Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
IMPACTOS DA GLOBALIZAÇÃO NO CONTEXTO DA SEGURANÇA ALIMENTAR PROFESSOR Dr. André Álvares Monge Neto ACESSE AQUI O SEU LIVRO NA VERSÃO DIGITAL! https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/2688 https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/2688 EXPEDIENTE C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância. NETO, André Álvares Monge. Impactos da Globalização no Contexto da Segurança Alimentar. André Álvares Monge Neto. Maringá - PR.: UniCesumar, 2020. 144 p. “Graduação - EaD”. 1. Globalização 2. Segurança 3. Alimentar. EaD. I. Título. FICHA CATALOGRÁFICA NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Coordenador(a) de Conteúdo Maria Fernanda Francelin Carvalho Projeto Gráfico e Capa Arthur Cantareli, Jhonny Coelho e Thayla Guimarães Editoração Lucas Pinna Silveira Lima Design Educacional Jociane Karise Benedett Revisão Textual Ana Carolina Ribeiro Ilustração Bruno Cesar Pardinho Fotos Shutterstock CDD - 22 ed. 613.2 CIP - NBR 12899 - AACR/2 ISBN 978-65-5615-081-9 Impresso por: Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 DIREÇÃO UNICESUMAR NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacio- nal Débora Leite Diretoria de Graduação Kátia Coelho Diretoria de Pós-Graduação Bruno do Val Jorge Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas Gerência de Contratos e Operações Jislaine Cristina da Silva Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi BOAS-VINDAS Neste mundo globalizado e dinâmico, nós tra- balhamos com princípios éticos e profissiona- lismo, não somente para oferecer educação de qualidade, como, acima de tudo, gerar a con- versão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profis- sional, emocional e espiritual. Assim, iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil, nos quatro campi presenciais (Maringá, Londrina, Curitiba e Ponta Grossa) e em mais de 500 polos de educação a distância espalhados por todos os estados do Brasil e, também, no exterior, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Por ano, pro- duzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares. Somos reconhe- cidos pelo MEC como uma instituição de exce- lência, com IGC 4 por sete anos consecutivos e estamos entre os 10 maiores grupos educa- cionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos edu- cadores soluções inteligentes para as neces- sidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter, pelo menos, três virtudes: inovação, coragem e compromis- so com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ati- vas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Reitor Wilson de Matos Silva Tudo isso para honrarmos a nossa mis- são, que é promover a educação de qua- lidade nas diferentes áreas do conheci- mento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. P R O F I S S I O N A LT R A J E T Ó R I A Professor Dr. André Álvares Monge Neto Doutor em Ciência de Alimentos pela Universidade Estadual de Maringá (2017). Mestre em Ciência de Alimentos pela Universidade Estadual de Maringá (2013) e graduação pela Universidade Estadual de Maringá (2010). Tem experiência na área de Ciência e Tecnologia de Alimentos, com ênfase em Engenharia de Alimentos. http://lattes.cnpq.br/4399676957675920 A P R E S E N TA Ç Ã O D A D I S C I P L I N A IMPACTOS DA GLOBALIZAÇÃO NO CONTEXTO DA SEGURANÇA ALIMENTAR Saudações, caro(a) leitor(a)! Este livro revelará diversos aspectos sobre os “Impactos da Globalização no Contexto da Se- gurança Alimentar”. A segurança alimentar, por si só, trata-se de um assunto multidisciplinar. No entanto, quando se trata da intersecção dos temas de segurança alimentar e da globa- lização, o assunto fica ainda mais envolvido por conteúdos de diversas áreas. Dessa forma, cada unidade abordará diversos temas que impactam, de alguma forma, o tema alimentação e, por consequência, a segurança alimentar. Na primeira unidade, o foco principal será “Globalização e alteração nos hábitos alimentares”, em que falaremos a respeito das alterações nos hábitos e na alimentação decorrentes da glo- balização, que é algo antigo, difundido em diversos períodos da história. Na atualidade, com o advento da internet e a rapidez nas informações, os hábitos alimentares, provenientes de diversas regiões globais, são comuns fora dos seus países de origem. Além disso, esta grande difusão, faz com que voltemos nosso olhar para alguns hábitos da nossa região, valorizando-os. Nas Unidades 2 e 3, serão abordados diversos temas a respeito da influência na comercializa- ção de alimentos em diversos países: organização de países em blocos econômicos, logística para exportação e técnicas para garantir a qualidade de alimentos exportados em longas distâncias e normas para certificação da qualidade em segurança alimentar. Na Unidade 4, o tema geral é “Tipos de certificação existentes para exportação de alimentos”. Dessa forma, serão abordadas outras certificações pertinentes, as quais focam em assuntos atuais: produção de alimentos orgânicos, produção de alimentos por técnicas agroecológicas, selos que identificam práticas de pagamento justo aos produtores, alimentos com identificação geográfica e alimentos com selos, os quais respeitam religiões/culturas específicas: Halal e Kosher. Na Unidade 5, falaremos de tendências mundiais na área de alimentos: inovações em pro- cessos não térmicos, inovações de embalagens e produtos substitutos da carne. Você verá que elas inovações ocorrem, simultaneamente, ao redor do mundo! Só por esta breve apresentação, já dá para perceber que trataremos de assuntos muito diferentes. Vamos começar? Boa leitura! ÍCONES Sabe aquela palavra ou aquele termo que você não conhece? Este ele- mento ajudará você a conceituá-la(o) melhor da maneira mais simples. conceituando No fim da unidade, o tema em estudo aparecerá de forma resumida para ajudar você a fixar e a memorizar melhor os conceitos aprendidos. quadro-resumo Neste elemento, você fará uma pausa para conhecer um pouco mais sobre o assunto em estudo e aprenderá novos conceitos. explorando ideias Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e transformar. Aproveite este momento! pensando juntos Enquanto estuda, você encontrará conteúdos relevantes online e aprenderá de maneira interativa usando a tecno- logia a seu favor. conecte-se Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos online. O download do aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store CONTEÚDO PROGRAMÁTICO UNIDADE 01 UNIDADE 02 UNIDADE 03 UNIDADE 05 UNIDADE 04 FECHAMENTO GLOBALIZAÇÃO E ALTERAÇÃO NOS HÁBITOS ALIMENTARES 8 EXPORTAÇÃO DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS 30 55 GARANTIA DA QUALIDADE DE PRODUTOS PARA EXPORTAÇÃO 77 TIPOS DE CERTIFICAÇÃO EXISTENTES PARA EXPORTAÇÃO DE ALIMENTOS 105 TENDÊNCIAS E INOVAÇÕES GLOBAIS NA ÁREA DE ALIMENTOS 127 CONCLUSÃO GERAL 1 GLOBALIZAÇÃOE ALTERAÇÃO nos hábitos alimentares PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Histórico da comercialização de produtos alimentares • Alimentação global na atualidade • Do local para o global. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Apresentar a importância histórica da comercialização de alimentos em eventos históricos: comércio de especiarias do Oriente, grandes navegações e difusão de espécies exóticas na fauna e na flora de países colonizados • Relacionar a facilidade da comunicação e o advento da internet com alterações nos hábitos de consumo de alimentos ao redor do mundo • Apresentar a padronização da alimentação de- vido a grandes redes produtoras de alimentos e industrialização • Ressaltar a importância de voltarmos a olhar para os alimentos regionais, o desenvolvimento local, a identidade cultural e o aproveitamento integral das matérias-primas. PROFESSOR Dr. André Álvares Monge Neto INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), para dar início à primeira unidade do conteúdo da dis- ciplina de Impactos da Globalização no Contexto da Segurança Alimentar, devemos contextualizar os efeitos que o comércio global de alimentos no passado e no presente ainda causam nos nossos hábitos. Na primeira aula, estudaremos uma classe de matérias-primas que tive- ram muita importância em determinado momento da história mundial: as especiarias! Estas, antigamente, possuíam elevado valor de mercado e eram produzidas em locais distantes dos grandes centros europeus da época. Dessa forma, diversas rotas comerciais para o Oriente se estabeleceram e impactaram, diretamente, a sociedade da época. Além disso, neste mesmo período, iniciaram-se as grandes navegações e a colonização de novos continentes. Assim, novos produtos alimentícios foram explorados e cultivos exóticos foram introduzidos. A introdução de culturas na América do Sul, incluindo o Brasil, ajudaram a formar os hábitos alimentares brasileiros, presentes até os dias de hoje. Com o passar do tempo, novos povos chegaram em solo brasileiro e influenciaram a nossa alimentação. Italianos, árabes, japoneses, alemães e outros deixaram, em nossa cultura culinária, marcas importantes, vistas no dia a dia das nossas mesas. Todas estas culturas gastronômicas foram importantes para a criação de uma identidade cultural alimentar em cada região do nosso país. Além da imigração, o aumento da velocidade das informações, aliada ao estabelecimento da industrialização dos alimentos, provocou uma onda global na alimentação. Assim, o mesmo alimento consumido aqui, no nosso país, pode ser consumido do outro lado do mundo! Esta padronização dos alimentos, atualmente, também nos faz olhar com mais cuidado para os produtos locais, ou seja, à alimentação como patrimônio cultural de determinada região. Assim, os