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Elementos fundamentais no desenvolvimento econômico Apresentação O Estado, com sua atuação, é essencial para a organização econômica e social de uma sociedade. A infraestrutura do Estado está pautada por diversos pilares, com destaque para os transportes. Esse setor tem impacto significativo nos caminhos percorridos e nos resultados do desenvolvimento de um país. Além disso, a competição comercial faz parte da atualidade, produzindo diversas consequências para as organizações políticas. Nesta Unidade de Aprendizagem você irá aprender mais detalhadamente o papel do Estado no desenvolvimento econômico, a importância dos transportes para a economia e as consequências da competição comercial. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Discutir o papel do Estado no desenvolvimento econômico.• Reconhecer a importância da matriz de transportes para a economia.• Analisar a competição comercial entre países e suas consequências.• Desafio Cada região e sociedade contam com características próprias em diversos segmentos, inclusive nos aspectos sociais e econômicos. Quais processos, melhorias e intervenções do Estado e de instituições privadas você sugere para o projeto de revitalização comercial da cidade em questão? Explique cada sugestão. Infográfico O capitalismo e o socialismo são dois tipos distintos de sistemas políticos e econômicos, contando com diferentes estruturas sociais e níveis de intervenção do Estado. Neste Infográfico, você verá as principais características dos dois sistemas: capitalismo e socialismo. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/f32dbdc8-ac4d-41b4-9453-176fbe63042f/4a7c9d71-e967-45f1-bc7e-5c9efdea55a2.png Conteúdo do livro O Estado é uma sociedade política crucial para a organização social, cumprindo diversas funções importantes que impactam no desenvolvimento econômico e na sociedade. Dependendo do tipo de atuação e interveção que o Estado realiza no país, teremos diferentes características políticas, econômicas e sociais. No capítulo Elementos fundamentais no desenvolvimento econômico, do livro Geografia econômica, você vai estudar a origem do Estado e seu papel no desenvolvimento econômico, destacando o papel dos transportes e da competição comercial e suas consequências. GEOGRAFIA ECONÔMICA Cristina Marin Ribeiro Gonçalves Elementos fundamentais no desenvolvimento econômico Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Discutir o papel do Estado no desenvolvimento econômico. Reconhecer a importância da matriz de transportes para a economia. Analisar a competição comercial entre países e suas consequências. Introdução Existem diversas teorias que explicam a formação inicial do Estado, suas causas e a importância que exerce nas sociedades, como a naturalista e a contratualista. De acordo com a teoria naturalista, o surgimento do Estado pode ter origem familiar, origem violenta, origem econômica e origem no desenvolvimento interno. Já a teoria contratualista considera que o Estado não surgiu espontaneamente, mas foi fabricado. Em relação ao desenvolvimento econômico e social do Estado, muitos fatores são os responsáveis para que aconteça. Os transportes e a com- petição comercial são exemplos e apresentam inúmeras consequências. Neste capítulo, você vai estudar a origem do Estado e seu papel no desenvolvimento econômico, reconhecendo a importância dos transpor- tes para a economia. Além disso, vai ler sobre a competição comercial e as consequências a ela relacionadas. Papel do Estado no desenvolvimento econômico De acordo com Melo e Scalabrin (2017), a formação do Estado como insti- tuição é um tema que gera muitas divergências. Existem diferentes causas possíveis para o surgimento dessa sociedade política, sendo muito frequente a classifi cação entre a formação originária e a formação derivada. A formação originária está relacionada ao desenvolvimento na orga- nização de um agrupamento sem que haja uma ordem política anterior. Já a formação derivada está associada a situações em que novos Estados