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Consulta Ginecológica na Atenção Primária em Saúde Lei do exercício profissional de enfermagem Nº 7.498/1986 É privativo do enfermeiro: • Consulta de enfermagem • Prescrição de medicamentos estabelecidos em programas de saúde pública e em rotina aprovada pela instituição • Procedimentos • Solicitação de exames complementares. Ambiente de consulta e postura do enfermeiro: local tranquilo, seguro e íntimo; garantir sigilo, estabelecer relação de confiança, não julgar, fornecer todas as orientações necessárias e permitir/estimular a presença de um acompanhante. Etapas da consulta de enfermagem: - Anamnese - Exame Físico Geral - Exame Clínico das Mamas - Exame da Genitália - Exame Citopatológico - Registro das informações (preenchimento da ficha Clínico-Ginecológica e Cartão da Mulher) 1º Anamnese → Identificação → Motivo da consulta → Religião → Conhecimentos sobre questões pertinentes à saúde → Condições de moradia → Hábitos de vida → Sexualidade → Estado nutricional → Antecedentes pessoais e familiares 2º Exame Físico Geral → Avaliar estado geral e nível de consciência → SSVV (FR, FC, temperatura, PA, dor) → Verificar medidas antropométrica IMC → Peso/Altura2 EFG Céfalocaudal completo: • Inspeção, percussão, palpação e ausculta • Avaliar mucosas (integridade e coloração) e pele (integridade, coloração e turgor) • Realizar ausculta cardíaca e pulmonar • Exame abdominal • Avaliar MMII: varizes, edema e perfusão periférica • Evitar exposição desnecessária, retirar somente o que será analisado 3º Exame Clínico das Mamas e Autoexame Câncer de Mama Prevenção 30% dos casos de câncer de mama podem ser evitados com a adoção de hábitos saudáveis: - Atividade física - Controle de peso - Alimentação - Amamentação - Evitar hormônios sintéticos - Evitar bebidas alcoólicas - Evitar fumo ativo e passivo Detecção Precoce • Nódulo, fico e geralmente indolor • Pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja • Alterações no mamilo • Pequenos nódulos nas axilas ou no pescoço • Saída espontânea de secreção anormal pelos mamilos Exame clínico das mamas (ECM) Deve ser realizado rotineiramente em mulheres a partir de 40 anos, preferencialmente na primeira semana após a menstruação considerando a seguinte periodicidade: Mulheres com/sem risco: anualmente Mulheres que detectarem anormalidade no autoexame das mamas: imediatamente O ECM compreende as seguintes etapas: - Inspeção estática - Inspeção dinâmica - Palpação axilar e rede ganglionar - Palpação do tecido mamário - Expressão papilar 1- Inspeção Estática: observar a simetria, retrações ou presença de edema cutâneo das mamas, o aspecto das aréolas e papilas, procurando identificar áreas de ulceração ou eczemas (doenças dermatológicas que provocam inflamação ou irritação da pele). 2- Inspeção Dinâmica: Solicitar a mulher que eleve os braços lentamente, acima de sua cabeça, de maneira que saliente abaulamentos e retrações. A seguir, pedir a mulher que coloque os braços na cintura e aperte-a, para que através da compressão dos músculos peitorais, sejam evidenciados abaulamentos e retrações 3- Palpação Axilar e Cadeia Ganglionar: Com a mulher sentada, palpar cuidadosamente a axila usando a mão contralateral da axila examinada, enquanto o braço da mulher descansa sobre o seu antebraço. O examinador pode estar localizado à frente ou por detrás da mulher e visa detecção de linfonodos 4- Palpação do Tecido Mamário: Com a mulher confortavelmente deitada e com as duas mãos sob a cabeça, o profissional procura, por meio de manobra de dedilhamento da mama, identificar nódulos suspeitos. A seguir, realiza a palpação mais profunda da mama utilizando as polpas digitais. 5- Expressão Papilar: Com a mulher confortavelmente sentada, comprimir e deslizar as bordas da aréola cuidadosamente com dedos polegar e indicador. Visualizar possível derrame papilar: coloração, quantidade, aspecto e frequência. OBS: A palpação ocasional da mama pode ser realizada sempre que a mulher se sentir confortável, porém não é recomendada a necessidade de orientação para que a mulher realize sistematicamente o autoexame da mama, pois ensaios clínicos não demonstraram a redução da mortalidade. Exames Complementares ❖ Mamografia Radiografia da mama (mamógrafo) que permite a detecção precoce do cÂncer, capaz de mostrar lesões muito pequenas, em fase inicial Periodicidade: mulheres s/ sintomas entre 50 e 69 anos, bianual Recomendado nos casos de exame clínico suspeito e em mulheres com situação de alto risco É necessária a compressão das mamas, sendo realizadas duas incidências (craniocaudal e médio-lateral oblíqua) em cada. ❖ Biópsia Técnica que consiste na retirada de um fragmento do nódulo ou da lesão suspeita por meio de punções (extração por agulha) ou de uma pequena cirurgia. O material retirado é analisado pelo patologista para a definição do diagnóstico. Tratamento Depende da fase que se encontra, pode incluir: cirurgia, radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia e terapia biológica (terapia alvo). 