hábitos alimentares se tornaram importantes para atrair o turismo e incentivar algumas regiões. É a curiosidade de uma população global pelo regional! U N ID A D E 1 10 1 HISTÓRICO DA COMERCIALIZAÇÃO de produtos alimentares A comercialização de alimentos é uma prática que vem se tornando mais comum e mais rápida nos tempos atuais, devido ao grande avanço nos meios de trans- porte e de comunicação. No entanto essa prática ocorre há muitos anos e já foi essencial para a economia de diversos países. A comercialização de especiarias para melhorar o sabor dos alimentos e conservá-los por mais tempo, a descoberta de novas rotas para a comerciali- zação destes temperos, a exploração de novas terras e o transporte de plantas e animais ao redor do globo terrestre são grandes exemplos da importância histórica desta prática comercial. Desta forma, caro(a) aluno(a), a compreensão destes eventos históricos e sua correlação com os hábitos alimentares da época são essenciais para a compreen- são dos costumes à mesa, os quais serão apresentados nesta atualidade. U N IC ES U M A R 11 Figura 1 - Especiarias orientais A importância das especiarias Nos dias atuais, sabe-se que as especiarias apresentam alta estabilidade frente à ação microbiana, ou seja, os microrganismos presentes neste tipo de produto apresentam crescimento lento, ou ainda, uma total supressão de sua carga. Isto acontece por possuírem, naturalmente, diversas substâncias antimicrobianas em sua composição, podendo substituir conservantes artificiais em alimentos. Além deste motivo, o uso de especiarias, em formulações alimentícias, tende a propiciar a redução de sal e açúcar em determinados produtos, possuindo, também, um apelo nutricional que estimula a sua utilização (TRAJANO, et al., 2009). As especiarias têm apresentado muito destaque, desde tempos antigos. Gran- des rotas comerciais já foram desenvolvidas para garantir o abastecimento deste tipo de produto, em diversas regiões mundiais. Flandrin e Montanari (2018) em seu livro História da Alimentação, apresentam um panorama bem completo da importância das especiarias nos séculos XIV, XV e XVI. Desta forma, os próximos parágrafos explorarão trechos desta obra para elucidar melhor a você, caro(a) aluno(a), a importância destes ingredientes. Por tradição, especiaria era o termo utilizado para se referir a produtos exó- ticos, vindos de longe. Este tipo de produto era utilizado pelos cozinheiros para aromatização e para conservação dos alimentos e, também, como medicamento, ao atribuir propriedades medicinais a alguns produtos: U N ID A D E 1 12 ■ Pimenta-do-reino: relatava-se a sua utilização às diversas propriedades terapêuticas para manutenção da saúde. Confortar o estômago, dissipar os gases, fazer urinar, curar calafrios, curar picadas de cobras e provocar aborto de fetos mortos eram algumas das propriedades medicamentosas relatadas sobre esta especiaria. ■ Cravo-da-índia: a sua utilização já foi descrita para a melhoria da saúde de olhos, fígado, coração e estômago. Seu óleo era, também, relacionado à melhoria de diarreia e de problemas do estômago. ■ Canela: considerada importante por reforçar a virtude do fígado e do estômago. Além de apresentar muita importância em aliviar sintomas de doenças nos sé- culos XIV, XV e XVI, as especiarias eram extremamente importantes nos hábitos alimentares de algumas pessoas que viviam naquela época, principalmente os nobres. Os autores Flandrin e Montanari (2018) destacam, ainda, que justificati- vas como conservar carnes e mascarar o gosto ruim das carnes malconservadas são, por si só, insuficientes para justificar o amplo comércio de especiarias que se desenvolveu na época. Aliadas a este fato, encontram-se outras explicações: ■ A utilização culinária de especiarias era uma forma de distinção social, ou seja, quanto maior o número de especiarias diferentes nas refeições, maior a fortuna e melhor a posição social da família que oferecia o jantar. ■ Devido às Cruzadas no Oriente, os ocidentais europeus aprenderam a ad- mirar a culinária árabe. Assim, diferentes povos europeus criaram rota para diferentes regiões orientais, como Egito e Síria, para comércio de especiarias. Considerando todas as informações já citadas, pode-se entender que, na Europa antiga, as especiarias eram consideradas essenciais por compor os conservan- tes de alimentos e por serem utilizadas como remédios, afrodisíacos, temperos, perfumes e incensos. Isto justifica o alto investimento em criar rotas comerciais para este tipo de produto, naquela época, o que causaria importante impacto no comércio exterior de alimentos. U N IC ES U M A R 13 Grandes navegações e outras rotas comerciais “Foi a busca das especiarias – assim como a do ouro e da prata – que lançou os europeus à conquista dos oceanos e dos outros continentes, revolucionando, com isso, a história do mundo” (FLANDRIN; MONTANARI, 2018, p. 478). Conside- rando o trecho extraído do livro A História da Alimentação, notamos que não houve exagero ao falar que o comércio de especiarias revolucionou o mundo. Como já exposto, as especiarias possuíamgrande importância na sociedade da época do século XIV, XV e XVI e, consequentemente, alto valor agregado, o que justificava o investimento de muitos países ao criarem rotas para a sua comercia- lização. Isso faz com que o comércio de especiarias seja um dos primeiros grandes eventos que coloca a compra e venda de alimentos em escala global. As especiarias eram produzidas em regiões com clima muito diferentes do europeu: Ásia tropical e florestas quentes e úmidas. Assim, o comércio a lon- gas distâncias era uma atividade importante e muito rentável (RODRIGUES; SILVA, 2010). Em busca de novas rotas, os navegadores das grandes potências marítimas saíram em direção ao sul do globo, contornando o continente afri- Flandrin e Montanari (2018), em seu livro, apontam muitas incoerências na justificativa das especiarias serem importantes para conservação de carnes, ao mascarar gosto ruim em alimentos estragados. Os autores falam que os principais conservantes utilizados nos séculos XIV, XV e XVI eram o sal, o vinagre e o óleo. As especiarias, apesar de serem utili- zadas, em maior quantidade, quando destinadas a preparos de carnes destinadas para o consumo em lugares distantes, não apresentavam poder de conservação tão alto como o sal. Além disso, os autores alegam que existiam regulamentos municipais na época que proibiam a venda de carne há mais de um dia, no verão, e há mais de três dias, no inver- no. Assim, os autores concluem que a maioria das carnes comercializadas eram frescas. Ainda, por fim, os autores afirmam que, caso existisse o consumo de carnes estragadas, este seria realizado por uma parcela mais pobre da população, que não tinha condições econômicas de pagar o alto preço cobrado pelas especiarias. Fonte: adaptado de Flandrin; Montanari (2018). explorando Ideias U N ID A D E 1 14 cano e, a oeste, resultando na ocupação das Américas pelos europeus. A ocupação de novas regiões do globo pelos europeus, como as Amé- ricas, trouxe muitos desafios relacio- nados a hábitos alimentares: como cultivar em regiões tão quentes? Quais materiais presentes neste ambiente po- dem ser explorados comercialmente? Quais plantas se adaptariam neste novo clima? Como obter carne, se não tenho experiência em caçar os animais pre- sentes neste ambiente desconhecido? A resposta para todas estas perguntas causou grande impacto nos ambientes colonizados e proporcionou muitas ri- quezas para alguns países europeus. A exploração e a inserção de espécies exóticas nas colônias Santos, Conceição e Bracht (2013) destacam, em seu artigo, as muitas dificuldades de adaptação dos hábitos alimentares, em terras brasileiras, no início da colonização. Segundo estes autores, os portugueses, ao tentarem introduzir espécies vegetais, caracte- rísticas da Europa, em solo brasileiro, tiveram dificuldades, como a adapta- ção das plantas ao clima, principal- mente devido à troca de estações, ao migrar para outro hemisfério do glo- bo, incidência de chuvas diferentes do Figura 2 - Ilustração de caravela portuguesa U N IC ES U M A R 15 clima europeu e, ainda, esterilidade de alguns vegetais. Esta esterilidade ocorria devido à falta de agentes po- linizadores com características espe- cíficas para plantas europeias. Os europeus também trouxeram espécies de diferentes animais de corte: galinhas, porcos, ovelhas, cabras e gado bovino, os bovinos começaram a desembarcar no Brasil em 1533. No entanto a adaptação destas espécies também demandou tem- po, devido às diferentes condições climá- ticas presentes no Brasil, como pragas e predadores, diferentes dos presentes na Europa: morcegos hematófagos, gran- des felinos e ectoparasitos hematófagos, como percevejos, pulgas, carrapatos e bichos de pé (SILVA; BOAVENTURA; FIORAVANTI, 2012; SANTOS; CON- CEIÇÃO; BRACHT, 2013). Apesar da necessidade de um tem- po de adaptação, a inserção de espécies As abelhas europeias (Apis melífera) evoluíram em conjunto com as espécies inicialmente tra- zidas pelos portugueses, nativas da região me- diterrânica central e costa ocidental europeia como a salsa (Petroselinum crispum) e a couve (Brassica oleracea). Assim, a ausência do agen- te polinizador explica a esterilidade destas pri- meiras plantas europeias cultivadas no Brasil. As abelhas europeias foram introduzidas ao nosso país apenas no século XIX. Fonte: Santos, Conceição e Bracht (2013). explorando Ideias Figura 3 - Cana-de- açúcar, primeiro produto de muita importância cultivado no Brasil U N ID A D E 1 16 exóticas, nesta época, foi bem-sucedida e impactou a produção agroindustrial do Brasil e os hábitos alimentares até os dias de hoje. Muita gente