surgem com base em outros já estabelecidos. Neste último caso, há o fracionamento, quando uma parte do território de um Estado é desmembrada e constitui-se um novo, ou a união, quando dois ou mais Estados se unem para constituir um novo ou um país. Melo e Scalabrin (2017), afirmam que as teorias naturalistas se propõem a explicar a formação inicial do Estado a partir de uma condição instintiva dos seres humanos, dispensando qualquer ato voluntário. Dessa forma, a formação do Estado não estaria atrelada a algum ato específico, mas ao produto natural de uma sociedade. Seria uma formação natural e, portanto, não contratual. No Quadro 1, estão sistematizadas as principais causas naturalistas para o surgimento do Estado. Causas naturais Características Origem familiar Considera o núcleo familiar como a célula mãe da sociedade política. A reunião de diversas famílias aumenta a complexidade social, surgindo então o Estado como figura de reunião da comunidade. Exemplo: Estado grego e Estado romano. Origem violenta Considera o Estado como resultado da natural superioridade em relação à força de determinado grupo sobre outro. Assim, durante seus primeiros estágios, o Estado seria uma organização determinada pelo vencedor, que mantém domínio sobre o vencido. Essa origem também pode ser classificada como teoria da violência ou teoria da conquista. Quadro 1. Principais causas naturalistas para o surgimento do Estado (Continua) Elementos fundamentais no desenvolvimento econômico2 As teorias contratualistas explicam a formação inicial do Estado por um ato voluntário do ser humano. Segundo essas teorias, a formação depende de uma convenção realizada entre os integrantes da sociedade em questão. Desse modo, o surgimento do Estado decorreria de um ato concreto, denominado contrato social, de uma formação contratual do Estado. O pensamento contratualista indica que a sociedade e o Estado são cria- ções artificiais, que derivam de um consenso da maioria dos indivíduos para dispensar o estado de natureza e começar o estado civil. A origem e a legi- timação do Estado seriam consequências do contrato entre indivíduos, não sendo uniformes, conforme as ideias de Hobbes, Locke e Rousseau (MELO; SCALABRIN, 2017). Hobbes salienta que, antes da vida em sociedade, os seres humanos esta- vam em uma fase primitiva, com insegurança e incerteza permanentes. No entendimento dos indivíduos daquele tempo, existiria no estado da natureza uma eterna guerra entre todos, que seria derivada do caráter negativo dos seres Fonte: Adaptado de Melo e Scalabrin (2017). Causas naturais Características Origem econômica Considera que a reunião dos sujeitos em torno de um sistema de poder organizado acontece por motivos econômicos e que o Estado atende a diversos interesses. Destaca que o Estado propicia a divisão do trabalho e a integração de diversas atividades. Segundo Marx e Engels, isso explicaria as razões pelas quais o Estado autoriza tantas desigualdades com propriedade privada, acúmulo de patrimônio, divisão de classe e luta entre elas. Origem no desenvolvimento interno Considera que toda sociedade humana tem um Estado em potencial que surgirá conforme sua complexidade vai aumentando. Assim, uma sociedade menos desenvolvida dispensaria o papel do Estado. Porém, uma sociedade mais desenvolvida precisaria do surgimento do Estado. O surgimento do Estado, portanto, seria consequência do progresso de uma sociedade. Quadro 1. Principais causas naturalistas para o surgimento do Estado (Continuação) 3Elementos fundamentais no desenvolvimento econômico humanos, de natureza ruim. Pensando em preservar sua própria vida, o ser humano abriu mão dosseus direitos em detrimento de segurança. Todavia, como a transgressão é ínsita aos seres humanos, para garantir o cumprimento do pacto social, o grupo entregou o poder social para o Estado. A teoria con- tratualista de Hobbes, então, justifica o surgimento da sociedade organizada, denominada estado civil e do Estado. Já Locke contrapõe-se a Hobbes, sendo defensor da liberdade individual e fervoroso antagonista do