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Série Segurança do Trabalho Fundamentos de saúde e segurança do trabalho Volume 1 Série Segurança do Trabalho Fundamentos de saúde e segurança do trabalho Volume 1 CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI Robson Braga de Andrade Presidente DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti Diretor de Educação e Tecnologia SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI Conselho Nacional Robson Braga de Andrade Presidente SENAI – Departamento Nacional Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti Diretor-Geral Gustavo Leal Sales Filho Diretor de Operações Série Segurança do Trabalho Fundamentos de saúde e segurança do trabalho Volume 1 SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Nacional Sede Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317- 9001 Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br © 2012. SENAI – Departamento Nacional © 2012. SENAI – Departamento Regional de Santa Catarina A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, mecâ- nico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização, por escrito, do SENAI. Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo de Educação a Distância do SENAI de Santa Catarina, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância. SENAI Departamento Nacional Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP SENAI Departamento Regional de Santa Catarina Núcleo de Educação – NED FICHA CATALOGRÁFICA __________________________________________________________________ S491f Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional. Fundamentos de saúde e segurança do trabalho, volume 1 / Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de Santa Catarina. Brasília : SENAI/DN, 2012. 138 p. : il. ; (Série Segurança do Trabalho). ISBN 978-85-7519-500-0 1. Segurança do trabalho. 2. Segurança do trabalho - Legislação. 3. Higiene do trabalho. I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de Santa Catarina II. Título III. Série. CDU: 614.8 _____________________________________________________________________________ 142 lista de ilustrações Figura 1 - Aspectos da qualidade de vida ...............................................................................................................23 Figura 2 - Pirâmide alimentar ......................................................................................................................................29 Figura 3 - Diagrama de Ishikawa ................................................................................................................................56 Figura 4 - Cena de acidente de trabalho .................................................................................................................58 Figura 5 - Maneiras de registrar acidentes ..............................................................................................................65 Figura 6 - Indicadores para medir e comparar a periculosidade ....................................................................66 Figura 7 - Categorias de perdas ..................................................................................................................................79 Figura 8 - Responsável pela emissão da CAT .........................................................................................................90 Figura 9 - Especificações do estado civil do acidentado ...................................................................................92 Figura 10 - Tipo de filiação do segurado..................................................................................................................93 Figura 11 - Tipo de acidente .........................................................................................................................................94 Figura 12 - Local do acidente .......................................................................................................................................95 Figura 13 - Pirâmide de Frank Bird .......................................................................................................................... 117 Figura 14 - Falhas ativas .............................................................................................................................................. 125 Figura 15 - Queijo suíço de Reason ........................................................................................................................ 125 Quadro 1 - Matriz curricular ..........................................................................................................................................15 Quadro 2 - Consumo de ingredientes .......................................................................................................................30 Quadro 3 - 5W2H ...............................................................................................................................................................57 Quadro 4 - Ficha de cálculo do custo efetivo de acidentes................................................................................86 V O LU M E 1 Sumário 1 Introdução ........................................................................................................................................................................12 2 Princípios de Saúde, Meio Ambiente e Segurança do Trabalho ...................................................................17 2.1 Histórico e desenvolvimento industrial ..............................................................................................18 2.2 Responsabilidade socioambiental ........................................................................................................21 2.3 Qualidade de vida .......................................................................................................................................23 3 Terminologia Técnica ....................................................................................................................................................35 3.1 Desvio ..............................................................................................................................................................36 3.2 Incidente .........................................................................................................................................................37 4 Acidentes de Trabalho..................................................................................................................................................43 4.1 Definição ........................................................................................................................................................44 4.2 Aspectos sociais e ambientais ................................................................................................................49 4.3 Consequências .............................................................................................................................................50 4.4 Análise de acidentes...................................................................................................................................54 4.5 Reabilitação profissional ...........................................................................................................................58 4.6 Estatísticas – estadual e nacional.........................................................................................................63 4.7 Custos ..............................................................................................................................................................83 4.8 Comunicação de acidentes do trabalho .............................................................................................87 4.9 Relatórios ........................................................................................................................................................97 5 A Prevenção de Acidentes de Trabalho .............................................................................................................. 105 5.1 Princípios Prevencionistas ..................................................................................................................... 106 6 Teoria de Frank Bird, “Pirâmide” ............................................................................................................................. 113 6.1 Conhecendo a teoria de Frank Bird, “Pirâmide” ............................................................................. 114 7 Estudos de J. Reason “Queijo Suíço” ..................................................................................................................... 121 7.1 Erro humano no ambiente de trabalho ........................................................................................... 122 Referências ........................................................................................................................................................................ 129 Minicurrículo dos Autores ........................................................................................................................................... 137 Índice .................................................................................................................................................................................. 139 8 Legislação e Normas ................................................................................................................................................. 157 8.1 OIT .................................................................................................................................................................. 