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Definição e construção do brand equity BRAND EQUITY (BE): PRINCÍPIOS E DIRETRIZES As várias aplicações de uma marca Como dito anteriormente, as marcas nunca estiveram presentes no cotidiano das pessoas quanto nos tempos de hoje. Mais do que presentes, elas participam da vida das pessoas, pela confirmação ou negação, na escolha de aquisição de produtos ou serviços. Se faz interessante perceber que sua aplicação se dá das mais variadas formas. Em seus primórdios, marcas eram aplicadas somente a produtos ou varejos e, geralmente, se utilizavam dos sobrenomes de seus criadores como nome da marca. Atualmente, constata-se uma variedade infinita de tais aplicações, além de um processo cada vez mais profissionalizado para administração de seus elementos. A aplicação das marcas pode fazer, por exemplo, com que algo que nunca foi considerado um produto, assim se torne. É o caso de alguns remédios, que passaram a ser conhecidos em função de seus nomes “nada científicos”, suas embalagens, símbolos, slogans ou qualquer outro elemento. Marcas também passaram a ser aplicadas a serviços, algo inimaginável em seus primórdios. Afinal, serviços são caracterizados por sua intangibilidade intrínseca. Em outras palavras, não possuem largura, altura e nem profundidade. A aplicação de marcas a serviços, e sua consequente geração de significados, pode ser identificada em bancos, operadores de telefonia móvel, companhias aéreas, aplicativos de transporte, dentre outros tantos. A aplicação de marcas em varejos segue até hoje. Afinal, o componente “presentation” de uma loja passa obrigatoriamente pela existência e aplicação de um nome. Assim acontece desde a existência das primeiras lojas. Em tempos atuais, vale ressaltar que a aplicação das marcas e seus elementos em varejos e prestadores de serviço online se tornou um desafio, pelo fato de se tratar de varejos sem qualquer dimensão física. As estratégias que levam em conta os elementos da marca consideram o nome do domínio de um site, bem como os outros elementos que o concerne, como algo fundamental para seu desempenho. Outros contextos inusitados podem ser exemplos da aplicação de marcas. Pessoas, ou aquilo que elas representam, podem virar marcas. Atletas, celebridades, atores, apresentadores emprestam seus nomes para criação de elementos de marca que podem ser associados a produtos e serviços que, por contam disso, se tornam mais vendáveis. O mesmo acontece no caso de filmes de cinema ou de séries para TV, que por conta de se tornarem conhecidos, geram uma infinidade de produtos licenciados. Instituições como empresas, ONG´s, sindicatos, governos, associações ou fundações vêm executando estratégias de branding notáveis com intuito de criar credibilidade e associação positiva aos produtos ou serviços que disponibilizam, ou adesão às causas que defendem. A definição de BE: modelo baseado no cliente De relevante importância para o estudo de gestão de marcas, o conceito de brand equity se faz presente em qualquer estudo sobre as marcas de uma empresa. A definição mais ampla e genérica vem de Keller, que o define como “o valor agregado atribuído a produtos/serviços”. Evidentemente, outros conceitos de marketing poderiam ser definidos de forma muito semelhante. Sendo assim, vale resgatar a definição de Aaker: “É um conjunto de ativos e passivos ligados a uma marca, que se somam ou se subtraem do valor proporcionado por um produto ou serviço para uma empresa e/ou para os consumidores dela”. Nota-se aí uma evolução do conceito, que leva em consideração aspectos financeiros/contábeis. De cunho mais mercadológico, a definição de Axelrod não pode ser desconsiderada, pois elucida de forma prática esse conceito: “É a quantia a mais que determinado cliente irá pagar para obter a marca ao invés de um produto fisicamente parecido sem o nome da sua marca.” A essência dessas três definições considera o brand equity como um valor, quer seja aquele que é percebido por meio de uma marca (marketing), quer seja aquele que é construído por meio de uma marca (patrimônio). Nesse sentido, pode-se considerar, então, que o brand equity é simultaneamente um valor de marca e um processo de construção de valor de marca. Afinal, possuir marcas fortes e consistentes é o desejo de toda e qualquer corporação que encara suas marcas como patrimônios intangíveis. O desafio passa por conhecer e executar um processo que, simultaneamente, mantenha e aumente os valores de marcas já existentes, assim como crie valor para as novas marcas recém-criadas. Existem alguns modelos de brand equity que se propõem a cumprir essa missão, o mais conhecido é o modelo baseado no cliente. O modelo de brand equity baseado no cliente pode ser concebido como aquele que busca estabelecer o efeito diferencial que o conhecimento de uma marca exerce na atitude do cliente em resposta aos processos de marketing vinculados a essa marca. Trata-se de pensar no tipo de reação que o cliente terá diante de um produto/serviço com determinada marca em comparação ao mesmo produto/serviço sem a identificação dessa marca. Se a reação for favorável, tem-se um brand equity baseado no cliente positivo. Se a identificação da marca trouxe uma reação desfavorável, tem-se um brand equity baseado no cliente negativo. Um teste-cego é a forma mais fácil de exercitar esse princípio. São três os fatores-chaves considerados como essenciais e iniciais para se implementar um processo de brand equity baseado no cliente. O primeiro deles é denominado de diferenças na reação e tem como princípio o fato de que quando não existem diferenças nas respostas e reações de clientes diante da marca, essa pode ser considerada como um commodity, consequentemente, a concorrência se baseia