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Apostila Gestão de Cooperativas

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GESTÃO DE 
COOPERATIVAS 
 
2 
 
 
REITOR DO IFAM 
Antônio Venâncio Castelo Branco 
 
PRÓ-REITORA DE ENSINO 
Lívia de Souza Camurça Lima 
 
PRÓ-REITOR DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E INOVAÇÃO 
José Pinheiro de Queiroz Neto 
 
PRÓ-REITORA DE EXTENSÃO 
Maria Francisca Morais de Lima 
 
PRÓ-REITOR DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL 
Carlos Tiago Garantizado 
 
PRÓ-REITORA DE PLANEJAMENTO E ADMINISTRAÇÃO 
Josiane Faraco de Andrade Rocha 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
SUMÁRIO 
 
UNIDADE 01 
Aula 01. Cooperação e Economia Solidária 
1.1 A cooperação e o Cooperativismo. ...................................................................06 
1.2 A Economia Solidária.........................................................................................09 
1.3 O Cooperativismo e as Cooperativas.................................................................11 
Aula 02. O Surgimento da Doutrina Cooperativista 
2.1 Breve Histórico sobre o surgimento da Doutrina Cooperativista........................18 
Aula 03. Panorama das cooperativas no mundo e no Brasil 
3.1 Cooperativas no Mundo ....................................................................................23 
3.2 Cooperativas no Brasil.......................................................................................25 
3.2.1 Fatos que pontuaram a evolução do cooperativismo no país.........................25 
Aula 4 – A doutrina cooperativista e a simbologia do cooperativismo 
4.1 A doutrina cooperativista e os símbolos.............................................................29 
UNIDADE 02 
Aula 5 – A gestão nas cooperativas 
5.1 A gestão nas Cooperativas................................................................................44 
5.1.1 A Autogestão e os Modelos Capitalistas de Gestão.......................................44 
5.2 Auto Gestão - o modelo de Gestão no Cooperativismo.....................................45 
Aula 06 Representação do Sistema Cooperativo 
6.1 Representação do Sistema Cooperativo Estadual.............................................47 
6.2 Representação do Sistema Cooperativo Nacional.............................................47 
Aula 07 Os objetivos do Cooperativismo 
7.1 Sociais................................................................................................................51 
7.2 Econômicos........................................................................................................52 
7.3Culturais..............................................................................................................52 
Aula 08. Sistemas Cooperativos Brasileiros.......................................................54 
Aula 9 – Formação das cooperativas 
 
4 
 
9.1 A cooperativa e suas necessidades...................................................................58 
9.2 Etapas da constituição de uma cooperativa ......................................................59 
Aula 10 – As Reuniões 
10.1 Assembleia geral ordinária...............................................................................61 
10.2 Assembleia geral extraordinária.......................................................................62 
Aula 11 – Estatuto Social, órgãos de administração e fiscalização da 
cooperativa. 
11.1 Estatuto Social.................................................................................................64 
11.2 Os órgãos de administração............................................................................64 
11.3 Conselho fiscal.................................................................................................64 
UNIDADE 03 
Aula 12 – Registros, documentação e subsistência financeira das 
cooperativas 
12.1 Registro nos órgãos competentes....................................................................66 
12.2 Livros obrigatórios............................................................................................66 
12.3 Capital social....................................................................................................67 
Aula 13 – Direitos, deveres e desenvolvimento intelectual dos cooperados 
13.1.1 Direitos dos cooperados................................................................................68 
13.2 Deveres dos cooperados.................................................................................68 
Aula 14 – Atos cooperativos e não cooperativos, resultados e fundos 
obrigatórios 
14.1 Ato Cooperativo................................................................................................73 
14.2 Ato Não Cooperativo........................................................................................73 
UNIDADE 04 
Aula 15. Revisão. Esquema de Passo a Passo para Criação de Cooperativas. 
Fluxograma. 
15.1 Fluxograma de Constituição de Cooperativa...................................................78 
15. 2 Algumas informações sobre tributos...............................................................80 
 
Referências............................................................................................................ 
 
 
 
5 
 
Palavras do Professor Organizador 
 
Essa apostila é uma compilação de informações sobre a Doutrina 
Cooperativista extraído de diversas fontes, porém não deixa de ser uma 
organização original, pois traz consigo dados recente que transmite ao leitor 
informações suficiente sobre as Cooperativas principalmente as brasileiras. O 
intuito de curso é formar profissionais capazes de conhecer como funciona a 
Gestão na Cooperativa, partindo inicialmente de um conhecimento histórico e 
doutrinário até a formação e etapas de Constituição da Cooperativa. 
 É importante você considerar que o Cooperativismo é uma forma de organização e 
não um negócio por si só. A cooperativa é o meio encontrado através do quais 
pessoas possam se unir e viabilizar seu negócio, por isso não pode ser 
considerado um negócio isolado apenas, deve ter união para funcionar, por isso 
que é essencial para o primeiro passo o interesse de pessoas que queiram se unir 
com o mesmo objetivo comum. 
 
 
 
Alciane Matos de Paiva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
Aula 01. Cooperação e Economia Solidária 
 
 “Nesta primeira aula iremos estudar como surgiu o termo cooperação e 
compreender como o valor do significado da palavra está em nossas vidas, e como 
a Economia Solidária e o Cooperativismo são formas alternativas para a geração 
de trabalho e renda.” 
1.1 A cooperação 
 A palavra cooperação vem do latim cooperari, que significa operar 
conjuntamente. Também está associada à prestação de auxílio mútuo para um fim 
comum. 
Podemos dizer que a “cooperação é uma forma de integração social e pode 
ser entendida como ação conjugada em que pessoas se unem de modo formal ou 
informal, para alcançar o mesmo objetivos” 
Assim, a cooperação pode ocorrer de modo informal, quando facilmente 
nos auxiliamos uns aos outros na execução de uma série de tarefas, ou de 
maneira formal, quando a estabelecemos através de grupos legalmente 
organizados. 
 
Figura 01: Cooperação – o caminho para o sucesso 
Fonte: depositphotos 
Quando a cooperação é organizada segundo estatutos previamente 
definidos, com base na legislação, ela dá origem a determinados grupos sociais, 
como as cooperativas e também as associações. 
 
7 
 
Podemos dizer que de maneira informal ela ocorre sempre que fizermos 
atividades conjuntamente, ajudando um ao outro. Aliás, desde quando nascemos 
precisamos de apoio, como por exemplo a ajuda do médico entre outros 
profissionais para o próprio nascimento. No ambiente doméstico onde os pais, os 
avós e os irmãos maiores se revezam para atender as necessidades dos recém-
nascidos. 
O senso de cooperação do ser humano é estimulado desdeos primeiros 
anos de vida, como por exemplo, quando a criança é impulsionada a dividir o 
lanche na escola e ou guardar os brinquedos, o material escolar ou as roupas. 
Se fizermos uma viagem ao longo da história poderemos perceber que a 
cooperação é algo que está presente através da conjugação de esforços para o 
bem comum. 
Nos tempos antigos e inclusive até hoje a cooperação é fundamental para a 
produção agrícola e artesanal entre outros itens que nos ajudam a sobreviver. 
Contudo, na Idade Moderna, com o desenvolvimento do sistema capitalista, 
principalmente em razão da Revolução Industrial, passou-se a valorizar mais a 
lógica da competição ao invés da cooperação, gerando-se assim cada vez mais a 
exclusão social. 
No século XIX a Revolução Industrial proporcionou grandes produções de 
bens manufaturados e com custos reduzidos, eliminando grande parte de mão de 
obra, ou seja, o homem foi substituído pelas máquinas. Com isso a produção 
artesanal, que era essencialmente baseada na cooperação, entrou em declínio, e o 
setor industrial cresceu enormemente. Com o processo de mudanças na economia 
local a industrialização trouxe consigo além de benefícios de infraestrutura, um 
grande êxodo rural. O motivo desse êxodo se deu pelas falsas esperanças de 
melhorias de vidas de trabalhadores e empregabilidade, havendo assim um 
crescimento desordenado das cidades e altas taxas de desemprego, com pessoas 
vivendo à margem do sistema produtivo. 
O crescente desemprego e a pobreza desencadearam uma série de reações 
de trabalhadores e de muitos intelectuais da época, que passaram a estudar uma 
 
8 
 
forma de superar os problemas sociais e econômicos que estavam sendo 
vivenciados. Em função disso passou-se a apostar na cooperação e no 
associativismo como forma de resolver os problemas surgidos com a revolução 
industrial. 
Pode-se definir o associativismo como uma prática social fundamentada na 
criação de associações, que são organizações autônomas e gerenciadas 
democraticamente, resultantes da união legal de duas ou mais pessoas para a 
realização de um objetivo comum. (Farias 2013). 
Com fundamento na cooperação e no associativismo surgiu à economia 
solidária, uma verdadeira mudança de paradigma, onde todos trabalham e tomam 
decisões de forma conjunta. 
Para entendermos o que é a economia solidária, precisamos visitar alguns 
conceitos econômicos e de gestão para começarmos essa conversa. Basicamente, 
Economia Solidária é o nome dado ao conjunto de atividades econômicas, seja de 
produção, distribuição, consumo, poupança e crédito organizadas sob a forma de 
autogestão, (conceito que será estudado mais adiante), é uma forma de 
organização onde a administração da empresa é feita pelos seus participantes, 
com democracia direta, sem a figura do “patrão” e com igualdade entre seus 
membros). O cooperativismo é uma expressão da própria economia solidária, e a 
cooperativa pode ser vista como exemplo de empresa solidária. 
Nesse sentido, podemos afirmar que as cooperativas são espécies de 
associações, porém, com características próprias e natureza jurídica que as 
diferenciam das demais formas de associação, permitindo que atuem como 
empresas, conforme veremos com maiores detalhes mais adiante. 
 