158 8.1.1 História ....................................................................................................................................... 158 8.1.2 Fundamentos .......................................................................................................................... 160 8.1.3 Estrutura .................................................................................................................................... 161 8.2 Constituição Federal ................................................................................................................................ 164 V O LU M E 2 8.3 Hierarquia das Leis ................................................................................................................................... 168 8.3.1 Definição ................................................................................................................................... 169 9 Normas Regulamentadoras .................................................................................................................................... 177 9.1 Principais Normas Regulamentadoras ............................................................................................. 178 9.2 Segurança do Trabalho.......................................................................................................................... 184 9.2.1 Rural ............................................................................................................................................ 184 9.2.2 Mineração ................................................................................................................................. 188 9.2.3 Trânsito ...................................................................................................................................... 192 9.2.4 Construção Civil ..................................................................................................................... 197 9.2.5 Laboratórios ............................................................................................................................ 205 9.2.6 No lar ......................................................................................................................................... 207 10 Avaliação e Controle de Riscos Ambientais .................................................................................................... 213 10.1 Riscos ambientais .................................................................................................................................. 214 10.1.1 O Mapa de Risco ................................................................................................................. 215 10.1.2 Fazendo o Mapa de Riscos .............................................................................................. 216 10.2 Ferramentas manuais e portáteis .................................................................................................... 219 10.2.1 Classificação de Ferramentas ......................................................................................... 219 10.2.2 Medidas Preventivas ......................................................................................................... 220 10.2.3 Ferramentas manuais ....................................................................................................... 221 10.2.4 .Ferramentas Portáteis ....................................................................................................... 222 10.3 Proteção de máquinas e equipamentos ....................................................................................... 223 10.3.1 Proteção de Equipamentos.............................................................................................. 223 10.3.2 Dispositivos de Segurança .............................................................................................. 224 10.4 Equipamentos sob pressão ................................................................................................................ 227 10.4.1 Operadores ............................................................................................................................ 229 10.4.2 Vasos de pressão .................................................................................................................. 230 11 Segurança em Eletricidade .................................................................................................................................. 235 11.1 Riscos .......................................................................................................................................................... 236 11.1.1 Choque elétrico .................................................................................................................... 237 11.1.2 Proteção contra efeitos térmicos ................................................................................... 244 11.1.3 Proteção contra queimaduras ........................................................................................ 244 11.1.4 Arco elétrico .......................................................................................................................... 244 11.1.5 Campos eletromagnéticos ............................................................................................... 248 11.1.6 Riscos adicionais – Classificação ................................................................................... 250 11.1.7 Acidentes de origem elétrica ..........................................................................................257 11.2 Métodos de controle ............................................................................................................................ 259 11.2.1 Proteção contra choques elétricos ................................................................................ 259 11.2.2 Desenergização .................................................................................................................... 261 11.2.3 Instalação da sinalização de impedimento de energização ................................ 265 11.2.4 Proteção por separação elétrica ..................................................................................... 270 11.3 Eletricidade estática .............................................................................................................................. 271 V O LU M E 2 11.4 NR-10 Instalação e serviços de eletricidade ................................................................................. 273 11.4.1 Medidas de proteção coletiva e individual ................................................................ 279 11.4.2 Principais equipamentos de proteção coletiva ........................................................ 281 11.4.3 Principais Equipamentos de Proteção Individual .................................................... 283 11.4.4 Segurança nas instalações elétricas.............................................................................. 284 11.4.5 Alta-tensão ............................................................................................................................. 289 11.4.6 Sinalização obrigatória de segurança .......................................................................... 294 11.4.7 Procedimentos .................................................................................................................... 295 11.4.8 Situações de emergência ................................................................................................. 296 12 Cores de Segurança e Ventilação ........................................................................................................................ 301 12.1 Cores e sinalização ................................................................................................................................. 302 12.2 Ventilação ................................................................................................................................................ 306 12.2.1 Industrial ................................................................................................................................. 307 13 Desenho Técnico ...................................................................................................................................................... 315 13.3 Normas ..................................................................................................................................................... 316 13.3.1 NBR 10068 – Folha de desenho layout e dimensões .............................................. 317 13.3.2 NBR 10647– Desenho Técnico – Norma Geral........................................................... 317 13.3.3 NBR 13142– Desenho Técnico – Dobramento de cópias ...................................... 317 13.3.4 NBR 8402 – Execução de caracteres para escrita em desenhos técnicos ........ 318 13.3.5 NBR 8993 – Representação convencional de partes roscadas em desenho técnico .................................................................................................................................................. 318 13.4 Formatos do papel ............................................................................................................................... 319 13.4.1 NBR 10582 – Apresentação da folha para desenho técnico ................................ 319 13.4.2 Margens .................................................................................................................................. 