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Sistemas Estruturais Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Gabriel Baião Revisão Textual: Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira Fundações • Conceitos Iniciais; • Teste SPT (Standard Penetration Test); • Tipos e Características das Fundações Diretas e Indiretas; • Misturando Tecnologias; • Quando Optar por uma ou por Outra Fundação? • Recalques e Demais Patologias. • Conhecer o sistema de fundações, partindo dos perfi s de sondagem e ensaio SPT (Stan- dard Penetration Test), passando pelas características necessárias de solo e resistência para um bom dimensionamento de fundações; • Estudar as características das fundações diretas e indiretas; as patologias e recalques também serão estudados, fenômenos esses que interferem diretamente na vida útil das estruturas e demais tecnologias nela empregadas. OBJETIVOS DE APRENDIZADO Fundações Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Fundações Conceitos Iniciais Chegamos à mais uma unidade da disciplina. Em momento anterior aprendemos sobre os elementos que compõem a superestrutura: pilares, vigas e lajes. Nesta etapa vamos conhecer o último elemento do sistema estrutural que recebe todos os outros, e, devido à complexidade do projeto e aos detalhes que compõem uma fundação, esse sistema é sempre estudado à parte. A fundação é o elemento estrutural projetado para receber as cargas pontuais carregadas pelos pilares e distribui-las no solo. Essa distribuição é feita de diferen- tes maneiras, conforme a tecnologia utilizada na nossa fundação. Então, antes de se projetar uma boa fundação, é necessário um estudo completo do solo daquela região para que se possa projetar a partir da tecnologia mais apropriada e nas di- mensões e profundidades corretas. Quanto maior o número de andares, ou mais robusta sua estrutura, provavelmente mais carregada será sua fundação, assim ela precisará se apoiar em uma camada de solo com resistência igual ou superior à carga solicitante. Para entender como funciona uma fundação é só relembrar a ter- ceira Lei de Newton, que diz que para toda ação, irá existir uma reação de mesma intensidade, porém em sentido contrário. Sabendo disso, já é possível saber que o solo precisa reagir com a mesma intensidade sem recalcar, ou seja, sem afundar ou realizar deslocamentos que possam comprometer nossa superestrutura. A concepção estrutural sempre irá partir da superestrutura para a as fundações, isso porque para a escolha da fundação correta precisamos saber duas informações: • Quantidade de carga por pilar; • Capacidade de carga do solo. A primeira informação é obtida após o dimensionamento da sua estrutura, onde colocamos todas as cargas atuantes (cargas permanentes, móveis e acidentais). Após isso, conhecer todos os “trajetos” que elas farão e conhecer quanto de cada uma chegará em cada pilar. A capacidade de carga do solo é medida a partir de um ensaio de sondagem conhecido como Teste SPT (Standard Penetration Test), teste esse que iremos conhecer no próximo tópico. Teste SPT (Standard Penetration Test) O teste SPT é uma tecnologia utilizada para se descobrir a resistência a partir de um perfil do terreno. Basicamente, o método de trabalho é cravar o barrilete utili- zando os golpes de um martelo padronizado com uma altura padronizada. O teste SPT é padronizado pela ABNT NBR 6484:2001 – Solo – Sondagens de simples reconhecimento com SPT – Método de ensaio, onde são definidos todos os equi- pamentos que compõem o teste e como este deve ser feito. 