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Sistemas de monitoramento e alerta como suporte à gestão local de riscos de desastres Sistemas de monitoramento e alerta como suporte à gestão local de riscos de desastres São José dos Campos 2022 Ficha Institucional REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL Presidente da República Jair Messias Bolsonaro MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL - MDR Ministro Daniel de Oliveira Duarte Ferreira SECRETARIA NACIONAL DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL – SEDEC Secretário Alexandre Lucas Alves CENTRO NACIONAL DE MONITORAMENTO E ALERTAS DE DESASTRES NATURAIS - CEMADEN OSVALDO LUIZ LEAL DE MORAES – Diretor JOSÉ ANTÔNIO MARENGO ORSINI – Coordenador-Geral de Pesquisa e Desenvolvimento MARCELO ENRIQUE SELUCHI – Coordenador-Geral de Operações e Modelagens REGINA CÉLIA DOS SANTOS ALVALÁ – Coordenadora de Relações Institucionais WESLEY BARBOSA – Coordenador de Administração Ficha Técnica Coordenação do Projeto: Osvaldo Luiz Leal de Moraes Supervisor do Projeto: Wesley Barbosa SISTEMAS DE MONITORAMENTO E ALERTA COMO SUPORTE À GESTÃO LOCAL DE RISCOS DE DESASTRES Danielle Blazys Correa Lucas Rangel Maria Cristina Maciel Lourenço Rachel Trajber Rafael Alexandre Ferreira Luiz REVISÃO TÉCNICA Leandro Casagrande Pedro Ivo Camarinha Rafael Alexandre Ferreira Luiz Tiago Bernardes DESIGNER INSTRUCIONAL Ednei Augusto Januário PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Aline Ferreira dos Santos Ana Elisa Pereira da Cunha Nogueira Camila Maria do Prado Santos Lucas Fernandes Cantisani EDIÇÃO E REVISÃO Aline Ferreira dos Santos Mayara Crispim Freitas Sá Sumário Módulo 1 Fundamentos de Sistemas de Monitoramento e Alerta de Desastres Módulo 1.....................................................................................................................................10 Introdução ..............................................................................................................................11 Sistemas de Monitoramento e Alerta aplicados à Gestão de Riscos de Desastres: Antecedentes, Desafios e Perspectivas ............................................................................12 Eixos do Sistema de Monitoramento e Alerta de Desastres .......................................23 Informações e Monitoramento de Desastres ..................................................................28 Módulo 2 Sistema Nacional de Informações e Monitoramento de Desastres Módulo 2.....................................................................................................................................28 Introdução ..............................................................................................................................29 Sistema Nacional de Informações e Monitoramento de Desastres ...........................30 Redes e Agências de Monitoramento e Alerta de Desastres da União ......................31 Rede Hidrometeorológica Nacional – ANA ......................................................................31 Sistema de Coleta e Distribuição de Dados Meteorológicos – INMET .......................38 Rede Observacional –CEMADEN ........................................................................................40 Rede de Meteorologia do Comando da Aeronáutica – DECEA ....................................49 Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos – CPTEC/INPE ...........................53 Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia – CENSIPAM ..58 Serviço Geológico do Brasil – CPRM ..................................................................................61 Acesso e Interpretação de Produtos e Serviços de Monitoramento e Alerta de Desastres da União ...............................................................................................................64 Boletim de Monitoramento Hidrometeorológico – CPRM ...........................................66 Ações de Monitoramento Hidrológico – ANA .................................................................70 Previsões Probabilísticas – CPTEC/INPE ...........................................................................74 Avisos Meteorológicos – INMET .........................................................................................77 Alertas de Risco de Desastres Geo-hidrológicos – CEMADEN .....................................81 Módulo 3 Instrumentos de Gestão de Riscos de Desastres na Escala Local e Sistemas de Monitoramento e Alerta Módulo 3.....................................................................................................................................87 Introdução ..............................................................................................................................88 Instrumentos de Gestão Local de Riscos de Desastres ................................................89 Plano Preventivo de Defesa Civil – PPDC .........................................................................89 Plano de Contingência – PLANCON ...................................................................................92 Plano Municipal de Redução de Riscos – PMRR ..............................................................95 Outros instrumentos de Gestão Local . ...........................................................................103 Carta de Suscetibilidade .....................................................................................................104 Carta de Aptidão à Urbanização ........................................................................................105 Mapeamento das Vulnerabilidades ..................................................................................106 Boas Práticas de Gestão de Risco de Desastres na Escala Local ................................109 Defesa Civil de Salvador – CODESAL ................................................................................109 Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil de São Paulo – CEPDEC/SP ...117 Projeto GIDES – Eixo Monitoramento e Alerta (Nova Friburgo/RJ, Petrópolis/RJ e Blumenau/SC) .......................................................................................................................125 Sistemas de monitoramento e alerta como suporte à gestão local de riscos de desastres ................................................................................................................................131 Módulo 4 Abordagens Participativas para o Fortalecimento de Sistemas de Monitoramento e Alerta de Desastres Módulo 4.....................................................................................................................................131 Introdução .............................................................................................................................132 Sistemas de Monitoramento e Alerta de Centrados em Comunidades e a Ciência Cidadã .......................................................................................................................133 Gestão de Riscos e Desastres em diálogo com a Educação .........................................133 Governança participativa para o fortalecimento do monitoramento e alerta de desastres ................................................................................................................................136 Ciência Cidadã: conhecimento, monitoramento, comunicação e autoproteção ........................................................................................................................137 O Nupdec pode ser uma forma de governança participativa .....................................139 Boas Práticas em Sistemas Participativos de Monitoramento e Alerta................................................................................................................................140 Formação em Capacidades de Prevenção e Monitoramento - Nova Friburgo/RJ .................................................................................................................140Prevenção de deslizamentos se aprende na escola: ciência cidadã em redução de riscos de desastres ...............................................................................................................142 Cemaden Educação: rede de escolas e comunidades na prevenção de desastres ................................................................................................................................143 Cemaden Educação: Eixo aprendizagem .........................................................................144 Cemaden Educação: Eixo aprendizagem .........................................................................145 Cemaden Educação: eixo mobilização .............................................................................145 Cemaden Educação: Eixo Comunidade Com-VidAção .................................................145 Referências bibliográficas .........................................................................147 Fundamentos de Sistemas de Monitoramento e Alerta de Desastres Sistemas de monitoramento e alerta como suporte à gestão local de riscos de desastres 1 11 Introdução Nesta unidade você verá como as várias agências, fundos e programas da Organização das Nações Unidas (ONU) vêm desempenhando, desde a década de 1970, um papel fundamental na promoção, articulação e imple- mentação dos Sistemas de Monitoramento e Alerta de Desastres como um componente estratégico para Redução do Risco de Desastres, ao apoiarem uma série de projetos, realizações de conferências e implementação de pla- taformas colaborativas com o objetivo de desenvolver uma cultura de pre- venção e preparação aos desastres ao redor do mundo. Além disso, serão caracterizados os quatro eixos que compõem um Sis- tema de Monitoramento e Alerta de Desastres: » a) Conhecimento do Risco: Conjunto de informações que leva em consideração a dinamicidade dos conceitos de “ameaça” e vulnerabili- dade”, e a intensificação destes pelos processos de urbanização acele- rada, degradação socioambiental e mudanças climáticas; » b) Monitoramento do Risco: Infraestrutura, tecnologia e recursos hu- manos capazes de fornecerem serviços de monitoramento de amea- ças de origem natural e alertas antecipados de risco de desastres; » c) Comunicação do Risco: Práticas utilizadas na distribuição da infor- mação produzida pelos serviços de monitoramento e alerta de manei- ra compreensível para os órgãos competentes e para a sociedade, so- bretudo para os moradores de áreas de risco; e » d) Capacidade de Resposta: Recursos, estratégias e planos de preparação ao desastre que envolvam diversos atores para uma gestão efetiva do desastre. Espera-se que, ao final deste módulo, o aluno seja capaz de compreender a importância dos fundamentos de um Sistema de Monitoramento e Alerta de Desastre para uma efetiva Gestão de Riscos de Desastres em seu município. 