319 13.4.3 Espaço para texto ................................................................................................................ 320 13.5 13.3 Legenda e tipos de linha............................................................................................................ 322 13.5.1 Legenda ................................................................................................................................. 322 13.5.2 Caligrafia técnica ................................................................................................................ 322 13.5.3 Tipos de linha ........................................................................................................................ 323 13.6 Desenho Geométrico ........................................................................................................................... 326 13.6.1 Projeções Ortogonais ......................................................................................................... 326 13.7 Perspectiva ............................................................................................................................................... 333 13.7.1 Perspectiva Isométrica ....................................................................................................... 334 13.8 Escalas ........................................................................................................................................................ 335 13.9 Seções projetadas sobre a vista e fora da vista ........................................................................... 336 13.9.1 Cortes e seções ..................................................................................................................... 337 13.9.2 Hachuras (NBR 12.298) ...................................................................................................... 338 13.9.3 Corte Total (DIN-6) .............................................................................................................. 339 13.9.4 Meio corte .............................................................................................................................. 340 13.9.5 Cortes com desvio ............................................................................................................... 341 13.9.6 Corte parcial .......................................................................................................................... 342 13.10 Desenhos de detalhes ....................................................................................................................... 342 V O LU M E 2 13.10.1 Norma - NBR-5984/80...................................................................................................... 343 13.11 Plantas e leiautes ................................................................................................................................. 346 13.11.1 Planta Baixa ......................................................................................................................... 346 13.12 Geração de elementos geométricos ............................................................................................ 348 13.12.1 Arcos que se interseccionarão no centro desejado ............................................. 349 13.12.2 Divisão de uma reta em duas partes iguais ............................................................. 349 13.12.3 Hexágono ............................................................................................................................ 350 13.12.4 Pentágono ........................................................................................................................... 350 13.12.5 Inscrever uma circunferência em um quadrado .................................................... 350 Referências ........................................................................................................................................................................353 Minicurrículo dos Autores ........................................................................................................................................... 361 Índice .................................................................................................................................................................................. 363 V O LU M E 2 1 Neste primeiro volume desta unidade curricular conheceremos os fundamentos técnicos e científicos visando o desenvolvimento de princípios da área de saúde e segurança do trabalho, bem como, o desenvolvimento das capacidades sociais, organizativas e metodológicas ade- quadas a diferentes situações profissionais. Aqui teremos a oportunidade de refletir sobre os princípios de saúde, meio ambiente e segurança do trabalho, terminologia técnica, acidentes do trabalho e princípios prevencionistas. Você perceberá que esses princípios repercutiram no desenvolvimento industrial, na res- ponsabilidade socioambiental das empresas e na qualidade de vida dos trabalhadores. No decorrer do estudo veremos as terminologias técnicas usadas para evitar acidentes de trabalho, bem como a sua aplicabilidade no dia a dia. Você saberá o que é o desvio, os inciden- tes, os perigos, os riscos e os acidentes. Saberá as causas, fatores e medidas preventivas, o que é muito importante. Com o estudo, terá subsídios para o desenvolvimento e implantação do sistema de Saúde e Segurança do Trabalho, além de saber o que é um acidente, as causas e consequências dos acidentes e como relatá-los ao Ministério do Trabalho. Além disso, verá como calcular os custos envolvidos nesse processo e a maneira de preparar um documento de apoio. Em outros capítulos, veremos a teoria de Frank Bird, além dos estudos de J. Reason sobre “Queijo Suíço”. Numa visão mais abrangente, neste volume, teremos questões ligadas à segu- rança do trabalho, tais como: definição, aspectos sociais e ambientais, consequências, análise de acidentes, reabilitação profissional, estatísticas, custos, comunicação de acidentes do tra- balho e relatórios. Um dos aspectos a destacar está na importância do apoio da empresa ao trabalhador na hora em que este vai voltar ao trabalho após um acidente. O último capítulo será dedicado ao estudo de J. Reason “Queijo Suiço”. Esta teoria abrange questões muito importantes, ligadas à segurança. Para isso, existe a necessidade de gerencia- mentos dos erros humanos. Você verá que os erros humanos têm modelo e causa própria e por isso, precisam ser tratados de forma distinta. Já no segundo volume de Fundamentos de Saúde e Segurança no Trabalho, o objetivo será proporcionar a aquisição dos fundamentos técnicos e científicos com vistas ao desenvolvi- mento de princípios da área de saúde e segurança no trabalho, bem como ao desenvolvimen- to das capacidades sociais, organizativas e metodológicas adequadas a diferentes situações profissionais. introdução 14 FundamenToS de Saúde e Segurança do Trabalho - Volume 1 Neste volume você terá a oportunidade de refletir e interpretar procedimen- tos, documentos, normas e legislação de saúde, segurança e meio ambiente. Conhecer a hierarquia das leis, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) é importante que você conheça essa organização para compreender os direitos tra- balhistas e, a partir daí, entender as bases de como foram fundamentadas nossas leis trabalhistas. Verá ainda que as Normas Regulamentadoras deverão ser respeitadas e cum- pridas dentro de todas as funções em território nacional porque elas emanam das Leis e complementam toda a legislação trabalhista. Terá também uma visão mais abrangente sobre a questão da segurança do trabalho rural, da extração mineral, do trânsito, do lar e da construção civil que contempla, entre outros aspectos, as edificações, a construção de estradas e de laboratórios. No volume dois você ainda poderá compreender como fazer a avaliação e o controle dos riscos am- bientais e de processos. Conhecerá aspectos que envolvem a segurança em eletricidade, onde poderá conhecer a NR-10, os riscos inerentes às atividades laborais, quais são as medidas de controle, o que é e como evitar a eletricidade estática, bem como, quais são as regras de segurança para a instalação de máquinas e equipamentos, além de aprender a realizar serviços onde a eletricidade está presente. Você também terá a oportunidade de conhecer as cores e as sinalizações utilizadas no ambiente cor- porativo para identificar riscos e a questão da ventilação dentro das organizações, seja ela industrial, natural, geral ou de exaustão, visando eliminar os possíveis po- luentes que possam colocar em risco a integridade física do trabalhador. Por fim, terá a oportunidade de conhecer o desenho técnico que tem a prer- rogativa de permitir ao futuro técnico interpretar desenhos, especificações, sim- bologias e projetos seguindo a legislação de saúde e segurança do trabalho. Ter este conhecimento será importante para criar mapas de riscos, identificar layouts, arranjos físicos, peças que podem causar acidentes, entre outros. Neste sentido, os conteúdos aqui apresentados pretendem desenvolver em você, futuro técnico em segurança do trabalho, a capacidade de planejar ações para assegurar a integridade física e mental das pessoas e a preservação do meio ambiente, do patrimônio e da imagem da organização, de acordo com a legisla- ção e normas aplicadas à segurança, saúde e meio ambiente. Para o profissional, é importante estar preparado tanto nas competências técnicas quanto nas relacionais para poder atuar pró-ativamente, conduzindo as pessoas com as quais trabalha a excelentes resultados e a satisfação profissional. Perceba a importância do aprendizado tanto para sua vida pessoal como profis- sional. Como você percebeu, tem muito conteúdo interessante aguardando por você! E os Fundamentos de Saúde e Segurança do Trabalho são essenciais não apenas para o profissional da área, mas também para serem aplicados no cotidiano, pois afinal, saúde e segurança são fundamentais! 