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APOSTILA FUNDAÇÃO -FUNDAÇÃO - BÁSICOBÁSICO 2 Sumário 1. Histórico ........................................................................................................................... 3 2. Conceito ............................................................................................................................ 5 3. Investigação do Subsolo .................................................................................................... 6 4. Classificação ..................................................................................................................... 9 4.1. Fundação Direta.................................................................................................................9 4.1.1. Fundação Direta Superficial...............................................................................................9 4.1.2. Fundação Direta Profunda................................................................................................10 4.2. Fundação Indireta.............................................................................................................11 Bibliografia ............................................................................................................................. 17 3 1. Histórico O setor da construção civil vem sofrendo grandes modificações em seus sistemas construtivos com a inserção de novas tecnologias no setor. Temos uma gama de sistemas e métodos de execução para um mesmo serviço. Assim cada estrutura a ser desenvolvida requer estudo para seu melhor desenvolvimento durante a sua execução. Sabemos que para chegarmos ao patamar de tecnologia o qual temos na atualidade, precisou evoluir a partir de construções simples envolvendo elementos da natureza como a argila, rochas e madeira. Desde a Pré-história já se tem registros de obras, mesmo que modestas, realizadas pelo homem. No Paleolítico, sensível ao clima e para proteger-se dos animais, o homem abrigava- se em cavernas rochosas, e na falta destas, em abrigos subterrâneos improvisados. Muitas vezes estes abrigos eram escavações verticais de aproximadamente 2 metros de profundidade, podendo-se assim verificar que já existia a noção sobre a estabilidade dos maciços onde eram realizadas estas escavações. Posteriormente, no Neolítico, com o controle sobre a técnica da pedra lascada, e, portanto, apto a trabalhar de forma rudimentar a madeira, o homem constrói suas primeiras habitações, despertando assim a noção preliminar da estabilidade das construções e da resistência dos materiais sobre os quais estas se apoiavam. Muitas destas habitações eram construídas à beira de lagos, ou regiões inundáveis, sobre estacas de madeira, as palafitas. Cabanas feitas de pedra eram mais raras, ocorrendo apenas em locais onde havia escassez de madeira, ou submetidos a fortes ventos. Um grande salto no desenvolvimento e na evolução do homem ocorreu com a descoberta dos metais, fazendo com que se pudessem fabricar ferramentas mais eficientes. O emprego de ferramentas metálicas propiciou o desenvolvimento de novas técnicas construtivas permitindo trabalhar melhor os materiais de construção (madeira, pedra, etc) e escavar o solo, tornando possível a construção de obras de maiores dimensões e até mesmo de grande vulto, como aquelas construídas na Idade Antiga pelos mesopotâmicos, egípcios, etc. Nos antigos impérios do Oriente Próximo, os materiais de construções passaram a ser o tijolo cerâmico, principalmente na Mesopotâmia, e a pedra, no Egito. A utilização de materiais de construções consideravelmente mais pesados que a madeira, largamente utilizada até então, fez com que novas técnicas de fundações fossem desenvolvidas, motivadas principalmente pelos inúmeros problemas verificados, uma vez que os terrenos, que agora recebiam estas construções mais pesadas, exemplificadas na Figura 1, não apresentavam resistência suficiente, tendo sido verificado vários casos de insucessos. Figura 1 – Construções Típicas da Idade Antiga 4 Na Idade Clássica houve um grande desenvolvimento na cultura ocidental promovida pelos gregos, e posteriormente pelos romanos. Os gregos pouco inovaram técnica e materialmente, a não ser pelo uso do mármore e da pedra calcária, preocupando-se mais com aspectos arquitetônicos, caracterizados pelos grandes pórticos e colunas em seus palácios e templos, travejados com vigas de pedra, conforme Figura 2. Estes