8 9 Resumidamente, sabemos que devido à compactação do solo realizada natural- mente ao longo da evolução geológica do nosso planeta, as camadas que servem de sub-base para outras tendem a se compactar melhor entre os grãos, tornando-se então mais resistentes. A resistência do solo é intrínseca ao grau de compactação dos grãos e ao material com o qual aquela camada é feita. Assim, em uma escala do solo que parte do mais resistente para o menos resistente, teríamos: rocha, silte e areia. Peso 65kg Corda Roldana Tripé Haste Furo de 2 1/2” Barrilete Figura 1 – Desenho esquemático dos equipamentos usados no ensaio SPT O ensaio SPT é o mais utilizado atualmente devido à simplicidade do processo e seu baixo custo, pois conforme o martelo vai cravando a haste e o barrilete, amos- tras do solo vão sendo recolhidas e, posteriormente, irão para o laboratório, para que seja testado e criado o perfil de sondagem. O resultado do teste é entregue em um projeto, geralmente na escala 1:100, que é feito para cada um dos furos. Terrenos grandes costumam ter amostras de solo diferentes, por isso precisamos realizar mais de um furo ao longo do nosso projeto, sendo este normatizado pela ABNT NBR 8036:1983 – Programação de sonda- gem de simples reconhecimento dos solos para fundações de edifícios: • No mínimo 2 para área de projeção da construção de até 200m²; • No mínimo 3 para área de projeção da construção entre 200m² e 400m²; 9 UNIDADE Fundações • No mínimo 1 para cada 200m² de área de projeção, até 1200m²; • Entre 1200m² e 2400m², 1 sondagem a cada 400m² que excedem de 1200m². Os resultados do ensaio terão os seguintes materiais ao final: • Planta da situação dos furos; • Perfil de cada sondagem com as cotas de onde foram retiradas as amostras; • Classificação das diversas camadas e os ensaios que as permitiram classificar; • Níveis dos terrenos e dos diversos lençóis freáticos, com a indicação das respectivas pressões; • Resistência à penetração do barrilete amostrados, indicando as condições em que ela foi tomada. O teste SPT é realizado utilizando golpes de um mar- telo padronizado com 65 quilos em uma haste que é co- nectada até o barrilete; conforme vamos penetrando em camadas mais profundas, cada golpe irá penetrar cada vez menos, ou poderá não penetrar mais, e, nesse caso, o ensaio precisa ser interrompido, conforme orienta a NBR 6484:2001 em sua seção 6.4. A NBR 6484:2001 faz uma síntese da classificação da camada do solo de nosso perfil relacionando o número de golpes utilizados (N) e o tipo de solo: areias e siltes arenosos, argilas e siltes argilosos: Tipos e Características das Fundações Diretas e IndiretasA escolha das nossas fundações deve ser feita a partir de uma análise técnica e financeira do solo obtido com o ensaio SPT, condições de canteiro e tecnologias disponíveis para a execução de nossa obra. As fundações podem ser construídas a partir de dois métodos: fundação direta (rasa), ou fundação indireta (profunda). O conceito básico de um bom projeto de fundações está em buscar a camada com a resistência mínima necessária para apoiar nossas edificações. Em geral, projetos de médio e grande porte, por serem mais pesados, precisam se apoiar em solos mais resistentes, ou seja, em solos profundos, enquanto obras mais leves podem se apoiar em camadas mais rasas de solo, porém, isso não é uma regra. Em solos com presença de água em camadas superficiais é necessário se construir até uma simples casa utilizando fundações profundas (indiretas), já em solos rochosos é pos- sível construir grandes estruturas se apoiando em fundações rasas, devido à alta resistência (transporte de carga) das rochas. Figura 2 – Estados de compacidade e resistência de uma amostra de solo Fonte: Wikimedia Commons 10 11 Fundações Diretas O primeiro método construtivo que iremos estudar é a fundação direta ou rasa. Esta fundação é conhecida por ser economicamente barata, porém, possui o me- nor transporte de carga devido às camadas superficiais do solo em que ela se apoia, e por ser construída de forma manual, sem necessidade de grandes mecanizações ou equipamentos grandes e complexos. Por definição, uma fundação direta é aquela em que a fundação se apoia em uma camada com profundidade de 3 metros e a transferência de carga é feita pela base da fundação apenas, similar a uma laje. O dimensionamento dessa fundação é realizado a partir