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E-book - Sistemas de monitoramento e alerta como suporte à gestão local de riscos e desastres

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Sistemas de 
monitoramento e 
alerta como suporte à 
gestão local de riscos 
de desastres
Sistemas de 
monitoramento e 
alerta como suporte à 
gestão local de riscos 
de desastres
São José dos Campos
2022
Ficha Institucional
REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
Presidente da República
Jair Messias Bolsonaro
MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL - MDR
Ministro
Daniel de Oliveira Duarte Ferreira
SECRETARIA NACIONAL DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL – SEDEC
Secretário
Alexandre Lucas Alves
CENTRO NACIONAL DE MONITORAMENTO E ALERTAS DE DESASTRES NATURAIS - CEMADEN
OSVALDO LUIZ LEAL DE MORAES – Diretor 
JOSÉ ANTÔNIO MARENGO ORSINI – Coordenador-Geral de Pesquisa e Desenvolvimento
MARCELO ENRIQUE SELUCHI – Coordenador-Geral de Operações e Modelagens 
REGINA CÉLIA DOS SANTOS ALVALÁ – Coordenadora de Relações Institucionais 
WESLEY BARBOSA – Coordenador de Administração
Ficha Técnica
Coordenação do Projeto: Osvaldo Luiz Leal de Moraes
Supervisor do Projeto: Wesley Barbosa
SISTEMAS DE MONITORAMENTO E ALERTA COMO SUPORTE À GESTÃO
 LOCAL DE RISCOS DE DESASTRES 
Danielle Blazys Correa
Lucas Rangel
Maria Cristina Maciel Lourenço
Rachel Trajber
Rafael Alexandre Ferreira Luiz
REVISÃO TÉCNICA 
Leandro Casagrande 
Pedro Ivo Camarinha 
Rafael Alexandre Ferreira Luiz
Tiago Bernardes
DESIGNER INSTRUCIONAL
Ednei Augusto Januário
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO
Aline Ferreira dos Santos
Ana Elisa Pereira da Cunha Nogueira
Camila Maria do Prado Santos
Lucas Fernandes Cantisani
EDIÇÃO E REVISÃO 
Aline Ferreira dos Santos
Mayara Crispim Freitas Sá
Sumário
Módulo 1
Fundamentos de Sistemas de Monitoramento e Alerta de 
Desastres
Módulo 1.....................................................................................................................................10
Introdução ..............................................................................................................................11
Sistemas de Monitoramento e Alerta aplicados à Gestão de Riscos de Desastres: 
Antecedentes, Desafios e Perspectivas ............................................................................12
Eixos do Sistema de Monitoramento e Alerta de Desastres .......................................23
Informações e Monitoramento de Desastres ..................................................................28
Módulo 2
Sistema Nacional de Informações e Monitoramento de Desastres
Módulo 2.....................................................................................................................................28
Introdução ..............................................................................................................................29
Sistema Nacional de Informações e Monitoramento de Desastres ...........................30
Redes e Agências de Monitoramento e Alerta de Desastres da União ......................31
Rede Hidrometeorológica Nacional – ANA ......................................................................31
Sistema de Coleta e Distribuição de Dados Meteorológicos – INMET .......................38
Rede Observacional –CEMADEN ........................................................................................40
Rede de Meteorologia do Comando da Aeronáutica – DECEA ....................................49
Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos – CPTEC/INPE ...........................53
Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia – CENSIPAM ..58
Serviço Geológico do Brasil – CPRM ..................................................................................61
Acesso e Interpretação de Produtos e Serviços de Monitoramento e Alerta de 
Desastres da União ...............................................................................................................64
Boletim de Monitoramento Hidrometeorológico – CPRM ...........................................66
Ações de Monitoramento Hidrológico – ANA .................................................................70
Previsões Probabilísticas – CPTEC/INPE ...........................................................................74
Avisos Meteorológicos – INMET .........................................................................................77
Alertas de Risco de Desastres Geo-hidrológicos – CEMADEN .....................................81
Módulo 3
Instrumentos de Gestão de Riscos de Desastres na Escala Local e 
Sistemas de Monitoramento e Alerta
Módulo 3.....................................................................................................................................87
Introdução ..............................................................................................................................88
Instrumentos de Gestão Local de Riscos de Desastres ................................................89
Plano Preventivo de Defesa Civil – PPDC .........................................................................89
Plano de Contingência – PLANCON ...................................................................................92
Plano Municipal de Redução de Riscos – PMRR ..............................................................95
Outros instrumentos de Gestão Local . ...........................................................................103
Carta de Suscetibilidade .....................................................................................................104
Carta de Aptidão à Urbanização ........................................................................................105
Mapeamento das Vulnerabilidades ..................................................................................106
Boas Práticas de Gestão de Risco de Desastres na Escala Local ................................109
Defesa Civil de Salvador – CODESAL ................................................................................109
Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil de São Paulo – CEPDEC/SP ...117
Projeto GIDES – Eixo Monitoramento e Alerta (Nova Friburgo/RJ, Petrópolis/RJ e 
Blumenau/SC) .......................................................................................................................125
Sistemas de monitoramento e alerta como suporte à gestão local de riscos de 
desastres ................................................................................................................................131
Módulo 4
Abordagens Participativas 
para o Fortalecimento de Sistemas de Monitoramento e Alerta de 
Desastres
Módulo 4.....................................................................................................................................131
Introdução .............................................................................................................................132
Sistemas de Monitoramento e Alerta de Centrados em Comunidades e a
Ciência Cidadã .......................................................................................................................133
Gestão de Riscos e Desastres em diálogo com a Educação .........................................133
Governança participativa para o fortalecimento do monitoramento e alerta de 
desastres ................................................................................................................................136
Ciência Cidadã: conhecimento, monitoramento, comunicação e 
autoproteção ........................................................................................................................137
O Nupdec pode ser uma forma de governança participativa .....................................139
Boas Práticas em Sistemas Participativos de Monitoramento e 
Alerta................................................................................................................................140
Formação em Capacidades de Prevenção e Monitoramento - 
Nova Friburgo/RJ .................................................................................................................140Prevenção de deslizamentos se aprende na escola: ciência cidadã em redução de 
riscos de desastres ...............................................................................................................142
Cemaden Educação: rede de escolas e comunidades na prevenção de 
desastres ................................................................................................................................143
Cemaden Educação: Eixo aprendizagem .........................................................................144
Cemaden Educação: Eixo aprendizagem .........................................................................145
Cemaden Educação: eixo mobilização .............................................................................145
Cemaden Educação: Eixo Comunidade Com-VidAção .................................................145
Referências bibliográficas .........................................................................147
Fundamentos de Sistemas de 
Monitoramento e Alerta de 
Desastres
Sistemas de monitoramento e alerta como 
suporte à gestão local de riscos de desastres 1
11
Introdução
Nesta unidade você verá como as várias agências, fundos e programas 
da Organização das Nações Unidas (ONU) vêm desempenhando, desde a 
década de 1970, um papel fundamental na promoção, articulação e imple-
mentação dos Sistemas de Monitoramento e Alerta de Desastres como um 
componente estratégico para Redução do Risco de Desastres, ao apoiarem 
uma série de projetos, realizações de conferências e implementação de pla-
taformas colaborativas com o objetivo de desenvolver uma cultura de pre-
venção e preparação aos desastres ao redor do mundo. 
Além disso, serão caracterizados os quatro eixos que compõem um Sis-
tema de Monitoramento e Alerta de Desastres: 
 » a) Conhecimento do Risco: Conjunto de informações que leva em 
consideração a dinamicidade dos conceitos de “ameaça” e vulnerabili-
dade”, e a intensificação destes pelos processos de urbanização acele-
rada, degradação socioambiental e mudanças climáticas; 
 » b) Monitoramento do Risco: Infraestrutura, tecnologia e recursos hu-
manos capazes de fornecerem serviços de monitoramento de amea-
ças de origem natural e alertas antecipados de risco de desastres; 
 » c) Comunicação do Risco: Práticas utilizadas na distribuição da infor-
mação produzida pelos serviços de monitoramento e alerta de manei-
ra compreensível para os órgãos competentes e para a sociedade, so-
bretudo para os moradores de áreas de risco; e
 » d) Capacidade de Resposta: Recursos, estratégias e planos de preparação ao 
desastre que envolvam diversos atores para uma gestão efetiva do desastre.
Espera-se que, ao final deste módulo, o aluno seja capaz de compreender 
a importância dos fundamentos de um Sistema de Monitoramento e Alerta de 
Desastre para uma efetiva Gestão de Riscos de Desastres em seu município. 
12
Sistemas de Monitoramento 
e Alerta aplicados à Gestão 
de Riscos de Desastres: 
Antecedentes, Desafios e 
Perspectivas
Ao longo da história, o Homem sempre buscou investigar e registrar os 
fenômenos da natureza na tentativa de prevê-los. Por este motivo, o de-
senvolvimento de instrumentos e técnicas de observação sempre estive-
ram na vanguarda do progresso científico e tecnológico. À medida em que 
a humanidade abandona sua pré-condição nômade e passa a depender da 
agricultura para viver, analisar as chuvas na tentativa de estabelecer um pa-
drão de frequência torna-se fundamental para o planejamento do plantio e, 
portanto, para a garantia de sobrevivência. 
Figura 1: Operadora de radar durante a Segunda Guerra Mundial. Fonte: IWM
13
Com a intensificação do comércio internacional e do transporte maríti-
mo no final do século XVIII, conhecer a rota provável de uma tempestade 
tropical significava reduzir os riscos e, por conseguinte, reduzir os danos e 
as perdas econômicas. A partir do momento em que o Homem passa a viver 
nas cidades e, mais recentemente, com o fenômeno da urbanização mun-
dial e o advento das mudanças climáticas, monitorar as ameaças naturais 
capazes de causar algum dano para a sociedade passa a ser uma necessida-
de de autoproteção da vida e prevenção de prejuízos materiais. 