12 Sistemas de Monitoramento e Alerta aplicados à Gestão de Riscos de Desastres: Antecedentes, Desafios e Perspectivas Ao longo da história, o Homem sempre buscou investigar e registrar os fenômenos da natureza na tentativa de prevê-los. Por este motivo, o de- senvolvimento de instrumentos e técnicas de observação sempre estive- ram na vanguarda do progresso científico e tecnológico. À medida em que a humanidade abandona sua pré-condição nômade e passa a depender da agricultura para viver, analisar as chuvas na tentativa de estabelecer um pa- drão de frequência torna-se fundamental para o planejamento do plantio e, portanto, para a garantia de sobrevivência. Figura 1: Operadora de radar durante a Segunda Guerra Mundial. Fonte: IWM 13 Com a intensificação do comércio internacional e do transporte maríti- mo no final do século XVIII, conhecer a rota provável de uma tempestade tropical significava reduzir os riscos e, por conseguinte, reduzir os danos e as perdas econômicas. A partir do momento em que o Homem passa a viver nas cidades e, mais recentemente, com o fenômeno da urbanização mun- dial e o advento das mudanças climáticas, monitorar as ameaças naturais capazes de causar algum dano para a sociedade passa a ser uma necessida- de de autoproteção da vida e prevenção de prejuízos materiais. Embora a preocupação em salvaguardar vidas também estivesse entre os objetivos dos primeiros sistemas de avisos de tempestades desenvol- vidos e implementados ainda no século XIX, foi apenas no início da Segun- da Guerra Mundial que, diante da real ameaça de bombardeio aéreo da Alemanha, implementou-se na Inglaterra, pela primeira vez, um sistema de detecção de eventos, comunicação e tomada de decisão baseado em processos e protocolos pré-estabelecidos e aplicados exclusivamente para a proteção e Defesa Civil (figura 1). Gradativamente, as instituições de proteção e Defesa Civil recém-organizadas ao final da Segunda Guerra Mundial incorporaram outras atribuições além daquelas associadas a ques- tões de segurança em tempos de guerra. Com o passar do tempo, elas fo- ram sendo adaptadas à realidade das demandas de segurança e proteção da população em tempos de paz, vivendo em uma sociedade cada vez mais exposta a ameaças (naturais, socionaturais e tecnológicas), e vulnerável ao risco de desastres dos mais variados tipos. Na esteira da chamada “Corrida Espacial” dos anos 1960 disputada entre as duas superpotências da época (Estados Unidos e União Soviética) – quan- do houve significativos avanços em tecnologias de observação da Terra –, a 25ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), ocorri- da em 1970, já apontava para a necessidade da aplicação da tecnologia e pesquisa científica para a prevenção de desastres, incluindo arranjos para divulgar efetivamente, a todos os países, os frutos da pesquisa de satélites e outras inovações sofisticadas visando o fortalecimento da cooperação <1> United Nations. Ver: https://www.un.org/en/. 14 internacional para determinar as causas e manifestações antecipadas de desastres iminentes, e o desenvolvimento e melhorias de Sistemas de Mo- nitoramento e Alerta de Desastres (UN, 1970). No entanto, até a década de 1970, as instituições dedicavam-se, na prática, quase exclusivamente a responder e a reduzir os efeitos dos desastres. A mu- dança de paradigma começa na década de 1980 quando, no período entre 1983 e 1985, as severas secas que atingiram a Etiópia levaram à morte cerca de 1,2 milhões de pessoas devido à fome generalizada (figura 2). A crise no país afri- cano chocou o mundo e chamou a atenção da comunidade internacional para a questão da produção de alimentos e a insegurança alimentar em diversos países. Sob liderança da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agri- cultura (FAO), um dos primeiros sistemas globais de informação e alerta an- tecipado foi desenvolvido com o intuito de emitir, regularmente, relatórios analíticos e objetivos sobre as condições ambientais vigentes, e fornecer avisos antecipados de crises alimentares iminentes em nível nacional ou re- gional, utilizando ferramentas de observação da Terra e monitoramento de preços globais. Foi quando se percebeu que o investimento em ações de preparação poderia reduzir os impactos de desastres e que alguns deles poderiam até ser evitados com ações de prevenção. <2>Food and Agriculture Organization of the United Nations. Ver: https://www. fao.org/giews/en/. Figura 2: Seca e fome na Etiópia (1983-1985). Fonte: BBC 15 Além da crise alimentar na Etiópia, a década de 1980 também foi mar- cada pela ocorrência de desastres de grande magnitude que registraram dezenas de milhares de mortos e feridos, além de danos materiais exorbi- tantes, com destaque para o terremoto da Cidade do México e a erupção vulcânica de Nevado del Ruiz na cidade de Tolima, Colômbia (1985); as inun- dações no Sudãoe Bangladesh (1988); além dos furacões Gilbert (1988) e Hugo (1989), que atingiram o Caribe e os Estados Unidos, entre outros. Diante do crescente número de vítimas e perdas econômicas decorren- tes dos desastres, a ONU instituiu o período de 1990 a 1999 como a Déca- da Internacional para a Redução dos Desastres Naturais. Na ocasião, os governos foram incentivados a colaborar internacionalmente para o desen- volvimento de políticas e programas de mitigação, com o objetivo de redu- zir os efeitos cada vez mais devastadores dos desastres, especialmente nos países em desenvolvimento. Particularmente em relação aos Sistemas de Monitoramento e Alerta, to- dos os estados-membros foram encorajados a garantir o acesso a níveis glo- bais, regionais, nacionais e locais, e a ampla disseminação dos alertas como um dos elementos de suas metas de desenvolvimento nacional (UN, 1991). Neste contexto, como parte dos desdobramentos da I Conferência Mun- dial de Redução de Riscos de Desastres, realizada no Japão em 1994 e do seu plano de ação denominado “Estratégia de Yokohama”, o comitê técnico-cien- tífico da ONU coordenou, em 1995, uma revisão de conceitos e práticas exis- tentes com o objetivo de fazer recomendações sobre o desenvolvimento e a aplicabilidade dos Sistemas de Monitoramento e Alerta de Desastres. Para isso, especialistas de vários países foram convocados para estudar diferentes aspectos desses sistemas, incluindo o uso e a transferência de tecnologias, e as capacidades nacionais e locais relacionadas ao uso eficaz dos alertas antecipados. Os resultados alcançados serviram de base para pu- blicação, em 1997, dos Princípios Orientadores para Alerta Antecipado Eficaz, dentre os quais, destacam-se: <3>Guiding Princi- ples for Effective Early Warning. Ver: https:// www.unisdr.org/2006/ ppew/whats-ew/mi- lestones-first-steps- -ew.htm. 16 » Sistemas de Monitoramento e Alerta devem ser componentes de um progra- ma mais amplo de mitigação nacional de riscos e redução de vulnerabilidade; » A ação resultante dos alertas deve ser baseada em procedimentos de Gestão de Risco e Desastres previamente estabelecidos por organiza- ções em nível nacional, regional e local; » Os alertas precisam ser claramente entendidos e operacionalmente relevantes para as defesas civis locais, que são mais frequentemente orientadas para funções de risco não específicas; » O processo de alerta deve levar a práticas demonstradas que possam informar e aconselhar grupos vulneráveis de pessoas, para que medidas adequadas possam ser tomadas no sentido de mitigar perdas e danos; » Há uma necessidade contínua de monitorar e prever mudanças nos pa- drões de vulnerabilidade particularmente em níveis locais, em função das condições da rápida urbanização, migração abrupta, mudanças eco- nômicas, conflito civis ou elementos semelhantes que possam alterar as condições sociais, econômicas ou ambientais de uma determinada área; » Grupos de pessoas que apresentam diferentes tipos de vulnerabi- lidade terão diferentes percepções de risco e várias estratégias de enfrentamento. Os Sistemas de Monitoramento e Alerta localmente apropriados fornecerão uma série de métodos de comunicação e de- vem promover múltiplas estratégias de proteção e redução de riscos; » Todos os aspectos da concepção e implementação dos Sistemas de Monitora- mento e Alerta exigem o envolvimento das partes interessadas no nível local. Isso inclui a produção e verificação de informações sobre riscos percebidos, concordância sobre os processos de tomada de decisão envolvidos e proto- colos operacionais padrão. Habilidades igualmente importantes envolvem a seleção de meios de comunicação adequados e estratégias de divulgação que possam garantir um nível efetivo de participação da população na atuação, mediante o recebimento das informações provenientes dos alertas. 