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AO JUÍZO DA 200ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO/SP Processo nº: 0101010-50.2020.5.02.0200 SOCIEDADE EMPRESÁRIA AUDITORIA PENTE FINO S.A, pessoa jurídica, inscrita no CNPJ ..., com sede na Rua ..., nº ..., bairro ..., cidade de São Paulo/SP, CEP ..., por intermédio de seu advogado in fine assinado, conforme procuração em anexo, vem à presença de Vossa Excelência, com base no Art. 847 da CLT, apresentar: CONTESTAÇÃO Em face da ação movida por MARIA JOAQUINA, já qualificada nos autos do processo em epígrafe, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas. I- SÍNTESE DOS FATOS Em 30 de janeiro de 2022, Maria Joaquina ajuizou reclamação trabalhista, e petição inicial na qual postulou - mesmo tendo exercido a função de gerente e recebendo salário diferenciado de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) acrescido de gratificação de função de R$ 10.000,00 (dez mil reais) - o pagamento de horas extras alegando trabalhar de segunda a sábado, das 8h ás 20h, com intervalo de 1 hora, sendo que não marcava folha de ponta. Requereu também, pagamento da indenização de 40% sobre o FGTS, mesmo tendo solicitado sua demissão em 07/01/2022. A reclamante ainda pleiteia a condenação da reclamada ao pagamento dos recolhimentos previdenciários dos anos de 2018 e 2019 que não foram realizados pela empresa ré. Além disso, a autora argumenta que desde 2018 passou a receber prêmios em pecúnia, em valores variado, pelo que requereu a integração desses valores ao seu salário, com reflexo nas demais verbas salariais e rescisórias, contrariando dispositivo legal vigente. Ainda na exordial, a reclamante relata que desde o início do seu contrato, em 29/09/2011 realizava as mesmas atividades que Silvana Céu Azul, outra gerente do setor de auditoria de médias empresas, admitida pela reclamada em 15/01/2009, também já na função de gerente, mas que recebia remuneração 10% superior à que a reclamante recebia, ao qual juntou comprovantes de suas alegações mas não apresentou pedido claro quanto à demanda. Outrossim, a autora requereu o pagamento de adicional de periculosidade alegando exercer suas atividades em prédio localizado ao lado de uma comunidade violenta e por supostamente ouvido disparos de arma de fogo e ter assistido operações policiais da janela de sua sala. Por fim, a reclamante requereu o pagamento de honorários advocatícios de 20% sobre o valor da condenação, contrariando o patamar máximo legal previsto na CLT. II- PRELIMINARMENTE -Da incompetência material da Justiça do Trabalho A reclamante afirma na inicial que a reclamada não efetuou o recolhimento do INSS nos anos de 2018 e 2019 e requer a condenação da mesma, para a regularização da situação. Contudo, tal demanda é de cunho puramente civil e o recolhimento de contribuições previdenciárias devidas ao longo de uma relação jurídica, seja ela empregatícia, seja ela autônoma, não compete a esta Justiça Especializada. Quanto ao recolhimento das contribuições previdenciárias, tanto o STF quanto o TST passaram a interpretar de forma restritiva o art. 114, VIII, da CR/88, limitando suas atribuições, no tocante às contribuições previdenciárias, ao processamento, julgamento e execução apenas e tão somente daquelas decorrentes de suas sentenças e acordos homologados, não abrangendo, portanto, contribuições previdenciárias decorrentes do pacto laboral. Na forma das súmulas 53, do STF e 368, do TST. Logo, a demanda deve ser impetrada diante a Justiça Comum, que é competente para julgar a matéria. Posto isto, a reclamada requer que seja acolhida a preliminar de incompetência da JT e a improcedência do pedido aludido. -Da inépcia da inicial Relata a reclamante que, desde o início de seu contrato, realizava as mesmas atividades que Silvana Céu Azul, outra gerente do setor de auditoria de médias empresas, admitida pela Empresa ré em 15/01/2009, já na função de gerente, mas que ganhava salário 10% superior ao da reclamante. Presume-se que a autora expôs o fato, a fim de obter equiparação salarial, contudo, não faz nenhum pedido para isso. Apenas argumentar que a colega exerce a mesma função e recebe salário superior não garante uma equiparação, sendo necessário que se tenha um pedido claro e conexo com o fato, mesmo que se tenha provas. De modo que, a equiparação padece pela inépcia do pedido, nos termos do art. 330, § 1º, I, do CPC, devendo ser declarado inepto tal requerimento. -Da impugnação à concessão de gratuidade da justiça A reclamante ajuizou reclamação trabalhista com pedido de justiça gratuita. De acordo com o art. 790, § 3º, da CLT, o deferimento do benefício da Justiça Gratuita, com a isenção de custas processuais, deve ser concedido ao requerente que perceba salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do RGPS que é de R$ 7.507,49 atualmente (40% = R$ 3.002,99). Logo, percebe-se, na própria exordial, que a autora não faz jus à tais benefícios pois, percebia um salário mensal de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), acrescido de gratificação de função de R$ 10.000,00 (dez mil reais) e ainda recebia prêmios em pecúnia. Assim, observando o valor máximo atual dos benefícios do RGPS, requer sejam indeferidos o pedido de Assistência Judiciária Gratuita. III- DA PREJUDICIAL DE MÉRITO -Da prescrição quinquenal Tendo em vista a prescrição trabalhista prevista no art. 7º, XXIX, da CR/88 e art. 11 da