Embora a preocupação em salvaguardar vidas também estivesse entre 
os objetivos dos primeiros sistemas de avisos de tempestades desenvol-
vidos e implementados ainda no século XIX, foi apenas no início da Segun-
da Guerra Mundial que, diante da real ameaça de bombardeio aéreo da 
Alemanha, implementou-se na Inglaterra, pela primeira vez, um sistema 
de detecção de eventos, comunicação e tomada de decisão baseado em 
processos e protocolos pré-estabelecidos e aplicados exclusivamente 
para a proteção e Defesa Civil (figura 1). Gradativamente, as instituições 
de proteção e Defesa Civil recém-organizadas ao final da Segunda Guerra 
Mundial incorporaram outras atribuições além daquelas associadas a ques-
tões de segurança em tempos de guerra. Com o passar do tempo, elas fo-
ram sendo adaptadas à realidade das demandas de segurança e proteção 
da população em tempos de paz, vivendo em uma sociedade cada vez mais 
exposta a ameaças (naturais, socionaturais e tecnológicas), e vulnerável ao 
risco de desastres dos mais variados tipos.
Na esteira da chamada “Corrida Espacial” dos anos 1960 disputada entre 
as duas superpotências da época (Estados Unidos e União Soviética) – quan-
do houve significativos avanços em tecnologias de observação da Terra –, 
a 25ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), ocorri-
da em 1970, já apontava para a necessidade da aplicação da tecnologia e 
pesquisa científica para a prevenção de desastres, incluindo arranjos para 
divulgar efetivamente, a todos os países, os frutos da pesquisa de satélites 
e outras inovações sofisticadas visando o fortalecimento da cooperação 
 
<1> United Nations. Ver: 
https://www.un.org/en/.
14
internacional para determinar as causas e manifestações antecipadas de 
desastres iminentes, e o desenvolvimento e melhorias de Sistemas de Mo-
nitoramento e Alerta de Desastres (UN, 1970).
No entanto, até a década de 1970, as instituições dedicavam-se, na prática, 
quase exclusivamente a responder e a reduzir os efeitos dos desastres. A mu-
dança de paradigma começa na década de 1980 quando, no período entre 1983 
e 1985, as severas secas que atingiram a Etiópia levaram à morte cerca de 1,2 
milhões de pessoas devido à fome generalizada (figura 2). A crise no país afri-
cano chocou o mundo e chamou a atenção da comunidade internacional para a 
questão da produção de alimentos e a insegurança alimentar em diversos países. 
 
Sob liderança da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agri-
cultura (FAO), um dos primeiros sistemas globais de informação e alerta an-
tecipado foi desenvolvido com o intuito de emitir, regularmente, relatórios 
analíticos e objetivos sobre as condições ambientais vigentes, e fornecer 
avisos antecipados de crises alimentares iminentes em nível nacional ou re-
gional, utilizando ferramentas de observação da Terra e monitoramento de 
preços globais. Foi quando se percebeu que o investimento em ações de 
preparação poderia reduzir os impactos de desastres e que alguns deles 
poderiam até ser evitados com ações de prevenção. 
<2>Food and Agriculture 
Organization of the United 
Nations. Ver: https://www.
fao.org/giews/en/.
Figura 2: Seca e fome 
na Etiópia (1983-1985). 
Fonte: BBC
15
Além da crise alimentar na Etiópia, a década de 1980 também foi mar-
cada pela ocorrência de desastres de grande magnitude que registraram 
dezenas de milhares de mortos e feridos, além de danos materiais exorbi-
tantes, com destaque para o terremoto da Cidade do México e a erupção 
vulcânica de Nevado del Ruiz na cidade de Tolima, Colômbia (1985); as inun-
dações no Sudãoe Bangladesh (1988); além dos furacões Gilbert (1988) e 
Hugo (1989), que atingiram o Caribe e os Estados Unidos, entre outros.
Diante do crescente número de vítimas e perdas econômicas decorren-
tes dos desastres, a ONU instituiu o período de 1990 a 1999 como a Déca-
da Internacional para a Redução dos Desastres Naturais. Na ocasião, os 
governos foram incentivados a colaborar internacionalmente para o desen-
volvimento de políticas e programas de mitigação, com o objetivo de redu-
zir os efeitos cada vez mais devastadores dos desastres, especialmente nos 
países em desenvolvimento. 
Particularmente em relação aos Sistemas de Monitoramento e Alerta, to-
dos os estados-membros foram encorajados a garantir o acesso a níveis glo-
bais, regionais, nacionais e locais, e a ampla disseminação dos alertas como 
um dos elementos de suas metas de desenvolvimento nacional (UN, 1991). 
Neste contexto, como parte dos desdobramentos da I Conferência Mun-
dial de Redução de Riscos de Desastres, realizada no Japão em 1994 e do seu 
plano de ação denominado “Estratégia de Yokohama”, o comitê técnico-cien-
tífico da ONU coordenou, em 1995, uma revisão de conceitos e práticas exis-
tentes com o objetivo de fazer recomendações sobre o desenvolvimento e a 
aplicabilidade dos Sistemas de Monitoramento e Alerta de Desastres. 
Para isso, especialistas de vários países foram convocados para estudar 
diferentes aspectos desses sistemas, incluindo o uso e a transferência de 
tecnologias, e as capacidades nacionais e locais relacionadas ao uso eficaz 
dos alertas antecipados. Os resultados alcançados serviram de base para pu-
blicação, em 1997, dos Princípios Orientadores para Alerta Antecipado Eficaz, 
dentre os quais, destacam-se:
<3>Guiding Princi-
ples for Effective Early 
Warning. Ver: https://
www.unisdr.org/2006/
ppew/whats-ew/mi-
lestones-first-steps-
-ew.htm.
16
 » Sistemas de Monitoramento e Alerta devem ser componentes de um progra-
ma mais amplo de mitigação nacional de riscos e redução de vulnerabilidade;
 » A ação resultante dos alertas deve ser baseada em procedimentos de 
Gestão de Risco e Desastres previamente estabelecidos por organiza-
ções em nível nacional, regional e local;
 » Os alertas precisam ser claramente entendidos e operacionalmente 
relevantes para as defesas civis locais, que são mais frequentemente 
orientadas para funções de risco não específicas;
 » O processo de alerta deve levar a práticas demonstradas que possam 
informar e aconselhar grupos vulneráveis de pessoas, para que medidas 
adequadas possam ser tomadas no sentido de mitigar perdas e danos;
 » Há uma necessidade contínua de monitorar e prever mudanças nos pa-
drões de vulnerabilidade particularmente em níveis locais, em função 
das condições da rápida urbanização, migração abrupta, mudanças eco-
nômicas, conflito civis ou elementos semelhantes que possam alterar as 
condições sociais, econômicas ou ambientais de uma determinada área;
 » Grupos de pessoas que apresentam diferentes tipos de vulnerabi-
lidade terão diferentes percepções de risco e várias estratégias de 
enfrentamento. Os Sistemas de Monitoramento e Alerta localmente 
apropriados fornecerão uma série de métodos de comunicação e de-
vem promover múltiplas estratégias de proteção e redução de riscos; 
 » Todos os aspectos da concepção e implementação dos Sistemas de Monitora-
mento e Alerta exigem o envolvimento das partes interessadas no nível local. 
Isso inclui a produção e verificação de informações sobre riscos percebidos, 
concordância sobre os processos de tomada de decisão envolvidos e proto-
colos operacionais padrão. Habilidades igualmente importantes envolvem a 
seleção de meios de comunicação adequados e estratégias de divulgação que 
possam garantir um nível efetivo de participação da população na atuação, 
mediante o recebimento das informações provenientes dos alertas.
17
Ao longo dos anos, e à medida que as mudanças climáticas e suas con-
sequências tornam-se cada vez mais evidentes, as várias agências, fundos 
e programas da ONU vêm desempenhando um papel importante na pro-
moção e desenvolvimento de uma cultura de prevenção e preparação aos 
desastres por meio de uma série de projetos, realizações de conferências e 
implementação de plataformas colaborativas. Neste sentido, a importância 
dos Sistemas de Monitoramento e Alerta de Desastres tem sido cada vez 
mais reconhecida e, por isso, o tema tem recebido progressivamente aten-
ção no âmbito de tratados internacionais, conferências e planos de ações, 
tornando-se um dos elementos centrais de muitas estratégias para a Redu-
ção do Risco de Desastres.
Em 1998 ocorre a I Conferência Internacional de Sistemas de Alerta Ante-
cipado para Redução de Desastres Naturais (EWC)4, na cidade de Potsdam, 
Alemanha. O encontro confirmou os Sistemas de Monitoramento e Alerta 
como um componente central das estratégias nacionais e internacionais de 
prevenção aos desastres no século 21. 
Também identificou rea-
lizações e experiências mais 
adequadas para melhorar as 
relações organizacionais e 
a eficácia dos alertas ante-
cipados, além de identificar 
os principais pontos fortes e 
fracos relacionados às capaci-
dades de resposta. Ainda foi 
enfatizado que o alerta an-
tecipado eficaz depende da 
colaboração multissetorial e 
interdisciplinar entre todos 
os atores envolvidos e que, 
embora baseado em ciência 
<4> International Con-
ference on Early War-
ning Systems for Natu-
ral Disaster Reduction 
(http://www.geomu-
seum.com/welcome.
html).
Figura 3: Relatório 
final da EWC II. Fon-
te: UNISDR.
18
e tecnologia, o alerta antecipado 
deve ser adaptado para o atendi-
mento às necessidades das pes-
soas, seus ambientes e seus re-
cursos (IDNDR, 1998).
Inserida no contexto da Estra-
tégia Internacional das Nações Uni-
das para a Redução de Desastres, 
estabelecida em 2000 pela ONU, 
ocorre em 2003, a II Conferência 
Internacional de Sistemas de Alerta 
Antecipado para Redução de Desas-
tres Naturais (EWC II)na cidade de 
Bonn, Alemanha (figura 3). 
Figura 5: Cidade de Banda Aceh, Indonésia, em ruínas após a passagem do tsunami do Oceano Índico 
de 2004.
