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1 ÍNDICE APRESENTAÇÃO.........................................................02 CRIAÇÃO DO MUNDO.................................................03 GÊNESES..................................................................05 DEFINIÇÃO DE ORIXÁ.................................................14 TABELA DOS ORIXÁS..................................................16 ESTRUTURA DO SER ESPIRITUAL.................................17 UNIDADE DO SER HUMANO.........................................19 MENSAGEM DO CABOCLO PERY...................................25 MEDIUNIDADE...........................................................26 MEDIUNIDADE DE INCORPORAÇÃO..............................28 HISTÓRIA DA UMBANDA.............................................40 HISTÓRIA DO HINO DA UMBANDA...............................47 ENTIDADES NA UMBANDA... .......................................51 EXU E SUAS INTERPRETAÇÕES....................................65 UMBANDA X INDIVIDUALIDADE...................................79 FUNDAMENTOS DA UMBANDA .....................................80 SACERDÓCIO NA UMBANDA........................................85 FONTES DE PESQUISA................................................92 2 APRESENTAÇÃO Saravá a todos. O objetivo deste curso é estudar a religião de Umbanda e compreender seus fundamentos com discernimento, ética e consciência. Nossa proposta é oferecer recursos para que a formação religiosa seja equilibrada e consciente. Abordaremos a magia desse projeto chamado Umbanda pela ótica humana e racional. Não trataremos de fórmulas ou efeitos mágicos. Apresentaremos a Umbanda com o pé no chão e na realidade que alcançamos sem a pretensão de esgotar o estudo. Umbanda sem mistérios é um convite para se libertar de conceitos ingênuos, infantis e muitas vezes equivocados que se encontram presentes em nossos terreiros. Estudaremos sobre a realidade humana com toda sua complexidade de ser, compreendendo com mais propriedade os relacionamentos com nossos guias espirituais e os limites que há entre o mundo material e espiritual. Nosso estudo abordará também sobre as leis naturais que regem a vida e o amor divino que oferece constantemente o resgate de nossa essência através dos trabalhos espirituais que as entidades na Umbanda realizam. Deus-Pai nos comunica de diversas formas e a Umbanda é um modo brasileiro de seu fraterno amor se expressar. Sejam bem vindos. Mãe Márcia Moreira O material organizado nesta apostila é resultado de pesquisas, estudos, leituras e experiências reunidas em 30 anos de compromisso e prática mediúnica umbandista. O conteúdo deve ser divulgado desde que as fontes sejam citadas. Outras informações: mae.marciatte@gmail.com mailto:mae.marciatte@gmail.com 3 CRIAÇÃO DO MUNDO A pergunta que acompanha toda a humanidade em todos seus tempos. “De onde venho o que sou e para onde vou?” TEORIA DA RETRAÇÃO EM SI – No início, num princípio sem princípio, onde nossa linguagem não alcança um sentido exato, existia o TUDO, o TODO. Numa visão religiosa DEUS. Num ato de retração de si mesmo, Deus cria o nada, o espaço e numa explosão de si (teoria do big-bang) ou no pulsar do seu desejo, são lançadas milhões de partículas e após o resfriamento vai se unindo e assim formando as moléculas e posteriormente os elementos e consequentemente a Teoria da Evolução. “O Big Bang, também por vezes denominada em português como a Grande explosão, é a teoria cosmológica dominante do desenvolvivmento inicial do Universo. Os cosmólogos usam o termo "Big Bang" para se referir à ideia de que o Universo estava originalmente muito quente e denso em algum tempo finito no passado e, desde então tem se resfriado pela expansão ao estado diluído atual e continua em expansão atualmente. A teoria é sustentada por explicações mais completas e precisas a partir de evidências científicas disponíveis e da observação. De acordo com as melhores medições disponíveis em 2010, as condições iniciais ocorreram por volta de 13,3 a 13,9 bilhões de anos atrás. Georges Lemaître propôs o que ficou conhecido como a teoria Big Bang da origem do Universo, embora ele tenha chamado como "hipótese do átomo primordial". O quadro para o modelo se baseia na teoria da relatividade de Albert Einstein e hipóteses simplificadoras (como homogeneidade e isotropia do espaço). As equações principais foram formuladas por Alexander Friedmann. Depois Edwin Hubble descobriu em 1929 que as distâncias de galáxias distantes eram geralmente 4 proporcionais aos seus desvios para o vermelho, como sugeridos por Lemaître em 1927. Esta observação foi feita para indicar que todas as galáxias muito distantes e aglomerado de galáxias têm uma velocidade aparente diretamente para fora do nosso ponto de vista: quanto mais distante, maior a velocidade aparente. Se a distância entre os aglomerados de