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Professor Fernando 17.11.2022 e 18.11.2022 1 Anna Laura Vilela de Oliveira Assis Mecanismos regulatórios do pH *O pH indica acidez. *São de 3 tipos: - sistema tampão; - resposta compensatória renal e - resposta compensatória respiratória. Sistema tampão: *É através de um ácido fraco e de uma base fraca. *Sempre é ativado. *Serve para regular o pH. *É um sistema de substâncias químicas capazes de evitar grandes variações do pH do meio aquoso. Sistema bicarbonato-dióxido de carbono: *É o sistema base para a interpretação da gasometria. *O HCO3 é uma base fraca. *O CO2 é um ácido fraco. *É responsável por 1/3 do tamponamento: H+ + HCO3- H2CO3 CO2 + H2O *O pH do sangue depende da relação [HCO3]/[CO2] pH = 6.10 + log [ ] . *Se tem aumento do bicarbonato, tem aumento do pH, ou seja, são diretamente proporcionais. *Se tem diminuição do bicarbonato, tem diminuição do pH, ou seja, são diretamente proporcionais. Sistema tampão celular e ósseo: *É responsável por 2/3 do tamponamento. *As células contêm bases fracas e ácidos fracos que atuam como sistema tampão. *O H+ entra e sai da célula, sendo trocado na membrana celular por Na+ ou K+. *O mineral ósseo também serve como tampão, através da troca de H+ com Ca2+ Resposta compensatória respiratória: *É ativada no distúrbio metabólico. *Uma variação aguda do pH plasmático por um distúrbio metabólico leva a um estímulo neurogênico imediato para o centro respiratório conduzindo para uma hiper ou hipoventilação. *É uma resposta rápida. *Acidose metabólica hiperventilação redução da PCO2 aumento do pH. *Alcalose metabólica hipoventilação aumento da PCO2 diminuição do pH. Resposta compensatória renal: *É ativada no distúrbio respiratório. *Uma variação aguda do pH plasmático por um distúrbio respiratório serve de estímulo para os rins atuarem. *É uma resposta demorada, de dias, ou seja, é ativada em distúrbios crônicos. *O grande papel renal é se livrar do excesso de H+ produzido pelo metabolismo proteico. *Tem secreção de H+ no tubo coletor de forma limitada. *A excreção de H+ no túbulo proximal ligado a NH3 é importante. *Tem reabsorção do túbulo proximal do HCO3 filtrado. *A retenção renal de bicarbonato e a eliminação do H+ acompanham o aumento da PCO2 na acidose respiratória crônica, evitando uma queda acentuada do pH. pH baixo. *A eliminação renal do bicarbonato e a retenção do H+ reduz a PCO2 na alcalose respiratória crônica, impedindo um aumento do pH. pH alto. Professor Fernando 17.11.2022 e 18.11.2022 2 Anna Laura Vilela de Oliveira Assis Gasometria *A preferência é pela obtenção de sangue arterial, que traz sempre valores mais confiáveis. *Podemos utilizar a gasometria venosa como uma alternativa, lembrando sempre de fazer a correção com o pH de 0,03 a 0,05 abaixo do valor do sangue arterial, e a PCO2 de 4 a 5 mmHg acima do valor do sangue arterial. Valores normais: *pH: 7,35 a 7,45; *PCO2: 35 a 45 mmHg; *HCO3: 22 a 26 mEq/L; *BE: -3 a +3 mEq/L. Distúrbios puros ou simples *Acidose metabólica: pH baixo + HCO3 baixo; *Alcalose metabólica: pH alto + HCO3 alto; *Acidose respiratória: pH baixo + PCO2 alta; *Alcalose respiratória: pH alto + PCO2 baixo. Teorema das 2 perguntas: *Sempre perguntar: - o pH está ácido ou alcalino? - quem explica a acidose/alcalose, o HCO3 ou a PCO2? Exemplo 1: pH = 7,25; HCO3 = 29; PCO2 = 50 Acidoses respiratórias agudas ou crônicas? *A diferenciação entre um quadro agudo