17 Ao longo dos anos, e à medida que as mudanças climáticas e suas con- sequências tornam-se cada vez mais evidentes, as várias agências, fundos e programas da ONU vêm desempenhando um papel importante na pro- moção e desenvolvimento de uma cultura de prevenção e preparação aos desastres por meio de uma série de projetos, realizações de conferências e implementação de plataformas colaborativas. Neste sentido, a importância dos Sistemas de Monitoramento e Alerta de Desastres tem sido cada vez mais reconhecida e, por isso, o tema tem recebido progressivamente aten- ção no âmbito de tratados internacionais, conferências e planos de ações, tornando-se um dos elementos centrais de muitas estratégias para a Redu- ção do Risco de Desastres. Em 1998 ocorre a I Conferência Internacional de Sistemas de Alerta Ante- cipado para Redução de Desastres Naturais (EWC)4, na cidade de Potsdam, Alemanha. O encontro confirmou os Sistemas de Monitoramento e Alerta como um componente central das estratégias nacionais e internacionais de prevenção aos desastres no século 21. Também identificou rea- lizações e experiências mais adequadas para melhorar as relações organizacionais e a eficácia dos alertas ante- cipados, além de identificar os principais pontos fortes e fracos relacionados às capaci- dades de resposta. Ainda foi enfatizado que o alerta an- tecipado eficaz depende da colaboração multissetorial e interdisciplinar entre todos os atores envolvidos e que, embora baseado em ciência <4> International Con- ference on Early War- ning Systems for Natu- ral Disaster Reduction (http://www.geomu- seum.com/welcome. html). Figura 3: Relatório final da EWC II. Fon- te: UNISDR. 18 e tecnologia, o alerta antecipado deve ser adaptado para o atendi- mento às necessidades das pes- soas, seus ambientes e seus re- cursos (IDNDR, 1998). Inserida no contexto da Estra- tégia Internacional das Nações Uni- das para a Redução de Desastres, estabelecida em 2000 pela ONU, ocorre em 2003, a II Conferência Internacional de Sistemas de Alerta Antecipado para Redução de Desas- tres Naturais (EWC II)na cidade de Bonn, Alemanha (figura 3). Figura 5: Cidade de Banda Aceh, Indonésia, em ruínas após a passagem do tsunami do Oceano Índico de 2004. Neste encontro, o foco estava em como integrar o alerta antecipado às políticas públicas relevantes dos países. A conferência ressaltou que as informações técnicas dos Sistemas de Monitoramento e Alerta devem ser traduzidas para as realidades locais de maneira clara e objetiva, para que medidas adequadas de resposta sejam tomadas. <5> Second Interna- tional Conference on Early Warning Sys- tems for Natural Di- saster Reduction. Ver: https://www.unisdr. org/2006/ppew/info- -resources/ewc2/ Figura 4: Relató- rio final da EWC II. Fonte:UNISDR. 19 A discussão iniciada pela conferência foi fundamental para o desenvolvimen- to de futuros sistemas, pois capacitou governos, instituições e comunidades lo- cais a participarem de todo o processo de formulação de políticas, promovendo a conscientização e a preparação da resposta aos desastres. O evento também sinalizou a transição dos Sistemas de Monitoramento e Alerta de um produto meramente técnico, para um processo sociopolítico incorporado (ISDR, 2003). O papel das ONU na promoção dos Sistemas de Monitoramento e Alerta tornava-se gradualmente institucionalizado à medida em que as conferên- cias aconteciam e o interesse internacional pelo tema aumentava. Nesta con- juntura, uma das contribuições mais notáveis foi o lançamento da Plataforma para a Promoção do Alerta Antecipado em 2004 com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento de boas práticas em Sistemas de Monitoramento e Alerta, estimulando a cooperação entre as organizações envolvidas. A plataforma estava fortemente apoiada sob o conceito de Sistemas de Monitoramento e Alerta “centrados em pessoas” – assunto que veremos com maior profundidade no Módulo 4 deste curso. A III Conferência Internacional deSistemas de Alerta Antecipado para Re- dução de Desastres Naturais (EWC III) ocorreu em 2006, novamente na cida- de de Bonn, Alemanha (figura 4), já inserida no contexto do Marco de Ação de Hyogo 2005-2015: “Construindo a Resiliência das Nações e Comunidades para Desastres”, idealizado durante a II Conferência Mundial sobre Redução de Desastres, realizado em 2005 na cidade de Kobe no Japão. Dois anos antes ocorria o devastador terremoto e tsunami do Oceano Índico de 2004 (figura 5), resultando em centenas de milhares de mortos e feridos em diversos países – o que fez com que crescesse a necessidade de cooperação internacional para o desenvolvimento de Sistemas de Monito- ramento e Alerta de Desastres em escala global, de maneira colaborativa. <6> Platform for the Promotion of Early War- ning. Ver: https://www. unisdr.org/2006/ppew/ <7> Third Internatio- nal Conference on Ear- ly Warning Systems for Natural Disaster Reduc- tion. Ver: https://www. unisdr.org/2006/ppew/ info-resources/ewc3_ website/ 20 Figura 6: Representação conceitual da interseção das agendas do Marco de Sendai, Acor- do de Paris e ODS. Fonte: Adaptado de UNDP (2018). Neste contexto, a conferência ocorreu sob o lema “do conceito à ação”, e teve como objetivo traduzir o conhecimento existente em implementa- ção concreta. Muitos projetos inovadores de Sistemas de Monitoramento e Alerta foram apresentados para potencial apoio financeiro e implemen- tação. As discussões foram centradas na identificação de potencial não uti- lizado dos alertas antecipados e a própria conferência preparou o terreno para o debate científico multidisciplinar sobre as últimas práticas e pesqui- sas. Graças a esse encontro, foram identificadas muitas lacunas entre o de- senho conceitual e a implementação prática/viável dos Sistemas de Moni- toramento e Alerta de Desastres (ISDR, 2005). Em 2007, o quarto relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudan- ças Climáticas (IPCC) deixou evidente o papel que as mudanças climáticas podem desempenhar na intensificação da frequência e na gravidade dos desastres. Ao destacar as ligações entre desastres e mudanças climáticas, o relatório do IPCC chamou a atenção para o potencial colaborativo dos Sistemas de Monitoramento e Alerta nas políticas públicas e agendas inter- nacionais que abordam o risco de desastres e as mudanças climáticas como dois lados da mesma moeda (IPCC, 2007). <8> Intergovernmen- tal Panel on Climate Change. Ver: https:// www.ipcc.ch/. 21 O nexo entre adaptação às mudanças climáticas, redução do risco de desastres e desenvolvimento sustentável foi amplamente reconhecido em 2015, quando a comunidade internacional assumiu uma série de compro- missos em prol de um futuro mais sustentável. Neste sentido, três grandes compromissos globais foram adotados: o Acordo de Paris; os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) – no âmbito da Agenda 2030 para o De- senvolvimento Sustentável; e o Marco de Sendai para Redução de Riscos de Desastres 2015-2030. Essas três grandes agendas globais criaram um quadro abrangente para redução da vulnerabilidade e aumento da resiliência (figura 6). Embora o Acordo de Paris tenha focado especificamente na mitigação das mudanças climáticas e o Marco de Sendai na redução do risco de desastres, todas as agendas enfatizam a mensagem de que é impossível provocar mudanças significativas se as soluções forem verticais ou isoladas. Uma transição para uma sociedade de baixo carbono, por exemplo, não só mitiga a intensidade das mudanças climáticas, mas também contribui indiretamente para a cria- ção de sociedades e economias resilientes (UNDP, 2018). O Acordo de Paris, aprovado durante a 21ª Conferência das Nações Uni- das sobre Mudanças Climáticas(COP21), deixou clara a intenção da comuni- dade internacional em canalizar energias e recursos financeiros para redu- ção das emissões e promoção da adaptação às mudanças climáticas. Além do principal objetivo de manter o aumento da temperatura global abaixo do limiar de 2°C até o final do século 21, a conferência também chamou a atenção para a importância do monitoramento das mudanças climáticas. Neste sentido, o artigo 7 do acordo aponta para a necessidade de: » Fortalecer o conhecimento científico sobre o clima, incluindo pesquisas, observação regular do sistema climático e Sistemas de monitoramento e Alerta de forma a informar os serviços climáti- cos e apoiar a tomada de decisão (UNFCC, 2016). <9> The Paris Agre- ement. Ver: https:// unfccc.int/process-an- d-meetings/the-paris- -agreement/the-paris- -agreement. <10> The 17 Sustaina- ble Development Go- als. Ver: https://sdgs. un.org/goals. <11> Sendai Fra- mework for Disaster Risk Reduction 2015- 2030. Ver: https:// www.undrr.org/pu- blication/sendai-fra- mework-disaster-risk- -reduction-2015-2030. <12> 21th Session of the Conference of the Parties. Ver: https:// unfccc.int/process-and- -meetings/conferences/ past-conferences/paris- -climate-change-confe- rence-november-2015/ cop-21. 