da área de contato necessária na sua base para transferir todas as cargas que estão descendo do pilar para o solo. A construção de uma fundação direta deve ser realizada primeiramente remo- vendo-se a camada superficial de 50 centímetros, local onde se encontra toda a vida vegetal do solo. Posteriormente, iremos realizar as escavações até a cota da camada de solo desejado. As escavações podem ser realizadas de maneira manual, utilizando equipamentos como: Figura 3 – Trado manual Fonte: Wikimedia Commons Figura 4 – Cavadeira articulada Fonte: Wikimedia Commons 11 UNIDADE Fundações As escavações manuais são utilizadas em obras com baixo valor de orçamento ou pouco volume de escavação, onde não é necessário a alta eficiência de escava- ção e movimentação de terras encontradas nos equipamentos mecânicos. As escavações mecanizadas são realizadas por equipamentos de médio e grande porte, que precisam ser escolhidos conforme o volume de serviço necessário a ser realizado em determinado prazo, contando o tamanho do seu terreno e se o orça- mento cobre o custo desse tipo de equipamento. Podemos realizar as escavações e movimentações de terra mecanizadas com os seguintes equipamentos: Figura 5 – Mini-escavadeira Fonte: Getty Images Figura 6 – Mini-escavadeira Fonte: Getty Images Figura 7 – Retroescavadeira Fonte: Getty Images As fundações diretas e indiretas seguem as diretrizes da ABNT NBR 6122:2010 – Projeto e execução de fundações, norma que orienta todo o cuidado necessário para a realização do projeto e dimensionamento de uma fundação, e a atenção ne- cessária para as etapas construtivas de uma boa fundação. Vejamos algumas etapas: • Em planta, as sapatas isoladas ou os blocos não devem ter dimensões inferio- res a 60 centímetros; 12 13 • Em fundações de divisas deve-se utilizar profundidades superiores a 1,5 me- tros, evitando que fundações de construções diferentes possam provocar efei- tos entre elas; • Todas as partes superficiais das fundações (diretas ou indiretas) em contato direto com o solo (sapatas, vigas de equilíbrio, vigas baldrames etc.) devem ser concretadas sobre um lastro de concreto não estrutural, evitando que a funda- ção tenha contato direto com o solo. As fundações diretas podem ser construídas a partir de diferentes métodos cons- trutivos, porém sempre serão realizadas utilizando o concreto armado, sendo então obrigatório o cumprimento à ABNT NBR 6118:2013 – Projeto de estruturas de concreto – procedimento. Alguns tipos de fundações diretas que podemos utilizar são: sapatas, vigas baldrames, broca e radier. A escolha de cada um desses métodos construtivos precisa ser analisada em conjunto com o projeto de estruturas (superestrutura), cargas, posição do pilar e o entorno das minhas fundações, anali- sadas sempre de maneira isolada. Sapatas As sapatas são fundações rasas mais utilizadas devido às suas características. Esses elementos possuem diversos formatos e podem ser construídos conforme a necessidade da obra, a disposição dos pilares e a localização da fundação em relação ao terreno. A transferência das cargas dessa fundação para o solo ocorre apenas em sua base, que funciona como uma laje e, em geral, possuem uma base com área muito superior ao pilar em que ela está apoiando, distribuindo melhor as cargas em uma região maior de solo. As sapatas podem ser: sapata isolada, sapata corrida, sapata associada, sapata com viga alavanca. Sapata Isolada Esses elementos são construídos recebendo apenas um pilar em seu topo e tra- balham de maneira isolada e independente dos outros elementos. Sapata Isolada: http://bit.ly/36yKnqI Ex pl or As sapatas isoladas são utilizadas quando os pilares se encontram longe o sufi- ciente para que não haja sobreposição entre elas, assim o construtor irá construir uma sapata por pilar. Sapata Associada As sapatas associadas, basicamente, são múltiplas sapatas que são conectadas e que formam uma única sapata. Isso ocorre devido à proximidade entre os