galáxias está aumentando hoje, todos deveriam estar mais próximos no passado. Esta idéia tem sido considerada em detalhe volta no tempo para as densidades e temperaturas extremas e grandes aceleradores de partículas têm sido construídos para experimentar e testar tais condições, resultando em significativa confirmação da teoria, mas estes aceleradores têm capacidades limitadas para investigar em tais regimes de alta energia. Sem nenhuma evidência associada com a maior brevidade instantânea da expansão, a teoria do Big Bang não pode e não fornece qualquer explicação para essa condição inicial, mas sim, que ela descreve e explica a evolução geral do Universo desde aquele instante. As abundâncias observadas de elementos leves em todo o cosmos se aproximam das previsões calculadas para a formação destes elementos de processos nucleares na expansão rápida e arrefecimento dos minutos iniciais do Universo, como lógica e quantitativamente detalhado de acordo com o nucleossíntese do Big Bang. Fred Hoyle é creditado como o criador do termo Big Bang durante uma transmissão de rádio de 1949. Popularmente é relatado que Hoyle, que favoreceu um modelo cosmológico alternativo chamado "teoria do estado estacionário", tinha por objetivo criar um termo pejorativo, mas Hoyle explicitamente negou isso e disse que era apenas um termo impressionante para destacar a diferença entre os dois modelos. Hoyle mais tarde ajudou consideravelmente no esforço de compreender a nucleossíntese estelar, a via nuclear para a construção de alguns elementos mais pesados até os mais leves. Após a descoberta da radiação cósmica de fundo em 1964, e especialmente quando seu espectro (ou seja, a quantidade de 5 radiação medida em cada comprimento de onda) traçou uma curva de corpo negro onde muitos cientistas ficaram razoavelmente convencidos pelas evidências de que alguns dos cenários propostos pela teoria do Big Bang devem ter ocorrido." GÊNESES GÊNESE1 NAGÔ-YORUBÁ - Olodumare, Senhor Supremo dos Nossos destinos, também chamado de Olorum, Senhor do céu, é Deus, o Ser Supremo, para a cultura africana nagô de língua yorubá. A vontade de Olorum se manifesta através das suas divindades, os Orixás. Olorum pediu ao Orixá Obatalá, também conhecido como Oxalá, que criasse os homens. Obatalá os criou a partir do barro e logo percebeu que, apesar de lhes ter dado uma forma, eles não tinham vida. Então consultou Olorum e expôs o problema.E Olurum assim lhe dirigiu a palavra: - Preste atenção! Chegando perto do corpo humano inerte, de barro, soprou o Hálito Divino, a Essência. Este sopro animou e deu vida ao que antes era só barro, só a forma, sem a Essência que é o sopro Divino. GÊNESE CATÓLICA - O Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra, e inspirou-lhe nas narinas um sopro de vida e o homem se tornou um ser vivente. (Bíblia). GÊNESE ISLAMICA -“Vou criar um homem de argila seca, de barromaleável, e quando o tiver modelado e nele soprado de Meu espirito, prostrai-vos diante dele” (O Alcorão). 1 Gênese – origem da criação do mundo. 6 FILOSOFIA DE BUDA - Buda estava reunido com seus discípulos certa manhã, quando um homem se aproximou. -Existe Deus? Perguntou e Buda respondeu – Existe. Depois do almoço, aproximou-se outro home e quis saber – Existe Deus? Buda disse, Não, Não existe. No fim da tarde, um terceiro homem fez a mesma pergunta; -Existe Deus? Buda respondeu – Você terá que decidir. Mestre que absurdo, disse um dos discípulos – Como o senhor dá respostas diferentes para a mesma pergunta? -O iluminado responde – Por que são pessoas diferentes e cada uma delas se aproximará de Deus à sua maneira, através da certeza, da negação e da dúvida. (Paulo Coelho, do livro Maktub). Concluimos que existem várias interpretações e explicações sobre Deus e a criação do mundo. O assunto não se esgota e até hoje tanto as ciências da cosmologia e da teologia não encontraram uma resposta pontual sobre o assunto. Cada religião, cada cultura parte de uma teoria para desenvolver seus conceitos de fé e religiosidade. GÊNESE UMBANDISTA2 - O príncipio é DEUS – OLORUM - é energia, luz, magnestismo. Não é masculino nem feminino. Está além da questão de pai e mãe. Transcende nessa questão de paternidade e maternidade. É o divino Criador de tudo que existe e está em tudo o que criou. E nós como toda a vida existente, somos herdeiros de sua essência, somos energia, luz e magnetismo. Os orixás são em si mesmos, as qualidades divinas manifestadas pelas individualizações do Divino Criador, ou seja, é a manifestação de Deus por meio de uma de Suas qualidades divinas. Vibram diretamente no ori de cada pessoa e com muita intensidade no cosmos e na natureza. Orixá significa Ori = cabeça; Xá = luz, força. A palavra Orixá quer dizer “cabeça iluminada, força da cabeça, luz da cabeça”. A essência de orixá é pura luz de Deus. Orixá na Umbanda não é divindade embora existam muitas casas com fortes influências de cultos afros que se relacionam como as interpretações dos mitos africanos. 