novos tipos construtivos eram, entretanto, concentradores de cargas nas fundações, que passaram a ser feitas de blocos superpostos, em uma ou duas camadas, e em geral, grampeados uns aos outros de forma a melhor dissipar o carregamento provenientes dos pórticos e das grandes colunas, como pode ser observado nas ruínas do santuário de Afaya em Aegina apresentado na Figura 3. Figura 2 - Arquitetura grega: Parthenon Figura 3 - Santuário de Afaya As fundações de construções gregas de menores dimensões eram constituídas basicamente por sapatas isoladas. Em lugares de terrenos fracos, os gregos promoviam a melhoria do solo, misturando-o a cinzas de carvão, ou até mesmo calcário mole ou pedregulho e posterior compactação. Em alguns casos, também eram utilizadas estacas de madeira como elemento de fundação, cravadas por máquinas, provavelmente originadas de máquinas de guerra utilizadas para perfurar muralhas e portões. As técnicas empregadas pelos gregos foram muito mais heranças das antigas civilizações do que propriamente desenvolvidas por necessidades próprias. Apenas em Roma é que as técnicas construtivas e de fundações receberam contribuição mais significativa. Segundo (PEREIRA; MORAIS; RIBEIRO, 2004 p. 5) “o solo é o conjunto de horizontes ou camadas que se deu pela desintegração da rocha-mãe. Paralelamente a isso, esse fenômeno sofre influências físicas e químicas”. O estudo dos solos é muito importante para os estudos de 5 fundações, é ele que absorve toda a carga proveniente da estrutura e pode variar de acordo com sua textura, estrutura densidade, permeabilidade e a presença de material orgânico. Não iremos aqui discutir cada conceito, mas vale ressaltar que é de extrema importância conhecer suas propriedades físicas e químicas para o bom desempenho da estrutura. 2. Conceito A edificação é um conjunto de etapas importantes que devem ser concluídas com qualidade e exatidão, à fim de evitar futuros reparos ou até mesmo sinistros. A etapa que é considerada o início de tudo na obra, é a fundação. As fundações são responsáveis por distribuir o peso (carga) da construção para o solo de forma segura para que não ocorram deslizamentos de terra e problemas como trincas e rachaduras na sua casa, mantendo a edificação fixa e nivelada com o terreno. Para ilustração conceitual, segue adiante Figura 2. Figura 2 – Distribuição das Cargas da Laje até o Solo Fonte: EngLar, (2007) No sentido comum, o termo fundação é entendido como um elemento da estrutura encarregado de transmitir para o subsolo as cargas da superestrutura. São elementos que, em conjunto, constituirão o apoio da edificação sobre o solo. Pode ser definido também como “elementos de transição entre a estrutura e o solo”. O tipo da fundação é previamente definido de acordo com o conhecimento das cargas atuantes na estrutura e o tipo e a capacidade do solo do terreno. Um projeto bem feito economiza na compra dos materiais e evita problemas no futuro. Uma das formas de analisar o solo é através da sondagem em pontos espalhados pelo terreno, conforme o 2 acima. As fundações são classificadas em diretas e indiretas de acordo com a forma de distribuição das cargas da estrutura para o solo. 6 3. Investigação do Subsolo A elaboração de projetos de fundações exige um conhecimento adequado do solo no local onde será executada a obra, com definição da profundidade, espessura e características de cada uma das camadasque compõem o subsolo, como também do nível da água e respectiva pressão. A obtenção de amostras ou a utilização de algum outro processo para a identificação e classificação dos solos exige a execução de ensaios de campo, ou seja, ensaios realizados no próprio local onde será edificado o prédio. A determinação das propriedades do subsolo que importam ao projeto de fundações poderia ser tanto feita por ensaios de laboratório como ensaios de campo. Entretanto, na prática das construções, são realizados na grande maioria dos casos ensaios de campo, ficando a investigação laboratorial restrita a alguns poucos casos especiais em solos coesivos. Dentre os tipos de sondagens existentes, destacam-se, pela frequência de utilização, as seguintes: • Sondagens Rotativas e Sondagens Mistas; • CPT e CPTu (ensaio de cone) • DMT (dilatômetro de Marchetti); • SPT-T (sondagem à percussão com medida de torque); • ensaios de laboratório — triaxial, cisalhamento direto e ensaios de caracterização, como granulometria, limite de liquidez (LL), limite de