pilares, ou devido ao solo possuir baixa resistência e necessitar de uma base muito grande 13 UNIDADE Fundações para a transferência de carga. Nesse elemento estrutural temos uma única sapata que recebe dois ou mais pilares. Pi la r Viga Bal dram e Térr eo Figura 8 – Exemplo de Aplicação de uma sapata associada e duas sapatas isoladas Sapata Corrida As sapatas corridas são utilizadas quando o elemento que ela apoia possui gran- des dimensões (linearmente) em uma das direções, como uma parede ou um pilar parede, ou uma carga distribuída qualquer. Esse tipo de fundação é conhecido por possuir grandes dimensões horizontais e precisa ser construída sob todo o elemen- to que irá carregá-la, já a transferência de cargas continua sendo pela região da base em contato com o solo. Construção de um Sapata Corrida: http://bit.ly/2Ck1nU0 Ex pl or Sapata com Viga Alavanca As sapatas com vigas alavancas são utilizadas na construção de fundações junto às divisas dos empreendimentos. Devido à incapacidade de se construir uma sa- pata no formato convencional, o construtor constrói metade de uma e os centros geométricos da sapata não coincidem com o do pilar, fazendo um giro (momento fletor). Quando a tendência de giro é muito grande, a estrutura tende a se desesta- bilizar, e, para se evitar isso, essa sapata será conectada a outra por meio de uma viga alavanca. A viga alavanca irá forçar um giro contrário ao giro do pilar sobre a sapata, estabilizando a ambos. Para que isso seja possível, a viga também precisa ser dimensionada para que não sofra ruptura durante a vida útil da fundação. 14 15 1 – Elemento de Fundação Ex: Estaca A – Solo com capacidade de carga 1 1 A Figura 9 – Sapata com viga de equilíbrio Radier Os radiers são as fundações mais baratas disponíveis no mercado, devido a não ser necessário grandes escavações e ao método construtivo ser relativamente simples. Esse elemento estrutural pode ser facilmente comparado a uma laje con- vencional, já que sua construção é feita a partir da montagem do lastro de brita ou concreto magro, formas laterais, posicionamento das armaduras e a concretagem. Radier: http://bit.ly/32mTffN Ex pl or Nos radiers, por terem a mesma filosofia de uma laje,a espessura do elemento é dimensionada para combater todos os esforços de flexão provocados pelos car- regamentos distribuídos das alvenarias e pontuais dos pilares. Em fundações onde 70% da área é ocupada por sapatas, o ideal é a utilização de radiers. Em casos onde a espessura do radier seja muito grande, ou haja um alto consumo de concreto, o ideal é partir para outro tipo de fundação. Vigas baldrames As vigas baldrames são fundações utilizadas para ligar um elemento de fundação ao outro, diminuindo as movimentações isoladas e mantendo o sistema com os menores recalques possíveis. Elas geralmente são construídas sob as alvenarias para serem suporte, além da função de diminuir a movimentação vertical das fundações. 15 UNIDADE Fundações Viga Beltrame: http://bit.ly/36Cl0Ey Ex pl or Discutimos até aqui as fundações diretas e suas principais funções, resumida- mente, podemos realizar as seguintes afirmações sobre esses elementos: • A capacidade de transferência de carga depende da área da sua fundação; • O solo precisa possuir grande resistência superficial, ou seja, nos primeiros três metros, para que seja apoiada nossa edificação; • A combinação dos dois itens anteriores irá definir a viabilidade ou não desse tipo de fundação. Fundações Indiretas As fundações indiretas são elementos de custo elevado em relação às fundações diretas e precisam ser realizadas utilizando equipamentos de grandes dimensões, sendo geralmente realizadas por empresas terceirizadas. Por definição, as funda- ções indiretas são aquelas em que é necessário apoiar sua estrutura em camadas mais fundas de solo, geralmente profundidade superior a 3 metros. Esse tipo de fundação difere das diretas não só pelo modo e execução, mas também as formas como as cargas