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Samba

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Universidade Federal da Bahia – UFBA
Samba e Axé Music na década de 1990
"Década de 1990 - Axé Music, Samba e Suas Influências Culturais"
Ana Beatriz Lima Soares
Ana Lara Souza de Lima
Camila Silva de Brito
Cecília dos Santos Silva
Joice Salles
Lara Fábia Santana da Silva
Maria Luiza Bastos Sousa
Salvador, Bahia
Novembro de 2021
Samba e Axé Music na década de 1990
Ana Beatriz Lima Soares
Ana Lara Souza de Lima
Camila Silva de Brito
Cecília dos Santos Silva
Joice Salles
Lara Fábia Santana da Silva
Maria Luiza Bastos Sousa
	Projeto de pesquisa elaborado pelas discentes Ana Lara Souza de Lima, Ana Beatriz Lima Soares, Camila Silva de Brito, Cecília dos Santos Silva, Joice Salles, Lara Fábia Santana da Silva, Maria Luiza Bastos Sousa como parte integrante das atividades avaliativas da disciplina - Ação Artísticas II HACA37, ministrada pelo Prof. Angelo Tavares Castro.
Salvador, Bahia
Novembro de 2021
Introdução
Este trabalho está sendo construído com o intuito de introduzir o samba e o axé music da década de 1990, e seus aspectos enquanto música popular brasileira. A realização deste trabalho sugere que tanto o samba quanto o axé surgem a partir de movimentos trazidos pelo povo preto durante o processo de imigração em massa para o Brasil, imigração essa que era forçada em função da escravidão desses povos.
Sabe-se que com a chegada dos povos africanos no Brasil, os portugueses reprimirão a cultura, hábitos, e língua dos mesmos, o que fez com que os negros não tivessem liberdade pra se expressar segundo suas tradições. Ainda assim os mesmo conseguiam poucas vezes manter suas crenças através de rodas de danças e expressões musicais. As quais atualmente são denominadas como danças e músicas de matriz Africana.
A partir dessas manifestações se constrói o samba de roda, formado por palmas, cantos e instrumentos de cordas artesanais, em que os participantes dançavam e tocavam em círculos, cantarolando enquanto mesclavam o culto aos orixás aos passos de capoeira. De acordo com Moura (1983) oriundo de solo baiano, o samba, durante o processo de abolição da escravatura, migra em direção aos centros urbanos do país, principalmente em direção ao Rio de Janeiro. 
E segundo Theodoro na Bahia surgiu o candomblé; em Pernambuco, o xangô; na Paraíba e em Alagoas, o tambor; no Maranhão, o batuque; e em São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro, a macumba, a quimbanda e a umbanda. E as tias baianas possuíam um papel de destaque em relação aos rituais comunitários, tornando espaço verdadeiros pilares de identidade Afro-brasileira, isso visto que seus corpos se transformavam em verdadeiros altares vivos, que recebiam, compartilhavam e multiplicavam o axé, ou energia vital dos orixás, dos participantes e dos ancestrais.
 Com toda a raiz presente na música popular brasileira, se ver a forma que a mesma esta ligada diretamente a própria história social. No que é referido ao Samba do Brasil e as musicas populares em geral, se tornam pautas de estudos antológico, e sociológico, Por se tornar uma expressão em massa de uma cultura que ora foi reprimida e prejulgada.
No século XIX, surge na Bahia o ritmo musical nomeado como afoxés, que Tem base nas tradições culturais africanas, mas somente no século XX, na década de 1910 com a musica “Pelo Telefone”, de Donga e Mauro de Almeida, tornou-se conhecido ao ponto de se torna a principal atração musical do Carnaval. Já na década de 1920 acontece o surgimento das primeiras escolas de samba e logo após em 1930 nasce as marchinhas que dão notoriedade ao samba com a famosa marchinha “Os cabelos da mulata”, de Lamartine Babo e os Irmãos Valença.
Em 1950, na cidade de Salvador, surge o primeiro protótipo de trio Elétrico meio de improviso, quando Dodô e Osmar utilizaram altos falantes acoplados a um ford car 1929, e colocaram sua criação nas avenidas de Salvador. Na sequência em 1970 cantores baianos como Caetano Veloso e Moraes Moreira com o grupo Novos Baianos começam a compor músicas especialmente para o momento e para subir aos trios elétricos. E somente na década de 80 a 90 é que surge o axé music, com um movimento de miscigenação da música, abandonando o consumo das músicas do Rio de Janeiro, que antes predominava na Bahia.
