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CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS - UNI 04

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Prévia do material em texto

Ciências Sociais,
Humanas e Políticas
Autoria:
André de Faria Thomáz
CIÊNCIAS SOCIAIS,CIÊNCIAS SOCIAIS,
HUMANAS E POLÍTICASHUMANAS E POLÍTICAS
SSEJAEJA BEMBEM--VINDOVINDO!!
ReitoR:
Prof. Cláudio ferreira Bastos
Pró-reitor administrativo financeiro: 
Prof. rafael raBelo Bastos
Pró-reitor de relações institucionais:
Prof. Cláudio raBelo Bastos
Pró-reitor acadêmico:
Prof. HerBert Gomes martins
direção ead:
Prof. riCardo ZamBrano Júnior
coordenação ead:
Profa. luCiana rodriGues ramos
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, total ou parcialmente, por 
quaisquer métodos ou processos, sejam eles eletrônicos, mecânicos, de cópia fotostática ou outros, sem a autoriza-
ção escrita do possuidor da propriedade literária. Os pedidos para tal autorização, especificando a extensão do que 
se deseja reproduzir e o seu objetivo, deverão ser dirigidos à Reitoria.
expediente
Ficha técnica
autoria: 
andré de faria tHomáZ
suPervisão de Produção ead:
franCisCo Cleuson do nasCimento alves
design instrucional:
antonio Carlos vieira
Projeto gráfico e caPa:
franCisCo erBínio alves rodriGues
diagramação e tratamento de imagens:
ismael ramos martins
revisão textual:
antonio Carlos vieira
Ficha catalogRáFica
catalogação na publicação
biblioteca centRo univeRsitáRio ateneu
THOMÁZ, André de Faria. Ciências sociais, humanas e políticas. André de Faria Thomáz. 
– Fortaleza: Centro Universitário UniAteneu, 2022.
144 p. 
ISBN: 
1. Sociologia. 2. Filosofia. 3. Política. 4. Cultura. Centro Universitário Ateneu. II. Título.
SSEJAEJA BEMBEM--VINDOVINDO!!
Caro(a) estudante, 
Você sabia que quanto mais conhecemos sobre nossas origens mais 
aptos ficamos para absorver e trocar conhecimento? Então, apresentamos o 
livro da disciplina Ciências sociais, humanas e políticas. Nele, trabalharemos 
temas de grande relevância para sua formação pessoal com reflexos na 
profissional. 
O nosso material está dividido em quatro unidades. Na primeira delas, 
faremos uma introdução sobre o Homem e suas vivências dentro de uma 
sociedade com foco no conhecimento, tendo princípios como prisma para o 
controle das atividades humanísticas e sociais. 
Na segunda unidade, aprenderemos sobre a sociedade, suas facetas 
e controles sobre a evolução do homem como ser natural que procura em 
sua origem um motivo para descrever seus pensamentos e assim atribui-los 
dentro das atividades diárias.
Na terceira unidade, conheceremos um pouco sobre a relação homem 
x política, com um foco mais institucional na necessidade do homem em 
dominar e assim evoluir. 
Na última unidade, abordaremos mais sobre a cultura e a forma como 
ela atribui valores aos homens e suas ações e até mesmo um pouco sobre 
a arte.
Estamos juntos nesta jornada de formação, e parabéns para você que 
chegou até aqui e estudará um tema tão importante como ciências sociais, 
humanas e políticas. 
Vamos juntos nessa busca pelo conhecimento?!
SUMÁRIO
CCONECTEONECTE--SESE
AANOTAÇÕESNOTAÇÕES
RREFERÊNCIASEFERÊNCIAS
Estes ícones aparecerão em sua trilha de aprendizagem e significam:
SUMÁRIO
1. Os princípios do conhecimento dentro
do âmbito cosmológico ......................................................8
1.1. O Homem como ser pensante ..................................10
1.2. As sociedades humanas ..........................................14
2. A pertinência do conhecimento e
seus princípios .................................................................20
3. O circuito razão/afeto/pulsão e a unidualidade ...............25
Referências .........................................................................34
01
1. A história das ideias ................................................... 38
2. Para compreender Durkheim e o pensamento
sociológico: o objeto – a sociedade ............................ 44
3. Para compreender Marx e o
projeto revolucionário ................................................. 46
4. A ideologia alemã de Weber e a
conduta do indivíduo .................................................. 50
5. Utopia e ética revolucionária em Marx ...................... 56
Referências .................................................................... 69
02
A SOCIEDADE
O HOMEM
1. Antropologia cultural .............................................. 110
2. Cultura x cultura patrimonial x cultura industrial .... 113
3. A arte ..................................................................... 116
4. Desigualdades sociais ........................................... 122
5. Cultura afro e crenças ........................................... 124
6. A influência da religião .......................................... 127
7. Os povos indígenas ............................................... 129
8. A revolução digital ................................................. 132
Referências ............................................................... 143
04
A CULTURA
1. O Estado e a política .................................................. 72
2. Conceito de política e a teoria do Estado ................... 74
3. Introdução à teoria política ......................................... 81
4. A política social e a república ..................................... 85
5. Situação social e política no Brasil e a república ....... 87
6. Platão e a república .................................................... 89
7. A política e a democracia ........................................... 91
7.1. Política na Roma Antiga na
visão de Cícero ................................................... 97
7.2. Pensamento político cristão: Agostinho,
Tomás de Aquino e Thomas Morus .................. 100
Referências .................................................................. 106
03
A POLÍTICA
ApresentaçãoApresentação
Nesta quarta unidade, estudaremos sobre as diversas facetas que a 
cultura nos proporciona e como essa diversidade nos é transmitida para que 
possamos evoluir e crescer na troca de conhecimento. 
Os seres humanos, ao aprenderem, desenvolverem e transmitirem 
suas habilidades mentais e manuais, seus sentimentos e emoções, adquiridos 
no contato com seus semelhantes, tornaram-se capazes de interagir entre si 
e com o ambiente, compartilhando esses conhecimentos por meio da cultura, 
da religião e da arte.
Podemos dizer que um dos principais objetos de análise da 
antropologia, sem dúvida, é a cultura. Assim como tantos outros vocábulos, 
o seu conceito é entendido de forma polissêmica, por ser considerado amplo 
e longe de consensos, principalmente para aqueles que se atém aos estudos 
antropológicos. Essa dificuldade de definição está no fato de que não é 
uma exclusividade de estudiosos dessa disciplina. Por ser multidisciplinar, 
proliferaram-se inúmeras abordagens e compreensões.
Veremos ainda que, atualmente, não há grupo social ou sociedade que 
a sua composição não tenha a mistura de distintas etnias. É comum encontrar 
em livros e registros sobre a historicidade das sociedades que a espécie 
humana se encontra dividida em negros, brancos e amarelos. Nesse sentido, 
os indivíduos são classificados por raças, tendo como fator predominante a 
cor de suas peles. Contudo, essa classificação e denominação de raça não 
se confere ao sentido biológico, mas ao sentido sociológico.
Na sociedade brasileira, encontra-se estabelecido o conceito de mito 
das três raças, disseminado pelo educador Darcy Ribeiro e que ganhou 
relevante importância e aceitação no senso comum. Segundo essa teoria, a 
sociedade e a cultura brasileira foram construídas especialmente pela cultura 
das três raças: africana, europeia e indígena.
Temos muito o que estudar! Vamos juntos?!
Unidade
04 A culturA A culturA 
110 CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS|
OOBJETIVOSBJETIVOS DEDE
APRENDIZAGEMAPRENDIZAGEM
• Analisar os fatores culturais em torno da antropologia humana;
• Compreender os efeitos das crenças;
• Adquirir conhecimentos sobre nossas crenças e etnias;
• Compreender como a cultura influenciano comportamento humano.
1. AntrOpOlOgiA culturAl1. AntrOpOlOgiA culturAl
Nos estudos antropológicos, cultura é mais abrangente, pois diz 
respeito a todas as formas de ser, estar e atuar de determinada sociedade, 
população ou grupo social. Sendo assim, não podemos julgá-la a partir do 
senso comum, do olhar superficial.
É importante destacar que as discussões relacionadas com o 
conhecimento de senso comum remetem aos estudos filosóficos, dada a 
importância e profundidade de análise desse tema. É possível encontrar traços 
dessa discussão em textos de Platão, Aristóteles, Homero, Hesíodo e outros, 
que possibilitam refletir, mesmo não sabendo com precisão o momento do 
encontro entre o conhecimento de senso comum e o conhecimento de bases 
científicas e filosóficas. Diante de tanta complexidade, essas indagações 
acompanham o ser humano desde o princípio, quando abriu caminho para 
discutir a sua cultura.
Assim, a partir de uma perspectiva filosófica, o surgimento das 
discussões sobre o senso comum data do século XVIII, em um contexto 
de crítica e combate ideológico da sociedade burguesa contra o regime da 
época. Na crítica de Bachelard (1996), o conhecimento de senso comum 
aparece na mesma proporção da idolatria, preconceito e opinião, visto que 
na formação do espírito científico, “[...] o primeiro obstáculo é a experiência 
primeira, a experiência colocada antes e acima da crítica – crítica esta que 
é, necessariamente, elemento integrante do espírito científico” (MARTINS, 
2006, p. 18).
CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS 111|
Você certamente já ouviu falar de evolucionismo, não é mesmo? 
É um dos estudos que marca o pensamento sobre a evolução humana, 
do cientista Charles Robert Darwin (1809-1882), ao escrever a obra 
A origem das espécies, em 1859. A partir de sua obra, a evolução se 
tornou um paradigma, possibilitando a compreensão do ser humano e de 
suas realizações. Darwin formulou a teoria da evolução das espécies, 
considerando como argumentação central a seleção natural dos seres 
vivos, em que a história da vida na Terra era composta pelos elementos da 
replicação, variação e seleção.
Darwin suscitou debates importantes sobre a evolução, principalmente, 
ao discorrer sobre a origem do ser humano, causando diversas polêmicas. 
Ponto de muitas críticas, o autor considerava que o ser humano não era um 
produto da criação divina, tão pouco fruto de várias origens.
Figura 01: Caricatura de 1871 satirizando
Darwin como primata e sua teoria evolutiva.
Fonte: https://bit.ly/342OHC2.
Para o ele, o ser humano e o macaco teriam o mesmo antepassado, 
isto é, a mesma origem. Como era de se esperar, a teoria proposta por 
Darwin gerou grandes debates entre os cientistas e, principalmente, no meio 
religioso, que contestava com veemência as proposições darwinianas. A 
questão da evolução não torna o modelo defendido por Darwin apenas aos 
limites genéticos dos seres vivos, contudo, traz à tona a possibilidade de 
evolução do ambiente orgânico.
112 CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS|
Uma das principais características da teoria evolucionista é o declínio 
das linhas teológicas sobre a origem dos seres humanos e da natureza. A 
partir desse pressuposto, ocorreria uma sistematização do conhecimento das 
sociedades primitivas, supostamente situadas em um processo de evolução, 
do estágio primitivo ao civilizado.
Ainda discutiremos sobre as concepções teóricas defendidas pelos 
pensadores do evolucionismo, além de analisarmos as principais críticas 
direcionadas ao evolucionismo cultural.
Como mencionamos, a principal obra de Darwin, que deu origem à 
teoria evolucionista, é A origem das espécies, em que o autor formula a 
teoria da evolução das espécies, considerando o processo de seleção 
natural, isto é, o processo em que as espécies sucedem umas às outras, em 
uma evolução contínua e permanente, em que apenas sobrevivem os mais 
fortes e aptos.
O ápice da teoria darwiniana está no debate proposto pelo autor ao 
afirmar que, diferentemente do que mencionam, o homem não era um produto 
da criação divina, mas, sim, que os seres humanos tinham a mesma origem 
dos macacos, ou seja, com os mesmos antepassados. A teoria causou 
grande desconforto, principalmente nos religiosos que buscaram combater 
veementemente a noção evolucionista de Darwin.
Como o termo cultura é amplamente utilizado em nosso cotidiano, 
muitas vezes, somos levados a pensar que existe um significado único que 
o define e que esse significado é compartilhado por todos. Entretanto, uma 
observação rápida sobre suas diferentes definições indica o quanto seu uso 
é diverso.
A palavra cultura tem origem no latim colere, que significa “cultivar” (a 
terra). Assim, o termo passou a ser relacionado ao aprimoramento intelectual, 
ao “cultivo de ideias”.
A partir das duas concepções apresentadas, podemos dizer que 
identidade cultural e diversidade cultural têm estreita ligação, pois os 
elementos que identificam uma cultura também a diferenciam das demais, 
contribuindo para a ampliação da diversidade cultural.
CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS 113|
Durante muito tempo, as análises realizadas acerca das culturas dos 
povos ficavam restritas à identificação das diferenças. Como a concepção 
de cultura de modo geral parte daquilo que reconhecemos como comum, ou 
seja, nossa própria cultura, criou-se uma noção equivocada sobre diversas 
culturas que não se enquadram nos parâmetros tidos como “corretos”. A isso 
foi dado o nome de etnocentrismo, que significa tomar como referência uma 
cultura para avaliar as demais, muitas vezes, desqualificando-as.
A história mostra que não são poucos os casos em que uma visão 
etnocêntrica gerou conflitos entre grupos sociais diferentes. Em meados 
do século XVI, os europeus entraram em contato com diferentes povos e 
culturas, mas tendo sempre como referência sua própria cultura (ANDERY, 
2007). Frequentemente, os costumes e as tradições desses povos eram 
apresentados na Europa como exotismos de pessoas incivilizadas.
2. culturA x culturA pAtrimOniAl x culturA industriAl2. culturA x culturA pAtrimOniAl x culturA industriAl
Antes de começar este estudo, reflita: o que significa o termo 
patrimônio? Provavelmente, você pensa em um conjunto de bens que 
pertence a alguém, correto? 
Pois, quando tratamos de cultura, esse conceito é bem mais amplo e 
está ligado aos indivíduos organizados em coletividades e a suas produções, 
intrinsecamente vinculadas à cultura da qual fazem parte. Essas produções 
são consideradas bens culturais.
 Alguns desses elementos culturais são visíveis, palpáveis. Outros são 
intangíveis ou imateriais, pois não têm forma física. Um artesanato produzido 
em determinada região pode ser considerado um bem cultural, assim como 
uma técnica específica criada por uma comunidade para resolver problemas 
de adaptação ao ambiente.
 Muitas manifestações culturais, diante de sua importância para o 
grupo na qual se originam, são registradas formalmente como bens desse 
grupo, ou seja, passam a fazer parte de seu patrimônio cultural e recebem 
atenção especial, com leis de preservação específicas.
114 CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS|
Conforme o que vimos até o momento, a cultura é um elemento da 
sociedade que orienta práticas e costumes, e a possibilidade de variação 
desses elementos tende a ser maior quando há maior interação entre os 
grupos sociais (MORIN, 2008). Se tomarmos como exemplo uma grande 
cidade, perceberemos que existe uma enorme variação cultural sob diferentes 
aspectos: artísticos, linguísticos, religiosos, entre outros.
Independentemente dessa diversidade, todas as expressões culturais 
são importantes, por isso, não cabe julgar valores em decorrência das 
diferenças. É aqui que se encontram muitos dos equívocos de classificação 
das culturas. Em uma dessas classificações, temos a separação entre cultura 
de elite e cultura popular.
Os termos elite e popular são usados, muitas vezes, para indicar 
diferenças sociais,ou seja, reforçar uma distinção entre as classes dominantes 
e as classes populares (LIMA, 2000). A “cultura de elite” englobaria as artes 
consideradas eruditas, como pinturas famosas, músicas de compositores 
clássicos, romances de grandes nomes da literatura, a culinária refinada 
de restaurantes caros etc. Já a “cultura popular” abrangeria a produção 
cultural das pessoas comuns, as manifestações nascidas no interior das 
comunidades, como as festas folclóricas, o artesanato, as danças regionais, 
as técnicas artesanais de pesca etc.
Essa diferenciação é apoiada em um tipo de “hierarquia” cultural, que 
considera a cultura da elite uma cultura superior, “de melhor qualidade”, 
enquanto a cultura popular seria uma cultura inferior, de “baixa qualidade”, 
no caso, a cultura das classes dominadas (CHAUÍ, 2009). No entanto, a 
classificação que divide erudito e popular não deve ser utilizada para 
qualificar as manifestações culturais.
A palavra indústria, de modo geral, nos remete às ideias de produção 
em série, de distribuição em larga escala, de mercado consumidor. Então, 
quando falamos de indústria cultural, também nos referimos a esses 
elementos.
 Os termos elite e popular são usados, muitas vezes, para 
indicar diferenças sociais, ou seja, reforçar uma distinção 
entre as classes dominantes e as classes populares... 
CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS 115|
O conceito de indústria cultural, desenvolvido por Theodor Adorno e 
Max Horkheimer, em meados do século XX, tinha por objetivo criticar a forma 
como certos produtos culturais eram gerados e disseminados na sociedade. 
Ao analisar a produção artística de seu tempo, Adorno e Horkheimer 
identificaram transformações no significado da arte que, ao ser produzida em 
larga escala, teve seu sentido modificado, passando a ser considerada uma 
mercadoria. Segundo esses autores, a produção do cinema, da televisão, do 
rádio e dos jornais estava voltada a estimular o consumo. Assim, teríamos 
um processo de homogeneização da cultura e um esvaziamento do sentido 
das práticas culturais (LIMA, 2000).
Nos primeiros estudos sobre cultura, iniciados no século XVIII, era 
comum mapear as atividades de determinado grupo social de maneira 
estanque, ou seja, como se pudéssemos analisar uma cultura como um 
produto acabado. Contudo, ao conceber a cultura como algo finalizado, 
deixamos de lado um de seus aspectos mais importantes: sua constante 
transformação (MORIN, 2008).