Neste encontro, o foco estava em como integrar o alerta antecipado 
às políticas públicas relevantes dos países. A conferência ressaltou que as 
informações técnicas dos Sistemas de Monitoramento e Alerta devem ser 
traduzidas para as realidades locais de maneira clara e objetiva, para que 
medidas adequadas de resposta sejam tomadas. 
<5> Second Interna-
tional Conference on 
Early Warning Sys-
tems for Natural Di-
saster Reduction. Ver: 
https://www.unisdr.
org/2006/ppew/info-
-resources/ewc2/
Figura 4: Relató-
rio final da EWC 
II. Fonte:UNISDR.
19
A discussão iniciada pela conferência foi fundamental para o desenvolvimen-
to de futuros sistemas, pois capacitou governos, instituições e comunidades lo-
cais a participarem de todo o processo de formulação de políticas, promovendo 
a conscientização e a preparação da resposta aos desastres. O evento também 
sinalizou a transição dos Sistemas de Monitoramento e Alerta de um produto 
meramente técnico, para um processo sociopolítico incorporado (ISDR, 2003). 
O papel das ONU na promoção dos Sistemas de Monitoramento e Alerta 
tornava-se gradualmente institucionalizado à medida em que as conferên-
cias aconteciam e o interesse internacional pelo tema aumentava. Nesta con-
juntura, uma das contribuições mais notáveis foi o lançamento da Plataforma 
para a Promoção do Alerta Antecipado em 2004 com o objetivo de contribuir 
para o desenvolvimento de boas práticas em Sistemas de Monitoramento e 
Alerta, estimulando a cooperação entre as organizações envolvidas. 
A plataforma estava fortemente apoiada sob o conceito de Sistemas de 
Monitoramento e Alerta “centrados em pessoas” – assunto que veremos 
com maior profundidade no Módulo 4 deste curso. 
A III Conferência Internacional deSistemas de Alerta Antecipado para Re-
dução de Desastres Naturais (EWC III) ocorreu em 2006, novamente na cida-
de de Bonn, Alemanha (figura 4), já inserida no contexto do Marco de Ação 
de Hyogo 2005-2015: “Construindo a Resiliência das Nações e Comunidades 
para Desastres”, idealizado durante a II Conferência Mundial sobre Redução 
de Desastres, realizado em 2005 na cidade de Kobe no Japão.
Dois anos antes ocorria o devastador terremoto e tsunami do Oceano 
Índico de 2004 (figura 5), resultando em centenas de milhares de mortos e 
feridos em diversos países – o que fez com que crescesse a necessidade de 
cooperação internacional para o desenvolvimento de Sistemas de Monito-
ramento e Alerta de Desastres em escala global, de maneira colaborativa. 
<6> Platform for the 
Promotion of Early War-
ning. Ver: https://www.
unisdr.org/2006/ppew/
<7> Third Internatio-
nal Conference on Ear-
ly Warning Systems for 
Natural Disaster Reduc-
tion. Ver: https://www.
unisdr.org/2006/ppew/
info-resources/ewc3_
website/
20
Figura 6: Representação conceitual da interseção das agendas do Marco de Sendai, Acor-
do de Paris e ODS. Fonte: Adaptado de UNDP (2018).
Neste contexto, a conferência ocorreu sob o lema “do conceito à ação”, 
e teve como objetivo traduzir o conhecimento existente em implementa-
ção concreta. Muitos projetos inovadores de Sistemas de Monitoramento 
e Alerta foram apresentados para potencial apoio financeiro e implemen-
tação. As discussões foram centradas na identificação de potencial não uti-
lizado dos alertas antecipados e a própria conferência preparou o terreno 
para o debate científico multidisciplinar sobre as últimas práticas e pesqui-
sas. Graças a esse encontro, foram identificadas muitas lacunas entre o de-
senho conceitual e a implementação prática/viável dos Sistemas de Moni-
toramento e Alerta de Desastres (ISDR, 2005).
Em 2007, o quarto relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudan-
ças Climáticas (IPCC) deixou evidente o papel que as mudanças climáticas 
podem desempenhar na intensificação da frequência e na gravidade dos 
desastres. Ao destacar as ligações entre desastres e mudanças climáticas, 
o relatório do IPCC chamou a atenção para o potencial colaborativo dos 
Sistemas de Monitoramento e Alerta nas políticas públicas e agendas inter-
nacionais que abordam o risco de desastres e as mudanças climáticas como 
dois lados da mesma moeda (IPCC, 2007).
<8> Intergovernmen-
tal Panel on Climate 
Change. Ver: https://
www.ipcc.ch/.
21
O nexo entre adaptação às mudanças climáticas, redução do risco de 
desastres e desenvolvimento sustentável foi amplamente reconhecido em 
2015, quando a comunidade internacional assumiu uma série de compro-
missos em prol de um futuro mais sustentável. Neste sentido, três grandes 
compromissos globais foram adotados: o Acordo de Paris; os Objetivos de 
Desenvolvimento Sustentável (ODS) – no âmbito da Agenda 2030 para o De-
senvolvimento Sustentável; e o Marco de Sendai para Redução de Riscos de 
Desastres 2015-2030.
Essas três grandes agendas globais criaram um quadro abrangente para 
redução da vulnerabilidade e aumento da resiliência (figura 6). Embora o 
Acordo de Paris tenha focado especificamente na mitigação das mudanças 
climáticas e o Marco de Sendai na redução do risco de desastres, todas as 
agendas enfatizam a mensagem de que é impossível provocar mudanças 
significativas se as soluções forem verticais ou isoladas. Uma transição para 
uma sociedade de baixo carbono, por exemplo, não só mitiga a intensidade 
das mudanças climáticas, mas também contribui indiretamente para a cria-
ção de sociedades e economias resilientes (UNDP, 2018). 
O Acordo de Paris, aprovado durante a 21ª Conferência das Nações Uni-
das sobre Mudanças Climáticas(COP21), deixou clara a intenção da comuni-
dade internacional em canalizar energias e recursos financeiros para redu-
ção das emissões e promoção da adaptação às mudanças climáticas. Além 
do principal objetivo de manter o aumento da temperatura global abaixo 
do limiar de 2°C até o final do século 21, a conferência também chamou a 
atenção para a importância do monitoramento das mudanças climáticas. 
Neste sentido, o artigo 7 do acordo aponta para a necessidade de:
 » Fortalecer o conhecimento científico sobre o clima, incluindo 
pesquisas, observação regular do sistema climático e Sistemas de 
monitoramento e Alerta de forma a informar os serviços climáti-
cos e apoiar a tomada de decisão (UNFCC, 2016).
<9> The Paris Agre-
ement. Ver: https://
unfccc.int/process-an-
d-meetings/the-paris-
-agreement/the-paris-
-agreement.
<10> The 17 Sustaina-
ble Development Go-
als. Ver: https://sdgs.
un.org/goals.
<11> Sendai Fra-
mework for Disaster 
Risk Reduction 2015-
2030. Ver: https://
www.undrr.org/pu-
blication/sendai-fra-
mework-disaster-risk-
-reduction-2015-2030.
<12> 21th Session of 
the Conference of the 
Parties. Ver: https://
unfccc.int/process-and-
-meetings/conferences/
past-conferences/paris-
-climate-change-confe-
rence-november-2015/
cop-21.
22
O Acordo, portanto, destaca como a comunidade internacional tornou-
-se consciente, não apenas das ameaças provenientes das mudanças climá-
ticas, mas também da importância dos Sistemas de Monitoramento e Alerta 
para um futuro climático resiliente (UNDP, 2018).
Com a adoção dos ODS, enfatizou-se ainda mais a ligação entre mudan-
ças climáticas e desastres e, sobretudo, a importância das soluções trans-
versais. Muitos dos ODS, na verdade, podem ser parcialmente atingidos 
pela formação de uma sociedade de baixo carbono e resiliente às mudanças 
do clima e aumento dos desastres. É o caso do:
 » ODS 1: reduzir a pobreza; 
 » ODS 2: reduzir a fome e garantir a segurança alimentar; 
 » ODS 6: garantir água e saneamento; e até mesmo o 
 » ODS 5: que aborda o empoderamento feminino e a igualdade de gênero.
Desastres e mudanças climáticas minam os direitos humanos básicos (direitos 
à vida, alimentação, abrigo, saúde, bem-estar e emprego para todos), e prejudicam 
a vida e os meios de subsistência dos grupos mais vulneráveis (KELMAN, 2020). 
Além disso, alguns dos ODS promovem diretamente os Sistemas de Monito-
ramento e Alerta ao fazerem referência, explicitamente, às mudanças climáti-
cas e ao risco de desastres, como a ODS 13, que aborda a importância de mitigar 
as mudanças climáticas e reduzir seus impactos. Mais especificamente, incenti-
va a disseminação dos Sistemas de Monitoramento e Alerta a fim de reduzir os 
riscos relacionados às mudanças climáticas através das seguintes metas:
 » Fortalecer a resiliência e a capacidade adaptativa aos riscos cli-
máticos e desastres naturais em todos os países (UNDP, 2021).
 » Melhorar a educação, a conscientização e a capacidade humana e insti-
tucional sobre a mitigação das mudanças climáticas, adaptação, redução 
de impacto e Sistemas de Monitoramento e Alerta (UNDP, 2021).
23
Com a adoção do Marco de Ação de Sendai 2015-2030, foi ratificada a impor-
tância dos Sistemas de Monitoramento e Alerta não apenas para a redução do 
risco de desastres, mas também para o desenvolvimento sustentável como um 
todo. O Marco destaca ações prioritárias específicas para uma sociedade resi-
liente ao risco. Através da sétima meta de redução de risco de desastres, a estru-
tura do marco faz referência aos sistemas através da seguinte recomendação: 
 » Aumentar substancialmente a disponibilidade e o acesso a Sistemas 
de Monitoramento e Alerta multirrisco e informações e avaliações 
de risco de desastres para as pessoas até 2030 (UNISDR, 2015).