plasticidade (LP) e índice de plasticidade (IP), proctor entre outros • Sondagens de simples reconhecimento: usadas para extração de amostras deformadas para ensaios de laboratório ou avaliação táctil visual (SPT). O SPT é, de longe, o ensaio mais executado na maioria dos países do mundo e também no Brasil. Entretanto, há uma certa tendência de substituí-lo pelo SPT-T, mais completo e praticamente com o mesmo custo. O CPT e o CPT-U possibilitam uma análise mais detalhada do terreno. De acordo com as normas NBR 8044:2018, Projeto Geotécnico e NBR 6122:2019 Projeto e execução de fundações a sondagem de simples reconhecimento, SPT, é a investigação mínima e obrigatória, portanto, é o mais utilizado não só no Brasil, mas no mundo inteiro. Por meio da sondagem se obtém informações como, qual tipo de solo, nível do lençol freático, e índice de resistência a penetração (N) das camadas do subsolo (a cada metro). Com essas informações em mãos o projetista poderá definir de maneira assertiva e com melhor custo- benefício o tipo de fundação ideal para sua edificação. De acordo com a ABNT NBR 6484:2001, o princípio do ensaio SPT consiste na perfuração e cravação dinâmica de amostrador-padrão, a cada metro, resultando na determinação do tipo de solo e de um índice de resistência, bem como da observação do nível do lençol freático. A título de informação, segue adiante a Tabela 1, contendo a tabela dos estados de compacidade e consistência do Anexo A da NBR 6484:2001, que relaciona o índice de resistência a penetração, averiguado durante a execução do ensaio e diretamente ligado à deformabilidade e resistência destes solos, ao tipo de solo e sua respectiva classificação. 7 Tabela 1 - Tabela dos estados de compacidade e de consistência É realizado pela cravação de amostrado padrão, tipo Terzaghi e Peck em 45 cm do terreno, em golpes sucessivos de um peso de cravação com 65 kgf em queda livre, de uma altura de 75 cm, sobre a cabeça de cravação conectada as hastes de sondagem e ao amostrador. Para o registro do número de golpes necessários para cravar o amostrador a cada 15 cm, é preciso a presença de um técnico que elabora o boletim O índice de resistência a penetração do SPT, que tem a abreviatura de Nspt, é determinado pelo número de golpes correspondente a cravação de 30 cm do amostrador padrão, após a cravação inicial de 15 cm, que corresponde ao resultado do ensaio, vide Figura 3 e 4. Fugira 3 - Exemplo esquemático do ensaio SPT 8 Figura 04 – Exemplo real do ensaio SPT Após realizar a cravação dos 45 cm, é retirado o amostrador padrão e inicia-se a coleta de amostras do solo, até que se encontre o nível do freático. Figura 5 – Coleta de amostra de solo do ensaio SPT A quantidade de furos de sondagens e a sua localização em planta dependem do tipo da estrutura, de suas características especiais e das condições geotécnicas do subsolo. O número de sondagens deve ser suficiente para fornecer um quadro, o melhor possível da provável variação das camadas do subsolo do local em estudo. As sondagens devem ser, NO MÍNIMO, de uma para cada 200 m2 de área da projeção em planta do edifício, até 1.200 m2 de área. Entre 1.200 e 2.400 m2 deve-se fazer uma sondagem para cada 400 m2 que excederem de 1.200 m2. Acima de 2400 m2 o número de sondagens deve ser fixado de acordo com o plano partícula da construção. Em quaisquer circunstâncias o número mínimo de sondagens deve ser: Dois para área da projeção em planta do edifício até 200m2. Três para área entre 200 m2 e 400 m2. Nos casos em que não houver ainda disposição em planta dos edifícios, como nos estudos de viabilidade ou de escolha de local, o número de sondagens deve ser fixado de forma que a distância máxima entre elas seja de 100m, com um mínimo de três sondagens. Quando o número de sondagens for superior a três, estas não devem ser distribuídas ao longo de um mesmo alinhamento. 9 4. Classificação As fundações são classificadas em diretas e indiretas de acordo com a forma de distribuição das cargas da estrutura para o solo. Portanto, segue adiante as fundações diretas. 4.1. Fundação Direta As fundações diretas são aquelas que distribuem as cargas da edificação para as camadas de solo capazes de suportar sem grandes deformações. A distribuição é feita através do apoio da base do elemento de fundação sobre a camada do solo, ou seja, a carga é transmitida ao solo por pressões sob a base da fundação. As fundações diretas são divididas em rasas (superficiais) e profundas. 