22 O Acordo, portanto, destaca como a comunidade internacional tornou- -se consciente, não apenas das ameaças provenientes das mudanças climá- ticas, mas também da importância dos Sistemas de Monitoramento e Alerta para um futuro climático resiliente (UNDP, 2018). Com a adoção dos ODS, enfatizou-se ainda mais a ligação entre mudan- ças climáticas e desastres e, sobretudo, a importância das soluções trans- versais. Muitos dos ODS, na verdade, podem ser parcialmente atingidos pela formação de uma sociedade de baixo carbono e resiliente às mudanças do clima e aumento dos desastres. É o caso do: » ODS 1: reduzir a pobreza; » ODS 2: reduzir a fome e garantir a segurança alimentar; » ODS 6: garantir água e saneamento; e até mesmo o » ODS 5: que aborda o empoderamento feminino e a igualdade de gênero. Desastres e mudanças climáticas minam os direitos humanos básicos (direitos à vida, alimentação, abrigo, saúde, bem-estar e emprego para todos), e prejudicam a vida e os meios de subsistência dos grupos mais vulneráveis (KELMAN, 2020). Além disso, alguns dos ODS promovem diretamente os Sistemas de Monito- ramento e Alerta ao fazerem referência, explicitamente, às mudanças climáti- cas e ao risco de desastres, como a ODS 13, que aborda a importância de mitigar as mudanças climáticas e reduzir seus impactos. Mais especificamente, incenti- va a disseminação dos Sistemas de Monitoramento e Alerta a fim de reduzir os riscos relacionados às mudanças climáticas através das seguintes metas: » Fortalecer a resiliência e a capacidade adaptativa aos riscos cli- máticos e desastres naturais em todos os países (UNDP, 2021). » Melhorar a educação, a conscientização e a capacidade humana e insti- tucional sobre a mitigação das mudanças climáticas, adaptação, redução de impacto e Sistemas de Monitoramento e Alerta (UNDP, 2021). 23 Com a adoção do Marco de Ação de Sendai 2015-2030, foi ratificada a impor- tância dos Sistemas de Monitoramento e Alerta não apenas para a redução do risco de desastres, mas também para o desenvolvimento sustentável como um todo. O Marco destaca ações prioritárias específicas para uma sociedade resi- liente ao risco. Através da sétima meta de redução de risco de desastres, a estru- tura do marco faz referência aos sistemas através da seguinte recomendação: » Aumentar substancialmente a disponibilidade e o acesso a Sistemas de Monitoramento e Alerta multirrisco e informações e avaliações de risco de desastres para as pessoas até 2030 (UNISDR, 2015). Com base nos tratados, nas agendas e iniciativas mencionados, pode- -se afirmar que a comunidade internacional tem um importante trabalho de implementação dos Sistemas de Monitoramento e Alerta de Desastres em andamento. Ademais, com o desejado fortalecimento das capacidades institucionais e do conhecimento local/tradicional, emprego de tecnologia moderna, engajamentodo setor privado, e cooperação transfronteiriça, ainda há muito horizonte para o tema. Eixos do Sistema de Monitoramento e Alerta de Desastres As discussões sobre o desenvolvimento e implementação de Sistemas de Monitoramento e Alerta como estratégia de redução do risco de desas- tres têm recebido valiosas contribuições há pelo menos 40 anos. Sob a tu- tela institucional da ONU, diversas agências internacionais, governos nacio- nais, academia e setores da sociedade têm colaborado enormemente com o tema (na teoria e na prática). 24 Em 2017, o Escritório das Nações Unidas para Redução do Risco de Desas- tre (UNDRR) sintetizou a evolução do arcabouço teórico-conceitual consti- tuído ao longo dos anos, com a seguinte definição sobre o que é um Siste- ma de Monitoramento e Alerta: » Um sistema integrado de monitoramento, previsão e predição, ava- liação de riscos de desastres, comunicação e atividades de prepara- ção que permita que indivíduos, comunidades, governos, empresas e outros tomem medidas oportunas para reduzir os riscos de desastres com antecedência aos eventos perigosos (UNDRR, 2021). “Sistema integrado”, neste caso, refere-se à fusão do método científico de monitoramento e detecção, com uma organização de emergência (res- posta) que utiliza tecnologias de alerta aliadas a fatores sociais para emitir, em tempo hábil, um alarme de notificação à população que está em risco. Desse modo, considera-se que os Sistemas de Monitoramento e Alerta de Desastres possuem componentes científicos, gerenciais, tecnológicos e so- ciais conectados a uma variedade de processos. Uma quebra ou falha em uma etapa do processo pode resultar em um alerta ineficaz, mesmo que os demais componentes estejam desempenhan- do corretamente sua função interna (SORENSEN, 2000). Por abranger diversas áreas do conhecimento e possuir diferentes con- textos sociais de implementação, para que um Sistema de monitoramento e Alerta seja efetivo, é necessário que ele esteja estruturado em torno de quatro eixos fundamentais: Conhecimento do Risco; Monitoramento do Risco; Comunicação do Risco e Capacidade de Resposta (figura7). <13> United Nations Office for Disaster Risk Reduction. Ver: https:// www.undrr.org/termi- nology/early-warning- -system. 25 Figura 7: Eixos de um Sistema de Monitoramento e Alerta de Desastres. Fonte: Adapta- do de UNDP (2018). Conhecimento do Risco: implica na consideração da natureza dinâmi- ca das ameaças e vulnerabilidades, intensificadas por processos como falta de planejamento urbano, degradação ambiental e mudanças climáticas; e na análise de capacidades e políticas de mitigação, o que pode ocorrer por meio de métodos científicos de análise de dados e informações com a fina- lidade de gerar conhecimento (MARCHEZINI et al., 2020). Nesse sentido, este eixo procura responder questionamentos como: os perigos e as vulnerabilidades são bem conhecidos? Quais são os padrões e tendências nesses fatores? Os mapas e dados de risco estão amplamente disponíveis? A título de exemplo, uma agência brasileira que atua em nível federal neste eixo é a CPRM – Serviço Geológico do Brasil, responsável pelo mapeamento das áreas de risco e disponibilização de informações sobre risco de desastres dos municípios brasileiros. 26 Monitoramento do Risco é o ato de coletar informações juntamente com um conjunto de variáveis relacionadas ao risco de desastres, com a pre- ocupação em buscar os parâmetros corretos a serem monitorados. A par- tir do monitoramento podem ser identificadas condições socioambientais com potencial de causar danos e perdas, isto é, situações de alerta de risco de desastres (UNDP, 2018; MARCHEZINI et al., 2020). Trata-se de um eixo fundamental e, por isso, deve possuir uma sólida base técnica e científica para operar de forma confiável e ininterrupta. O Centro Nacional de Moni- toramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) é uma das diversas agências da União que atuam nesse eixo, do qual iremos nos aprofundar com mais detalhe no módulo II deste curso. Comunicação do Risco preconiza que os alertas devem ser assimilados pelo público-alvo e que os múltiplos canais de comunicação devem ser uti- lizados para garantir o acesso aos alertas. O principal objetivo desse eixo é fornecer um alerta antecipado sobre um risco específico de um local ge- ograficamente restrito, bem como capacitar as pessoas a tomar medidas de ação e iniciar medidas de mitigação ou segurança antes que ocorra um evento adverso (SAITO, 2018; UNDP, 2018). O Centro Nacional de Geren- ciamento de Risco de Desastres (CENAD) é a agência brasileira responsável por centralizar, a nível federal, todas as ações neste eixo temático. Capacidade de Resposta é o conhecimento centralizado em planos e insumos necessários para ações oportunas e apropriadas por parte das autoridades e dos que estão em risco. Podem ser aprimoradas através de exercícios e treinamentos (simulados), e campanhas educativas para aumentar a percepção de risco. A capacidade de resposta também precisa levar em consideração o fato de que todas as pessoas devem receber a mesma proteção (UNDP, 2018). O Centro Nacional de Gerenciamento de Risco de Desastres (CENAD) é a agência brasileira responsável por atuar neste eixo do sistema, em parceria com as Coordenadorias de Proteção e Defesa Civil (COMPDEC’s) na esca- 27 la estadual e municipal, bem como os Núcleos de Proteção e Defesa Civil (NUPDEC’s), que atuam no nível das comunidades – assunto do qual iremos abordar no Módulo III e IV deste curso. Dada a complexidade envolvida nos Sistemas de Monitoramento e Alerta de Desastres e, para que eles funcionem como esperado, é necessário garantir a interoperabilidade entre os eixos. Para isso, os sistemas devem residir em am- bientes que incorporem uma boa governança institucional; com capacidades operacionais e recursos adequados e clareza quanto à definição das funções e responsabilidades dos atores envolvidos. Além disso, é importante que eles possuam procedimentos operacionais padronizados, e que sejam regularmen- te testados e avaliados com o objetivo de melhoria contínua dos processos. 28 Sistema Nacional de Informações e Monitoramento de Desastres Sistemas de monitoramento e alerta como suporte à gestão local de riscos de desastres 2 29 Introdução Neste módulo conheceremos a organização e o funcionamento do Sistema Nacional de Informações e Monitoramento de Desastres, recém- -estabelecido pelo Decreto nº 10.593 de 24 de dezembro de 2020, com o objetivo de apresentar a governança e o arranjo institucional das diferen- tes redes de observação e coleta de dados da União. Serão enfatizadas as redes e agências de monitoramento de ameaças de origem hidrometeoro- lógicas (chuvas intensas, inundações, deslizamentos, entre outras) e seus principais produtos e serviços disponibilizados de forma gratuita por meio de diversas plataformas virtuais. Saber utilizar tais recursos em situações reais torna-se fundamental para que Defesas Civis e órgãos competentes possam realizar ações mais assertivas de prevenção e resposta aos desastres. Portanto, este módulo tem como objetivo orientar o agente de Defesa Civil quanto ao acesso dos principais recursos dessas plataformas e na interpretação dos principais produtos e serviços de monitoramento ofertados pelas agências federais de monitoramento, contribuindo, dessa maneira, para a melhoria das ações de prevenção em suas rotinas de trabalho. Ao final deste módulo, é esperado que o aluno seja capaz de conhe- cer e utilizar os principais produtos e serviços de monitoramento e alerta disponibilizados pelas agências que compõem o Sistema Nacional de Infor- mações e Monitoramento sobre Desastres. 