Quando analisamos as novas concepções de cultura, notamos sua 
estreita ligação com o conhecimento desenvolvido em uma sociedade. 
Segundo Santos (2012), isto ocorre no momento em que a concepção 
de cultura passa da particularização de aspectos isolados para a ideia de 
que a cultura é uma dimensão social. Para o autor: “Essa dimensão é a 
do conhecimento num sentido ampliado, é todo conhecimento que uma 
sociedade tem sobre si mesma, sobre outras sociedades, sobre o meio 
material em que vive e sobre a própria existência” (LIMA, 2000, p. 58).
Nessa dimensão social, no relacionamento com as pessoas com 
as quais convivemos, costumes e hábitos tomam significados específicos 
e passam a organizar a forma como os indivíduos concebem o mundo. 
Os saberes populares, transmitidos através das gerações, podem ser 
considerados exemplos desse conhecimento, vinculado à cultura e que é 
aprendido na convivência social. O “ofício das baianas de acarajé” no estado 
da Bahia e o “modo de fazer renda irlandesa” no estado do Sergipe são 
exemplos de patrimônios imateriais brasileiros que sintetizam elementos 
culturais, históricos e sociais de grande importância.
116 CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS|
A partir do que foi apresentado até aqui sobre cultura, é possível 
perceber o quanto esse assunto é complexo. Vimos que não há uma 
definição exata para cultura, mas concepções que ora consideram as várias 
dimensões do ser humano, como seu modo de ser e de viver diante dos 
desafios da natureza, ora se restringem a aspectos específicos, como os 
gostos artísticos, os níveis de instrução ou ainda conhecimentos e crenças 
dos grupos sociais.
 Dessa forma, ao refletir sobre cultura, é fundamental sabermos quais 
são os aspectos considerados na análise, ou seja, qual é o ponto de vista que 
está sendo utilizado. Essa postura poderia evitar o preconceito no momento 
de analisar a forma de vida dos diferentes povos, nações ou comunidades.
Os produtos da cultura estão a nossa volta e integram nosso cotidiano, 
ainda que não os percebamos. Nosso modo de agir, nossos costumes, nossa 
produção artística, nossa forma de organizar os espaços em que vivemos 
são elementos da cultura e, muitos deles, diante de sua importância, são 
considerados patrimônios culturais e, como tais, precisam ser conservados 
e protegidos. Por isso, leis são criadas visando à preservação desses bens 
culturais.
3. A Arte3. A Arte
O emprego da palavra arte é muito variado. Expressões como “artes 
marciais” ou “arte culinária” são exemplos de como o termo arte pode ser 
aplicado. Contudo, vamos delimitar o sentido de arte com o qual estamos 
trabalhando. Para tanto, observemos o que nos apresenta o historiador da 
arte H. W. Janson (1996, p. 7): “A arte nos dá a possibilidade de comunicar a 
concepção que temos das coisas através de procedimentos que não podem 
ser expressos de outra forma”. Portanto, para os propósitos aqui pretendidos, 
vamos considerar que a arte se refere à expressão de ideias e sentimentos 
por meio de uma linguagem específica, ou seja, a linguagem artística, que 
engloba as artes plásticas, a música, as artes cênicas, a dança, a literatura, a 
arquitetura, além das artes que são frutos dos avanços tecnológicos, como a 
fotografia, o cinema, a arte eletrônica, entre outras.
CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS 117|
Figura 02: Mona lisa - uma das obras de
arte mais conhecidas do mundo.
Fonte: https://bit.ly/3qUeFQW.
Assim, podemos dizer que a arte lida com conhecimento, expressão, 
criação, produção, o que pode explicar a origem das primeiras manifestações 
artísticas, que surgiram na Pré-história e que estão, desde então, associadas 
à necessidade humana de compartilhar ideias e sentimentos. Da arte 
rupestre às pinturas nos museus, dos rituais primitivos aos concertos, das 
dramatizações tribais à ópera, a arte, em suas diferentes linguagens, passou 
por profundas transformações, mas um elemento ainda permanece: sua 
particular capacidade de desafiar nossa percepção, transmitindo informações 
que transcendem o mundo das palavras.
FFIQUEIQUE ATENTOATENTO
O mercado da arte, que tece julgamentos atribuindo valores ao objeto 
artístico, exerce forte influência sobre a concepção de arte compartilhada 
socialmente. Portanto, os critérios utilizados para determinar o que é ou não 
arte são fortemente influenciados pela cultura de cada grupo social. Um objeto 
artístico, como uma pintura, de grande valor para determinada cultura, pode 
não ter o mesmo grau de reconhecimento em outra. Dessa maneira, a diferença 
de valores ocorre porque cada cultura possui formas particulares de fazer arte, 
o que favorece a existência de infinitas expressões artísticas.
118 CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS|
Este é um dos motivos que dificulta a concepção do que venha a ser 
arte. O artista é aquele que, tomado de sentimento e habilidade, é capaz de 
sintetizar em forma perceptível – a obra de arte – uma maneira diferente de 
ver as coisas. Seja por meio de um poema, de um quadro, de uma composição 
musical, o trabalho artístico abre caminho para novas formas de concepção 
da realidade, enriquecendo nossa forma de ver o mundo.
Ao longo da história, a capacidade de criação humana fez com que 
ideias e emoções fossem expressas em diferentes formas de arte. Seja por 
meio da imagem, do som, do movimento corporal ou da palavra, as criações 
artísticas fazem parte de nossa vida registrando fatos, sentimentos, modos 
de ser e de agir de diversas épocas e culturas.
Entre as distintas formas de arte,as que utilizam a linguagem visual 
como meio de expressão são amplamente conhecidas. Dos primeiros 
grafismos nas paredes das cavernas até as imagens digitais que hoje nos 
sãos tão familiares, reconhecemos similaridades entre os elementos visuais 
utilizados no passado e os do presente.
O ponto, unidade da linguagem visual, origina a linha, a reta, a curva 
tracejada (HALL, 2003). Ao fechar-se, a linha delimita uma forma. E formas 
básicas, como o triângulo, o quadrado e o círculo, estruturam inúmeras 
composições visuais. As cores e texturas são responsáveis por criarem 
efeitos visuais que provocam nossa percepção, intensificando sensações. 
Das formas planas, bidimensionais, partimos para o espaço tridimensional, 
por meio dos volumes e escalas, com esses elementos, criamos a escultura.
A linguagem visual se diversificou muito no decorrer da história. Hoje, 
linguagens e técnicas artísticas muito antigas, como a pintura, a gravura e a 
escultura, dividem espaço com obras de arte que utilizam técnicas cada vez 
mais inovadoras. O uso das imagens produzidas pelas novas tecnologias, 
por exemplo, tem revolucionado as artes visuais (HALL, 2003).
 A evolução das técnicas de elaboração de imagens possibilitou 
representações cada vez mais próximas do mundo real. Esse processo foi 
favorecido pelo surgimento da fotografia, forma de criação de imagens que 
nasceu da associação de técnicas artísticas com descobertas da química e 
da física (CHAIU, 2009). Do aprimoramento do processo fotográfico, surge 
o cinema e, com ele, obtemos um elemento até então apenas sugerido na 
linguagem visual: o movimento.
CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS 119|
Os primeiros filmes produzidos na história tiveram no teatro uma 
importante fonte de inspiração. A linguagem teatral, tal como a conhecemos 
hoje, é fruto da evolução de técnicas desenvolvidas no decorrer de muitos 
anos.
Até aqui, vimos que a arte pode ser manifestada de diferentes formas. 
No entanto, para compreender uma obra artística, é muito importante 
conhecermos o contexto histórico no qual ela está inserida, pois os aspectos 
sociais, culturais, econômicos, políticos e religiosos exercem influência sobre 
a arte. Assim, a análise de obras de arte permite ampliar o conhecimento 
acerca do mundo em que vivemos.
Os primeiros indícios conhecidos e que recebem a designação de arte 
datam de, aproximadamente, 30.000 anos. A chamada arte rupestre, que 
significa arte na rocha, encontrada em diferentes lugares do mundo, é um 
exemplo desse tipo de expressão.
A criação artística requer o domínio de conhecimentos e técnicas 
aprendidas de diferentes formas. Esse aprendizado mobiliza diferentes 
estruturas motoras e psíquicas, que promovem o desenvolvimento de outras 
habilidades e a construção de novos saberes. O potencial cognitivo da arte 
faz com que ela esteja próxima de outras áreas do conhecimento, como o 
conhecimento científico.
Durante muito tempo, havia a concepção de que arte e ciência eram 
incompatíveis devido à natureza de cada uma. Acreditava-se que caberia 
à ciência lidar com a razão, e à arte com a emoção. Hoje já se sabe que 
a arte possui uma forma própria de desenvolvimento, diferente da forma 
do pensamento considerado científico, mas igualmente complexo. A arte 
associa raciocínio, percepção e emoção e promove, seja naquele que cria, 
seja naquele que aprecia, novas formas de conhecimento.