9 
 
 
Figura 02: Cooperação – superando dificuldades em conjunto 
Fonte: depositphotos 
 
1.2 Economia Solidária: uma nova economia 
Economia solidária é definida como o "conjunto de atividades 
econômicas de produção, distribuição, consumo, poupança e crédito organizados 
sob a forma de autogestão." Compreende uma variedade de práticas econômicas e 
sociais organizadas sob a forma De cooperativas, associações, clubes de troca, 
empresas auto gestionárias, redes de cooperação, entre outras, que realizam 
atividades de produção de bens, prestação de serviços, finanças solidárias, 
trocas, comércio justo e consumo solidário. Trata-se de uma forma de organização 
da produção, consumo e distribuição de riqueza centrada na valorização do ser 
humano e não do capital, caracterizada pela igualdade. Uma forma de produção, 
consumo e distribuição de riqueza centrada na valorização do ser humano e não na 
do capital. Tem base associativistas e é voltada para a produção, consumo e 
comercialização de bens e serviços de modo autogestionado. (Farias, 2013) 
"A economia solidária é uma alternativa inovadora na geração de trabalho e 
a inclusão social, na forma de uma corrente do bem que integra quem produz, 
quem vende, quem troca e quem compra. Seus princípios 
são autogestão, democracia, solidariedade, cooperação, respeito à 
natureza, comércio justo e consumo solidário” 
 
Paul Singer (2002) explica que a economia solidária surgiu como resposta 
dos próprios trabalhadores à exploração capitalista, ele define como um modo de 
produção caracterizada pela igualdade de direitos e os meios de produção são de 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Atividade_econ%C3%B4mica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Atividade_econ%C3%B4mica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Produ%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Distribui%C3%A7%C3%A3o_(economia)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Consumo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Poupan%C3%A7a
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cr%C3%A9dito
https://pt.wikipedia.org/wiki/Autogest%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cooperativa
https://pt.wikipedia.org/wiki/Associa%C3%A7%C3%B5es
https://pt.wikipedia.org/wiki/Troca
https://pt.wikipedia.org/wiki/Coopera%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Com%C3%A9rcio_justo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Riqueza
https://pt.wikipedia.org/wiki/Capital
https://pt.wikipedia.org/wiki/Trabalho_(economia)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Inclus%C3%A3o_social
https://pt.wikipedia.org/wiki/Autogest%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Democracia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Solidariedade
https://pt.wikipedia.org/wiki/Coopera%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Com%C3%A9rcio_justo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Consumo
 
10 
 
posse coletiva dos que trabalham com eles – essa é a característica central. Para a 
economia solidária o trabalho é um meio de libertação humana, num processo de 
democratização econômica, criando uma alternativa à dimensão alienante e 
assalariada das relações de trabalho capitalista. 
 
A preparação de Singer sobre a economia solidária teve, como fio condutor, 
sua inquietação em reconceituar o socialismo e reavaliar suas perspectivas e 
possibilidades (SINGER, 1998). 
O modo de produção cooperativo é o que merece mais atenção em Singer. 
Esse modo de produção foi desenvolvido pelo movimento operário socialista e deu 
origem às cooperativas de consumo e de produção, também referidas pelo autor 
como implantes coletivistas, ou seja, construídos nos interstícios da formação 
social capitalista. Por outro lado, as cooperativas são, para o autor, o exemplo mais 
controverso de implante socialista. Isso porque, ao mesmo tempo em que não são 
capazes de se constituírem como forças produtivas, também possuem a 
capacidade de desalienar produtores e consumidores, através da educação 
cooperativa. (Carvalho 2011). 
Sabe-se que no sistema capitalista há uma separação entre trabalho e 
posse dos meios de produção, ou seja, os trabalhadores dispõem de sua força de 
trabalho, enquanto os capitalistas controlam o capital e tudo o que é necessário 
para produzir, como máquinas, equipamentos, matéria-prima, etc. Contudo, as 
iniciativas solidárias negam essa separação, na medida em que nos 
empreendimentos solidários os próprios trabalhadores são os proprietários dos 
meios de produção, controlando-os através da autogestão, com fundamento na 
democracia (SINGER, 2002). 
Dessa forma, a economia solidária tem uma estreita relação com o 
cooperativismo, já que as cooperativas são essencialmente empresas solidárias. 
Através delas ocorre a emergência dos atores sociais, ou seja, a emancipação de 
trabalhadoras e trabalhadores como sujeitos históricos.11 
 
1.3 O cooperativismo e as cooperativas 
1.3.1 O cooperativismo 
É um movimento econômico e social, entre pessoas, em que a cooperação 
se baseia na participação dos associados, nas atividades econômicas com vistas a 
atingir o bem comum e promover uma reforma social dentro do capitalismo. Por 
meio da cooperação, busca-se satisfazer as necessidades humanas e resolver os 
problemas comuns. Além de movimento social pode ser considerado como doutrina 
econômica e social, que se fundamenta na liberdade, no humanismo, na 
democracia, na solidariedade, na igualdade, na racionalidade e no ideal de justiça 
social. 
A doutrina cooperativista surgiu no século XIX como resultado de um 
processo através do qual se procurava atenuar ou suprimir os desequilíbrios 
econômicos e sociais oriundos da Revolução Industrial. 
Dessa forma, a doutrina cooperativista tem por objetivo a correção do social 
pelo econômico, utilizando para isso sociedades de caráter democrático e solidário: 
as cooperativas. 
Também podemos entender o cooperativismo como um sistema de 
produção, consumo e crédito que tem por alicerce as sociedades cooperativas, 
formadas com base no associativismo e na autogestão. Esse sistema visa eliminar 
os desajustamentos sociais oriundos dos excessos da intermediação capitalista, 
através da conjugação do trabalho com o capital. 
Conforme já vimos, no sistema capitalista há uma nítida separação entre 
trabalho e meios de produção. Enquanto os trabalhadores possuem a sua força de 
trabalho, os meios de produção e o capital estão nas mãos dos capitalistas. 
O cooperativismo propõe associar o capital com o trabalho através das 
cooperativas, entidades que são controladas e gerenciadas pelos próprios 
trabalhadores, com base na autogestão, como já explicado anteriormente. 
 
 
 
12 
 
1.3.2 A cooperativa e seus objetivos 
Uma Cooperativa é uma associação autônoma de pessoas que se unem, 
voluntariamente, para satisfazer aspirações e necessidades econômicas, sociais e 
culturais comuns, por meio de uma empresa de propriedade coletiva e 
democraticamente gerida. 
Com base em Cenzi (2009), podemos ainda definir cooperativa como uma 
organização empresarial de caráter auxiliar, por cujo intermédio uma coletividade 
de produtores, consumidores ou poupadores promove, em comum, com base no 
associativismo e em uma série de valores e princípios, a defesa de suas 
economias individuais. 
Portanto, uma cooperativa é uma sociedade de pessoas e não de capital 
que, embora tenha fins econômico-sociais, não tem o lucro como objetivo 
primordial. Dessa forma, uma cooperativa é uma organização que possui duplo 
caráter: 
a) Sociedade de pessoas – é formada por, no mínimo, 20 pessoas que se reúnem 
com base no associativismo e numa série de valores e princípios que iremos 
estudar adiante, com o intuito de alcançar objetivos que são comuns a todo o 
grupo. 
b) Empresa – é também uma organização empresarial, sem fins lucrativos, embora 
tenha fins econômicos e sociais. 
Perceber a cooperativa como empresa é muito importante para compreender 
a sua dinâmica de funcionamento. Como empresa, uma cooperativa tem 
necessidades de ordem legal e estrutural, estando também sujeita a encargos e 
obrigações, sejam fiscais, tributárias, previdenciárias ou trabalhistas. 
O objetivo principal de uma cooperativa é melhorar a situação econômica de 
seus membros. No entanto, ela também tem objetivos sociais e culturais. (Farias, 
2013). 
Como se fundamenta na solidariedade, na democracia, no humanismo, na 
liberdade, na igualdade, na racionalidade e na justiça social, a cooperativa busca 
 
13 
 
desenvolver em seus associados esses valores, contribuindo para a sua educação 
como cidadãos e para a sua inclusão social. Pelos meios que adota, pelas 
qualidades que exige e desenvolve nos associados, ela acaba por atingir objetivos 
mais altos, concorrendo para a formação de homens responsáveis e solidários, a 
fim de que cada um atinja uma completa realização pessoal, econômica e social. 
Embora tenha base associativa, uma cooperativa não se confunde com 
outros tipos de associações, pois tem natureza jurídica própria. Ela é uma 
sociedade de pessoas em que os associados assumem o papel de sócios, usuários 
e clientes ao mesmo tempo. Justamente por isso uma cooperativa tem também 
uma natureza empresarial, o que lhe diferencia de outros tipos de associações. 
1.3.2.1 Diferenças entre associação e cooperativa 
 Os grupos formados a partir da economia solidária optam pela constituição 
de associações ou cooperativas, de acordo com o tipo de atividade que pretendem 
desenvolver. Sem dúvida, na atual conjuntura, em que o emprego está cada vez 
mais escasso, essas alternativas são capazes de absorver mão de obra, organizar 
grupos e gerar trabalho e renda, com autonomia, dignidade e consciência social. 
A economia capitalista, embora seja um espaço no qual são ofertados 
empregos, é também uma forma de exclusão e de centralização do capital. As 
iniciativas baseadas nos princípios da economia solidária são espaços de 
convivência mútua que oferecem a possibilidade de geração de trabalho e renda de 
maneira mais justa. Ao contrário das empresas capitalistas, elas incentivam a 
realização de práticas econômicas e sociais que são realmente capazes de 
promover a transformação da sociedade. 
Como já vimos, apesar de ter uma base associativa, uma cooperativa vai 
além de ser uma simples associação, pois tem também um caráter empresarial. 
É fundamental entender a diferença entre cooperativa e associação para 
adequar-se ao modelo desejado. A principal diferença entre uma e outra está 
na natureza dos dois processos. 
 