30 Sistema Nacional de Informações e Monitoramento de Desastres Recentemente foi estabelecida a organização e o funcionamento do Sistema Nacional deInformações e Monitoramento de Desastres, através do Decreto nº 10.593 de 24 de dezembro de 2020. Trata-se de um esforço inicial no sentido de reunir, sob um único arcabouço institucional, todas as iniciativas realizadas pelas diversas agências públicas que trabalham com a temática de monitoramento e alerta de desastres em âmbito nacional. Neste sentido, destacam-se os seguintes artigos do decreto: » “Art. 35. O Sistema Nacional de Informações e Monitoramento de De- sastres será instituído e coordenado pela Secretaria Nacional de Prote- ção e Defesa Civil (SEDEC) do Ministério do Desenvolvimento Regional”; » “Art. 36. O Sistema Nacional de Informações de Monitoramento de Desastres será integrado pelos sistemas existentes ou que venham a ser instituídos pelos órgãos e entidades integrantes do SINPDEC (Sis- tema Nacional de Proteção e Defesa Civil)”; » “Parágrafo único. Os sistemas integrantes do Sistema Nacional de In- formações de Monitoramento de Desastres deverão fornecer dados e informações relativos aos seguintes tipos de risco, entre outros: I - climatológicos; II - de incêndio; III - de manejo de produtos perigosos; IV - de saúde; V - em barragens; VI - hidrogeológicos; VII - hidrológicos; VIII - meteorológicos; IX - nucleares e radiológicos; e X - sismológicos”. Ainda que seja necessário discutir e pormenorizar as disposições gerais do referido decreto, a iniciativa de definir a coordenação do siste- <14>Ver:http://www. p l a n a l t o . g o v . b r / ccivil_03/_ato2019- 2022/2020/decreto/ D10593.htm 31 ma sob a responsabilidade da SEDEC (Art. 35) é bem-vinda, pois apresenta avanços no sentido de promover a centralidade das ações de monitoramen- to e alerta no principal representante do SINPDEC e órgão responsável por coordenar as ações de proteção e defesa civil em todo o território nacional, incluindo a disseminação dos alertas para as coordenadorias de Defesa Civil dos estados e municípios. Além disso, ao designar a “integração dos sistemas já existentes ou que venham a ser instituídos pelos órgãos e entidades integrantes do SINPDEC” (Art. 36), o decreto visa um ambiente de boa governança ao levar em consideração as particularidades técnicas de cada sistema em opera- ção, com suas competências e habilidades já definidas, bem como a total autonomia das respectivas instituições sobre seus produtos e serviços de monitoramento e alerta.Por fim, cabe destacar a preocupação de incluir no sistema uma pluralidade de ameaças (de origem natural e tecnológica), que segue a tendência mundial em considerar contextos mais amplos de riscos e desastres, nos quais torna-se imprescindível o monitoramento de amea- ças múltiplas em uma sociedade cada vez mais urbanizada e complexa. Redes e Agências de Monitoramento e Alerta de Desastres da União Rede Hidrometeorológica Nacional – ANA A Rede Hidrometeorológica Nacional (RHN) (Figura 8) é coordenada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), e conta com a parceria de outras instituições federais, além de entidades estaduais, para realizar o monitoramento e disponibilizar informações de diversos parâme- <15> Ver: https://www. gov.br/ana/pt-br 32 tros de interesse hidrológico. Dos 12.963 mil rios brasileiros (fronteiriços e transfronteiriços) cadastrados pela agência, a RHN é responsável pelo mo- nitoramento de cerca de 2.176 (aproximadamente 17%). Figura 8: Mapa interativo da Rede Hidrometeorológica Nacional. Fonte: dadosabertos. ana.gov.br. Atualmente, a rede possui 4.641 pontos de monitoramento em todo o país, divididos em 1.874 estações que monitoram variáveis relacionadas aos rios, como níveis, vazões, qualidade da água e transporte de sedimentos; e outras 2.767 estações que monitoram principalmente as chuvas. As infor- mações obtidas e divulgadas, após a validação e sistematização dos dados hidrometeorológicos, são valiosas para subsidiar a tomada de decisão para a gestão efetiva dos recursos hídricos. Além disso, servem para: » Produzir estudos; » Definir políticas públicas; » Avaliar a disponibilidade hídrica; » Monitorar eventos considerados críticos (inundações e estiagens); » Disponibilizar informações para a execução de projetos pela sociedade; <16> Dados base- ados no inventário de estações realiza- do em 2018. 33 » Identificar o potencial energético de navegação ou de lazer, em um determinado ponto ou ao longo da calha do manancial; » Levantar as condições dos corpos d’água para atender a projetos de irrigação, ou de abastecimento público; » Além de serem a base para a realização de avaliações para a concessão de outorgas de direito de uso dos recursos hídricos (ANA, 2021). A disponibilização dos dados da RHN encontra-se no portal do Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos – SNIRH, onde é possí- vel acessar diversos produtos, tais como: » Sistema Hidro-Telemetria (Figura 9), no qual é possível acessar dados hidro- meteorológicos georreferenciados das estações telemétricas em tempo real; » » Figura 9: Portal do Sistema Hidro-Telemetria da Rede Hidrometeorológica Nacional. Fon- te: snirh.gov.br. » HidroWeb (Figura 10), que oferece acesso ao banco de dados históri- cos da RHN, oriundos de coleta convencional, ou seja, registros diários feitos pelos observadores e medições realizadas em campo pelos téc- nicos em hidrologia e engenheiros hidrólogos. <17> Ver: https:// www.snirh.gov.br/ portal/snirh-1/sis- temas <18> Ver: http:// www.snirh.gov.br/ hidrotelemetria <19> Ver: https:// www.snirh.gov. br/hidroweb 34 Figura 10: Mapa interativo do Portal do sistema HidroWeb da Rede Hidrometeorológica Nacional. Fonte:snirh.gov.br. » Sistema de Acompanhamento de Reservatórios – SAR (Figura 11), que disponibiliza dados operativos dos reservatórios do Brasil e per- mite, entre outras funcionalidades, a espacialização da informação por meio de arquivos que podem ser baixados e depois utilizados em ferramentas como o Google Earth. Atualmente o SAR está dividido em 3 módulos: (i) Nordeste e Semiárido – em que são monitorados mais de 500 reservatórios nos nove estados da Região Nordeste e em Minas Gerais com capacidade total próxima a 40 bilhões de m³; (ii) Sistema Interligado Nacional – que contempla dados operativos de 160 infraestruturas para geração das usinas hidrelétricas despachadas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico; e (iii) Outros Sistemas Hídricos - que traz informações da operação do Sistema Hídrico Canta- reira, responsável pelo abastecimento de grande parte da região me- tropolitana da cidade de São Paulo, dos reservatórios de abastecimen- to da região metropolitana do Distrito Federal e dos reservatórios do Sistema Paraopeba, utilizados para abastecimento de parte da região metropolitana de Belo Horizonte. <20> Ver: https:// www.ana.gov.br/sar/ <21>Ver: http://www. ons.org.br 35 Figura 11: Portal do SAR da Rede Hidrometeorológica Nacional. Fonte: ana.gov.br. » Hidrosat (Figura 12), sistema desenvolvido em parceria com o institu- to de pesquisa francês Institut de Recherche pour le Développement para fornecer dados de monitoramento hidrológico e de qualidade da água a partir de sensores satelitais, utilizando uma técnica conhecida como “Hidrologia Espacial”. O portal fornece uma série temporal de mais de 10 anos de parâmetros hidrológicos como: cota, turbidez, con- centração de material em suspensão e de clorofila-a. Figura 12: Portal HidroSat da Rede Hidrometeorológica Nacional. Fonte: snirh.gov.br. <22>Ver :https:// www.snirh.gov.br/ portal/snirh-1/sis- temas <23> Ver: https:// www.ird.fr/ 36 Além da disponibilização dos produtos de monitoramento, a ANA conta com salas de situações estaduais, integradas à sua sede em Brasília (Figura 13), que funcionam como centros de gestão de situações críticas, coordena- das pelo órgão gestor de recursos hídricos e com participação facultada aos representantesdo instituto de meteorologia local e da Defesa Civil estadual. Nesses grupos, buscam-se identificar ocorrências e subsidiar a tomada de decisão para a adoção antecipada de medidas mitigadoras dos efeitos de se- cas e inundações. As salas são implementadas nos estados pelos órgãos ges- tores estaduais de recursos hídricos. A ANA cede equipamentos, softwares e capacitação para os estados acompanharem a situação de eventos extremos. As contrapartidas estaduais dizem respeito à operação das salas de situação e à manutenção das estações hidrometeorológicas automáticas cedidas pela ANA, responsabilizando-se por toda a estrutura física e de pessoal. Em cada estado, forma-se uma rede de articulação consoante com a estrutura administrativa local. Há casos em que as parcerias também envolvem entidades federais (ANA, 2021). Figura 13: Sala de Situação da ANA em Brasília. Foto: Natália Sampaio / Banco de Imagens ANA. 37 A implantação dessas salas permitiu o acompanhamento e a análise da elevação dos níveis ao longo dos rios no ano consecutivo, combinados com a previsão meteorológica e a difusão pela Defesa Civil nos municípios atin- gidos. A ação também possibilitou maior articulação entre os órgãos com atuação relacionada à ocorrência de desastres naturais (ANA, 2021). A ANA ainda atua como coordenadora do Sistema Nacional de Informa- ções sobre Segurança de Barragens (SNISB), que possui um cadastro conso- lidado de informações sobre barragens, cuja inserção dos dados está sob a responsabilidade de cada entidade ou órgão fiscalizador de segurança de barragens no Brasil. Foi criado pela Lei nº 12.334/2010, na qual se define que deverá compreender coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de informações das barragens em construção, em operação e desativadas. O sistema contém informações consolidadas de barramentos para dife- rentes usos e sem qualquer restrição em termos