Buscar

Revisaodpero

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 185 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 185 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 185 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Revisão de véspera de prova – Concurso de Defensor Público de Rondônia 2023 
P
ág
in
a1
 
 
 
 REVISÃO PARA O CONCURSO DE 
DEFENSOR PÚBLICO DE RONDÔNIA 
 
Prof. Márcio André Lopes Cavalcante 
www.dizerodireito.com.br 
 
 
DIREITOS HUMANOS 
 
Olá, Futuros Defensores e Futuras Defensoras, 
 
Tudo bem? 
 
Aqui é o Prof. Filippe Augusto, autor do Manual de Humanística, publicado pela 
editora JusPodivm, na coleção do Dizer o Direito, coordenada pelo nosso querido Prof. 
Márcio. Sou Mestre e Doutor em Direito, Defensor Público Federal e Professor do Ouse 
Saber Curso Preparatório para Concursos. 
 
Fiquei muito feliz com o convite do Prof. Márcio para contribuir com dicas de 
Direitos Humanos e Noções Gerais de Direito e Formação Humanística nas revisões finais para 
concursos. É uma honra fazer parte do time Dizer o Direito e contribuir com os sonhos de 
vocês. 
 
Se você quiser me acompanhar nas redes sociais e demais plataformas, 
recebendo muitas dicas de Direitos Humanos, Humanística e demais matérias que trabalho, 
meus contatos são: 
 
Ig - @proffilippeaugusto e @ousesaber 
Telegram - t.me/humanistica 
Site - www.ousesaber.com.br 
Youtube - Humanisticamente 
Agregadores de Podcast – Humanisticamente 
 
Sem mais demora, vamos às nossas dicas finais de Direitos Humanos para 
DPE/RO: 
 
Fundamentação dos Direitos Humanos (Ponto 1.1) 
 
A teorias fundamentadoras dos direitos humanos são as concepções ou 
correntes filosóficas que buscam explicar a origem e o fundamento de existência dos 
Direitos Humanos, bem como de sua aplicabilidade ou exigibilidade. 
 
 
 
www.dizerodireito.com.br 
P
ág
in
a2
 
Segundo André de Carvalho Ramos1, as teorias fundamentadoras dos direitos 
humanos são as seguintes: 
 
i) Jusnaturalista - Defende a existência de direitos anteriores ao próprio Estado e 
ao direito positivo. Tem origem na Grécia Antiga, com os filósofos do período clássico. A 
grande característica desta linha de fundamentação é o forte caráter metafísico, pois 
defende a existência de um direito anterior e superior à positividade estatal, ou seja, sua 
fundamentação é baseada na compreensão do que seria um direito ideal. 
 
Existem duas linhas do direito natural: 
 
i.i) Teológica – esta linha teórica defende que os direitos naturais do ser humano 
foram conferidos por Deus. As pessoas teriam direito por serem filhos de Deus ou por uma 
concessão divina; 
i.ii) Racional - no século XVII, Hugo Grotius ressaltou que mesmo se Deus não 
existisse, o homem ainda seria titular de direitos naturais, pela sua própria condição 
humana. Este pensamento dá início à linha racionalista do Jusnaturalismo. A simples 
condição humana seria suficiente para o reconhecimento de direitos naturais à pessoa. 
 
ii) Juspositivista - Os direitos humanos seriam exigíveis por estarem 
consagrados em documentos jurídicos internacionais. A fundamentação juspositivista 
também possui dois subespécies. 
 
ii.i) Nacional - os direitos humanos seriam exigíveis por estarem positivados em 
documentos jurídicos no plano nacional, editados conforme as regras estabelecidas por 
uma Constituição; 
ii.ii) Internacional - os direitos humanos seriam exigíveis por estarem 
positivados em Tratados Internacionais de Direitos Humanos. 
 
Conforme leciona André de Carvalho Ramos, com o nazismo, restou 
demonstrado o fracasso do positivismo nacionalista, pois, infelizmente, o âmbito nacional 
está mais suscetível à cooptação por movimentos totalitários e contrários aos direitos 
humanos2. 
 
iii) Utilitarismo - Trata-se de corrente consequencialista. Substitui a moral 
axiológica por uma moral quantitativa. Entende que o certo a ser feito é o que beneficia a 
maioria da população. Assim, a avaliação de uma determinada conduta será pautada por 
suas circunstâncias e consequências, e não pelo reconhecimento de direitos. O problema 
desta vertente é que admite sacrifícios individuais em prol dos interesses da maioria, 
podendo servir à propósitos totalitários. 
 
iv) Socialista – Baseada na concepção marxista, entende que os direitos 
humanos não passam de mistificação, desconfiando que esses direitos não passam de uma 
retórica para defender o modo de produção do sistema capitalista. 
 
1 RAMOS, André de Carvalho. Curso de Direitos Humanos. 4ª edição. São Paulo: Saraiva, 2017. P. 86. 
2 Idem. Ibidem. 
 
www.dizerodireito.com.br 
P
ág
in
a3
 
 
 
Força Normativa da Declaração Universal de Direitos Humanos (DUDH) 
(Ponto 5/22.2) 
 
A Declaração Universal de Direitos Humanos (DUDH) tem força normativa de 
documento jurídico de hard law. 
 
 
A Carta de São Francisco de 1945, documento institutivo da ONU, não elencou 
um rol de direitos humanos considerados essenciais. Tal função ficou a cargo de 
documento editado posteriormente, o qual veio a ser a Declaração Universal de Direitos 
Humanos (DUDH). 
 
A DUDH foi aprovada em 1948 sob a forma de Resolução da Assembleia Geral 
da ONU, contendo rol expresso de direitos humanos aplicáveis a todos os países que fazem 
parte da Organização. 
 
A DUDH é considerada um documento paradigmático na proteção internacional 
de direitos humanos, servindo de fundamento para a elaboração de outros documentos em 
âmbito internacional e nas ordens jurídicas locais. 
 
No âmbito do Direito Internacional, existe uma distinção entre os tratados e as 
declarações. Em regra, os tratados são documentos jurídicos com força cogente (hard law), 
enquanto as declarações são recomendações sem força impositiva (soft law). 
 
Existem três correntes que abordam a questão: 
 
i) “Hard law” - por ser interpretação autêntica dos direitos humanos. Adotada 
por Fábio Konder Comparato. Apesar de ter nascido resolução, a declaração é um vetor da 
interpretação autêntica dos direitos humanos e por isso deve ter caráter impositivo. 
 
ii) “Hard law” - por revelar costume internacional na seara dos direitos 
humanos. Adotada por André de Carvalho Ramos e Flávia Piovesan. Representa a 
manifestação dos costumes internacionais (fonte do direito internacional), motivo pelo qual 
goza de caráter impositivo. 
 
iii) “Soft law” - por ser mera resolução, sem caráter de norma cogente. 
Entendimento minoritário na doutrina de Direito Internacional. A Declaração teria apenas a 
função de orientar a ação futura dos Estados, sem força vinculante. 
 
Prevalece na doutrina especializada, portanto, que a Declaração Universal possui 
caráter vinculante (hard law), ainda que seja considerada formalmente uma resolução, e não 
um tratado. 
 
 
 
www.dizerodireito.com.br 
P
ág
in
a4
 
Alguns direitos previstos na Declaração Universal de Direitos Humanos 
(DUDH) (Ponto 22.2) 
Na Declaração Universal de Direitos Humanos (DUDH), há direitos Civis e 
Políticos previstos do Art. 2º ao 21 e direitos econômicos sociais e culturais estão 
previstos do Art. 22 ao 27. É muito comum em prova buscar o conhecimento dos direitos 
previstos na DUDH. Aqui serão ressaltados alguns que, em tese, possuem mais 
possibilidade de aparecer na prova, mas recomendo a leitura de toda a DUDH. 
 
 
Eis os direitos previstos na DUDH que considero com maior 
possibilidade de aparecerem em sua prova: 
 
Artigo 1 
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e 
direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos 
outros com espírito de fraternidade. 
 
Artigo 2 
1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as 
liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, 
seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, 
origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. 
2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição 
política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma 
pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela, sem governo 
próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania. 
 
Artigo 3 
Todo ser humanotem direito à vida, à liberdade e à segurança 
pessoal. 
 
Artigo 4 
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e 
o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas. 
 
Artigo 5 
Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo 
cruel, desumano ou degradante. 
 
Artigo 6 
Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, 
reconhecido como pessoa perante a lei. 
 
Artigo 7 
Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer 
distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra 
qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer 
 
www.dizerodireito.com.br 
P
ág
in
a5
 
incitamento a tal discriminação. 
 
Artigo 8 
Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais 
competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos 
fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei. 
 
Artigo 9 
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado. 
 
Artigo 10 
Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa e 
pública audiência por parte de um tribunal independente e imparcial, para 
decidir seus direitos e deveres ou fundamento de qualquer acusação criminal 
contra ele. 
 
Artigo 11 
1.Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de 
ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de 
acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas 
todas as garantias necessárias à sua defesa. 
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, 
no momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou 
internacional. Também não será imposta pena mais forte de que aquela que, 
no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso. 
 
Os artigos 2 e 11 parecem especialmente propícios para cair em 
prova. 
 
 
Interpretação dos Tratados Internacionais de Direitos Humanos (Ponto 13) 
 
Existem princípios que orientam a interpretação específica dos direitos 
humanos. 
 
