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MANDADO DE SEGURANÇA TRIBUTÁRIO

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MANDADO DE SEGURANÇA:
	A presente ação visa conceder ao cidadão proteção de um direito líquido e certo, o qual não é amparado nem por habeas corpus ou por habeas data; também é utilizada quando há lesão, ou ameaça de lesão, ou abuso de poder das entidades públicas, aqui chamadas de entidades coatoras. 
	O Mandado de Segurança é um remédio constitucional, sendo regulamentado pela lei nº12016/2009. 
	No direito Tributário, ele toma como base a atividade administrativa realizada para concretização de uma relação jurídica específica. Diante de práticas ilegais ou abusivas por parte das chamadas entidades coatoras, por meio de seus agentes públicos, o Mandado de Segurança na modalidade individual é muito aplicado, sendo que qualquer um pode aplicá-lo.
	Todavia, quanto a modalidade Coletiva, somente os legitimados descritos no artigo 5º, inciso LXX, podem impetrá-lo. Deve-se ficar atento a isso, visto que é de suma importância distinguir ambos no momento da prova.
	Quanto ao cabimento dessa peça no exame, é necessário ter muita atenção, pois só abarca duas modalidades:
	MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO: que se aplica antes da atividade abusiva, antes do lançamento. Objetiva impedir que qualquer norma abusiva seja aplicada pela autoridade administrativa; em suma, sua aplicação está correlacionada a um justo receio de uma violação de um direito líquido e certo. É válido destacar que não cabe contra lei em tese, só quando esta produzir efeitos concretos contra o contribuinte.
	MANDADO DE SEGURANÇA REPRESSIVO: este ocorre após a ação do fisco, sendo semelhante a ação anulatória. Em suma, após a atividade abusiva, o contribuinte/legitimados irá reagir a isso e repreender o que foi aplicado. 
· Características: Seu rito é o especial sumaríssimo, com instrução processual reduzida em face do impedimento da dilação probatória, pois como o direito abordado é líquido e certo, não há necessidade de provar mais nada nesse quesito, o mero ato de ferir este direito já é mais do que suficiente para provar suas alegações. Aqui, haverá a suspensão do crédito tributário por meio da Liminar. Sua fundamentação se encontra no artigo 5º, LXIX, e nos artigos 1º e seguintes da Lei 12016/2009. 
· Aplicação: Como dito, depende de sua modalidade, sendo ou antes ou depois da constância do ato lesivo. Porém, independente disso, deve ser latente a existência da ilegalidade ou do abuso, pois é a única forma de fundamentar a impetração desta ação, bem como a única forma de provar que este direito está sendo ferido. Seu prazo se extingue em 120 dias, contados da ciência do interessado, sendo um prazo decadencial.
	A sentença do Mandado de Segurança tem efeito mandamental, o que significa que impacta a entidade coatora como uma ordem. 
· Direito Líquido e Certo: o autor impetrante tem que demonstrar o tão citado direito líquido e certo, o que não diz respeito a facilidade de sua comprovação, mas sim quanto à objetividade do procedimento. O que significa que o que deve ser líquido e certo é o que se alega na exordial, que pode ser provado de pronto, com base em algum documento.
· Vedação a Dilação Probatória: Quando se fala que não há dilação probatória no Mandado de Segurança, se fala que este não poderá servir-se de oitiva de testemunhas ou de laudo pericial ou equivalente, sendo que o documento/lei que provar o dito direito deverá constar no Mandado de Segurança. Isso porque esta peça nada mais é que uma discussão com base em divergências fáticas, o que significa que deve-se trazer a luz da discussão o fato (tanto a ação abusiva quanto o direito lesado) que fez com que a ação fosse impetrada. 
· Vedações Legais: há algumas vedações legais a impetração do Mandado de Segurança, estas constam na Lei nº12016/2009, e é bom que se atente a isso e, também, marque no Vade estas questões, haja vista que, por uma vírgula no texto, o Mandado de Segurança pode ser excluído e outra ação ser a devida.