Com base nos tratados, nas agendas e iniciativas mencionados, pode-
-se afirmar que a comunidade internacional tem um importante trabalho 
de implementação dos Sistemas de Monitoramento e Alerta de Desastres 
em andamento. Ademais, com o desejado fortalecimento das capacidades 
institucionais e do conhecimento local/tradicional, emprego de tecnologia 
moderna, engajamentodo setor privado, e cooperação transfronteiriça, 
ainda há muito horizonte para o tema. 
Eixos do Sistema de 
Monitoramento e Alerta de 
Desastres 
As discussões sobre o desenvolvimento e implementação de Sistemas 
de Monitoramento e Alerta como estratégia de redução do risco de desas-
tres têm recebido valiosas contribuições há pelo menos 40 anos. Sob a tu-
tela institucional da ONU, diversas agências internacionais, governos nacio-
nais, academia e setores da sociedade têm colaborado enormemente com 
o tema (na teoria e na prática). 
24
Em 2017, o Escritório das Nações Unidas para Redução do Risco de Desas-
tre (UNDRR) sintetizou a evolução do arcabouço teórico-conceitual consti-
tuído ao longo dos anos, com a seguinte definição sobre o que é um Siste-
ma de Monitoramento e Alerta:
 » Um sistema integrado de monitoramento, previsão e predição, ava-
liação de riscos de desastres, comunicação e atividades de prepara-
ção que permita que indivíduos, comunidades, governos, empresas e 
outros tomem medidas oportunas para reduzir os riscos de desastres 
com antecedência aos eventos perigosos (UNDRR, 2021).
“Sistema integrado”, neste caso, refere-se à fusão do método científico 
de monitoramento e detecção, com uma organização de emergência (res-
posta) que utiliza tecnologias de alerta aliadas a fatores sociais para emitir, 
em tempo hábil, um alarme de notificação à população que está em risco. 
Desse modo, considera-se que os Sistemas de Monitoramento e Alerta de 
Desastres possuem componentes científicos, gerenciais, tecnológicos e so-
ciais conectados a uma variedade de processos. 
Uma quebra ou falha em uma etapa do processo pode resultar em um 
alerta ineficaz, mesmo que os demais componentes estejam desempenhan-
do corretamente sua função interna (SORENSEN, 2000).
Por abranger diversas áreas do conhecimento e possuir diferentes con-
textos sociais de implementação, para que um Sistema de monitoramento 
e Alerta seja efetivo, é necessário que ele esteja estruturado em torno de 
quatro eixos fundamentais: Conhecimento do Risco; Monitoramento do 
Risco; Comunicação do Risco e Capacidade de Resposta (figura7).
<13> United Nations 
Office for Disaster Risk 
Reduction. Ver: https://
www.undrr.org/termi-
nology/early-warning-
-system.
25
Figura 7: Eixos de um Sistema de Monitoramento e Alerta de Desastres. Fonte: Adapta-
do de UNDP (2018).
Conhecimento do Risco: implica na consideração da natureza dinâmi-
ca das ameaças e vulnerabilidades, intensificadas por processos como falta 
de planejamento urbano, degradação ambiental e mudanças climáticas; e 
na análise de capacidades e políticas de mitigação, o que pode ocorrer por 
meio de métodos científicos de análise de dados e informações com a fina-
lidade de gerar conhecimento (MARCHEZINI et al., 2020). 
Nesse sentido, este eixo procura responder questionamentos como: os 
perigos e as vulnerabilidades são bem conhecidos? Quais são os padrões e 
tendências nesses fatores? Os mapas e dados de risco estão amplamente 
disponíveis? A título de exemplo, uma agência brasileira que atua em nível 
federal neste eixo é a CPRM – Serviço Geológico do Brasil, responsável pelo 
mapeamento das áreas de risco e disponibilização de informações sobre 
risco de desastres dos municípios brasileiros.
26
Monitoramento do Risco é o ato de coletar informações juntamente 
com um conjunto de variáveis relacionadas ao risco de desastres, com a pre-
ocupação em buscar os parâmetros corretos a serem monitorados. A par-
tir do monitoramento podem ser identificadas condições socioambientais 
com potencial de causar danos e perdas, isto é, situações de alerta de risco 
de desastres (UNDP, 2018; MARCHEZINI et al., 2020). Trata-se de um eixo 
fundamental e, por isso, deve possuir uma sólida base técnica e científica 
para operar de forma confiável e ininterrupta. O Centro Nacional de Moni-
toramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) é uma das diversas 
agências da União que atuam nesse eixo, do qual iremos nos aprofundar 
com mais detalhe no módulo II deste curso.
Comunicação do Risco preconiza que os alertas devem ser assimilados 
pelo público-alvo e que os múltiplos canais de comunicação devem ser uti-
lizados para garantir o acesso aos alertas. O principal objetivo desse eixo 
é fornecer um alerta antecipado sobre um risco específico de um local ge-
ograficamente restrito, bem como capacitar as pessoas a tomar medidas 
de ação e iniciar medidas de mitigação ou segurança antes que ocorra um 
evento adverso (SAITO, 2018; UNDP, 2018). O Centro Nacional de Geren-
ciamento de Risco de Desastres (CENAD) é a agência brasileira responsável 
por centralizar, a nível federal, todas as ações neste eixo temático.
Capacidade de Resposta é o conhecimento centralizado em planos 
e insumos necessários para ações oportunas e apropriadas por parte das 
autoridades e dos que estão em risco. Podem ser aprimoradas através 
de exercícios e treinamentos (simulados), e campanhas educativas para 
aumentar a percepção de risco. A capacidade de resposta também precisa 
levar em consideração o fato de que todas as pessoas devem receber a 
mesma proteção (UNDP, 2018). 
O Centro Nacional de Gerenciamento de Risco de Desastres (CENAD) é a 
agência brasileira responsável por atuar neste eixo do sistema, em parceria 
com as Coordenadorias de Proteção e Defesa Civil (COMPDEC’s) na esca-
27
la estadual e municipal, bem como os Núcleos de Proteção e Defesa Civil 
(NUPDEC’s), que atuam no nível das comunidades – assunto do qual iremos 
abordar no Módulo III e IV deste curso.
Dada a complexidade envolvida nos Sistemas de Monitoramento e Alerta 
de Desastres e, para que eles funcionem como esperado, é necessário garantir 
a interoperabilidade entre os eixos. Para isso, os sistemas devem residir em am-
bientes que incorporem uma boa governança institucional; com capacidades 
operacionais e recursos adequados e clareza quanto à definição das funções 
e responsabilidades dos atores envolvidos. Além disso, é importante que eles 
possuam procedimentos operacionais padronizados, e que sejam regularmen-
te testados e avaliados com o objetivo de melhoria contínua dos processos.
28
Sistema Nacional 
de Informações e 
Monitoramento de 
Desastres
Sistemas de monitoramento e alerta como 
suporte à gestão local de riscos de desastres 2
29
Introdução
 Neste módulo conheceremos a organização e o funcionamento do 
Sistema Nacional de Informações e Monitoramento de Desastres, recém-
-estabelecido pelo Decreto nº 10.593 de 24 de dezembro de 2020, com o 
objetivo de apresentar a governança e o arranjo institucional das diferen-
tes redes de observação e coleta de dados da União. Serão enfatizadas as 
redes e agências de monitoramento de ameaças de origem hidrometeoro-
lógicas (chuvas intensas, inundações, deslizamentos, entre outras) e seus 
principais produtos e serviços disponibilizados de forma gratuita por meio 
de diversas plataformas virtuais. 
Saber utilizar tais recursos em situações reais torna-se fundamental 
para que Defesas Civis e órgãos competentes possam realizar ações mais 
assertivas de prevenção e resposta aos desastres. Portanto, este módulo 
tem como objetivo orientar o agente de Defesa Civil quanto ao acesso dos 
principais recursos dessas plataformas e na interpretação dos principais 
produtos e serviços de monitoramento ofertados pelas agências federais 
de monitoramento, contribuindo, dessa maneira, para a melhoria das ações 
de prevenção em suas rotinas de trabalho. 
 Ao final deste módulo, é esperado que o aluno seja capaz de conhe-
cer e utilizar os principais produtos e serviços de monitoramento e alerta 
disponibilizados pelas agências que compõem o Sistema Nacional de Infor-
mações e Monitoramento sobre Desastres.
30
 Sistema Nacional 
de Informações e 
Monitoramento de 
Desastres 
 Recentemente foi estabelecida a organização e o funcionamento do 
Sistema Nacional deInformações e Monitoramento de Desastres, através 
do Decreto nº 10.593 de 24 de dezembro de 2020. Trata-se de um esforço 
inicial no sentido de reunir, sob um único arcabouço institucional, todas as 
iniciativas realizadas pelas diversas agências públicas que trabalham com 
a temática de monitoramento e alerta de desastres em âmbito nacional. 
Neste sentido, destacam-se os seguintes artigos do decreto:
 » “Art. 35. O Sistema Nacional de Informações e Monitoramento de De-
sastres será instituído e coordenado pela Secretaria Nacional de Prote-
ção e Defesa Civil (SEDEC) do Ministério do Desenvolvimento Regional”;
 » “Art. 36. O Sistema Nacional de Informações de Monitoramento de 
Desastres será integrado pelos sistemas existentes ou que venham a 
ser instituídos pelos órgãos e entidades integrantes do SINPDEC (Sis-
tema Nacional de Proteção e Defesa Civil)”;
 » “Parágrafo único. Os sistemas integrantes do Sistema Nacional de In-
formações de Monitoramento de Desastres deverão fornecer dados 
e informações relativos aos seguintes tipos de risco, entre outros: I - 
climatológicos; II - de incêndio; III - de manejo de produtos perigosos; 
IV - de saúde; V - em barragens; VI - hidrogeológicos; VII - hidrológicos; 
VIII - meteorológicos; IX - nucleares e radiológicos; e X - sismológicos”.
 Ainda que seja necessário discutir e pormenorizar as disposições 
gerais do referido decreto, a iniciativa de definir a coordenação do siste-
<14>Ver:http://www.
p l a n a l t o . g o v . b r /
ccivil_03/_ato2019-
2022/2020/decreto/
D10593.htm
31
ma sob a responsabilidade da SEDEC (Art. 35) é bem-vinda, pois apresenta 
avanços no sentido de promover a centralidade das ações de monitoramen-
to e alerta no principal representante do SINPDEC e órgão responsável por 
coordenar as ações de proteção e defesa civil em todo o território nacional, 
incluindo a disseminação dos alertas para as coordenadorias de Defesa Civil 
dos estados e municípios.