 
Esses princípios são: 
 
i) Máxima Efetividade - Na interpretação conforme os direitos 
humanos, quando a norma admite pluralidade de sentidos, deve ser adotado 
aquele que proporcione a maior efetividade prática ou concretização daquele 
direito; 
 
ii) Pro Homine - A interpretação das normas de direitos humanos 
nos Tratados Internacionais deve ser sempre a mais favorável ao indivíduo. 
Os dispositivos devem ser interpretados da forma mais protetiva ao ser 
 
www.dizerodireito.com.br 
P
ág
in
a6
 
humano. É o mais importante princípio na interpretação dos Direitos 
Humanos, pois traz o ser humano como destinatário primeiro dos Tratados 
de proteção aos Direitos Humanos, valorizando a dignidade da pessoa 
humana; 
 
iii) Interpretação Autônoma - Os dispositivos ou termos presentes 
nas normas de direitos humanos devem ser interpretados de forma autônoma 
à legislação interna de cada país. Deve-se buscar a interpretação que é dada 
no plano internacional ao tratado em questão. Assim sendo, ainda que a 
legislação pátria tenha uma compreensão diversa para a expressão lei (mais 
restritiva), deve-se aplicar a interpretação internacional para questões 
relativas aos Tratados de Direitos Humanos, em face do princípio da 
interpretação autônoma. 
 
iv) Interpretação Evolutiva - Entende que os Tratados 
Internacionais de Direitos Humanos não são documentos estáticos, devendo 
ser interpretados de forma atualizadora, sendo seus sentidos adaptados à 
evolução das sociedades a que se destinam. 
 
v) Primazia da Norma mais Favorável ao Indivíduo - É um 
desdobramento do princípio Pro Homine. Prevê que em caso de conflito entre 
duas normas de proteção de direitos humanos (sejam entre dois tratados 
internacionais ou entre um tratado internacional e uma norma do 
ordenamento interno), deve prevalecer a norma mais favorável ao indivíduo. 
 
 
Espécies de Bloco de Constitucionalidade (Ponto 4) 
 
Existem assim duas teorias sobre o Bloco de Constitucionalidade: a do bloco 
de constitucionalidade amplo e do bloco de constitucionalidade restrito. 
 
 
A ideia de bloco de constitucionalidade surgiu na França com Luis 
Favoreu3. Para o autor, bloco de constitucionalidade é a ideia de que a 
Constituição não seria formando não por um só documento, mas por um 
conjunto de documentos. 
 
Na França, o Bloco de Constitucionalidade entende que todos os 
documentos da história constitucional francesa compõem a Constituição 
daquele país, ou seja, não é um único documento jurídico. A Constituição 
seria, portanto, um conjunto de documentos que serve de paradigma para o 
controle de constitucionalidade. 
 
A ideia de bloco de constitucionalidade ganhou força no Brasil 
 
3 FAVOREU, Louis. Ponencia Francesa. In: FAVOREU Louis; RUBIO LLORENTE, Francisco (org). El Bloque de 
la Constitucionalidad – simposium franco-espanhol. Madrid: Civitas, 1991. 
 
www.dizerodireito.com.br 
P
ág
in
a7
 
após a Emenda Constitucional nº 45/2004, que incluiu o § 3º ao art. 5º da 
CF/88. 
 
 
A ideia é a de que tratados incorporados pelo rito de tal dispositivo 
comporiam o Bloco de Constitucionalidade. Parte da doutrina, no entanto, já 
sustentava que todos os tratados de direitos humanos incorporados pelo 
Brasil, mesmo sem o rito da emenda, teriam status constitucional em razão do 
§ 2º do mesmo art. 5º. 
 
Existem assim duas teorias sobre o Bloco de Constitucionalidade 
no Brasil: 
 
i) Bloco Amplo: o fundamento é o art. 5º, § 2º, da CF. É seguida 
pela doutrina de direitos humanos, que afirma que compõem o Bloco de 
Constitucionalidade a Constituição e todos os Tratados Internacionais de 
Direitos Humanos incorporados pelo Brasil. 
 
ii) Bloco Restrito: fundamento é o art. 5º, § 3º, da CF. É seguida 
pelo STF e pela literatura majoritária, que afirma que só compõem o Bloco de 
Constitucionalidade a Constituição e os Tratados Internacionais de Direitos 
Humanos aprovados com o rito de emenda. 
 
 
Espécies de Controle de Convencionalidade (Ponto 4) 
 
O Controle de Convencionalidade surge da ideia de se verificar a 
compatibilidade de atos normativos internos em face de Tratados Internacionais de Direitos 
Humanos. O controle de convencionalidade pode ser de duas espécies como se pode ver 
abaixo. 
 
 
Quando se passa a reconhecer que o paradigma de controle 
normativo não é apenas a Constituição stricto sensu, mas também os Tratados 
Internacionais de Direitos Humanos, avança-se de um Controle de 
Constitucionalidade para um Controle de Convencionalidade. 
 
O Controle de Convencionalidade pode ser: 
 
i) Controle de Convencionalidade Nacional: é aquele realizado por 
qualquer juiz ou tribunal de um dado país, ou seja, realizado por uma 
jurisdição nacional. 
 
ii) Controle de Convencionalidade Internacional: é aquele que é 
realizado por organismos internacionais de direitos humanos, isto é, 
realizado por uma jurisdição internacional. 
 
www.dizerodireito.com.br 
P
ág
in
a8
 
 
 
Requisitos de Admissibilidade de uma Petição ou Comunicação (Ponto 30.1) 
 
Cabe à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) avaliar as 
denúncias que serão julgadas pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte 
IDH) para isso deve avaliar alguns requisitos. 
 
 
Conforme o Artigo 46 do Pacto de São José da Costa Rica, os 
requisitos de admissibilidade de uma Petição ou Comunicação na Comissão 
Interamericana de Direitos Humanos são: 
 
i) Esgotamento dos recursos internos; 
ii) A apresentação da petição no prazo de 6 meses (prazo 
decadencial), após a notificação do interessado da decisão definitiva em 
âmbito interno; 
iii) Ausência de litispendência internacional; 
iv) Requisitos formais - nome, nacionalidade, profissão, domicílio e 
assinatura da pessoa/das pessoas/ou dos representantes legais da entidade 
que submeter a petição. 
 
Os requisitos dos pontos i e ii não são exigíveis quando a legislação 
interna não assegurar o direito ao devido processo legal; quando o 
peticionantenão tiver acesso aos recursos da jurisdição interna ou for 
impedido de esgotá-los; quando houver demora injustificada na decisão dos 
recursos. 
 
Outrossim, a Comissão também declarará inadmissível: 
 
i) a petição que constitua a mera reprodução de outra já 
apresentada e examinada pela Comissão ou por outro organismo 
internacional; 
ii) a petição que exponha fatos não caracterizadores de violação de 
direitos humanos; 
iii) a petição manifestamente infundada, com evidente 
improcedência. 
 
 
Caso Márcia Barbosa de Souza (Ponto 30.1) 
 
A Corte IDH condenou o Brasil pelo assassinato de Márcia Barbosa de Souza. 
A sentença é de 07 de setembro de 2021. É a primeira condenação do Brasil pelo crime de 
feminicídio. 
 
 
 
www.dizerodireito.com.br 
P
ág
in
a9
 
Na sentença, o Brasil foi culpabilizado pela discriminação no 
acesso à Justiça, por não investigar e julgar a partir da perspectiva de gênero, 
pela utilização de estereótipos negativos em relação à vítima e pela aplicação 
indevida da imunidade parlamentar. 
 
O acusado de assassinato foi o ex-deputado estadual pela Paraíba 
Aércio Pereira de Lima. O caso só começou a ser julgado quando o acusado 
deixou de ser parlamentar em 2003 e ele só foi condenado em 2007. Ele foi 
sentenciado a 16 anos de prisão, mas não chegou a ser preso e, poucos meses 
depois, morreu em decorrência de um infarto. 
 
No julgamento de Aércio, a imagem de Márcia foi estereotipada, 
no intuito de descredibilizá-la. A Corte IDH entendeu que a investigação e o 
processo penal tiveram "um caráter discriminatório por razão de gênero e não 
foram conduzidos com uma perspectiva de gênero". 
 
A Corte também entendeu que a imunidade parlamentar não pode 
ser uma guarita para a impunidade. 
 
 
Caso Gabriel Sales Pimenta (Ponto 30.1) 
 
No dia 04.10.22, o Brasil sofreu sua mais recente condenação pela Corte 
Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) com a publicação da sentença do Caso 
Gabriel Sales Pimenta. O Estado foi considerado responsável pela violação dos direitos à 
verdade, à proteção e integridade da família de um defensor de direitos humanos. 
 
 
Segundo a sentença, restou demonstrada uma "grave falência" do 
Estado nas investigações sobre a morte violenta de Gabriel Sales Pimenta, "e 
pela situação de absoluta impunidade em que se encontra o homicídio na 
atualidade". 
 
A Corte IDH concluiu que o Brasil “não cumpriu sua obrigação de 
atuar com a devida diligência reforçada na investigação do homicídio". 
 
Gabriel Sales Pimenta era um jovem de 27 anos. Em 1980, ele 
passou a atuar como advogado do Sindicato de Trabalhadores Rurais de 
Marabá e foi representante da Comissão Pastoral da Terra. Como advogado, 
ele atuou na defesa dos direitos dos trabalhadores rurais. Em razão disso, foi 
assassinado. 
 
Em agosto de 1983, 3 homens foram denunciados pelo crime. Em 
novembro de 1999, o MP solicitou a extinção da responsabilidade penal de 
um dos acusados, em virtude de sua morte. Houve a improcedência da 
denúncia contra outro suspeito por falta de provas. O julgamento contra o réu 
 
www.dizerodireito.com.br 
P
ág
in
a1
0
 
restante nunca ocorreu, pois ele nunca foi localizado. 
 
Segundo a sentença, houve, portanto, negligência dos operadores 
judiciais na tramitação do processo penal, que permitiu a ocorrência da 
prescrição, foi o "fator determinante para que o caso permanecesse em uma 
situação de absoluta impunidade". 
 