14 
 
A finalidade principal de uma associação é complementar a atuação do 
Estado nas áreas de assistência, promoção social e na defesa de interesses de 
classes. Diferentemente das cooperativas, as demais associações não têm 
permissão para desempenhar atividades que tenham como objetivo principal a 
comercialização e são classificadas como assistenciais, recreativas, culturais, 
religiosas, científicas, beneficentes e de representação política. 
Muitos grupos optam pela formação de associações ao invés de 
cooperativas, pois, em geral, as associações têm uma carga tributária menor do 
que as cooperativas. Geralmente, esses indivíduos acreditam não existir grandes 
diferenças entre as duas formas de gerar trabalho e renda para a comunidade. 
Porém, esses dois modelos possuem características e finalidades diferentes e 
específicas. São elas: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 COOPERATIVAS ASSOCIAÇÕES 
 
 Figura 03. Quadro comparativo entre associação e cooperativa 
 Fonte: SEBRAE 
 
 
Figura 04. Quadro comparativo entre associação e cooperativa 
Fonte: Farias (2013) 
 
 
16 
 
1.3.2.2 Diferenças entre as sociedades cooperativas e as sociedades 
mercantis (empresa capitalista) 
Uma sociedade mercantil é uma empresa capitalista tendo o lucro como 
finalidade. Nela, o poder de decisão é sempre proporcional ao capital investido. 
Assim, se houver mais de um proprietário, quem detiver a maior soma de capital, 
ou seja, o maior acionista da empresa detém o seu controle, 
Dessa forma, numa sociedade mercantil há uma nítida divisão entre o 
trabalho e o capital. Quem trabalha nesse tipo de empresa é seu funcionário e, 
embora possa ter participação nos lucros, não tem poder de decisão. 
Em uma sociedade cooperativa os associados são, ao mesmo tempo, seus 
proprietários, usuários e clientes, na medida em que são sócios do 
empreendimento formado para a prestação de um serviço a eles mesmos. Nesse 
sentido, todos são iguais, independentemente do capital que tiverem investido na 
aquisição de quotas-partes. 
Veja, quando dizemos que uma cooperativa não visa o lucro não estamos 
com isso querendo afirmar que ela nãoé capaz de gerar renda para os 
cooperados. Ao contrário, uma cooperativa promove o desenvolvimento humano, 
social, cultural e econômico de seus associados, de suas famílias e da comunidade 
onde ela está inserida. No entanto, como é um empreendimento solidário e 
socializante formado pelo conjunto de pessoas que se associam com um objetivo 
comum, ela difere de uma empresa capitalista, em que o lucro é o objetivo máximo. 
(Farias, 2013). 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
Principais diferenças entre uma cooperativa e uma sociedade mercantil é 
apresentada no quadro a seguir: 
 
Quadro 1: Principais Diferenças entre cooperativa e sociedade mercantil 
Fonte: Miraonline 
 
Para memorizar! 
Nesta aula você aprendeu que a economia solidária é uma forma alternativa 
de organização econômica, em que o trabalho coletivo é privilegiado em 
relação ao capital. Também vimos que as cooperativas e associações são 
diferentes de sociedades mercantis porque são gerenciadas 
democraticamente e pertencem a todos os associados. 
 
 
 
 
 
18 
 
Aula 02. O Surgimento da Doutrina Cooperativista 
 Nesta aula você vai compreender o processo de surgimento do 
cooperativismo e a sua estruturação como doutrina e sistema econômico. 
2.1 Breve histórico sobre o surgimento do cooperativismo 
 A expressão cooperativismo origina-se da palavra cooperação que, como já 
vimos, significa operar conjuntamente, com o objetivo de atingirem objetivos 
comuns. 
Vários pensadores tomam como exemplo de cooperação as formigas, por 
elas apresentarem características vivenciais de cooperação, de mútua ajuda, e 
também por elas colocarem a sobrevivência do formigueiro acima de suas vidas. 
As formigas trabalham unidas, carregam para seu habitat objetos que 
curiosamente superam o seu próprio peso e tamanho e são solidárias entre si em 
todos os aspectos. Desse modo, o exercício de cooperação promove a 
sobrevivência da espécie. (Farias, 2013) 
 
Figura 05. Formigas trabalhando em cooperação 
Fonte: significadosdossonhos.com.br 
 
Com base na cooperação, o cooperativismo constitui-se como uma doutrina 
econômica e social que procura construir uma nova maneira de processar a 
economia, baseando-se no trabalho e não no capital; na ajuda mútua e não na 
concorrência e competição; nos valores e necessidades humanos e não na 
acumulação individual do dinheiro e na exploração do trabalho de outras pessoas. 
 
19 
 
Para tanto, o cooperativismo visa ao aprimoramento do ser humano nas 
dimensões social, econômica e cultural, preocupando-se com a qualidade de seus 
produtos e serviços, buscando construir uma sociedade mais equitativa, 
democrática e sustentável. 
Dizemos que o cooperativismo é uma teoria porque se fundamenta em uma 
série de valores e princípios. Para que fique claro, é preciso frisar que valores são 
conceitos fundamentais para um grupo social, ou mesmo para um indivíduo. 
Dos valores decorrem os princípios que são as normas elementares constitutivas 
de uma doutrina. Já dissemos que os valores fundamentais do cooperativismo são 
a solidariedade, o humanismo, a liberdade, a racionalidade, a democracia, a 
igualdade e a justiça social. Em um item a parte, mais adiante, estudaremos os 
princípios que fundamentam a doutrina cooperativista. 
O cooperativismo também pode ser definido como um sistema de 
organização econômica que pode envolver várias formas de produção e de 
trabalho e que tem por unidade básica a cooperativa. Como tal, o cooperativismo 
está organizado no plano nacional e no plano internacional. 
No contexto nacional as cooperativas formam federações e confederações e 
estão representadas pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). Já no 
plano internacional as cooperativas são representadas pela Aliança Cooperativa 
Internacional (ACI). Adiante, em item separado, voltaremos a tratar do sistema 
cooperativo e sua estrutura. 
Podemos dizer que o cooperativismo apareceu historicamente junto com o 
capitalismo industrial, constituindo-se como uma proposta para a superação dos 
problemas decorrentes da industrialização e exploração capitalista. A partir daí, o 
ideal cooperativista se disseminou pelo mundo e atua em todos os setores da 
economia. 
Em decorrência da Revolução Industrial, que teve início na Inglaterra na 
segunda metade do século XVIII, ocorreu um grande êxodo rural, com o 
deslocamento de inúmeras pessoas para as cidades, em busca de emprego nas 
fábricas que então passaram a se multiplicar, graças à invenção de diversas 
 
20 
 
máquinas. Com isso, o artesanato entrou em declínio e o sistema fabril se 
desenvolveu enormemente, como explicado anteriormente. 
Como ainda não havia legislação trabalhista, a exploração que os 
trabalhadores sofriam era muito grande, e as condições de vida eram péssimas. 
Esse estado de coisas levou muitos filósofos a questionar o sistema capitalista e a 
buscar uma forma alternativa de organização para produzir, consumir e obter 
crédito. A solução apontada por muitos foi a constituição de organizações em que 
os próprios trabalhadores pudessem administrar a sua força de trabalho e seu 
capital, de modo autogestionário, isto é, as cooperativas. Com base em Hugon 
(2009) apud (Farias 2013) vejamos os principais pensadores que influenciaram a 
formulação do cooperativismo: 
• Saint-Simon (1760-1825) – filósofo francês, defensor de uma organização 
industrial dinâmica que atendesse as necessidades de todos, garantindo o pleno 
desenvolvimento social e minimizando a exploração. 
• Robert Owen (1771-1858) – industrial inglês na área da fiação. Realizou diversas 
reformas em seus empreendimentos, como a redução da jornada de trabalho para 
cerca de 10 horas diárias, numa época em que era comum exigir-se dos 
trabalhadores o cumprimento de uma jornada de 14 a 16 horas de trabalho. Tentou 
em vão convencer as autoridades de sua época da necessidade de reformar o 
setor produtivo, melhorando a qualidade de vida dos trabalhadores e foi, por isso, 
hostilizado e até mesmo perseguido. Teve papel fundamental na formação da 
primeira cooperativa e suas ideias influenciaram a elaboração de seu Estatuto 
Social. 
• Charles Fourier (1772-1837) – filósofo francês, crítico do capitalismo, do 
processo de industrialização e da própria urbanização. Acreditava que o processo 
de exploração sofrido pelos trabalhadores poderia ser superado pela organização 
de comunidades autogestionadas, os falanstérios, e procurou incentivar a sua 
formação. Com isso, concorreu para a formulação dos ideais cooperativistas. 
 