em preços. O segundo é o conhecimento de marca, que são os pensamentos, sensações, imagens, experiências, crenças e tudo que estiver associado à marca, favoráveis e desfavoráveis. Aqui já se considera a existência de diferentes respostas e reações de clientes diante de uma marca. O terceiro fator considera respostas e reações de clientes diante das ações de marketing promovidas por uma marca. É a chamada resposta diferenciada do cliente, em outras palavras, suas percepções, preferências e atitudes. O princípio desse fator leva em conta que ações de marketing podem ser exatamente as mesmas entre empresas concorrentes, entretanto, percepções, preferências e atitudes de clientes podem ser diferenciadas em função da marca que as promove. O conhecimento da marca é fator principal para criação do brand equity, pois é ele que gera a resposta diferenciada que o impulsiona e valoriza. É composto pela lembrança e imagem de marca. A lembrança da marca envolve o “quanto” uma marca vem à mente, ou seja, a força de identificação que possui. Em outras palavras, trata-se da possibilidade da marca vir à mente de um consumidor quando ele for estimulado a lembrar dela e, obviamente, a rapidez com que isso ocorre. A imagem da marca envolve o “como” uma marca vem à mente, ou seja, a forma de percepção que possui. Lembrança e imagem de marca são criadas e fortalecidas por meio de associações, que são as conexões estabelecidas entre todas as informações (signos) presentes na mente quando esta se depara frente a uma marca. O conhecimento da marca depende fundamentalmente da força de associação que a marca possui em termos de identificação e percepção. Se faz importante considerar que a avaliação do desempenho de lembrança da marca leva em consideração duas variáveis: o reconhecimento de marca e a lembrança espontânea de marca. O reconhecimento de marca pode ser definido como o fato da marca estar ou não presente na mente do consumidor. Em outras palavras, do fato desse consumidor ter consciência da existência de uma determinada marca. Ela existeem sua mente? Estando presente, com velocidade ela lhe vem à mente em determinada situação cotidiana de sua vida? Eis aí a segunda variável, a lembrança espontânea da marca. Diante de uma determinada categoria de produto, da situação de compra dessa categoria, das necessidades atendidas e utilização dessa categoria, qual a chance da marca ser associada rapidamente de forma espontânea? A avaliação do desempenho de imagem de marca é mais subjetivo e leva em consideração a forma como a marca é lembrada. Em outras palavras, leva em consideração a qualidade das associações estabelecidas na mente do consumidor quando determinada marca surge em sua mente. A medida de desempenho ocorre em função da capacidade que uma marca possui de criar associações de forma forte, favorável e exclusiva. É importante destacar que tais associações podem ser criadas, influenciadas ou potencializadas por meio da execução de ações de marketing pelas empresas detentoras das marcas. A construção do BE: elementos, marketing e associações secundárias A construção de do brand equity por uma empresa leva em conta três impulsionadores: a escolha dos elementos da marca, o produto/serviço e seu processo de marketing e as associações secundárias. Nas aulas anteriores foram determinados quais são os elementos da marca, bem como definidos os critérios que devem ser levados em conta para criação ou modificação deles. O segundo impulsionador leva em consideração que a existência de uma marca está associada a inúmeras aplicações vistas anteriormente. Nesse sentido, vale destacar que a estratégia de marketing-mix para a construção de uma marca não é executada somente por meio de ações ligadas a comunicação publicitária, como outrora sempre ocorreu. Numa visão mais moderna, isso implica assumir que todas as variáveis do composto de marketing têm relação direta com a construção do brand equity e devem levar em conta aspectos que antes eram negligenciados. O avanço do pensamento mercadológico obriga que empresas levem em conta a capacidade de personalização (one-to-one) de suas ações de marketing, sua integração intrínseca e sua internalização, entendida aqui como os valores da marca são difundidos entre os colaboradores de uma corporação. As associações secundárias podem ser consideradas como “apropriações” de aspectos de um brand equity já existente. Em outras palavras, trata-se de associar uma determinada marca a outras informações presentes na mente dos consumidores, para que assim lhe tragam mais significado. Tais associações podem estar vinculadas a outras marcas (ações de co-branding), pessoas (personagens, influencers, funcionários), lugares (país de origem da marca, presença em canais de distribuição diferenciados) ou “coisas” (eventos culturais ou esportivos, causas, prêmios). Atividade extra Nome da atividade: visita ao site https://www1.folha.uol.com.br/especial/2018/top-of-mind/ Uma boa oportunidade para entender o conceito de lembrança de marca e dos processos de pesuisa de marketing. Referência Bibliográfica KANAANE, Roberto; RODRIGUES, Carlos Eduardo, Curso de Marketing - Cenários, Estratégias e Ferramentas. Rio de Janeiro: Atlas, 2016. LAS CASAS, Alexandre Luzzi, Marketing - Conceitos, Exercícios, Casos, 9ª edição. Rio de Janeiro: Atlas, 2017. https://www1.folha.uol.com.br/especial/2018/top-of-mind/ GREWAL, Dhruv; Marketing. Porto Alegre: AMGH, 2017. AAKER, D. A. Marcas Brand Equity Gerenciando o Valor da Marca. São Paulo: Negócio, 1998. KELLER, K.L.; MACHADO, M. Gestão estratégica de marcas. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de Marketing, 14ª edição. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012.
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