A sentença trouxe o seguinte dispositivo contra o Brasil: 
 
a) criar um grupo de trabalho com a finalidade de identificar as 
causas e circunstâncias geradoras da impunidade e elaborar linhas de ação 
que permitam superá-las; 
 
b) publicar o resumo oficial da sentença no Diário Oficial da 
União, no Diário Oficial do Estado do Pará e em um jornal de grande 
circulação nacional, assim como a sentença, na íntegra, no site do governo 
federal, do Ministério Público e do Poder Judiciário do Estado do Pará; 
 
c) realizar um ato público de reconhecimento de responsabilidade 
internacional em relação com os fatos do presente caso; 
 
d) criar um espaço público de memória na cidade de Belo 
Horizonte, no qual seja valorizado, protegido e resguardado o ativismo das 
pessoas defensoras de direitos humanos no Brasil, entre eles o de Gabriel 
Sales Pimenta; 
 
e) criar e implementar um protocolo para a investigação dos 
delitos cometidos contra pessoas defensoras de direitos humanos; 
 
f) revisar e adequar seus mecanismos existentes, em particular o 
Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores 
e Ambientalistas, nos âmbitos federal e estadual, para que seja previsto e 
regulamentado através de uma lei ordinária e tenha em consideração os 
riscos inerentes à atividade de defesa dos direitos humanos; 
 
g) pagar as quantias fixadas na sentença a título de dano material 
(US$ 100 mil), imaterial (US$ 280 mil), custas e gastos (US$ 32.500). 
 
 
Universalismo e Relativismo Cultural (Ponto 18) 
 
 
A construção teórica dos Direitos Humanos assegura que todo 
indivíduo é titular de direitos pelo simples fato de ser humano 
(universalismo). Essa tese encontra questionamentos na crítica ao 
imperialismo, com a imposição de normas, cogentes ou mesmo de soft law, 
 
www.dizerodireito.com.br 
P
ág
in
a1
1
 
que, em última instância, teriam identificação apenas com as experiências 
históricas e sociais particulares de países capitalistas ocidentais e 
desenvolvidos. Assim, tais direitos seriam impostos a países e sociedades 
com outra matriz histórica, política, econômica e cultural. 
 
Nesse contexto, surge o seguinte questionamento: seria o 
universalismo dos direitos humanos uma estratégia da globalização 
imperialista para impor o seu padrão cultural aos países orientais? O 
relativismo dos direitos humanos dá voz a essa reflexão, contrária ao 
imperialismo universalista. 
 
Para os relativistas, é necessária a crítica aos postulados 
universalistas de apriorismo e “a-historicidade” dos direitos humanos, 
fazendo-se mister o reconhecimento e a valorização de comunidades locais e 
tradicionais, em especial, nos países do Eixo Sul e orientais enquanto fontes 
de costumes e normas socioculturais, em termos gradativos, equivalentes às 
comunidades centrais e “desenvolvidas”. 
 
Contudo o relativismo, por sua vez, também é alvo de críticas, sob 
o fundamento de que poderia ser interpretado ou funcionar como uma 
proteção às arbitrariedades cometidas por Estados que não concordam com o 
universalismo dos direitos humanos (Ex.: mutilação de genitálias femininas; 
pena de morte). 
 
O Multiculturalismo consiste em uma proposta de superação do 
debate universalismo x relativismo, desenvolvida por Boaventura de Souza 
Santos, como uma ferramenta de “globalização contra-hegemônica”. Ou seja, 
é uma forma de globalizar democraticamente (de forma não imperialista) os 
direitos humanos. Nas palavras de Santos: 
 
“(...) o multiculturalismo (...) é pré-condição de uma 
relação equilibrada e mutuamente potenciadora entre 
a competência global e a legitimidade local, que 
constituem os dois atributos de uma política contra-
hegemônica de direitos humanos no nosso tempo”. 
 
O autor propõe um diálogo entre as diversas culturas, levando a 
uma concepção mestiça de direitos humanos. Em vez de recorrer a falsos 
universalismos, o multiculturalismo é construído por meio de um diálogo 
entre as diversas concepções (norte, sul, ocidental, oriental etc.). 
 
A hermenêutica diatópica (advém de diálogo, conversação, entre 
os “pontos de partida”) é a hermenêutica adequada à concepção multicultural 
de direitos humanos (concepção mestiça de direitos humanos). Diz respeito 
ao esforço intercultural na busca por uma compreensão dialógica da noção de 
dignidade humana. 
 
www.dizerodireito.com.br 
P
ág
in
a1
2
 
 
Alguns autores, como Herrera Flores, trabalham com os conceitos 
de “universalismo de chegada” ou “universalismo de confluência”, 
relacionados às noçõesde multiculturalismo e hermenêutica diatópica de 
Boaventura. No caso, trata-se de um universalismo que se constrói no final do 
processo, e não na partida, através de um debate cultural. 
 
 
Convenção sobre os Direitos da Criança (Ponto 22.8) 
 
 
Um direito relevante presente na Convenção Internacional sobre os 
Direitos da Criança está previsto no Art. 12: 
 
Artigo 12. 
1. Os Estados Partes assegurarão à criança que estiver 
capacitada a formular seus próprios juízos o direito de 
expressar suas opiniões livremente sobre todos os 
assuntos relacionados com a criança, levando-se 
devidamente em consideração essas opiniões, em 
função da idade e maturidade da criança. 
2. Com tal propósito, se proporcionará à criança, em 
particular, a oportunidade de ser ouvida em todo 
processo judicial ou administrativo que afete a mesma, 
quer diretamente quer por intermédio de um 
representante ou órgão apropriado, em conformidade 
com as regras processuais da legislação nacional. 
 
Portanto, tanto nos processos judiciais quanto nos processos 
administrativos, sempre que possível, a criança envolvida deve ser ouvida 
diretamente ou através de profissionais qualificados. 
 
Detalhando o artigo supramencionado ao nível legal, o ECA 
determina que a criança, sempre que possível, será ouvida nos casos de 
destituição do poder familiar, enquanto o adolescente, aquele com idade 
entre 12 e 18 anos, obrigatoriamente será ouvido (art. 28, §§ 1º e 2º). 
 
No mesmo sentido, recentemente a Lei nº 13.431/2017 estabeleceu 
o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou 
testemunha de violência, criando a categoria do Depoimento sem Danos, 
ouvindo-se a criança de uma forma cuidadosa e com a participação de 
especialistas. O referido procedimento busca preservar as crianças e 
adolescentes, evitando a sua revitimização pelo sistema de justiça. 
 
 
Princípios de Ruggie (Ponto 34) 
 
 
www.dizerodireito.com.br 
P
ág
in
a1
3
 
 
Em 2011, no entanto, o Conselho de Direitos Humanos da 
Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou por consenso os 32 
Princípios Orientadores sobre Empresas e Direitos Humanos elaborados pelo 
Representante Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas, Professor 
John Ruggie. 
 
Tal documento traz como Princípios Gerais: 
 
A. Obrigações assumidas pelos Estados de respeitar, 
proteger e implementar os direitos humanos e 
liberdades fundamentais; 
B. O papel das empresas como órgãos especializados 
da sociedade que desempenham funções 
especializadas e que devem cumprir todas as leis 
aplicáveis e respeitar os direitos humanos; 
C. A necessidade de que os direitos e obrigações sejam 
providos de recursos adequados e eficazes, em caso de 
descumprimento 
 
Esses princípios gerais orientam a organização dos 32 princípios 
orientadores, os quais são divididos em 3 Partes: 
 
I. O dever do Estado de proteger os direitos humanos; 
II. A responsabilidade das empresas de respeitar os Direitos Humanos; 
III. Acesso a Mecanismos de Reparação 
 
Com relação à primeira parte, destaca-se o nexo entre o Estado e as 
Empresas: 
 
PRINCÍPIO 4 
 
Os Estados devem adotar medidas adicionais de 
proteção contra as violações de direitos humanos 
cometidas por empresas de sua propriedade ou sob 
seu controle, ou que recebam significativos apoios e 
serviços de organismos estatais, tais como as agências 
oficiais de crédito à exportação e os organismos 
oficiais de seguros ou de garantia dos investimentos, 
exigindo, se for o caso, auditorias (due diligence) em 
matéria de direitos humanos. 
 
Com relação à segunda parte, destaca-se a responsabilidade das 
empresas: 
 
PRINCÍPIO 13 
 
 
www.dizerodireito.com.br 
P
ág
in
a1
4
 
A responsabilidade de respeitar os direitos humanos 
exige que as empresas: 
A. Evitem que suas próprias atividades gerem 
impactos negativos sobre direitos humanos ou para 
estes contribuam, bem como enfrentem essas 
consequências quando vierem a ocorrer; 
B. Busquem prevenir ou mitigar os impactos negativos 
sobre os direitos humanos diretamente relacionadas 
com operações, produtos ou serviços prestados por 
suas relações comerciais, inclusive quando não tenham 
contribuído para gerá-los. 
 
Com relação à terceira parte, destacam-se mecanismos estatais 
judiciais e extrajudiciais de garantia do respeito dos direitos humanos pelas 
empresas: 
 
MECANISMOS ESTATAIS JUDICIAIS 
 
PRINCÍPIO 26 
 
Os Estados devem adotar as medidas apropriadas para 
assegurar a eficácia dos mecanismos judiciais 
nacionais quando abordem as violações de direitos 
humanos relacionadas com empresas, especialmente 
considerando a forma de limitar os obstáculos 
jurídicos, práticos e de outras naturezas que possam 
conduzir para uma negação do acesso aos mecanismos 
de reparação. 
 
