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Resumo Clínica Médica Pequenos Animais - Clínica e Terapêutica das Doenças do Sistema Digestório II

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CLÍNICA E TERAPÊUTICA DAS DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO II
DOENÇAS DO ESTÔMAGO: 
1.VÔMITO OU ÊMESE: É a expulsão ativa de líquidos e alimentos do
estômago após a estimulação do centro do vômito. Essa expulsão se dá por impulsos aferentes que saem do piloro, intestino, vesícula biliar, coração, faringe, peritônio e mesentério. 
· O centro do vômito emite impulsos para: diafragma, músculos intercostais e abdominais, faringe e laringe;
· O vômito também pode ocorrer por estímulo da zona quimiorreceptora no SNC, receptores presentes no sangue: apomorfina, digoxina, bromocriptina, uréia;
Sinais que antecedem vômito: ânsia com hiper salivação, engasgo, contração forçada da musculatura abdominal e diafragmática. 
CAUSAS DO VÔMITO: convulsões, aumento da pressão intracraniana, encefalite, encefalopatia hepática, edema cerebral, neoplasias cerebrais, dor abdominal severa, infecções. DIAGNÓSTICO: exame orofaríngeo
completo, verificar presença de corpos estranhos ou lesões locais, palpação de alças intestinais (presença de massas, corpos estranhos, dor ou anormalidades), verificar outros possíveis problemas: urinários, pancreatite, problemas hepáticos, tireóide. Ex. parasitológicos.
EXAMES COMPLEMENTARES: urinálise, radiografias abdominais, ultrassonografia abdominal, endoscopia e hemograma. TRATAMENTO: consiste em detê-lo e cessar a causa, suspender a alimentação oferecendo fluidoterapia.
2.GASTRITE AGUDA: É a inflamação aguda da mucosa gástrica provocada por dietas inadequadas, corpo estranho, medicamentos, doenças infecciosas e distúrbios sistêmicos.
SINAIS CLÍNICOS: vômito súbito, anorexia aguda, letargia e diarréia, dor abdominal e desidratação. DIAGNÓSTICO: sintomatológico amparado no histórico e anamnese com informações, hábitos alimentares, vacinação e desverminação. 
EXAME CLÍNICO: desidratação, presença de corpos estranhos, infecção viral. 
EXAMES COMPLEMENTARES: radiografia, ultrassonografia, endoscopia. 
TRATAMENTO: dieta zero, fluidoterapia, antiemético, remoção da causa, antiácidos. 
3.GASTRITE CRÔNICA: É a inflamação crônica da mucosa gástrica por evolução da gastrite aguda. Suas
causas são mais difíceis de serem determinadas. 
PRINCIPAIS SINTOMAS: vômitos esporádicos não relacionados com a alimentação, perda de peso, anemia. DIAGNÓSTICO: exames complementares: hemograma, radiografia e endoscopia. TRATAMENTO: dieta zero, manutenção da hidratação, antiemético, remoção da causa, antiácidos. 
4.ÚLCERA GÁSTRICA:
erosão da mucosa, submucosa e camada muscular do estômago,
por ação do suco gástrico.
PRINCIPAIS CAUSAS: danificação direta da mucosa, aumento de secreção de ácido clorídrico (estresse, hipotensão e choque), retardo na renovação epitelial gástrica, utilização de drogas antiinflamatórias não esteroidais, uso de altas doses de glicocorticóides. 
PRINCIPAIS SINAIS CLÍNICOS: vômitos de 3/3 horas após a ingestão de alimentos, hematêmese, melena e consequente anemia, dor abdominal aguda, depressão e choque, peritonite séptica em casos de perfuração. TRATAMENTO: remoção da causa, fluidoterapia e correção da anemia, controle da secreção do ácido gástrico pelo uso
de bloqueadores de H2 e antiácidos, citoproteção da mucosa (sucralfato).
5.COMPLEXO DILATAÇÃO / VÓLVULO: Distúrbio agudo por distensão do estômago, de causa desconhecida, geralmente com
ingestão de ar e giro do estômago em torno de seu eixo longitudinal. 