de um crônico é através do BE, quando este é > 3 indica cronicidade. TEP. DPOC. Indica acumulo real de bases no sangue, indicando que houve retenção renal de bases pelos rins, que só e possível se a acidose respiratória for crônica. Exemplo 2: pH = 7,27; HCO3 = 35; PCO2 = 80; BE = +7,0 Distúrbio acidobásico misto *É a existência concomitante de um distúrbio metabólico e um distúrbio respiratório. *Na combinação de uma acidose com uma alcalose, o pH pode estar na faixa normal. *Na combinação de duas acidoses, ou de duas alcaloses, o pH sofre uma variação acentuada. Muitas vezes os distúrbios mistos são confundidos com os simples, já que um distúrbio metabólico sempre vem acompanhado de uma compensação respiratória e vice- versa. Teorema das 3 perguntas: *Sempre perguntas: - o pH está ácido ou alcalino? - quem explica a acidose/alcalose, o HCO3 ou a PCO2? - pode ser um distúrbio misto? *A definição de um distúrbio misto é realizada pelo cálculo da resposta compensatória esperada. Professor Fernando 17.11.2022 e 18.11.2022 3 Anna Laura Vilela de Oliveira Assis *Para cada distúrbio acidobásico espera-se uma determinada reação do organismo, se ela não for obtida, é porque na verdade existe mais de um distúrbio de base, ou seja, é misto. Respostas esperadas: *Acidose metabólica: estimulo imediato para hiperventilação (Kussmaul), eliminando mais CO2. pH baixo + HCO3 baixo. PCO2 esperada = (1,5 x HCO3) + 8 ± 2 PCO2 diferente da gasometria indica distúrbio misto. *Alcalose metabólica: estimulo imediato para hipoventilação, retendo mais CO2. pH alto + HCO3 alto. PCO2 esperada = HCO3 + 15 PCO2 = 0,6 x bic *Acidose respiratória aguda: HCO3 aumenta 1 mEq/L e a PCO2 aumenta 10 mmHg. bic = 0,1 x PCO2 - é de 1 para 10. *Acidose respiratória crônica: HCO3 aumenta 4 mEq/L e a PCO2 aumenta 10 mmHg. bic = 0,4 x PCO2 - é de 4 para 10. *Alcalose respiratória aguda: HCO3 diminui 2 mEq/L e a PCO2 diminui 10 mmHg. bic = 0,2 x PCO2 - é de 2 para 10. *Alcalose respiratória crônica: HCO3 diminui 4 mEq/L e a PCO2 diminui 10 mmHg. bic = 0,4 x PCO2 - é de 4 para 10. Exemplo 3: pH= 7,30; PO2 = 140; PCO2 = 28; HCO3 = 10 Exemplo 4: pH = 7,30; PO2 = 80; PCO2 = 25; HCO3 = 12,2; BE = -12; SPO2: 96% Exemplo 5: pH = 7,20; PC02 = 25; HCO3 = 17 Exemplo 6: pH = 7,38; PCO2 = 21; HCO3 = 16 Exemplo 7: pH = 7,48; PCO2 = 44; PO2 = 98; HCO3 = 32; BE= +5 Professor Fernando 17.11.2022 e 18.11.2022 4 Anna Laura Vilela de Oliveira Assis Acidose metabólica *É o mais comum. *pH < 7,35 *HCO3 < 22 mEq/L *É grave quando HCO3 < 10 mEq/L ou BE < - 10 mEq/L. Classificação: *Ânion-gap elevado ou normoclorêmicas; *Ânion-gap normal ou hiperclorêmicas. Ânion-gap: *O ânion-Gap é representado por todos os ânions que não o Cl e o HCO3, subtraídos de todos os cátions que não o Na+. Cloro. Bicarbonato. Sódio. *O sódio é o principal cátion. *O cloro e o bicarbonato são os principais ânions. cargas positivas = cargas negativas Na + (cátions não medidos) = HCO3 + CL - (ânions não medidos) (ânions não medidos) - (cátions não medidos) = Na - Cl - HCO3 AG = Na - Cl - HCO3 = de 8 a 12 mEq/L) Tipos de acidose metabólica: Aumento das cargas negativas pelo aumento do ânion-gap: *Na = HCO3 + Cl + AG *Acontece em situações de acúmulo de ácido no organismo, em que tem dissociação em H+ e ânion, como na: - acidose láctea, H+ e lactato; - cetoacidose, H+ e acetoacetato; - uremia. H+ e sulfato; - intoxicações, H+ e ânions metabolitos dos venenos. Aumento das cargas negativas