MECANISMOS ESTATAIS EXTRAJUDICIAIS DE 
DENÚNCIA 
 
PRINCÍPIO 27 
 
Os Estados devem estabelecer mecanismos de 
denúncia extrajudiciais eficazes e apropriados, 
paralelamente aos mecanismos judiciais, como parte 
de um sistema estatal integral de reparação das 
violações de direitos humanos relacionadas com 
empresas. 
 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
 
www.dizerodireito.com.br 
P
ág
in
a1
5
 
É constitucional a regra do Código de Trânsito que impõe a aplicação de multa e demais infrações 
administrativas aos motoristas que se recusem a fazer teste do bafômetro, exames clínicos ou perícias 
visando aferir eventual influência de álcool ou outra substância psicoativa 
É inadmissível qualquer nível de alcoolemia por condutores de veículos automotivos. A eventual recusa de 
motoristas na realização de “teste do bafômetro”, ou dos demais procedimentos previstos no CTB para 
aferição da influência de álcool ou outras drogas, por não encontrar abrigo no princípio da não 
autoincriminação, permite a aplicação de multa e a retenção/apreensão da CNH validamente. 
Outro ponto enfrentado no julgado: são constitucionais as normas que estabelecem a proibição da venda de 
bebidas alcóolicas em rodovias federais (Lei nº 11.705/2008, art. 2º). 
Tese fixada pelo STF: 
“Não viola a Constituição a previsão legal de imposição das sanções administrativas ao condutor de veículo 
automotor que se recuse à realização dos testes, exames clínicos ou perícias voltados a aferir a influência de 
álcool ou outra substância psicoativa (art. 165-A e art. 277, §§ 2º e 3º, todos do Código de Trânsito 
Brasileiro, na redação dada pela Lei 13.281/2016)”. 
STF. Plenário. RE 1224374/RS, ADI 4017/DF e ADI 4103/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 18 e 19/5/2022 
(Repercussão Geral – Tema 1079) (Info 1055). 
 
É constitucional lei estadual que responsabiliza Estado-membro por danos causados a pessoas presas na 
ditadura 
É constitucional a Lei nº 5.751/98, do estado do Espírito Santo, de iniciativa parlamentar, que versa sobre a 
responsabilidade do ente público por danos físicos e psicológicos causados a pessoas detidas por motivos 
políticos. 
STF. Plenário. ADI 3738/ES, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 3/11/2020 (Info 997). 
 
Norma estadual pode proibir a caça em seu território 
Não afronta a competência legislativa da União o dispositivo de constituição estadual que proíbe a caça em 
seu respectivo território. 
STF. Plenário. ADI 350/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 18/6/2021 (Info 1022). 
 
A interpretação constitucionalmente adequada é a que assegura ao “menor sob guarda” o direito à 
proteção previdenciária 
Menor sob guarda é dependente para fins previdenciários. A interpretação conforme a ser conferida ao art. 
16, § 2º, da Lei nº 8213/1991 deve contemplar os “menores sob guarda” na categoria de dependentes do 
Regime Geral de Previdência Social, em consonância com o princípio da proteção integral e da prioridade 
absoluta, desde que comprovada a dependência econômica, nos termos da legislação previdenciária. 
STF. Plenário. ADI 4878/DF e ADI 5083/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em 7/6/2021 (Info 1020). 
O servidor público que seja pai solo – de família em que não háa presença materna – faz jus à licença 
maternidade e ao salário maternidade pelo prazo de 180 dias, da mesma forma em que garantidos à 
mulher pela legislação de regência 
À luz do art. 227 da Constituição Federal, que confere proteção integral da criança com absoluta prioridade e 
do princípio da paternidade responsável, a licença maternidade, prevista no art. 7º, XVIII, da CF/88 e 
regulamentada pelo art. 207 da Lei nº 8.112/1990, estende-se ao pai genitor monoparental. 
STF. Plenário. RE 1348854/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 12/5/2022 (Repercussão Geral – 
Tema 1182) (Info 1054). 
 
Mera intuição de que está havendo tráfico de drogas na casa não autoriza o ingresso sem mandado 
judicial ou consentimento do morador 
O ingresso regular da polícia no domicílio, sem autorização judicial, em caso de flagrante delito, para que 
seja válido, necessita que haja fundadas razões (justa causa) que sinalizem a ocorrência de crime no interior 
da residência. 
 
www.dizerodireito.com.br 
P
ág
in
a1
6
 
A mera intuição acerca de eventual traficância praticada pelo agente, embora pudesse autorizar abordagem 
policial, em via pública, para averiguação, não configura, por si só, justa causa a autorizar o ingresso em seu 
domicílio, sem o seu consentimento e sem determinação judicial. 
STJ. 6ª Turma. REsp 1574681-RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 20/4/2017 (Info 606). 
 
É garantida a estabilidade à empregada gestante mesmo que no momento em que ela tenha sido 
demitida pelo empregador ele não soubesse de sua gravidez 
A incidência da estabilidade prevista no art. 10, II, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) 
somente exige a anterioridade da gravidez à dispensa sem justa causa. 
Art. 10. (...) II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa: (...) da empregada gestante, desde a 
confirmação da gravidez até cinco meses após o parto. 
O único requisito exigido é de natureza biológica. Exige-se apenas a comprovação de que a gravidez tenha 
ocorrido antes da dispensa arbitrária, não sendo necessários quaisquer outros requisitos, como o prévio 
conhecimento do empregador ou da própria gestante. 
Assim, é possível assegurar a estabilidade à gestante mesmo que no momento em que ela tenha sido 
demitida pelo empregador ele não soubesse de sua gravidez. 
STF. Plenário. RE 629053/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 
10/10/2018 (repercussão geral) (Info 919). 
 
Requisitos para a concessão judicial de medicamentos não previstos pelo SUS 
A concessão dos medicamentos não incorporados em atos normativos do SUS exige a presença cumulativa 
dos seguintes requisitos: 
a) Comprovação, por meio de laudo médico fundamentado e circunstanciado expedido por médico que 
assiste o paciente, da imprescindibilidade ou necessidade do medicamento, assim como da ineficácia, para o 
tratamento da moléstia, dos fármacos fornecidos pelo SUS; 
b) incapacidade financeira de arcar com o custo do medicamento prescrito; 
c) existência de registro do medicamento na ANVISA, observados os usos autorizados pela agência. 
STJ. 1ª Seção. EDcl no REsp 1.657.156-RJ, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 12/09/2018 (recurso 
repetitivo) (Info 633). 
 
Direito à saúde e medicamento sem registro na Anvisa 
1. O Estado não pode ser obrigado a fornecer medicamentos experimentais. 
2. A ausência de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) impede, como regra geral, o 
fornecimento de medicamento por decisão judicial. 
3. É possível, excepcionalmente, a concessão judicial de medicamento sem registro sanitário, em caso de 
mora irrazoável da Anvisa em apreciar o pedido (prazo superior ao previsto na Lei 13.411/2016), quando 
preenchidos três requisitos: 
(i) a existência de pedido de registro do medicamento no Brasil (salvo no caso de medicamentos órfãos para 
doenças raras e ultrarraras); 
(ii) a existência de registro do medicamento em renomadas agências de regulação no exterior; e 
(iii) a inexistência de substituto terapêutico com registro no Brasil. 
4. As ações que demandem fornecimento de medicamentos sem registro na Anvisa deverão 
necessariamente ser propostas em face da União. 
STF. Plenário. RE 657718/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 
22/5/2019 (repercussão geral) (Info 941). 
 
Estado pode ser obrigado a fornecer medicamento não registrado na ANVISA, se a sua importação estiver 
autorizada, ele se mostrar imprescindível ao tratamento e houver incapacidade financeira do paciente 
Constatada a incapacidade financeira do paciente, o Estado deve fornecer medicamento que, apesar de não 
possuir registro sanitário, tem a importação autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
(Anvisa). Para tanto, devem ser comprovadas a imprescindibilidade do tratamento e a impossibilidade de 
 
www.dizerodireito.com.br 
P
ág
in
a1
7
 
substituição por outro similar constante das listas oficiais de dispensação e dos protocolos de intervenção 
terapêutica do Sistema Único de Saúde (SUS). 
Tese fixada pelo STF: 
Cabe ao Estado fornecer, em termos excepcionais, medicamento que, embora não possua registro na 
Anvisa, tem a sua importação autorizada pela agência de vigilância sanitária, desde que comprovada a 
incapacidade econômica do paciente, a imprescindibilidade clínica do tratamento, e a impossibilidade de 
substituição por outro similar constante das listas oficiais de dispensação de medicamentos e os protocolos 
de intervenção terapêutica do SUS. 
STF. Plenário. RE 1165959/SP, Rel. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 
18/6/2021 (Repercussão Geral – Tema 1161) (Info 1022). 
 
Direito à saúde: demanda judicial e responsabilidade solidária dos entes federados 
Os entes da Federação, em decorrência da competência comum, são solidariamente responsáveis nas 
demandas prestacionais na área da saúde e, diante dos critérios constitucionais de descentralização e 
hierarquização, compete à autoridade judicial direcionar o cumprimento conforme as regras de repartição 
de competências e determinar o ressarcimento a quem suportou o ônus financeiro. 
STF. Plenário. RE 855178 ED/SE, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 
23/5/2019 (repercussão geral) (Info 941). 
 
Não se pode utilizar verbas do Fundeb para combater à pandemia da Covid-19 
É vedada a utilização, ainda que em caráter excepcional, de recursos vinculados ao Fundeb para ações de 
combate à pandemia do novo coronavírus (Covid-19). 
Ainda que se reconheça a gravidade da pandemia da Covid-19 e os seus impactos na economia e nas 
finanças públicas, nada justifica o emprego de verba constitucionalmente vinculada à manutenção e 
desenvolvimento do ensino básico para fins diversos da que ela se destina. 
STF. Plenário. ADI 6490/PI, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 18/2/2022 (Info 1044). 
 