Toda análise que desenvolvemos sobre arte nos dá caminhos para 
pensar nessa atividade humana que lida com a razão, a emoção, a percepção, 
a sensibilidade e a estética. A criação artística não é um produto comum. Ela 
é capaz de atingir a percepção humana de forma diferente, reunindo razão e 
emoção, matéria e ideia, abstrato e concreto, em um só objeto. Ainda hoje 
não existe consenso sobre o que seria arte, mas alguns elementos podem 
ser apontados como referência em sua identificação: sensibilidade, estética, 
criação, produção.
120 CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS|
No decorrer da história, diferentes concepções de arte foram 
desenvolvidas de acordo com as modificações culturais e sociais. Em alguns 
casos, o que era arte em um determinado momento histórico foi duramente 
criticado em períodos posteriores. Isto indica que o conceito de arte está 
muito mais atrelado às questões históricas, sociais e culturais do que às 
características materiais da obra de arte. Em outras palavras, a arte não 
tem existência própria, ela é fortemente condicionada ao contexto histórico e 
social do qual faz parte. Assim, para compreender de forma mais aprofundada 
uma obra de arte, é importante o reconhecimento de que ela é uma criação 
permeada de subjetividade e que traz em sua essência a marca de um autor 
– o artista – e de um tempo ao qual esse artista está vinculado.
Atualmente, o acesso às obras de arte está muito mais difundido. 
Os novos meios de comunicação digital favoreceram a popularização de 
diferentes formas de arte, de diferentes épocas. Entretanto, esse acesso não 
implica, necessariamente, uma verdadeira fruição artística, ou seja, uma 
experiência profunda que mexa de forma significativa com nossa percepção. 
Visitar um museu virtualmente, ouvir um concerto por meio de mídias digitais 
ou assistir a uma peça teatral na sala de casa podem ser os primeiros passos 
para o desenvolvimento do conhecimento artístico, mas não devem ser os 
únicos, pois a fruição da arte depende de experiências concretas de contato 
com as obras, sejam elas musicais, pictóricas, cênicas etc. Além disso, para 
entender um pouco mais sobre arte, é necessário um aprendizado constante 
que favoreça a compreensão da arte em si e de sua relação com a sociedade.
A arte envolve a ação humana de expressar ideias e emoções e, 
para melhor conhecer a arte, é preciso percorrer seus primórdios, a fim de 
compreender as relações que esse conceito tem com o homem e a formação 
de sociedades e diferentes culturas em contextos distintos. Afinal, será que 
a definição de arte é algo exato e restrito?
Se investigarmos um pouco a respeito da arte, veremos que cada 
povo, sociedade e grupo social têm suas formas de conceber e expressar o 
mundo. Se a arte é uma dessas formas de expressão, não é fácil concebê-
la como algo restrito, mas condizente com determinadas maneiras que os 
homens encontraram para ler e interpretar o que os cerca ou para dar asas 
a sua imaginação.
CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS 121|
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A partir de então, na Antiguidade, cresceram os monumentos, as artes 
decorativas. O homem também passou a se expressar pela música e pela 
poesia, seja ao entoar cânticos rituais, seja no cortejo das donzelas. Muitas 
dessas expressões artísticas começaram a ser registradas a partir da invenção 
da escrita, ou encenadas, por meio do teatro e, mais recentemente, do cinema 
ou de retratos fotográficos, isto é, não são só ilustradas em telas, mas captadas 
pela máquina fotográfica.
Ainda nesse século, uma nova ciência obteve força, a antropologia, 
que se baseava no estudo de outros povos, não dos europeus, e de seus 
costumes e modos de vida em geral.
Essa ciência surgiu como fruto das transformações ocorridas na 
Europa, sobretudo ocidental, desde o período das Expansões Ultramarítimas 
até o Imperialismo das potências industriais.
Isso porque houve a procura de novos mercados fornecedores 
de matéria-prima para a fabricação dos produtos industrializados e de 
consumidores para eles, ocasionando as conquistas europeias de 
territórios e nativos em várias partes do mundo. Desse modo, o contato 
dos europeus com outras culturas aumentou as discussões em torno 
desse conceito.
Salientamos que a percepção de cultura só será utilizada pela 
antropologia, como uma das formas de explicar as diferenças humanas, no 
final do século XIX e no início do XX.
Antes disso, era usada a antropologia biológica e/ou física, que 
buscava demonstrar características da constituição biológica dos seres 
humanos e, principalmente, as possíveis diferençasfísicas entre o homem 
europeu e os demais.
122 CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS|
A antropologia, então, apropriou-se da cultura, investigando como 
os comportamentos humanos são desenvolvidos, as relações do homem 
com o meio e as transformações culturais ocorridas ao longo do tempo. 
Esse sentido de cultura, porém, não se distanciou, imediatamente, da 
noção que considerava a civilização europeia como a provida de uma 
cultura mais evoluída.
4. desiguAldAdes sOciAis4. desiguAldAdes sOciAis
Nos últimos tempos, o Brasil passou por mudanças significativas e 
fundamentais que reorganizaram as pesquisas na área das desigualdades 
raciais. Tais mudanças estão atreladas às transformações de cunho estrutural 
e também à forma como as desigualdades raciais estão sendo recepcionadas 
e entendidas por meio das políticas de inclusão social.
No que se refere às transformações estruturais, destaca-se a 
importância das de natureza demográfica, influenciadas pela queda da 
fecundidade, especialmente entre os mais desfavorecidos socialmente, e das 
novas configurações na estrutura familiar.
Além disso, os primeiros dez anos do século XXI foram marcados por 
ascensão na área econômica brasileira, o que refletiu significativamente no 
mercado de trabalho, ampliando a contribuição previdenciária, a melhoria do 
salário mínimo e o acesso aos cursos de nível superior. Os dados elencados 
permitiram transformações no campo das desigualdades raciais.
Também as políticas de inclusão foram extremamente importantes 
para a minimização das disparidades sociais, essencialmente dos indivíduos 
que estavam incluídos em uma faixa de pobreza que os impedia de ter 
acesso às oportunidades que antes só a classe média/alta tinha possibilidade 
de alcance. Dentre elas, pode-se elencar a possibilidade de realizar um 
curso de nível superior. No que se refere ao declínio da pobreza, conta-
se como importante a política de transferência de renda. Mesmo que não 
seja explícito o critério de natureza étnico-racial nesse aspecto, a maior parte 
dos beneficiários são negros. Isso quer dizer que as condições de vida 
da população negra tornaram-se melhores a partir do estabelecimento de 
políticas sociais.
CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS 123|
Figura 03: Desigualdade econômica global (2020).
Fonte: https://bit.ly/33MqAYq.
No que concerne às oportunidades para ingresso aos locais de mais 
prestígio na sociedade, registra-se a importância do aumento de jovens 
negros que passaram a ter acesso ao ensino médio e superior, ressalvando-
se que no acesso às universidades as políticas de ações afirmativas tiveram 
relevância fundamental. 
Analisando as oportunidades do mercado de trabalho que exigem 
instrução de nível superior, pode-se considerar que houve um aumento 
significativo de negros ocupando esses postos de trabalho. Entretanto, as 
pesquisas informam que o acesso da população negra a cargos que exijam 
nível superior não foi determinante para atenuar a desigualdade racial em 
nossa sociedade, apesar da importância do aumento do nível e escolaridade 
como posição e status social conquistados pela comunidade negra. Em 
comparação com a população branca que também possui nível superior, 
percebe-se os contrastes nos cargos ocupados, com a participação bem 
inferior de negros nos cargos de maior prestígio e de melhores salários, 
inclusive para aqueles que ocupam cargos de natureza semelhante. 
Os estudos, na realidade, caminham em direção aos apontamentos 
realizados nos debates sobre desigualdade racial no Brasil, em que é evidente 
uma sólida rigidez social que dificulta ao máximo a mobilidade hierárquica de 
pessoas pobres e negras aos postos mais altos no mercado de trabalho.
124 CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS|
Nesse sentido, as informações das pesquisas realizadas permitem 
entender que há uma busca (ou pelo menos uma tentativa) de estratégias 
que permitam diminuir as desigualdades raciais no Brasil. Além disso, 
os dados apontados concluíram que a diminuição da desigualdade racial 
foi acompanhada, principalmente, por políticas de ações afirmativas e de 
inclusão social.
As políticas de caráter universal não permitiram que as desigualdades 
raciais fossem minimizadas, mesmo os dados indicando a situação de 
penúria da população negra. As políticas sociais de natureza universalista, 
de saúde e de educação de qualidade para todos, por exemplo, ainda não 
foram exauridas, e o que pode ser observado historicamente é a situação de 
desvantagem nos quadros sociais e econômicos da população negra. Por 
esse motivo, as ações afirmativas que permitiram o acesso da comunidade 
negra a ambientes antes só ocupados e frequentados pela população branca 
continuem até que, pelos menos, haja uma educação pública de qualidade, 
permitindo que os abismos a nível de instrução e conhecimento possam ser 
minimizados entre brancos e negros ou, de uma forma mais específica, entre 
ricos e pobres.