 Além disso, ao designar a “integração dos sistemas já existentes 
ou que venham a ser instituídos pelos órgãos e entidades integrantes do 
SINPDEC” (Art. 36), o decreto visa um ambiente de boa governança ao levar 
em consideração as particularidades técnicas de cada sistema em opera-
ção, com suas competências e habilidades já definidas, bem como a total 
autonomia das respectivas instituições sobre seus produtos e serviços de 
monitoramento e alerta.Por fim, cabe destacar a preocupação de incluir no 
sistema uma pluralidade de ameaças (de origem natural e tecnológica), que 
segue a tendência mundial em considerar contextos mais amplos de riscos 
e desastres, nos quais torna-se imprescindível o monitoramento de amea-
ças múltiplas em uma sociedade cada vez mais urbanizada e complexa.
Redes e Agências de 
Monitoramento e Alerta de 
Desastres da União
Rede Hidrometeorológica Nacional – ANA
A Rede Hidrometeorológica Nacional (RHN) (Figura 8) é coordenada 
pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), e conta com a 
parceria de outras instituições federais, além de entidades estaduais, para 
realizar o monitoramento e disponibilizar informações de diversos parâme-
<15> Ver: https://www.
gov.br/ana/pt-br
32
tros de interesse hidrológico. Dos 12.963 mil rios brasileiros (fronteiriços e 
transfronteiriços) cadastrados pela agência, a RHN é responsável pelo mo-
nitoramento de cerca de 2.176 (aproximadamente 17%). 
Figura 8: Mapa interativo da Rede Hidrometeorológica Nacional. Fonte: dadosabertos.
ana.gov.br.
Atualmente, a rede possui 4.641 pontos de monitoramento em todo o 
país, divididos em 1.874 estações que monitoram variáveis relacionadas aos 
rios, como níveis, vazões, qualidade da água e transporte de sedimentos; e 
outras 2.767 estações que monitoram principalmente as chuvas. As infor-
mações obtidas e divulgadas, após a validação e sistematização dos dados 
hidrometeorológicos, são valiosas para subsidiar a tomada de decisão para 
a gestão efetiva dos recursos hídricos. 
Além disso, servem para: 
 » Produzir estudos; 
 » Definir políticas públicas; 
 » Avaliar a disponibilidade hídrica; 
 » Monitorar eventos considerados críticos (inundações e estiagens);
 » Disponibilizar informações para a execução de projetos pela sociedade;
<16> Dados base-
ados no inventário 
de estações realiza-
do em 2018.
33
 » Identificar o potencial energético de navegação ou de lazer, em um 
determinado ponto ou ao longo da calha do manancial; 
 » Levantar as condições dos corpos d’água para atender a projetos de 
irrigação, ou de abastecimento público; 
 » Além de serem a base para a realização de avaliações para a concessão 
de outorgas de direito de uso dos recursos hídricos (ANA, 2021).
A disponibilização dos dados da RHN encontra-se no portal do Sistema 
Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos – SNIRH, onde é possí-
vel acessar diversos produtos, tais como:
 » Sistema Hidro-Telemetria (Figura 9), no qual é possível acessar dados hidro-
meteorológicos georreferenciados das estações telemétricas em tempo real;
 »
 »
Figura 9: Portal do Sistema Hidro-Telemetria da Rede Hidrometeorológica Nacional. Fon-
te: snirh.gov.br.
 » HidroWeb (Figura 10), que oferece acesso ao banco de dados históri-
cos da RHN, oriundos de coleta convencional, ou seja, registros diários 
feitos pelos observadores e medições realizadas em campo pelos téc-
nicos em hidrologia e engenheiros hidrólogos.
<17> Ver: https://
www.snirh.gov.br/
portal/snirh-1/sis-
temas
<18> Ver: http://
www.snirh.gov.br/
hidrotelemetria
<19> Ver: https://
www.snirh.gov.
br/hidroweb
34
Figura 10: Mapa interativo do Portal do sistema HidroWeb da Rede Hidrometeorológica 
Nacional. Fonte:snirh.gov.br.
 » Sistema de Acompanhamento de Reservatórios – SAR (Figura 11), 
que disponibiliza dados operativos dos reservatórios do Brasil e per-
mite, entre outras funcionalidades, a espacialização da informação 
por meio de arquivos que podem ser baixados e depois utilizados em 
ferramentas como o Google Earth. Atualmente o SAR está dividido 
em 3 módulos: (i) Nordeste e Semiárido – em que são monitorados 
mais de 500 reservatórios nos nove estados da Região Nordeste e 
em Minas Gerais com capacidade total próxima a 40 bilhões de m³; 
(ii) Sistema Interligado Nacional – que contempla dados operativos de 
160 infraestruturas para geração das usinas hidrelétricas despachadas 
pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico; e (iii) Outros Sistemas 
Hídricos - que traz informações da operação do Sistema Hídrico Canta-
reira, responsável pelo abastecimento de grande parte da região me-
tropolitana da cidade de São Paulo, dos reservatórios de abastecimen-
to da região metropolitana do Distrito Federal e dos reservatórios do 
Sistema Paraopeba, utilizados para abastecimento de parte da região 
metropolitana de Belo Horizonte.
<20> Ver: https://
www.ana.gov.br/sar/
<21>Ver: http://www.
ons.org.br
35
Figura 11: Portal do SAR da Rede Hidrometeorológica Nacional. Fonte: ana.gov.br.
 » Hidrosat (Figura 12), sistema desenvolvido em parceria com o institu-
to de pesquisa francês Institut de Recherche pour le Développement 
para fornecer dados de monitoramento hidrológico e de qualidade da 
água a partir de sensores satelitais, utilizando uma técnica conhecida 
como “Hidrologia Espacial”. O portal fornece uma série temporal de 
mais de 10 anos de parâmetros hidrológicos como: cota, turbidez, con-
centração de material em suspensão e de clorofila-a.
Figura 12: Portal HidroSat da Rede Hidrometeorológica Nacional. Fonte: snirh.gov.br.
<22>Ver :https://
www.snirh.gov.br/
portal/snirh-1/sis-
temas
<23> Ver: https://
www.ird.fr/
36
Além da disponibilização dos produtos de monitoramento, a ANA conta 
com salas de situações estaduais, integradas à sua sede em Brasília (Figura 
13), que funcionam como centros de gestão de situações críticas, coordena-
das pelo órgão gestor de recursos hídricos e com participação facultada aos 
representantesdo instituto de meteorologia local e da Defesa Civil estadual. 
Nesses grupos, buscam-se identificar ocorrências e subsidiar a tomada de 
decisão para a adoção antecipada de medidas mitigadoras dos efeitos de se-
cas e inundações. As salas são implementadas nos estados pelos órgãos ges-
tores estaduais de recursos hídricos. A ANA cede equipamentos, softwares e 
capacitação para os estados acompanharem a situação de eventos extremos. 
As contrapartidas estaduais dizem respeito à operação das salas de situação e 
à manutenção das estações hidrometeorológicas automáticas cedidas pela ANA, 
responsabilizando-se por toda a estrutura física e de pessoal. Em cada estado, 
forma-se uma rede de articulação consoante com a estrutura administrativa local. 
Há casos em que as parcerias também envolvem entidades federais (ANA, 2021). 
Figura 13: Sala de Situação da ANA em Brasília. Foto: Natália Sampaio / Banco de Imagens 
ANA.
37
A implantação dessas salas permitiu o acompanhamento e a análise da 
elevação dos níveis ao longo dos rios no ano consecutivo, combinados com 
a previsão meteorológica e a difusão pela Defesa Civil nos municípios atin-
gidos. A ação também possibilitou maior articulação entre os órgãos com 
atuação relacionada à ocorrência de desastres naturais (ANA, 2021). 
A ANA ainda atua como coordenadora do Sistema Nacional de Informa-
ções sobre Segurança de Barragens (SNISB), que possui um cadastro conso-
lidado de informações sobre barragens, cuja inserção dos dados está sob a 
responsabilidade de cada entidade ou órgão fiscalizador de segurança de 
barragens no Brasil. Foi criado pela Lei nº 12.334/2010, na qual se define que 
deverá compreender coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de 
informações das barragens em construção, em operação e desativadas. 
O sistema contém informações consolidadas de barramentos para dife-
rentes usos e sem qualquer restrição em termos de altura ou capacidade 
total do reservatório. Assim, abrange barragens submetidas ou não à Lei nº 
12.334/2010 (SNISB, 2021). 
O sistema está sendo desenvolvido baseado no conceito modular e com 
desenvolvimento faseado. A modularidade tem como objetivo diminuir a 
complexidade do sistema, facilitando o seu desenvolvimento, as atualiza-
ções e a expansão futura. Este modelo pretende garantir flexibilidade na 
inserção de novas funcionalidades e proceder à adaptação progressiva do 
Sistema. A parte já desenvolvida do sistema permite armazenar registro de-
talhado das principais características das barragens, apresentando gráficos 
e mapa (Figura 14). 
Além disso, permite armazenar e gerenciar informações relativas ao Pla-
no de Segurança de Barragens, suas inspeções, revisões periódicas, Plano 
de Ação de Emergência, dentre outras. O portal do sistema também forne-
ce informações como legislações/regulamentos, guias e manuais, além dos 
Relatórios de Segurança de Barragens (SNISB, 2021).
< 2 5 > Ver :http : / /
w w w. p l a n a l t o .
gov.br/ccivil_03/_
ato2007-2010/2010/
lei/l12334.htm
<24> Ver: https://
www.snisb.gov.br/
38
 
 
Figura 14: Mapa interativo do SNISB. Fonte: snisb.gov.br.