A omissão injustificada da Administração em providenciar a disponibilização de banho quente nos 
estabelecimentos prisionais fere a dignidade de presos sob sua custódia 
A omissão injustificada da Administração em providenciar a disponibilização de banho quente nos 
estabelecimentos prisionais fere a dignidade de presos sob sua custódia. 
A determinação de que o Estado forneça banho quente aos presos está relacionada com a dignidade da 
pessoa humana, naquilo que concerne à integridade física e mental a todos garantida. 
O Estado tem a obrigação inafastável e imprescritível de tratar prisioneiros como pessoas, e não como 
animais. 
O encarceramento configura pena de restrição do direito de liberdade, e não salvo-conduto para a aplicação 
de sanções extralegais e extrajudiciais, diretas ou indiretas. 
Em presídios e lugares similares de confinamento, ampliam-se os deveres estatais de proteção da saúde 
pública e de exercício de medidas de assepsia pessoal e do ambiente, em razão do risco agravado de 
enfermidades, consequência da natureza fechadados estabelecimentos, propícia à disseminação de 
patologias. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.537.530-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 27/04/2017 (Info 666). 
 
É possível que uma emenda constitucional seja julgada formalmente inconstitucional se ficar demonstrado 
que ela foi aprovada com votos “comprados” dos parlamentares e que esse número foi suficiente para 
comprometer o resultado da votação 
Em tese, é possível o reconhecimento de inconstitucionalidade formal no processo constituinte reformador 
quando eivada de vício a manifestação de vontade do parlamentar no curso do devido processo constituinte 
derivado, pela prática de ilícitos que infirmam a moralidade, a probidade administrativa e fragilizam a 
democracia representativa. 
 
www.dizerodireito.com.br 
P
ág
in
a1
8
 
STF. Plenário. ADI 4887/DF, ADI 4888/DF e ADI 4889/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/11/2020 
(Info 998). 
 
Cabe ADPF quando se alega que está havendo uma omissão por parte do poder público 
A arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) é instrumento eficaz de controle da 
inconstitucionalidade por omissão. 
A ADPF pode ter por objeto as omissões do poder público, quer totais ou parciais, normativas ou não 
normativas, nas mesmas circunstâncias em que ela é cabível contra os atos em geral do poder público, desde 
que essas omissões se afigurem lesivas a preceito fundamental, a ponto de obstar a efetividade de norma 
constitucional que o consagra. 
STF. Plenário. ADPF 272/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 25/3/2021 (Info 1011). 
 
É constitucional lei estadual do trote telefônico 
É constitucional norma estadual que determine que as prestadoras de serviço telefônico são obrigadas a 
fornecer, sob pena de multa, os dados pessoais dos usuários de terminais utilizados para passar trotes aos 
serviços de emergência. 
STF. Plenário. ADI 4924/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4/11/2021 (Info 1036). 
 
É possível editar medidas provisórias sobre meio ambiente? 
É possível a edição de medidas provisórias tratando sobre matéria ambiental, mas sempre veiculando 
normas favoráveis ao meio ambiente. 
A proteção ao meio ambiente é um limite material implícito à edição de medida provisória, ainda que não 
conste expressamente do elenco das limitações previstas no art. 62, § 1º, da CF/88. 
STF. Plenário. ADI 4717/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 5/4/2018 (Info 896). 
 
Governador não pode ser obrigado a depor em CPI instaurada no Congresso Nacional 
Em juízo de delibação, não é possível a convocação de governadores de estados-membros da Federação por 
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada pelo Senado Federal. 
A convocação viola o princípio da separação dos Poderes e a autonomia federativa dos estados-membros. 
STF. Plenário. ADPF 848 MC-Ref/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 25/6/2021 (Info 1023). 
 
Não se pode declarar a inconstitucionalidade formal da lei sob o argumento de que houve mero 
descumprimento das regras do regimento interno, sendo indispensável o desrespeito às normas 
constitucionais que tratam sobre o processo legislativo 
O controle judicial de atos “interna corporis” das Casas Legislativas só é cabível nos casos em que haja 
desrespeito às normas constitucionais pertinentes ao processo legislativo (arts. 59 a 69 da CF/88). 
Tese fixada pelo STF: “Em respeito ao princípio da separação dos poderes, previsto no art. 2º da Constituição 
Federal, quando não caracterizado o desrespeito às normas constitucionais pertinentes ao processo 
legislativo, é defeso ao Poder Judiciário exercer o controle jurisdicional em relação à interpretação do 
sentido e do alcance de normas meramente regimentais das Casas Legislativas, por se tratar de matéria 
‘interna corporis’.” 
STF. Plenário. RE 1297884/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/6/2021 (Repercussão Geral – Tema 1120) 
(Info 1021). 
 
Portador de HIV, mesmo sem sintomas de Aids, goza da isenção do imposto de renda prevista no art. 6º, 
XIV, da Lei 7.713/88 
Independentemente de a pessoa diagnosticada como soropositiva para HIV ostentar sintomas da Síndrome 
de Imunodeficiência Adquirida - SIDA/AIDS, deve o contribuinte ser abrangido pela isenção do Imposto sobre 
a Renda da Pessoa Física - IRPF. 
 
www.dizerodireito.com.br 
P
ág
in
a1
9
 
A isenção de imposto de renda sobre proventos de aposentadoria/reforma em razão de moléstia grave tem 
por objetivo desonerar quem se encontra em desvantagem face ao aumento de despesas com o tratamento 
da doença. No que diz respeito à contaminação pelo HIV, a literatura médica evidencia que o tempo de 
tratamento é vitalício (até surgimento de cura futura e incerta), com uso contínuo de antirretrovirais e/ou 
medicações profiláticas de acordo com a situação virológica (carga viral do HIV) e imunológica do paciente. 
Logo, não deve haver diferença de tratamento jurídico entre a pessoas que possuem a SIDA/AIDS e aquelas 
soropositivas para HIV que não manifestam os sintomas da SIDA/AIDS. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.808.546-DF, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 17/05/2022 (Info 737). 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
Possibilidade de divulgação de vencimentos dos servidores públicos com relação nominal 
É legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela Administração Pública, dos nomes de seus 
servidores e do valor dos correspondentes vencimentos e vantagens pecuniárias. 
STF. Plenário. ARE 652777/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 23/4/2015 (repercussão geral) (Info 782) 
 
O prazo decadencial do art. 54 da Lei nº 9.784/99 não se aplica quando o ato a ser anulado afronta 
diretamente a Constituição Federal 
Não existe direito adquirido à efetivação na titularidade de cartório quando a vacância do cargo ocorre na 
vigência da CF/88, que exige a submissão a concurso público (art. 236, § 3º). 
O prazo decadencial do art. 54 da Lei nº 9.784/99 não se aplica quando o ato a ser anulado afronta 
diretamente a Constituição Federal. 
O art. 236, § 3º, da CF é uma norma constitucional autoaplicável. Logo, mesmo antes da edição da Lei 
8.935/1994 ela já tinha plena eficácia e o concurso público era obrigatório como condição para o ingresso na 
atividade notarial e de registro. 
STF. Plenário. MS 26860/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 2/4/2014 (Info 741). 
 
Se houve determinação judicial para que o Município fizesse contratação temporária em razão da Covid-
19, não se pode dizer que isso configure preterição ilegal de pessoa aprovada no concurso para o mesmo 
cargo, sendo que o certame era para cadastro de reserva 
A contratação temporária de terceiros para o desempenho de funções do cargo de enfermeiro, em 
decorrência da pandemia causada pelo vírus Sars-CoV-2, e determinada por decisão judicial, não configura 
preterição ilegal e arbitrária nem enseja direito a provimento em cargo público em favor de candidato 
aprovado em cadastro de reserva. 
STJ. 2ª Turma. RMS 65.757-RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 04/05/2021 (Info 695). 
 
É possível aplicar o regime de precatórios às empresas públicas? 
Não se submetem ao regime de precatório as empresas públicas dotadas de personalidade jurídica de 
direito privado com patrimônio próprio e autonomia administrativa que exerçam atividade econômica sem 
monopólio e com finalidade de lucro. 
STF. 1ª Turma. RE 892727/DF, rel. orig. Min. Alexandre de Morais, red. p/ o ac. Min. Rosa Weber, julgado em 
7/8/2018 (Info 910). 
 
É possível aplicar o regime de precatórios às sociedades de economia mista? 
É inconstitucional determinação judicial que decreta a constrição de bens de sociedade de economia mista 
prestadora de serviços públicos em regime não concorrencial, para fins de pagamento de débitos 
trabalhistas. 
Sociedade de economia mista prestadora de serviço público não concorrencial está sujeita ao regime de 
precatórios (art. 100 da CF/88) e, por isso, impossibilitada de sofrer constrição judicial de seus bens, rendas e 
 
www.dizerodireito.com.br 
P
ág
in
a2
0serviços, em respeito ao princípio da legalidade orçamentária (art. 167, VI, da CF/88) e da separação 
funcional dos poderes (art. 2º c/c art. 60, § 4º, III). 
STF. Plenário. ADPF 275/PB, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 17/10/2018 (Info 920). 
 
Personalidade judiciária das Câmaras Municipais e das Assembleias Legislativas 
Súmula 525-STJ: A Câmara de vereadores não possui personalidade jurídica, apenas personalidade judiciária, 
somente podendo demandar em juízo para defender os seus direitos institucionais. 
 
A fundação instituída pelo Estado pode estar sujeita ao regime público ou privado, a depender do estatuto 
da fundação e das atividades por ela prestadas 
A qualificação de uma fundação instituída pelo Estado como sujeita ao regime público ou privado depende: 
i) do estatuto de sua criação ou autorização e 
ii) das atividades por ela prestadas. 
As atividades de conteúdo econômico e as passíveis de delegação, quando definidas como objetos de dada 
fundação, ainda que essa seja instituída ou mantida pelo poder público, podem se submeter ao regime 
jurídico de direito privado. 
STF. Plenário. RE 716378/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 1º e 7/8/2019 (repercussão geral) (Info 946). 
 