21 
 
Com base nesses pensamentos, no ano de 1844, na cidade de Rochdale, 
região de Manchester, Inglaterra, 28 tecelões fundaram a primeira cooperativa, a 
Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale. 
Os fundadores da Sociedade dos Probos economizaram durante um ano, 
reunindo esforços e buscaram uma alternativa à exploração que sofriam sob o 
sistema capitalista, como as longas jornadas de trabalho sob condições 
desumanas, em que homens, mulheres e crianças trabalhavam exaustivamente e 
com salários extremamente baixos. Os pioneiros de Rochdale, ao reunirem suas 
modestas economias, tinham por objetivo melhorar as condições de vida de todo o 
grupo e de suas famílias. 
Diante do êxito desses tecelões, houveram assim a formação de várias 
outras cooperativas. O modelo de sociedade formatado pelos pioneiros de 
Rochdale conquistou vários defensores e admiradores. Dentre esses, destaque-se 
Charles Gide (1847-1932), professor de Economia Política na Universidade da 
França. Ele foi um dos fundadores da Escola de Nîmes, grupo de intelectuais que 
passou a defender o cooperativismo como forma de superar os problemas oriundos 
da exploração capitalista. (Farias, 2013) 
Gide foi um dos responsáveis pela formulação da doutrina cooperativista 
propriamente dita, tendo defendido a ideia segundo a qual a melhoria do nível de 
vida dos trabalhadoressomente seria possível através da fundação de 
organizações cooperativas, em que ocorreria a eliminação de entes intermediários 
(que se apropriam da riqueza gerada pelo produtor), a educação e a facilitação do 
acesso à propriedade. Ele consagrou o sistema cooperativista como meio de 
extinguir as injustiças presentes na sociedade, pois a implantação paulatina do 
cooperativismo em substituição ao sistema capitalista eliminaria o trabalho 
assalariado e a exploração sofrida pelo trabalhador. (Farias 2013) 
Assim cabe- no a compreensão de que o cooperativismo moderno encontra 
suas raízes nas consequências das crises econômicas e sociais provocadas pela 
Revolução Industrial do século XIX. Com base nesses seus ideais, o 
cooperativismo é reconhecido por muitos pensadores como o sistema mais 
adequado, participativo, justo, democrático e indicado para atender as 
 
22 
 
necessidades e aos interesses específicos dos trabalhadores. É o sistema que 
propicia o desenvolvimento integral do indivíduo por meio do coletivo e ajuda mútua 
é uma alternativa colaborativa do mercado e propõe benefícios a todos os 
envolvidos. Ou seja, o Cooperativismo visa muito mais as necessidades em grupo 
que o lucro, buscando uma prosperidade conjunta. Segundo o Sistema OCB, 
(Organização das Cooperativas Brasileiras) “ é mais que um modelo de negócios, 
o cooperativismo é uma filosofia de vida que busca transformar o mundo em um 
lugar mais justo, feliz, equilibrado e com melhores oportunidades para todos.” 
 
Para memorizar! 
 
Nesta aula você aprendeu que o cooperativismo surgiu como uma alternativa 
para enfrentar os problemas resultantes da Revolução Industrial, como a 
exploração sofrida pelos trabalhadores. Desta forma, o cooperativismo pode 
ser entendido como doutrina e como sistema de organização econômica: 
• Cooperativismo como doutrina: fundamenta-se em uma série de valores e 
princípios, através dos quais se busca superar a exploração, a injustiça e a 
desigualdade social. 
• Cooperativismo como sistema de organização econômica: está 
fundamentando na cooperativa, como entidade produtiva e se traduz como 
uma forma alternativa de organização para a produção, para o consumo e 
para a obtenção de crédito, baseada na autogestão e na valorização do 
trabalho e não apenas do capital, como acontece nas empresas capitalistas. 
 
 
 
 
https://www.ocb.org.br/
 
23 
 
Aula 03. Panorama das cooperativas no mundo e no Brasil 
 Nesta aula você vai conhecer a realidade da criação das cooperativas em 
vários países e em vários estados do Brasil, assim como os fatos que pontuaram a 
evolução desse sistema. 
3.1 Cooperativas no mundo 
As cooperativas estão presentes em todos os países e em todos os sistemas 
econômicos e culturais. Conforme descrito no relatório do Banco Mundial, “seria 
difícil encontrar um sistema mais eficaz do que o cooperativo para encorajar e 
estimular a participação ativa das populações, na realização de programas de 
desenvolvimento” (OCB, 2012). 
 
Figura 06: Representação do Mundo Cooperativista 
Fonte: Organização Internacional de Cooperativas de Indústrias e Serviços apud Anuário Estatístico 
Cooperativo 2019 
 
 
Em vários países as cooperativas apresentam as mais diversas realizações, 
conforme os exemplos: 
a) Japão – as cooperativas têm papel fundamental no desenvolvimento das regiões 
rurais do país. 
 
24 
 
b) Estados Unidos – graças às cooperativas a energia elétrica chegou a 
praticamente toda a zona rural do país nos últimos anos. 
c) Romênia – as cooperativas de turismo e de viagem foram fundamentais para o 
desenvolvimento do setor turístico do país. 
d) Índia – cerca de metade da produção açucareira do país vem de cooperativas. 
e) Espanha – as cooperativas da região de Mondragon estão entre os maiores 
produtores de equipamentos eletrodomésticos do país. 
f) Itália – na luta contra o desemprego, as cooperativas operárias de diversos 
setores possuem uma ação extremamente eficaz. 
g) Canadá – um terço da população é associada a alguma cooperativa de crédito e 
mais de 75% da produção de cereais do país são produzidos e consumidos através 
de cooperativas. 
h) União Europeia – as cooperativas são grandes produtoras e distribuidoras de 
produtos alimentícios. 
i) Entre os cinquenta maiores sistemas bancários do mundo, cinco são 
cooperativos. 
j) Nos países escandinavos as cooperativas agrícolas têm, de longe, a maior parte 
do mercado da maioria dos produtos, chegando a mais de 90% da produção de 
alguns itens. 
k) Na França, Polônia e Filipinas as cooperativas escolares apresentam enorme 
importância. 
O movimento cooperativista internacional conta com mais de 760 milhões de 
pessoas, sendo um importante movimento socioeconômico mundial. Além disso, as 
cooperativas não atuam de forma isolada e estão articuladas em torno da Aliança 
Cooperativa Internacional (ACI), organismo internacional fundado em 1895, com 
sede em Genebra, Suíça, e que representa e defende os ideais cooperativistas no 
mundo todo. 
 
 
25 
 
3.2. Cooperativas no Brasil 
 O cooperativismo brasileiro nasceu de influências do cooperativismo 
europeu. Pode-se dizer que o ideal autogestionário e associativistas chegaram ao 
país no século XVII, através da fundação das primeiras reduções jesuíticas. Por 
mais de 150 anos, esse modelo deu exemplo de sociedade solidária, 
fundamentada no trabalho coletivo onde o bem estar do indivíduo e da família se 
sobrepunha aos interesses econômicos da produção, tendo em vista que a ação 
dos padres jesuítas se baseava no princípio do auxílio mútuo. 
3.2.1 Fatos que pontuaram a evolução do cooperativismo no país. 
 No ano de 1847 é que inícia o movimento cooperativista no Brasil. Nesse ano o 
médico francês Jean Maurice Faivre fundou, junto com um grupo de europeus, no 
interior do Paraná, a colônia Tereza Cristina, organizada em bases cooperativistas. 
Embora o empreendimento não tenha prosperado, ele marca a introdução do 
pensamento cooperativista em nosso país. No decorrer das décadas seguintes, 
seguiram-se outras ações no mesmo sentido: 
a) 1889 – no Paraná, o agrônomo italiano Giovanni Rossi fundou a sua colônia de 
base cooperativa e doutrina socialista. Nesse mesmo ano foi criada em Ouro Preto 
(MG) a primeira cooperativa de funcionários públicos do país. Pouco depois a 
mesma iniciativa foi adotada em outros estados como Rio de Janeiro, São Paulo, 
Pernambuco e Rio Grande do Sul. 
b) 1902 – orientados pelo padre jesuíta Theodor Amstad, os colonos da região de 
Nova Petrópolis, no RS, fundaram uma cooperativa no setor de crédito, conhecida 
como Caixa Rural, atual Sicredi. 
c) 1907 – surgiram as primeiras cooperativas agropecuárias em Minas Gerais. 
Posteriormente surgiram empreendimentos semelhantes no RS e PR. 
d) 1913 – fundou-se a Cooperativa de Consumo dos Empregados da Viação Férrea 
(Coopfer), em Santa Maria, RS. 
 
26 
 
e) Década de 1930 – aumentou a fundação de cooperativas de crédito. Estas 
passaram a ter papel fundamental no empréstimo de pequenas quantias a 
pequenos empreendedores. 
f) Década de 1960 – começaram a ser criadas cooperativas de trabalho, que 
reúnem profissionais de determinadas áreas. 
g) Década de 1990 – as cooperativas de trabalho, no Brasil, passaram de 629 para 
1.661. 
h) Em 1999 – o Brasil contava com 5.652 cooperativas, com cinco milhões de 
associados e 167 mil empregados. 
Atualmente o cooperativismo brasileiro está estruturado em diversos ramos 
e em três níveis diferentes: no primeiro nível temos as cooperativas singulares, 
formadas por, no mínimo, 20 pessoas; no segundo nível temos as centrais ou 
federações, formadas por, no mínimo, três cooperativas singulares; por último, no 
terceiro nível, temos as confederações, formadas por, no mínimo, três centrais e/ou 
federações. Nos estados da federação as cooperativas brasileiras são filiadas às 
organizações de cooperativasestaduais. Essas organizações estaduais formam a 
Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), órgão que congrega e representa 
as cooperativas em todo o Brasil. Vejamos a evolução do número de cooperativas 
brasileira entre os anos de 2010 a 2018. 
 
Figura 07: Evolução do Número de Cooperativas no entre os anos de 2010 a 2018 
Fonte: Organização Internacional de Cooperativas de Indústrias e Serviços apud Anuário Estatístico 
Cooperativo 2019 
 
 
27 
 
Além de gerar trabalho, emprego e renda, o modelo de negócio 
cooperativista transforma a realidade de milhares de brasileiros, todos os dias. Só 
nos últimos oito anos, o número de pessoas que se uniram ao Cooperativismo 
cresceu 62%, cooperando por um mundo melhor. E uma das provas de que isso é 
possível é a quantidade de empregos gerados que aumentou 43%. E é assim, 
envolvendo cada vez mais brasileiros, e fortalecendo as cooperativas e o país. 
(Anuário do Cooperativismo Brasileiro, 2019) 
Vejamos agora, por meio de um novo quadro, um panorama da organização 
do sistema cooperativo brasileiro: 
 
Figura 08: Ramos de Atividades entre os anos de 2017 a 2018 
Fonte: Organização Internacional de Cooperativas de Indústrias e Serviços apud Anuário Estatístico 
Cooperativo 2019 
 
Para memorizar! 
 