1 inTroduçÃo 15 A seguir são descritos na matriz curricular os módulos e as unidades curricula- res previstos e as respectivas cargas horárias. Técnico Segurança do Trabalho MóDULOS DENOMINAÇÃO UNIDADES CURRICULARES CARGA hORáRIA CARGA hORáRIA DO MóDULO Básico Básico • Comunicação Oral e Escrita 60h 300h • Fundamentos de Saúde e Segurança do Trabalho 120h • Cálculos aplicados em Saúde e Segurança do Trabalho 60h • Gestão de pessoas 60h Específico I Realização de ações de saúde e segurança do trabalho • Ações Educativas em Saúde e Segurança do Trabalho • Saúde e Segurança do Trabalho 90h 360h 450h Específico II Coordenação de ações de saúde e segurança do trabalho • Coordenação de Ações em Saúde e Segurança do Trabalho 150h 150h Específico III Planejamento de ações de saúde e segurança do trabalho • Planejamento de Ações em Saúde e Segurança do Trabalho 300h 300h Quadro 1 - Matriz curricular Fonte: SENAI DN Agora você é convidado a trilhar os caminhos do conhecimento. Faça deste processo um momento de construção de novos saberes, onde teoria e prática devem estar alinhadas para o seu desenvolvimento profissional. Bons estudos! 2 Princípios de Saúde, meio ambiente e Segurança do Trabalho Está pronto para entrar no mundo da saúde e segurança do trabalho? Neste capítulo, você conhecerá a trajetória da segurança e saúde do trabalho, desde o seu surgimento até os dias atuais. Verá também os passos do desenvolvimento industrial e a impor- tância da responsabilidade socioambiental nas indústrias. Outro assunto a ser tratado: de que forma a qualidade de vida no trabalho vem mudando os conceitos de saúde dos trabalhadores? Aqui, você terá a oportunidade de explorar assuntos importantes no contexto da saúde e segurança do trabalho. As oportunidades de aprendizagem serão muitas. Que tal agora conheceros objetivos de aprendizagem? Acompanhe! Ao final deste capítulo, você terá subsídios para: a) entender a importância do surgimento das Normas Regulamentadoras do Decreto-lei nº 5.452; b) utilizar terminologia técnica de segurança, meio ambiente e saúde; c) reconhecer os impactos do desenvolvimento industrial; d) compreender como a responsabilidade socioambiental é interpretada pela indústria; e) conhecer os benefícios do PQV (Programa Qualidade de Vida). A partir de agora você terá a oportunidade de conhecer diversos temas sobre o assunto que farão a diferença em suas práticas. Faça desse processo uma construção significativa e praze- rosa. 18 FundamenToS de Saúde e Segurança do Trabalho - Volume 1 2.1 hiSTórico e deSenVolVimenTo induSTrial Desde que o trabalho foi descoberto, estabeleceram-se várias evidências e correlações do trabalho com os acidentes e doenças. Uma das doenças profissio- nais mais encontradas, na época, foi a silicose, ou seja, a “asma dos mineiros”, uma doença típica de trabalhos em minas de extração. G et ty Im ag es (2 01 2) Decorrente dessas atividades, em 1700, foi publicado um livro, na Itália, que tratava dessas doenças e das demais ocupações. Na época, o médico Bernardi- no Ramazzini, realizou diversos estudos, envolvendo o assunto, mas não evoluiu com eficiência devido à grande quantidade trabalhos artesanais e dificuldades em constatar que o trabalho poderia estar diretamente ligado às doenças defla- gradas1 na época. VOCÊ SABIA? Mais tarde, no século XVIII, iniciava-se na Inglaterra, a Revolução Industrial. Nessa época, buscava-se a produ- ção a todo custo, não importando se isso iria refletir na saúde e segurança dos trabalhadores. Com o advento2 dessa revolução, as fábricas se instalavam em beirais de rios e lagos, pois a única fonte de energia para o movimento de máquinas e equipa- mentos era a energia hidráulica, sem falar que a mão de obra, nessas localidades, era bastante escassa. 1 DEFLAGRADAS Provocadas, desencadeadas. 2 ADVENTO Vinda, início. 3 EMISSÃO Produzir, transmitir. 2 PrincÍPioS de Saúde, meio ambienTe e Segurança do Trabalho 19 iS to ck ph ot o (2 0- -? ) Com o surgimento da máquina a vapor, a grande maioria das fábricas começa- ram a expandir suas estruturas para as áreas mais centrais das cidades, facilitando a contratação de mão de obra. Com essa evolução e a natural necessidade de contratações, não existia qualquer tipo de avaliação médica, sendo admitidos tra- balhadores com doenças, mulheres e crianças de qualquer idade, evidenciando com excesso a ocorrência de graves acidentes. Como a preocupação pela produção era o foco, existiam máquinas e equipa- mentos sem proteções e a emissão3 de ruídos com decibéis elevados era comum. Além disso, havia altas temperaturas no ambiente que, com frequência, gerava mal súbitos, principalmente em crianças, por serem mais frágeis. A quantidade de horas trabalhadas não era respeitada, assim como, o trabalho noturno. VOCÊ SABIA? Por que o dia 1° de maio foi instituído como dia do tra- balho? A história desse dia inicia em 1886, nos Estados Unidos. Nessa época começaram a ser organizados movimentos de protestos, onde os trabalhadores reivindicavam seus direitos. O principal motivo era diminuir a carga horária de trabalho de 13 horas por dia, para 8 horas. Essa greve foi tão grande e intensa que paralisou todo o sistema de produção americano. Os funcionários he- sitavam trabalhar à medida que suas reivindicações não eram atendidas. Outros países também organizaram esse tipo de manifesto, mas foi somente em 1919 que o dia 1º de maio foi oficialmente proclamado feriado. 20 FundamenToS de Saúde e Segurança do Trabalho - Volume 1 A lei de saúde e moral dos aprendizes surgiu em 1802. Essa lei estabeleceu alguns parâmetros4 básicos, que buscavam a redução de acidentes de trabalho, como: melhores condições de ventilação, a redução para 12 horas de trabalho por dia, a necessidade de lavar as paredes e estruturas da fábrica pelo menos duas vezes ao ano, entre outras ações. Mas mesmo seguindo todas essas etapas, as fábricas registravam um número muito alto de acidentes de trabalho, não sendo, assim, o suficiente na busca da integridade física dos trabalhadores. VOCÊ SABIA? E foi apenas em 1877, que surgiu nos Estados Unidos, uma nova lei que exigia a colocação de proteções em máquinas e equipamentos, bem como, uma quantidade mínima de saídas de emergência para situações de eva- cuação5 de toda fábrica. Em meados de 1967 e 1968, um norte americano chamado Frank Bird, iniciou um extenso estudo sobre os acontecimentos dos acidentes de trabalho. Na épo- ca, Frank estudou aproximadamente 170.000 pessoas que estavam envolvidas em acidentes de trabalho em companhias americanas, chegando à conclusão que para cada 600 incidentes, havia um acidente com afastamento, reforçando que esses dados advinham de probabilidades6. O Conselho Nacional para Segu- rança Industrial surgiu em nova fase da Revolução Industrial americana. Com a realização do trabalho em um fluxo produtivo diferenciado, ou seja, em massa, os trabalhadores começaram a repensar a sua nova forma de trabalhar com mais segurança, até porque novas legislações estavam surgindo, ficando claro que a importância pela segurança aumentaria para ambos os lados. M au ríc io P av an (2 0- -? ) 4 PARÂMETROS Elemento importante a levar em conta para avaliar uma situação ou compreender um fenômeno em detalhe. 5 EVACUAÇÃO Esvaziamento, saída ou retirada. 6 PROBABILIDADE Razão ou indício que faz supor a verdade ou possibilidade de um fato. 2 PrincÍPioS de Saúde, meio ambienTe e Segurança do Trabalho 21 Já para a América Latina, estas preocupações começaram a aparecer apenas no século XX. Em 1950, foram estabelecidos procedimentos e objetivos para a saúde ocupacional por meio da O.I.T. (Organização Internacional do Trabalho). Ações, estas, que foram estipuladas devido ao desenvolvimento industrial local. Seguindo as necessidades mundiais, o Brasil criou sua primeira lei na área de prevenção em 1919, onde o foco era o trabalho ferroviário. As leis trabalhistas surgiram na sequência, em 1934, instituindo uma ampla regulamentação, a qual se refere à prevenção de doenças e acidentes de trabalho. Em 1972, o governo brasileiro criou a portaria nº 3237, tornando obrigatório o cumprimento de trabalhos voltados à higiene e à segurança, e também de saú- de ocupacional para todas as empresas com mais de cem trabalhadores. Já, em 1978, surgiu a tão esperada Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho, denominada como NR. E você sabe o objetivo dessa norma? O intuito dessa norma era contemplar to- das as informações possíveis para um ambiente de trabalho mais digno e seguro para o trabalhador. Na data de sua criação, a NR constava de 28 Normas Regulamentadoras, entre elas, a NR-05, que visa à formação de uma comissão interna de prevenção de aci- dentes e doenças ocupacionais. E então, gostou do assunto? Percebeu como as conquistas dos trabalhadores em relação à sua saúde e à segurança do trabalho foram sendo ampliadas com o passar dos anos? E que tal continuar o estudo, agora sobre o tema responsa- bilidade socioambiental? Esse será o assunto da próxima etapa. Adiante com os estudos! 2.2 reSPonSabilidade SocioambienTal Certamente, você já ouviu falar em responsabilidade socioambiental, não é mesmo? Pois saiba que foi na década de 1990, por meio de uma reunião mundial sobre o gerenciamento ambiental, que se tornou forte a divulgação do termo res- ponsabilidade socioambiental. Com a cobrança frequente de uma globalização por aspectos mais justos na área social, as organizações começaram a desper- tar interesse pelo assunto, notando novas cobranças tanto pela parte de clientes como pela sociedade onde a organização estava inserida. 