Sistema de Coleta e 
Distribuição de Dados 
Meteorológicos – INMET
O Sistema de Coleta e Distribuição de Dados Meteorológicos do Insti-
tuto Nacional de Meteorologia (INMET) é a rede mais antiga do Brasil. O 
banco de dados meteorológicos do instituto já incorporou em seu acervo, 
em forma digital, informações diárias coletadas desde 1961. Além disso, 
encontra-se em plena atividade um projeto de recuperação digital de dados 
históricos que agregará à base de dados meteorológicos aproximadamente 
12 milhões de documentos – patrimônio do clima observado desde tempos 
do Império (antes de 1900). 
O sistema do INMET coleta dados meteorológicos como temperatura, 
umidade relativa do ar, direção e velocidade do vento, pressão atmosféri-
ca, precipitação, evaporação, radiação solar, provenientes de 571 estações 
meteorológicas automáticas, que transmitem em tempo real tais variáveis 
meteorológicas, e de 170 estações convencionais, operadas por observado-
<26> Ver: https://
portal.inmet.gov.br/
39
res meteorológicos. Estas últimas, por serem operadas manualmente por 
instrumentos convencionais e certificados, costumam ser muito precisas. 
Na atualidade, o INMET possui a maior rede de estações automáticas 
da América do Sul e utiliza o que há de mais moderno internacionalmente. 
Os dados coletados por essa rede são disseminados, de forma democrática 
e gratuita, em tempo real através do portal do instituto (Figura 15), e têm 
aplicação em todos os setores da economia, de modo especial no agropecu-
ário e em apoio à Defesa Civil (INMET, 2021).
Figura 15: Portal interativo do INMET. Fonte: portal.inmet.gov.br.
O INMET foi criado em 1909 com o nome de Diretoria de Meteorologia e 
Astronomia, revendo seu nome atual apenas em 1992. O órgão pertence ao 
atual Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e hoje seu objetivo 
é promover informações meteorológicas à sociedade brasileira e influenciar 
construtivamente nos processos de tomadas de decisão de forma a promover 
o desenvolvimento sustentável no país. Para isso, usa recursos de monitora-
40
mento, análise e modelos de previsão de tempo e clima baseados em pesqui-
sas aplicadas, trabalhos em parcerias e compartilhamento de conhecimento. 
São atribuições do instituto: elaborar e divulgar diariamente em nível 
nacional a previsão do tempo, avisos e boletins meteorológicos; promover, 
coordenar e elaborar estudos meteorológicos e climatológicos ambientais 
e/ou aplicados à agricultura e outras atividades associadas; estabelecer, co-
ordenar e operar redes de observação meteorológicas e de transmissão de 
dados, inclusive as integradas à rede internacional, além da promoção de 
capacitação a demandas técnicas (INMET, 2021). 
O instituto também representa o Brasil junto à Organização Meteoroló-
gica Mundial (OMM) e nela tem como responsabilidade o tráfego de mensa-
gens coletadas pela rede de observação meteorológica da América do Sul 
os demais centros meteorológicos do Sistema de Vigilância Meteorológica 
Mundial. Além disso, o INMET também deve sediar um Centro de Sistema 
de Informação Mundial (INMET, 2021). 
Rede Observacional –
Cemaden
O Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Natu-
rais (Cemaden), órgão vinculado ao atual Ministério de Ciência, Tecno-
logia, Inovações e Comunicações, foi criado em 2011 após o desenvolvi-
mento de uma percepção global e local de demanda de informação sobre 
desastres e de mobilizações que partiram tanto do governo quanto da 
sociedade. A tragédia ocorrida em janeiro desse mesmo ano, na Região 
Serrana do Rio de Janeiro, foi um marco fundamental para pressionar e 
culminar na criação do Centro. Com o objetivo de implementar, comple-
mentar e consolidar a rede de instrumentos meteorológicos, hidrológi-
<27> Ver: https://
news.un.org/pt/
tags/omm
<28> Ver: https://
w w w . g o v . b r /
mcti/pt-br/rede-
-mcti/cemaden
41
cos e geotécnicos para monitoramento ambiental em parceria com vá-
rias instituições, o Cemaden foi resultado da busca pela consolidação de 
um programa multissetorial, que permitisse a atuação coordenada entre 
os órgãos envolvidos nas questões relativas à gestão de monitoramento 
e alertas, alarme e articulação, resposta e mobilização (CEMADEN, 2021).
 O Cemaden possui uma rede própria de monitoramento de dados, 
atualmente com 4.205 equipamentos instalados por todo o país. Esta rede 
foi prevista no Plano Nacional de Gestão de Riscos e Respostas a Desas-
tres Naturais (2012-2014) com intuito de coletar informações necessárias 
ao monitoramento e alerta de desastres de origem hidrometeorológica em 
tempo real. Os dados desta rede são relevantes para o acompanhamento 
das chuvas, pelos profissionais da Sala de Situação do Centro (Figura 16) 
que, juntamente com outras informações, auxiliamna análise de cenários 
de risco de desastres de origem hidrometeorológica e, consequentemente, 
na decisão pela emissão de diferentes níveis de alerta. 
Figura 16: Sala de Situação do Cemaden, em São José do Campos/SP. Fonte: Cemaden.
Além disso, os dados também são relevantes como variáveis de entrada 
em modelos hidrológicos e geodinâmicos utilizados para a previsão de va-
zão – nível do rio e fator de segurança para estabilidade de encostas, estes 
42
essenciais para a análise de risco de inundações, enxurradas e deslizamen-
tos de terra (CEMADEN, 2021). 
As características dos pluviômetros automáticos que compõem a rede do 
Cemaden (Figura 17) foram definidas com o propósito de medir a quantidade 
e a intensidade das chuvas que possam deflagrar deslizamentos de terra, inun-
dações e enxurradas. Os 3.350 equipamentos foram instalados com o objetivo 
de ampliar e complementar a rede de monitoramento pluviométrico existente 
no Brasil, e para subsidiar a emissão de alertas de desastres de origem hidrome-
teorológica, os quais contribuem para a redução de danos e perdas humanas. 
Figura 17: Cobertura de pluviômetros automáticos da rede observacional do Cemaden. 
Fonte: Elaborado pelo autor.
Os equipamentos foram instalados em locais próximos a áreas de ris-
co mapeadas, tendo sido estabelecido parcerias formais com instituições e 
entidades que abrigaram os equipamentos. As entidades responsáveis pela 
salvaguarda dos equipamentos formam uma importante rede nacional de 
43
colaboração para a redução de riscos de desastres, em conjunto com órgãos 
governamentais (CEMADEN, 2021). 
Os dados utilizados para a identificação de riscos de desastres precisam 
ser confiáveis e com disponibilidade instantânea. Dessa forma, os pluviô-
metros automáticos se conectam aos servidores do Cemaden e transmitem 
dados dos acumulados de chuva em milímetros, a cada 10 minutos, sendo 
então processados e disponibilizados para a Sala de Situação do Centro em 
plataforma especializada desenvolvida pelo Centro. 
Os dados gerados pelos pluviômetros automáticos estão disponíveis 
para a sociedade através do Mapa Interativo (Figura 18), no qual tam-
bém é possível fazer o download da série histórica de dados dos equipa-
mentos, ou período de interesse, para posterior manipulação dos dados 
conforme as diferentes necessidades.
 
Figura 18: Portal do Mapa Interativo do Cemaden. Fonte: Cemaden. 
Os dados disponibilizados via Mapa Interativo são brutos, ou seja, não 
passaram por nenhum tratamento; logo, pode haver inconsistências neles. 
Em complemento, todos os dados do Cemaden são disponibilizados em ho-
rário UTC sendo necessário subtrair a diferença para se conhecer o horário 
local. No caso do Brasil, essa diferença se altera conforme o fuso horário e 
a vigência do horário de verão. Para as regiões onde se segue o horário de 
<29> Ver: https://
www.gov.br/mcti/
pt-br/rede-mcti/ce-
maden
<30> Coordinated 
Universal Time.
44
Brasília e o horário de verão não está vigente, é necessário diminuir 3 horas 
no horário UTC. No período em que o horário de verão está vigente (em que 
adiantamos os relógios em 1 hora), nos aproximamos do horário UTC, e a 
diferença que deve ser subtraída passa a ser de apenas 2 horas.
 
Figura 19: Cobertura de estações hidrológicas da rede observacional do Cemaden. Fonte: 
Elaborado pelo autor.
Além dos pluviômetros automáticos, a rede do Cemaden conta com 
186 plataformas de coleta de dados hidrológicos (PCDHidro) (Figura 19). 
As estações hidrológicas foram instaladas em municípios monitorados pelo 
Centro, situados em bacias com rápido tempo de resposta e alta densidade 
populacional. 
Com a finalidade básica de realizar a medida, o armazenamento e a 
transmissão de dados hidrológicos, essas estações monitoram o nível 
do rio (usando sensor tipo radar) e da precipitação (com pluviômetro de 
báscula), e incluem uma câmera de vídeo integrada a um datalogger de 
maneira a permitir registros fotográficos em tempo real da situação do 
<31> Registrador e 
transmissor auto-
mático de dados.
45
rio, principalmente no que diz respeito à enxurrada, erosão de margens 
e ao alagamento do núcleo urbano. Essas informações são transmitidas 
pelas redes de telefonia celular.
 A rede de estações hidrológicas do Cemaden visa atender a vários 
propósitos, como: 
 » a) melhorar o entendimento do processo de transformação chu-
va-vazão em bacias de resposta rápida; 
 » b) verificar através de evidências fotográficas a ocorrência de 
enxurradas e os montantes pluviométricos deflagradores desses 
eventos; 
 » c) verificar através de evidências fotográficas a ocorrência de so-
lapamento de margens; 
 » d) permitir o ajuste de modelos hidrológicos; 
 » e) auxiliar na emissão de alertas com dados em tempo real; e 
 » f) permitir a atualização do modelo hidrológico (assimilação de 
dados) a partir de informações coletadas em tempo real de ma-
neira a melhorar a confiabilidade das previsões de extremos hi-
drológicos.