Outra questão de vital importância em relação à desigualdade racial 
refere-se aos desnivelamentos e contrastes que não necessariamente 
envolvem captação de recursos ou bens. As atrocidades sofridas por jovens 
negros nas abordagens realizadas pela polícia, que os observa sob a ótica do 
estereótipo e do preconceito racial. Transfigurado na imagem de vagabundo 
e criminoso, o negro, historicamente, é a maior vítima dos assassinatos das 
operações, rondas e abordagens policiais no cotidiano. Além disso, jamais 
poderão ser silenciados os estereótipos que percorrem a figura da mulher 
negra.
5. culturA AfrO e crençAs5. culturA AfrO e crençAs
Denomina-se diáspora africana o processo histórico-social que diz 
respeito ao deslocamento de migrantes, homens e mulheres, do continente 
africano para as mais diversas regiões do mundo. A imigração dos africanos 
relaciona-se aos ideais do processo político-econômico mercantilista, 
em que os africanos foram escravizados pelos colonizadores europeus, 
CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS 125|
sendo utilizados como mão de obra e mercadorias e/ou peças de troca nas 
transações comerciais realizadas entre colonizadores e grandes fazendeiros. 
Paralelamente, a cultura africana se expandiu para novos espaços, apesar 
da forte resistência de se permitir a sua prática.
Quando há referência ao tema da diáspora, é preciso salientar a 
importância das regiões portuárias porque, por intermédio dos portos, era 
realizada a entrada e saída de africanos. E, por esse motivo, a zona portuária 
era um local de encontro de distintas culturas e realidades, tendo em vista 
que, naquele momento, as navegações e as embarcações eram responsáveis 
pelo deslocamento de pessoas e mercadorias pelo mundo.
Assim, a travessia forçada de africanos escravizados pelo Oceano 
Atlântico em condições sub-humanas nos navios negreiros é marcada por 
violência, humilhação e exploração de mulheres e homens negros com a 
finalidade de manter o regime escravocrata, no qual a metrópole lucrava com 
a produção das colônias, e os atravessadores ganhavam com o lucro obtido 
na venda de escravos.
Entretanto, no dia a dia dos escravos também havia espaço para a 
troca de experiências e sociabilidade, seja com outros escravos que 
foram resgatados de áreas distintas, seja com os colonizadores, compondo, 
dessa forma, relações e experiências inéditas. Por isso, compreende-se que 
os escravos africanos tiveram que criar novas formas de viver, diferentes 
daquelas que estavam habituados em solo materno.
FFIQUEIQUE ATENTOATENTO
A transferência de escravos africanos para a América era realizada em 
navios negreiros ou tumbeiros, e esse processo demorava em torno de 50 dias. 
Ao chegarem ao seu destino, os escravos eram redistribuídos para as áreas 
que mais necessitavam da mão de obra; no Brasil, os rumos apontavam para 
as lavouras canavieiras do Nordeste brasileiro. Em outras situações, eram 
encaminhados para diversas regiões do mundo para servirem de moeda de 
troca nas transações comerciais. Ressalta-se que nocontinente americano a 
escravidão perdurou por aproximadamente quatro séculos.
126 CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS|
Quando falamos que cultura é toda produção humana material e 
espiritual, devemos ter em mente que produção material ou artefatos refere-se 
a casas, carros, pontes, ferramentas, roupas etc., por exemplo. E produção 
espiritual ou mentefatos, diz respeito a, por exemplo, costumes, tradições, 
normas, valores, fé, crenças, superstições, mitos e lendas.
Embora possuam conceitos distintos, não se pode separar um tipo de 
produção da outra. A construção de uma casa, escola ou de uma calça se 
faz a partir do que se acredita, daquilo que é tomado como valor em uma 
determinada sociedade e dentro das condições sócio-históricas de um dado 
período. Por exemplo, os cristãos católicos constroem seus templos ou 
igrejas a partir dos costumes e tradições cristãs, bem como com base nos 
dogmas que fundamentam a fé e doutrina católica. É impossível que uma 
igreja católica seja semelhante aos terreiros de candomblé, por exemplo.
LLINKINK WEBWEB
Para complementar nossos estudos, segue um link que auxiliará na 
composição do conhecimento sobre a formação da religião. Acesse: https://
bit.ly/3KyQwYb.
Se cultura envolve produção, logo se trata de um processo, já que 
expressa o movimento do homem para humanizar seu espaço. Tal movimento 
é, originariamente, impulsionado pelas necessidades primárias, que visam 
à manutenção da vida (saciar a fome, sede, frio etc.), mas engloba outro tipo 
de necessidade, tida como secundária, embora não menos importante, que 
diz respeito às relações de poder, às reflexões ética e estética e, no plano 
pessoal, à realização e busca pela felicidade.
Embora essas necessidades estejam divididas em primárias e 
secundárias, o homem moderno não consegue separá-las: para saciar a 
fome, quando possível, escolhe o alimento que lhe dá prazer; para se abrigar 
do frio, seleciona roupas que lhe agradem e respondam aos padrões de 
beleza vigentes.
CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS 127|
Uma vez que a cultura é fruto de um esforço coletivo, diversos são 
seus elementos condicionantes: geografia (clima, vegetação, relevo etc.), 
processos de colonização, religião, entre outros. No Brasil, é possível 
verificarmos diferenças culturais expressivas, tendo em vista que a ocupação 
do território foi, ao longo da história, bastante desordenada e com grande 
influência de milhões de imigrantes que se instalaram em terras brasileiras 
em diferentes períodos.
Por esse motivo, é fácil notarmos costumes muito próprios das pessoas 
do sul se compararmos com as do norte ou nordeste; enquanto os imigrantes 
alemães foram, quase todos, para o sul, o sudeste e parte do centro-oeste 
foram ocupados pelos bandeirantes que, na falência da exploração do ouro, 
criaram vilas e bairros nessas regiões, dando origem à população que mais 
tarde passamos a chamar de caipira.
6. A influênciA dA religiãO6. A influênciA dA religiãO
A Igreja Católica Apostólica Romana, fundamentalmente cristã, foi 
a instituição mais poderosa durante toda a Idade Média, cuja religiosidade 
foi dominante neste período. Esse poder foi construído por meio de um longo 
e doloroso processo de perseguições, conquistas e alianças, que teve seu 
início quando Jesus Cristo foi condenado à morte na cruz, tipo de execução 
muito comum na época. A partir desse fato, nasceram comunidades cristãs 
que foram perseguidas e executadas através de espetáculos encenados 
no Coliseu. Quase três séculos depois da morte de Cristo, no ano 313, o 
imperador Constantino, por meio de um documento conhecido como Édito de 
Milão, decretou a liberdade religiosa, pondo fim à perseguição aos cristãos. 
Em 27 de fevereiro de 380, o imperador bizantino Teodósio decretou, por 
meio do Édito de Tessalônica, que o cristianismo era a religião oficial do 
Império Romano, passando a punir a prática de cultos pagãos.
O cristianismo se organizou por meio dos Concílios, que eram 
assembleias que reuniam líderes cristãos de diversas regiões para discutirem 
a configuração do seu corpo dogmático, isto é, das verdades de fé que 
comporiam sua doutrina. Entre os Concílios mais conhecidos, podemos 
enfatizar o Concílio de Trento, realizado entre 1545 e 1563. É nele que 
se afirma o caráter universal da Igreja, por isso “Católica”, e sua herança 
direta dos apóstolos, daí “Apostólica”, além do reconhecimento da autoridade 
máxima do papa (o qual tem sua sede em Roma, daí o nome oficial Igreja 
Católica Apostólica Romana).
128 CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS|
Em relação ao Brasil, podemos dizer que é essencial que o Estado 
garanta direitos à liberdade de crença e seu exercício. Muito disso se deve 
não somente à multiplicidade cultural e religiosa que identificamos na 
atualidade, mas também à própria formação cultural heterogênea de nosso 
país. Lembremos que o Brasil, desde sua formação como país colônia, 
apresenta um mapa religioso diversificado. Em princípio, quando tratamos 
de cultura brasileira, é necessário retomar essa diversidade original: povos 
indígenas, africanos e colonizadores portugueses. Posteriormente, com a 
chegada dos imigrantes europeus e orientais, essa diversidade se acentuou 
ainda mais.
Em relação à matriz africana, Prandi (1998) explica que a formação 
das religiões afro-brasileiras envolve as crenças dos africanos trazidos na 
diáspora, as relações e hierarquias sociais já existentes no Brasil e a relação 
com as demais crenças e religiões. Segundo o autor, podemos separar o 
processo de formação dessas religiões em três momentos: sincretização, 
branqueamento e africanização.
A sincretização ocorreu a partir da chegada dos africanos 
escravizados no Brasil, formando religiões e práticas a partir do sincretismo 
com o catolicismo imposto a eles e a religiões indígenas.
Africanizar não significa propriamente viver como os africanos. Trata-
se de valorizar o simbolismo próprio do candomblé, legitimá-lo como religião, 
recuperar sua autonomia em relação ao catolicismo etc. Em todo esse 
processo, a religião também passa por transformações, altera-se, mas se 
legitima como religião, elemento e patrimônio cultural brasileiro (LIMA, 2003).