As fundações públicas de direito privado não fazem jus à isenção das custas processuais 
As fundações públicas de direito privado não fazem jus à isenção das custas processuais. 
A isenção das custas processuais somente se aplica para as entidades com personalidade de direito público. 
Dessa forma, para as Fundações Públicas receberem tratamento semelhante ao conferido aos entes da 
Administração Direta é necessário que tenham natureza jurídica de direito público, que se adquire no 
momento de sua criação, decorrente da própria lei. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.409.199-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/03/2020 (Info 676). 
 
A estabilidade especial do art. 19 do ADCT não se aplica para empregados das fundações públicas de 
direito privado (abrange apenas os servidores das pessoas jurídicas de direito público) 
A estabilidade especial do art. 19 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) não se estende 
aos empregados das fundações públicas de direito privado, aplicando-se tão somente aos servidores das 
pessoas jurídicas de direito público. 
O termo “fundações públicas”, utilizado pelo art. 19 do ADCT, deve ser compreendido como fundações 
autárquicas, sujeitas ao regime jurídico de direito público. 
Ex: empregados da Fundação Padre Anchieta não gozam dessa estabilidade do art. 19 do ADCT em razão de 
se tratar de uma fundação pública de direito privado. 
STF. Plenário. RE 716378/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 1º e 7/8/2019 (repercussão geral) (Info 946). 
 
A vítima somente poderá ajuizar a ação de indenização contra o Estado; se este for condenado, poderá 
acionar o servidor que causou o dano em caso de dolo ou culpa; o ofendido não poderá propor a demanda 
diretamente contra o agente público 
A teor do disposto no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, a ação por danos causados por agente público 
deve ser ajuizada contra o Estado ou a pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público, 
sendo parte ilegítima para a ação o autor do ato, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos 
casos de dolo ou culpa. 
STF. Plenário. RE 1027633/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/8/2019 (repercussão geral) (Info 947). 
 
Responsabilidade civil do Estado em caso de morte de detento 
Em caso de inobservância de seu dever específico de proteção previsto no art. 5º, inciso XLIX, da CF/88, o 
Estado é responsável pela morte de detento. 
STF. Plenário. RE 841526/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 30/3/2016 (repercussão geral) (Info 819). 
 
www.dizerodireito.com.br 
P
ág
in
a2
1
 
 
Em regra, o Estado não tem responsabilidade civil por atos praticados por presos foragidos; exceção: 
quando demonstrado nexo causal direto 
Nos termos do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, não se caracteriza a responsabilidade civil objetiva do 
Estado por danos decorrentes de crime praticado por pessoa foragida do sistema prisional, quando não 
demonstrado o nexo causal direto entre o momento da fuga e a conduta praticada. 
STF. Plenário. RE 608880, Rel. Min. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Alexandre de Moraes, julgado em 
08/09/2020 (Repercussão Geral – Tema 362) (Info 993). 
 
Em regra, o Estado responde de forma objetiva pelos danos causados a profissional de imprensa ferido, 
por policiais, durante cobertura jornalística de manifestação pública 
O Estado responde de forma objetiva pelos danos causados a profissional de imprensa ferido, por policiais, 
durante cobertura jornalística de manifestação pública em que ocorra tumulto ou conflito, desde que o 
jornalista não haja descumprido ostensiva e clara advertência quanto ao acesso a áreas definidas como de 
grave risco à sua integridade física, caso em que poderá ser aplicada a excludente da responsabilidade por 
culpa exclusiva da vítima. 
Tese fixada pelo STF: “É objetiva a Responsabilidade Civil do Estado em relação a profissional da imprensa 
ferido por agentes policiais durante cobertura jornalística, em manifestações em que haja tumulto ou 
conflitos entre policiais e manifestantes. Cabe a excludente da responsabilidade da culpa exclusiva da vítima, 
nas hipóteses em que o profissional de imprensa descumprir ostensiva e clara advertência sobre acesso a 
áreas delimitadas, em que haja grave risco à sua integridade física”. 
STF. Plenário. RE 1209429/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, 
julgado em 10/6/2021 (Repercussão Geral – Tema 1055) (Info 1021). 
 
Estado deve indenizar preso que se encontre em situação degradante 
Considerando que é dever do Estado, imposto pelo sistema normativo, manter em seus presídios os padrões 
mínimos de humanidade previstos no ordenamento jurídico, é de sua responsabilidade, nos termos do art. 
37, § 6º, da Constituição, a obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente causados 
aos detentos em decorrência da falta ou insuficiência das condições legais de encarceramento. 
STF. Plenário. RE 580252/MS, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 
16/2/2017 (repercussão geral) (Info 854). 
 
 
O art. 927, parágrafo único, do Código Civil pode ser aplicado para a responsabilidade civil do Estado 
Aplica-se igualmente ao estado o que previsto no art. 927, parágrafo único, do Código Civil, relativo à 
responsabilidade civil objetiva por atividade naturalmente perigosa, irrelevante o fato de a conduta ser 
comissiva ou omissiva. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.869.046-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 09/06/2020 (Info 674). 
 
O prazo prescricional para pedir reparação por danos causados por fundação privada de apoio à 
universidade pública é de 5 anos 
A fundação privada de apoio à universidade pública presta serviço público, razão pela qual responde 
objetivamente pelos prejuízos causados a terceiros, submetendo-se a pretensão indenizatória ao prazo 
prescricional quinquenal previsto no art. 1º-C da Lei nº 9.494/97. 
STJ. 2ª Turma. AREsp 1.893.472-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 21/06/2022 (Info 744). 
 
O hospital que deixa de fornecer o mínimo serviço de segurança, contribuindo de forma determinante e 
específica para homicídio praticado em suas dependências, responde objetivamente pela conduta 
omissiva 
 
www.dizerodireito.com.br 
P
ág
in
a2
2
 
Caso concreto: o hospital não possuía nenhum serviço de vigilância e o evento morte decorreu de um 
disparo com arma de fogo contra a vítima dentro do hospital. 
A conduta do hospital que deixa de fornecer o mínimo serviço de segurança e, por conseguinte, despreza o 
dever de zelar pela incolumidade física dos seus pacientes contribuiu de forma determinante e específica 
para o homicídio praticado em suas dependências, afastando-se a alegação da excludente de ilicitude, qual 
seja, fato deterceiro. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.708.325-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 24/05/2022 (Info 740). 
 
As ações de indenização por danos morais e materiais decorrentes de perseguição, tortura e prisão, por 
motivos políticos, ocorridas durante o regime militar, são imprescritíveis 
Súmula 647-STJ: São imprescritíveis as ações indenizatórias por danos morais e materiais decorrentes de 
atos de perseguição política com violação de direitos fundamentais ocorridos durante o regime militar. 
STJ. 1ª Seção. Aprovada em 10/03/2021, DJe 15/03/2021. 
 
Revisão anual de vencimentos não é obrigatória, mas chefe do Executivo deve justificar 
O não encaminhamento de projeto de lei de revisão anual dos vencimentos dos servidores públicos, previsto 
no inciso X do art. 37 da CF/88, não gera direito subjetivo a indenização. Deve o Poder Executivo, no 
entanto, se pronunciar, de forma fundamentada, acerca das razões pelas quais não propôs a revisão. 
STF. Plenário. RE 565089 /SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 
25/9/2019 (repercussão geral – Tema 19) (Info 953). 
 
Judiciário não pode obrigar que o chefe do Poder Executivo encaminhe o projeto de lei para revisão geral 
anual dos servidores 
O Poder Judiciário não possui competência para determinar ao Poder Executivo a apresentação de projeto 
de lei que vise a promover a revisão geral anual da remuneração dos servidores públicos, tampouco para 
fixar o respectivo índice de correção. 
STF. Plenário. RE 843112, Rel. Luiz Fux, julgado em 22/09/2020 (Repercussão Geral – Tema 624) (Info 998). 
 
Pessoa jurídica de direito público tem direito à indenização por danos morais relacionados à violação da 
honra ou da imagem, quando a credibilidade institucional for fortemente agredida e o dano reflexo sobre 
os demais jurisdicionados em geral for evidente 
Suponha, contudo, que uma autarquia foi vítima de grande esquema criminoso que desviou vultosa quantia 
e gerou grande repercussão na imprensa, acarretando descrédito em sua credibilidade institucional. Neste 
caso, os particulares envolvidos poderiam ser condenados a pagar indenização por danos morais à 
autarquia? 
SIM. Pessoa jurídica de direito público tem direito à indenização por danos morais relacionados à violação da 
honra ou da imagem, quando a credibilidade institucional for fortemente agredida e o dano reflexo sobre os 
demais jurisdicionados em geral for evidente. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.722.423-RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 24/11/2020 (Info 684). 
 
Denúncia anônima 
Súmula 611-STJ: Desde que devidamente motivada e com amparo em investigação ou sindicância, é 
permitida a instauração de processo administrativo disciplinar com base em denúncia anônima, em face do 
poder-dever de autotutela imposto à Administração. 
 
Súmula 641-STJ: A portaria de instauração do processo administrativo disciplinar prescinde da exposição 
detalhada dos fatos a serem apurados. 
 
Validade da prova emprestada 
 
www.dizerodireito.com.br 
P
ág
in
a2
3
 
Súmula 591-STJ: É permitida a “prova emprestada” no processo administrativo disciplinar, desde que 
devidamente autorizada pelo juízo competente e respeitados o contraditório e a ampla defesa. 
 
Excesso de prazo para conclusão do PAD 
Súmula 592-STJ: O excesso de prazo para a conclusão do processo administrativo disciplinar só causa 
nulidade se houver demonstração de prejuízo à defesa. 
 