nem imagina os pratos da culinária brasileira sem alguns dos temperos inseridos nessa época, além de um bife bovino! Algumas especiarias americanas foram exploradas logo no início da colonização brasileira, como é o caso dos “pimentos”. Bracht, Conceição e Santos (2011) afir- mam que os pimentos do gênero Capsicum (dedo-de-moça, piri-piri, tabasco, jalapeño, pimentão e pimenta doce) eram transportados pelos navegadores, a partir do século XVI, para a Europa, juntamente com o pau-brasil. Eles ainda afir- mam que estas espécies tornaram-se importantes como ingredientes culinários e como recursos vitamínicos, no cotidiano dos navegantes da época. Algumas espécies introduzidas no território brasileiro acabaram se tornando grandes cultivos, muito importantes para a história brasileira, e que permanecem assim, de alguma forma. Como exemplo, podemos mencionar a cana-de-açúcar, originalmente nativa do sul do Pacífico, foi trazida pelos portugueses para o Bra- sil. Nesta época, o açúcar já possuía importância na gastronomia de alguns países e, consequentemente, importância econômica. Devido às condições climáticas, o açúcar não era produzido na Europa Ocidental, devendo ser importado e, conse- quentemente, possuindo alto valor de mercado (Lima et al., 2007). Nesta época, na qual a cana-de-açúcar chegou ao Brasil, os portugueses já eram os principais produtores de açúcar no mundo e possuíam conhecimento deste cultivo, adquiridos na produção do reino e da Ilha da Madeira. Após a instalação da cultura no Brasil, Pernambuco logo se destacou como o maior produtor de açúcar da colônia (LIMA et al., 2007). Ainda segundo Lima et al. (2007), o açúcar foi um dos produtos que mais movimentou e expandiu hori- zontes da história da humanidade, revolucionando fatores relacionados ao uso deste ingrediente não só no paladar, na medicina e conservação de alimentos, A invasão de espécies exóticas pode causar problemas sociais e ambientais. Por estarem fora de seu habitat natural, sem os predadores tradicionais, estas espécies ameaçam ou- tros ecossistemas ou outras espécies nativas, passando a exercer dominância em am- bientes naturais. Fonte: Caderno Ciência do Portal Terra (2019, on-line) ¹. explorando Ideias U N IC ES U M A R 17 como também em mudanças sociológicas. Como exemplo, os autores citam que o ciclo do açúcar trouxe pobreza, escravidão e opressão que, até hoje, pre- valecem, de alguma forma, na sociedade atual. Outro cultivo de planta exótica trazido ao Brasil, extremamente impor- tante para a nossa história, foi o de café. Este foi trazido para o Brasil em 1727 e, por várias décadas, foi a principal riqueza brasileira, chegando a ser 70 % das exportações do país, no período de 1925 até 1929 (FASSIO; SILVA, 2015). Segundo Patarra (2003), o período durante o ciclo de café no Brasil foi mar- cado pelo intenso fluxo migratório, entre 1890 e 1920. Esta nova configuração social, ocorrida durante o ciclo do café, também pode ser observada hoje, na configuração social de algumas regiões. Apenas com este breve panorama histórico, podemos observar que a produção e a comercialização de alimentos em torno do globo terrestre, têm alto poder de impacto, inserindo novos ingredientes nos hábitos alimentares de uma população e novas possibilidadesde cultivos em outras regiões. Além disso, a globalização, estudada no âmbito da produção de alimentos, causa grande impacto social, eco- nômico e cultural. É um assunto que deve estudado com atenção por todos os profissionais que atuam na área de alimentos. Plantas nativas das Américas também se tornaram muito importantes em diversas re- giões do mundo. O milho (Zea sp.) é uma planta de origem americana que se disseminou ao redor do mundo. Isso ocorreu por sua capacidade de se adaptar a diversos climas, solos, quantidades de chuva e períodos de insolação. Assim, transformou-se em uma das mais importantes fontes de carboidratos das dietas de todos os continentes. A batata (So- lanum tuberosum) também é um vegetal de origem americana, região dos Andes, bem di- fundida ao redor do mundo. Essa difusão se iniciou, com mais força, na Europa, no século XIX, mas desde o século XVI, há tentativas de se implantar o seu cultivo em solo europeu. Outros exemplos de produtos tipicamente brasileiros difundidos por outras regiões do globo são: mandioca, mamão, pitanga e caju. Fonte: Bracht, Conceição e Santos (2011). explorando Ideias U N ID A D E 1 18 2 ALIMENTAÇÃO GLOBAL NA atualidade É fato que a inserção de produtos originários de outras regiões na mesa da popu- lação não é novidade (as especiarias citadas na aula anterior são exemplos disso). No entanto, com a era digital, a facilidade ao acesso à internet e, ainda, mais fa- cilidades para viagens a regiões com outras culturas e hábitos alimentares. Além disso, a presença de imigrantes e refugiados espalhados por diversos países, faz com que a alimentação seja muito mais globalizada nos dias de hoje. Os textos apresentados a seguir têm, como objetivo, explorar alguns pontos referentes ao consumo de alimentos de diferentes regiões fora do local original e apresentar o efeito da padronização da alimentação, devido à grande industria- lização e franquias de fast food ao redor do globo. Alimentação fora da sua região original: o caso da comida japonesa em São Paulo (SP) Segundo Ribeiro e Paolucci (2006), a cidade de São Paulo apresenta um mix de culturas, no qual a diversidade é intensa, em cada bairro, identificam-se influências migratórias de diversas regiões do globo: Coréia, Oriente Médio, Itália e Japão, por exemplo. U N IC ES U M A R 19 A influência japonesa na região é tão grande que São Paulo tem mais res- taurantes japoneses que churrascarias (Associação Brasileira de Franchising - ABF, 2013, on-line)². Ainda segundo a associação, outros números sobre comida japonesa impressionam: ■ Apenas na cidade de São Paulo são feitos, por dia, aproximadamente, 400 mil sushis. ■ O valor médio gasto em restaurantes japoneses é de R$ 37,37, enquanto que nas redes de sanduíches e pizzas, este valor fica entre R$ 12,85 e R$ 22,15. Ribeiro e Paolucci (2006) destacam que não apenas japoneses e descendentes são adeptos dos hábitos culturais e culinários das regiões de comércio japonês da cidade de São Paulo: “ Um dos fatores mais importantes desse comércio é a observação de que não são apenas os japoneses ou seus herdeiros, nisseis e sanseis, que circulam pelos mercados e lojas orientais, na busca de raiz-forte ou de pastéis. Atualmente são muitos os brasileiros que se misturam aos rostos orientais nas lojas e mercados, já inicia- dos nos segredos destes sutis sabores trazidos do extremo oriente (RIBEIRO; PAOLUCCI, 2006, p. 8). Este trecho do artigo de Ribeiro e Paolucci (2006) mostra o quão impactante é a inserção de uma cultura diferente na população regional. A imigração japonesa no Brasil não é um evento muito antigo (se iniciou há pouco mais de 100 anos), e seus hábitos alimentares já estão absorvidos por grande parte da população. Figura 4 - Comida típica japonesa, muito apreciada fora da sua região original U N ID A D E 1 20 Estudando este exemplo da influência japonesa, podemos estender estas conclusões para outras culturas e seus pratos típicos: a cultura árabe, a italiana, a chinesa, a alemã, a nordestina, entre outras. Ainda, devemos estar preparados para mais mudanças: a grande quantidade de imigrantes e refugiados que chegam ao Brasil atualmente, deixarão suas marcas na nossa cultura! Além de absorver novos hábitos alimentares, a interação de duas culturas, uma nativa da região e uma introduzida por imigrantes, ocorre a interação en- tre hábitos alimentares. Por exemplo, existem pizzas em suas versões originais, tradicionais da Itália, pizzas em versão brasileira, pizzas em versão norte-ame- ricana. Isto nos mostra que os hábitos alimentares são absorvidos, adaptados e transformados para a nossa realidade (PROENÇA, 2010). Produtos comercializados em todo o globo Além da introdução de hábitos alimentares por povos migrados de outras regiões, as mudanças sociais da sociedade atual, junta- mente com a industrialização de alimentos e a facilidade de comér- “O Brasil contabilizava, em dezembro de 2018, 11.231 refugiados já reconhecidos. Desse total, 72% são homens e 28% mulheres. Naquele mesmo mês, havia 161.057 solicitações de reconhecimento da condição de refugiado. Dos refugiados já reconhecidos, 36% são sírios; 15% congoleses; 9% angolanos; 7% colombianos e 3% venezuelanos”. Fonte: Agência Brasil (2019, on-line)³. explorando Ideias Figura 5 - Garrafa de Coca Cola – Produto alimentício que vi- rou referência de consumo em todo o planeta U N IC ES U M A R 21 cio ao redor do globo, fazem com que novos alimentos estejam inseridos nos nossos hábitos alimentares. Redes de fast food, como Mc Donald’s, Burger King e Subway, grandes em- presas e marcas internacionais, como Unilever, Nestlé e Coca-Cola são encontra- das ao redor do globo terrestre e tornam os hábitos alimentares mais globalizados. Este sentimento de inserção, em um comportamento cosmopolita, de per- tencimento à comunidade mundial, foi bem descrito em um trecho de entrevista apresentada por Mintz (2000): “ O Big Mac não tem um gosto muito bom; mas a experiência de comer neste lugar me faz sentir bem. Às vezes chego a imaginar que estou sentado num restaurante em Nova York ou em Paris (YAN, 1997 apud MINTZ, 2000, p. 49). Neste trecho apresentado por Mintz (2000), percebemos uma sensação impor- tante do consumidor, proporcionada por um alimento: a sensação de pertenci- mento em uma comunidade mundial. Mesmo pertencendo a grandes redes globais, conseguindo padronizar muitos pratos ao redor do mundo, as empresas precisam estar atentas a alguns