Nesta aula vocês estudaram que as cooperativas são importantes 
empreendimentos no mundo todo e que ocupam lugar de destaque na 
economia de diversos países. Em nível internacional elas estão articuladas 
 
28 
 
em torno da Aliança Cooperativa Internacional (ACI) e, no Brasil, elas estão 
congregadas em torno da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). 
No Brasil há diversos ramos de atividades cooperativas prevalecendo do 
setor agropecuário empregando em torno de 209.778 com 1.021.018 
cooperados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
Aula 4 – A doutrina cooperativista e a simbologia do cooperativismo 
 Nesta aula vamos conhecer os valores e princípios que regem o 
cooperativismo, bem como a sua simbologia. 
4.1 A doutrina cooperativista 
 Toda doutrina é formada por uma série de valores e princípios que versam 
sobre um ou mais temas de natureza moral, social, econômica e/ou política. 
Nesse sentido, a doutrina cooperativista é humanista, pois atribui ao homem 
uma importância fundamental, bem como às suas necessidades, interesses e 
aspirações. 
No cooperativismo, o homem é o centro das atenções. A doutrina prima pela 
liberdade, principalmente econômica, mas não se abstém da liberdade social e 
democrática. A igualdade é o princípio básico do cooperativismo, pois não existem 
distinções de nenhuma espécie, quer seja de cor, credo, sexo, política, ou algo que 
a esses possa se somar. 
4.1.1 Os valores fundamentais do cooperativismo 
4.1.1.1 Humanismo No cooperativismo a ética está acima de tudo. As pessoas são 
respeitadas pela sua capacidade de participar, opinar, produzir e agir no interesse 
coletivo. Tem valor o “ser” e não o “ter”. 
4.1.1.2 Liberdade A democracia é a concretização da liberdade, pois possibilita a 
participação, escolha e decisão sobre as ações na cooperativa, garantindo o 
sucesso da mesma. 
4.1.1.3 Igualdade Numa cooperativa os direitos e obrigações são iguais para 
todos. Ninguém tem maior ou menor poder ou vantagens, por possuir mais ou 
menos capital. 
4.1.1.4 Solidariedade A solidariedade é a alavanca de todo e qualquer processo 
cooperativo, pois é através da ajuda mútua que se constrói uma economia solidária 
e coletiva. 
 
30 
 
4.1.1.5 Racionalidade O uso da ciência e da tecnologia no cooperativismo deve 
ser motivo de emancipação, respeito e dignidade nas condições socioeconômicas 
das pessoas, bem como do meio ambiente. 
4.1.1.6 Democracia Em uma cooperativa as decisões devem ser tomadas com 
base na participação de todos, de forma democrática. Contudo, as decisões 
tomadas com base na opinião da maioria devem ser respeitadas. 
4.1.1.7 Justiça Social O cooperativismo busca promover a justiça social, na 
medida em que se preocupa em garantir a inclusão econômica, social e mesmo 
cultural de todos os seus associados, concorrendo para a construção de uma 
sociedade mais justa. 
4.1.2 Os princípios do cooperativismo 
 Os princípios cooperativistas são as linhas orientadoras através das quais as 
cooperativas levam à prática os seus valores. Em sua simbologia, são associados 
às cores do arco-íris, que veio a ser adotado, originariamente, como uma espécie 
de emblema universal do cooperativismo. 
Baseados no estatuto da cooperativa de consumo de Rochdale (1844), que 
continha sete artigos, os primeiros princípios – designados de “regras de ouro” – 
tinham o seguinte enunciado, em 1885: 1 – adesão livre; 2 – controle democrático: 
“um homem, um voto”; 3 – devolução do excedente ou retorno sobre as compras; 4 
– juros limitados ao capital; 5 – neutralidade política, religiosa e racial; 6 – vendas a 
dinheiro e à vista; e 7 – fomento do ensino em todos os graus. 
Para que se mantivessem aderentes à dinâmica social e considerassem os novos 
tipos cooperativos que, aos poucos, vieram a somar-se ao cooperativismo de 
consumo, os princípios foram revisitados em 1937, 1966 e 1995, em congressos 
coordenados pela Aliança Cooperativa Internacional – ACI. A lista definida em 
1995, vigente até hoje, dá conta de que a ação cooperativa, em qualquer parte do 
mundo, deve orientar-se pelas seguintes diretrizes fundamentais: 
• 1º Princípio – adesão livre e voluntária. 
• 2º Princípio – gestão democrática. 
 
31 
 
• 3º Princípio – participação econômica dos membros. 
• 4º Princípio – autonomia e independência. 
• 5º Princípio – educação, formação e informação. 
• 6º Princípio – intercooperação. 
• 7º Princípio – interesse pela comunidade. 
Vamos agora detalhar cada um desses princípios baseado no autor Meinen (2014) 
. 
4.1.2.1 1º Princípio – adesão livre e voluntária 
As cooperativas são organizações voluntárias, abertas a todas as pessoas 
aptas a utilizar os seus serviços e assumir as responsabilidades como membros, 
sem discriminação de sexo ou gênero, social, racial, política e religiosa. 
Significa, de um lado, que, nos termos da lei e do estatuto social (entra aqui 
a questão da aptidão), o acesso é livre a quem queira cooperar, e, de outro, que a 
manifestação de adesão compete ao próprio interessado, não se cogitando que 
alguém possa ser compelido a ingressar ou a permanecer na sociedade. 
Essa máxima aplica-se tanto à relação associado x cooperativa singular, 
como ao vínculo intercooperativo (singulares x federações/centrais x 
confederações). A decisão, pouco importa a motivação, é unicamente da 
pessoa/entidade considerada apta. Obviamente que, se não atender às condições 
legais e estatutárias, a pessoa/entidade não terá o direito de escolha, nem para 
ingressar, nem para permanecer na cooperativa (de 1º, 2º ou 3º graus, conforme o 
caso). Este princípio tem a ver imediatamente com os valores da liberdade e da 
igualdade. A incorporação desta diretriz pelo direito brasileiro manifesta-se 
na forma do art. 5º, XVII e XX, da Constituição Federal1, e dos arts. 4º, I e IX , e 29, 
todos da Lei 5.764/71 (Lei Cooperativista). Especificamente com relação às 
cooperativas financeiras, há ainda o reforço do art. 4º da Lei Complementar 130/09. 
4.1.2.2 2º Princípio – gestão democrática 
As cooperativas são organizações democráticas, controladas pelos seus 
membros, que participam ativamente na formulação das suas políticas e na tomada 
 
32 
 
de decisões. Os homens e as mulheres, eleitos como representantes dos demais 
membros, são responsáveis perante estes. Nas cooperativas de primeiro grau, os 
membros têm igual direito de voto (um membro, um voto); as cooperativas de grau 
superior são também organizadas de maneira democrática. 
Significa dizer que a sociedade cooperativa, quanto à sua governança, deve 
guiar-se pelos princípiospróprios da democracia, que pressupõe a atuação 
responsável de todos os membros. Votar e ser votado, de acordo com as 
condições estatutárias, constituem direitos e, por consequência, deveres basilares 
do associado. Participar da vida da cooperativa é condição inarredável para o seu 
sucesso, cumprindo a quem está na liderança assegurar todas as condições para a 
prática desse direito-dever, incluindo a instituição de canais e outros mecanismos 
adequados e transparentes de acesso a informações e participação dos 
cooperados. 
O regime democrático, em que as decisões são tomadas por 
maioria (simples ou especial, de acordo com a matéria), pressupõe o 
exercício representativo do poder, tendo a assembleia geral como fórum 
principal (trata-se do órgão social máximo da sociedade). Quer dizer, alguns 
são escolhidos para representar a todos, com a responsabilidade que a lei e 
o estatuto estabelecem. Quanto ao voto, tratando-se de cooperativa singular, cada 
associado, independente do grau de participação econômica (capital, depósitos 
etc.) e da condição social, tem direito a apenas um, com igual peso para todos (“um 
homem, um voto”). 
No caso de cooperativas de segundo e terceiro graus (centrais/federações e 
confederações), é permitido voto múltiplo, todavia baseado no número de 
associados da base (de cada cooperativa de 1º grau), em se tratando de centrais, e 
no número de cooperativas singulares (de cada central/federação), em se tratando 
de confederações. Qualquer outro critério feriria o postulado da democracia e, no 
caso das centrais e confederações, também fragilizaria o arranjo sistêmico. 
O princípio em questão dá vida aos valores da democracia, da igualdade, da 
transparência e da responsabilidade. 
 