modelo absolutista. Ele afirma que, no estado de natureza, os seres humanos já tinham domínio racional de suas paixões e seus interesses, de maneira que não se considerava o surgimento de uma guerra potencial. No lugar disso, nesse estágio primário da sociedade, existiria uma paz relativa, que permitia que os seres humanos conhecessem seus limites e reconhecessem a existência de alguns direitos. Para Locke, a vida, a liberdade e a propriedade privada são direitos inatos; porém, falta uma força maior para solucionar conflitos que possam acontecer. Essa força coercitiva para assegurar a proteção dos direitos inatos aos seres humanos conduz à elaboração de um pacto entre os integrantes da sociedade. Surge, então, o contrato social, legi- timando o poder de manutenção dos direitos naturais. O estado civil e a força estatal, segundo Locke (MELO; SCALABRIN, 2017), surgem pela necessidade de proteção de direitos previamente existentes e contra prováveis conflitos. Para Rousseau, a teoria do estado de natureza somente facilita o entendi- mento da sociedade, pois esta teria um caráter mais histórico. Assim, a noção de estado de natureza é emprestada apenas para demonstrar o contrato social e a legitimidade do poder social. Ele ainda indica que, para manter a liberdade e a igualdade entre todos, é necessário que o contrato social seja uma entrega do individual para o geral, de maneira que, quando ocorrer a incursão do estado civil, não haja abdicação da liberdade, mas sim uma entrega dela para toda a comunidade (MELO; SCALABRIN, 2017). Desenvolvimento econômico e Estado De acordo com Samuelson e Nordhaus (2012), mesmo que conservador, nenhum governo fi ca alheio à economia do seu país. Por isso, os governos acabam construindo estratégias para lidar com o mercado. Alguns empreendimentos sociais úteis para o desenvolvimento do Estado são as forças armadas, a polícia e o serviço meteorológico. Muitos setores podem ser regulados pelo governo, como as finanças, a produção e a venda de medicamentos. Outros podem ser subsidiados pelo governo, como a educação. Dessa forma, o governo tributa os seus cidadãos por Elementos fundamentais no desenvolvimento econômico4 meio de impostos, por exemplo, e redistribuem parte das receitas aos pobres e carentes, com programas sociais, instituições de ensino básico e superior gratuitos, saúde pública e gratuita. O governo atua exigindo que seus cidadãos paguem impostos, cumpram as leis e utilizem determinados bens e serviços coletivos. Pelo seu poder coercivo, o governo pode exercer funções que não seriam possíveis em uma troca voluntária. Essa ação do governo fortalece a liberdade e o consumo daqueles a quem beneficia ao mesmo tempo em que diminui as rendas e as oportunidades dos que são tributados ou fiscalizados. As funções econômicas na economia do mercado, segundo Samuelson e Nordhaus (2012, p. 271), são: ● aumentar a eficiência ao promover a concorrências, combater externalidades, como a poluição, e ao fornecer bens públicos; ● promover a igualdade ao usar impostos e programas de gastos púbicos para redistribuir a renda a grupos específicos; ● estimular a estabilidade macroeconômica e o crescimento, reduzindo o desemprego e a inflação, enquanto estimula o crescimento econômico, por meio das políticas monetária e fiscal. Na década de 1930, o Estado assumiu o domínio econômico na implemen- tação e desenvolvimento do bem-estar social e das sociedades empresariais, então regulando e controlando a economia. Segundo Melo e Scalabrin (2017, p. 131): John Maynard Keynes, responsável pela análise da Grande Depressão ameri- cana de 1929 e fiel defensor da intervenção estatal na economia, deu origem à teoria que recebeu o seu nome: a teoria keynesiana. Segundo essa perspec- tiva, justifica-se a intervenção do Estado na economia por meio de políticas públicas, em virtude da falta de forças de autoajustamento da economia e do desemprego. Para o keynesianismo, justifica-se a intervenção do Estado na economia para atenuar as flutuações econômicas e insuficiência de demanda efetiva, tomando