hábitos regionais. A Coca-Cola, por exemplo, por mais que tenha alto grau de padronização ao redor do globo, é um produto consumido de diferentes maneiras no mundo: é um refrigerante consumido, usualmente, nos Estados Unidos, sem distinção de idade e gênero; já na França, é um produto consi- derado de nicho, ou seja, uma bebida consumida, amplamente, apenas por consumidores de determinada faixa etária, sendo raro seu consumo durante as refeições (FLANDRIN; MONTANARI, 2018). Mudanças similares acontecem com o Mc Donald’s: é um produto popular nos Estados Unidos e considerado restaurantes de luxo em outras localidades, como Moscou e Pequim (FLANDRIN; MONTANARI, 2018). U N ID A D E 1 22 3 DO LOCAL PARA O GLOBAL Flandrin e Montanari (2018) comentam em seu livro que, apesar da crescente industrialização da alimentação, com desenvolvimento de tecnologias para transporte e distribuição de alimentos, isto não exclui as particularidades re- gionais. Os autores afirmam que estes hábitos modernos, inclusive, reforçam a formação de especialidades locais. Por ser considerada parte da cultura de um local, o turismo gastronômico é inserido dentro do turismo cultural, pois traduz a história, os ritos, as tradições e os costumes de determinada região. Considerando a miscigenação entre indíge- nas, negros e europeus no Brasil, a gastronomia se desenvolveu com riqueza de sabores, cores e particularidades regionais que atraem turistas de diversaspartes do mundo (SANTOS; ALBUQUERQUE, 2010). Dessa forma, a seguir, apresen- tamos como a alimentação de duas regiões, Bahia e Pará, associadas ao turismo gastronômico, quer atrair turistas de diversas partes do mundo. Barroco (2008), ao informar a importância da gastronomia no turismo baia- no, destaca o acarajé e o ofício das baianas de acarajé que o vendem, que foram instituídos como Bens Culturais pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artís- tico Nacional (IPHAN), em agosto de 2000. U N IC ES U M A R 23 Além do contexto cultural, a alimentação regional tem resultados econômi- cos. O artigo, publicado no site Bahia Já (2018, on-line)4 cita: “A gastronomia é um dos cinco motivos que atraem turistas a Salvador” e destaca a importância de pratos como a moqueca, o acarajé, o caruru, o vatapá e o bobó, para atrair turistas para Salvador, capital da Bahia. A reportagem ainda destaca que existia a expectativa de crescimento de 10% do faturamento de bares e restaurantes da região no verão de 2018 (comparado ao mesmo período de 2017). Outra região brasileira considerada destaque internacional no turismo gas- tronômico é Belém (PA). A cidade recebeu, em 2015, o título de Cidade Criativa da Gastronomia, concedido pela Unesco (G1, 2015, on-line)5. Segundo o Mi- nistério do Turismo (BRASIL, 2017, on-line)6, pratos como o pato no tucupi, o tacacá, a maniçoba, as moquecas, o caruru e o chibé fizeram com que Belém fosse a capital com a gastronomia mais bem avaliada no país, obtendo aprovação de 99,2% de turistas internacionais. Figura 6 - Garrafas contendo tacacá – Caldo fermentado da mandioca brava, utilizado na culinária paraense U N ID A D E 1 24 CONSIDERAÇÕES FINAIS Após muito ler sobre mudanças no comportamento alimentar e como eles causaram, e ainda causam, impactos na nossa sociedade, podemos chegar a algumas conclusões. Desde épocas muito antigas, o comércio de alimentos existe. No entanto, no período dos séculos XIV, XV e XVI, ele se tornou mais globalizado (provavelmen- te, pela primeira vez). Intercâmbio de culturas, alto valor agregado de produtos e estabelecimento de novas rotas comerciais provocaram mudanças na forma com que a sociedade passou a se comportar e, principalmente, a se alimentar. A mudança, inclusive, ocorreu na configuração do globo terrestre: os nave- gadores europeus chegaram em outras terras, até então não colonizadas. Aqui, iniciaram a exploração, inclusive de algumas especiarias, e introduziram cultivos vegetais e animais de criação não nativos. Assim, a história do Brasil se conduziu com culturas trazidas de outras regiões do globo. O ciclo da cana-de-açúcar e o ciclo do café são exemplos de culturas que se estabeleceram aqui e, com elas, muitos outros povos chegaram para o trabalho: os africanos, trazidos de maneira cruel, como escravos, para o trabalho nos engenhos de cana, e imigrantes europeus, principalmente italianos, para trabalho no cultivo de café. Estes povos estabeleceram novos hábitos de alimentação. Cada cultura imigrante que chega ao país amplia um pouco mais os nossos hábitos alimentares. Com o aumento da velocidade das informações em um mundo atual mais cosmopolita, duas mudanças bem contraditórias podem ser percebidas: 1) a pa- dronização de alguns tipos de produtos em franquias de fast food e nas prateleiras dos supermercados; 2) a volta do olhar para o produto local e o estímulo do hábito alimentar, como cultura regional. Tendo em vista este contexto histórico e do momento atual, os próximos conteúdos iniciarão a abordagem da produção de um alimento seguro neste contexto globalizado! 25 na prática 1. O comércio de especiarias, durante o período das grandes navegações, alterou, de forma drástica, a sociedade da época. Sobre a necessidade do comércio de espe- ciarias nos séculos XIV, XV e XVI, são dadas as seguintes afirmações: I - As especiarias eram importantes apenas para conservação dos alimentos e ca- muflagem do gosto ruim de carnes degradadas. II - As especiarias, além de serem utilizadas como temperos, auxiliavam no trata- mento de algumas enfermidades. III - As especiarias eram importantes nas relações sociais e possuíam alto valor de comércio. Ou seja, pessoas ricas tinham mais acesso a este tipo de produto que pessoas pobres. Assinale a alternativa correta: a) Apenas I e II estão corretas. b) Apenas II e III estão corretas. c) Apenas I está correta. d) Apenas II está correta. e) Nenhuma das alternativas está correta. 2. A globalização impacta diretamente nos hábitos culturais e, consequentemente, alimentares da população. Sobre este tema, são dadas quatro afirmações, classifi- que-as em Verdadeiro (V) ou Falso (F): ( ) O surgimento de meios de comunicação mais rápidos, como televisão e internet, iniciaram o comércio globalizado de alimentos. ( ) A alimentação, de forma global, faz com que empresas internacionais não este- jam atentas a hábitos e matérias-primas regionais. ( ) A gastronomia regional desperta a curiosidade de povos de diferentes regiões do globo, estimulando o turismo e a economia. ( ) Os hábitos alimentares dos imigrantes são incorporados, transformados e adap- tados quando inseridos em uma nova cultura. Assinale a alternativa que apresenta a ordem correta: a) F, V, F, V. b) F, F, V, F. 26 na prática c) V, F, V, V. d) F, F, V, V. e) V, F, V, F. 3. Após a chegada dos colonizadores em território brasileiro, muitas espécies de plan- tas e animais exóticos foram introduzidas no nosso ambiente. Sobre estes assuntos, são dadas as seguintes afirmações: I - Todas as espécies trazidas pelos colonizadores se adaptaram e puderam ser cultivadas em boa quantidade, de maneira rápida, devido ao solo fértil. II - Como os portugueses não conheciam os produtos locais, nenhum alimento nativo de solo brasileiro foi encaminhado para a Europa nos primeiros séculos de colonização. III - Devido à rápida adaptação de espécies exóticas em solo brasileiro, a prática de inserção de animais e vegetais não nativos do nosso território pôde ser feita de forma prática e pouco planejada. Assinale a alternativa correta: a) Apenas I e II estão corretas. b) Apenas II e III estão corretas. c) Apenas I está correta. d) I, II e III estão corretas. e) Nenhuma das alternativas está correta. 4. Hábitos alimentares regionais estimulam o crescimento do turismo de determinada localidade e podem ser explorados como atrativos. Faça uma pesquisa e apresente hábitos locais característicos do seu estado que poderiam ser explorados comer- cialmente e atrair ainda mais turistas. 5. Nestes novos movimentos de refugiados, o Brasil está recebendo muitas culturas diferentes. Aponte três nacionalidades que vêm buscar refúgio no Brasil e seus respectivos pratos tradicionais ou matérias-primas alimentares que podem ser uti- lizadas na nossa alimentação. 27 aprimore-se Os autores Del Ré e Jorge (2014) publicaram um artigo de revisão muito interessante sobre a utilização de especiarias como antioxidantes. Neste artigo, eles abordam a importância deste tipo de ingrediente na produção de alimentos e na saúde hu- mana. O trecho a seguir, retirado e adaptado deste artigo, mostra alguns pontos importantes abordados pelos autores. Boa leitura! O termo especiaria é definido como material seco da planta que normalmente é acrescentado ao alimento para melhorar o flavor, ou seja, melhorar características de sabor e aroma. Estas especiarias podem ser acrescentadas nos alimentos em suas formas inteiras, frescas, secas ou, ainda, como extratos isolados e/ou óleos essenciais. Os componentes químicos que conferem estas características sensoriais nas especiarias podem ser alcoóis, ésteres, aldeídos, terpenos, fenóis, ácidos orgâ- nicos e muitos outros elementos. A atividade antioxidante das especiarias está relacionada, principalmente, com a presença de compostos fenólicos, sendo estes compostos os mais comuns em pro- dutos vegetais. No entanto, outros compostos, comoos flavonóides e terpenóides (como timol, carvacrol e eugenol), também apresentam atividade antioxidante. Além de reduzir a velocidade de oxidação dos alimentos, os compostos fenólicos exibem grande quantidade de propriedades fisiológicas como: ■ Antialérgica; ■ Antiarteriogênica, ou seja, reduz a formação de placas de ateroma no sistema circulatório, evitando doenças; ■ Anti-inflamatória; ■ Antimicrobiana e; ■ Propriedades cardioprotetoras e vasodilatadoras. Dentre as especiarias citadas pelos autores do artigo, estão: ■ Alecrim: Devido a seu alto potencial antioxidante, esta especiaria tem sido adicionada a produtos que são muito susceptíveis à oxidação de gorduras, como maioneses, salsichas e diferentes tipos de carnes; 28 aprimore-se ■ Manjericão: Compostos presentes nos extratos de manjericão são capazes de inibir a oxidação de forma similar a outros antioxidantes. Aïnda, a inges- tão desses compostos pode ajudar a prevenir danos na saúde que ocorrem devido à peroxidação lipídica, reação associada ao câncer, envelhecimento precoce, aterosclerose e diabetes; ■ Orégano: A espécie se destaca por sua ação antioxidante. As suas folhas de- sidratadas e o seu óleo essencial têm sido usados na medicina por vários séculos, sendo sempre relacionados à efeitos positivos na saúde humana. ■ Sálvia: extrato de sálvia apresenta atividade antioxidante e ação anti-infla- matória. Além disso, pesquisas que já demonstraram que o óleo essencial de sálvia pode melhorar a memória e tem se mostrado promissor no trata- mento da doença de Alzheimer; ■ Tomilho: Os extratos de tomilho apresentam potente atividade antioxidante, propriedades antimicrobianas, e é conhecido como antisséptico e expectorante. Fonte: adaptado de Del Ré e Jorge (2014). 