Ausência de transcrição integral de dados obtidos por meio de interceptação telefônica não gera nulidade 
Mesmo em matéria penal, a jurisprudência do STF e do STJ é no sentido de que não é necessária a 
degravação integral das escutas, sendo bastante que dos autos constem excertos suficientes a embasar o 
oferecimento da denúncia. 
O servidor processado, que também é réu no processo criminal, tem acesso à integralidade das 
interceptações e, se entender necessário, pode juntar no processo administrativo os eventuais trechos que 
considera pertinentes ao deslinde da controvérsia. 
O acusado em processo administrativo disciplinar não possui direito subjetivo ao deferimento de todas as 
provas requeridas nos autos, ainda mais quando consideradas impertinentes ou meramente protelatórias 
pela comissão processante (art. 156, §1º, Lei nº 8.112/90). 
STF. 1ª Turma. RMS 28774/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado 
em 9/8/2016 (Info 834). 
 
Monitoramento de e-mail corporativo de servidor público 
As informações obtidas por monitoramento de e-mail corporativo de servidor público não configuram prova 
ilícita quando relacionadas com aspectos "não pessoais" e de interesse da Administração Pública e da 
própria coletividade, especialmente quando exista, nas disposições normativas acerca do seu uso, expressa 
menção da sua destinação somente para assuntos e matérias afetas ao serviço, bem como advertência sobre 
monitoramento e acesso ao conteúdo das comunicações dos usuários para cumprir disposições legais ou 
instruir procedimento administrativo. 
STJ. 2ª Turma. RMS 48.665-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 15/9/2015 (Info 576). 
 
Desnecessidade de intimação do servidor após o relatório final para alegações finais 
Após o relatório ter sido produzido pela comissão, ele deverá ser apresentado ao servidor processado para 
que este possa impugná-lo? Existe previsão na Lei nº 8.112/90 de alegações finais a serem oferecidas pelo 
servidor após o relatório final ter sido concluído? 
NÃO. Não é obrigatória a intimação do interessado para apresentar alegações finais após o relatório final de 
processo administrativo disciplinar. 
Inexiste previsão na Lei nº 8.112/1990 de intimação do acusado após a elaboração do relatório final da 
comissão processante. 
STF. 1ª Turma. RMS 28774/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado 
em 9/8/2016 (Info 834). 
STJ. 1ª Seção. MS 18.090-DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 8/5/2013 (Info 523). 
 
Inexistência de impedimento de que os membros da comissão do primeiro PAD, que foi anulado, 
participem da segunda comissão 
Respeitados todos os aspectos processuais relativos à suspeição e impedimento dos membros da Comissão 
Processante previstos pelas Leis 8.112/90 e 9.784/99, não há qualquer impedimento ou prejuízo material na 
convocação dos mesmos servidores que anteriormente tenham integrado Comissão Processante, cujo 
relatório conclusivo foi posteriormente anulado (por cerceamento de defesa), para comporem a segunda 
Comissão de Inquérito. 
Assim, não há qualquer impeditivo legal de que a comissão de inquérito em processo administrativo 
disciplinar seja formada pelos mesmos membros de comissão anterior que havia sido anulada. 
 
www.dizerodireito.com.br 
P
ág
in
a2
4
 
STF. 1ª Turma. RMS 28774/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado 
em 9/8/2016 (Info 834). 
STJ. 1ª Seção. MS 16.192/DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 10/04/2013. 
 
A mesma autoridade que ofereceu denúncia criminal contra o suspeito pode atuar como julgadora no 
processo administrativo que apura o mesmo fato 
O oferecimento de denúncia criminal por autoridade que, em razão de suas atribuições legais, seja obrigada 
a fazê-lo não a inabilita, só por isso, a desempenhar suas funções como autoridade julgadora no processo 
administrativo. 
Caso concreto: membro do MP praticou fato que, em tese, configura, ao mesmo tempo, infração disciplinar 
e crime. Foi instaurado processo administrativo. Além disso, o PGJ ofereceu denúncia criminal. Depois da 
denúncia, chegou ao fim o processo administrativo e o mesmo PGJ aplicou sanção disciplinar. Ele poderia ter 
feito isso. Não há, nesse caso, comprometimento da imparcialidade. 
STJ. 1ª Turma. RMS 54.717-SP, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 09/08/2022 (Info 744). 
 
É possível a cassação de aposentadoria de servidor público pela prática, na atividade, de falta disciplinar 
punível com demissão 
A pena de cassação deaposentadoria é compatível com a Constituição Federal, a despeito do caráter 
contributivo conferido àquela, especialmente porque nada impede que, na seara própria, haja o 
acertamento de contas entre a administração e o servidor aposentado punido. 
Assim, constatada a existência de infração disciplinar praticada enquanto o servidor estiver na ativa, o ato de 
aposentadoria não se transforma num salvo conduto para impedir o sancionamento do ilícito pela 
administração pública. Faz-se necessário observar o regramento contido na Lei n. 8.112/1990, aplicando-se a 
penalidade compatível com as infrações apuradas. 
STJ. 1ª Seção. MS 23.608-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. Acd. Min. Og Fernandes, julgado em 
27/11/2019 (Info 666). 
STF. 2ª Turma. AgR no ARE 1.092.355, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 17/5/2019. 
 
Possibilidade de execução imediata de penalidade imposta em PAD 
Determinado servidor público federal recebeu pena de demissão em processo administrativo disciplinar 
contra si instaurado. O servidor interpôs recurso administrativo contra a decisão proferida. Ocorre que, 
antes mesmo de ser julgado o recurso, a Administração Pública já cessou o pagamento da remuneração do 
servidor e o afastou das funções. 
É possível que a sanção aplicada seja desde logo executada mesmo que ainda esteja pendente recurso 
interposto no âmbito administrativo? 
SIM. É possível o cumprimento imediato da penalidade imposta ao servidor logo após o julgamento do PAD 
e antes do julgamento do recurso administrativo cabível. 
Não há qualquer ilegalidade na imediata execução de penalidade administrativa imposta em PAD a servidor 
público, ainda que a decisão não tenha transitado em julgado administrativamente. 
STJ. 1ª Seção. MS 19.488-DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 25/3/2015 (Info 559). 
 
Termo inicial e causa de interrupção do prazo prescricional das infrações administrativas 
Súmula 635-STJ: Os prazos prescricionais previstos no art. 142 da Lei nº 8.112/1990 iniciam-se na data em 
que a autoridade competente para a abertura do procedimento administrativo toma conhecimento do fato, 
interrompem-se com o primeiro ato de instauração válido - sindicância de caráter punitivo ou processo 
disciplinar - e voltam a fluir por inteiro, após decorridos 140 dias desde a interrupção. 
 
Se a infração disciplinar praticada for, em tese, também crime, o prazo prescricional do processo 
administrativo será aquele que for previsto no art. 109 do CP, esteja ou não esse fato sendo apurado na 
esfera penal 
 
www.dizerodireito.com.br 
P
ág
in
a2
5
 
O prazo prescricional previsto na lei penal se aplica às infrações disciplinares também capituladas como 
crime independentemente da apuração criminal da conduta do servidor. 
Para se aplicar a regra do § 2º do art. 142 da Lei nº 8.112/90 não se exige que o fato esteja sendo apurado 
na esfera penal (não se exige que tenha havido oferecimento de denúncia ou instauração de inquérito 
policial). 
Se a infração disciplinar praticada for, em tese, também crime, deve ser aplicado o prazo prescricional 
previsto na legislação penal independentemente de qualquer outra exigência. 
STJ. 1ª Seção. MS 20.857-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. Acd. Min. Og Fernandes, julgado em 
22/05/2019 (Info 651). 
 
Estado responde subsidiariamente caso a prova do concurso público seja suspensa ou cancelada por 
indícios de fraude; a responsabilidade direta é da instituição organizadora 
O Estado responde subsidiariamente por danos materiais causados a candidatos em concurso público 
organizado por pessoa jurídica de direito privado (art. 37, § 6º, da CRFB/88), quando os exames são 
cancelados por indícios de fraude. 
STF. Plenário. RE 662405, Rel. Luiz Fux, julgado em 29/06/2020 (Repercussão Geral – Tema 512) (Info 986 – 
clipping). 
 
Restrição a candidatos com tatuagem 
Editais de concurso público não podem estabelecer restrição a pessoas com tatuagem, salvo situações 
excepcionais em razão de conteúdo que viole valores constitucionais. 
STF. Plenário. RE 898450/SP, Rel. Min. Luiz Fux, j. em 17/8/2016 (repercussão geral) (Info 835). 
 
Não é legítima a cláusula de edital de concurso público que restrinja a participação de candidato pelo 
simples fato de responder a inquérito ou a ação penal, salvo se essa restrição for instituída por lei e se 
mostrar constitucionalmente adequada 
Sem previsão constitucionalmente adequada e instituída por lei, não é legítima a cláusula de edital de 
concurso público que restrinja a participação de candidato pelo simples fato de responder a inquérito ou a 
ação penal. 
STF. Plenário. RE 560900/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 5 e 6/2/2020 (repercussão geral – Tema 
22) (Info 965). 
 
 
Surdez unilateral NÃO é considerada deficiência para fins de concurso público. 
Cegueira unilateral É considerada deficiência para fins de concurso público. 
 