33 
 
Em nosso direito, vem acolhido especialmente pelo art. 4º, V e VI; art. 38, 
caput e §3º; 37, III, e art. 42, todos da Lei Cooperativista, e pelo art.1.094, V e VI, 
do Código Civil. 
4.1.2.3 3º Princípio – participação econômica dos membros 
Os membros contribuem equitativamente para o capital das suas 
cooperativas e controlam-no democraticamente. Parte desse capital 
é, normalmente, propriedade comum da cooperativa. Os membros podem receber, 
habitualmente, havendo condições econômico financeiras para tanto, uma 
remuneração sobre o capital integralizado, como condição de sua adesão. Os 
membros destinam os excedentes a uma ou mais das seguintes 
finalidades: desenvolvimento da cooperativa, possibilitando a formação 
de reservas, em parte indivisíveis; retorno aos sócios na proporção de suas 
transações com as cooperativas e apoio a outras atividades que forem aprovadas 
pelos associados. 
A cooperativa tem início e desenvolve-se com a formação e incremento de 
sua estrutura patrimonial, baseada no capital social e reservas. Portanto, é dever 
do associado, como contrapartida aos benefícios operacionais e associativos que 
colherá (ou já colhe), contribuir para a formação do patrimônio da cooperativa, o 
que fará, de um lado, integralizando quotas-partes (no ingresso e durante a 
sua permanência na cooperativa), e, de outro, decidindo pela transformação em 
reservas de parte dos excedentes de cada exercício financeiro contábil. 
Além de contribuir para o capital, os associados têm o dever de operar com 
a sua cooperativa, pois são os donos do empreendimento. Todos têm de fazer sua 
parte, de modo que o esforço seja individual e proporcionalmente distribuído. Aqui 
está a ajuda mútua, a solidariedade. De resto, soaria muito estranho, por exemplo, 
o associado de uma cooperativa agropecuária entregar a produção a uma 
empresa convencional do mercado, ou, no caso de uma cooperativa 
financeira, manter as suas economias em uma instituição bancária qualquer! 
Pela sua participação econômica, o associado tem a devida recompensa. As 
vantagens evidenciam-se no dia a dia da operação, pela qualidade do atendimento 
e, em especial, pelos preços mais atrativos, e também no final do ano, quando o 
 
34 
 
associado faz jus à distribuição do resultado proporcionalmente às operações 
(ativas, passivas e serviços em geral) realizadas no período e, ainda, à 
remuneração de suas quotas partes de capital. Os excedentes, em parte, podem 
também ser direcionados à formação de reservas, destinadas à prevenção – em 
face de eventuais insucessos na operação em determinados períodos (ciclos 
de “vacas magras”) – e ao desenvolvimento das atividades da 
cooperativa (investimentos para melhorar as operações e os serviços ofertados 
aos associados e direcionamento para programas de capacitação e 
ações comunitárias). A aplicação deste princípio torna efetivos os valores 
da responsabilidade e da solidariedade. Em sede regulatória, o princípio está 
contemplado notadamente nos arts. 3º e 4º, VII e VIII, da Lei Cooperativista, e no 
art. 1.094, VII e VIII, do Código Civil. 
4.1.2.4 4º Princípio – autonomia e independência 
As cooperativas são organizações autônomas, de ajuda mútua, controladas 
pelos seus membros. Se firmarem acordos com outras organizações, incluindo 
instituições públicas, ou recorrerem a capital externo, devem fazê-lo em condições 
que assegurem o controle democrático pelos seus membros e mantenham a 
autonomia da cooperativa. 
O empreendimento cooperativo é (tem de ser) autônomo e independente, 
por excelência. Em primeiro lugar, por ser iniciativa concebida pela conjugação de 
esforços do quadro social (membros) e moldar-se pela autogestão (governo pelos 
próprios meios), o sucesso ou o insucesso do empreendimento afetam unicamente 
associados; em segundo lugar, em razão de a gestão ser exclusividade dos 
associados, não se cogita de influência externa, especialmente para assegurar 
privilégios em detrimento da coletividade de cooperados. Por isso, é indispensável 
que a cooperativa seja blindada para evitar a ingerência política ou de qualquer 
outra força exterior ao meio social (sindical, classista etc.). 
Em síntese, qualquer tratativa negocial ou iniciativa que envolva 
a participação de pessoas, entidades ou órgãos externos não pode afetar 
o controle (democrático) pelos próprios associados, imputar-lhes prejuízo ou 
tratamento injusto e nem implicar privilégios ou favores aos administradores ou 
 
35 
 
executivos das cooperativas. O princípio em questão refere-se aos valores da 
democracia, transparência e honestidade. 
Em nosso marco regulatório, encontra eco no art. 5º, XVII e, especialmente, 
XVIII, da Constituição Federal, cujo inciso/dispositivo adverte: “A criação de 
associações e, na forma da lei, a de cooperativas independe de autorização, sendo 
vedada a interferência estatal em seu funcionamento.” Em sede de legislação 
infraconstitucional, a referência é o art. 4º da Lei Cooperativista, com ênfase ao seu 
inciso IX. Vale, aqui, um esclarecimento. O fato da não ingerência do Estado 
no funcionamento da cooperativa não impede (à luz do próprio 
dispositivo constitucional) o livre exercício da regulamentação (de 
conformidade com os princípios e a orientação legal superior) e supervisão por 
órgãos estatais, como são os casos do Conselho Monetário Nacional e do 
Banco Central do Brasil, em relação às cooperativas financeiras. 
 
4.1.2.5 5º Princípio – educação, formação e informação 
As cooperativas promovem a educação e a formação dos seus membros, 
dos representantes eleitos e dos trabalhadores, de forma que estes possam 
contribuir, eficazmente, para o desenvolvimento das suas cooperativas. Informam o 
público em geral, particularmente os jovens e os líderes de opinião, sobre 
a natureza e as vantagens da cooperação. 
A boa prática cooperativista, sua expansão entre os diferentes públicos e a 
sustentabilidade do empreendimento requerem a preparação dos atores internos – 
representados pelos associados, dirigentes (conselheiros e diretores) e demais 
colaboradores, inclusive os prestadores de serviços terceirizados – e a 
conscientizaçãodo público em geral, incluindo os setores oficiais implicados, sobre 
as especificidades e os apelos do cooperativismo. 
Não se acredita que uma cooperativa, não importa o ramo de atividade, 
consiga desenvolver-se e solidificar-se sem que as pessoas chave dominem e 
respeitem os valores, os princípios e as regras aplicáveis ao cooperativismo. Aliás, 
para que possa ser designada “cooperativa”, é indispensável que essas diretrizes 
todas tenham real ressonância. 
 
36 
 
Apenas a título de exemplo, tomando a situação do associado, se ele não 
tiver uma noção suficientemente clara a respeito de sua entidade e for pouco ativo 
na vida da cooperativa, ao menor sinal de adversidade (ocasionalmente, há fases 
de “vacas magras”), ele a abandonará. No cooperativismo financeiro, então, esse 
fenômeno de descompromisso e descaso é recorrente em unidades nas quais não 
se fazem os esforços relacionados ao cumprimento deste princípio. 
O ideal, aliás, é que haja programas de formação que considerem o perfil 
dos diferentes atores internos. No caso dos associados, é indispensável que a 
assunção de cargos eletivos na cooperativa seja antecedida de uma passagem por 
um bem estruturado mecanismo de preparação para o mundo cooperativo. 
O ensino do cooperativismo na fase escolar (ensino fundamental) é algo que 
deve ser perseguido incessantemente. Já há inúmeras iniciativas em execução 
nesse sentido, em programas muito bem estruturados, mas o grande universo de 
estudantes infelizmente ainda não tem a oportunidade do contato com a doutrina 
cooperativista. Moldado para as especificidades de cada curso (economia, 
administração, direito…), é de todo desejável e útil para o país que também os 
acadêmicos se familiarizem com esse importante instrumento 
socioeconômico, incluindo o estudo de suas peculiaridades legais. 
É igualmente necessário que se desenvolvam ações mais frequentes e de 
maior qualidade que permitam o acesso do grande público às vantagens da 
cooperação. As entidades de classe, os templos religiosos, os fóruns públicos, os 
eventos sociais, as feiras e outros certames coletivos, por exemplo, são excelentes 
canais para levar informações sobre cooperativismo aos seus 
filiados/representados. O investimento em mídia, inclusive de massa, é outra 
iniciativa que pode ser melhor explorada. Por sinal, falta uma mobilização nacional 
que conduza à divulgação centralizada, via os grandes veículos de mídia, da 
filosofia e dos feitos da cooperação. Hoje, cada cooperativa, ou no máximo grupos 
de cooperativas de um mesmo ramo, elabora(m) seus próprios programas. Não há 
nem mesmo unidade por segmento (exemplo: no cooperativismo financeiro, os 
subsistemas têm cada qual a sua política, em vez de se agruparem todos numa 
única ação de abrangência nacional). Uma adesão mais expressiva às entidades 
 
37 
 
cooperativas, especialmente de públicos dos médios e grandes centros urbanos, 
passa, inquestionavelmente, por investimentos qualificados em comunicação! 
Afora a proximidade permanente com tais atores, ações especiais e pontuais 
devem, ainda, ser articuladas para sensibilizar líderes de entidades de classe, 
autoridades religiosas, representantes do poder público, professores, 
comunicadores, operadores do direito, donos de pequenos e médios negócios 
(com amplo contato comercial/pessoal) e outros formadores de opinião. 
Os valores e os princípios do cooperativismo, como se sabe, estão 
em perfeita sintonia com o que se quer como norteadores de vida para os jovens e 
também adultos desta nação. O conceito de cidadania plena incorpora tais 
imperativos humanísticos. Por isso, não se deve economizar em ações que 
coloquem em prática esta diretriz. Educar, formar e informar é fundamental, pois 
quanto mais cooperativa for a nação, mais próspera e justa ela será. 
O princípio relaciona-se imediatamente com os valores da transparência e 
da responsabilidade, esclarecido, no entanto, que os programas/conteúdos que o 
levam à prática têm de ocupar-se de todos os valores. No plano legal, este 
princípio vem considerado nos conteúdos dos arts. 4º, X, e 28, II, da Lei 
Cooperativista, e na Medida Provisória 1.715/98 (arts. 7º e 9º), bem como,quanto 
às cooperativas financeiras, na Lei 11.524/07 (art. 10), que assegura o 
recolhimento segregado de contribuição social, à razão de 2,5% sobre a folha de 
pagamento das cooperativas, ao Serviço Nacional de Aprendizagem do 
Cooperativismo (SESCOOP), e a sua reversão para programas de aprendizagem 
aplicáveis nas entidades de origem. 
 4.1.2.6 6º Princípio – intercooperação 
 As cooperativas servem de forma mais eficaz aos seus membros e dão 
mais força ao movimento cooperativo, trabalhando em conjunto, através das 
estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais. 
A intercooperação deve começar pela base (também conhecida 
como intercooperação ou integração horizontais), âmbito em que as 
entidades cooperativas de primeiro piso, de diferentes ramos, operam entre si. 
O melhor exemplo é a utilização das operações e dos serviços bancários 
das cooperativas financeiras pelas entidades coirmãs dos demais ramos. Não raro, 
 