22 FundamenToS de Saúde e Segurança do Trabalho - Volume 1 G oo ds ho ot (2 0- -? ) Mas de que formaas organizações podem chegar a um patamar de responsa- bilidade socioambiental? Quais os caminhos a percorrer? Quais as dificuldades a serem encontradas? Todos esses questionamentos são naturais quando se busca um objetivo, uma nova forma de fazer algo novo. Tal situação refletiu em diversas ações voltadas para a área ambiental, entre elas, é possível destacar: a) respeitar e auxiliar a comunidade; b) criar políticas de meio ambiente; c) criar dispositivos para a proteção dos trabalhadores; d) realizar sistemas que garantam ações ambientalmente corretas; e) buscar o crescimento sustentável; f) inserir ações ambientais na missão das organizações; g) evidenciar o cumprimento da Agenda 21; h) ser estratégico com as ações ambientais; i) atender clientes e fornecedores com foco ambiental; j) auxiliar as comunidades na busca pelo desenvolvimento sustentável. FIQUE ALERTA Nos dias atuais, diversas organizações vêm utilizando es- tes parâmetros de forma negativa, ou seja, visando apenas o lucro e não à busca pela verdadeira essência do que é responsabilidade socioambiental. 7 PERMEAR Atravessar. Fazer passar pelo meio. 2 PrincÍPioS de Saúde, meio ambienTe e Segurança do Trabalho 23 No entanto, a responsabilidade socioambiental consiste em permear7 as pes- soas a conduzirem o seu dia a dia da forma mais ambientalmente possível, cons- cientizando desde cedo, as crianças sobre a importância de se construir um mun- do melhor, menos poluído, menos injusto e com mais dignidade. SAIBA MAIS Que tal ampliar seus conhecimentos sobre responsabilidade socioambiental? Como você certamente já sabe, ampliar as fontes de informação é uma forma de conhecer mais sobre o assunto. Veja a indicação de leitura a seguir. DEMAJOROVIC, Jacques. Sociedade de risco e responsabili- dade socioambiental: Perspectivas para a educação corpo- rativa. São Paulo: Editora SENAC, 2003. Agora, você já sabe que a responsabilidade socioambiental é importante, não somente para as empresas, mas para cada ser humano. Você está convidado a aprender mais sobre qualidade de vida. Pronto para seguir? Aperte os cintos e embarque nesta nova trajetória! 2.3 Qualidade de Vida Para iniciar o estudo, pense nas seguintes questões: quais são suas preocupa- ções? Trabalho, relacionamentos, família? Como você tem cuidado do seu corpo? Ele é a sua casa e a forma como você cuida dele, é que determina sua aparência, seu estado mental e emocional. Você leva uma vida saudável? Para ter uma vida saudável não basta apenas evitar doenças, é preciso estar bem emocionalmente, fisicamente, socialmente e espiritualmente. As nossas es- colhas afetam a maneira como vivemos e a quantidade de anos que vivemos. W al es ka R us ch el (2 01 1) Figura 1 - Aspectos da qualidade de vida 24 FundamenToS de Saúde e Segurança do Trabalho - Volume 1 FIQUE ALERTA Para estar bem fisicamente é preciso ter uma boa noite de sono, fazer exercícios físicos e comer adequada e equili- bradamente. H em er a (2 0- -? ) O bem-estar mental está relacionado ao equilíbrio emocional e o bom conví- vio familiar. O bem-estar social tem relação com uma moradia adequada, o acesso a tratamento de saúde, o trabalho e renda adequados e a segurança pessoal. Já o bem-estar espiritual é obtido por meio da prática de uma religião, meditação ou do contato com a natureza, alcançando, com isso, a paz interior. M ic ro so ft O ffi ce (2 0- -? ) 2 PrincÍPioS de Saúde, meio ambienTe e Segurança do Trabalho 25 A vida saudável é obtida por meio de ações pessoais e não depende dos ou- tros. Cada pessoa deve querer buscar e se empenhar para ter boa saúde. Para isso, deve planejar, direcionar as prioridade e mudar os hábitos de vida que colocam em risco a saúde e o bem-estar. Aquele que tem uma vida saudável é mais feliz e, com isso, tem mais saúde. Para ter uma vida saudável é preciso estar bem consigo mesmo, reconhecen- do seu valor e o dos outros, respeitando os direitos e cumprindo suas obrigações. Uma pessoa saudável também observa a qualidade de seus relacionamentos e, para isso, se comunica de forma eficiente e dedica tempo para as pessoas com as quais convive. Lembre-se que as relações afetivas estáveis influenciam na saúde, na realiza- ção pessoal e na segurança do indivíduo. Além de ter uma vida saudável, é preciso que as pessoas também consigam realizar-se em seu trabalho. Sabe-se que as pessoas comprometem-se com algu- ma coisa quando elas tiram do trabalho a sua realização pessoal, tanto material quanto psicologicamente. M ic ro so ft O ffi ce (2 0- -? ) Você sabia que o que impulsiona o homem à ação é a sua motivação, ou seja, a realização como ser? É verdade! E, por isso, o trabalho precisa, necessariamente, significar e proporcionar um futuro melhor. Caso isso não ocorra, o trabalho será uma obrigação chata, frustrante e des- gastante. 26 FundamenToS de Saúde e Segurança do Trabalho - Volume 1 O ser humano não quer apenas trocar tempo por dinheiro, ele deseja fazer algo além da sua obrigação. Portanto, cabe a você escolher o caminho que quer seguir. Pense em suas escolhas e analise as consequências dos seus atos. Essa atitude simples permite que o indivíduo cresça emocionalmente e se destaque no mercado de trabalho. Conheça agora um caso interessante de hábitos errados que trouxeram gran- des problemas para um consultor. Veja no Casos e relatos. caSoS e relaToS Calma aí Silva O dia a dia de Silva é agitado. Ele acorda às 6h30min, toma seu banho, pega uma xícara de café na padaria próxima ao prédio onde fica seu es- critório e inicia suas atividades de trabalho pontualmente às 7h30min. Parada pro almoço? Só quando dá! Nestes casos, Silva costuma pedir um lanche com dois hambúrgueres em um bar próximo à sua casa. As atividades diárias de Silva incluem as visitas às empresas, pois ele é consultor em gestão empresarial e viaja com frequência. Em sua última viajem ele sentiu um mal estar depois de quase seis horas dirigindo sem parar. Quando retornou de viajem, descobriu que estava com uma úlcera no estômago, causada principalmente pelo uso indiscriminado de me- dicamentos que ele tomava para evitar sentir algumas dores na coluna. Além disso, o alto nível de glicose em seu exame de sangue indicava a possibilidade de estar com diabetes, onde a falta de exercícios físicos regulares e o consumo excessivo de açúcar poderiam ser as principais causas. Agora, Silva deverá ficar afastado por uma semana e por isso terá con- sideráveis prejuízos financeiros também, pois uma parte de seu rendi- mento vem das comissões que ele recebe ao executar os seus serviços de consultoria. Percebeu a importância de hábitos de vida saudáveis no trabalho? Reflita so- bre a situação enfrentada por Silva e, caso seja necessário, reavalie seus hábitos! 8 PREVENCIONISTA Estudo dos ambientes de trabalho e do comportamento humano com o objetivo de eliminar o potencial de acontecimentos de incidentes e acidentes. 9 PATOLOGIAS Ciência das causas e dos sintomas das doenças. 10 DOENÇAS OCUPACIONAIS É designação de várias doenças que causam alterações na saúde do trabalhador, provocadas por fatores relacionados com o ambiente de trabalho. 2 PrincÍPioS de Saúde, meio ambienTe e Segurança do Trabalho 27 E a medicina do trabalho, você sabe qual sua finalidade? A medicina do traba- lho é essencialmente preventiva, propondo-se a promover e conservar a saúde dos que trabalham. Quando ocorre um dano, que não foi possível evitar, intervi- rá o mais precocemente possível, minimizando consequências que possam vir a ocorrer. iS to ck ph ot o (2 0- -? ) O Exame Médico Periódico é essencialmente prevencionista8 e deixou de ser uma ação voltada para o mero cumprimento do aspecto legal e passou a ter uma amplitude maior, agindo pró-ativamente na identificação de eventuais patolo- gias9 que possam se manifestar. Que tal, agora, conhecer alguns exemplos de ações prevencionistas? Acompanhe! a)Programa de Tratamento e Prevenção ao Tabagismo. b) Exames Complementares ao periódico. c) Campanha de vacinação. d) Campanha de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial. e) Campanha de Controle de Diabetes. f) Dia Mundial do Coração. g) Grupos de Síndrome Metabólica, Diabéticos e Pré-diabéticos. Além desses exemplos, que você conheceu, a ginástica laboral também é uma ação prevencionistas. Ela é uma atividade realizada no local de trabalho, com du- ração média de dez minutos, que atua de forma preventiva, por meio de exercí- cios que compensam as estruturas mais sobrecarregadas durante a jornada de trabalho e também ativam outras que não estejam sendo solicitadas. Ela promo- ve a melhoria da qualidade de vida e a prevenção de doenças ocupacionais10. 28 FundamenToS de Saúde e Segurança do Trabalho - Volume 1 Conheça os principais benefícios da ginástica laboral. a) Redução do desconforto físico. b) Melhora da flexibilidade e mobilidade articular. c) Melhora da postura e consciência corporal. d) Melhora da disposição física. e) Maior integração entre os trabalhadores. f) Auxílio no gerenciamento do stress. Dentro desse contexto, é importante refletir sobre a seguinte questão: você se alimenta corretamente? A maioria das pessoas responderá que sim! Porém, o que os médicos têm observado é que a grande maioria da população brasileira abusa das gorduras, massas, carnes e temperos. M ic ro so ft O ffi ce (2 0- -? ) Pare e pense: você consome frutas e verduras diariamente? Muitos respon- derão que não gostam desses alimentos e, por isso, não os incluem na dieta. É verdade que algumas verduras não são tão saborosas assim, mas saiba que elas são fundamentais para o funcionamento correto do organismo. Apesar de viver- mos em um país que possui uma variedade muito grande de frutas, a maioria da população não tem o hábito de consumi-las diariamente. Alguns alegam que elas são muito caras e outros, que tem preguiça de descas- cá-las. Agora que você já sabe a importância do consumo de frutas, verá algumas dicas sobre a orientação nutricional e os benefícios de uma alimentação saudável. Além disso, saberá como os alimentos menos populares podem fazer bem para a saúde. Pronto para iniciar? Siga atento! 