2 Conceito elaborado de acordo com as explicações dos mentores da egrégora Oxalá nos uniu. 7 Essa energia em que qualificamos e organizamos como orixás estão sob a lei natural da criação, ou seja, tudo está em movimento constante de evolução. Dentro da lei natural está a lei do livre-arbitrio e a lei da ação e reação. Leis sagradas para a Umbanda. Transcrevo abaixo uma reflexão do nosso irmão Milton Lopes Teixeira3. “Esses dias passei por uma situação que me fez pensar um pouco sobre o destino. Íamos visitar uma pessoa da familia que estava muito mal na UTI de um hospital. Era quase certo que ela não sobreviveria aos próximos três dias. E falávamos sobre a situação, de como era injusta a doença para esta mãe, nova, boa pessoa.... Até que surgiu a expressão de consolo “é...é a vontade de Deus”. Daí pensei: mas como assim, “é a vontade de Deus”? Será que o destino de nossa irmã estava traçado? Será que nossa vida não passa de um filme cujo roteiro fazemos apenas interpretar? Será que, não importa o que façamos, o resultado será sempre o mesmo? Será que a situação dela não poderia ser outra? Será que não ocorrera um erro médico? Será que o tratamento fora o mais adequado? Será que ela teve acesso aos medicamentos mais indicados? Será que foi tudo no tempo devido? Desses questionamentos, decorreu logicamente pensar em livre arbitrio Temos realmente livre-arbitrio? Ele é absoluto ou relativo? Basicamente, sobre este assunto existem três posições possíveis: 1 – O determinismo 2 – O livre-arbitrio absoluto 3 – e um misto dos dois, o Livre-arbitrio relativo Então, resolvi fazer uma pequena pesquisa sobre o tema, para ver como a humanidade tratou deste assunto ao longo da historia. 3 Texto extraído do livro Exu – O poder organizador do caos p 8 Para os Vedantas4, haveria um plano traçado, mas que seria aberto à mudança pelo agir. Para os estoicos5, o futuro seria tão inalterável quanto o passado portanto , zero de livre-arbitrio. No Epicurismo6, tudo que existe seria o caos, tudo é obra do acaso, muito semelhante ao pensar do Existencialismo de Sartre, segundo o qual “acreditar em um futuro com cartas marcadas equivaleria a escapar da responsabilidade de tomar decisões”, o que redundaria em última análise, em um mundo sem sentido, vazio, triste. Para o Cristianismo, a crucificação de Jesus fazia parte dos planos divinos, que se cumpriram com a traição de Judas, que, neste caso, estaria predestinado a ser mau. Para Calvin, Deus escolheu de antemão os que se salvam e os que não se salvam. Para o Vaticano e a teologia muçulmana, o livre-arbitrio seria uma peça necessária à responsabilidade moral. Para as doutrinas e religiões reencarnacionistas, mormente o Espiritismo, bem resumidamente falando, o livre-arbítrio seria o fundamento da condição humana, posto que nossa evolução espiritual decorreria diretamente das escolhas que fazemos em cada encarnação. Viríamos para esta vida com um plano traçado, normalmente com a nossa participação, para que possamos passar por aqueles situações que nos dariam a oportunidade de acertar velhas diferenças, velhas dificuldades, velhas dívidas. E, para tanto, esse plano nos colocaria no local mais adequado, na condição social mais necessária, na familia mais afim, no país cultural que precisamos, no copo mais útil... Tudo pensado para que possamos eliminar nossos débitos pretéritos e agir positivamente em prol de nossa evolução espiritual em cada 4 Vedanta é o nome do estudo realizado a partir do final dos Vedas, que deu origem ao conceito popular de autoconhecimento. Na sua etimologia o termo vedanta possui dois significados: “aquilo que se encontra no final dos Vedas”, pois “anta” em sânscrito significa “fim” ;e também, “o conhecimento final”. 5 O estoicismo foi uma linha do pensamento filosófico grego surgida no século III a.C. Era pensamento central dos estóicos o desenvolvimento do autocontrole, a busca pelo afastamento das emoções destrutivas e a manutenção da vida sem excessos. O homem sábio é aquele que obedece à lei natural, 6 Epicurismo. Epicuro dividiu sua filosofia em três áreas: lógica, física e ética. Para ele, apenas o verdadeiro conhecimento, obtido por meio dessas três partes, poderia levar o homem a seu objetivo natural: o prazer. Publicidade. Epicuro (c. 341-270 a.C.) Filósofo grego. 