determinadas decisões de controle da moeda e de crédito e do nível de investimentos. Como a intervenção do Estado na economia gera inúmeros efeitos que podem ser tanto positivos quanto negativos, a influência de fatores externos, como a corrupção de empresas com vinculação com o Estado, tem impactos significativos na economia do país, afetando também as relações internacio- nais. Além disso, a intervenção do Estado está atrelada ao desenvolvimento da infraestrutura dos países, como o dos transportes, que por sua vez está vinculado a outros setores, como o comércio. O neoliberalismo, então, retoma 5Elementos fundamentais no desenvolvimento econômico os antigos ideais do liberalismo clássico ao recomendar que o Estado deveria intervir de maneira mínima na economia (PENA, c2019). Importância da matriz de transportes para a economia A evolução dos transportes foi extremamente importante para que o sistema capitalista se desenvolvesse. Durante os séculos XV e XVI, por exemplo, foi essencial para a expansão colonial e econômica europeia. Isso deu origem à globalização. No fi m do século XX, para que a globalização de consolidasse, os transportes foram modernizados. Desse modo, era possível dirigir por maiores distâncias, com mais velocidade e menos tempo (PENA, c2019). Por consequência, essa modernização influenciou positivamente o trans- porte de bens e serviços. Muitos setores são afetados pelos transportes, como o econômico, o agrícola e o comercial. Se o seu desenvolvimento não ocorre de maneira eficiente, portanto, pode haver atraso socioeconômico, prejuízos à segurança, dificuldade na integração entre países e ineficiência do comércio internacional (MARQUES, 2011). Com relação ao Brasil, os sistemas de transporte tiveram início no período colonial no sentido Leste-Oeste, ou seja, da orla marítima em direção ao interior do continente. Esse patrimônio herdado dos portugueses ainda está presente na infraestrutura de transportes do Brasil. Alves e Antunes (2019) indicam que a situação logística do Brasil se configura da seguinte maneira: 62,8% de toda carga transportada no Brasil usam o modal rodoviário, 21% passam por ferrovias, 12,6% passam pelas hidrovias e pelos terminais portuários fluviais e marítimos e 3,6% passa pelo modal aeroviário. Atualmente, existem 235 instalações portuárias no Brasil, distribuídas pelo litoral brasileiro e pelos principais rios navegáveis. Conforme a Figura 1, 37 portos são organizados. O mar se apropria de sua função na distribuição dos produtos em escala mundial. Elementos fundamentais no desenvolvimento econômico6 Figura 1. Principais portos organizados do Brasil. Fonte: Preços abusivos no setor portuário... (2018, documento on-line). O principal meio de transporte para o deslocamento de mercadorias no comércio mundial é o transporte marítimo, tanto no fluxo de importação quanto no de expor- tação. Aproximadamente 80% do comércio mundial é realizado pela via marítima (BRASIL, 2018). O transporte aéreo representou uma enorme evolução tecnológica, pois deu agilidade e velocidade ao mundo moderno. Sob o ponto de vista da logís- tica, é o que mais colabora com a redução das distâncias e, em linhas gerais, com o tempo/espaço. Em comparação aos demais modais, o transporte aéreo se destaca pela rapidez, pela segurança e pela comodidade, sendo ideal para transportar passageiros e mercadorias perecíveis, de alto valor agregado e pequenos volumes. A aviaçãono Brasil tem se desenvolvido e crescido nos últimos anos, com o surgimento de novas companhias aéreas, a modernização 7Elementos fundamentais no desenvolvimento econômico das frotas significativas e o aumento de número de voos e assentos disponi- bilizados para os usuários. Já o modal ferroviário (Figura 2) não é comum para o transporte de produtos, muito diferente do que ocorria no País entre o século XIX e o início do século XX, quando a malha ferroviária acompanhou a expansão da produ- ção do café no estado de São Paulo. Esse tipo de transporte, então, perdeu a importância após o término do ciclo do café. Com o passar do