As religiões de matriz oriental, por sua vez, são bastante numerosas 
e incluem algumas das mais antigas que se têm registro, como o hinduísmo, 
o budismo, o confucionismo, além de outras denominadas “novas religiões” 
orientais, como a messiânica, a seicho-no-iê, a perfeita liberdade e a tenrikyo.
O fluxo migratório das populações orientais define, em grande 
medida, a expansão dessas religiões no Brasil. As imigrações de 
japoneses ao Brasil, que começaram oficialmente em 1908 e findaram 
aproximadamente após a Segunda Guerra Mundial, trouxeram diversas 
religiões e influências religiosas.
As quatro matrizes brasileiras já demonstram por si só a diversidade 
religiosa no país. Neste tópico, não pretendemos esgotar a descrição de cada 
uma delas, em vista do número de religiões, da diversidade cultural (que se 
reflete na religiosa) e da singularidade de crenças de determinados povos.
CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS 129|
Essa constatação, possível graças às ciências das religiões, permite 
identificar em diversas religiões fenômenos individuais e sociais semelhantes, 
a ideia de um sagrado, rituais, cultos, celebrações, instituições que acolhem 
seus membros, além do uso de utensílios e instrumentos simbólicos. Essas 
semelhanças, de acordo com Quintaneiro (2002), evidenciam a necessidade 
de institucionalização das práticas religiosas como forma de reconhecimento 
e dignificação de suas existências em uma sociedade. Por mais que cada 
religião seja singular em sua formação histórica e cultural, elas se equiparam 
frente à necessidade de garantias e direitos constitucionais. Ao garantir a 
existência de crenças antagônicas, o Estado passa a reconhecer de forma 
pública a legitimidade dessas instituições religiosas e, por sua vez, promove 
a diversidade cultural.7. Os pOvOs indígenAs7. Os pOvOs indígenAs
Os indígenas que habitavam o Brasil no início da colonização 
basicamente viviam da pesca, da caça e da criação de animais. A agricultura, 
que também era uma forma de sobrevivência, acontecia por meio de 
queimadas e da derrubada de árvores com o intuito de se ter um solo propício 
para o plantio, por exemplo, de milho e abóbora.
Os primeiros habitantes dessa terra chamada Brasil foram os indígenas, 
que aqui estavam quando os europeus aportaram com suas navegações e 
seu ímpeto colonizador. Esses mesmos europeus, confundindo os nativos 
com os habitantes das Índias, denominaram-nos “índios”, povo que tinha, e 
segue tendo, vasta e variada religiosidade.
Figura 04: Os povos indígenas brasileiros são compostos por grande 
número de grupos étnicos habitando o país há milênios.
Fonte: https://bit.ly/3tVr2yg.
130 CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS|
Esses povos, em pleno século XXI, continuam sofrendo pelas mesmas 
razões dos tempos coloniais: expropriação de terras, corpos e mentes. É 
urgente, entre muitos outros esforços que precisam ser feitos, entender e 
preservar as populações, culturas e religiosidades indígenas com base em 
compreensão, respeito e tolerância.
Havia condutas sociais entre as tribos indígenas. Dessa forma, 
o contato entre duas tribos ocorria quando entravam em guerras, em 
celebrações e em cerimônias, como casamento e enterro, e também quando 
desejavam realizar alianças com outras tribos.
Em todas as tribos havia a crença em espíritos antepassados e 
no poder da natureza em suas vidas. Diante disso, muitas celebrações 
eram realizadas, tendo em vista a expressividade de deuses que eram 
reverenciados. O conhecimento, que passava de geração para geração, era 
transmitido pelo pajé, o qual tinha a função e a responsabilidade de transmitir 
as informações e os conhecimentos para a comunidade indígena.
A valorização dos povos indígenas nos tempos atuais melhorou muito 
em relação a tempos atrás, seja esse reconhecimento feito pelos governos 
centrais, seja pela comunidade internacional. Gradativamente, líderes de 
tribos indígenas estão assumindo cargos políticos, avanço significativo para a 
conquista de novos direitos e consolidação dos que já foram instituídos. Nesse 
caminho, abre-se espaço para a disseminação da diversidade cultural, tão 
característica dos povos indígenas e da sociedade brasileira, ressalvando-
se que, por um longo período, o poder hegemônico buscava silenciá-los e 
extingui-los.
Por lei, foram garantidos direitos aos povos indígenas que versam 
sobre o domínio do território em que habitam, ou a interferência de empresas 
e entes governamentais que queiram usufruir dos recursos naturais que o 
seu território possui, assim como o poder de decisão sobre suas convicções 
políticas, identitárias e religiosas.
As ações afirmativas são estratégias planejadas pela iniciativa pública 
ou privada, podendo ser permanentes ou temporárias e com a finalidade de 
reparar as desigualdades que foram construídas historicamente dentro de 
uma sociedade específica. Nesse caso, são verificadas as desvantagens e a 
falta de oportunidades destinadas a um grupo social ou racial em comparação 
com os demais grupos que compõem a mesma sociedade, sendo instituídas 
CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS 131|
ações que possam promover e/ou facilitar o ingresso desses grupos 
marginalizados a determinados espaços (universidades, concursos públicos, 
carreira jurídica, entre outros).
Apesar do reconhecimento da importância das ações afirmativas 
no processo de inclusão e no combate à falta de oportunidades, que 
consequentemente gera desigualdades em todos os níveis da sociedade, 
salienta-se que uma sociedade ideal seria a que todos os cidadãos possuíssem 
meios que os possibilitassem disputar as vagas e as oportunidades sem a 
prerrogativa de cotas, sejam elas sociais ou raciais.
No Brasil, essa intolerância com as religiões indígenas retrata a 
violência histórica contra as populações ameríndias, principalmente por 
conta das distintas compreensões de mundo — indígena e europeia — 
quanto ao uso da terra, carregadas do sentido de sacralidade na cosmologia 
indígena, não compreendida pelo branco europeu imperialista católico e 
colonizador.
Conforme Lima (2000), existiam dois grandes troncos linguísticos no 
Brasil — Tupi e Macro-Jê — e, ainda, outras 19 famílias linguísticas: Aikará, 
Arawá, Arúak, Guaikuru, Iranxe, Jabuti, Kanoê, Karib, Katukina, Koazá, Máku, 
Makú, Mura, Nanambikwára, Pano, Trumái, Tikúna, Tukano, Txapakúra e 
Yanomami.
No litoral brasileiro, conforme Martins (2006), estavam os grupos 
nativos do tronco Tupi, como os caetés, potiguares, tabajaras, tamoios, 
tupinambás, tupiniquins, entre outros. No interior do país, estavam os 
tapuias, denominação dada pelos tupi aos não tupi (que não falavam a 
mesma língua), similar a “bárbaro”, na língua tupi. Os nativos tapuias viviam 
em número reduzido no litoral e falavam as línguas do tronco Macro-Jê. 
Tupi-tapuias foi o binômio que os europeus encontraram para denominar os 
nativos ameríndios, como já mencionado, sendo um reducionismo de toda 
diversidade de tribos e línguas ameríndias.
Para compreender a cosmologia, as crenças, os símbolos e os ritos 
religiosos ameríndios, é preciso entender que não há separação entre o 
cotidiano dessa população e sua religiosidade. Aliás, a própria concretude 
da vida ameríndia está diretamente relacionada às suas crenças, que não 
eram escritas, mas transmitidas oralmente. Parte essencial dessas crenças 
está ligada à sacralidade da terra e, por isso, sua luta até hoje para continuar 
em suas terras de origem.
132 CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS|
Na cosmologia Tupinambá, os mortos não permaneciam no local da 
sepultura, e havia o temor de que não se movessem; portanto, era comum 
que os entes perguntassem nas sepulturas se seus mortos já se haviam ido 
do local do sepultamento, portanto, não era levado em conta.
O cristianismo que emerge da sociedade medieval tem, em seu 
bojo, a construção de uma sociedade perfeita cujo modelo é imposto por ela 
mesma como o único modo de vida universalmente aceitável, por isso, todas 
as outras expressões religiosas são consideradas imperfeitas. Pautados 
na ideologia da verdade obrigatória, os jesuítas passam a anunciar o 
cristianismo, constrangendo as pessoas a aderirem a essa prática.
As violências pelas quais os povos ameríndios passaram foram 
realizadas com o uso das mesmas armas e estratégias de guerra pelas quais 
os espanhóis reconquistaram suas terras dos muçulmanos. Portanto, houve 
uma invasão europeia em territórios ameríndios que foram dominados 
pela força ou pela “diplomacia” violência não física religiosa jesuíta, que 
surrupiava suas terras, culturas, mentes e almas. Os ameríndios, assim, 
foram manipulados pelos interesses da coroa portuguesa e da cruz católica.
Sem diálogo, o encontro religioso foi traumático para os ameríndios, 
catapultando um genocídio que exterminou mais de 70 milhões deles 
em todo o novo velho continente. No Brasil, mais de cinco milhões foram 
assassinados pela máquina repressora colonial, pela imposição da cultura 
ibérica sobre a ameríndia, cuja religião nativa estava sofrendo uma tentativa 
de ser substituída pela religião ibérica.