9 encarnação. Mas será que dá tudo certinho? Será que nós agimos como foi planejado? Será que os outros agem de acordo com o planejado para nós e para eles? Enfim, este plano reencarnatório interfere de alguma forma no nosso livre-arbitrio? No meu modo de ver, e de acordo com o que podemos interferir da própria literatura, pode ocorrer de tudo: pode ser que o plano seja alcançado total ou parcialmente; pode ser que o espírito recaia nas mesmas circunstâncias negativas e tenha que voltar para outra tentativa. Ou seja, na prática o que existe é uma probabilidade de que o plano venha a se cumprir, mas não certeza. Este plano também poderia ser chamado de Darma, que decorre do Carma, que é palavra de origem sânscrita que pode ser conceituada como o conjunto das ações individuais e coletivas, que , pela ação da Lei de ação e reação, vai gerar as suas consequências. É uma decorrência natural do exercício do livre-arbítrio. O carma é composto por muitas linhas divergentes e conflitantes decorrentes das diversas ações harmônicas e desarmônicas que cometemos do passado. A linha de tendência resultante de todasessas múltiplas ações aponta numa determinada direção e assume um determinado propósito alinhado com a ordem divina do Universo e de nossa vida em particular. Essa direção ou plano é o Darma. Para atingirmos o nosso darma, temos de navegar nas “ondas” revoltas do carma, até que essas ondas estejam todas alinhadas e não exista mais diferença entre o carma e o darma. Mas nem tudo é colheita do carma. Longe disso. Há inúmeros erros novos sendo plantado o tempo todo. Há centenas de milhares de novas injustiças sendo cometidas pela primeira vez. Mas também há inúmeros acertos e boas ações sendo praticadas pela primeira vez. Todos esses desequilibrios e equilibrios terão que ser reparados e compensados a seu devido tempo. Um dos princípios fundamentais da filosofia esotérica ensina que, através da lei da reencarnação, todo o esquema da natureza funciona e evolui de modo perfeitamente justo. Este axioma da 10 sabedoria eterna necessita ser examinado com bom senso. De fato, todo o esquema de natureza é justo. Disso não há a menor dúvida. Mas ele é justo no sentdo de que faz perfeita justiça em cada um dos seus momentos vistos isoladamente. Neste sentido, muito interessante é a observação do Dr. J.Graig Venter acerca da interpretação do DNA, publicada no livro “Uma vida decodificada”: Não se pode definir uma vida ou qualquer vida com base apenas no DNA. Sem entender o ambiente no qual as células ou a espécie existem, é impossivel entender a vida. O ambiente do organismo é, em última análise, tão único quanto seu código genético”. O que significa isso? Que até o DNA – o plano genético do nosso corpo – pode ser influenciado pelo ambiente, que é um somatório de tudo que nos rodeia, e se alterar, ou seja, ter um resultado prático diferente do plano. O que dizer, então, do nosso plano reencarnatório ou darma? Como podemos acreditar em determinismo? Penso que o mais sensato é acreditar que vivemos um Livre- arbitrio relativo. Por que relativo? Porque vivemos uma vida de relação social em que o resultado que buscamos é influenciado por muitas coisas que não estão sob nosso controle, que dependem de diversas alternativas e que não são certezas, apenas probabilidades. Temos livre-arbítrio e somos seres sociáveis inseridos numa rede de causas e efeitos muito maior do que podemos controlar e prever.” A Umbanda desde o seu anúncio através do Caboclo das 7 encruzilhadas vem se organizando e de certo modo eliminando os exageros (inclusive de oferendas) em relação ao culto aos orixás. Muitas “complicações” nas interpretações e formas de culto aos orixás são provenientes da própria limitação humana. Basta recorrecorrermos as entidades da Umbanda para perceber a simplicidade dos ritos e obrigações. 11 Interagir X Intervir por mãe Márcia Moreira Como mãe no santo, sacerdotisa de Umbanda, vejo um comportamento comum entre muitos filhos na fé como também dos assistidos, que buscam em nossas casas ajuda para suas vidas de forma equivocada. Isso acontece até mesmo com aqueles que recebem orientações ou formações da doutrina umbandista. As entidades também sempre ensinam e aconselham a respeito, porém a maioria não acolhe e não aprende como deveria. Vamos tentar aprender? A Umbanda é uma religião que respeita o livre arbítrio, porém nossa liberdade está condicionada a outra lei maior chamada Lei Natural, ação e reação, onde toda a forma de vida existente no universo está integrada. Sendo assim a Umbanda é uma religião espiritualista, que se relaciona com o sagrado através dos Orixás e com a incorporação de entidades comprometidas com a lei da caridade. Na Umbanda somos chamados e acolhidos a se relacionar com esses canais de espiritualidade que desenvolvem em nós a capacidade de interagir com o mundo material e espiritual e suas diversidades. Interagindo, harmonizamos nossas energias e nossas emoções. Adquirimos um sentido de vida que se lança para o além do imediato. Construímos identidade e confiança de que tudo está em seu lugar. De que a existência do caos nada mais é do que parte do processo de evolução. Se há problemas, há também discernimento, sabedoria e disposição para resolver cada um deles no seu tempo e sem dramatização. As entidades