29 eu recomendo! Muito Além do Peso Ano: 2012 Sinopse: com histórias reais e alarmantes, o filme promove uma discussão sobre a obesidade infantil no Brasil e no mundo. filme Que sanduíches do McDonald’s só existem em outros países? Esta reportagem do site da revista Super Interessante ilustra muito bem como uma grande rede como o McDon- ald’s consegue se adaptar e ter sanduíches exclusivos em alguns países. https://super.abril.com.br/mundo-estranho/que-sanduiches-do-mcdonalds-so-exis- tem-em-outros-paises/ “Mamma mia! 10 comidas ‘italianas’ que na verdade só existem no Brasil”. Esta repor- tagem do Caderno Bom Gourmet, da Gazeta do Povo, ilustra muito bem a incorpora- ção da culinária de um país e a adaptação dos brasileiros. Boa leitura! https://www.gazetadopovo.com.br/bomgourmet/10-comidas-italianas-que-so-exis- tem-no-brasil/ conecte-se 2 EXPORTAÇÃO DE PRODUTOS alimentícios PROFESSOR Dr. André Álvares Monge Neto PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Órgãos que regulamentam o comércio internacional de produtos • Blocos econômicos e exportação de alimentos • Logística neces- sária para comércio internacional de alimentos. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Apresentar órgãos globais (e de países específicos) que regulamentam a produção e o comércio de alimentos • Explicar como a formação de blocos econômicos pode facilitar o comércio internacional de produtos alimentícios • Expor cuidados necessários para a comercialização de produtos alimentícios para garantir a segurança do produto exportado a longas distâncias. INTRODUÇÃO Para entender o comércio global de alimentos, você, caro(a) aluno(a) deve possuir conhecimentos em várias áreas. Assim, esta segunda unidade do nos- so conteúdo sobre os Impactos da Globalização no Contexto da Segurança Alimentar apresentará assuntos essenciais para a compreensão deste tema. Na primeira aula, serão apresentados alguns órgãos que regulamentam a produção e comercialização de alimentos em cada país. Ali, será dada uma breve visão de dois órgãos nacionais (Agência Nacional de Vigilância Sanitária e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), a agência reguladora americana e europeia (Food and Drug Administration e Euro- pean Commission, respectivamente) e alguns órgãos internacionais ligados à Organização das Nações Unidas (ONU). A segunda aula tem um foco semelhante, ele apresentará um pou- co mais sobre algumas formas de organização dos países em blocos econômicos, que podem facilitar muito o comércio em determinadas regiões. Serão apresentados alguns blocos econômicos importantes: os da América do Norte (NAFTA e USMCA), Mercosul, do qual o Brasil faz parte, e a União Europeia. A última aula abordada nesta unidade muda um pouco o foco dos assun- tos anteriores, mas por um bom motivo. É suficiente conhecer as normas e especificações exigidas por cada país se nós não temos tecnologia suficiente para garantir que nosso alimento chegue seguro até lá? A última aula, então, vem responder este questionamento, por apresentar algumas tecnologias que podem ser utilizadas para garantir a qualidade e segurança dos alimentos durante o tempo de transporte e comercialização nestas regiões distantes. Assim, tecnologias como refrigeração, congelamento, irradiação, embala- gens com atmosfera modificada e ambientes com atmosfera controlada serão abordadas para ampliar o seu conhecimento. Uma ótima leitura! U N ID A D E 2 32 1 ÓRGÃOS QUE REGULAMENTAM O COMÉRCIO internacional de produtos Figura 7 - Sede da Organização Mundial do Comércio (World Trade Organization) A produção de alimentos em cada região do globo terrestre deve ser regulamentada e fiscalizada para que os produtos tenham as especificações desejadas pelo público consumidor e sejam seguros para consumo. Assim, cada país possui órgãos que U N IC ES U M A R 33 cumprem a função de garantir a sanidade dos alimentos produzidos e comerciali- zados, sejam eles produtos internos, sejam importados de outras nações. Assim, conhecer os órgãos regionais que regulamentam a produção e o comércio de alimentos em cada país é essencial para empresas que desejam exportar produtos para diferentes mercados consumidores. Desta forma, a se- guir, estão listadas algumas agências reguladoras da produção de alimentos de algumas regiões do mundo. Brasil No Brasil, os dois grandes órgãos regulamentadores da produção de alimentos são o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). As Vigilâncias Sanitárias de estados e municípios estão ligadas à Anvisa e têm autonomia administrativa e, os esta- dos têm laboratórios públicos de análises. De forma geral, estes órgãos regionais atuam na fiscalização de indústrias (vigilâncias dos estados) e estabelecimentos comerciais (vigilâncias comerciais) (O GLOBO, 2013, on-line)7. A Anvisa é um órgão vinculado ao ministério da saúde, o qual atua em di- versos assuntos: alimentos, medicamentos, agrotóxicos, tabaco, cosméticos, entre outros. Apenas considerando a atuação da Anvisa na área de alimentos, observa- -se sua ampla atividade, regulamentando e fiscalizando fatores como: ■ Condições higiênico-sanitárias e de boas práticas de fabricação para es- tabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos. ■ Diversos tipos de águas. ■ Parâmetros microbiológicos dos alimentos. ■ Substâncias bioativas e probióticos, isolados com alegação de proprieda- des funcionais e/ou de saúde. ■ Suplementos alimentares. ■ Vitaminas. ■ Alimentos prontos para consumo, entre outros. Estes tópicos citados representam uma pequena parte do campo de regulamen- tação e fiscalização da Anvisa. U N ID A D E 2 34 Ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) recai a res- ponsabilidade de criar normas para alguns alimentos de origem vegetal, como bebidas em geral e produtos de origem animal. Por exemplo, muitas normas que regulamentam a produção e comercialização de bebidas (sucos, vinhos, chás, cervejas e néctares) são de responsabilidade do MAPA. Além disso, o MAPA é o grande responsável por legislar e fiscalizar produtosde origem animal, como ovos, carnes, mel e lácteos. Outra atividade do MAPA é a fiscalização oficial em alguns ramos industriais. Dentre os órgãos fiscalizadores, pode-se destacar o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA): órgão da esfera federal, responsável pela inspeção de produtos de origem animal. Para auxiliar a compreensão do complexo sistema de inspeção de produtos de origem animal, o MAPA disponibilizou uma figura que ilustra os diversos órgãos envolvidos neste processo (Figura 1). Há, ainda, uma vasta lista de alimentos que são regulamentados por este órgão. Esta lista completa pode ser acessada no link http://portal.anvisa.gov.br/legislacao-por-categoria- -de-produto conecte-se Alguns produtos prontos, como pururucas de porco fritas e embaladas, mesmo sendo de origem animal, são de responsabilidade das Vigilâncias Sanitárias, por serem considera- dos “produtos prontos para o consumo”. Fonte: o autor. explorando Ideias http://portal.anvisa.gov.br/legislacao-por-categoria-de-produto http://portal.anvisa.gov.br/legislacao-por-categoria-de-produto U N IC ES U M A R 35 Figura 8 - Esquematização dos órgãos responsáveis pela inspeção dos produtos de origem animal / Fonte: MAPA (2019, on-line)8. Estados Unidos da América A organização que regulamenta a produção e comercialização de alimentos nos Estados Unidos é a Food and Drug Administration (FDA). Ela é respon- sável por garantir a segurança pública em áreas como: medicamentos para humanos e animais, fiscalização da cadeia de produção alimentícia, cosmé- ticos, tabaco e produtos que emitem radiação (equipamentos de Raio-X, por exemplo) (FDA, 2019, on-line)9. União Europeia A European Commission é a organização responsável pela fiscalização da pro- dução de alimentos na União Europeia. Este órgão tem, como objetivo, garantir a segurança alimentar e a sanidade animal e vegetal neste bloco econômico, por medidas coerentes em todas as etapas de produção de alimentos. A European Commission tem legislação em diversas áreas da cadeia de produção alimentícia, como fraude na produção de alimentos, alimentação animal, resíduos alimentí- cios, entre outros (EUROPEAN COMMISSION, 2019, on-line)10. U N ID A D E 2 36 Órgãos internacionais da Organização das Nações Unidas A Organização