38 
 
por sinal, os associados de uma ou mais destas cooperativas são também 
associados daquelas. Com efeito, não tem o menor sentido as cooperativas 
buscarem em entidades bancárias convencionais as soluções que as cooperativas 
financeiras já oferecem, ou podem oferecer. 
Ainda quanto à cooperação na base, considerando, agora, o relacionamento 
entre cooperativas de um mesmo ramo, deve-se estimular, por exemplo, o 
atendimento de associados ou usuários de uma cooperativa financeira singular ou 
cooperativa de trabalho médico por outra cooperativa de primeiro nível do mesmo 
segmento. Essa cooperação faz-se necessária quando o associado ou usuário está 
em deslocamento, tem atividades ou necessita de serviço fora da área de ação da 
cooperativa a que é vinculado. No âmbito das cooperativas financeiras, uma 
boa medida seria o compartilhamento dos terminais de autoatendimento por todo o 
país, independente da vinculação sistêmica. Só que, também aqui, e muitas vezes 
dentro da rede de um mesmo sistema ou subsistema de cooperativas (se é que dá 
para falar em sistema ou subsistema em tais circunstâncias), não é raro a coirmã 
negar assistência, ainda que a procura seja ocasional! 
No plano da integração vertical, todos os esforços devem ser feitos para que 
as cooperativas se organizem em entidades de segundo (centrais e federações) e, 
pela reunião de centrais ou federações, de terceiro (confederação) pisos, 
compondo aglutinações sistêmicas. 
Esse formato organizacional permite ganho de escala – pela força maior do 
conjunto – e economia de escopo – pela redução de estruturas e de investimentos 
locais ou regionais, direcionados para entidades corporativas/centralizadoras em 
benefício do conjunto. O padrão profissional e das soluções de negócio também é 
um dos resultados imediatos dessa integração, pois a redução de custos das 
estruturas da rede permite investimentos em equipes e produtos/serviços mais 
qualificados. Externamente, a intercooperação nesse plano gera uma percepção 
de maior grandeza e de solidez, cujos efeitos imediatos conduzem a uma maior 
sensibilização, apoio e adesão à causa. 
No âmbito do ramo financeiro, por exemplo, a integração intersistêmica 
[entre (sub)sistemas diferentes] é também aconselhável (logo mais passará a ser 
indispensável), especialmente a partir da aproximação entre as confederações e os 
 
39 
 
bancos cooperativos, pois há um conjunto de demandas e interesses estratégicos e 
operacionais que são coincidentes, sugerindo comunhão de esforços, medida que 
gerará escala ainda mais representativa e implicará redução de custos, tudo 
no interesse dos cooperados (donos dos empreendimentos). 
A intercooperação é uma das formas pelas quais se pratica o valor 
da solidariedade, jáque é de interesse (na sua concepção mais nobre) de qualquer 
cooperativa que as entidades coirmãs do mesmo e de outros ramos se 
desenvolvam e se mantenham saudáveis. Em nossa legislação, o princípio vem 
reafirmado na redação dos arts. 8º, parágrafo único, e 9º da Lei Cooperativista, 
assim como, tratando-se de cooperativas financeiras, na dicção do preâmbulo, e 
dos arts. 14, parágrafo único, e 15 da Lei Complementar 130/09. 
4.1.2.7 7º Princípio – interesse pela comunidade 
As cooperativas trabalham para o desenvolvimento sustentado das 
suas comunidades através de políticas aprovadas pelos membros. 
Pela conjugação dos seus valores e princípios e a sua vocação socioeconômica, 
mais o reforço do marco legal, o empreendimento cooperativo tem todo o direito de 
avocar para si a qualificação de ser a mais autêntica iniciativa socioeconômica de 
caráter comunitário. Faz parte do seu DNA. Cooperativa e coletividade local 
vinculam-se magneticamente, exercendo atração recíproca. Não é por outra razão 
que se diz, por exemplo, que a cooperativa de crédito é a instituição financeira da 
comunidade. 
Daí que, naturalmente, as cooperativas têm o dever de conduzir-se para o 
desenvolvimento equilibrado das próprias comunidades e para o bem-estar de suas 
populações, universo no qual se inserem os seus associados (membros). Nenhum 
outro agente econômico – bancos, por exemplo – tem esse compromisso. Significa 
que as cooperativas devem respeitar as peculiaridades sociais e a vocação 
econômica do local, desenvolvendo soluções de negócios e apoiando ações 
humanitárias. A reciclagem de recursos pelas cooperativas financeiras, fazendo 
com que a monetização da produção e dos serviços gere novas riquezas local 
e regionalmente, é um exemplo de como isso se opera na prática. Em síntese, as 
cooperativas devem atuar para a contínua melhoria da qualidade de vida das 
pessoas dentro de sua área de atuação. 
 
40 
 
Importante ressaltar que o interesse pela comunidade exige 
das cooperativas o apoio a projetos e soluções que sejam sustentáveis tanto 
do ponto de vista econômico (para a perpetuidade do próprio empreendimento), 
como sob a ótica social e ambiental. Da mesma forma, está fora de cogitação a 
exploração mercantilista, representada pela abusividade na precificação das 
soluções destinadas aos membros e às demais pessoas da comunidade. É por isso 
que as cooperativas não perseguem o lucro, buscando apenas pequenas margens 
de modo a poder realimentar e fortalecer a sua operação. 
Como as ações visam, em última instância, aos interesses dos próprios 
membros, é destes a competência para deliberar sob que diretrizes as 
administrações devem conduzir-se para cumprir essa importante orientação 
doutrinária. O princípio associa-se diretamente ao valor da 
responsabilidade socioambiental. 
No direito positivo, a recepção dá-se pela combinação do art. 192 
da Constituição Federal (cooperativas de crédito) com o arts. 3º e 4º, XI, da Lei 
Cooperativista, e ainda, especificamente no caso das cooperativas de crédito, com 
o art. 2º, §1º, da Lei Complementar 130/09. 
Esse conjunto de elementos doutrinários, por invocarem pureza e justiça em 
seus mais amplos significados, eleva o movimento cooperativo em conceito e o 
legitima como referência organizacional ao redor do mundo. Todavia, não basta 
que os valores e os princípios sejam puros e justos. É preciso que a pureza e a 
justiça estejam nos corações e nas mentes das pessoas que fazem o dia a dia do 
cooperativismo, pois a ausência da prática equivale ao desprezo da teoria e, por 
extensão, do próprio movimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
4.2 A simbologia do cooperativismo 
4.2.1 Símbolo do cooperativismo 
 
Figura 09: Símbolo do Cooperativismo 
Fonte: wordpress.com 
O símbolo do cooperativismo surgiu a partir da escolha de um círculo 
abraçando dois pinheiros, para indicar a união do movimento, a imortalidade de 
seus princípios e a fecundidade de seus adeptos. Tudo isso está assinalado na 
trajetória ascendente dos pinheiros que se projetam para o alto. Essa combinação 
de símbolos permite que, em qualquer país, em qualquer língua, o cooperativismo 
seja reconhecido: 
• Pinheiro – o pinheiro é tido como símbolo da imortalidade e da fecundidade. 
• Círculo – representa a vida eterna. 
• Verde – o verde-escuro das árvores representa o princípio vital da natureza. 
• Amarelo – o amarelo-ouro representa o sol, fonte de energia e calor. 
4.2.2 A bandeira do cooperativismo 
 A primeira bandeira do cooperativismo, com as cores do arco-íris, foi criada pela 
ACI em 1923. O conselho de administração da ACI, em reunião, na cidade de 
Roma, ocorrida em 2001, concordou em alterar a bandeira. O motivo da alteração 
foi promover e consolidar claramente a imagem do movimento cooperativista, já 
que a mesma bandeira era usada por grupos não cooperativistas, causando 
confusão em diversos países. 
https://cooperativismo256693391.wordpress.com/2018/01/23/simbolos-do-cooperativismo/
https://cooperativismo256693391.wordpress.com/2018/01/23/simbolos-do-cooperativismo/
 
42 
 
 
Figura 10: Bandeira do Cooperativismo. Significados 
Fonte: geraçãocooperação.com.br 
A bandeira que substituiu a tradicional é de cor branca e leva impresso o 
logotipo da ACI no centro, de onde emergem pombas simbolizando a paz. As cores 
que compõem a bandeira tem um forte significado: 
• Vermelho – coragem. 
• Alaranjado – visão de possibilidades de futuro. 
• Amarelo – desafio em casa, na família e na comunidade. 
• Verde – crescimento, tanto do indivíduo quanto do cooperado. 
• Azul – horizonte distante e necessidade de ajudar os menos afortunados. 
• Anil – necessidade de ajudar a si próprio e aos outros, através da cooperação. 
• Violeta – beleza, calor humano e amizade. 
 
 
 
43 
 
Para memorizar! 
 