Esse novo modelo tem influência da Jamaica, de Cuba, dos instrumentos de sopro, a percussão. Os grandes nomes são Luiz Caldas, Sarajane, Moraes Moreira, Daniela Mercury, Banda Mel, Netinho e o Olodum. A partir daí o carnaval começa a ganhar uma cara baiana. O axé foi em grande parte responsável pelo sucesso do carnaval soteropolitano. Um ritmo que não teve uma criação linear ou uma história regrada, formado em pequenos estúdios e com fortes influências africanas, seja pelo nome "Axé" que vem de uma saudação candomblécista, pelas letras que contam histórias de orixás, ou até no instrumental, a exemplo dos timbales muito utilizados e introduzidos pela Timbalada. 
Atualmente o samba visto em todos os cantos do país, tanto nacional quanto internacional é samba industrializado e fabricado, que antes era marginalizado, vir alvo de moda da grande burguesia e ainda assim seguindo sua condição de classe. Devido a sua qualidade de ritmo musical, e pela condição continental, se transforma desde a década de quarenta com a contratação de Carmem Miranda, criando assim a expressão de um povo e de seu País.
Atualmente a repressão ao samba veio perdendo forças, e essa manifestação cultural começou a ser exaltada a ponto de ser exportada como parte da cultura brasileira. Todavia, a popularização do samba partir da década de 1930 contou com as iniciativas de “desafricanização” do gênero, ou seja, ele passou a ser apresentado por muitos como uma manifestação da miscigenação do Brasil, mas as influências africanas eram quantitativamente diminuídas.
Objetivo Geral
Formulação de um documentário sobre Axé music e o Samba na década de 1990.
Objetivos Específicos:
· Construção do samba ao longo do tempo.
· Influencias Culturais.
· Construção da identidade de um povo através de ritmos.
Perspectiva teórico-metodológica
A perspectiva teórico-metodológica neste projeto relaciona-se à possibilidade de se pensar na pesquisa da música baiana - anos 90, entendendo-a como instrumento de acesso ao conhecimento do samba e do axé. Esse projeto visa a produção de um documentário onde buscamos dar visibilidade à música baiana dos anos 90, música essa que possui grande influência da cultura negra. Abordaremos, como complemento à pesquisa, tópicos sobre o Samba de Roda e o Chorinho, gêneros ainda bastante difundidos no Brasil e de grande importância para a formação de nossa identidade cultural e musical.
O tema geral foi decidido por meio de arquivo no google docs. Após algumas discussões referentes às preferências pessoais entre os membros, optamos pelo recorte final "Década de 1990 - Axé Music, Samba e Suas Influências Culturais". Partindo de imagens de acervos e de locais representativos como a casa da Tia Ciata, Igreja de Nossa Senhora do Rosário do Pelourinho, Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte da igreja da Barroquinha, Bar Gruta baiana, entre outros, além do conhecimento das influencias culturais, estás descendentes de matriz africana, como religião, comida, costume e etcs, o projeto traz entendimento e conhecimento para as futuras gerações nas perspectivas da base cultural existente. É um projeto feito de baianos para baianos sendo cultura e educação.
Entrevistadas: Relato sobre como foi o processo de pesquisa sobre o tema.
"Eu escolhi buscar a origem desse ritmo por já gostar muito dele, por influência da minha família por parte de mãe, e do ano passado para cá eu me conectei ainda mais com ele, em mais expressões do que eu esperava. Gostei de fazer essa pesquisa, e fiquei muito orgulhosa de saber que nasceu aqui na Bahia, e de saber melhor os detalhes de como nasceu. Usei de base a aula do professor, pesquisas na internet e um livro de artes." - Por Camila Brito.
"Foi muito legal! Eu escolhi o grupo por causa do axé, gosto muito e sou fã do carnaval deSalvador. Então, foi muito bom fazer a pesquisa e conhecer a história!! Não tenho o costume de ouvir samba, mas conhecer a sua origem, saber um pouco da sua história, foi importante para mim, por causa da nossa cultura. No geral, foi uma experiência rica e me trouxe conhecimento." - Maria Luiza.
"O método pelo qual realizei a minha pesquisa que se tratava de Axé, busquei e encontrei um documentário recente da Netflix sobre o tema o qual assisti, na primeira vez eu apenas aproveitei porque é na verdade um doc muito bom, aí tive que ver de novo e fazer anotações. Usei a linha do tempo dele como base para me aprofundar, junto à linha do tempo da "história do carnaval" no site do Itaú cultural. 
A partir desses dois eu fui me aprofundando tópico por tópico, foquei bastante na evolução do cenário musical e no alcance mundial que o ritmo teve. Essa parte foi um pouco chatinha de procurar as informações certas, mas no final deu certo e juntei tudo em um texto explicando a linha do tempo, as influências, o alcance e a forma como tudo aconteceu, tomando cuidado para não parecer um monte de informação jogada e também colocando um toque pessoal que é como eu faço a maioria dos trabalhos, escrevendo como se estivesse contando tudo diretamente para a pessoa. E foi assim!" - Por Lara Silva.