das Nações Unidas (ONU) é uma organização internacional, formada por países que se reuniram, voluntariamente, para trabalhar pela paz e pelo desenvolvimento mundial. Para atingir estes objetivos, existem, ligados a ela, vários órgãos que cuidam de áreas específicas e que regulamentam normas que os países devem seguir. Dentre elas, para a área de alimentos, destacam-se: ■ Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO, sigla do inglês que significa Food and Agriculture Organization): esta or- ganização tem, como objetivo principal, alcançar a segurança alimentar e garantir acesso de alimentos de qualidade para todos (FAO, 2019, on-line)11. ■ Organização Mundial do Comércio: esta organização tem, como objetivo, a abertura do comércio, na qual os governos de diversos países negociam acordos comerciais e resolvem disputas comerciais, em escala global para estímulo e proteção das indústrias de cada país (WTO, 2019, on-line)12. ■ Organização Mundial da Saúde: é uma organização de ampla atuação. Na área de alimentos, possui foco em segurança alimentar, aditivos alimentares, alimentos geneticamente modificados e doenças trans- mitidas por alimentos. U N IC ES U M A R 37 2 BLOCOS ECONÔMICOS E EXPORTAÇÃO de alimentos A comercialização de qualquer tipo de produto ao redor do globo terrestre requer grandes negociações, acordos e organização entre os países envolvidos. Assim, a comercialização de alimentos não é exceção. A união prévia de uma série de países em torno de regras gerais, que sejam de comum acordo, pode facilitar. Neste sentido, o conhecimento dos blocos econômicos se faz necessário para a compreensão de algumas normas de comercialização internacional. Blocos econômicos Segundo Machado e Matsushita (2019, p. 118), os blocos econômicos são consi- derados um “tipo de acordo intergovernamental, no qual as barreiras do comércio são reduzidas ou eliminadas”. Assim, os países se associam para estabelecer entre si relações econômicas que visam ao crescimento das relações mútuas econômi- cas, com a integração das relações de comércio. Machado e Matsushita (2019), ainda, classificam os tipos de blocos econômicos: U N ID A D E 2 38 ■ Áreas de livre comércio: esta organização promove a isenção de taxas e impostos na comercialização de produtos e serviços entre os países per- tencentes ao bloco econômico. ■ União aduaneira: neste caso, há condutas de comércio que objetivam al- cançar países fora do bloco. ■ Mercado comum: é um tipo de bloco econômico com a economia inte- grada, possibilitando a passagem de mercadorias e pessoas entre os países. ■ União econômica e monetária: neste tipo de bloco econômico, há integra- ção da economia e criação de moeda única para os países pertencentes. A seguir, serão apresentados alguns blocos econômicos importantes. NAFTA No dia 1° de janeiro de 1994, entra em vigor o bloco econômico que visava in- tegrar, de forma mais eficiente, os três países da América do Norte: Estados Uni- dos da América, Canadá e México. Denominado NAFTA, sigla do inglês North American Free Trade Agreement (em tradução livre, Tratado Norte-Americano de Livre Comércio), o bloco tinha, como principais objetivos, aumentar opor- tunidades de investimento, eliminar tarifas e barreiras não tarifárias, proteger a propriedade intelectual e estabelecer estrutura de cooperação (MORAIS, 2005). USMCA Em 2018, um novo acordo entre os três países da América do Norte, Estados Unidos da América, México e Canadá, foi firmado para substituir o NAFTA. Denominado USMCA, sigla em inglês para Acordo Estados Unidos-México- -Canadá, este bloco econômico surgiu em 2017, por exigência do presidente americano, Donald Trump, que considerava os antigos termos ruins para o seu país. Este novo acordo obrigou o Canadá e o México a aceitarem um comércio mais restritivo com seu principal parceiro de exportação (G1, 2018, on-line)13. U N IC ES U M A R 39 MERCOSUL O Mercosul é um bloco econômico de alguns países da América do Sul: Argen- tina, Brasil, Uruguai e Paraguai, originado em 1991, com o Tratado de Assunção (FONTES; STELLA, 2019). Segundo Malagolli (2003, p. 2), “A indústria brasileira de alimentos apresentou resultados favoráveis na balança comercial, logo nos primeiros anos do Mercosul”. União Europeia (EU) A União Europeia é o principal bloco comercial do mundo, atualmente com 28 países, sendo que 19 estão na zona do Euro, ou seja, possuem o Euro como moeda oficial. Para se ter noção de sua importância econômica, a UE é o maior exportador mundial de bens e serviços e o maior mercado de importação para mais de 100 países (UNIÃO EUROPEIA, 2019, on-line)14. Outros blocos econômicos Além dos já apresentados, existem outros blocos econômicos ao redor do mundo. Pode-se citar: Os países que atualmente pertencem à União Europeia são: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Bai- xos, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Tcheca, Romênia e Suécia. O Reino Unido ainda é considerado membro pleno da UE, com todos os direitos e deveres do bloco. No entanto, em 23 de junho de 2016, num plebiscito, a maioria dos cidadãos do Reino Unido que votaram optaram pela saída do país da EU. Os acordos do chamado Brexit ainda não foram aprovados pelo parlamento britânico até o fechamento desta unidade. Fonte: o autor. explorando Ideias U N ID A D E 2 40 ■ CEI – Comunidade dos Estados Independentes: bloco econômico cons- tituído por alguns países da antiga União Soviética(URSS). ■ CAN – Comunidade Andina: formado, atualmente, por Bolívia, Colôm- bia, Equador e Peru. ■ APEC – Cooperação Econômica Ásia-Pacífico: fórum que visa à coope- ração econômica entre todos os países localizados no Círculo do Pacífico: Austrália, Brunei, Canadá, Chile, China, Hong Kong, Indonésia, Japão, Co- reia do Sul, Malásia, México, Nova Zelândia, Papua-Nova Guiné, Peru, Fili- pinas, Rússia, Singapura, Taipé Chinesa, Tailândia, Estados Unidos, Vietnã. ■ ASEAN – Zona de Livre Comércio do Sudeste Asiático: organização for- mada por Tailândia, Filipinas, Malásia, Singapura, Indonésia, Brunei, Viet- nã, Mianmar, Laos e Camboja. São considerados membros observadores: Papua-Nova Guiné e Timor-Leste. U N IC ES U M A R 41 3 LOGÍSTICA NECESSÁRIA PARA COMÉRCIO internacional de alimentos Com a possibilidade de comercialização de alimentos por distâncias muito lon- gas, deve-se garantir que os mesmos cheguem seguros e com boa qualidade aos seus mercados consumidores. Dessa forma, processos que garantam a estabilida- de do produto durante toda a cadeia logística podem ser realizados em diferentes etapas do processamento, armazenamento e transporte. Assim, a presente aula tem, como objetivo, apresentar alguns cuidados que devem ser realizados para garantir que os alimentos comercializados ao redor do globo cheguem, de forma segura, ao seu destino final, e com os parâmetros de qualidade adequados necessários para comercialização no país de destino. Técnicas utilizadas para garantir a segurança de alimentos exportados As empresas produtoras de alimentos possuem diversas estratégias para garantir a segurança do produto e manter, por mais tempo, as suas características físicas, químicas e sensoriais. Assim, alimentos processados podem sofrer processamen- to térmico, como pasteurização e esterilização e adição de conservantes para garantir a segurança de produtos exportados. Há, ainda, outras técnicas mais modernas, as quais podem ser aplicadas na industrialização dos alimentos: pro- U N ID A D E 2 42 cessamento com alta pressão e permeação em membranas são exemplos de novas operações, que têm potencial aplicação em alimentos processados. Grande parte dos alimentos exportados pelo Brasil, no entanto, são produtos pouco processados, como carnes, grãos e frutas in natura. Dessa forma, outras tecnologias devem ser empregadas para garantir a segurança do produto pelas grandes distâncias a serem percorridas até o consumidor final. A seguir, serão apresentadas algumas tecnologias utilizadas para estender a vida de prateleira de alguns produtos: secagem, refrigeração, radiação ionizante e embalagem em atmosfera modificada ou atmosfera controlada. Secagem de grãos Figura 9 - Planta de limpeza, secagem e armazenamento de grãos Segundo dados disponibilizados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agrope- cuária (EMBRAPA, 2019, on-line)15 sobre a safra de soja de 2018/2019, o Brasil é o segundo maior produtor deste grão, com produção de 114,843 milhões de toneladas e área plantada de 35,822 milhões de hectares. U N IC ES U M A R 43 Durante a colheita, o grão deve ser colhido com teor de umidade entre 13 e 15%. Segundo a Emprapa (2019, on-line)16, sementes de soja “colhidas com teor de umidade superior a 15% estão sujeitas a maior incidência de danos mecânicos latentes (não aparentes) e, quando colhidas com teor abaixo de 13% estão susce- tíveis ao dano mecânico imediato, ou seja, à quebra”. Segundo a Instrução Normativa 29/2011 do Ministério da Agricultura, Pe- cuária e Abastecimento (BRASIL, 2011), o teor máximo de umidade permitido na soja durante o armazenamento é de 13%. Assim, para reduzir o teor de umidade pós-colheita para níveis aceitáveis, processos de secagem deste tipo de grão são essenciais para fazer com que o nosso país consiga ser grande exportador de soja. Produto Umidade (%) Milho 13% Trigo 13% Arroz 13% Amendoim 8 % Milheto 13% Café 12% Cevada 13% Na safra de 2018/2019, a produção de soja no Brasil ficou atrás, apenas, dos Estados Uni- dos. Este país teve uma safra de 123,664 milhões de toneladas e área plantada de 35,657 milhões de hectares. Fonte: Embrapa (2019, on-line)16. explorando Ideias A Instrução Normativa 29/2011 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento estabelece, ainda, o