	Essas vedações são:
	Atos de gestão comercial: pois esses atos são praticados pelos administradores das empresas públicas, concessionárias de serviço públicos, pois suas atividades são privativas, não podendo causar ilegalidade ou abuso;
	Ato que caiba recurso administrativo: Não é exatamente uma vedação, porém, quando se aplica um Mandado de Segurança, ou qualquer processo judicial, e se tem um recurso no âmbito administrativo, o recurso administrativo é descontinuado em prol do processo judicial;
	Decisão judicial que caiba recurso com efeito suspensivo: também não é permitido substituir o recurso judicial por Mandado de Segurança, haja vista que este não permite dilação probatória (Súmula 267 STF);
	Decisão tramitada em julgado: pois estas decisões possuem status de imutabilidade (Súmula 268 STF);
	Restituição de tributo pago indevidamente: pois nesse caso caberá ação de repetição do indébito, que será apresentada e destrinchada mais para frente;
	Para compensação: a compensação necessita de dilação probatória, pois para tal, deve-se saber se há ou não algo a ser compensado. 
	Para convalidar compensação: conforme súmula 460 do STJ.
	
· JUÍZO COMPETENTE: Para saber qual o juízo competente, também se fará necessário ver quais são os tributos, quais são as partes. No Mandado de Segurança, a figura do JEF não existe.
Logo, o endereçamento ou será: AO JUÍZO DA (...) VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA (...) ou será AO JUÍZO DE DIREITO DA (...) VARA (CÍVEL/FAZENDA PÚBLICA/ÚNICA) DA COMARCA DE (...). 
 
· Foro Especial de Competência: 
STF: artigo 102, inciso I, da CRFB: presidente, Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado, TCU, PGR e STF;
STJ: artigo 105, inciso I, CRFB: Ministro do Estado, Comandante das Forças Armadas, STJ;
TRF: artigo 108, inciso I, CRFB: contra ato do próprio tribunal, ou de Juiz Federal;
· JUÍZES FEDERAIS: artigo 109, inciso I, CRFB: contra ato de autoridade federal, excetuando casos de competência dos tribunais regionais federais. 
· PARTES: 
Legitimidade ativa: no individual, a parte ativa será aquele que é o titular do direito que está sendo violado. Aquele que está defendendo seus próprios direitos. No caso, é importante salientar pois há forma de um terceiro (questão de substituto) impetrar a ação, mediante fato dele possuir direito por meio daquele cujo direito está sendo violado. Quanto ao Mandado de Segurança Coletivo, não há o que se falar, o impetrante deverá ser um dos legitimados. 
Legitimidade passiva: é quem praticou o ato lesivo, aqui chamada de autoridade coatora, sendo então a autoridade pública responsável pelo ato abusivo ou ilegal que lesionou o direito líquido e certo. 
Em casos de ilegalidade no âmbito administrativo (vício formal), a autoridade indicada é o Julgador Monocrático. Quando o vício é material (cobrança tributária), se dirige a entidade que visa rever o caso. Na esfera Federal, temos duas entidades coatora:
1. tributo aduaneiro: chefe da Aduana ou Chefe da Inspetoria Aduaneira;
2. tributo não aduaneiro: delegado da Receita Federal do Brasil. 
	No caso de tributos estaduais ou municipais, caso o enunciado não indique quem é, deverá ser indicado como “CHEFE DA ARRECADAÇÃO” do respectivo tributo. 
	Em atos administrativos complexos, será indicado como autoridade coatora aquele que cometeu o último ato do procedimento, ou então, se mediante ordem expressa, ambos envolvidos serão autoridade coatora. 
	Sem indicação expressa, é recomendado o seguinte padrão: 
· Órgão de Representação Judicial: o artigo 7º da Lei 12016/2009 aponta que a figura do corpo jurídico e da promotoria também é autoridade coatora, sendo parte no polo passivo por estar vinculado a autoridade coatora “original”. 
· Ministério Público: Sua participação é fundamental, pois é fiscal da lei (custos legis).
· Concessão de Liminar: As tutelas também serão necessárias aqui. Devendo, então, ser provado o fumus boni iuris e o periculum in mora, de acordo com a liminar demandada. 
· Como identificar a peça no Exame? O exame falará sobre um perigo de abuso ou de ilegalidade no campo de um direito líquido e certo, caso seja um Mandadode Segurança Preventivo; ou em lesão ao direito líquido e certo, por meio de abuso ou de ilegalidade, no caso do Repressivo. 
	Há algumas formas de descobrir por meio das ações do fisco. Sendo uma sanção administrativa após a utilização das medidas de processos tributários administrativos; mediante sanções políticas como a apreensão de mercadorias, fechar uma empresa, etc; ou mediante a explanação de que é necessário aplicar medida mais célere, menos onerosa, tempestiva. 