Justificativa
A justificativa desse trabalho se dá pelos importantes aspectos que a música baiana trouxe (e continua a trazer) para a produção musical brasileira. Mais especificamente na década de 90, momento de grande ascensão do axé, em consequência do carnaval baiano. Por outro lado, há também a grande influência da cultura africana nítida na expressão musical da Bahia. 
Desde o início do Brasil como colônia de Portugal, as manifestações da cultura africana sempre foram reprimidas e silenciadas, dessa forma, esse hábito ainda se reflete até hoje. O Axé e o Samba foram extremamente marginalizados por suas origens. 
Com a chegada da década de 90, o samba de roda baiano que até então prevalecia no Recôncavo da Bahia, sofreu uma importante ressignificação com a soma de coreografias e letras simples, resultando em bandas como “É O Tchan!”, “Terra Samba” e outras. A partir dessas bandas o termo “pagode baiano” surgiu. Portanto, pode-se afirmar que o pagode baiano nada mais é que uma derivação do samba de roda.
Da mesma maneira, a década de 90 foi um marco para a ascensão do Axé Music. Visto que, o conceito de “axé” no meio musical era usado de forma pejorativa. Existia um grande preconceito, que os próprios músicos não queriam ser denominados cantores de axé. Contudo, a definição, que até então era vista como ofensiva, nomeou o gênero musical mais abrangente da Bahia, já que consiste em um apanhado de vários outros gêneros musicais.
Em síntese, a década de 90, depois do tropicalismo (que iniciou-se no fim da década de 60), é um dos momentos mais importantes para a produção musical da Bahia. Consequentemente, além de ser o berço da música brasileira e do samba, é também um local de gêneros musicais únicos e músicos sensacionais. Mais precisamente, para se entender a complexidade do contexto musical nos anos 90 na Bahia, é necessário traçar-se uma linha do tempo da origem dos ritmos até os dias hodiernos, intensificando a importância que a influência africana, até então marginalizada, trouxe para esses ritmos.
Conclusão
As informações relatadas sobre a influência cultural dos dois ritmos apresentados, esses que foram tão importantes para a história da Bahia e fortificação da cultura afro-brasileira, trazem uma visão para que haja o entendimento da diversidade cultural do estado, como também um passeio por diferentes épocas e movimentos que foram parte da construção do que hoje é algo bem estabelecido, visto que atualmente esses ritmos são patrimônios culturais imateriais.
Durante a pesquisa, se percebeu que a história, seu contexto e seus detalhes nunca chegou aos ouvidos de toda população, de forma clara, objetiva e educacional. É notável que se deveria ter tido contato com essa discussão anteriormente, pois o estudo do axé, samba, assim como de outras partes da cultura afro-brasileira especificamente falando, vai muito além do ritmo musical, religião ou crenças. Se percebe também importância de grupos como Olodum e Ilê para continuar fortalecendo esse movimento negro baiano, a formação dos grupos, suas letras, as performances no carnaval, os figurinos, as danças, e todas essas combinações foi um passo muito grande na década de noventa, e continua tendo até os dias de hoje, em vista de serem destaque na história da Bahia para com movimentos de expressões afrodescendentes.
O contato com a história, que segue a linha temporal e as discussões que isso envolve, é imprescindível para que se tenha uma construção sólida do assunto que esse documentário se propôs a oferecer. Cada parte da história se encaixa a medida que novos nomes e influências são descobertas e no fim pode-se ter um panorama sobre como tudo ocorreu e quais os principais pontos que agregam na história dos dois ritmos para com as raízes culturais do estado.
No entanto esse documentário não foi o bastante para apresentar as influências e histórias que descendem do Axé e do Samba na década de 1990, o que deixa aberto para futuras pesquisas, sobre aprofundamentos no processo de fortalecimento dos ritmos através das tias baiana, as influências da matriz africana nos ritmos, comidas, religião e crenças e por fim a virada de ritmo recluso e repreendido para atual patrimônio cultural imaterial do estado.
Referências
CASTRO, AA. Axé music: mitos, gestão e world music. In: MOURA, M. A larga barra da baía: essa província no contexto do mundo [online]. Salvador: EDUFBA, 2011, pp.201. Disponível em: < https://historiapt.info/pars_docs/refs/5/4293/4293.pdf >. Acesso em: 16 de set. de 2021.
Samba patrimônio cultural do basil < https://mundoeducacao.uol.com.br/carnaval/samba-produto-morro.htm > Acesso em: 28 de set. de 2021
Origem do Samba < https://www.historiadomundo.com.br/curiosidades/origem-samba.htm > Acesso em: 28 de set. de 2021
Filme Axé: Canto Do Povo De Um Lugar | Netflix; Last.fm.com; Ilê Aiyê oficial; Itaú cultural.

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