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MATERIA DE LEGISLAÇAO FISCAL,TRABALHISTA E PREVIDENCIARIA

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MATERIA DE LEGISLAÇAO FISCAL,TRABALHISTA E PREVIDENCIARIA
DEFININDO DIREITO DO TRABALHO E PRINCÍPIOS JURÍDICOS
O primeiro elemento que devemos ter em mente quando falamos de Direito do Trabalho é que se trata de um ramo do Direito que vai regular as relações entre um vendedor e um comprador de força de trabalho. Ou seja, um trabalhador vende a sua força de trabalho quando se dispõe a trabalhar para quem lhe pague em retribuição.
Quando essa relação for estabelecida sob subordinação, não eventualidade, pessoalidade, além da percepção de um salário (onerosidade), certas obrigações e direitos terão que ser observados pelos contratantes, em regra empregador e empregado. Esse conjunto de direitos e obrigações é o que denominamos de Direito do Trabalho.
O Direito do Trabalho será regido por determinados princípios gerais do Direito e por princípios jurídicos próprios.
Mas, o que são princípios jurídicos?
São uma espécie de critério amplo abrangendo normas, costumes e institutos que conformam algo maior do que a letra fria da lei, servindo para interpretar as regras e relações jurídicas em determinado sentido.
Por exemplo, levando em consideração a desigualdade material existente entre empregado (parte mais frágil da relação) e empregador (parte mais forte da relação), há princípios que buscam equilibrar tal desigualdade nos casos concretos em que a lei for omissa, ajudando a dar sentido a uma norma que trate de uma situação específica expressamente.
Existem princípios gerais de Direito que se aplicam a todos os ramos do Direito, como o princípio da boa-fé, princípio da legalidade, e princípios específicos de cada ramo do Direito, como no presente caso, específicos do Direito do Trabalho.
PRINCÍPIOS JURÍDICOS APLICADOS AO DIREITO DO TRABALHO
Princípio da primazia da realidade
Ao falarmos do princípio da primazia da realidade, precisamos pensar no conceito “princípio da primazia da realidade sobre as formas jurídicas”. Significa dizer que, nas relações regidas pelo Direito do Trabalho, nas relações de emprego, o que importa é a realidade e não a forma. O que acontece de fato deve prevalecer e não o que está no papel. A realidade tem primazia, prevalece, impõe-se. Trata-se efetivamente da busca por uma “verdade real” e não meramente formal.
Os direitos dos quais um trabalhador gozará devem ser estabelecidos justamente em razão do que acontece na prática e não com base no que eventualmente está escrito em seu contrato de trabalho ou foi combinado entre os contratantes. Vejamos alguns exemplos:
Se um empregado é contratado para laborar 8 horas por dia e 44 horas por semana, mas na realidade trabalha mais do que isso, ele deverá receber o pagamento de horas extras, ainda que o registro de jornada do empregador mostre algo diferente.
Se no contrato de trabalho diz que um empregado trabalha de dia, mas na prática ele trabalha de noite, deverá receber adicional noturno.
Esse princípio também é muito importante para o reconhecimento de uma relação de emprego, ou seja, uma relação regida pelo Direito do Trabalho. Pois, caso a relação tenha todas as características de uma relação de emprego, ainda que no contrato se diga que a relação estabelecida entre os contratantes não gera vínculo empregatício, o contrato será desconsiderado em prol da realidade. O que normalmente acontece mediante ajuizamento de uma ação judicial na Justiça do Trabalho. Esse é um princípio-chave no Direito do Trabalho, responsável inclusive pelo reconhecimento de uma série de direitos negados a trabalhadores sem a formalização de seu contrato de trabalho.
Não há um artigo da CLT, da Constituição Federal (CF) ou de outra lei em que esteja previsto o princípio da primazia da realidade, mas uma importante fonte são os arts. 442 e 443 da CLT, que preveem que o contrato individual de trabalho pode ser estabelecido de forma tácita ou expressa. Ou seja, ainda que não tenha sido combinado entre um trabalhador e um empregador um contrato de trabalho, se as rotinas, as práticas, os fatos demonstrarem estar presentes todas as características de uma relação de emprego, deverá ser reconhecido o contrato de trabalho.
PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO (AO TRABALHADOR)
A lógica deste princípio é estabelecida na ideia de que o trabalhador é a parte mais frágil da relação de emprego. Ou seja, entre o empregador e o empregado, aquele detém mais poder econômico e jurídico. Logo, o trabalhador deve gozar de maior proteção tanto por parte do Poder Legislativo quanto do Poder Judiciário.
Assim, o Estado deve estabelecer e garantir uma proteção mínima aos trabalhadores de forma a possibilitar uma subsistência digna, com saúde física e mental, dentre outros aspectos da vida.
Obviamente, trata-se de uma evolução histórica do Direito do Trabalho e que se afasta em grande medida da visão liberal da aplicação do princípio da autonomia da vontade e se aproxima mais de uma visão de welfare por meio da intervenção do Estado. Podemos creditar este princípio a Plá Rodriguez (2015), que o divide em três subprincípios:
1-Princípio da prevalência da norma mais favorável ao trabalhador
2-Princípio da prevalência da condição mais benéfica ao trabalhador
3-Princípio da interpretação: in dubio pro misero (ou pro operario)

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