2 PrincÍPioS de Saúde, meio ambienTe e Segurança do Trabalho 29 Primeiramente, é preciso conhecer a pirâmide alimentar para poder compre- ender quais os alimentos devem ser consumidos para obter-se os nutrientes ne- cessários e as quantidades adequadas. Carnes e ovos 1 porção1/2 Frutas 4 porções Leite, queijo 3 porções Verduras e legumes 4 porção1/2 Arroz, pão, mandioca 7 porções Óleos e gorduras 1 porção1/2 Açúcares e doçes 1 porção1/2 Feijões 1 porção Lu iz M en eg he l ( 20 11 ) Figura 2 - Pirâmide alimentar Fonte: apud HU - USP (2010) Na base da pirâmide, é possível encontrar os carboidratos, que são fonte de energia. No segundo patamar, as vitaminas, minerais e fibras. No terceiro, estão os alimentos que são a fonte das proteínas e, no topo da pirâmide, encontram-se os alimentos que devem ser consumidos com moderação, pois são fonte de calorias. VOCÊ SABIA? Uma vida saudável é obtida por meio de ações pessoais e não depende dos outros? É verdade! Cada pessoa deve querer buscar e se empenhar para ter boa saúde. Para isso, deve planejar, direcionar as prioridades e mudar os hábitos que põem em risco a saúde e o bem-estar. Aquele que tem uma vida saudável é mais feliz. 30 FundamenToS de Saúde e Segurança do Trabalho - Volume 1 Os médicos recomendam uma alimentação equilibrada, variando os alimen- tos, comendo com moderação e consumindo mais alimentos da base da pirâmide do que do topo dela. A alimentação não precisa ser cara, porém deve estar adequada ao consumo humano. Deve ser colorida e saborosa proporcionando, além dos nutrientes que necessitamos, a sensação de bem-estar e prazer. Com o passar dos anos, a indústria alimentícia introduziu uma série de con- dimentos que tornaram os alimentos mais saborosos e com cheiros irresistíveis. Infelizmente, alguns desses ingredientes são prejudiciais à saúde, se consumidos em excesso. Veja alguns deles! INGREDIENTE CONSUMO EXCESSIVO Açúcar Aumento de peso e excesso de gordura no sangue. Gordura saturada Acúmulo de gordura nos vasos sanguíneos e causa doenças do coração. Gordura trans Problemas de saúde, principalmente ao coração. Sódio Pode causar pressão alta. Quadro 2 - Consumo de ingredientes Alimentar-se de maneira saudável é ingerir alimentos que fornecem todos os nutrientes que o corpo necessita para funcionar bem. E você sabia que existem dois tipos de nutrientes? Saiba quais são! MACRONUTRIENTES: proteínas, carboidratos, fibras e gorduras. MICRONUTRIENTES: vitaminas (A, B, C e E) e sais minerais (fósforo, magnésio, potássio, zinco, sódio, cálcio e ferro). Em função dos nutrientes que os alimentos fornecem ao organismo, eles po- dem ser classificados como construtores, energéticos ou reguladores. Veja! CONSTRUTORES: fornecem nutrientes para a constituição do corpo humano. ENERGÉTICOS: fornecem energia para as células. REGULADORES: regulam diversos processos que acontecem no corpo. 2 PrincÍPioS de Saúde, meio ambienTe e Segurança do Trabalho 31 Ju pi te rim ag es (2 0- -? ) E agora você já sabe: invista em sua saúde, coma alimentos saudáveis e nas quantidades necessárias para o funcionamento e manutenção correta do seu cor- po. Isso dará à você mais disposição e motivação para as atividades do dia a dia. Nas empresas, a área de segurança é responsável por ações importantes. Co- nheça algumas a seguir. a) Acompanhamento e orientação a grupos de orientação nutricional (obe- sos), tabagistas e síndrome metabólica. b) Palestras sobre tensão pré-menstrual (TPM), hábitos alimentares e rótulos. c) Aferição da pressão arterial dos trabalhadores, em comemoração ao Dia Na- cional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial. d) Verificação da circunferência abdominal, em comemoração ao Dia Mundial do Coração. e) Verificação da quantidade de refeições ao dia, em comemoração ao Dia Mundial da Alimentação. f) Aferição de peso, estatura e IMC, em comemoração ao Dia Nacional de Con- trole da Obesidade. g) Verificação da glicemia capilar, em comemoração ao Dia Nacional e Mun- dial do Controle de Diabetes. h) Orientação a respeito do consumo de álcool, em comemoração ao Dia Na- cional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo. 32 FundamenToS de Saúde e Segurança do Trabalho - Volume 1 Puxa! Como é importante ter hábitos saudáveis, não é mesmo? E a área de segurança nas empresas é uma aliada na busca pela qualidade de vida. Que tal observar os seus hábitos diários? Pare e reflita um pouco. A saúde deve estar em primeiro lugar! recaPiTulando Neste capítulo, você conheceu os princípios da saúde e segurança do trabalho e meio ambiente e de que forma esses princípios repercutiram no desenvolvimento industrial, na responsabilidade socioambiental das empresas e na qualidade de vida dos trabalhadores. Parabéns pela conclusão desta etapa! Siga com motivação e comprome- timento, fazendo do seu estudo um momento significativo e prazeroso! 2 PrincÍPioS de Saúde, meio ambienTe e Segurança do Trabalho 33 Anotações: 3 Terminologia Técnica Neste capítulo, você conhecerá a terminologia técnica de ferramentas práticas e de aplica- bilidade simples que proporcionam resultados significativos na redução dos acidentes. Aqui você verá que medidas simples podem fazer a diferença! Portanto, prepare-se para essa etapa de novas descobertas! E agora, o convite é para conhecer os objetivos de aprendizagem. Ao final deste capítulo, você terá subsídios para: a) entender a aplicabilidade de terminologias técnicas na redução dos acidentes de trabalho. Inicie com dedicação e atenção, fazendo do seu estudo uma oportunidade de refletir sobre suas práticas diárias! 36 FundamenToS de Saúde e Segurança do Trabalho - Volume 1 3.1 deSVio Você sabe o que édesvio? É toda ação que visa o não cumprimento de uma norma ou procedimento de segurança, podendo gerar agravos à saúde e à in- tegridade física do trabalhador, bem como, uma diminuição na produção fabril. iS to ck ph ot o (2 0- -? ) Vamos entender melhor através de alguns exemplos: a) circular fora da faixa de segurança; b) dirigir uma empilhadeira ou plataforma elevatória sem ser habilitado; c) executar um trabalho em altura sem utilizar cinto de segurança; d) realizar um trabalho com solda sem o preenchimento de uma permissão de trabalho especial; e) não realizar o bloqueio de energias perigosas ao realizar uma ação preven- tiva ou corretiva em máquinas e equipamentos; f) trabalhar em máquinas ou equipamentos com correias ou engrenagens ex- postas; g) não reportar princípios de incêndio ou qualquer outra emergência; h) não realizar o check-list1 de segurança da empilhadeira antes de utilizá-la. Percebeu quantas situações podem se tornar riscos no ambiente de trabalho? Por isso, fique atento e permaneça longe de situações perigosas! E que tal com- plementar o estudo, sabendo mais sobre incidentes? Esse será o próximo assun- to. Até lá! 1 CHECK-LIST Lista de verificação 3 Terminologia Técnica 37 3.2 incidenTe Um incidente compreende toda situação que poderia ter gerado dano pesso- al. Ele inclui o dano material, o de estrutura e a perda de tempo para arrumar algo que foi gerado por um incidente. Ficou claro? Então, acompanhe os seguintes exemplos: a) batida de empilhadeira em caixas de hidrante; b) queda de materiais próximo ao trabalhador; c) vazamento de vapor; d) vazamento de óleo de máquinas e equipamentos; e) vazamento de produtos químicos; f) colisão sem lesão corporal. M ic ro so ft O ffi ce (2 0- -? ) Apesar de não serem graves, os incidentes merecem atenção! E você, já se de- parou com alguma situação como aquelas que conheceu nos exemplos anterio- res? Para complementar ainda mais o seu estudo, na etapa seguinte, você verá os perigos e riscos. Mãos à obra! 38 FundamenToS de Saúde e Segurança do Trabalho - Volume 1 caSoS e relaToS Probabilidade de acidentes Durante uma vistoria em um canteiro de obras, um grupo de membros da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), da construtora responsável, identificou que o risco de queda de ferramentas ou mate- riais em uma determinada área da obra é muito alto. Com base nesta análise, o técnico responsável pela segurança do tra- balho da empresa propôs uma intervenção que deverá restringir a pas- sagem de pessoas não autorizadas nesta área, dificultando a execução de algumas atividades de outros profissionais, tais como as entregas e o transporte de materiais. Desta forma, mesmo sem ter registrado acidentes de trabalho desde que a obra iniciou, esta ação preventiva buscou a diminuição da probabili- dade de acidentes. Ainda, a empresa estava ciente de que teria de realizar ajustes no canteiro de obras para reduzir os possíveis transtornos de lo- comoção causados pelo isolamento desta área. Mesmo assim, este custo seria menor do que aquele resultante de um provável acidente. Certamente, você já passou ou presenciou uma situação de perigo ou risco, como a descrita no Casos e relatos, certo? Pois saiba que o perigo é uma situação que prediz ou profetiza que uma determinada situação pode causar algum aci- dente. Então, perigo é algo iminente. FIQUE ALERTA Portanto, um técnico de segurança do trabalho deve fazer um inventário3 das fontes de perigo de uma empresa e le- var em consideração os principais riscos. Perigo é toda situação que possa causar dano ou lesão em alguma pessoa ou ao patrimônio. Perigo é a situação que contém “uma fonte de energia ou de fa- tores fisiológicos e de comportamento/conduta que, quando não controlados, conduzem a eventos/ocorrências prejudiciais/nocivas.” (SHINAR; GURION; FLAS- CHER; 1991, p. 1095 apud FISCHER, GUIMARAES e SCHAEFFER, 2002, p. 4). 