CLT, a reclamada suscita a prescrição de qualquer pretenso direito anterior a 5 (cinco) anos, contados da data do ajuizamento da ação. A reclamante ajuizou reclamação trabalhista em 30/01/2020, logo, estão prescritas as pretensões anteriores a 30/01/2015. IV- DO MÉRITO -Das horas extras Na inicial, a reclamante pleiteia supostas horas extras devidas pela reclamada. Todavia, não lhe assiste razão já que a mesma exercia cargo de gerente e, e logicamente, tinha poder de gestão, o que justifica perceber um salário diferenciado de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), com gratificação de função superior de R$ 10.000,00 (dez mil reais), superior a 40%. Nos termos do art. 62, II, da CLT, por ocupar cargo de confiança, o gerente não possui direito a limite de jornada. Portanto, resta demonstrado que a reclamante também não faz jus às horas extras já que não tem direito a elas. -Da multa do FGTS A reclamante busca ainda, indenização de 40% sobre o saldo do FGTS. No entanto, não há o que se falar em relação à referida multa, uma vez que a autora pediu demissão, em 07/01/2020, o que impede a pretensão, já que somente os empregados demitidos sem justa causa fazem jus ao aludido direito. Como previsto no art. 18, § 1º, da Lei nº 8.036/90. -Da integração de prêmios ao salário https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641213/artigo-7-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10725979/inciso-xxix-do-artigo-7-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 Referente à integração dos valores percebidos como prêmio ao salário, tal alegação é descabida e confronta o que prevê o art. 457, § 2º, da CLT. Os prêmios concedidos pelo empregador, sem correspondência à força expendida ao trabalho executado pelo empregado, mas sim com sua produtividade e/ou assiduidade, constituem-se em recompensa a aspecto qualificador da prestação do serviço, tratando-se de liberalidade do empregador e, como tal, não geram qualquer direito à integração e reflexos. A integralização do prêmio ao salário faria com que este perdesse sentido em relação ao fim para o qual foi criado, pois, sabendo o empregado que já o teria integralizado em seu salário, pouco lhe importaria atingir determinada meta, pois receberia o prêmio compulsoriamente. Concluir de forma diversa significaria apenar o empregador que, de livre e espontânea vontade, concede uma premiação ao empregadopor merecimento, obrigando-o a assim fazer, de forma compulsória. Deste modo, a juntada de contracheques, a partir de 2018, indicando o recebimento de prêmios em pecúnia, em valores variados, são imprestáveis, devendo ser julgado improcedente tal pedido, assim como os possíveis reflexos nas demais verbas salariais e rescisórias, inclusive FGTS, e o pagamento das diferenças daí decorrentes. -Da equiparação salarial A reclamante relata que, desde o início de seu contrato, realizava as mesmas atividades que Silvana Céu Azul, outra gerente do setor de auditoria de médias empresas, admitida pela reclamada em 15/01/2009, já como gerente, mas que ganhava salário 10% superior ao da reclamante, conforme contracheques juntados na exordial como paradigma. Todavia, tal pleito não merece prosperar, uma vez que Silvana Céu Azul (paradigma processual) tem mais de 2 anos na função e não implementa essa condição legal de equiparação salarial, na forma do Art. 461, § 1º, da CLT. -Do adicional de periculosidade As alegações de que atividades da reclamante eram desenvolvidas em uma comunidade muito violenta, tendo supostamente ouvido diversas vezes disparos de arma de fogo e assistido, da janela de sua sala de trabalho, a várias operações policiais que combatiam o tráfico de drogas no local, requerendo o pagamento de adicional de periculosidade, não são suficientes, tampouco possuem amparo legal para concessão do adicional de periculosidade. Assim sendo, o fato de supostamente observar operações policiais, ouvir disparos de arma de fogo ou estar próxima de uma comunidade violenta, não são pressupostos legais que concedam o adicional requerido, aliás, tal desconforto não passa de mero dissabor, afinal, operações policiais são rotineiras no Brasil. Outrossim, a situação retratada na petição inicial não autoriza tecnicamente o pagamento do adicional, segundo o Art. 193 da CLT devendo ser improcedente tal pedido. -Dos honorários advocatícios Por fim, a reclamante requereu o pagamento de honorários advocatícios de 20% sobre o valor da condenação. Contudo, seu pedido não merece ser acolhido, já que, de acordo com o art. 791- A, da CLT, “serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa” Posto isto, a reclamada postula a condenação da reclamante em honorários sucumbenciais com fixação no patamar máximo legal de 15%. V- DOS REQUERIMENTOS Ante o exposto, a reclamada requer: A) O recebimento da presente contestação escrita, nos termos do art. 847, da CLT; B) O acolhimento das preliminares de incompetência material, inépcia e de impugnação à concessão dos benefícios da justiça gratuita; C) O acolhimento da prescrição quinquenal; D) A total improcedência dos pedidos; E) A condenação da reclamante em custas e honorários; F) A produção de todos os meios de provas, em especial a documental e testemunhal, inclusive com depoimento pessoal da autora, sob pena de confissão; Nestes termos, pede deferimento São Paulo/SP, ... de ... de ... ADVOGADO OAB/UF ...
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