4.1.1. Fundação direta superficial As fundações superficiais ou rasas distribuem a carga da edificação para o terreno através do apoio da base da fundação em uma camada de solo com até 2 metros de profundidade ou quando o elemento de fundação tem sua largura maior que a cota de apoio. São mais utilizadas em pequenas construções e indicadas para solos rígidos e rochosos. Os principais tipos de fundações rasas são: sapata, radier e bloco, conforme o seguinte. • Sapata: as sapatas são elementos de fundação de concreto armado (com ferragens) para resistir a esforços de tração, de pequena altura em relação às dimensões da base. São semiflexíveis, e trabalham à flexão. Quando a sapata suporta um pilar, é dita sapata isolada. Se o pilar se situar na divisa do lote, é dita sapata de divisa, quando se faz necessário o uso de uma viga de equilíbrio ou viga-alavanca entre o pilar de divisa e o pilar interno adjacente. Quando a sapata suporta a carga de mais de um pilar, ela é dita sapata associada. Sapata corrida ou contínua é aquela que suporta a carga de um muro, parede, ou de um alinhamento de pilares, vide Figuras 06 e 07 a seguir. Figura 06 – Tipos de sapata Figura 07 – Sapatas Isolada e Corrida • Radier: basicamente uma laje de concreto armado (com ferragens), construída sobre o solo por toda extensão da edificação, conforme a Figura 08 a seguir. Utilizada em solos com resistência mais baixa, com camada fraca profunda, pois devido à sua característica monolítica pode minimizar os efeitos de recalques 10 diferenciais. A laje recebe diretamente as cargas dos pilares. Por ser uma placa única, não exige a montagem de formas e armações mais complicadas. As fôrmas são executadas apenas com sarrafos laterais, e as armações são constituídas de simples malhas, onde as barras de aço são igualmente espaçadas nas duas direções. Figura 08 – Fundação de Radier • Bloco de Fundação: Elemento de fundação composto por concreto simples (não armado) e sem a presença de armaduras. O concreto neste caso é dimensionado para suportar as tensões de tração. Utilizado geralmente em solos de alta resistência e com método executivo simples. 4.1.2. Fundação direta profunda As fundações diretas profundas, ultrapassam os parâmetros das fundações rasas, e são caracterizadas pela utilização de tubulões.Os tubulões são fundações de forma cilíndrica, com base alargada ou não, destinados a transmitir as cargas da estrutura a uma camada de solo ou substrato rochoso de alta resistência e grande profundidade. Os tubulões são compostos por três partes: cabeça, fuste e base, como mostra a Figura 09 a seguir. Figura 09 – Corte esquemático de um tubulão Os tubulões geralmente são construídos em locais com solos de resistência baixa ou que apresentam abundância de água. Muito utilizado em fundações dentro de água como o exemplo de pontes. Com forma cilíndrica, seu ponto negativo é a utilização de trabalho braçal pelo menos na etapa final da escavação, o que em casos de má execução, podem 11 levar riscos ao trabalhador. Possuem dois métodos de execução: a céu aberto ou a ar comprimido, conforme o seguinte. • Tubulão a céu aberto: é simples e dispensa escoramento em solos firmes, é uma alternativa econômica para altas cargas solicitadas e não pode ser executado abaixo do nível de água. Uma vantagem é a questão de não ocasionar vibrações que possam movimentar o terreno e causar incômodo no entorno, conforme a Figura 10 a seguir. Figura 10 – Tubulão a Céu Aberto • Tubulão a ar comprimido: é utilizado em terrenos onde há a dificuldade do emprego de escavação mecânica ou cravação de estacas (áreas rochosas, lençóis de água elevados ou cotas insuficientes entre terreno e fundação). Neste caso utiliza-se uma camisa metálica ou de concreto para a sustentação das paredes, mantendo-se a água afastada do poço por meio de ar comprimido, afinal, o princípio de execução de fundações pneumáticas é manter, pelo ar comprimido injetado, a água afastada do interior do tubulão. Podem atingir altas profundidades abaixo do nível de água, possuem custos e riscos de trabalho maiores do que o outro tipo. Após a concretagem, deve permanecer comprimido por pelo menos 6 horas visando preservar a qualidade do concreto que pode ser danificado por pressões do lençol freático ou interferências de escavações próximas. 