2 INVENTÁRIO Rol, registro, catálogo. 3 Terminologia Técnica 39 Você já se perguntou sobre quais os riscos que corre no lugar onde vive? Pois saiba que acidentes acontecem em todos os lugares. Mas será que estamos se- guros? Os riscos aparecem o tempo todo e, na grande maioria das vezes, nem nos damos conta deles. Portanto, segundo Portugal (2000) “o risco é qualquer pos- sibilidade de perigo e o que conta mesmo é a expressão ‘possibilidade’”. Outra definição para o termo: “risco é a probabilidade ou chance de lesão ou morte.” (SANDERS; MCCORMICK, 1993, p. 675 apud FISCHER, GUIMARAES; SCHAEFFER, 2002, p. 4). SAIBA MAIS Que tal ampliar seus conhecimentos sobre risco? As pessoas têm fascínio pelo risco, não é mesmo? O risco pode nos tor- nar prevenidos mas também é responsável pelo prazer que sentimos ao superar um desafio. Este livro traz uma reflexão sobre essa ambiguidade. Que tal lê-lo? ADAMS, John. Risco. São Paulo – SP: Senac Editora, 2009. Risco é a expectativa de uma perda. É uma combinação da gravidade e da probabilidade apresentadas por um perigo. Veja, temos vários equipamentos eletrônicos ligados na energia elétrica em nossa casa, certo? Os fios constituem um risco, porém há uma possibilidade pe- quena de ser um perigo se eles estiverem em perfeito estado de conservação. Assim, o risco é visto como algo potencial, sendo: (...) uma função da natureza do perigo, acessibilidade ou acesso de contato (potencial de exposição), características da popu- lação exposta (receptores), a probabilidade de ocorrência e a magnitude da exposição e das consequências (...). (KOLLURU, apud FISCHER; GUIMARAES; SCHAEFFER, 2002, p. 4). Durante todo o seu estudo, você foi desafiado a apropriar-se de novos conhe- cimentos. E agora, vamos seguir em frente? 40 FundamenToS de Saúde e Segurança do Trabalho - Volume 1 recaPiTulando Neste capítulo, você conheceu as terminologias técnicas usadas para evi- tar os acidentes de trabalho, bem como, a sua aplicabilidade no dia a dia. Você aprendeu o que é o desvio, os incidentes, os perigos, os riscos, os acidentes e o que é preciso fazer para evitá-los. Mas não para por aí. Na próxima etapa, você verá temas ligados aos acidentes de trabalho. Siga com determinação e comprometimento, trilhando os caminhos de novas descobertas! 3 Terminologia Técnica 41 Anotações: 4 acidentes de Trabalho Alguma vez você já presenciou ou ouviu falar em acidente de trabalho? Sempre que ocorre alguma fatalidade, surgem as dúvidas se tal catástrofe poderia ser evitada. Além de compreen- der quais os aspectos sociais, ambientais, legais, entre outros, neste capítulo, você estará con- vidado a explorar os processos e componentes de acidentes de trabalho. Mas antes de iniciar, conheça os objetivos de aprendizagem! Ao final deste capítulo, você terá subsídios para: a) conhecer os processos e componentes relacionados a acidentes de trabalho, além dos principais aspectos que interferem ou impactam no cotidiano de um profissional técnico. Vamos entrar no assunto com muita dedicação e autonomia? Lembre-se que a sua aprendi- zagem depende da sua participação no processo. Faça bom proveito dos conteúdos! 44 FundamenToS de Saúde e Segurança do Trabalho - Volume 1 4.1 deFiniçÃo A existência ou ausência de boas condições de segurança ou da proteção e preservação da saúde do trabalhador é facilmente detectada quando são conhe- cidos e interpretados alguns conceitos fundamentais sobre o significado de ter- mos, como: “acidente de trabalho” e “doença ocupacional”. Esse será o assunto que você iniciará agora. VOCÊ SABIA? Acidente de trabalho pode ser considerado o evento casual, com danos para as vidas ou para a capacidade de trabalho do trabalhador ou relacionado com suas funções. Nesta abordagem, pode-se dizer que “evento casual” seria o acidente que não pode ser provocado intencionalmente pela vítima. Já a expressão “danos para as vidas ou para a capacidade de trabalho” significa que o acidente, para ser consi- derado “de trabalho”, precisaser associado a algum ferimento ou lesão no tra- balhador, desde que haja prejuízo na execução das suas atividades. E com base nisso, interfira ou interrompa sua produtividade, mesmo que parcialmente, em função do acidente sofrido. Ph ot od is c (2 0- -? ) 4 acidenTeS de Trabalho 45 Acidente “sem afastamento” ou “sem perda de tempo” (SPT) ocorre quando o acidentado se afasta do serviço, mas retorna no dia seguinte ao do acidente, pois as lesões são superficiais. Entretanto, se o trabalhador não retornar às suas funções no próximo dia nor- mal de trabalho, o acidente deve ser declarado como “com afastamento” ou “com perda de tempo” (CPT). E o que deve ser feito em casos de CPT? Em casos de CPT, deve haver regis- tro e providências junto ao Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS, espe- cialmente o registro de Comunicação do Acidente do Trabalho (CAT), que pode inclusive ser redigido e enviado diretamente ao INSS pela Internet, sendo de res- ponsabilidade da empresa o seu preenchimento e providências. Os incidentes situações anormais no ambiente de trabalho – devem ser considerados, pois po- deriam provocar lesões. Entretanto, acarretam perda de tempo ou danos mate- riais para a empresa. O acidente de trajeto é outro conceito importante. Ocorre quando o trabalhador está em casa e se desloca até sua empresa ou no caso con- trário, indo para sua residência, a qualquer momento ou circunstância, como, por exemplo, horário de almoço ou fim do expediente. O que deve ser considerado, no entanto, é que a trajetória ou caminho realiza- do, deve ser o mesmo utilizado diariamente. Portanto, se um trabalhador pegou um caminho alternativo para chegar em casa e sofreu um acidente, descaracteri- za o acidente de trajeto. FIQUE ALERTA Então, qualquer acidente que aconteça com um traba- lhador, desde que esteja a serviço da empresa, dentro ou fora do ambiente de trabalho e mesmo em casos onde o trabalhador esteja viajando a serviço, se houver algum acidente, este deve ser considerado como acidente de trabalho, sendo coberto pelo INSS, em específico, o seguro de acidente de trabalho. Caso o acidente aconteça no local de trabalho: no refeitório, no trajeto de percurso para o refeitório, durante a pausa ou o descanso para a refeição - que pode contar com alguma prática esportiva: futebol, tênis de mesa, xadrez, jogos eletrônicos ou, simplesmente, uma leitura de revista - será declarado como um acidente de trabalho. 46 FundamenToS de Saúde e Segurança do Trabalho - Volume 1 M ic ro so ft O ffi ce (2 0- -? ) É comum escutar que alguém teve um acidente “no” trabalho. Porém, o cor- reto é expressar que houve um acidente “de” trabalho, por ser mais genérico e cobrir várias situações, como você estudou anteriormente. Existe um caso interessante e que descarta completamente o acidente de trabalho. Sabe qual é? Acontece quando o trabalhador não estiver a serviço da empresa. Por exemplo, se estiver realizando atividades para usufruto pessoal, tra- balhando para terceiros, enfim, quando não estiver trabalhando na empresa ou à disposição da empresa durante sua jornada de trabalho. Considerando o ocorrido como acidente fora de trabalho (AFT). Vale a pena ressaltar que nesses casos, o trabalhador deve ser considerado como ausente das suas funções e sendo que passa a ser considerada sua ausência como perda da produção da empresa, que pode cair consideravelmente, a pon- to de comprometer ganhos e lucros da empresa. Esse assunto será tratado mais adiante. Mas, afinal, o que é acidente de trabalho? De acordo com o Art. 2º da Lei nº 6367, de 19 de outubro de 1976, acidente de trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal a serviço da empresa, ou perturbação funcional, que cause a morte, ou perda, ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho”. (BRASIL, 1976). Uma doença ocupacional pode ser considerada como “acidente de trabalho”. Vamos saber mais sobre esse assunto. Em frente! 1 ANTRACOSE Presença de poeira de carvão no tecido pulmonar. 2 ASBESTOSE É considerada uma pneumoconiose, ou seja, uma doença do sistema respiratório relacionada ao trabalho, que decorre da aspiração de poeira com asbesto e caracteriza-se por fibrose pulmonar crônica e irreversível. 4 acidenTeS de Trabalho 47 VOCÊ SABIA? Doenças ocupacionais podem ser relacionadas às ati- vidades ou funções do trabalhador e podem ser subdi- vididas em “doenças profissionais” e “doenças do traba- lho”. Entenda melhor! Uma “doença profissional” é desenvolvida pelo exercício das funções específicas às atividades do trabalhador. Por exemplo, um trabalhador em uma mina de carvão está mais vulnerável a contrair uma doença profissional, a antracose1. Alguém que trabalha na construção de telhados à base de amianto pode ad- quirir uma asbestose2. Existe uma série de agentes, químicos, biológicos, etc., que podem ser noci- vos aos trabalhadores e o INSS tem o cadastro de todas as atividades, funções e operações que podem levar um trabalhador a adquirir uma doença profissional. iS to ck ph ot o (2 01 2) FIQUE ALERTA No entanto, para ser considerada como doença do traba- lho, é necessário que exista um agente causador identi- ficado no ambiente de trabalho e que esteja cadastrado na base de dados do INSS como prejudicial à saúde do trabalhador. 