A rede do Centro também conta com o projeto “Sensores Geotécnicos” 
que visa a instalação de Plataformas de Coleta de Dados Geotécnicas (PCDs-
Geo) para o monitoramento da quantidade de chuva e de umidade do solo, 
permitindo, desse modo, uma maior precisão dos alertas de deslizamentos.
Desde 2019, já foram instaladas 80 PCDsGeo em áreas de risco de muni-
cípios com vasto histórico de ocorrências de movimento de massa como em 
Petrópolis – RJ (Figura 20); Blumenau – SC; municípios da Baixada Santista 
– SP; Campos do Jordão – SP; Salvador – BA; municípios da região do ABC 
Paulista; e na região metropolitana do Recife – PE (Figura 20). 
46
Atualmente, existem estudos para instalação de mais 6 sensores em 
áreas de risco de Angra dos Reis – RJ. Cada plataforma geotécnica conta 
com seis sensores distribuídos ao longo de três metros de profundidade do 
solo, monitorando o nível de saturação do solo (CEMADEN, 2021). 
Figura 20: Equipe da Defesa Civil de Petrópolis acompanhando instalação de estação 
geotécnica pelo Cemaden. Fonte: G1.
Quanto aos radares meteorológicos próprios do Cemaden (Figura 21), 
foram 9 os instalados em diferentes regiões do Brasil entre os anos de 2013 
e 2014: Natal – RN; Petrolina – PE; Salvador – BA; Maceió – AL; Jaraguari – 
MS; Santa Tereza – ES; e São Francisco – MG, Três Marias – MG e Almenara 
– MG. Os radares também contribuem na emissão de níveis de alerta para 
municípios vulneráveis à ocorrência das inundações, enxurradas e eventos 
geológicos sobre possíveis desastres associados à chuva. 
Informações de outros 27 radares meteorológicos no Brasil somam-se a 
esses 9 e são utilizados na Sala de Situação, processados por avançados pro-
gramas de computador. O radar meteorológico é uma ferramenta que pro-
porciona a previsão de chuva de curtíssimo prazo e proporciona um ganho 
significativo na detecção e antecipação de tempestades (CEMADEN, 2021). 
Uma outra abordagem de monitoramento realizada pelo Cemaden é a pre-
visão de secas e de risco de colapso de safras no Semiárido Brasileiro. Para 
47
esse monitoramento regional são utilizadas 102 Plataformas Automáticas de 
Coleta de Dados Agrometeorológicos (PCDAgro) e 506 de umidade do solo 
(PCDAqua) (Figura 22). O conhecimento da quantidade e da disponibilidade 
de umidade do solo e de sua variação espacial é de suma importância para se 
compreender a dinâmica do balanço de água e de energia à superfície do solo. 
Figura 21: Cobertura de radares do Cemaden. Fonte: Elaborado pelo autor.
O Cemaden almeja realizar parcerias com empresas de assistência téc-
nica e extensão rural das nove unidades da federação de abrangência do 
semiárido, além de outros parceiros locais, de forma a mobilizar apoio lo-
gístico para realização do trabalho inicial de campo e de assistência técnica 
ao produtor rural de agricultura familiar. 
Os equipamentos integrarão a rede de coletas de dados já existente nos 
estadose a transmissão será automática, para o Centro. Os dados agrome-
teorológicos contribuem no desenvolvimento de estratégias, minimizando, 
dessa forma, os efeitos adversos dos eventos extremos na agricultura do se-
48
miárido brasileiro, como decisões referentes à distribuição da precipitação 
durante a estação chuvosa em relação às necessidades hídricas das culturas. 
As informações provenientes deste projeto proporcionarão ao produtor ru-
ral de agricultura familiar uma geração de produtos que o auxiliarão na tomada 
de decisões sobre as atividades agrícolas, particularmente relacionados com 
datas de preparação do solo e de plantio, operações de controle de pragas e 
doenças, aplicação de fertilizantes e previsão de safras (CEMADEN, 2021).
Figura 22: Cobertura de PCDAgro (esquerda) e PCDAcqua (direita) da rede observacional 
do Cemaden. Fonte: Elaborado pelo autor.
A integração dos dados coletados mencionados compõe a rede obser-
vacional Cemaden que permite, portanto, o desenvolvimento de sistemas 
pilotos de alerta de cheias e enxurradas, alerta de movimentos de massa, 
modelagem hidrológica distribuída e de risco iminente de movimentos de 
massa ou estiagens que irão aperfeiçoando a confiabilidade dos alertas de 
desastres naturais no Brasil (CEMADEN, 2021). 
49
Rede de Meteorologia do 
Comando da Aeronáutica – 
DECEA
O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) da Força Aé-
rea Brasileira (FAB) é responsável pelo controle do espaço aéreo brasilei-
ro. Suas atividades viabilizam os voos e a ordenação dos fluxos de tráfego 
aéreo no país. É o órgão gestor do Sistema de Controle do Espaço Aéreo 
Brasileiro (SISCEAB). 
Figura 23: Portal da Rede de Meteorologia do DECEA. Fonte: Redemet.
Neste sentido, a informação meteorológica torna-se vital para a segu-
rança das operações aéreas, contribuindo para o conforto dos passageiros 
e facilitando a definição de rotas mais rápidas e econômicas de voos regula-
res. Desse modo, o DECEA também é responsável por controlar, normatizar 
e supervisionar a operação dos órgãos de meteorologia aeronáutica que 
compõem o SISCEAB (DECEA, 2021). 
<32> Ver: https://
www.decea.mil.br/
<33> Ver: https://
www.fab.mil.br/in-
dex.php
50
O DECEA exerce este papel através de uma complexa estrutura de ra-
dares, estações meteorológicas, centros de coordenação e outros recursos 
instalados no país. Nesse contexto, a Rede de Meteorologia do Comando da 
Aeronáutica (REDEMET) concentra informações essenciais para o gerencia-
mento dos voos que podem ser relevantes também para o monitoramento 
de extremos meteorológicos. 
Através do portal da REDEMET (Figura 23) são disponibilizados dados de 
boletins meteorológicos aeronáuticos rotineiros, gerados a partir de equipa-
mentos instalados nos principais aeródromos do Brasil e da América do Sul. 
Os dados incluem variáveis como: direção e velocidade do vento; visibilida-
de; nebulosidade; temperatura do ar; pressão atmosférica; umidade relativa, 
provenientes de estações meteorológicas de superfície, de altitude e de rada-
res. Além disso, o DECEA também gera produtos a partir de sua rede própria 
de radares (Figura 24), situados nos municípios de Santiago – RS e Canguçu 
– RS; Urubici – SC; São Roque – SP; Petrópolis – RJ e Gama – DF (DECEA, 2021).
Figura 24: Cobertura de radares do DECEA.Fonte: Elaborado pelo autor.
<34> V e r : h t -
tps://www.rede-
met.aer.mil.br
51
As siglas e nomenclaturas dos produtos gerados no contexto da “Me-
teorologia Aeronáutica” seguem padrões internacionais específicos e, por 
essa razão, podem resultar na interpretação menos intuitiva para leigos. No 
entanto, para fins de monitoramento e alerta de desastres (objetivo desse 
curso), alguns desses produtos merecem ser citados. São eles:
 » METAR (Meteorological Aerodrome Report): informe meteorológi-
co regular utilizado para a descrição completa das condições meteo-
rológicas observadas em um aeródromo específico. É reportado em 
intervalos regulares de 1 (uma) hora;
 » TAF (Terminal Aerodrome Forecast): descrição completa das condi-
ções meteorológicas previstas em um aeródromo durante o período 
de 24 horas, incluindo qualquer mudança considerada significativa 
para as operações aéreas. Contém informações específicas apresen-
tadas numa ordem fixa;
 » SPECI (Informe Meteorológico Aeronáutico Especial Selecionado): 
código meteorológico utilizado para divulgar as informações obtidas 
em uma observação meteorológica à superfície, para fins aeronáuti-
cos, realizada quando da ocorrência, dissipação ou mudança significa-
tiva na intensidade de um fenômeno que seja considerado importante 
para as operações aéreas. Geralmente é realizada nos intervalos das 
horas cheias.
 » SIGMET: mensagem (com validade de até 4 horas) relativa à ocorrên-
cia, previsão e evolução (no tempo e espaço), de determinados fenô-
menos meteorológicos (gelo, ciclone, trovoada e turbulência) em rota, 
e de outros fenômenos na atmosfera (cinzas vulcânicas, nuvem radio-
ativa e vulcão) que possam afetar a segurança das operações aéreas. 
A REDEMET disponibiliza o SIGMET sob a forma de mensagem e repre-
sentado graficamente (plotado).
52
Figura 25: Regiões de Informação de Voo do espaço aéreo brasileiro. Fonte: Redemet.
O METAR, TAF e SPECI consideram um raio de abrangência entre 8 km 
a 16 km e servem especialmente às atividades de decolagem e pouso (DE-
CEA, 2021). Já o SIGMET é feito por FIR (do inglês, Flight Information Re-
gion ou Região de Informação de Voo): designação dada à maior porção de 
espaço aéreo em que se dividem os espaços aéreos dos países para que seja 
prestado ao menos um dos serviços de tráfego aéreo.
O Brasil é composto por 5 FIR’s (Figura 25), sendo elas: Atlântico (SBAO); Bra-
sília (SBBS); Curitiba (SBCW); Recife (SBRE); Amazônica (SBAZ); além da região co-
nhecida como “Tubulão”, que corresponde ao espaço aéreo compreendido entre 
as capitais de São Paulo – SP e Rio de Janeiro – RJ. As mensagens das condições 
meteorológicas são apresentadas em horário UTC, ou seja, correspondem a três 
horas a mais em relação ao Horário de Brasília (quando fora do horário de verão).
 Por fim, vale ressaltar que a disponibilização do banco de dados cli-
matológicos do DECEA é gerenciado pelo Instituto de Controle do Espaço 
Aéreo (ICEA), e atualmente está em fase de testes. Um outro banco de da-
dos internacional, com mensagens mais diversificadas do que as já citadas 
(sem a opção de decodificação automática), e que reúne somente as infor-
mações da última hora é Sistema OPMET (Banco Internacional de Dados 
Operacionais de Meteorologia) (DECEA, 2021). 