teor máximo de umidade de outros grãos permitido para armazena- mento durante longos períodos. Estes teores estão dispostos na Tabela 1. explorando Ideias U N ID A D E 2 44 Centeio 13% Aveia 13% Feijão 13% Sorgo 13% Canola 9% Girassol 9% Tabela 1 - Teores máximos de umidade recomendados para armazenagem Fonte: Brasil (2011). Radiação ionizante Segundo Fellows (2006), a radiação ionizante, geralmente, obtida por raios gama (γ), auxilia na conservação dos alimentos, por destruir microrganismos e inibir al- terações bioquímicas. Na área de alimentos, ela é utilizada para várias finalidades: ■ Controle microbiano: a quantidade de radiação aplicada no alimento pode provocar desde uma redução da contagem geral de microrganismos presentes até a esterilização, caso sejam aplicadas doses maiores;. ■ Controle do amadurecimento: alguns tipos de frutas e hortaliças podem ser irradiados para prolongar sua vida de prateleira e, assim, garantir a chegada segura destes produtos mesmo depois de percorrer longas dis- tâncias. A Figura 10 apresenta a diferença no processo de maturação entre mamão irradiado e não irradiado. U N IC ES U M A R 45 Irradiado Normal Figura 10 - Mamão papaia irradiado / Fonte: Souza (2019, on-line)17. ■ Desinfestação: grãos e frutas tropicais podem ser infestados por insetos e larvas, diminuindo, assim, o potencial de exportação. Baixas doses de radiação ionizante podem auxiliar no combate a essas larvas. ■ Inibição do brotamento: vegetais como cebola, batata e alho podem brotar durante o período de armazenamento e transporte para outros países. A radiação gama tem efeito positivo neste atributo, diminuindo o brotamen- to neste tipo de vegetal a ser exportado (ver Figura 11). Figura 11 - Comparação de alimentos irradiados e não irradiados: batatas, mangas, cebolas e tangerinas / Fonte: Junior e Vital (2019, on-line)18. U N ID A D E 2 46 Baixas temperaturas durante armazenamento Figura 12 - Detalhe de sistemas de refrigeração de contêineres usados na exportação de alimentos A cadeia do frio é muito utilizada para conservação de diversos alimentos duran- te o transporte e o armazenamento em longas distâncias. Sem o uso das baixas temperaturas, não seria possível o Brasil exportar produtos como carnes e frutas. Carnes, geralmente, são exportadas sob congelamento a, no mínimo, -18 °C. Para carnes congeladas, comercializadas em longas distâncias no território nacio- nal, é necessária a temperatura mínima de -12 °C. Assim, a cadeia do frio colabora para o Brasil se consolidar como grande exportador de carne! Na exportação de frutas e hortaliças in natura, a cadeia do frio é utilizada na forma de refrigeração, sendo que cada fruta e hortaliça apresenta uma faixa de tem- peratura adequada para armazenamento refrigerado. Ainda, a refrigeração aumenta muito a vida pós-colheita de frutas devido à redução do metabolismo, ou seja, ocorre redução na respiração e da produção de etileno (ANESE; FRONZA, 2015). U N IC ES U M A R 47 Além da baixa temperatura, a Umidade Relativa (UR) deve ser controlada para que o fruto não perca umidade, nem desenvolva contaminação microbiana. Assim como a temperatura, cada produto vegetal apresenta uma Umidade Rela- tiva ideal para armazenamento (ANESE; FRONZA, 2015). Embalagens com atmosfera modificada Figura 13 - Saladas em atmosfera modificada Este método de armazenamento é bem simples. Consiste na embalagem de frutos ou outros vegetais em embalagens plásticas bem vedadas. O processo respiratório dos vegetais alterará a composição gasosa do ambiente, reduzindo a quantidade de oxigênio e aumentando a quantidade de gáscarbônico. Estas alterações redu- zem o amadurecimento do fruto e prolongam a vida pós-colheita. Embalagens a vácuo (Figura 14) também podem ser consideradas embala- gens de atmosfera modificada (ANESE; FRONZA, 2015). Este método de emba- lagem pode ser utilizado em vegetais e produtos cárneos. U N ID A D E 2 48 Figura 14 - Aspargos embalados a vácuo, um tipo de embalagem com atmosfera modificada Ambientes com atmosfera controlada Os ambientes com atmosfera controlada são aqueles que apresentam composição de gases interior padronizada e constante. Muito utilizados para prolongar a vida útil de vegetais, estes ambientes apresentam, geralmente, além do controle da temperatura e umidade, controle dos níveis de oxigênio, gás carbônicos e etileno. Esta composição de gases diferente é responsável pela redução da velocidade do metabolismo do fruto, ao gerar aumento de sua vida pós-colheita. Por este motivo, é muito utilizada em vegetais que serão exportados. Como exemplo, pode-se citar que o armazenamento de maçãs, em atmosfera controlada, permite o aumento de quatro meses na vida útil do fruto (ANESE; FRONZA, 2015). U N IC ES U M A R 49 CONSIDERAÇÕES FINAIS O conhecimento do mundo e de sua organização facilita a compreensão dos mercados consumidores e, consequentemente, amplia a possibilidade de co- mercialização dos nossos produtos, em outras regiões do globo terrestre. Dessa forma, os tópicos abordados colaboram com esta compreensão necessária para profissionais que podem atuar na produção de alimentos, os quais serão vendidos em outras regiões do globo. Além disso, considerando o potencial de produção alimentícia do Brasil, estas informações se tornam ainda mais relevantes. O conhecimento das organizações que regulamentam a produção de ali- mento é essencial para seguir regras e normas, tanto dos países onde os alimen- tos são produzidos como dos países onde os produtos serão comercializados. Assim, apresentou-se agências como MAPA, Anvisa, FDA e European Commis- sion. Deve-se destacar, caro(a) aluno(a), que é dever do profissional se informar sobre a agência que regulamenta a produção de alimento de cada país - foco para onde se deseja comercializar. Ainda, outro assunto de grande relevância foi a organização em países em blocos econômicos. Devemos ter o conhecimento de organizações que regula- mentam e facilitam o comércio entre diferentes países para que possamos apro- veitar as possibilidades de expansão dos mercados consumidores das empresas para as quais prestamos serviços. Por último, não basta ter conhecimento das oportunidades de expansão e das legislações de cada país! Precisamos conhecer, também, técnicas para garantir a qualidade e segurança dos alimentos que serão exportados. Desta forma, o terceiro foco apresentou técnicas importantes, como irradiação, ambientes com atmosfera controlada, embalagens com atmosfera modificada e utilização da cadeia do frio. Com o conhecimento expandido nestas áreas estudadas na Unidade 2, esta- mos aptos a avançar nosso conteúdo para abranger outras áreas que impactam o comércio seguro de alimentos ao redor do globo terrestre! 50 na prática 1. Tratamentos prévios são essenciais para garantir a segurança e qualidade dos ali- mentos transportados por longas distâncias para comercialização. Sobre os diferen- tes tratamentos que podem ser utilizados para garantir a segurança de alimentos, são dadas as seguintes afirmações: I - A utilização da cadeia do frio, como refrigeração e congelamento de alimentos, é importante, exclusivamente, para produtos cárneos. II - Diminuição do brotamento, morte de microrganismos e diminuição da veloci- dade de amadurecimento são efeitos benéficos da irradiação. III - A embalagem a vácuo é uma tecnologia utilizada para modificar a atmosfera interna da embalagem e já é utilizada em vários produtos alimentícios. Assinale a alternativa correta: a) Apenas I e II estão corretas. b) Apenas II e III estão corretas. c) Apenas I está correta. d) I, II e III estão corretas. e) Nenhuma das alternativas está correta. 2. Os blocos econômicos são importantes organizações para a comercialização entre países de dada região. Analise as afirmações apresentadas a seguir sobre este as- sunto e classifique-as em Verdadeiro (V) ou Falso (F). ( ) O tipo de bloco econômico com economia integrada, possibilitando a passa- gem de mercadoria e pessoas entre países é denominado União Econômica e Monetária; ( ) Quando um bloco econômico se caracteriza por promover isenção de taxas e impostos na comercialização de produtos e serviços entre países, ele é deno- minado área de livre comércio. ( ) Se um bloco econômico se caracteriza pela integração da economia e por cir- culação de uma única moeda em todos os países, ele é denominado União Econômica e Monetária. Assinale a alternativa que representa a ordem correta de V e F. 51 na prática a) F, V, V. b) F, F, V. c) F, V, F. d) V, V, F. e) V, F, F. 3. O conhecimento de diferentes agências que regulamentam a produção e comer- cialização de alimentos em diferentes países é importante para os profissionais que desejam atuar em empresas produtoras de alimentos para exportação. Assim, assinale a alternativa que não apresenta uma agência reguladora importante para a regulamentação da comercialização de alimentos. a) MAPA. b) FDA. c) Nafta. d) Anvisa. e) European Commission. 4. O padrão de qualidade de alimentos exportados é muito elevado. Desta forma, para atingi-los, podem ser utilizados diversos tipos de tratamentos para assegurar a qua- lidade do alimento durante todo o período de comercialização. Assinale a alternativa que apresenta a afirmação correta sobre os tratamentos utilizados para permitir a comercialização de alimentos em escala global. a) A secagem é muito utilizada em produtos de frutas, como uvas passas, sendo pouco aplicada em cereais, cárneos e soja. b) A irradiação não é permitida no Brasil por não ser considerada uma tecnologia segura e por manter resquícios de radiação nos alimentos. c) A Umidade Relativa (UR) do ambiente de refrigeração de frutas não deve ser controlada, visto que possui pouco impacto em sua conservação. d) Atmosfera modificada é uma tecnologia avançada, em que se controla a compo- sição de gases em um ambiente. e) A manutenção dos níveis de gases como etileno, oxigênio e gás carbônico é importante em ambientes de atmosfera controlada. 