pelo aumento do cloro: *O ânion gap estará normal ou com hiperclorêmia. *Na = HCO3 + Cl + AG *Acontece nas situações de perda externa de HCO3 gastrointestinal ou renal, ou pela retenção direta de H+. *Como não há acumulo de ânions novos, só existe uma maneira de compensar a queda do HCO3, que é retendo o Cl. Causas: Acidoses com AG elevado, ou normoclorêmicas: *Acidose lática; *Cetoacidose; *Síndrome urêmica; *Intoxicação exógena. Acidoses com AG normal, ou hiperclorêmicas: *Diarreia e perdas digestivas do piloro; *Acidoses tubulares renais, dos tipos I, II e IV;*Hipoaldosteronismo; *Insuficiência renal crônica. Tratamento: Acidose lática ou cetoacidose: *Tem que tratar o distúrbio de base, que geralmente é infecção. ITU ou PNM. *O objetivo final é restabelecer o pH extracelular e na maioria das vezes o próprio rim se encarrega através da excreção urinária de prótons. *A necessidade da reposição de bicarbonato fica preconizado nas acidemias graves, que cursam Professor Fernando 17.11.2022 e 18.11.2022 5 Anna Laura Vilela de Oliveira Assis com pH < 7,1 e HCO3 < 10, na acidose lática e pH < 6,9 na cetoacidose. Uremia ou acidose tubular renal ou intoxicação exógena: *A reposição pode ser feita com citrato de sódio, citrato de potássio ou bicarbonato de sódio. *Na doença renal crônica, preconiza-se manter o HCO3 entre 20 a 22 mEq/L com a reposição de 1 mEq/Kg/dia. *Déficit de Bicarbonato (mEq/L): 0,6 x peso (kg) x (HCO3 desejado - HCO3 atual) Exemplo 8: pH = 7,50; PO2 = 90; PCO2 = 20; HCO3 = 16; BE = -9; Na+ = 140; K+ = 4,5; Cl = 103 Exemplo 9: pH = 7,25; PCO2 = 21; HCO3 = 10; Na+ = 129; Cl = 109 Alcalose metabólica *Tem que sempre estar atento às consequências porque se não forem tratadas continuam gerando alcalose. *pH > 7,45 *HCO3 > 26 mEq/L *Grave: HCO3 > 35 mEq/L ou BE > +10 mEq/L Causas: *Para diferenciar entre causas hipovolêmicas e normo/hipervolêmicas, utiliza-se o cloro urinário: - Cl urinário baixo, < 20 mEq/L: causas hipovolêmicas do tipo vômitos; - Cl urinário alto: causas hipovolêmicas como o hiperaldosteronismo ou hipovolêmicas do tipo diuréticos ou desordens tubulares. Hipovolêmicas: *São as principais. *Gastrointestinais: - vômitos incoercíveis, como por estenose hipertrófica de piloro; - obstrução mecânica de delgado; - tumor viloso de cólon-reto. *Renais: - uso de diuréticos tiazídicos e de alça como a Furosemida; - desordens tubulares como Bartter ou Gitelman; - alcalose pós-hipercapnia crônica, que é rara. Normo, hipervolêmicas: *Hiperaldosteronismo primário; *Síndrome de Cushing; *Desordens tubulares, como Liddle's que cursa com HAS de difícil controle. Exógenas: *Hemotransfusão maciça, que gera uma iatrogenia; *Síndrome Leite-álcali, que é rara; *Iatrogenia por administração de NaHCO3. Consequências: Hipovolemia: *A hipovolemia mantém a alcalose por impedir a excreção renal do excesso de bicarbonato. Indivíduos possuem avidez renal por Na+ e a absorção do Na+ no túbulo proximal é a atrelada a reabsorção do HCO3. *pH urinário ácido, na acidúria paradoxal. Hipocloremia: *O aumento do HCO3, força a eliminação Cl. Professor Fernando 17.11.2022 e 18.11.2022 6 Anna Laura Vilela de Oliveira Assis *Qualquer condição que provoque depleção de Cl no organismo, automaticamente predispõe a retenção de bicarbonato, como nos vômitos em que o suco gástrico é rico em HCL. Hipocalemia: *Na alcalose a []H+ esta baixa, com isso ele sai da célula em troca da entrada do K+, e o túbulo