de Umbanda estão ali para nos aconselhar, nos guiar, mas cada um tem que viver, se construir com seus próprios passos. No entanto, muitos buscam a Umbanda de forma equivocada. Intervém no processo natural da vida, ordenando que suas vontades e necessidades sejam atendidas. Buscam casas e entidades que trabalham com a barganha, com a negociação. Alinham-se num processo vicioso de consumismo espiritual, não se importando de onde se está tirando desde que seja atendido. Essas pessoas adquirem também um sentido para a vida. Uma vida de insatisfação, de insegurança e de infelicidade. Desarmonizam-se com a naturalidade de sua essência e se afastam de entidades comprometidas com a evolução. Consequentemente, as insatisfações são maiores e os trabalhos espirituais mais exigentes de objetos e dinheiro. Essa é a essência da Umbanda? É caridade? E você como vive a Umbanda em sua vida? Interagindo ou intervindo? 12 Seguindo dessa forma o entendimento de Deus sendo energia, força, potência de energia presente no universo, apresentamos abaixo a constituição de forma gráfica da movimentação dos Orixás e suas origens: OXALÁ OGUM OXOSSI XANGÔ OMULU IANSÃ IEMANJÁ OXUM DEUS OLORUM NANÃ BURUQU E 13 Essa organização apresentada acima se refere à manifestação dos orixás em atividades realizadas numa engira ou gira7 de Umbanda. Portanto, Oxalá não se encontra na relação dos orixás básicos e não rege diretamente o ori. Considerado orixá maior, Oxalá é a energia crística8 oriunda de Deus-Olorum. Sua frequência vibracional esta acima dos orixás básicos. É a essência de Deus unida a toda sua criação. Na Umbanda, quando evocamos os orixás, incorporamos os chamados enviados, falangeiros ou representantes (espíritos que vibram exclusivamente os elementos correspondentes ao orixá). Os orixás se interagem ou manifestam individualmente de acordo com a gira realizada. Cada orixá possui um campo de atuação. Abaixo algumas de suas funções: - Oxalá: energia criadora, Amor. - Oxossi: energia vital a saúde física, expansiva e agregadora. - Ogum: energia impulsiva, determinação e organização. - Xangô: energia racional, discernimento e metodologia. - Omulu: energia regenerativa, transmutadora e evolutiva. - Oxum: energia emocional, geração e protetora. - Iemanjá: energia maternal, familiar e dominadora. - Iansã: energia da verbalização, dos movimentos e mudanças. - Nanã Buruquê: energia da interioridade, ancestralidade, identidade (herança). 7 Termo usado que significa: sessão de umbanda, trabalhos espirituais. 8 Energia do amor cósmico. 14 DEFINIÇÃO DE ORIXÁ Orixá é potência da Luz de Deus. Na Umbanda não “incorporamos” o Orixá, mas sim os seus enviados9. Visto que Orixá é energia divina que manifesta através da força da Natureza criada por Deus. Orixá é a energia do vento, do sol, das águas, da pedreira, etc. Portanto não podemos incorporar isso tudo, mas sim os seus enviados que por questõesde similitude vibratória estão representando essas forças. Saudação de Orixá OXALÁ: êpa babá (olá, com admiração e espanto ao ancestral dos ancestrais) OXÓSSI: okê arô (autoridade o rei que fala mais alto ou salve o rei que é aquele que fala mais alto) OGUM: patacori Ogum iê (salve Ogum, cabeça coroada) XANGO: kaô kabecilê (venham ver, admirar, saudar o rei da casa) OXUM: ora aie eu (salve menina cuidadosa, salve rainha Oxum) IANSÃ: epa hei oya ( salve oya, mãe dos nove espaços de orum) YEMANJÁ: odoia ou odociaba (mãe das águas) NANÃ: saluba Nanã (nos refugiaremos da morte com Nanã) ATOTÔ: atotô (silêncio) A saudação aos Orixás ou linhas de trabalho na Umbanda tem a função de nos auxiliar na sintonia vibracional. São mantras que verbalizados de forma vibrante evocam e preparam determinados Orixás ou linhas de trabalho para o ritual sagrado. Também é fundamento ritualístico que auxilia na organizaçao dos participantes. 9 Espírito que manipulam exclusivamente os elementos que corresponde a determinado Orixá. 15 Outras saudações Saravá10 = salve ou viva, correspondendo a uma saudação umbandista de muita positividade e sacralidade e deve ser pronunciada com reverência e solenidade. Pedido de benção as entidades = louvar a presença daquela entidade sagrada que se manifesta. Pedido de benção ao sacerdote11/ pai ou mãe no santo = é pedir a benção da egrégora espiritual que vibra no ori do sacerdote/ pai ou mãe no santo. Salve a sua coroa = saudação feita entre irmãos. Refere-se à saudação de todas as entidades e Orixás que manifestam em seu ori. 10 Do livro Memórias da Umbanda no Brasil (Ronaldo Linares/ Diamantino Trindade). O escravo banto precisou adaptar a sua língua ao Português. Era difícil pronunciar a letra L. Acabava dobrando a vogal. Então a palavra SALVE tornou-se SALAVE e depois SALAVA o que acabou gerando SARAVÁ. 11 O sacerdote/pai ou mãe no santo representa o congá vivo. (nota: mãe Márcia Moreira). 