tempo, a malha ferroviária tornou-se defasada e sem grandes perspectivas de investimentos. Isso aconteceu, também, em consequência da má administração e das priva- tizações, com a entrada de multinacionais automobilísticas, que incentivaram a construção de estradas. Figura 2. Mapa das ferrovias do Brasil. Fonte: Alves e Antunes (2019, p. 222). De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) (2009), a extensão da malha ferroviária do Brasil é de aproximadamente 28.276 km. É Elementos fundamentais no desenvolvimento econômico8 muito pequena, tendo em vista que o tamanho do Brasil é de 8.515 milhões km2. Alguns países menores, como Holanda, Alemanha e Itália, utilizam o transporte ferroviário para transportar cargas e pessoas. A distribuição das ferrovias brasileiras tem duas características bem marcantes: em termos de quilome- tragem, é reduzida se comparada ao tamanho do Brasil e seu potencial é mal explorado e muito deficitário em várias regiões do Brasil. O modal rodoviário é o mais utilizado para deslocar mercadorias. A maior concentração ocorre principalmente no Centro-Sul, e a malha rodoviária instalada no País (estradas) representa aproximadamente 20% do total do território. Essa malha rodoviária é bem distribuída, tornando-se uma opção acessível para o transporte de cargas em função da cobertura desse modal. Em 2012, cerca de 12,89% das estradas estavam pavimentadas. As condições que as vias apresentam são muito precárias e perigosas. Antes da industrialização, considerava-se que o Brasil era um arquipélago mercantil. Havia poucas vias para conectar o território. Depois da industriali- zação, na década de 1930, foi necessário integrar o mercado nacional, investir mais nos transportes e construir uma malha ferroviária maior (BECKER; EGLER, 1998; ALVES; ANTUNES, 2019). Quanto maior a presença de indústrias, atividades agrárias e comerciais, maior o crescimento econômico de um país, assim será também maior a demanda e a pressão sobre os meios de transporte. Se esses meios não dis- ponibilizarem uma estrutura adequada para suportar a carga, certamente o desenvolvimento desse país será comprometido. Dizemos então que os transportes são um dos elementos estratégicos para qualquer país ou governo. Competição comercial entre países e suas consequências O termo tríade global foi criado por Kenichi Ohmae em 1999. Esse termo se refere à estrutura tripolar e macrorregional em que a economia mundial era organizada, tendo como pilares a América do Norte, a Europa e o Leste Asiático (DICKEN, 2010). Se refl etirmos sobre os dados de produção, comércio e investimento direto externo, a questão é muito convincente, pois, conforme Figura 3, essas três macrorregiões juntas compõem cerca de 86% do total do produto interno bruto mundial (PIB) e do total de exportações comerciais do mundo. 9Elementos fundamentais no desenvolvimento econômico Figura 3. Tríade global: concentração de PIB e exportações mundiais. Fonte: Santos Junior (2016, p. 135). Esta tríade constitui os megamercados do mundo e absorve cada vez mais produção, comércio e investimento direto do mundo. Isso carreta problemas para o restante do mundo, destacando-se os países menos desenvolvidos, que não estão interligados ao sistema. Embora os países em desenvolvimento tenham aumentado sua participação nas exportações globais de entrada de investimento direto externo, essa participação é considerada muito limitada, como mostra o Quadro 2. Elementos fundamentais no desenvolvimento econômico10 Fonte: Adaptado de Dicken (2010). Participação dos países em desenvolvimento na produção, no comércio e no investimento direto externo mundial, 1990 e 2003–4 (%) 1990 2003–4 Participação no PIB mundial 18,4 19,5 Participação nas exportações mundiais 19,0 26,3 Participação no estoque mundial de entrada de IED 20,6 25,0 Participação nos fluxos mundiais de entrada de IED 15,0 35,6 Participação do total dos países em desenvolvimento, classificada pelos 10 e 5 mais importantes (%) 10 mais importantes 5 mais importantes PIB 64 53 Exportações 77 59 Estoque de IDE (entrada) 65 54 Fluxos de IDE (entrada) 75 62 Quadro 2. Participação dos países em desenvolvimento na produção e no comércio Algumas das principais características da globalização são a internacio- nalização da produção e os fluxos financeiros, destacando-se o papel das empresas transnacionais. Essas empresas atuam de diversos países do mundo, comprando matérias-primas e dando preferência para lugares que incentivam seu desenvolvimento. Além disso, têm um eficiente sistema de distribuição, produzindo e enviando produtos para todos os cantos do mundo. A competição é um fator de sobrevivência entre as empresas, que faz com que produzam material de maior qualidade e reduzam custos para chegar em menores preços. Como o poder entre as empresas é desigual, surgem relações desiguais entre elas e o mercado, beneficiando o grande capital e as transnacionais. A formação de blocos econômicos é também uma característica da glo- balização. Esses blocos são associações de países que estabelecem relações 11Elementos fundamentais no desenvolvimento econômico comerciais entre si e atuam de forma conjunta no mercado internacional. Um aspecto importante é a eliminação de alíquotas de importação, visando à criação de zonas de livre comércio. Atualmente, as principais áreas industriais no mundo são Estados Unidos- -Canadá, Europa Ocidental e Leste Asiático. A Figura 4 mostra que, em relação à indústria brasileira, há variação do índice de produção industrial no período de 2006 a 2011, além de uma oscilação, com grande queda no ano de 2008 e recuperação em 2010. Figura 4. Crescimento da atividade industrial brasileira. Fonte: Santos Junior (2016). O papel do Estado, portanto, tem grande importância na situação socioe- conômica dos países, que sofre influência de várias maneiras, de acordo com as políticas e os objetivos propostos e adotados. Esses objetivos são diversos, tendo um foco mais social e/ou econômico, com mais ou menos intervenção do Estado na economia e no desenvolvimento da infraestrutura dos países. Elementos fundamentais no desenvolvimento econômico12 ALVES, A. R.; ANTUNES, E. M. Geografia industrial. Curitiba: InterSaberes, 2019. BECKER, B. K.; EGLER, C. A. G. Brasil: uma nova potência regional na economia-mundo. 3. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998. BRASIL. Câmara dos Deputados. Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional. IMO: 70 anos ao serviço do transporte marítimo. 2018. Disponível em: https://www2. camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/credn/noticias/ imo-70-anos-ao-servico-do-transporte-maritimo. Acesso em: 25 nov. 2019. DICKEN, P. Mudança global: mapeando as novas fronteiras da economia mundial. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010. INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA). Presença do Estado no Brasil: Federação, suas unidades e municipalidades: transporte ferroviário. 2009. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/presenca/index.php?option=com_content&view=articl e&id=28&Itemid=18. Acesso em: 25 nov. 2019. MARQUES, A. Técnica e economia dos transportes & sistemas de transporte – UFAM. 2011. Disponível em: http://transportes-2.blogspot.com/2011/08/importancia-do-transporte- -para-economia.html.Acesso em: 25 nov. 2019. MELO, D. S. S.; SCALABRIN, F. Ciência política e teoria geral do Estado. 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No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Elementos fundamentais no desenvolvimento econômico14 Dica do professor Os sistemas de transporte são importantes para o desenvolvimento econômico de uma região. As ferrovias, no Brasil, foram incentivadas e projetadas em determinados períodos históricos. Nesta Dica do Professor você conhecerá a história das ferrovias no Brasil. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/5dabf705939be6a483de7875e6cfe5f9 Exercícios 1) Entre as diversas teorias que tentam explicar a formação do Estado, as teorias naturalistas tem como características: ( ) Acontecer a partir de uma condição instintiva dos seres humanos. ( ) Dispensar qualquer ato voluntário do Estado. ( ) Não estar atrelada a algum ato específico, mas sim, ser um produto natural de uma sociedade. Assinale V (verdadeiro) ou F (falso). A) V, V e V. B) F, F e F. C) V, V e F. D) V, F e F. E) F, V e F. 2) De acordo com Samuelson & Nordhaus (2012), nenhum governo, em nenhuma parte do mundo, por mais conservador que seja, mantêm-se totalmente afastado da economia, pois: A) o sistema que determina se pode ou não intervir nas questões econômicas. B) os governos assumem diversas tarefas em razão das falhas do mecanismo de mercado. C) não é papel do Estado interferir na saúde, educação e assegurar os direitos humanos universais. D) as Forças Armadas e a polícia são petencentes ao setor privado da economia, sem exceção. E) se o Estado intervir, o sistema passa a ser considerado socialista. O Estado exerce diversas e importantes funções. Para Samuelson & Nordhaus (2012), o Estado tem três funções em uma economia de mercado. Assinale V (verdadeiro) ou F (falso). 3) ( ) Aumentar a eficiência ao promover a concorrência, combater externalidades, como a poluição, e fornecer bens públicos. ( ) Promover a igualdade ao usar impostos e propagandas de gastos púbicos para redistribuir a renda para grupos específicos. • ( ) Estimular a instabilidade macroeconômica, reduzindo o desemprego e a inflação e estimulando o crescimento econômico por meio das políticas monetária e fiscal. • A) V, V e V. B) F, F e F. C) V, V e F. D) V, F e V. E) F, F e V. 4) Segundo Melo & Scalabrin (2017), John Maynard Keynes, responsável pela análise da grande depressão americana de 1929 e fiel defensor da intervenção estatal na economia, desenvolveu a teoria keynesiana, segundo a qual: ( ) se justifica a intervenção do Estado na economia por meio de políticas públicas, visto a falta de forças de autoajustamento da economia e o desemprego. ( ) nega a intervenção do Estado na economia para atenuar as flutuações econômicas e insuficiência de demanda efetiva, tomando determinadas decisões de controle da moeda, de crédito e do nível de investimentos. ( ) influenciou por meio de seu pensamento a ordem econômica internacional do pós-guerra até os anos 70, período conhecido como idade de ouro do capitalismo. Assinale V (verdadeiro) ou F (falso). A) F, F e F. B) V, V e V. C) F, V e F. D) V, F e V. E) F, V e V. 5) Os sistemas de transporte estão presentes em todos os lugares do mundo e são diferenciados pelo seu desenvolvimento, tecnologia e qualidade. Qual a importância dos transportes para a economia dos países? A) Todos os países minimamente industrializado possuem uma eficiente malha de transportes. B) A questão do desenvolvimento econômico não está ligada ao sistema de transporte. C) Tanto países desenvolvidos quanto em desenvolvimento possuem excelentes estruturas de transporte. D) Não existe diferença entre os tipos de modais, pois todos necessitam de poucos investimentos. E) Um transporte eficiente é fator decisivo na economia mundial, pois um sistema carente afeta diversos setores da economia. Na prática Os sitemas de transportes são essenciais para o desenvolvimento de qualquer Estado ou região, pois por meio deles são deslocadas pessoas e mercadorias no mundo inteiro. Na Prática, acompanhe como um professor realiza um projeto para analisar e propor mudanças no sistema de transporte que afeta uma comunidade escolar. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/a380ae4a-021e-4391-8a86-71b1678f668f/1fb774f1-321c-464c-bb0d-3afd86b5cc7e.png Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Circulação e desenvolvimento regional: uma avaliação dos impactos do Plano Nacional de Logística e Transportes no Centro-Oeste brasileiro Você vai conferir um artigo sobre o Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT) e o repertório teórico-metodológico que orienta a abordagem das políticas de planejamento no Brasil, com foco nas propostas intervencionistas no Centro-Oeste brasileiro. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. 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