são transferidas são bem diferentes. As fundações indiretas distri- buem as cargas pela ponta da estaca e pelo atrito lateral entre o solo e o elemento. Bulbo de tensões Sobreposição de tensões Figura 10 – Exemplo de fundação indireta – Ecivilnet As fundações indiretas podem ser realizadas utilizando diferentes tecnologias e métodos construtivos; todos eles possuem diferenças entre si e devem ser escolhidos conforme as dificuldades do local para cada uma das estacas. A maneira como fun- 16 17 ciona cada uma delas é semelhante, porém o método de cravação da estaca no solo difere nos seguintes quesitos: • Equipamentos necessários; • Níveis de vibrações e ruídos; • Espaço necessário; • Resistência da estaca; • Material utilizado; Estaca Strauss As estacas Strauss costumam ser as mais economicamente viáveis quando o as- sunto é fundação profunda. Esse tipo de estaca é concretado in loco, sendo criadas para substituir as estacas de concreto pré-moldado, que produziam muitas vibra- ções na hora da cravação. O modo de escavação utiliza um equipamento simples e de pequeno porte, composto de um guincho, um tripé e uma roldana fixa no topo e um pilão na ponta; o próprio equipamento realiza a escavação e a compactação do solo. As estacas Strauss são a tecnologia com menor capacidade de carga entre as estacas aqui apresentadas, porém possuem muito espaço no Brasil devido a seu custo e baixa complexidade de execução, exigindo equipamentos pequenos e po- dendo facilmente ser cravadas próximo de divisas. Os grandes problemas da estaca Strauss são sua baixa produção e a necessidade de desmontar e remontar o equi- pamento a cada mobilização, tornando o processo mais lento. Outro grande contra é o fato de trabalhar com água, gerando muita lama no local de escavação. Estaca Strauss: http://bit.ly/2Yilb4f Ex pl or Estaca Franki As estacas Franki são as estacas com grandes capacidades de carga e, seme- lhantes às estacas Strauss, também são moldadas no local. Porém, não existe uma escavação prévia e uma peça de concreto é cravada com golpes de pilão até alcan- çar a profundidade correta. Confira o método simplificado nesse vídeo: https://youtu.be/bGv8f-Vaczk Ex pl or Apesar de ser uma estaca muito interessante, por conseguir ter alta capacidade de transferência de carga – seja pontual, seja lateral – essa estaca produz muita vibração durante a cravação do elemento até se formar o bulbo. A vibração pode produzir gran- des prejuízos aos lotes lindeiros como: trincas, quebras de vidros e, dependendo da 17 UNIDADE Fundações situação, até a ruína da estrutura. Estudos durante a cravação precisam ser realizados para garantir que não haverá a subida de estacas já cravadas devido à força do impacto do pilão ao solo. O ideal, sempre antes da execução desse tipo de fundação, é a realização de um Laudo de Vizinhança, no qual são apontados o estado de diversas casas e edifica- ções previamente, garantindo assim que se saiba os reais danos ocasionados pela realização de sua edificação. Em geral, esse tipo de edificação não é utilizado em grandes centros urbanos ou em regiões com grande aglomeração de construções. Estaca Hélice Contínua As estacas Hélices Contínuas são estacas totalmente escavadas e posteriormente concretadas. Esses elementos possuem alta capacidade de carga e podem ser rea- lizados em grandes dimensões, sendo boas fundações para edifícios mais pesados. Esse método consiste na escavação do solo por meio de uma enorme broca hé- lice acoplada em um grande equipamento. Em todos os pontos onde haverá estaca deverá ser feito um ponto de sondagem procurando rochas ou matacões, elementos esses que podem quebrar a broca e perder o furo. Uma vez que a hélice chegue à profundidade de projeto, o concreto é bombeado por um furo central, para que seja realizada a fundação. Enquanto a concretagem vai acontecendo, o solo escavado vai sendo retirado. Caso a hélice seja retirada antes da concretagem, pode haver a desestabilização do