de altura ou capacidade total do reservatório. Assim, abrange barragens submetidas ou não à Lei nº 12.334/2010 (SNISB, 2021). O sistema está sendo desenvolvido baseado no conceito modular e com desenvolvimento faseado. A modularidade tem como objetivo diminuir a complexidade do sistema, facilitando o seu desenvolvimento, as atualiza- ções e a expansão futura. Este modelo pretende garantir flexibilidade na inserção de novas funcionalidades e proceder à adaptação progressiva do Sistema. A parte já desenvolvida do sistema permite armazenar registro de- talhado das principais características das barragens, apresentando gráficos e mapa (Figura 14). Além disso, permite armazenar e gerenciar informações relativas ao Pla- no de Segurança de Barragens, suas inspeções, revisões periódicas, Plano de Ação de Emergência, dentre outras. O portal do sistema também forne- ce informações como legislações/regulamentos, guias e manuais, além dos Relatórios de Segurança de Barragens (SNISB, 2021). < 2 5 > Ver :http : / / w w w. p l a n a l t o . gov.br/ccivil_03/_ ato2007-2010/2010/ lei/l12334.htm <24> Ver: https:// www.snisb.gov.br/ 38 Figura 14: Mapa interativo do SNISB. Fonte: snisb.gov.br. Sistema de Coleta e Distribuição de Dados Meteorológicos – INMET O Sistema de Coleta e Distribuição de Dados Meteorológicos do Insti- tuto Nacional de Meteorologia (INMET) é a rede mais antiga do Brasil. O banco de dados meteorológicos do instituto já incorporou em seu acervo, em forma digital, informações diárias coletadas desde 1961. Além disso, encontra-se em plena atividade um projeto de recuperação digital de dados históricos que agregará à base de dados meteorológicos aproximadamente 12 milhões de documentos – patrimônio do clima observado desde tempos do Império (antes de 1900). O sistema do INMET coleta dados meteorológicos como temperatura, umidade relativa do ar, direção e velocidade do vento, pressão atmosféri- ca, precipitação, evaporação, radiação solar, provenientes de 571 estações meteorológicas automáticas, que transmitem em tempo real tais variáveis meteorológicas, e de 170 estações convencionais, operadas por observado- <26> Ver: https:// portal.inmet.gov.br/ 39 res meteorológicos. Estas últimas, por serem operadas manualmente por instrumentos convencionais e certificados, costumam ser muito precisas. Na atualidade, o INMET possui a maior rede de estações automáticas da América do Sul e utiliza o que há de mais moderno internacionalmente. Os dados coletados por essa rede são disseminados, de forma democrática e gratuita, em tempo real através do portal do instituto (Figura 15), e têm aplicação em todos os setores da economia, de modo especial no agropecu- ário e em apoio à Defesa Civil (INMET, 2021). Figura 15: Portal interativo do INMET. Fonte: portal.inmet.gov.br. O INMET foi criado em 1909 com o nome de Diretoria de Meteorologia e Astronomia, revendo seu nome atual apenas em 1992. O órgão pertence ao atual Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e hoje seu objetivo é promover informações meteorológicas à sociedade brasileira e influenciar construtivamente nos processos de tomadas de decisão de forma a promover o desenvolvimento sustentável no país. Para isso, usa recursos de monitora- 40 mento, análise e modelos de previsão de tempo e clima baseados em pesqui- sas aplicadas, trabalhos em parcerias e compartilhamento de conhecimento. São atribuições do instituto: elaborar e divulgar diariamente em nível nacional a previsão do tempo, avisos e boletins meteorológicos; promover, coordenar e elaborar estudos meteorológicos e climatológicos ambientais e/ou aplicados à agricultura e outras atividades associadas; estabelecer, co- ordenar e operar redes de observação meteorológicas e de transmissão de dados, inclusive as integradas à rede internacional, além da promoção de capacitação a demandas técnicas (INMET, 2021). O instituto também representa o Brasil junto à Organização Meteoroló- gica Mundial (OMM) e nela tem como responsabilidade o tráfego de mensa- gens coletadas pela rede de observação meteorológica da América do Sul os demais centros meteorológicos do Sistema de Vigilância Meteorológica Mundial. Além disso, o INMET também deve sediar um Centro de Sistema de Informação Mundial (INMET, 2021). Rede Observacional – Cemaden O Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Natu- rais (Cemaden), órgão vinculado ao atual Ministério de Ciência, Tecno- logia, Inovações e Comunicações, foi criado em 2011 após o desenvolvi- mento de uma percepção global e local de demanda de informação sobre desastres e de mobilizações que partiram tanto do governo quanto da sociedade. A tragédia ocorrida em janeiro desse mesmo ano, na Região Serrana do Rio de Janeiro, foi um marco fundamental para pressionar e culminar na criação do Centro. Com o objetivo de implementar, comple- mentar e consolidar a rede de instrumentos meteorológicos, hidrológi- <27> Ver: https:// news.un.org/pt/ tags/omm <28> Ver: https:// w w w . g o v . b r / mcti/pt-br/rede- -mcti/cemaden 41 cos e geotécnicos para monitoramento ambiental em parceria com vá- rias instituições, o Cemaden foi resultado da busca pela consolidação de um programa multissetorial, que permitisse a atuação coordenada entre os órgãos envolvidos nas questões relativas à gestão de monitoramento e alertas, alarme e articulação, resposta e mobilização (CEMADEN, 2021). O Cemaden possui uma rede própria de monitoramento de dados, atualmente com 4.205 equipamentos instalados por todo o país. Esta rede foi prevista no Plano Nacional de Gestão de Riscos e Respostas a Desas- tres Naturais (2012-2014) com intuito de coletar informações necessárias ao monitoramento e alerta de desastres de origem hidrometeorológica em tempo real. Os dados desta rede são relevantes para o acompanhamento das chuvas, pelos profissionais da Sala de Situação do Centro (Figura 16) que, juntamente com outras informações, auxiliamna análise de cenários de risco de desastres de origem hidrometeorológica e, consequentemente, na decisão pela emissão de diferentes níveis de alerta. Figura 16: Sala de Situação do Cemaden, em São José do Campos/SP. Fonte: Cemaden. Além disso, os dados também são relevantes como variáveis de entrada em modelos hidrológicos e geodinâmicos utilizados para a previsão de va- zão – nível do rio e fator de segurança para estabilidade de encostas, estes 42 essenciais para a análise de risco de inundações, enxurradas e deslizamen- tos de terra (CEMADEN, 2021). As características dos pluviômetros automáticos que compõem a rede do Cemaden (Figura 17) foram definidas com o propósito de medir a quantidade e a intensidade das chuvas que possam deflagrar deslizamentos de terra, inun- dações e enxurradas. Os 3.350 equipamentos foram instalados com o objetivo de ampliar e complementar a rede de monitoramento pluviométrico existente no Brasil, e para subsidiar a emissão de alertas de desastres de origem hidrome- teorológica, os quais contribuem para a redução de danos e perdas humanas. Figura 17: Cobertura de pluviômetros automáticos da rede observacional do Cemaden. Fonte: Elaborado pelo autor. Os equipamentos foram instalados em locais próximos a áreas de ris- co mapeadas, tendo sido estabelecido parcerias formais com instituições e entidades que abrigaram os equipamentos. As entidades responsáveis pela salvaguarda dos equipamentos formam uma importante rede nacional de 43 colaboração para a redução de riscos de desastres, em conjunto com órgãos governamentais (CEMADEN, 2021). Os dados utilizados para a identificação de riscos de desastres precisam ser confiáveis e com disponibilidade instantânea. Dessa forma, os pluviô- metros automáticos se conectam aos servidores do Cemaden e transmitem dados dos acumulados de chuva em milímetros, a cada 10 minutos, sendo então processados e disponibilizados para a Sala de Situação do Centro em plataforma especializada desenvolvida pelo Centro. Os dados gerados pelos pluviômetros automáticos estão disponíveis para a sociedade através do Mapa Interativo (Figura 18), no qual tam- bém é possível fazer o download da série histórica de dados dos equipa- mentos, ou período de interesse, para posterior manipulação dos dados conforme as diferentes necessidades. Figura 18: Portal do Mapa Interativo do Cemaden. Fonte: Cemaden. Os dados disponibilizados via Mapa Interativo são brutos, ou seja, não passaram por nenhum tratamento; logo, pode haver inconsistências neles. Em complemento, todos os dados do Cemaden são disponibilizados em ho- rário UTC sendo necessário subtrair a diferença para se conhecer o horário local. No caso do Brasil, essa diferença se altera conforme o fuso horário e a vigência do horário de verão. Para as regiões onde se segue o horário de <29> Ver: https:// www.gov.br/mcti/ pt-br/rede-mcti/ce- maden <30> Coordinated Universal Time. 44 Brasília e o horário de verão não está vigente, é necessário diminuir 3 horas no horário UTC. No período em que o horário de verão está vigente (em que adiantamos os relógios em 1 hora), nos aproximamos do horário UTC, e a diferença que deve ser subtraída passa a ser de apenas 2 horas. Figura 19: Cobertura de estações hidrológicas da rede observacional do Cemaden. Fonte: Elaborado pelo autor. Além dos pluviômetros automáticos, a rede do Cemaden conta com 186 plataformas de coleta de dados hidrológicos (PCDHidro) (Figura 19). As estações hidrológicas foram instaladas em municípios monitorados pelo Centro, situados em bacias com rápido tempo de resposta e alta densidade populacional. Com a finalidade básica de realizar a medida, o armazenamento e a transmissão de dados hidrológicos, essas estações monitoram o nível do rio (usando sensor tipo radar) e da precipitação (com pluviômetro de báscula), e incluem uma câmera de vídeo integrada a um datalogger de maneira a permitir registros fotográficos em tempo real da situação do <31> Registrador e transmissor auto- mático de dados. 