48 FundamenToS de Saúde e Segurança do Trabalho - Volume 1 E esta constatação de que existe relação entre o agente causador e as con- dições de trabalho inadequadas, somente serão identificadas por um perito “in loco3”, ou seja, no local do trabalho. Outros casos de acidente de trabalho podem ser considerados como terroris- mo ou sabotagem, por terceiros ou não; ofensa ou confronto físico intencional por disputa, com motivo relacionado ao trabalho; imprudência; imperícia ou ne- gligência de terceiros - inclusive de colega de trabalho; desabamentos; inunda- ções; tragédias ou catástrofes naturais ou algum caso fortuito que leve o trabalha- dor a um acidente ou como consequência de um acidente de trabalho, a adquirir uma doença profissional do trabalho. É considerado um acidente de trabalho, de acordo com os preceitos legais, o acidente ocorrido pelo trabalhador “ainda que fora do local e horário de traba- lho”, na execução ou realização sob ordem ou “sob a autoridade da empresa”; “prestação espontânea” de serviços ao empregador, para proporcionar ou ade- quar algum proveito a este; em casos de viagens a serviço do empregador; no tra- jeto de/ou para o trabalho, de/ou para o local designado para refeições, dentro de seu intervalo do trabalho, desde que o trajeto seja realizado habitualmente, em qualquer situação. O conceito Técnico ou Prevencionista considera a importância de registrar os acidentes que possam levar à perda de tempo, ou a danos mate- riais (em adição, ou não às lesões físicas), ou doenças ocupacionais já explicados. Nesses casos, são levados em consideração acidentes em que não ocorram afastamentos ou obrigação de ausência da função ou que não sejam contabi- lizados nos registros do INSS. São considerados importantes os registros de in- cidentes que não gerem doença ocupacional ou lesão física. Contudo, podem ocasionar lesão ou doença ocupacional em outros trabalhadores, em momento posterior, dependendo da hora, dia, semana, etc. Como exemplo, pense no caso de um vazamento de combustível no fim de semana, em um setor de abastecimento dentro de uma empresa de transportes. Se ocorrer em um período que não haja ninguém executando nenhuma função, não causará doença ocupacional pela emissão de gases e vapores, nem lesões por queimaduras, por exemplo. Porém, se acontecer no horário de trabalho normal dos trabalhadores, pode ocasionar uma explosão, queimaduras, enfim, acidentes de trabalho com e sem afastamento, dependendo das lesões. De qualquer modo e especialmente no conceito prevencionista (ou técnico), é de fundamentalimportância o registro do acidente de trabalho ou mesmo o registro de ocorrências que possam prejudicar ou interferir nas atividades consi- deradas normais no ambiente produtivo da empresa. 3 IN LOCO No local. 4 acidenTeS de Trabalho 49 Esses registros devem ser publicados em local de fácil acesso para os traba- lhadores de toda a empresa, que desejarem consultar os mesmos. Além disso, podem ser uma excelente fonte de pesquisa para a Comissão Interna de Preven- ção de Acidentes (CIPA) ou do Serviço Especializado de Segurança e Medicina do Trabalho da empresa (SESMT). Ficou claro o que são os acidentes de trabalho? Lembre-se que a prevenção continua sendo a melhor medida para evitar acidentes de trabalho! 4.2 aSPecToS SociaiS e ambienTaiS Dentre os aspectos sociais e ambientais, pode-se dizer que um risco profis- sional é uma situação de trabalho - operação ou tipo de atividade que permite ou predispõe um trabalhador a se acidentar ou contrair uma doença do trabalho durante sua jornada de trabalho ou no exercício de suas funções. É importante destacar que os riscos profissionais podem ser divididos em ris- cos de ambiente e riscos de operação. O que são riscos de ambiente e riscos de operação? Por operação, entende-se o exercício das funções do trabalho cotidiano, que você estudou anteriormente. Nesses riscos se encontram os maiores vilões dos acidentes de trabalho, como: pisos molhados ou escorregadios, desnivelados, com aberturas ou rachaduras, máquinas sem proteção ou com fios desencapa- dos, etc. iS to ck ph ot o (2 0- -? ) 50 FundamenToS de Saúde e Segurança do Trabalho - Volume 1 Por outro lado, o risco de ambiente é o que existe no ambiente de trabalho, os quais são avaliados e controlados pela higiene ocupacional como por exemplo ruídos, vibração mecânica, temperatura excessiva (tanto frio, quanto calor), locais úmidos, radiação ionizantes e não ionizantes, pressão anormal entre outros. FIQUE ALERTA É de fundamental importância conhecer os riscos no am- biente de trabalho, para evitar que estes gerem problemas mais graves. Assim, é necessário controlar o ambiente para que a concentração ou intensi- dade não ultrapasse os limites de tolerância definidos pelas Normas Regulamen- tadoras do Ministério do Trabalho e Emprego. Alguns riscos, no ambiente, tendem a ter variâncias de lesões em determina- das pessoas, devido à suscetibilidade4 do indivíduo, em função de raça, cor de pele, hábitos e doenças de ordem genética ou hereditária, entre outros fatores. Por isso, é importante identificar e analisar também os tipos de agentes am- bientais, como por exemplo, poeira metálica. Pense no mercúrio metálico como exemplo, a poeira pode ter resultados de- sastrosos se em contato com o trabalhador, da mesma forma que o chumbo e outros metais pesados ou tóxicos. Além disso, as propriedades físicas dos agentes ambientais nocivos deixam o ambiente variavelmente prejudicial ao ser humano. O tamanho e quantidade de partículas suspensas no ar são exemplos. Então, quanto menor a partícula mais tempo esta partícula leva para se depositar e maior é o risco de inalação e pene- tração nos pulmões. Logo, quanto mais denso o material da constituição dessa partícula suspensa, mais fácil é a sedimentação no solo. Percebeu como os aspectos sociais e ambientais interferem nos riscos de aci- dentes de trabalho? E quais serão suas consequências? Ah, esse será o assunto seguinte. Vamos em frente! 4.3 conSeQuênciaS Além de todos os prejuízos indiretos e os diretos que as organizações ou em- presas podem vir a ter, devido ao alto grau e à gravidade de ocorrências e elevado número de acidentes do trabalho, as condições de risco no trabalho podem con- tribuir para a redução no desempenho, tanto de sua produção, como da qualida- 4 SUSCETIBILIDADE Disposição especial para sofrer influências e contrair enfermidades; exaltação da sensibilidade nervosa. 5 NEGLIGÊNCIA Falta de cuidado, descuido, desatenção. 6 IMPERÍCIA Falta de habilidade, experiência ou destreza; incompetência. 7 IMPRUDÊNCIA Falta de cautela, precaução. 4 acidenTeS de Trabalho 51 de de seus produtos e, também do lucro esperado, o que é uma a preocupação existente entre a comunidade, familiares e os próprios trabalhadores. St oc kb yt e (2 0- -? ) Mas nenhum ser humano gosta de trabalhar tenso ou preocupado com a pos- sibilidade de acidentes de trabalho. Assim, dificilmente haverá trabalhadores que atuem em organizações onde estatísticas apresentem elevados índices de gravi- dade ou frequência. Caso uma empresa exija atividades de risco, para manter os trabalhadores, deve pensar em uma elevação considerável de salário, possivelmente acima dos valores tradicionalmente oferecidos pelos concorrentes. Essa ação pode ser en- tendida como uma associação de custo indireto do acidente, que você estudará mais adiante. Por enquanto, você deve compreender que organizações que não possuem más condições de trabalho e segurança não contam com esses custos adicionais. O Auditor-Fiscal do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego, em suas atribuições, pode forçar as organizações a proporcionarem boas condições de segurança do trabalho aos seus trabalhadores, podendo aplicar punições das mais diversas, inclusive por meio de multas, além de requisitar grandes investi- mentos em medidas corretivas e preventivas. Esses investimentos podem ser direcionados a atender às exigências do Minis- tério do Trabalho e Emprego que podem ser absorvidos, também, como custos indiretos do acidente. O Ministério Público pode mover ação indenizatória contra as organizações que, por negligência5, imperícia6 ou imprudência7 de seus diretores, prejudicaram de algum modo, a capacidade produtiva de qualquer um de seus trabalhadores, inclusive causando sua morte. 52 FundamenToS de Saúde e Segurança do Trabalho - Volume 1 Uma ação regressiva pode ser aplicada pelo INSS a fim de reaver a quantia gas- ta com trabalhadores de empresas que não sigam as Normas Regulamentadoras, do Ministério do Trabalho e Emprego, ou que sejam consideradas culpadas por acidentes de trabalho dos envolvidos. Uma perícia técnica realizada por profissio- nais especialistas em Engenharia de Segurança do Trabalho pode corroborar este processo. No artigo 186, do Código Civil Brasileiro, está estabelecido que “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e cau- sar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.” Ainda, o artigo 132, do Código Penal Brasileiro, cita que “expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente” leva à pena de 3 meses a 1 ano de detenção, se o fato não constitui crime mais grave. (BRASIL, 1984). Já o artigo 942 do Código Civil Brasileiro garante que “os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação. Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores e as pessoas designadas no art. 932.” E você sabe quem são os responsáveis pela reparação civil? Então, veja o que diz o Art. 932 “são também responsáveis pela reparação civil: I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mes- mas condições; III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se alber- gue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos; V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia. Inciso III do Artigo 932 do Código Civil - Lei 10406/02 Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: III - o empregador ou
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