praticado por um dos Estados federados ou associados. RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL O direito internacional reconhece três formas de reparação: 19 Restitutio in integrum ou restituição integral • Implica a volta à situação anterior à da violação quando possível. Satisfação •Consiste em uma declaração de cunho moral, como um pedido formal de desculpas pelo sujeito violador. Compensação • Implica o pagamento de indenização. RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL Os prejuízos decorrentes do ato ilícito devem ser causados contra outro sujeito de Direito Internacional. 20 Quando um Estado descumpre normas de direito internacional e com isso causa prejuízos a um indivíduo, este, para requerer a responsabilização internacional do infrator deve recorrer ao instituto jurídico da Proteção Diplomática. O indivíduo deve buscar a proteção do seu Estado de origem quando for agredido por ato de outro Estado. O Estado ao qual foi requerida a proteção não está obrigado a concedê-la (ato discricionário). Porém, uma vez que o faça, o Estado assume a questão, tornando-se o titular da reclamação e a conduzindo em nome próprio. A concessão da proteção pelo Estado de origem é denominada de endosso e pode ser endereçada tanto a pessoas físicas, quanto jurídicas. Potencial conflito RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL Quando a violação cometida pelo Estado for contra um indivíduo nacional, inexiste necessidade de endosso. 21 Art. 23 do Regulamento da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) Qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade não governamental legalmente reconhecida em um ou mais Estados membros da Organização pode apresentar à Comissão petições em seu próprio nome ou no de terceiras pessoas, sobre supostas violações dos direitos humanos reconhecidos, conforme o caso, na Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem, na Convenção Americana sobre Direitos Humanos “Pacto de San José da Costa Rica”, e nos demais documentos que fazem parte do Sistema Interamericano. O QUE FAZER?
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