16 17 ESTRUTURA DO SER ESPIRITUAL Apresentar o vídeo sobreo corpo espiritual. http://www.youtube.com/watch?v=8Mf-qBFO9dI A partir do vídeo que assistimos podemos entender a dimensão do ser espiritual que somos, onde tudo envolve energia, magnetismo. Somos responsáveis pelas energias que atraimos e doamos. Desta forma é preciso que haja mais observação pelos lugares que frenquetamos, pela qualidade de energia em nossa casa e em nossas relações. O vídeo também nos mostra o quanto viajamos em desdobramento astral durante o nosso sono. O corpo físico descansa, porém nosso espírito continua em atividade plena, portanto, o momento de dormir é Sagrado tanto para o corpo quanto ao espírito. Tendo agora essas informações que haja mais cuidado e preparo para uma boa noite de sono. Que se aproveite ao máximo as energias disponibilizadas; o corpo recebendo um bom descanso e o espírito se desdobrando para ser educado, corrigido e orientado. Para aqueles que estão comprometidos em um trabalho espiritual, a qualidade do descanso é essencial para que haja melhor aproveitamento no serviço, nos atendimentos e nas correntes energéticas. Algumas dicas para um descanso saudável; - não dormir com televisão ou rádio ligado. - tomar um copo d‟agua na hora de se deitar. - deitar com roupas confortáveis e limpas. - o quarto deve ter o menos possível de objetos. - eliminar as preocupações (se for o caso, faça um exercício de respiração para diminuir a ansiedade). - oração (que cada um busque à sua maneira o que mais lhe agrada para alcançar um bom descanso). http://www.youtube.com/watch?v=8Mf-qBFO9dI 18 Sugestões de oração ou mentalização: - Oração para a paz do sono: Senhor! Agora que me preparo para o repouso do meu corpo físico, rogo que ele permaneça sob Tua proteção, Oh meu Deus! Que o meu espírito liberto, durante o sono reparador, possa encontrar-se com os bons espíritos e que estes possam amparar-me e instruir-me. Se porventura Senhor, algum irmão errante se aproximar de mim, que ele seja conduzido para um portal de luz para que seja socorrido amorosamente. Rogo-te meu Deus, para que durante esta liberdade provisória, o meu espirito se encontre com os bons e possa com eles compartilhar benéficos momentos. Permita, oh Senhor, que o meu anjo guardião e os espiritos protetores, de mim se aproximem e tragam-me esclarecimentos, paz e luz. E que no despertar do meu corpo fisico, meu espirito conserve as recordações dos ensinamentos obtidos com os benfeitores da espiritualidade colocando-os em prática no meu cotidiano Assim seja! - Mentalização de GRATIDÃO: Verbalizar ou mentalizar a gratidão pelo dia, pelo alimento, pelo lar que abriga o seu corpo e pelas oportunidades de aprendizado que terás enquanto descansa. - Pedidos de BENÇÃOS: Pedir bençãos a Deus, aos Orixás, aos pais (mesmo que estejam desencarnados), as entidades, guias e mentores espirituais. 19 O Ser Humano Como Unidade Bio-psico-sócio-espiritual12 O ser humano é uma unidade, com características próprias que o identificam como tal. Essa noção de ser um todo não exclui a verdade de ter partes componentes. O ser humano está situado dentro de um contexto que o abriga, o envolve que o influencia e é por ele influenciado. Faz parte de uma rede de relações com o universo. Portanto, o homem pode ser visto como um todo, uno e, ao mesmo tempo, como parte de um todo maior que o reveste. Quando se estuda o homem é preciso não desvinculá-lo de seu habitat, de seu contexto, de sua malha de relações. Por outro lado, enfocado como uma unidade, queremos propor ver o homem em algumas dimensões que o tornam único e diferentes dos outros seres. Enfocaremos o homem nas usas dimensões biológica, psicológica, social e espiritual. A dimensão biológica refere-se aos aspectos físicos do corpo: anatomia, a fisiologia, os sistemas musculares, digestivo, ósseo, hormonal, respiratório, as funções e disfunções dos diversos órgãos, a inter-relação desses sistemas. As necessidades fisiológicas estão aqui incluídas. A dimensão psicológica refere-se aos aspectos ligados à personalidade do ser humano, manifestada no comportamento motivado por instâncias conscientes, pré-conscientes e inconscientes. Incluem-se nesta dimensão o pensamento, a memória, os raciocínios, o contato e a expressão de sentimentos, emoções, desejos, vontades, necessidades de segurança, de autoestima, de realização. A dimensão social diz respeito aos aspectos ligados à vida em grupo, enfocando os fatores econômicos, políticos, ideológicos e culturais. Esta dimensão inclui, necessariamente, a interação e, consequentemente, todos os fenômenos que acontecem na interação 12 http://www.osentidodavida.com.br 20 entre pessoas e grupos. As necessidades de associação, de uma vida social estão aqui incluídas. A dimensão espiritual relaciona-se ao sentimento de pertencer ao mundo, de ser uma parte do Universo, à noção da existência de forças