Nesta aula 04 você estudou que a doutrina cooperativista se fundamenta na 
solidariedade, no humanismo, na liberdade, na democracia, na racionalidade, 
na justiça social e na igualdade. Desses valores decorrem sete princípios: 
princípio da adesão voluntária e livre; da gestão democrática; da participação 
econômica dos membros; da autonomia e independência; da educação, 
formação e informação; da cooperação entre cooperativas e do interesse pela 
comunidade. 
Além disso, vimos que o cooperativismo tem a sua simbologia expressa em 
um logotipo e numa bandeira cujas cores têm os seus significados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
Aula 5 – A gestão nas cooperativas 
 Nesta aula vamos conhecer o modelo de gestão adotado por empresas 
capitalistas e o adotado pelas cooperativas. 
 
5.1 A autogestão e os modelos capitalistas de gestão 
 A Constituição promulgada em 1988 definiu uma importante conquista do 
movimento cooperativista – a autogestão. Com base nisso, o Estado não pode 
interferir no sistema cooperativista, a não ser para prestar apoio técnico ou 
financeiro e para legislar sobre o setor. Assim, os próprios associados, legítimos 
líderes e representantes das cooperativas, têm total responsabilidade pela gestão e 
fiscalização dessas entidades. Legalmente, as cooperativas têm liberdade para 
organizar suas atividades desde que observem os princípios e valores que 
norteiam suas finalidades sociais e econômicas, bem como a legislação vigente. A 
autonomia é uma conquista que exige conscientização, responsabilidade, 
planejamento, controle, reciprocidade e transparência. 
Dessa forma, a autogestão é o modelo de gestão que deve ser utilizado em 
uma verdadeira cooperativa. Vejamos, no entanto, principalmente com base em 
Faria (2009), outros modelos de gestão, adotados nas empresas capitalistas, para 
que fique clara a forma como uma cooperativa deve ser gerenciada: 
5.1.1 Gestão com participação 
 Neste modelo a gestão é centralizada e os funcionários apenas participam 
de algumas decisões limitadas, com meras opiniões.Por vezes ocorre participação 
nos lucros e isso não quer dizer que esteja havendo ou que possa haver 
participação nas decisões. Muitas vezes esse processo é usado no sistema 
capitalista como forma de suavizar os conflitos existentes entre proletariado e 
burguesia. Têm havido avanços nesse sentido, principalmente no que diz respeito 
à participação nos lucros. 
 
 
45 
 
5.1.2 Cogestão 
Neste caso os operários de uma organização participam dos processos 
meio, ou seja, da melhoria e otimização da execução de um fim proposto pela 
fábrica. Trata-se de uma tentativa de integrar a criatividade e a iniciativa operária 
ao processo produtivo de ordem capitalista. Há um enriquecimento das atividades 
propostas, na medida em que os operários vão adquirindo um conhecimento maior 
para a escolha dos meios de atingir os objetivos propostos. Os operários recebem 
uma dose de auto-organização para a execução de suas tarefas e na determinação 
dos meios para o alcance de objetivos, porém sem a definição de metas. O 
trabalhador participa apenas do processo de produção nos meios, não nos fins. 
5.1.3 Gestão por controle operário 
 Ocorre quando os operários, em razão de um conflito, assumem o controle 
da organização, através de um organismo de natureza sindical ou política, ou seja, 
os operários passam a administrar a organização por intermédio de um partido 
político ou sindicato. Mantém-se, assim, a hierarquização no quadro gestionário da 
organização. 
5.1.4 Heterogestão 
É o modelo de gestão mais comum encontrado nas empresas. Nesse 
modelo as informações, as ordens e as instruções acontecem de cima para baixo, 
através de uma hierarquia, partindo de pessoas que detêm o comando da 
organização, como gerentes, diretores, administradores, engenheiros e/ou o(s) 
dono(s) da empresa. 
5.2 Autogestão – o modelo de gestão do cooperativismo 
 A autogestão é o modelo adotado pelo cooperativismo e que deve ser posto 
em prática nas organizações cooperativas. Parte do princípio de que todos os 
associados são donos da organização cooperativa e que, como tais, têm direito de 
participar do seu processo de gestão. 
Desta forma, as decisões fundamentais em uma cooperativa têm de ser 
tomadas pelo coletivo. Para isso é necessário que todos tenham acesso às 
 
46 
 
informações, responsabilidade com o coletivo e disciplina. Também é necessário 
que haja uma composição clara no instrumento jurídico da organização (Estatuto 
Social), estabelecendo critérios de equidade e de solução de conflitos, garantindo o 
exercício democrático. 
Por fim, para se garantir que ocorra efetivamente autogestão em uma 
cooperativa é preciso que se valorize a educação cooperativa e que ocorra o 
engajamento dos associados no processo de tomada das decisões, bem como na 
divisão das responsabilidades pelas decisões tomadas. 
 
 
Para memorizar! 
 
Nesta aula você estudou que existem diversos modelos de gestão adotados 
nas mais variadas organizações como as empresas. A autogestão é o modelo 
adotado pelo cooperativismo e se baseia no princípio democrático, segundo 
o qual todos devem participar das decisões em uma cooperativa, sendo 
responsáveis por ela, na medida em que os associados são os verdadeiros 
donos de uma cooperativa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
47 
 
Aula 6 – Representação do sistema cooperativo 
 
 Nesta aula vamos identificar os órgãos que representam, defendem os 
interesses do cooperativismo nas esferas estadual, federal e internacional e lhes 
prestam serviços. 
6.1 Representação estadual – Organização das Cooperativas Estaduais (OCE) 
De acordo com a Lei 5.764/71, cada estado brasileiro deve possuir a sua 
Organização de Cooperativas Estaduais (OCE) formada por cooperativas 
singulares, federações, confederações e centrais de todos os ramos. Pela lei, todas 
as cooperativas são obrigadas a se cadastrar na OCE do seu estado. 
Para a sua manutenção, as cooperativas contribuem com a importância de 0,2% do 
valor do capital integralizado e fundos do exercício findo do ano anterior. 
Essas organizações estaduais têm por objetivo representar a Organização das 
Cooperativas Brasileiras (OCB) em seus respectivos estados, prestando serviços 
de assessoramento às cooperativas e defendendo os interesses de suas filiadas, 
além de exercerem a representação sindical dessa categoria econômica em âmbito 
estadual. 
6.2 Representação nacional – Organização das Cooperativas Brasileiras 
(OCB) 
A Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) foi criada em 1969, 
durante o IV Congresso Brasileiro de Cooperativismo realizado em Belo Horizonte, 
substituindo as duas entidades então existentes: a Associação Brasileira de 
Cooperativas (ABCOOP) e a União Nacional de Cooperativas (UNASCO), por 
decisão das próprias cooperativas, representando todos os seus ramos. 
Em 1971, a Lei 5.764/71 oficializou essa forma de representação e 
determinou que a OCB fosse, também, o órgão técnico consultivo do governo no 
 
48 
 
que se refere ao cooperativismo, dando-lhe outras incumbências, além de 
congregar as organizações estaduais, constituídas com a mesma natureza. 
 
Figura 11: Bandeira do Cooperativismo. Significados 
Fonte: geraçãocooperação.com.br 
Dessa forma, o Sistema Cooperativo Brasileiro é formado por cooperativas 
de todo o Brasil congregadas em torno de suas respectivas organizações estaduais 
(OCEs). A OCB, por sua vez, congrega todas as organizações estaduais e recebe 
apoio técnico e consultivo do Serviço Nacional de Aprendizagem do 
Cooperativismo (SESCOOP). 
6.2.1 Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo – SESCOOP 
O Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (SESCOOP) foi 
criado pela Medida Provisória 1715, de 03 de setembro 1988, para viabilizar a 
autogestão do cooperativismo brasileiro, e pelo Decreto 3.017, de 06 de abril de 
1999. 
O SESCOOP operacionaliza o monitoramento e o controle da gestão de 
cooperativas, conforme sistema desenvolvido e aprovado em Assembleia Geral da 
OCB. Ele também investe continuamente na capacitação e na promoção social dos 
associados, dirigentes e funcionários de cooperativas por todo o Brasil, auxiliando 
na implantação definitiva da autogestão. 
Essa importante entidade tem ainda o objetivo de assessorar o governo 
federal em assuntos de formação profissional e gestão cooperativista, contribuindo 
para a formulação de políticas adequadas e criação de postos de trabalho e 
geração de renda pelo cooperativismo. 
 
49 
 
A fonte principal de receita do SESCOOP é a contribuição mensal 
compulsória de 2,5% sobre o montante da remuneração paga pelas cooperativas 
aos seus funcionários. 
6.3 Aliança Cooperativa Internacional 
 (ACI) A Aliança Cooperativa Internacional (ACI) nasceu em 1895. É uma 
organização não governamental que congrega cooperativas dos cinco continentes, 
com sede em Genebra (Suíça). 
Tem como objetivo fortalecer o cooperativismo no mundo inteiro, 
estimulando a integração do sistema cooperativo e atualizando os princípios do 
cooperativismo, bem como zelando pela preservação dos seus valores. Deve 
também incentivar a propagação da doutrina, filosofia e educação cooperativista. 
Resumo Nesta aula você foi informado de que o Sistema Cooperativo Brasileiro é 
formado por cooperativas singulares, federações, centrais e confederações de 
cooperativas, presentes no Brasil inteiro. Cada estado brasileiro possui a sua 
Organização das Cooperativas Estaduais (OCE), que congrega as entidades 
cooperativas de seu território. Por sua vez, as Organizações das Cooperativas 
Estaduais (OCE) formam a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). No 
plano internacional as cooperativas estão congregadas em torno da Aliança 
Cooperativa Internacional (ACI), órgão que representa o cooperativismo no mundo 
inteiro. 
 
Para memorizar! 
 
Nesta aula você foi informado de que o Sistema Cooperativo Brasileiro é 
formado por

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