solo e perda do furo por desmoronamento. Estaca Hélice Contínua: http://bit.ly/2YkT3x8 Ex pl or As vantagens desse tipo de fundação é a ausência de vibrações, sendo a tecnolo- gia ideal para grandes centros urbanos e terrenos com bom espaço interno, devido às grandes dimensões dos equipamentos. Estaca Metálica As estacas metálicas são estacas cravadas no solo sem que haja escavação pré- via. Esse tipo de fundação é composto de perfis I ou H, ou perfis retirados de trilhos de trem, que são cravados ao solo utilizando um enorme martelo acoplado a um equipamento semelhante ao da Estaca Hélice Contínua. Equipamento cravando estacas metálicas: http://bit.ly/33mJRdn Ex pl or Essas estacas possuem alto valor de execução devido à locação do equipamento e ao material de utilização, porém possuem alta produtividade, o que acelera o prazo da obra, podendo se tornar a opção mais econômica à longo prazo. Essas estacas podem ser cravadas, assim como as estacas Strauss, em diferentes etapas 18 19 da obra, e, por não produzirem grandes vibrações, não afetam aos lotes lindeiros e não danificam a própria obra que está sendo construída. Estaca Barrete As estacas barrete são as tecnologias mais atuais quando se fala em fundações profundas. O sistema de construção é semelhante ao de uma parede diafragma, porém utilizamos como uma estaca, atingindo profundidades maiores. Esse tipo de tecnologia é construído utilizando-se grandes equipamentos, conhecidos como clamshell, nos primeiros metros, podendo depois ser substituídos pela hidrofresa: Veja como é feita a escavação de uma barragem com esse tipo de equipamento. Disponível em: https://youtu.be/6TY3-0gluEYEx pl or A vantagem desse tipo de estaca é a grande profundidade de escavação, sem provocação de vibrações, e a possibilidade de ultrapassar os lençóis freáti- cos, possibilitando a construção de grandes empreendimentos em terrenos com presença de águas dentro da faixa de nossa fundação. Outro ponto alto dessa tecnologia é o equipamento utilizado para a escavação, por naturalmente ser acoplado em equipamento com esteira ou rodas, o que facilita a mobilização entre as diferentes estacas. Bloco de Estacas Os blocos de estacassão parte das fundações indiretas, porém eles não transmi- tem as cargas ao solo, apenas fazem a ligação entre os pilares e as estacas. Em ge- ral, todas as fundações profundas são compostas por mais de uma estaca por pilar, onde cada uma irá descarregar uma parte de toda a carga concentrada recebida. Esses blocos precisam ser dimensionados em sua geometria para que possam distribuir todas as tensões de maneira uniforme nas diversas estacas em que elas estão se apoiando, garantindo assim que não haja recalques diferenciais entre as diversas estacas. Os recalques podem ocorrer entre as estacas de um mesmo bloco ou de blocos entre blocos. Blocos de coroamento das estacas: http://bit.ly/2rY5Qd3 Ex pl or Os blocos de estacas precisam ser projetados mantendo-se uma distância entre as diversas estacas que nela estão conectados, evitando que haja sobreposição dos diferentes bulbos. Os bulbos são regiões onde o solo recebe as cargas de uma de- terminada estaca, e, caso duas ou mais estacas estejam descarregando suas cargas naquela mesma região, teríamos um somatório de todas essas cargas que pode ser maior que a resistência do próprio solo, apresentando então patologias. 19 UNIDADE Fundações Bulbo de tensões Sobreposição de tensões Figura 11 – Bulbos Misturando Tecnologias Em uma mesma edificação podemos ter o uso de diferentes tecnologias e téc- nicas construtivas para nossas fundações, porém todas as escolhas precisam ser estudadas na etapa de projeto para que não haja patologias devido às diferentes características das nossas fundações. As fundações rasas também formam bulbos, porém bem menores e que podem se sobrepor entre elas ou na combinação de fundações rasas com profundas, então é necessário que sejam analisados todos os elementos de maneira isolada e a com- binação do posicionamento entre eles. As características particulares de cada uma das tecnologias como: transferência de carga devido a atrito lateral, atrito de ponta, material confeccionado, dimensões utilizadas, método de confecção ou cravação, faz com que cada um desses mate- riais influencie mais ou menos, ou seja, podem formar bulbos maiores ou menores. Então, todos esses detalhes precisam ser analisados para que se evite recalques diferenciais entre fundações ou até recalques isolados devido ao comportamento diferenciado entre os materiais e técnicas. 