<37> Ver: https://re-
demet.decea.mil.br/ol-
d/?i=produtos&p=consul-
ta-de-mensagens-opmet
<36> Ver: https://www.
icea.decea.mil.br/
 <35> Ver: http://
clima.icea.decea.
mil.br/clima/Su-
perficie.php
53
 Centro de Previsão de 
Tempo e Estudos Climáticos 
– CPTEC/INPE
O Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Na-
cional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE) é o centro mais avançado de 
previsão numérica de tempo (curto e médio prazo) e clima da América La-
tina. Fornece previsões de alta precisão desde 1995 a partir do domínio de 
técnicas de modelagens numéricas complexas da atmosfera e do oceano. 
O Centro tem como objetivo prover o país com o que há de mais avança-
do em previsões do tempo e clima e dispor da capacidade científica e tec-
nológica de melhorar continuamente estas previsões, visando o benefício 
da sociedade. Ele opera por 24 horas nos 365 dias do ano, assim como a sala 
de situação do Cemaden (CPTEC/INPE, 2021).
Com a colaboração de profissionais especializados e altamente capaci-
tados, o CPTEC utiliza supercomputadores com capacidade de processar 
bilhões de operações aritméticas por segundo. A junção do conhecimento 
e tecnologia faz com que a confiabilidade alcançada na previsão numérica 
de tempo e clima esteja no mesmo nível dos centrosde previsão dos países 
mais desenvolvidos. Os dados que alimentam o sistema de computação são 
advindos dos satélites Meteosat e Goes, da rede de dados da OMM e das 
redes nacionais sob a responsabilidade do INMET. 
Outras informações vêm de instituições como: DECEA; Diretoria de 
Hidrografia e Navegação do Ministério da Marinha ; centros estaduais de 
meteorologia; e outros centros internacionais. O satélite brasileiro (SCD-
1) (Figura 26), que coleta dados ambientais, também desempenha papel 
importante no levantamento de informações necessárias à pesquisa mete-
orológica no CPTEC/INPE (CPTEC/INPE, 2021). 
<38> Ver: https://
www.cptec.inpe.br/
<39> Ver: https://
w w w. m a r i n h a .
mil.br/dhn/
54
Em um país com grande extensão territorial e diversidade climática 
como o Brasil, a boa qualidade das previsões meteorológicas a partir da dis-
tribuição de estações de monitoramento local e de dados remotos (como 
os obtidos por satélites), é imprescindível ao planejamento e bom desem-
penho de inúmeros setores. 
O CPTEC/INPE, usando modelos numéricos, tem contribuído para a pre-
visão de secas ou inundações favorecendo as tomadas de decisões nas áre-
as de Defesa Civil, geração de energia elétrica e gerenciamento de recursos 
hídricos, por exemplo. 
O sistema de computação e os acervos de dados propiciam enorme cres-
cimento da pesquisa meteorológica no país, com o resultado de melhorar o 
conhecimento sobre fenômenos atmosféricos de interesse. A modelagem 
de previsão oceânica e ressacas marítimas também é fornecida pela Centro 
(CPTEC/INPE, 2021).
Figura 26: Ilustração artística do satélite brasileiro SCD-1. Fonte: INPE.
Entre os diversos produtos disponibilizados no portal do CPTEC/INPE, 
estão aqueles relacionados à Previsão Probabilística do tempo (Figura 27), 
com a opção de o usuário escolher: 
<40> A previsão proba-
bilística trata de atri-
buir probabilidades de 
tempo severo a uma 
determinada região.
55
Figura 27: Portal de previsão numérica do tempo do CPTEC/INPE. Fonte: INPE.
 » A localidade (município); 
 » O período desejado (24h a até 5 dias); 
 » E o fenômeno meteorológico (acumulado de chuva acima de 50 mm, 
chuva intensa ou tempo severo).
Além da informação no formato de mapa, o sistema permite a visualiza-
ção da distribuição gráfica de diversos parâmetros meteorológicos (precipi-
tação, temperatura, umidade relativa do ar, direção e velocidade do vento, 
pressão atmosférica e cobertura de nuvens) por localidade e intervalos de 
tempo predefinidos (Figura 28).
56
Figura 28: Meteogramas de parâmetros meteorológicos. Fonte: cptec.inpe.
O CPTEC/INPE disponibiliza, ainda, um portal específico no qual é possí-
vel que o usuário escolha o modelo meteorológico desejado, as variáveis, e 
os horários em que estes modelos foram rodados (Figura 29).
57
Figura 29: Portal de previsão numérica do tempo do CPTEC/INPE. Fonte: cptec.inpe.
Outro importante produto do CPTEC/INPE é o Portal SIGMA (Figura 30), 
que disponibiliza diversas opções de monitoramento de variáveis meteoroló-
gicas derivadas de imagens de satélite e técnicas de sensoriamento remoto, 
com destaque para o Hidroestimador – método inteiramente automático que 
utiliza uma relação empírica exponencial entre a precipitação (estimada por 
radar) e a temperatura de brilho do topo das nuvens (extraída do canal infra-
vermelho do satélite GOES-12), gerando taxas de precipitação em tempo real. 
Figura 30: Portal SIGMA do tempo do CPTEC/INPE. Fonte: cptec.inpe.
58
O CPTEC/INPE oferece também produtos relacionados à Previsão Climá-
tica Sazonal (global e nacional), com destaque para a produção de mapas, no-
tas técnicas e boletins diários, mensais e trimestrais com informações sobre: 
 » Precipitação total; 
 » Temperatura mínima; 
 » Temperatura máxima; 
 » Anomalia de precipitação; 
 » Anomalia de temperatura mínima; 
 » E anomalia de temperatura máxima.
Centro Gestor e 
Operacional do Sistema de 
Proteção da Amazônia – 
CENSIPAM
Dentro do âmbito do Ministério da Defesa, o Centro Gestor e Operacio-
nal do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM) utiliza dados gerados 
por uma infraestrutura tecnológica composta por subsistemas integrados 
de sensoriamento remoto, radares, estações meteorológicas e plataformas 
de coleta de dados presentes na região amazônica. A infraestrutura utili-
zada pelo CENSIPAM ainda inclui aeronaves gerenciadas pela Força Aérea 
Brasileira adaptadas com sensores ópticos, infravermelhos, multiespectrais 
e radares “aeroembarcados” para geração de imagens de alta precisão. 
<41> Ver: https://
www.gov.br/defesa/
pt-br/composicao/
s e c r e t a r i a - g e r a l /
centro-gestor-e-ope-
racional-do-sistema-
-de-protecao-da-ama-
zonia-CENSIPAM
59
Dessa forma, o Centro promove o monitoramento da Amazônia Legal, 
do espaço marítimo brasileiro (Amazônia Azul), e de outras áreas de inte-
resse, produzindo informações em tempo próximo ao real. Um dos prin-
cipais produtos de monitoramento e alerta do CENSIPAM é a plataforma 
SipamHidro (Figura 31), que monitora e envia alertas hidrometeorológicos 
de eventos extremos de inundação na região amazônica (CENSIPAM, 2021).
Figura 31: Portal do SipamHidro do CENSIPAM. Fonte: sipam.gov.br.
O SipamHidro se destaca por coletar dados de diversos órgãos parcei-
ros, como, a ANA, o ONS, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), 
o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e a National Oceanic Atmospheric Ad-
ministration (NOAA). Na plataforma é possível monitorar: 
 » Níveis dos rios, 
 » Precipitação diária por bacia hidrográfica,
 » Nível e vazão dos reservatórios das usinas hidrelétricas, 
 » E os efeitos das inundações sobre as áreas urbanas em tempo quase real. 
<42> Ver: http://
hidro.sipam.gov.
br/
<43> Ver: https://www.
gov.br/inpe/pt-br
<44> Ver: http://
www.cprm.gov.br/
<45> Ver: http://
www.cprm.gov.br/
60
Figura 32: Rede de radares meteorológicos do CENSIPAM. Fonte: Elaborado pelo autor.
Além disso, a plataforma disponibiliza ferramentas que possibilitam 
acompanhar as condições do tempo a partir de 11 radares meteorológicos 
(Figura 32), possibilitando estimar com até duas horas de antecedência as 
ocorrências de tempestades severas sobre áreas urbanas. Desta maneira, os 
órgãos competentes podem disparar alertas à população (CENSIPAM, 2021).
A partir do conjunto de informações geradas pelo SipamHidro, os ana-
listas do CENSIPAM elaboram e disponibilizam outros produtos como: Bo-
letins Técnicos Hidrometeorológicos, contendo diagnóstico e prognósticos 
sobre as condições meteorológicas e hidrológicas que servem de apoio às 
Defesas Civis dos estados e municípios da Amazônia Legal; Boletins Climá-
ticos, produzidos mensalmente com projeções de temperatura e precipita-
ção para os três meses subsequentes; e os Boletins Especiais, que podem 
ser produzidos para situações específicas de condições adversas ou para 
atender missões de campo (CENSIPAM, 2021).
61
O CENSIPAM também tem realizado um trabalho para apoio e combate 
às queimadas. Sediados em Manaus (AM), Porto Velho (RO) e Belém (PA), 
meteorologistas e especialistas em sensoriamento remoto analisam infor-
mações sobre os focos de calor e fazem o cruzamento com dados meteoro-
lógicos e imagens de satélites para emitir relatórios diários que apontam os 
locais de atuação. Os analistas têm aperfeiçoado a metodologia para indicar 
áreas prioritárias, de modo a aumentar a eficiência das equipes de campo. 
Para indicação dos alvos, são levados em consideração a persistência dos 
focos de calor, o número de dias sem chuva na região e a previsão de chuva 
para as próximas 24 horas (CENSIPAM, 2021).
Serviço Geológico do Brasil 
– CPRM
A CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais), também conhe-
cida por Serviço Geológico do Brasil, foi criada em 1969 e tem como uma de 
suas frentes de atuação a prevenção de desastres hidrogeológicos. 
Dessa forma, além de contribuir na

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