4.2. Fundação Indireta As fundações indiretas são sempre profundas em função da forma de distribuição da carga para o solo (atrito lateral), no qual exige que estes elementos tenham grandes dimensões. São indicadas para solos instáveis ou obras muito grandes que depositam muita carga no terreno. Estas fundações se resumem em estacas, que são elementos estruturais enterrados no solo e que promovem estabilidade da edificação, cravadas ou confeccionadas no solo com o objetivo de transmitir as cargas da estrutura a uma camada profunda e resistente. Podem ter vários 12 tipos e serem construídas de diversos materiais (aço, madeira e concreto) conforme sua utilização, conforme o seguinte: • Metálicas: podem ser perfis laminados, soldados, trilhos soldados ou estacas tubulares. Utilização para qualquer tipo de terreno; possuem facilidade de corte e emenda; alta capacidade de carga; se utilizadas de forma provisória podem ser reaproveitadas; deve- se ter cuidado com o material utilizado devido a corrosão do mesmo, conforme a Figura 11 a seguir. As estacas metálicas são semelhantes as pré-moldadas de concreto e recebem o mesmo processo de cravação no solo, o diferencial é que elas atingem uma maior profundidade, pois as emendas são executadas com maior facilidade e segurança. Normalmente são perfis ou trilhos e costumam ser protegidos com pinturas especiais ou encamisamento de concreto em casos de terrenos mais agressivos. Figura 11 – Estacas metálicas • Madeira: troncos de árvores cravados com martelos leves e bate-estacas de pequenas dimensões. Para utilização é necessário que fiquem totalmente abaixo do nível de água, tendo em vista que o mesmo não pode sofrer variações durante o tempo de vida útil do material. São bastante utilizadas em obras provisórias como pontes e obras marítimas. As principais espécies utilizadas são: aroeira, ipê, eucalipto e guarantã. Geralmente, as estacas de madeira são compostas de troncos de árvores e são cravadas por bate-estacas. Sua utilização é comum para obras provisórias, mas em caso de obras permanentes, elas precisam de um tratamento contra ataques de fungos, bactérias e outros organismos que possam deteriorar a estrutura. As principais vantagens desse tipo de estaca é que elas possuem duração prolongada quando são mantidas permanentemente abaixo do nível de água e podem ser emendadas (desde que a integridade da estaca seja garantida). A desvantagem é que elas causam grande vibrações durante a cravação, é necessário uma série de cuidados quando a estaca é exposta a flutuação do nível da água, pois nesse caso podem surgir ações de fungos e bactérias. Além disso, o comprimento da estaca é limitado a 12 metros. • Pré-moldada de concreto armado: Elas podem ser feitas de concreto armado ou concreto protendido, sendo cravadas por percussão, prensagem ou vibração. A escolha do método para cravar a estaca deve ser feita considerando a dimensão da estaca, as condições do solo em questão e o do solo vizinho, além das características do projeto. Esse tipo de estaca possui uma boa capacidade de carga e boa resistência a flexão e cisalhamento, além de terem um bom controle de qualidade do concreto, já que são produzidas em fábricas. Porém, apesar de seus benefícios elas causam grandes vibrações no solo ao 13 serem cravadas, não ultrapassam camadas de solos resistentes, o seu peso próprio é elevado (o que limita as seções e o comprimento devido a necessidade de transporte) e os cortes e emendas são difíceis para executar. Aplicada na maioria das vezes em obras de pequeno e médio porte; boa capacidade de carga; garantia de qualidade oferecida pelo fabricante; possibilidade de emendas; durante a escavação são feitas compactações no solo o que aumenta a capacidade de carga e reduz a chance de recalques; necessitam de cuidados com transporte e execução; são limitadas em seção e comprimento (devido ao peso próprio); podem sofrer danos se a água do lençol freático conter sulfatos ou ser contaminada (águas não potáveis). A principal vantagem das estacas pré-moldadas em relação às estacas moldadas no local é a possibilidade de inspeção do concreto, permitindo a rejeição de peças que não apresentem condições satisfatórias. Além disso, em terrenos que apresentem camadas moles ou em locais onde se deva atravessar uma corrente de água subterrânea, as estacas pré-moldadas podem ser utilizadas sem prejuízo ao concreto do seu fuste. Quando atravessam solos de elevada resistência à cravação, pode ser necessário utilizar-se uma ponteira metálica ou ainda efetuar-se a cravação com circulação de água sob pressão, o que ajuda a desagregar o solo