20 21 Quando Optar por uma ou por Outra Fundação? A escolha de uma fundação, seja o método construtivo ou a tecnologia que ire- mos utilizar, precisa ser avaliada sempre pelo projetista sob diversos critérios, como: • Financeiros; • Logísticos; • O entorno da edificação; • Prazo; • Perfil topográfico do terreno; • Tipo de solo; • Análise das diferentes camadas via teste SPT. As fundações podem representar uma parcela significativa do orçamento, sendo que quanto mais profundo é necessário chegar, mais cara acaba ficando sua obra. Após analisar todos os quesitos, sempre irá se partir para as fundações diretas (rasas), porém dependendo do tipo de solo e de sua capacidade de transferência de carga, precisaremos alcançar camadas mais profundas para estabilizar nossa estrutura. Em geral, as fundações são pensadas nessa ordem: • Execução de radier; • Execução de sapatas; • Execução de estacas Strauss; • Execução de outros tipos de estacas. Uma boa escolha de fundações irá impactar positivamente no custo e no prazo da obra, facilitando a execução dos construtores e minimizando ao máximo as pos- síveis patologias que possam aparecer devido a esses elementos. Lembrando que: o tipo de fundação é escolhido majoritariamente a partir do perfil de sondagem e das cargas atuantes dos pilares. Então, se o nosso possuir alta capacidade de transferência de carga, podemos utilizar fundações rasas em edifícios de múltiplos andares, caso contrário, é possível ter que utilizar fundações profundas até na cons- trução de um sobrado. Recalques e Demais Patologias As principais patologias encontradas nas fundações são ocasionadas devido ao recalque do terreno, ou seja, deformações pontuais que ocorrem na base da funda- ção e que acabam afundando mais uma parte do que outras. Segundo Velloso & Lopes (2004), os efeitos de recalque nas estruturas podem trazer diferentes danos, de acordo com as classificações abaixo: 21 UNIDADE Fundações • Danos estruturais: são os danos causados à estrutura propriamente dita (pila- res, vigas e lajes); • Danos arquitetônicos: são danos quanto à estética da edificação como: fissuras, trincas, quebra de vidros, quebra de revestimentos etc.; • Danos funcionais: ocorrem devido ao desaprumo da edificação causando: quebra de tubulações, empenamento de caixilhos e esquadrias, desaprumo dos elevadores etc. Durante o processo de acomodação de uma estrutura no solo, recalques são recorrentes e possuem uma tolerância para que sejam considerados admissíveis. Os recalques podem ser admissíveis dependendo do que está sendo construído ali, ou do uso da edificação, dessa forma, cada caso precisa ser avaliado em caráter particu- lar. Um período de 5 anos após a finalização da construção é considerado a faixa de tempo que uma estrutura leva para melhor se acomodar no terreno, nesse período é comum o aparecimento de pequenas patologias com danos arquitetônicos. Figura 12 – Torre de Pisa Fonte: Wikimedia Commons A Torre de Pisa é a mais famosa construção que sofreu de um projeto equivoca- do de fundações praticado em um solo com baixa resistência. Essa edificação so- freu de um recalque maior de um lado do que de outro; a diferença entre as alturas é chamada de recalque diferencial. Logo após o término da construção, durante o período de acomodação, a edificação começou a se inclinar durante os anos, che- gando ao valor máximo de 5,5°. Após intervenções, a