SINAIS CLÍNICOS: salivação, agitação e angústia respiratória, distensão abdominal com timpanismo agudo, esforço de vômito não produtivo. 
DIAGNÓSTICO: evidente a partir da anamnese e o exame clínico da distensão abdominal com sinais de choque hipovolêmico por impedimento ou retorno venoso. 
TRATAMENTO: glicoterapia p/ combate do choque hipovolêmico, entubação orgástrica ou trocatizar (agulha 18), fluidoterapia, cirurgia de gastrectomia e gastropexia.
DOENÇAS DO INTESTINO DELGADO:
1.DIARRÉIA: Eliminação anormal de fezes, líquidas ou moles, em grande quantidade, com aumento dos movimentos intestinais (hiperperistaltismo). 
CAUSAS MAIS COMUNS: má digestão, má absorção, uso de laxativos, alteração brusca na dieta ou sobrecarga alimentar.
· Podem ser classificadas como diarreias osmóticas que podem se agravar e passar a diarreia secretória, com formação de muco devido à inflamação e cheiro extremamente fétido devido a enterotoxinas bacterianas.
· A evolução pode levar a aumento da permeabilidade com inflamação severa, presença de sangue e muco infeccioso devido à perda das vilosidades.
DIARRÉIA AGUDA: início abrupto, melena e flatulência, pode ser autolimitante. Causas mais frequentes: alteração brusca de dieta, infecção parasitária, presença de corpo estranho, drogas e toxinas.
DIARRÉIA CRÔNICA: parasitoses (giardíases e coccidioses), neoplasias (linfomas e adenocarcinomas), doenças imunomediadas.
EXAMES COMPLEMENTARES: hemograma, bioquímica sérica, fezes,
urinálise, teste de função pancreática, radiografia, ultrassonografias, endoscopia e colonoscopia.
TRATAMENTO: suporte e fluidoterapia, dieta adequada, controle do vômito e de infecções secundárias.
2.GASTROENTERITES INFECCIOSAS (intestino delgado): Viroses intestinais: os coronavírus, rotavírus, astrovírus, herpesvírus, enterovírus, calicivírus, vírus da parainfluenza, adenovírus e picornavírus foram estabelecidos como causas de enterite e diarreias virais em cães e gatos.
PARVOVÍRUS CANINO: Agente etiológico: parvovírus tipo 2. Possui afinidade pelas células de divisão rápida do intestino, bem como da medula óssea e tecidos linfóides;
Causa necrose da cripta intestinal: diarreia grave e leucopenia. Transmissão se dá por via fecal-oral.
SINTOMAS CLÍNICOS: anorexia, depressão, febre, vômito, diarreia fluida intratável e desidratação rápida e progressiva.
DIAGNÓSTICO: suspeita-se de infecção por parvovírus: cães jovens sem histórico de imunização
apresentando vômito e diarreia abruptos associado a depressão. EXAMES COMPLEMENTARES: hematologia: leucopenia severa, com linfopenia e granulocitopenia, bioquímica sérica: hipocalcemia, azotemia pré-renal e elevação da bilirrubina e enzimas hepáticas.
EXAMES ESPECÍFICOS: sorologia: análise de IgM específica, virologia: detecção do parvovírus nas fezes, necropsia: necrose de criptas intestinais. 
TRATAMENTO E TERAPIA:
dieta zero até 24 horas após cessarem os vômitos, reposição de fluidos e eletrólitos, antieméticos – metoclopramida, Omeprazol. 
CORONAVIROSE: Doença contagiosa aguda dos cães, causada por um vírus epiteliotrópico que
invade preferencialmente os enterócitos das pontas vilosas do intestino – destruição e atrofia dos vilos restantes. Causa diarreia de severidade moderada e autolimitante. (intestino delgado)
3.COLITE BACTERIANA: Inflamação do cólon causada por verminoses e infecções de origem bacteriana. Devido a uma deficiência na peristalse, o bolo fecal estagna no intestino e as toxinas iniciam a
agressão à mucosa intestinal.
SINTOMATOLOGIA: produção de muco em excesso (mecanismo de proteção), pode haver sangramento, perda de peso. 