na ponta ou nas laterais da estaca, facilitando a cravação. Para que resista às operações de transporte e cravação, as estacas são armadas. Assim, além do seu trabalho como pilar, as estacas deverão ser calculadas para essas operações. Figura 12 – Estaca de fundação pré-moldada de concreto armado • Estacas concreto moldadas no local: são estacas cujo processo executivo consiste basicamente na perfuração ou escavação do solo, com ou sem a presença de revestimento ou lama bentonítica para contenção, e posterior concretagem através do lançamento do concreto dentro do furo escavado. Os tipos de estacas de concreto moldadas no local mais executadas são: o Estaca Broca: A estaca broca é uma das fundações profundas mais utilizadas em obras brasileiras de pequeno porte, principalmente pela sua facilidade de execução, que não exige mão-de-obra especializada, nem maquinário executadas “in loco” sem molde, por perfuração no terreno feita por trado e preenchimento do buraco com concreto, vide Figura 13. Uma vez atingida a cota de apoio da estaca, lança-se o concreto sem armadura até cerca de 50 centímetros da cota de arrasamento da estaca. Coloca-se, a partir daí, uma armadura de solidarização com o bloco ou com a viga de baldrame. Comonão é feita nenhuma contenção das paredes da perfuração nesse método, o uso das brocas fica restrito aos terrenos coesivos acima do nível da água. 14 Figura 13 – Estaca Broca a ser executada o Estaca Strauss: fundação em concreto simples e armado; moldada “in loco” e executada com revestimento metálico recuperável; pode ser aplicada em terrenos acidentados e isolados devido a simplicidade do equipamento utilizado para a execução; possui limitações devido ao lençol freático e capacidade de carga menor que as pré-moldadas e as estacas tipo Franki. Figura 14 - Estaca Strauss Figura 15: Estaca Strauss Animação o Estacas Franki: grande capacidade de carga; podem ser executadas a grandes profundidades; não sofre interferência de lençol freático; apresenta incômodo devido a vibração do solo durante a execução e impossibilidade de alterações do concreto por deficiência do controle; executada sempre por empresa especializada. A estaca Franki utiliza-se do seguinte: areia e brita para a formação da “bucha”, camisa metálica, 15 maquinário de grande porte, concreto seco e armadura ao longo de toda a estaca, conforme a Figura 16 a seguir. Sua execução é feita fazendo perfurações através da cravação de um tubo de ponta fechada com o auxílio de um bate estaca, à medida que o tubo vai sendo retirado a armadura e o concreto vão sendo inseridos na estaca. Figura 16 – Processo de execução da Estaca Franki o Estaca Hélice Contínua: é uma estaca com processo contínuo de execução, ilustrado na Figuras 17 a 19: a escavação se dá pela penetração de trado contínuo, e a concretagem se dá simultaneamente com a retirada do trado, por uma haste central que injeta o concreto na escavação. Os diâmetros dos trados disponíveis no Brasil variam entre 27,5cm e 1,0m, com profundidades que podem alcançar 25 metros. A metodologia de perfuração permite a execução desse tipo de estaca em terrenos coesivos ou não, acima ou abaixo do nível do lençol freático. Dependendo do tipo de equipamento utilizado, podem ser perfurados solos com SPT superior a 50 golpes. Figura 17 - Sequência executiva da estaca tipo hélice contínua 16 Figura 18 – Equipamento de estaca tipo hélice contínua Figura 19 - Execução da estaca tipo hélice contínua 17 Bibliografia ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas – Solo – Sondagem de simples reconhecimento com SPT – Método de ensaio. (NBR 6484). Brasil, 2020. FABRICIO, Márcio M.; BAIA, Josaphat L.; MELHADO, Silvio B. Estudo da conseqüência de etapas do projeto na construção de edifícios: cenário e perspectivas. (CD-ROM) In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 19, Niterói, 1998. Anais. Rio de Janeiro, Universidade Federal Fluminense/ Departamento de Engenharia de Produção, 1998. PICCHI, Flávio Augusto. Sistemas de qualidade: uso em empresas de construção de edifícios. São Paulo, 1993. Tese (Doutorado) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. LAUFER, A.; TUCKER, R. L. Is Construction Planning Really Doing its Job? A critical examination of focus, role and process. Construction Management and Economics, v. 5 1987. 1. Histórico 2. Conceito 3. Investigação do Subsolo 4. Classificação Bibliografia
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