	Quanto a frases que podem remeter que é um Mandado de Segurança, tempos: “Considerando a situação econômica do contribuinte, apresente medida judicial menos onerosa...”, “pretende ingressar judicialmente, porém, sem risco de suportar custos e eventual insucesso da demanda”, “Necessita de expedição de regularidade fiscal para participação em licitação”. 
· Modelo Estruturado: 
AO JUÍZO DA (...) VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA (...)
Ou
AO JUÍZO DE DIREITO DA (...) VARA (CÍVEL/FAZENDA PÚBLICA/ÚNICA) DA COMARCA DE (...)
Nome e sobrenome, nacionalidade, profissão, portador do RG nº (...), inscrito no CPF no nº (...), com endereço de e-mail (...), por meio de seu advogado que abaixo subscreve, procuração anexa, com endereço profissional para recebimento de todas as informações processuais (...), na forma do artigo 103 do CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, vem, respeitosamente perante a Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 5º, inciso LXIX, da CRFB, artigo 319 do CPC, artigo 151, IV, do CTN, bem como no artigo 1º e seguintes da Lei nº12016/2009, impetrar o presente 
MANDADO DE SEGURANÇA
Contra o ato do Ilustríssimo Senhor Delegado da Receita Federal/Chefe da Inspetoria Aduaneira/ Chefe da Arrecadação do Tributo (...), integrante da pessoa jurídica (União/Estado/DF/Município), inscrita no CNPJ (...), com endereço (...), com endereço de e-mail (...), na pessoa de seu representante legal, pelos fatos e fundamentos a seguir apresentados: 
I- DOS FATOS
	Tópico onde se faz a narração dos ocorridos que levaram o contribuinte a proposição desta ação. Deve-se saber quais pontos abordar; sendo conciso e preciso, não se deve “encher linguiça”, pois é desnecessário e cansativo. 
DO CABIMENTO
	Aqui será narrado porque, nesta situação, caberá o Mandado de Segurança. Vai explanar que o Mandado de Segurança é remédio constitucional que tutela o direito líquido e certo que não é coberto pelo HABEAS DATA ou pelo HABEAS CORPUS. 
	Falará de sua previsão, nos artigos 5º, inciso LXIX da CRFB, e dos artigos iniciais da Lei nº 12016/2009.
DA TEMPESTIVIDADE
Aqui deverá argumentar que ainda está em tempo de impetrar o Mandado de Segurança, visto que o prazo de 120 dias não se esvaiu, seguindo o que se expõe no artigo 23 da Lei nº 12016/2009. No caso do Mandado Preventivo, deve-se alegar a ameaça, pois esta se renova constantemente e por isso não haverá decurso do tempo afetando a tempestividade.
DO DIREITO
	Aqui será exposto cada fundamente jurídico na defesa do autor contra o ato ilegal/abusivo.
	O ideal é que se separe em tópicos, por exemplo: a) do ato coator; b) da atividade ilegal; c) da liberação das mercadorias.
DA LIMINAR SEM EXIGÊNCIA DE CAUÇÃO OU DEPÓSITO: 
	Aqui, deve-se requerer a concessão de liminar pelo preenchimento dos requisitos do fumus boni iuris e o periculum in mora, sem necessidade de prévia garantia, sendo que temos que aplicar e mencionar o artigo 7º, inciso III, da Lei nº12016/2009.
DOS PEDIDOS:
	Diante do Exposto, requer-se:
a) Que seja concedida a liminar pleiteada para fins de (suspender a exigibilidade etc.), conforme estabelece o artigo 7º, inciso III, da Lei nº12016/2009;
b) Que seja dispensada a realização da audiência de conciliação ou mediação, nos termos do artigo 319, VII, do CPC ou da impossibilidade de realização da audiência;
c) A notificação da autoridade coatora para prestar informações, no prazo estabelecido no artigo 7º, I, da Lei 12016/2009;
d) A intimação do órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, nos termos do artigo 7º, inciso II, da Lei nº12016/2009;
e) A manifestação do Ministério Público na forma preconizada no artigo 12 da Lei 12016/2009;
f) Concessão da segurança ao final, em caráter definitivo, confirmando a liminar ora deferida;
g) A condenação da parte ré nas custas processuais na forma do artigo 25 da Lei nº12016/2009, Súmulas 105 STJ e 512 do STF. 
Dá-se a causa o valor de R$(número em por extenso), na forma do artigo 291 do CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. 
Nestes termos, pede-se deferimento.
Local..., data...
Advogado..., OAB...

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