45 rio, principalmente no que diz respeito à enxurrada, erosão de margens e ao alagamento do núcleo urbano. Essas informações são transmitidas pelas redes de telefonia celular. A rede de estações hidrológicas do Cemaden visa atender a vários propósitos, como: » a) melhorar o entendimento do processo de transformação chu- va-vazão em bacias de resposta rápida; » b) verificar através de evidências fotográficas a ocorrência de enxurradas e os montantes pluviométricos deflagradores desses eventos; » c) verificar através de evidências fotográficas a ocorrência de so- lapamento de margens; » d) permitir o ajuste de modelos hidrológicos; » e) auxiliar na emissão de alertas com dados em tempo real; e » f) permitir a atualização do modelo hidrológico (assimilação de dados) a partir de informações coletadas em tempo real de ma- neira a melhorar a confiabilidade das previsões de extremos hi- drológicos. A rede do Centro também conta com o projeto “Sensores Geotécnicos” que visa a instalação de Plataformas de Coleta de Dados Geotécnicas (PCDs- Geo) para o monitoramento da quantidade de chuva e de umidade do solo, permitindo, desse modo, uma maior precisão dos alertas de deslizamentos. Desde 2019, já foram instaladas 80 PCDsGeo em áreas de risco de muni- cípios com vasto histórico de ocorrências de movimento de massa como em Petrópolis – RJ (Figura 20); Blumenau – SC; municípios da Baixada Santista – SP; Campos do Jordão – SP; Salvador – BA; municípios da região do ABC Paulista; e na região metropolitana do Recife – PE (Figura 20). 46 Atualmente, existem estudos para instalação de mais 6 sensores em áreas de risco de Angra dos Reis – RJ. Cada plataforma geotécnica conta com seis sensores distribuídos ao longo de três metros de profundidade do solo, monitorando o nível de saturação do solo (CEMADEN, 2021). Figura 20: Equipe da Defesa Civil de Petrópolis acompanhando instalação de estação geotécnica pelo Cemaden. Fonte: G1. Quanto aos radares meteorológicos próprios do Cemaden (Figura 21), foram 9 os instalados em diferentes regiões do Brasil entre os anos de 2013 e 2014: Natal – RN; Petrolina – PE; Salvador – BA; Maceió – AL; Jaraguari – MS; Santa Tereza – ES; e São Francisco – MG, Três Marias – MG e Almenara – MG. Os radares também contribuem na emissão de níveis de alerta para municípios vulneráveis à ocorrência das inundações, enxurradas e eventos geológicos sobre possíveis desastres associados à chuva. Informações de outros 27 radares meteorológicos no Brasil somam-se a esses 9 e são utilizados na Sala de Situação, processados por avançados pro- gramas de computador. O radar meteorológico é uma ferramenta que pro- porciona a previsão de chuva de curtíssimo prazo e proporciona um ganho significativo na detecção e antecipação de tempestades (CEMADEN, 2021). Uma outra abordagem de monitoramento realizada pelo Cemaden é a pre- visão de secas e de risco de colapso de safras no Semiárido Brasileiro. Para 47 esse monitoramento regional são utilizadas 102 Plataformas Automáticas de Coleta de Dados Agrometeorológicos (PCDAgro) e 506 de umidade do solo (PCDAqua) (Figura 22). O conhecimento da quantidade e da disponibilidade de umidade do solo e de sua variação espacial é de suma importância para se compreender a dinâmica do balanço de água e de energia à superfície do solo. Figura 21: Cobertura de radares do Cemaden. Fonte: Elaborado pelo autor. O Cemaden almeja realizar parcerias com empresas de assistência téc- nica e extensão rural das nove unidades da federação de abrangência do semiárido, além de outros parceiros locais, de forma a mobilizar apoio lo- gístico para realização do trabalho inicial de campo e de assistência técnica ao produtor rural de agricultura familiar. Os equipamentos integrarão a rede de coletas de dados já existente nos estadose a transmissão será automática, para o Centro. Os dados agrome- teorológicos contribuem no desenvolvimento de estratégias, minimizando, dessa forma, os efeitos adversos dos eventos extremos na agricultura do se- 48 miárido brasileiro, como decisões referentes à distribuição da precipitação durante a estação chuvosa em relação às necessidades hídricas das culturas. As informações provenientes deste projeto proporcionarão ao produtor ru- ral de agricultura familiar uma geração de produtos que o auxiliarão na tomada de decisões sobre as atividades agrícolas, particularmente relacionados com datas de preparação do solo e de plantio, operações de controle de pragas e doenças, aplicação de fertilizantes e previsão de safras (CEMADEN, 2021). Figura 22: Cobertura de PCDAgro (esquerda) e PCDAcqua (direita) da rede observacional do Cemaden. Fonte: Elaborado pelo autor. A integração dos dados coletados mencionados compõe a rede obser- vacional Cemaden que permite, portanto, o desenvolvimento de sistemas pilotos de alerta de cheias e enxurradas, alerta de movimentos de massa, modelagem hidrológica distribuída e de risco iminente de movimentos de massa ou estiagens que irão aperfeiçoando a confiabilidade dos alertas de desastres naturais no Brasil (CEMADEN, 2021). 49 Rede de Meteorologia do Comando da Aeronáutica – DECEA O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) da Força Aé- rea Brasileira (FAB) é responsável pelo controle do espaço aéreo brasilei- ro. Suas atividades viabilizam os voos e a ordenação dos fluxos de tráfego aéreo no país. É o órgão gestor do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB). Figura 23: Portal da Rede de Meteorologia do DECEA. Fonte: Redemet. Neste sentido, a informação meteorológica torna-se vital para a segu- rança das operações aéreas, contribuindo para o conforto dos passageiros e facilitando a definição de rotas mais rápidas e econômicas de voos regula- res. Desse modo, o DECEA também é responsável por controlar, normatizar e supervisionar a operação dos órgãos de meteorologia aeronáutica que compõem o SISCEAB (DECEA, 2021). <32> Ver: https:// www.decea.mil.br/ <33> Ver: https:// www.fab.mil.br/in- dex.php 50 O DECEA exerce este papel através de uma complexa estrutura de ra- dares, estações meteorológicas, centros de coordenação e outros recursos instalados no país. Nesse contexto, a Rede de Meteorologia do Comando da Aeronáutica (REDEMET) concentra informações essenciais para o gerencia- mento dos voos que podem ser relevantes também para o monitoramento de extremos meteorológicos. Através do portal da REDEMET (Figura 23) são disponibilizados dados de boletins meteorológicos aeronáuticos rotineiros, gerados a partir de equipa- mentos instalados nos principais aeródromos do Brasil e da América do Sul. Os dados incluem variáveis como: direção e velocidade do vento; visibilida- de; nebulosidade; temperatura do ar; pressão atmosférica; umidade relativa, provenientes de estações meteorológicas de superfície, de altitude e de rada- res. Além disso, o DECEA também gera produtos a partir de sua rede própria de radares (Figura 24), situados nos municípios de Santiago – RS e Canguçu – RS; Urubici – SC; São Roque – SP; Petrópolis – RJ e Gama – DF (DECEA, 2021). Figura 24: Cobertura de radares do DECEA.Fonte: Elaborado pelo autor. <34> V e r : h t - tps://www.rede- met.aer.mil.br 51 As siglas e nomenclaturas dos produtos gerados no contexto da “Me- teorologia Aeronáutica” seguem padrões internacionais específicos e, por essa razão, podem resultar na interpretação menos intuitiva para leigos. No entanto, para fins de monitoramento e alerta de desastres (objetivo desse curso), alguns desses produtos merecem ser citados. São eles: » METAR (Meteorological Aerodrome Report): informe meteorológi- co regular utilizado para a descrição completa das condições meteo- rológicas observadas em um aeródromo específico. É reportado em intervalos regulares de 1 (uma) hora; » TAF (Terminal Aerodrome Forecast): descrição completa das condi- ções meteorológicas previstas em um aeródromo durante o período de 24 horas, incluindo qualquer mudança considerada significativa para as operações aéreas. Contém informações específicas apresen- tadas numa ordem fixa; » SPECI (Informe Meteorológico Aeronáutico Especial Selecionado): código meteorológico utilizado para divulgar as informações obtidas em uma observação meteorológica à superfície, para fins aeronáuti- cos, realizada quando da ocorrência, dissipação ou mudança significa- tiva na intensidade de um fenômeno que seja considerado importante para as operações aéreas. Geralmente é realizada nos intervalos das horas cheias. » SIGMET: mensagem (com validade de até 4 horas) relativa à ocorrên- cia, previsão e evolução (no tempo e espaço), de determinados fenô- menos meteorológicos (gelo, ciclone, trovoada e turbulência) em rota, e de outros fenômenos na atmosfera (cinzas vulcânicas, nuvem radio- ativa e vulcão) que possam afetar a segurança das operações aéreas. A REDEMET disponibiliza o SIGMET sob a forma de mensagem e repre- sentado graficamente (plotado). 