maiores que o entendimento não pode ou tem dificuldade de aprender; é uma dimensão que ultrapassa a matéria tal como a conhecemos. É uma noção interna de transformação da forma de vida conhecida para outro plano que é intuído, mas nem sempre claro para as pessoas. A espiritualidade pode ser desenvolvida através de alguns caminhos entre os quais a religião, a meditação, a reflexão, o esoterismo, a ação. Uma vez entendido que o homem existe nessas dimensões, isso quer dizer que suas necessidades, sua satisfação e seu funcionamento estão dentro dessas dimensões. O tempo inteiro o homem está se comportando segundo a junçãodessas dimensões. Elas não existem isoladas. Você não pode isolar o aspecto biológico do psicológico, por exemplo. Essas dimensões estão interligadas e funcionam como vasos comunicantes. As emoções têm uma ligação direta com o aspecto físico. As descargas de adrenalina na corrente sanguínea são uma mostra de que o psicológico tem repercussão no biológico. As tensões causadas pelo social, pelo econômico também têm influência nos aspectos biológicos e psicológicos. O contato com a espiritualidade pode, igualmente, ter consequências nas demais dimensões. A saúde vai, então, permear todas essas dimensões. É o equilíbrio dinâmico entre esses aspectos, difícil no mundo de hoje de ser obtido, que guiará a saúde do ser humano. A harmonização dos nós (pontos de intersecção) dessa rede em que se situa o homem será sempre o indicador de saúde: sentir-se bem por estar vivo, sentir-se útil e produtivo, com a consciência em paz, sentir fazer parte de um todo e capaz de se entregar à fluidez da vida. 21 Todo e qualquer ser humano tem algo em comum: o desejo de ser feliz. Tudo o que ele faz está relacionado à busca da satisfação deste desejo. Uns mais outros menos, mas todos buscam. Para que se criem condições onde a felicidade seja uma realidade é preciso uma definição para felicidade que nos possibilite a autoanálise, a análise do próximo, do ambiente ou da situação e, consequentemente, a tomada de decisões adequadas. O destino do ser humano é a evolução. Todo o universo está em constante evolução e o ser humano não é uma exceção. Não existe uma realidade absoluta comum a todos. A realidade é relativa, depende do observador e do contexto. É preciso aprender a se ver, a ver o mundo e a interagir com ele. Para entender o ser humano e preciso considerar suas diversas facetas: Homem material – o seu foco é a sobrevivência e a sua expressão é o instinto. Homem racional – o seu foco é o sentido para as ações e sua expressão é o motivo. Homem espiritual – o seu foco é a perfeição espiritual e a sua expressão é a intuição. Homem emocional – o seu foco é a felicidade e a sua expressão são as emoções e os sentimentos. Homem camaleão – o seu foco é a facilidade e sua expressão é um personagem. O homem possui necessidades, as quais consciente ou inconscientemente, busca atender durante toda a sua vida promovendo assim a sua evolução: Liberdade e Segurança – são as necessidades mais básicas do homem. Ter – o homem busca ter tudo aquilo que lhe garanta uma sobrevivência mais satisfatória. Ser – o homem busca a evolução do Eu, a autoestima, a sabedoria e a transcendência. Amar – o homem busca a evolução espiritual, o desapego do Eu, e se doa ao próximo e a natureza. 22 Na busca da satisfação de suas necessidades, o homem sofre a influência do próximo e a evolução se dá por: Competição – o individuo mais primitivo é essencialmente competitivo, ele se comporta como quem luta com o próximo pela sobrevivência, mesmo quando está em jogo. Cooperação – com a evolução o individuo percebe que obtém melhores resultados com a cooperação com outros que tenham os mesmos interesses. Doação – nesta etapa mais avançada do processo evolutivo o indivíduo busca o bem do próximo, o bem coletivo. Com a evolução há uma mudança no foco de interesse conforme as seguintes sequências: 1ª Fase 2ª Fase 3ª Fase Material Racional Espiritual Individual Grupo Todo Ter Ser Amar Competição Cooperação Doação A imperfeição é apenas uma faceta do livre arbítrio. O mundo como criação é perfeito e a felicidade, consequentemente, esta ao alcance de qualquer um, independentemente do estágio de sua evolução. A vida é uma caminhada solitária e infinita ao longo da qual vão se sucedendo as oportunidades para a satisfação de suas necessidades. Felicidade é o estado de satisfação do indivíduo com a sua evolução, com o atendimento das suas necessidades de segurança, liberdade, ter, ser e amar. Em qualquer situação, para que haja condições para ser feliz basta o indivíduo reduzir os seus desejos para 23 um patamar compatível com a capacidade real de atendê-los com ações de sua própria iniciativa, sem depender do próximo. Na evolução rumo à perfeição está o sentido da vida, a razão de existir do ser humano. O destino de cada pessoa é promover a