EXAMES COMPLEMENTARES:
colonoscopia com biópsia, exame coproparasitológico.
TRATAMENTO: antibioticoterapia - metronidazol 10-20 mg/kg de 12/12 horas. 
4.COLITE FÚNGICA: A histoplasmose é a maior causa de colite fúngica em cães. Acomete o intestino grosso e delgado, coloniza a lâmina própria e a submucosa originando reação granulomatosa grave que dificulta a absorção de eletrólitos e líquidos.
SINTOMATOLOGIA: diarréia frequente, perda de peso, apetite normal e vômitos raros. 
EXAMES COMPLEMENTARES:
raspado de mucosa retal, citologia, biópsia de cólon.
TRATAMENTO: antifúngico sistêmico: Itraconazol, Cetoconazol.
5.COLITE PARASITÁRIA: TRICURÍASE: Agente: Trichuris vulpis;
Ocorre hiperplasia da mucosa e infiltrado inflamatório eosinofílico crônico. A sintomatologia é semelhante a de outras colites;
DIAGNÓSTICO: exame coproparasitológico;
TRATAMENTO: Febendazol. 
6.COLITE EOSINOFÍLICA: De etiologia desconhecida, pode ter relação com parasitismo ou hipersensibilidade alimentar.
DIAGNÓSTICO: pode ser feito pelo resultado de hemograma mostrando eosinofilia.TRATAMENTO: Prednisona. 
7.COLITE HISTIOCÍTICA ULCERATIVA: De etiologia desconhecida.
DIAGNÓSTICO: é realizado por exame de biópsia.
TRATAMENTO: Sulfasalazina.
8.COLITE LINFOCÍTICA PLASMOCITÁRIA: Ocorre associada a tumores e doenças auto-imunes.
DIAGNÓSTICO: Histórico do animal, colonoscopia, biópsia.
TRATAMENTO: de acordo com o progresso que está desencadeando a doença.
9.MEGACÓLON: Situações que podem levar ao aumento do cólon: hipotireoidismo, inflamações crônicas e/ou idiopáticas, neoplasias, corpo estranho, constipação, hiperplasia prostática, entre outras.
EXAME CLÍNICO: palpação pode-se perceber o cólon distendido, fezes endurecidas.
TRATAMENTO: remoção mecânica das fezes, dependendo da gravidade: cirurgia; como profilaxia o animal deve manter uma dieta úmida e rica em fibras.
10.NEOPLASIAS: Adenocarcinoma (cão) e linfossarcoma (gato);
DIAGNÓSTICO: biópsia com aspiração por agulha fina, ultrassonografia guiada, palpação de massa
TRATAMENTO: cirurgia, radioterapia e quimioterapia.
DOENÇAS DO PERITÔNIO:
1.PERITONITE: Inflamação do peritônio que pode ser classificada em localizada, generalizada, aguda ou crônica. As peritonites, quanto à etiologia, podem ser virais, bacterianas, traumáticas
e iatrogênicas.
PRINCIPAIS CAUSAS: viral: PIF – Peritonite infecciosa felina. Bacteriana: por contaminação cirúrgica ou traumas externos, vazamento de vísceras, abscessos, tumores. Traumáticas: atropelamentos, quedas, brigas.
SINTOMATOLOGIA: dor abdominal, ansiedade, vômitos / defecações, temperatura aumentada (febre), distensão abdominal e desidratação.
CONSEQUÊNCIAS: Choque hipovolêmico (perda de fluido + vômito + febre = desidratação). Choque septicêmico (absorção sistêmica de endotoxinas).
DIAGNÓSTICO: hemograma, radiografia (presença de gases e líquidos), paracentese: punção e exame do líquido, cultura e antibiograma, laparotomia exploratória.
TRATAMENTO: tratamento cirúrgico é indicado nos casos mais graves para limpeza e liberação de aderências, necessário uma antibioticoterapia eficiente e intensa e fluidoterapia;
Antibióticos de escolha: Ampicilina, Metronidazol, Amicacina e Enrofloxacino.

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