52 na prática 5. Conhecer a legislação vigente na área de alimentos é um desafio para o profissional: diversas agências reguladoras, mudanças constantes e novos produtos surgindo em um mercado cada vez mais competitivo são apenas alguns dos desafios. Assim, para você se adaptar às atividades constantes de um profissional que atua na produção de alimentos, faça uma breve pesquisa e apresente, no mínimo, cinco diferentes tipos de alimentos regulamentados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. 53 aprimore-se Caro(a) aluno(a), o texto a seguir foi adaptado da Comex do Brasil (2019) e mostra a im- portância de discutir áreas como agricultura familiar e mercado externo, no Mercosul. Neste trecho, você perceberá que a discussão entre vários países pode ampliar muito a participação dos produtos brasileiros em outros mercados consumidores. Boa leitura! Países do Mercosul debatem aumento de acesso dos produtos da agricul- tura familiar ao mercado externo Com objetivo de aumentar às oportunidades da agricultura familiar em acordos en- tre o Mercosul e com a União Europeia, delegações dos países do Mercosul partici- param da 31ª Reunião Especializada em Agricultura Familiar (Reaf), para apresentar propostas para agregar valor aos produtos dos agricultores familiares, assim como mais acesso a mercados regionais e internacionais. Dentre as propostas apresentadas e discutidas, destaca-se a possibilidade de ado- tar a certificação participativa como regra global dos países do Mercosul, inclusive para produtos orgânicos, de formaa agregar valor aos produtos da agricultura familiar. O Brasil certifica produtos orgânicos, produzidos em grande parte pela agricultura fa- miliar, pelo sistema participativo de garantia. Este sistema de garantia responsabiliza os próprios produtores pela certificação por meio de um Organismo Participativo de Avalia- ção da Qualidade Orgânica. O Chile já entendeu e aceitou este sistema de participação. Virgínia Lira, autora da proposta e Coordenadora de Produção Orgânica no MAPA, explica que: “Isso traz benefícios porque antes do acordo os produtores chi- lenos deveriam contratar certificação do Brasil para verificar o sistema de produção chileno e vice-versa. Agora não há necessidade que eles façam uma contratação no país que vai recepcionar o produto. Isso reduz bastante os custos”. Neste encontro, os produtores almejam que este sistema possa ser reconhecido em ou- tros países do Mercosul e, no futuro, ser aceita pelos países da União Europeia. Participantes da Argentina, Paraguai e Uruguai se comprometeram a expandir a discussâo para os mem- bros dos departamentos responsável do assunto em cada país. Além disso, os representan- tes do Mercosul deverão discutir este tema novamente, e de forma mais objetivo, no próximo encontro, no Uruguai e na próxima Comissão Interamericana da Agricultura Orgânica (CIAO). Fonte: adaptado de Comex do Brasil (2019, on-line)19. 54 eu recomendo! O vídeo que se apresenta no link a seguir é uma reportagem que foca na apresenta- ção da tecnologia de irradiação de alimentos de maneira simples, a fim de esclarecer o espectador da segurança deste processo na exportação de alimentos. https://www.youtube.com/watch?v=auqtGgkSnBs O link a seguir apresenta um áudio com entrevista realizada antes do 1º Simpósio Brasileiro de Tecnologia para Preservação de Alimentos por Irradiação, evento reali- zado pela Unicesumar. É a sua universidade colocando em pauta a discussão sobre tecnologias de ponta! https://www.cbnmaringa.com.br/noticia/irradiacao-garante-seguranca-alimentar-e- -reduz-desperdicios O link apresentado a seguir tem, como destino, uma revista online. Nesta revista, você poderá encontrar uma reportagem muito interessante sobre tendências de embalagens para produtos cárneos e, dentre elas, embalagens com atmosfera mo- dificada. Boa leitura! https://www.aviculturaindustrial.com.br/imprensa/embalagens-seguem-tendencias- -de-consumo/20191106-151022-R845 conecte-se 3 GARANTIA DA QUALIDADE DE PRODUTOS para exportação PROFESSOR Dr. André Álvares Monge Neto PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Rotulagem de alimentos im- portados e de alimentos encaminhados para exportação • Rotulagem frontal de alimentos • Codex Alimentarius • Certificação de produtos visando à exportação. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Expor pontos da legislação brasileira que ressaltam as regras que os rótulos de produtos comerciali- zados internacionalmente devem seguir • Apresentar algumas especificidades da rotulagem de alguns países e discutir como estas normas poderiam auxiliar a rotulagem nutricional no Brasil • Apresentar aos alunos a principal norma internacional para qualidade de produtos alimentícios, na qual os órgãos de cada país se baseiam para construir a própria legislação • Apresentar certificações aceitas interna- cionalmente sobre a qualidade do produto: ISO e outras certificações. INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à Unidade 3 da disciplina Impactos da Globalização no Contexto da Segurança Alimentar. Nesta unidade, daremos foco na qualidade necessária para a produ- ção de alimentos que serão destinados ao mercado internacional. Como apresentar as informações necessárias nos rótulos de produtos destinados para outros países? Existe uma legislação básica internacional que garanta a segurança e qualidade dos alimentos? Como garantir que a sua produção segue padrões de segurança e qualidade internacionais? Estas são algumas questões que devem ser respondidas ao longo da presente unidade. Já é de nosso conhecimento a importância da rotulagem nas embalagens de alimentos. Ao definir as informações contidas no rótulo das embalagens alimentícias comercializadas no nosso país, devemos nos basear nas legisla- ções específicas, geralmente, regulamentadas pela Agência Nacional de Vi- gilância Sanitária (Anvisa). No entanto, ao se tratar de alimentos destinados à comercialização em outros países, a rotulagem deve obedecer às normas dos países de comercialização, diferindo do que estamos habituados. Depois de falar sobre rotulagem, focaremos no Controle de Qualida- de. Falaremos de uma legislação internacional base para todos os países: o Codex Alimentarius e, ainda, de sistemas internacionais de fiscalização da produção de alimentos para garantir a segurança dos produtos. Den- tre todos os sistemas internacionais, focaremos muito na ISO 22000 e, também, apresentaremos outras normas internacionais para certificação de segurança alimentar. Desta forma, apresentados os conteúdos da Unidade 3, desejo a você um bom estudo! Muito foco na leitura destes tópicos que são de extrema importância para empresas que exportam produtos alimentícios (e para as que não exportam, também)! U N IC ES U M A R 57 1 ROTULAGEM DE ALIMENTOS IMPORTADOS E DE alimentos encaminhados para exportação O rótulo de um alimento é um dos principais chamarizes para a atenção do consumidor. No entanto, além da sua função de marketing, auxiliando a venda do produto, ele tem a importante função de informar. No Brasil, é necessário que algumas informações estejam presentes nos alimentos comercializados: ■ Lista de ingredientes: esta lista deve ser apresentada a partir do ingre- diente em maior quantidade para o ingrediente em menor quantidade. ■ Lote: é considerado uma identificação dos produtos de um mesmo tipo produzidos em condições essencialmente iguais, mesmo fabricante e em espaço de tempo determinado. ■ Prazo de validade: data limite para o consumo seguro do alimento. ■ Denominação de venda: é o nome que caracteriza o produto; ■ Presença ou ausência de glúten. ■ Origem: local no qual o alimento foi produzido e o contato com a indús- tria produtora. ■ Alergênicos: alerta de ingredientes que podem causar alergia. ■ Rotulagem nutricional: informação da composição nutricional de uma porção de alimentos. U N ID A D E 3 58 A produção de um rótulo alimentício nunca é uma tarefa fácil, no entanto isso se torna ainda mais difícil quando o produto produzido será comercializado em um país diferente. Esta dificuldade afeta tanto as empresas quanto as exportado- ras que desejam comercializar seus produtos em países estrangeiros e, também, as empresas importadoras que comercializam produtos importados no Brasil. Rotulagem de produtos importados A comercialização de produtos industrializados em outros países traz a ne- cessidade de algumas adaptações nos rótulos dos alimentos. Os alimentos comercializados no Brasil devem possuir rotulagem com informações em português. No entanto, muitas vezes, os alimentos são importados e comer- cializados com a mesma embalagem do país de origem, ou seja, a embalagem original do produto. Quando isto acontece, cabe à empresa produtora (ou à empresa importadora) adicionar uma etiqueta à embalagem com as informa- ções exigidas pelas autoridades brasileiras em português (Figura 1). Ainda, produtos com embalagens em outros idiomas e sem etiquetas em português não podem ser comercializados no Brasil. Figura 15 - Exemplo de etiqueta em português colada em produto importado Fonte: o autor. Algumas informações não são obrigatórias para todos os alimentos. Por exemplo, não há necessidade de prazo de validade em vinagres. Assim, ao elaborar um rótulo, deve-se consultar a legislação para cada tipo de produto. Fonte: Anvisa (2002). explorando Ideias U N IC ES U M A R 59 Produtos comercializados em diferentes países que possuem diferentes
Compartilhar