4º Exame das Genitálias OBS: Algumas pacientes, por temor, nervosismo e pudor, não conseguem atingir o relaxamento muscular do assoalho pélvico, dificultando o exame. Etapas: → Exame dos órgãos genitais externos: inspeção → Exame dos órgãos genitais internos: toque simples (bidigital), toque combinado (bimanual) e exame especular. Exame dos Órgãos Genitais Externos Inspeção vulvar: Condições de higiene, presença de ulcerações ou lacerações, aumento das glândulas de Bartholin e Skene, aumento de secreção vaginal e suas características, varizes vulvares, presença de vesículas (herpes genital), coloração e implantação dos pêlos. Exame dos Órgãos Genitais Internos Realizado por meio do toque vaginal e exame especular, a coleta de material para colpocitologia oncótica (exame colpocitológico/citológico– exame Papanicolau) deve preceder o toque. Toque vaginal: Simples digital: (realizado com os dedos indicador e médio de uma das mãos), avalia assoalho pélvico, tonicidade, modificações na vagina e colo do útero. Combinado: realizado com as duas mãos, uma vaginal e outra abdominal, avalia características da vagina, colo do útero e útero. Exame Especular Realizado com o auxílio de um espéculo vaginal, possibilitando a visualização as partes acessíveis do aparelho genital (vagina e colo do útero) Introdução especular ➢ Solicitar relaxamento da paciente ➢ Colocá-lo obliquamente ➢ Promover rotação do espéculo posicionando a borboleta pigmentada para baixo ➢ Promover rotação da borboleta para abrir o espéculo e realizar o movimento contrário para fechá-lo ➢ Evitar fechar por completo para evitar lesões Presença de corrimento vaginal – TESTE DE WHIFF Coletar pequena quantidade do corrimento, depositando em uma lâmina, adicionando em seguida 1 a 2 gotas do KOH a 10% (hidróxido de potássio) → liberação de aminas presente na flora vaginal ➢ Presença de odor fétido (“peixe podre”): teste de Whiff positivo indicativo de vaginose bacteriana/tricomoníase. 5º Exame Citopatológico Consiste na análise das células oriundas da ectocérvice e da endocérvice, extraídas por raspagem do colo do útero. Indicação: Toda mulher que tem ou já teve atividade sexual, especialmente se estiver na faixa etária dos 25 aos 64 anos de idade Periodicidade: Coleta a cada três anos após dois resultados com intervalo de um ano negativos para lesão. OBS: O rastreamento pode ser interrompido após os 64 anos se a paciente tiver dois exames negativos consecutivos nos últimos cinco anos. Material necessário: • Espéculo • Espátula de Ayres • Escova cervical • Lâmina Como fazer? 1- Acolhimentoda paciente 2- Orientação sobre o procedimento 3- Posicioná-la adequadamente e confortavelmente 4- Proceder ao preparo da coleta 5- Introduzir o espéculo. Conforme mencionado no exame ginecológico 6- Visualizar o colo do útero 7- Proceder à coleta Orientações para a paciente sobre o dia da coleta do exame: • Não ter relações sexuais com penetração vaginal, nem mesmo com camisinha, 48 horas antes do exame; • Não usar duchas ou medicamentos vaginais, 48 horas antes do exame; • Não deve ser feito quando estiver menstruada, pois a presença de sangue pode alterar o resultado. OBS: Mulheres grávidas podem fazer tranquilamente o preventivo sem prejuízo para si ou para o bebê. Câncer de colo de útero - A presença de HPV representa o principal fator de risco para o câncer de colo uterino. Fatores de risco: início precoce da atividade sexual e múltiplos parceiros, tabagismo, uso prolongado de pílulas anticoncepcionais e infecção pelo HPV. Prevenção do HPV - Sexo seguro - Vacinação contra o HPV - Imunização (meninos e meninas de 9 a 14 anos) - Realização do exame preventivo (Papanicolau) Para mulheres com imunossupressão (diminuição de resposta imunológica), vivendo com HIV/Aids, transplantadas e portadoras de cânceres, a vacina é indicada até 45 anos de idade. Sinais e sintomas É uma doença de desenvolvimento lento, pode não apresentar sintomas em fase inicial Nos casos mais avançados, pode evoluir para sangramento vaginal intermitente ou após a relação sexual, secreção vaginal anormal e dor abdominal associada a queixas urinárias ou intestinais. Diagnóstico • Exame pélvico e história clínica: exame da vagina, colo do útero, útero, ovário e reto através de avaliação especular, colpocitológico, toque vaginal e toque retal. • Colposcopia: permite visualizar a vagina e o colo de útero com um aparelho chamado colposcópio, capaz de detectar lesões anormais nessas regiões • Biópsia Tratamento Entre os tratamentos para o câncer do colo do útero estão a cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia. O tipo de tratamento dependerá do estadiamento (estágio de evolução) da doença, tamanho do tumor e fatores pessoais, como idade da paciente e desejo de ter filhos. Se confirmada a presença de lesão precursora, ela poderá ser tratada a nível ambulatorial, por meio de uma eletrocirurgia. 6º Registro de Informações • Todos os achados clínico-ginecológicos devem ser devidamente detalhados e registrados no prontuário e na agenda da mulher; • Nenhuma informação considerada importante deve ser omitida; • Deve ser agendada uma data de retorno para que ocorra uma continuidade da assistência e a queixa indicada pela mulher seja solucionada ou amenizada. Consulta Ginecológica na Atenção Primária em Saúde 1º Anamnese 3º Exame Clínico das Mamas e Autoexame 5º Exame Citopatológico 6º Registro de Informações
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