52 Figura 25: Regiões de Informação de Voo do espaço aéreo brasileiro. Fonte: Redemet. O METAR, TAF e SPECI consideram um raio de abrangência entre 8 km a 16 km e servem especialmente às atividades de decolagem e pouso (DE- CEA, 2021). Já o SIGMET é feito por FIR (do inglês, Flight Information Re- gion ou Região de Informação de Voo): designação dada à maior porção de espaço aéreo em que se dividem os espaços aéreos dos países para que seja prestado ao menos um dos serviços de tráfego aéreo. O Brasil é composto por 5 FIR’s (Figura 25), sendo elas: Atlântico (SBAO); Bra- sília (SBBS); Curitiba (SBCW); Recife (SBRE); Amazônica (SBAZ); além da região co- nhecida como “Tubulão”, que corresponde ao espaço aéreo compreendido entre as capitais de São Paulo – SP e Rio de Janeiro – RJ. As mensagens das condições meteorológicas são apresentadas em horário UTC, ou seja, correspondem a três horas a mais em relação ao Horário de Brasília (quando fora do horário de verão). Por fim, vale ressaltar que a disponibilização do banco de dados cli- matológicos do DECEA é gerenciado pelo Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA), e atualmente está em fase de testes. Um outro banco de da- dos internacional, com mensagens mais diversificadas do que as já citadas (sem a opção de decodificação automática), e que reúne somente as infor- mações da última hora é Sistema OPMET (Banco Internacional de Dados Operacionais de Meteorologia) (DECEA, 2021). <37> Ver: https://re- demet.decea.mil.br/ol- d/?i=produtos&p=consul- ta-de-mensagens-opmet <36> Ver: https://www. icea.decea.mil.br/ <35> Ver: http:// clima.icea.decea. mil.br/clima/Su- perficie.php 53 Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos – CPTEC/INPE O Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Na- cional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE) é o centro mais avançado de previsão numérica de tempo (curto e médio prazo) e clima da América La- tina. Fornece previsões de alta precisão desde 1995 a partir do domínio de técnicas de modelagens numéricas complexas da atmosfera e do oceano. O Centro tem como objetivo prover o país com o que há de mais avança- do em previsões do tempo e clima e dispor da capacidade científica e tec- nológica de melhorar continuamente estas previsões, visando o benefício da sociedade. Ele opera por 24 horas nos 365 dias do ano, assim como a sala de situação do Cemaden (CPTEC/INPE, 2021). Com a colaboração de profissionais especializados e altamente capaci- tados, o CPTEC utiliza supercomputadores com capacidade de processar bilhões de operações aritméticas por segundo. A junção do conhecimento e tecnologia faz com que a confiabilidade alcançada na previsão numérica de tempo e clima esteja no mesmo nível dos centrosde previsão dos países mais desenvolvidos. Os dados que alimentam o sistema de computação são advindos dos satélites Meteosat e Goes, da rede de dados da OMM e das redes nacionais sob a responsabilidade do INMET. Outras informações vêm de instituições como: DECEA; Diretoria de Hidrografia e Navegação do Ministério da Marinha ; centros estaduais de meteorologia; e outros centros internacionais. O satélite brasileiro (SCD- 1) (Figura 26), que coleta dados ambientais, também desempenha papel importante no levantamento de informações necessárias à pesquisa mete- orológica no CPTEC/INPE (CPTEC/INPE, 2021). <38> Ver: https:// www.cptec.inpe.br/ <39> Ver: https:// w w w. m a r i n h a . mil.br/dhn/ 54 Em um país com grande extensão territorial e diversidade climática como o Brasil, a boa qualidade das previsões meteorológicas a partir da dis- tribuição de estações de monitoramento local e de dados remotos (como os obtidos por satélites), é imprescindível ao planejamento e bom desem- penho de inúmeros setores. O CPTEC/INPE, usando modelos numéricos, tem contribuído para a pre- visão de secas ou inundações favorecendo as tomadas de decisões nas áre- as de Defesa Civil, geração de energia elétrica e gerenciamento de recursos hídricos, por exemplo. O sistema de computação e os acervos de dados propiciam enorme cres- cimento da pesquisa meteorológica no país, com o resultado de melhorar o conhecimento sobre fenômenos atmosféricos de interesse. A modelagem de previsão oceânica e ressacas marítimas também é fornecida pela Centro (CPTEC/INPE, 2021). Figura 26: Ilustração artística do satélite brasileiro SCD-1. Fonte: INPE. Entre os diversos produtos disponibilizados no portal do CPTEC/INPE, estão aqueles relacionados à Previsão Probabilística do tempo (Figura 27), com a opção de o usuário escolher: <40> A previsão proba- bilística trata de atri- buir probabilidades de tempo severo a uma determinada região. 55 Figura 27: Portal de previsão numérica do tempo do CPTEC/INPE. Fonte: INPE. » A localidade (município); » O período desejado (24h a até 5 dias); » E o fenômeno meteorológico (acumulado de chuva acima de 50 mm, chuva intensa ou tempo severo). Além da informação no formato de mapa, o sistema permite a visualiza- ção da distribuição gráfica de diversos parâmetros meteorológicos (precipi- tação, temperatura, umidade relativa do ar, direção e velocidade do vento, pressão atmosférica e cobertura de nuvens) por localidade e intervalos de tempo predefinidos (Figura 28). 56 Figura 28: Meteogramas de parâmetros meteorológicos. Fonte: cptec.inpe. O CPTEC/INPE disponibiliza, ainda, um portal específico no qual é possí- vel que o usuário escolha o modelo meteorológico desejado, as variáveis, e os horários em que estes modelos foram rodados (Figura 29). 57 Figura 29: Portal de previsão numérica do tempo do CPTEC/INPE. Fonte: cptec.inpe. Outro importante produto do CPTEC/INPE é o Portal SIGMA (Figura 30), que disponibiliza diversas opções de monitoramento de variáveis meteoroló- gicas derivadas de imagens de satélite e técnicas de sensoriamento remoto, com destaque para o Hidroestimador – método inteiramente automático que utiliza uma relação empírica exponencial entre a precipitação (estimada por radar) e a temperatura de brilho do topo das nuvens (extraída do canal infra- vermelho do satélite GOES-12), gerando taxas de precipitação em tempo real. Figura 30: Portal SIGMA do tempo do CPTEC/INPE. Fonte: cptec.inpe. 58 O CPTEC/INPE oferece também produtos relacionados à Previsão Climá- tica Sazonal (global e nacional), com destaque para a produção de mapas, no- tas técnicas e boletins diários, mensais e trimestrais com informações sobre: » Precipitação total; » Temperatura mínima; » Temperatura máxima; » Anomalia de precipitação; » Anomalia de temperatura mínima; » E anomalia de temperatura máxima. Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia – CENSIPAM Dentro do âmbito do Ministério da Defesa, o Centro Gestor e Operacio- nal do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM) utiliza dados gerados por uma infraestrutura tecnológica composta por subsistemas integrados de sensoriamento remoto, radares, estações meteorológicas e plataformas de coleta de dados presentes na região amazônica. A infraestrutura utili- zada pelo CENSIPAM ainda inclui aeronaves gerenciadas pela Força Aérea Brasileira adaptadas com sensores ópticos, infravermelhos, multiespectrais e radares “aeroembarcados” para geração de imagens de alta precisão. <41> Ver: https:// www.gov.br/defesa/ pt-br/composicao/ s e c r e t a r i a - g e r a l / centro-gestor-e-ope- racional-do-sistema- -de-protecao-da-ama- zonia-CENSIPAM 59 Dessa forma, o Centro promove o monitoramento da Amazônia Legal, do espaço marítimo brasileiro (Amazônia Azul), e de outras áreas de inte- resse, produzindo informações em tempo próximo ao real. Um dos prin- cipais produtos de monitoramento e alerta do CENSIPAM é a plataforma SipamHidro (Figura 31), que monitora e envia alertas hidrometeorológicos de eventos extremos de inundação na região amazônica (CENSIPAM, 2021). Figura 31: Portal do SipamHidro do CENSIPAM. Fonte: sipam.gov.br. O SipamHidro se destaca por coletar dados de diversos órgãos parcei- ros, como, a ANA, o ONS, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e a National Oceanic Atmospheric Ad- ministration (NOAA). Na plataforma é possível monitorar: » Níveis dos rios, » Precipitação diária por bacia hidrográfica, » Nível e vazão dos reservatórios das usinas hidrelétricas, » E os efeitos das inundações sobre as áreas urbanas em tempo quase real. <42> Ver: http:// hidro.sipam.gov. br/ <43> Ver: https://www. gov.br/inpe/pt-br <44> Ver: http:// www.cprm.gov.br/ <45> Ver: http:// www.cprm.gov.br/ 60 Figura 32: Rede de radares meteorológicos do CENSIPAM. Fonte: Elaborado pelo autor. Além disso, a plataforma disponibiliza ferramentas que possibilitam acompanhar as condições do tempo a partir de 11 radares meteorológicos (Figura 32), possibilitando estimar com até duas horas de antecedência as ocorrências de tempestades severas sobre áreas urbanas. Desta maneira, os órgãos competentes podem disparar alertas à população (CENSIPAM, 2021). A partir do conjunto de informações geradas pelo SipamHidro, os ana- listas do CENSIPAM elaboram e disponibilizam outros produtos como: Bo- letins Técnicos Hidrometeorológicos, contendo diagnóstico e prognósticos sobre as condições meteorológicas e hidrológicas que servem de apoio às Defesas Civis dos estados e municípios da Amazônia Legal; Boletins Climá- ticos, produzidos mensalmente com projeções de temperatura e precipita- ção para os três meses subsequentes; e os Boletins Especiais, que podem ser produzidos para situações específicas de condições adversas ou para atender missões de campo (CENSIPAM, 2021). 61 O CENSIPAM também tem realizado um trabalho para apoio e combate às queimadas. Sediados em Manaus (AM), Porto Velho (RO) e Belém (PA), meteorologistas e especialistas em sensoriamento remoto analisam infor- mações sobre os focos de calor e fazem o cruzamento com dados meteoro- lógicos e imagens de satélites para emitir relatórios diários que apontam os locais de atuação. Os analistas têm aperfeiçoado a metodologia para indicar áreas prioritárias, de modo a aumentar a eficiência das equipes de campo. Para indicação dos alvos, são levados em consideração a persistência dos focos de calor, o número de dias sem chuva na região e a previsão de chuva para as próximas 24 horas (CENSIPAM, 2021). Serviço Geológico do Brasil – CPRM A CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais), também conhe- cida por Serviço Geológico do Brasil, foi criada em 1969 e tem como uma de suas frentes de atuação a prevenção de desastres hidrogeológicos. Dessa forma, além de contribuir na
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