construção foi estabilizada com uma inclinação de 3,99°. Edificios Inclinados na cidade de Santos em São Paulo: http://bit.ly/36BntyZ Ex pl or 22 23 Na cidade de Santos, foram contabilizados um total de 65 edifícios construídos nas décadas de 50 e 60 que começaram a recalcar durante o seu período de aco- modação. Essas edificações foram construídas utilizando fundações profundas de 10 metros, porém, devido à grande presença de água, o solo se estabilizou muito abaixo do que foi esperado. Alguns edifícios chegaram a ter desaprumo entre sua base e o topo de mais de dois metros. Atualmente, devido a intervenções, os edi- fícios se encontram aprumados e não aparentam em nada com o que é visto na figura anterior. Prédios tortos de Santos: como eles estão hoje? | Cimento Itambé: http://bit.ly/2PkHKkH Ex pl or As trincas e rachaduras resultantes do recalque diferencial são conhecidas por suas inclinações de 45° e geralmente são profundas. Essas trincas ocorrem devido às forças cortantes/axiais que atuam nas vedações e elementos estruturais, reali- zando um efeito de “rasgo”, conforme a próxima figura: Rachaduras devido ao recalque diferencial: http://bit.ly/2Nl1OU9 Ex pl or Nos efeitos dos recalques diferenciais precisam ser realizadas intervenções es- truturais sérias para que haja a solução do problema. Em geral, não acaba sendo necessário a intervenção do empreendimento, porém, caso o a estrutura se mante- nha recalcando poderá ser necessário a evacuação, interdição, estudos e depois as intervenções estruturais. Importante! Agora já conhecemos as principais tecnologias que envolvem as fundações, sejam rasas ou profundas. Conhecemos as principais aplicações e as patologias que podem surgir quando executadas de maneira errada, ou quando são dimensionadas erroneamente. Os principais fatores que precisamos entender é a maneira como escolhemos nossas fundações a partir dos critérios: • Resistência do solo nas diversas camadas; • Cargas atuantes dos pilares; • Fatores econômicos; • Fatores logísticos; • Tamanho do terreno; • Vizinhança. Esse é o conteúdo da nossa unidade, com o que vimos até aqui já podemos pré-dimen- sionar algumas estruturase elementos estruturais. Em nossos próximos conteúdos iremos conhecer as estruturas metálicas e de madeira. Em Síntese 23 UNIDADE Fundações Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Leitura Noções básicas de Fundações http://bit.ly/2PbjjWM Fundações Rasas ou Superficiais http://bit.ly/366zNq4 Patologia das Fundações http://bit.ly/2riCcyX Análise das patologias nas fundações oriundas de recalque diferencial através de um estudo de caso SAMPAIO, G. B. Análise das patologias nas fundações oriundas de recalque diferencial através de um estudo de caso. Construindo, v. 9, n. 2, p. 16-26, 2018. http://bit.ly/2rgaLWF Patologia das Fundações: Estudos de Caso MARINHO, R. P. Patologia das Fundações: Estudos de Caso. Revista On-Line IPOG, 13ª Edição, n. 12, vol. 01/2017. 2017. http://bit.ly/389ca1I 24 25 Referências DIAS RIBEIRO, T.; HERZER QUINTANA, L. Patologias das fundações. Observatorio de la Economía Latinoamericana, n. 200, 2014. Texto completo em: <http://www.eumed.net/cursecon/ecolat/br/14/patologias-fundazoes.hmtl>. FALCONI, F.; CORRÊA, C. et al. Fundações: Teoria e Prática. 3. Ed. São Paulo: Ed. Oficina de Textos, 2016. PEREIRA, C. Tipos de fundações. Escola Engenharia, 2017. Disponível em: <https://www.escolaengenharia.com.br/tipos-de-fundacoes/>. Acesso em: 2 de setembro de 2019. ________. Fundações Rasas ou Superficiais. Escola Engenharia, 2017. Disponível em: <https://www.escolaengenharia.com.br/fundacoes-rasas/>. Acesso em: 2 de setembro de 2019. VELLOSO, D.; LOPES, F.; Fundações – Volume 1: Critérios de Projeto, Investigação do Subsolo, Fundações Superficiais. 2 ed. São Paulo: Ed. Oficina de Textos, 2004. ________.; ________.; Fundações – Volume 2. 2 Ed. São Paulo: Ed. Oficina de Textos., 2004. 25
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