8. A revOluçãO digitAl8. A revOluçãO digitAl
O avanço da tecnologia, somado ao da internet, contribuiu e ainda 
contribui para uma transformação social. Foi a partir dele que se sucedeu a 
concepção da globalização, da sociedade da informação, do ciberespaço e da 
cibercultura. Hoje, as fronteiras geográficas são praticamente inexistentes no 
contexto do mundo digital. É totalmente possível acessar um site de compras 
chinês do Brasil, por exemplo, e efetuar um pedido. E mais, esse pedido pode 
ser entregue tanto na minha residência, quanto na de um amigo que resida 
na Espanha, caso eu queira presenteá-lo.
CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS 133|
O website ou site corporativo é o cartãode visita e a porta de entrada 
da empresa no ambiente digital. É importante garantir que o usuário tenha 
uma boa experiência e percepção ou compreensão de sua marca com a 
plataforma. Para atingir esse objetivo, os desenvolvedores e profissionais de 
marketing utilizam uma técnica chamada user story, que nada mais é do 
que um documento que propõe as funcionalidades que a página precisa ter 
para atender as necessidades do usuário, do webmaster (profissional que 
gerencia o projeto de desenvolvimento da página) e os objetivos do negócio.
A partir da elaboração do user story é possível estabelecer a aplicação 
estratégica da página, ou seja, é possível definir o tipo de site corporativo que 
será construído.
O e-commerce não é uma loja virtual, pois loja virtual é apenas um 
dos canais possíveis para o comércio eletrônico acontecer. Essa transação 
pode ocorrer em diversos canais digitais, como redes sociais, marketplace, 
aplicativos, comparadores de preços, e-mail marketing, entre outros. Ainda 
é possível que o cliente inicie sua jornada de consumo em meios impressos 
e eletrônicos, como revistas, rádio e TV, e a finalize nos canais digitais. Um 
exemplo muito comum dessa prática é a utilização de cupons oferecidos por 
esses meios que, se inseridos nas páginas de carrinho das lojas virtuais, 
concedem ao consumidor um percentual de desconto em seu pedido.
Figura 05: A revolução digital é também conhecida como a Terceira 
Revolução Industrial e se refere ao desenvolvimento da eletrônica digital.
Fonte: https://bit.ly/3rJMMu8.
134 CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS|
Podemos, assim, pensar no e-commerce como uma estratégia 
de vendas alinhada às plataformas digitais, que apresenta algumas 
vantagens. Por exemplo, o negócio estará à disposição do cliente 24 horas 
por dia. Além de oferecer este conforto, o comércio eletrônico viabiliza 
também a opção de o cliente não apenas efetuar o pedido on-line, mas 
também recebê-lo em sua residência.
O ambiente digital fornece ao consumidor a possibilidade de 
acesso a mais informações sobre o produto e a empresa. Os comentários 
e depoimentos de outros usuários presentes na plataforma podem 
estimular a venda. Além disso, oferecem a possibilidade de um menor 
custo operacional, uma vez que permite à marca exercer o seu negócio 
sem a necessidade de investir em uma loja física, e, assim, economizar 
com aluguel, contas fixas e vendedores.
Ao utilizar os canais digitais, a marca pode aprimorar o seu 
relacionamento com os clientes. Isso porque as mídias digitais possibilitam 
uma divulgação mais assertiva, rápida e de menor investimento em 
comparação aos demais meios de comunicação.
Ademais, as ferramentas de mensuração disponíveis fornecem dados 
estatísticos capazes de guiar, adaptar ou corrigir as estratégias de marketing 
e comunicação que estão em andamento, além de serem úteis para o 
conhecimento dos interesses e dos comportamentos dos consumidores.
Por outro lado, apresenta como uma das desvantagens o receio de 
algumas pessoas em fornecer seus dados pessoais em um cadastro on-line 
ou número e senha do seu cartão de crédito.
O consumidor também tem mais acesso às informações do produto 
oferecido pela empresa e dos concorrentes. É possível que ele compare a 
qualidade do atendimento, as informações específicas do produto desejado e 
os preços ofertados pelo mercado.
Além disso, o prazo para o recebimento do pedido pode ser longo, 
visto que este possui alterações de acordo com o tipo de frete escolhido.
Marketplaces são também um tipo de e-commerce. Entretanto, 
possuem especificidades em relação aos modelos anteriores. O marketplace 
é uma espécie de shopping virtual, um modelo de negócio que engloba a 
oferta de diferentes lojas virtuais, além de unificar a experiência de compra, 
CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS 135|
o carrinho e até mesmo a entrega dos produtos. Também é possível que 
a marca do próprio marketplace possua uma categoria exclusiva para 
disponibilizar produtos próprios. Quando isso acontece, denominamos de 
marketplace híbrido.
É perceptível que os marketplaces, por disponibilizarem uma maior 
variedade de produtos em um único canal, concedem uma experiência de 
compra mais completa ao usuário. Para as marcas, eles assumem algumas 
funções, como gestão das vendas, atendimento ao consumidor, controle de 
logística, pagamentos e até mesmo marketing para as lojas virtuais que os 
integram.
Merchandising é um termo com muitos significados, e o mais 
comumente utilizado é a estratégia de marketing, que visa adequar o produto 
e o mercado consumidor; a criação, a produção e a alocação de peças e 
materiais de pontos de vendas; e a exibição de uma marca em programas de 
entretenimento em qualquer meio, dentro ou não de um contexto de consumo.
Esta técnica é também conhecida como merchandising editorial 
ou tie-in. O tie-in foi bastante utilizado durante o período de quarentena e 
isolamento social imposto por conta da pandemia Covid-19, e vários artistas 
se apresentaram ao vivo utilizando plataformas como YouTube ou mesmo 
canais de televisão comerciais, as chamadas “lives”. 
Essas apresentações eram realizadas nas casas dos artistas e contava 
com o apoio de marcas que compraram o espaço publicitário disponível de 
maneira mecânica, como na aplicação de caracteres digitais na tela, ou 
orgânica, como nos momentos em que o artista consumia o produto, como 
água ou cerveja.
O marketing promocional é o alinhamento de estratégias de promoção 
de vendas, merchandising e demais ferramentas de comunicação disponíveis. 
Para que uma organização consiga utilizar as possibilidades do marketing 
promocional adequadamente, ela deve se planejar antecipadamente e utilizar 
um calendário promocional, visando datas estratégicas e sazonalidade dos 
produtos, além de se preocupar com a questão ética.
O marketing direto é uma ferramenta mais barata para atingir um 
grande público de maneira personalizada, como as malas diretas por correio 
ou por e-mail. O telemarketing também é uma ferramenta muito utilizada 
para este fim, embora seja considerado extremamente invasivo.
136 CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS|
A comunicação no marketing direto é direta e seu objetivo principal é 
converter o contato em aceitação. A vantagem de utilizá-lo é que o retorno do 
esforço aplicado nesse meio é facilmente verificável.
A televisão é responsável por explorar a visão e a audição, oferecendo 
um sentimento de realidade e proximidade. Dessa forma, o público tende a 
uma certa passividade em relação a esse meio, o que justifica os longos 
intervalos comerciais na programação. Sua veiculação é cara, assim como a 
produção de um bom comercial.
Já o rádio explora a sensação auditiva exclusivamente, o que é 
feito por meio da música, sonorização, narrações marcantes e textos 
chamativos. O rádio tem a vantagem de amplo alcance da população, pois 
pode ser acessado por diversas plataformas, como o aparelho de rádio 
propriamente dito, pelo aparelho celular, pelo site da emissora etc.; tem 
baixo custo de investimento na produção e é uma mídia mais acessível no 
que tange à veiculação; e permite agilidade para modificar o anúncio em 
caso de algum imprevisto.
O comportamento do consumidor digital se pauta na preocupação 
com o atendimento, com a experiência do consumo e com a exclusividade 
do produto, utilizando as redes como fonte de pesquisas prévias às compras. 
O consumidor digital pode ser um representante ou um defensor das marcas 
que ele confia, dentro dos ambientes virtuais. Essa é a etapa final da jornada 
do consumidor, que ele começa com o conhecimento do produto, passa pela 
pesquisa com outras pessoas e in loco, e segue até a compra e a satisfação 
com a aquisição, que pode se tornar lealdade à marca.
O mix da comunicação digital, prevê a gestão da mídia própria, 
com sites e perfis nas redes sociais; da mídia paga, com links patrocinados 
e influenciadores digitais; e do acompanhamento da mídia espontânea 
commenções e respostas às postagens. Assim, o uso de redes sociais é 
fundamental para se manter conectado com os clientes e prospects.
A comunicação permeia todas as nossas interações humanas, e a 
capacidade de se comunicar bem é desejável para os profissionais de todas 
as formações acadêmicas. O processo de comunicação parece bastante 
simples, afinal nos comunicamos em várias situações do cotidiano. Mas, na 
realidade, esse é um processo muito complexo que envolve uma infinidade 
de pessoas e ferramentas. 
CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS 137|
Por isso, é importante estudar os processos de comunicação, 
como ocorrem e quem são os atores participantes. Da mesma forma, é 
fundamental entender a segmentação diferente de públicos, de acordo com 
os interesses mútuos entre eles e as organizações, além dos objetivos do 
planejamento de comunicação. Assim, diante deste cenário, surge a seguinte 
questão: no cotidiano, em quais situações podemos identificar os processos 
comunicacionais?
A comunicação possibilita a nossa inserção no mundo e, como 
consequência, a compreensão deste. Existem diversas formas de 
comunicação, e ao longo da vida vamos adquirindo repertório para entender 
todas elas.
A natureza da comunicação é o relacionamento humano. A 
comunicação se origina nas mais distantes formações sociais humanas, 
e vem mudando conforme a sociedade evolui. Temos a comunicação 
verbal, escrita e falada, e a comunicação não verbal, composta por 
gestos, cores, símbolos etc. Para entender profundamente ambas, deve-
se entender o arcabouço cultural e comportamental da sociedade em que 
estão sendo utilizadas.
O mundo digital gera grande impacto sobre a sociedade, em âmbito 
geral. É evidente que as tecnologias digitais estão cada vez mais presentes 
na vida humana e é inegável sua influência na maneira como vivemos e 
interagimos com o mundo. Entretanto, onde tudo isso começou? 
Para contextualizar o tema e conhecer as possibilidades do marketing 
digital, é necessário antes compreender como o marketing e a tecnologia 
contribuíram para seu mútuo desenvolvimento. O principal ponto de 
convergência entre marketing e tecnologia, e que ampliou os horizontes do 
marketing, foi a evolução das mídias, da mesma forma que o uso dessas 
mídias pelo marketing contribuiu para financiar as mudanças e avanços 
tecnológicos que ocorreram nas próprias mídias.
No e-mail marketing, ainda que ele precise ter uma diagramação 
de qualidade, não há a necessidade de imprimi-lo, com isso, não temos os 
custos individuais de impressão e entrega. Podemos ter um custo ínfimo para 
manter um sistema que faça esses envios, porém, o diferencial competitivo é 
a inteligência no uso da tecnologia utilizada para a realização desse serviço. 
Essa inteligência pode estar na escolha dentro do cadastro de clientes 
verificando para quais deles deve-se enviar essa mala direta.
138 CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS|
CCURIOSIDADEURIOSIDADE
É possível ser ainda mais específico quando personalizamos esses 
e-mails, pois não precisamos mais criar um folheto igual para todos os clientes. 
Na verdade, podemos identificar quais são os interesses de cada tipo de 
cliente, de acordo com o público-alvo da empresa e segmento, e levar em 
conta informações, como quais foram os produtos que eles visitaram na loja 
virtual da empresa, para só então criar critérios de envio periódico de ofertas 
personalizadas, que contenham produtos pelos quais os clientes realmente 
já demonstraram interesse, mesclados com outros produtos que a empresa 
deseje divulgar.
Obviamente, também é necessário ter cuidado para não enviar e-mails 
muito frequentes, além de sempre oferecer uma forma simples de o cliente 
optar por não receber mais os e-mails, se assim desejar.
As tecnologias digitais também podem oferecer outras vantagens 
relativas à economia de custos, pois simplificam as comunicações, 
eximem a empresa da necessidade de ter uma loja física e permitem 
autoatendimento e personalização do produto, e tudo isso sem que sejam 
necessários vendedores, consultores, ou seja, o cliente acaba tendo mais 
liberdade de escolha.
Atualmente, pela internet, conseguimos personalizar até um carro novo, 
escolhendo seu modelo, cor e acessórios. Essas opções são oferecidas por 
meio de sistemas de informação, e é importante frisar que, nesses casos, 
a empresa não está aumentando suas despesas, ela está disponibilizando 
aos clientes novas opções, de forma criativa e combinando as tecnologias 
em uso.
A ameaça de novos entrantes (concorrentes) é a verificação dos 
requisitos para que um novo operador inicie suas atividades em um setor. 
Usando exemplos extremos, para criar uma empresa de desenvolvimento de 
CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS 139|
softwares, seria necessário apenas contratar colaboradores capacitados, mas, 
para criar uma empresa de petróleo, os investimentos seriam monstruosos, 
considerando equipamentos e demais recursos e a legislação muito mais 
rigorosa.
O poder de negociação dos compradores diz respeito às informações 
que os compradores têm para escolher um produto. Os fornecedores exercem 
seu poder de negociação ao terem outros fornecedores para comparar os 
valores que conseguem pelos seus produtos.
A ameaça de produtos ou serviços substitutos serve para analisar 
a obsolescência, ou seja, o quanto o produto pode estar desatualizado em 
relação às outras opções disponíveis no mercado, ou mesmo se o nosso 
produto pode deixar de existir, pois alguma outra solução melhor pode torná-
lo defasado.
A rivalidade entre as empresas existentes é o fator que indica 
a disposição das empresas do mesmo setor, concorrentes diretos, em 
estratégias agressivas, como a redução de suas margens de lucro para 
conquistar mercados.
PPRATIQUERATIQUE
1. O que motivou a antropologia cultural?
2. Como a religião influencia na formação do Homem? Explique.
140 CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS|
3. Defina e dê um exemplo sobre a teoria evolucionista.
4. Por que a desigualdade social influencia tanto na cultura? Justifique.
5. A cultura é um fator social? Justifique.
6. Qual o papel da arte nos dias de hoje?
7. A criação da arte é uma partilha do conhecimento humano? Justifique.
8. As crenças podem descrever uma sociedade? Justifique.
CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS 141|
9. Qual a participação dos povos indígenas na formação da sociedade?
10. Qual a função do mundo digital para a formação da sociedade? Exemplifique. 
RRELEMBREELEMBRE
Chegamos ao fim da discussão a respeito da arte e de sua história, mas, 
sobretudo, dos conceitos relacionados ao início das primeiras formas artísticas. 
Assim, após essa leitura, é possível responder ao seguinte questionamento: 
o que proporcionou o surgimento das primeiras manifestações artísticas? No 
percurso feito para se chegar a essa resposta, verificamos que, para definir o 
que é arte, não foi possível encontrar um consenso, pois esse conceito abrange 
ideais culturais, tanto daqueles que promovem a arte quanto daqueles que a 
consomem.
Vimos que a arte é real, pois é uma atividade prática do ser humano, 
com objetivos, significados, e que é capaz de despertar sentimentos. É uma 
atividade tão importante para o homem que está presente desde o surgimento 
dele no planeta. É, justamente, esse conjunto de fatores e sentidos envolvidos 
em uma criação que confere a uma representação o status de arte e torna 
seu autor um artista.
142 CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS|
A fim de propiciar cientificidade a esse aspecto, há a estética, área de 
estudos voltada para a análise do que é ou não arte, quais são seus estilos 
e fundamentos. Embora a estética também não tenha uma definição objetiva 
em relação ao modelo ideal para análise das artes, ela evidencia que a arte, 
e mesmo a estética, não se resumem a um ideal de beleza.
Assim, chegamos aos primórdios da arte, percebendo que o homem, 
como ser vivente, contendo objetivos práticos e emocionais,passou a 
desenvolver artefatos que o auxiliavam a sobreviver tanto em um mundo 
objetivo quanto subjetivo. Esses objetivos (que, em linhas gerais, referem-se à 
satisfação das necessidades básicas ou ao aperfeiçoamento do desempenho 
dessas necessidades) são frutos de suas relações socioculturais, desenvolvidas 
em um determinado contexto, e do que, de maneira subjetiva, constituía os 
modos de ser, pensar e agir desse homem em relação ao mundo.
Vimos ainda sobre produtos digitais, estes, depois de disponível nas 
plataformas de comércio eletrônico, não necessitam de nenhuma despesa 
adicional para chegar até o cliente, não é necessário planejar uma tiragem de 
cópias, imprimir os encartes e transportar para montar os estoques nas lojas, 
é só esperar o cliente comprar a música, por exemplo. O ambiente digital é 
propício para ações de marketing, pois, em vez de investir em estoque de 
produtos acabados e em transporte, é possível investir em fatores relacionados 
diretamente com a divulgação ou promoção dos objetos digitais (filmes, 
músicas, softwares) que estão sendo comercializados.
Mas todas essas potencialidades trazidas pelas novas tecnologias 
trazem também um aumento na rivalidade entre as empresas. Assim como o 
cliente pode comparar os preços, as características dos produtos e serviços 
e ter acesso a avaliações on-line sobre atendimento, reputação da empresa 
e reclamações, os concorrentes podem também ter acesso a essas mesmas 
informações e podem, inclusive, utilizá-las estrategicamente, seja para ajudar 
a formar os seus preços ou para decidir quais diferenciais utilizarão e como 
atenderão aos seus clientes.
CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS 143|
RREFERÊNCIASEFERÊNCIAS
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