coletor secreta mais K+ em troca da reabsorção de sódio já que há pouco H+ para ser secretado. *O excesso de HCO3 eliminado na urina leva K+ consigo. *Baixos níveis séricos de K+ estimulam a produção renal de NH3 e permitem maior secreção de H+ no túbulo coletor, em troca da reabsorção de Na+. *A eliminação de HCO3, elimina também K+. Hipocalcemia: *O pH plasmático alcalino aumenta a ligação de cálcio a albumina reduzindo a fração ionizada do cálcio. Situação perigosa na insuficiência renal crônica: se alguém resolver corrigir a acidose com NaHCO3, poderá precipitar tetania e convulsões no paciente, já que a bicarbonato de Na+ irá alcalinizar o plasma. Para evitar repor cálcio sempre antes de corrigir a acidose. Encefalopatia hepática: *Em pH alcalino o amônio se converte em amônia, que por sua vez consegue passar a barreira hematoencefálica e provocar encefalopatia. Alcalose metabólica grave, com pH > 7,70: *Vasoconstricção cerebral, gerando rebaixamento do nível de consciência e depressão respiratória; *Arritmias cardíacas. Tratamento: Causas hipovolêmicas, hipoclorêmicas e hipocalêmicas: *Reposição de soro fisiológico 0,9% + KCL. *A correção da hipovolemia, hipocloremia e hipocalemia permite a eliminação do excesso d bicarbonato pela urina. Demais casos: *Tratar a causa de base. Acidose respiratória pH < 7,35 PCO2 > 45 mmHg *A hipoventilação leva a uma retenção de CO2, hipercapnia. Classificação: *Aguda: pH < 7,35 + BE: normal; *Crônica: pH normal ou próximo do normal + BE: alto; *Crônica-agudizada: pH < 7,35 + BE: alto. Causas da acidose respiratória aguda ou agudizada: *Lesão de SNC bulbar ou da medula em nível de C2-C3 no nervo frênico, por trauma; *Guillain-Barré; *Miastemia gravis; *Obstrução de via aérea superior; *Pneumopatia grave com fadiga respiratória. Causas da acidose respiratória crônica: *DPOC em fase avançada; *Síndrome de Pickwick, obesidade mórbida + apneia do sono; *Fibrose intersticial idiopática. Tratamento: *Tratar a causa base. *Suporte ventilatório não invasivo, VNI: é usado na ausência de instabilidade hemodinâmica ou rebaixamento de consciência. Professor Fernando 17.11.2022 e 18.11.2022 7 Anna Laura Vilela de Oliveira Assis *Intubação traqueal + ventilação mecânica: é usada quando é contraindicado o uso de VNI. Instabilidade hemodinâmica ou rebaixamento de consciência. Alcalose respiratória *A hiperventilação leva a uma eliminação de CO2, hipocapnia. Causas: *Hiperventilação psicogênica, na síndrome conversiva histérica; *Pneumonias agudas; *Crise asmática; *TEP; *Intoxicação por salicilatos, que cursa com acidose metabólica + alcalose respiratória; *Hipertensão intracraniana; *Insuficiência hepática fulminante, que cursa com acidose lática + alcalose respiratória; *Sepse, que cursa com acidose lática + alcalose respiratória. Sinais e sintomas: *A alcalose respiratória aguda provoca intensa vasoconstricção cerebral agravando o quadro neurológico do paciente. Tratamento: *Tratar a causa de base. CARD *O pH está ácido ou alcalino? *Quem explica a acidose/alcalose: *Pode ser um distúrbio misto? - Respostas esperadas: *Acidose metabólica: PCO2 esperada = (1,5 x HCO3) + 8 ± 2; *Alcalose metabólica: PCO2 esperada = HCO3 + 15; *Acidose respiratória aguda: bic = 0,1 x PCO2; *Acidose respiratória crônica: bic = 0,4 x PCO2; *Alcalose respiratória aguda: bic = 0,2 x PCO2; *Alcalose respiratória crônica: bic = 0,4 x PCO2;
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