Não compete ao Poder Judiciário, no controle de legalidade, substituir banca examinadora 
Não compete ao Poder Judiciário, no controle de legalidade, substituir banca examinadora para avaliar 
respostas dadas pelos candidatos e notas a elas atribuídas. 
Excepcionalmente, é permitido ao Judiciário juízo de compatibilidade do conteúdo das questões do concurso 
com o previsto no edital do certame. 
STF. Plenário. RE 632853, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 23/04/2015 (repercussão geral) (Info 782) 
 
Candidato só pode ser excluído de concurso público por não se enquadrar na cota para negros se houver 
contraditório e ampla defesa 
A exclusão do candidato, que concorre à vaga reservada em concurso público, pelo critério da 
heteroidentificação, seja pela constatação de fraude, seja pela aferição do fenótipo ou por qualquer outro 
fundamento, exige o franqueamento do contraditório e da ampla defesa. 
STJ. 2ª Turma. RMS 62.040-MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 17/12/2019 (Info 666). 
 
 
www.dizerodireito.com.br 
P
ág
in
a2
6
 
Mandado de segurança não serve para questionar o parecer da comissão examinadora de 
heteroidentificação, que não aceitou a autodeclaração de cotista em concurso 
É inadequado o manejo de mandado de segurança com vistas à defesa do direito de candidato em concurso 
público a continuar concorrendo às vagas reservadas às pessoas pretas ou pardas, quando a comissão 
examinadora de heteroidentificação não confirma a sua autodeclaração. 
STJ. 1ª Turma. RMS 58.785-MS, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 23/08/2022 (Info 746). 
 
É possível que o candidato a concurso público consiga a alteração das datas e horários previstos no edital 
por motivos religiosos, desde que cumpridos alguns requisitos 
Nos termos do art. 5º, VIII, da Constituição Federal, é possível a realização de etapas de concurso público em 
datas e horários distintos dos previstos em edital, por candidato que invoca escusa de consciência por 
motivo de crença religiosa, desde que presentes a razoabilidade da alteração, a preservação da igualdade 
entre todos os candidatos e que não acarrete ônus desproporcional à Administração Pública, que deverá 
decidir de maneira fundamentada. 
STF. Plenário. RE 611874/DF, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 19/11, 
25/11 e 26/11/2020 (Repercussão Geral – Tema 386) (Info 1000). 
 
Pandemia, crise econômica e limite prudencial atingido para despesas com pessoal não são motivos 
suficientes para se deixar de nomear o candidato aprovado dentro do número de vagas do concurso 
público 
Para a recusa à nomeação de aprovados dentro do número de vagas em concurso público devem ficar 
comprovadas as situações excepcionais elencadas pelo Supremo Tribunal Federal no RE 598.099/MS, não 
sendo suficiente a alegação de estado das coisas - pandemia, crise econômica, limite prudencial atingido 
para despesas com pessoal -, tampouco o alerta da Corte de Contas acerca do chamado limite prudencial. 
A recusa à nomeação dos candidatos aprovados dentro do número de vagas deve ser a última das 
alternativas,somente sendo adotada quando realmente já não houver outra saída para a Administração 
Pública. 
STJ. 1ª Turma. RMS 66.316-SP, Rel. Min. Manoel Erhardt (Desembargador convocado do TRF da 5ª Região), 
julgado em 19/10/2021 (Info 715). 
 
Posse em cargo público por determinação judicial e dever de indenizar 
O candidato que teve postergada a assunção em cargo por conta de ato ilegal da Administração tem direito 
a receber a remuneração retroativa? 
Regra: NÃO. Não cabe indenização a servidor empossado por decisão judicial sob o argumento de que houve 
demora na nomeação. Dito de outro modo, a nomeação tardia a cargo público em decorrência de decisão 
judicial não gera direito à indenização. 
Exceção: será devida indenização se ficar demonstrado, no caso concreto, que o servidor não foi nomeado 
logo por conta de uma situação de arbitrariedade flagrante. 
Nas exatas palavras do STF: “Na hipótese de posse em cargo público determinada por decisão judicial, o 
servidor não faz jus à indenização, sob fundamento de que deveria ter sido investido em momento anterior, 
salvo situação de arbitrariedade flagrante.” 
STF. Plenário. RE 724347/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado 
em 26/2/2015 (repercussão geral) (Info 775). 
 
A nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público não gera direito à indenização, ainda que 
a demora tenha origem em erro reconhecido pela própria Administração Pública. 
STJ. 1ª Turma. REsp 1.238.344-MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 30/11/2017 (Info 617). 
 
O prazo para se questionar a preterição de nomeação de candidato em concurso público é de 5 anos, 
contado da data em que o outro servidor foi nomeado no lugar do aprovado 
 
www.dizerodireito.com.br 
P
ág
in
a2
7
 
Nos casos de preterição de candidato na nomeação em concurso público, o termo inicial do prazo 
prescricional quinquenal recai na data em que foi nomeado outro servidor no lugar do aprovado no certame. 
STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1.643.048-GO, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 05/03/2020 (Info 
668). 
 
A nomeação tardia a cargo público em decorrência de decisão judicial não gera direito à promoção 
retroativa 
A nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público, por meio de ato judicial, à qual atribuída 
eficácia retroativa, não gera direito às promoções ou progressões funcionais que alcançariam se houvesse 
ocorrido, a tempo e modo, a nomeação. 
STF. Plenário. RE 629392 RG/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/6/2017 (repercussão geral) (Info 
868). 
 
Teoria do fato consumado: inaplicabilidade em concurso público 
O candidato que toma posse em concurso público por força de decisão judicial precária assume o risco de 
posterior reforma desse julgado que, em razão do efeito “ex tunc”, inviabiliza a aplicação da teoria do fato 
consumado em tais hipóteses. 
A posse ou o exercício em cargo público por força de decisão judicial de caráter provisório não implica a 
manutenção, em definitivo, do candidato que não atende a exigência de prévia aprovação em concurso 
público (CF, art. 37, II), valor constitucional que prepondera sobre o interesse individual do candidato, que 
não pode invocar, na hipótese, o princípio da proteção da confiança legítima, pois conhece a precariedade 
da medida judicial. 
Em suma, não se aplica a teoria do fato consumado para candidatos que assumiram o cargo público por 
força de decisão judicial provisória posteriormente revista. 
STF. Plenário. RE 608482/RN, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 7/8/2014 (repercussão geral) (Info 753). 
STF. 1ª Turma. RMS 31538/DF, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, julgado em 
17/11/2015 (Info 808). 
 
Não se pode cassar a aposentadoria do servidor que ingressou no serviço público por força de provimento 
judicial precário e se aposentou durante o processo, antes da decisão ser reformada 
Em regra, não produzem fato consumado a posse e o exercício em cargo público decorrentes de decisão 
judicial tomada à base de cognição não-exauriente. 
Em outras palavras, não se aplica a teoria do fato consumado para candidatos que assumiram o cargo 
público por força de decisão judicial provisória posteriormente revista. Trata-se do entendimento firmado no 
RE 608482/RN (Tema 476). 
A situação é diferente, contudo, se a pessoa, após permanecer vários anos no cargo, conseguiu a concessão 
de aposentadoria. Neste caso, em razão do elevado grau de estabilidade da situação jurídica, o princípio da 
proteção da confiança legítima incide com maior intensidade. Trata-se de uma excepcionalidade que 
autoriza a distinção (distinguish) quanto ao leading case do RE 608482/RN (Tema 476). 
STF. 1ª Turma. RE 740029 AgR/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 14/8/2018 (Info 911). 
 
Em casos excepcionais, em que a restauração da estrita legalidade ocasionaria mais danos sociais que a 
manutenção da situação consolidada pelo decurso do tempo, a jurisprudência do STJ é firme no sentido de 
admitir a aplicação da teoria do fato consumado 
Em regra, o STJ acompanha o entendimento do STF e decide que é inaplicável a teoria do fato consumado 
aos concursos públicos, não sendo possível o aproveitamento do tempo de serviço prestado pelo servidor 
que tomou posse por força de decisão judicial precária, para efeito de estabilidade. 
Contudo, em alguns casos, o STJ afirma que existem situações excepcionais nas quais a solução padronizada 
ocasionaria mais danos sociais do que a manutenção da situação consolidada, impondo-se o distinguishing, e 
 
www.dizerodireito.com.br 
P
ág
in
a2
8
 
possibilitando a contagem do tempo de serviço prestado por força de decisão liminar, em necessária 
flexibilização da regra. 
STJ. 1ª Turma. AREsp 883.574-MS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 20/02/2020 (Info 666). 
 
Não se aplica a teoria do fato consumado para remoção realizada fora das hipóteses legais 
A “teoria do fato consumado" não pode ser aplicada para consolidar remoção de servidor público destinada 
a acompanhamento de cônjuge, em hipótese que não se adequa à legalidade estrita, ainda que tal situação 
haja perdurado por vários anos em virtude de decisão liminar não confirmada por ocasião do julgamento de 
mérito. 
STJ. Corte Especial. EREsp 1.157.628-RJ, Rel. Min. Raul Araújo, j. em 7/12/2016 (Info 598). 
 
A progressão funcional não está elencada no rol de proibições do art. 22, parágrafo único, da LRF (limite 
prudencial) 
É ilegal o ato de não concessão de progressão funcional de servidor público, quando atendidos todos os 
requisitos legais, a despeito de superados os limites orçamentários previstos na Lei de Responsabilidade 
Fiscal, referentes a gastos com pessoal de ente público, tendo em vista que a progressão é direito subjetivo 
do servidor público, decorrente de determinação legal, estando compreendida na exceção prevista no inciso 
I do parágrafo único do art. 22 da Lei Complementar n. 101/2000. 
STJ. 1ª Seção. REsp 1.878.849-TO, Rel. Min. Manoel Erhardt (Desembargador Convocado do TRF da 5ª 
região), julgado em 24/02/2022 (Recurso Repetitivo – Tema 1075) (Info 726). 
 
Administração Pública deve descontar os dias não trabalhados por servidor público em greve 
A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação decorrentes do exercício do 
direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo funcional que dela decorre. É 
permitida a compensação em caso de acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que 
a greve foi provocada por conduta ilícita do Poder Público. 
STF. Plenário. RE 693456/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 27/10/2016 (repercussão geral) (Info 845). 
 
Compete à Justiça Comum (estadual ou federal) decidir se a greve realizada por servidor público é ou não 
abusiva 
A justiça comum, federal ou estadual, é competente para julgar a abusividade de greve de servidores 
públicos celetistas da Administração pública direta, autarquias

Continue navegando