própria evolução e a do ser humano como espécie e, em decorrência do livre arbítrio, cabe a ela decidir como esta evolução se dará. O mundo é simplesmente belo e ao mesmo tempo simples e complexo. É de uma grandeza assustadora. Tem uma capacidade ilimitada de se recriar. Nada criado pelo homem é ou será suficientemente belo ou perfeito quando comparado à natureza. Reconhecer a perfeição do universo é uma questão de bom-senso, de humildade. EVOLUÇÃO – o destino do ser humano é a evolução. Tudo evolui, não existe um momento igual ao outro. A cada instante as pessoas mudam e muda o contexto. Todo o universo está em constante evolução e o ser humano não é uma exceção. O foco da evolução do ser humano é a perfeição, o estado de paz total, de ausência de tensões, de plenitude. As pessoas têm uma necessidade natural de evolução, de crescimento. Elas precisam apenas ser apoiadas e motivadas para a obtenção dos melhores resultados. O ser humano tem três modos de evoluir; - Pela aceitação – deixar a vida fluir naturalmente. - Pela ação – fazer acontecer, participar ativamente do processo, buscar o conhecimento e exercer o livre-arbítrio. - Pela omissão – a pessoa não deixa a vida fluir naturalmente e nem busca o conhecimento necessário para o exercício do livre-arbítrio. Deixa a evolução por conta do destino. Evoluir não é uma opção, é o destino do ser humano e a evolução se dará pela ação ou pela aceitação, pelo amor ou pela dor, pelo sofrimento ou pelo esclarecimento. Pelo sofrimento e pela dor, a 24 evolução será baseada na culpa, no medo e na insegurança. Portanto, a arte de evoluir consiste em aprender a se ver, a ver o próximo, a ver o mundo e a interagir com eles. É preciso conhecer para compreender, é preciso compreender para aceitar, é preciso aceitar para amar. Todas essas dimensões e complexidades acima apresentadas nos direcionam para uma reflexão do que somos em nossas particularidades e do que exigimos seja da vida, das pessoas que nos cercam e de nossa fé. Perdemos muito tempo na ilusão, no comodismo e no próprio simplismo de nossas vidas. Nossas entidades, guias e mentores abraçam a grandiosa missão de nos inspirar, despertar e nos tirar desse marasmo “progresso” como incansáveis obreiros da luz. Embora eles tenham conhecimento de toda complexidade que nos cercam, cabe a cada um de nós realizarmos nosso movimento de evolução, abençoado por Deus e pelos Orixás13. 13 Nota: mãe Márcia Moreira 25 Importante e Essencial - Caboclo Pery – 24/01/2006 Viver é importante. Viver bem é essencial. Ser honesto é importante. Ser honesto consigo mesmo e com os outros é essencial. Perceber é importante. Compreender a percepção é essencial. Lutar é importante. Lutar por uma causa justa é essencial. Ser médium é importante. Ser um bom médium é essencial. Cada um sabe de si e tende a julgar os outros por critérios que favorecem a si mesmos. Ser justo é importante. Não julgar é essencial. No caminho que vocês escolheram, já era sabido por todos, haverão espinhos, mas haverão flores também. Se vocês permitirem que os espinhos sejam mais importantes do que as flores, certamente se cansarão do caminho. Decidir é importante. Perseverar é essencial. A responsabilidade pesa maneiras diferentes para cada um, pois ela está de acordo com as aspirações de caridade de cada um. Fazer caridadeé importante. Ser caridoso com o irmão é essencial. Os trabalhos não estão aumentando, vocês é que estão se capacitando para trabalhar mais. Ser médium é importante. Estar disponível verdadeiramente é essencial. É essencial ser bom médium, ser caridoso, ser perseverante, não ser juiz e ser honesto. É essencial saber e ter a certeza de que esta é a Casa que irá atender os seus ideais. Caso tenha dúvidas, medite sobre isso sinceramente, busque auxílio nas entidades que trabalham com você. Mas faça isso em silêncio! Ouça o seu coração! Se lhe for verdadeiro lhe dará a resposta. Importante é estar aqui. Essencial é estar aqui e somente aqui. Importante é que estar aqui seja importante para você. Essencial é que estar aqui seja essencial para você. Importante é ser da Casa. Essencial é Ser A Casa. 26 MEDIUNIDADE - INTRODUÇÃO Pergunta: Todos somos médiuns? Resposta: Todos os seres humanos são médiuns, sem exceção! A palavra médium tem origem no Latim e significa “meio”. Meio de comunicação entre o mundo espiritual (onde vivem os espíritos) e o mundo material (onde vivemos). Mediunidade é a capacidade de intermediar entre duas realidades. A mediunidade é nata em todos os seres humanos. É um dom do espírito. Na Umbanda também intermediamos realidades da natureza (Orixás, elementos).14 A mediunidade pode ser Natural ou de Prova “Mediunidade Natural” é a mediunidade decorrente da conquista de valores morais e evolução espiritual. Nessa situação o médium é um missionário em meio aos homens e tem sempre como objetivo a pratica da caridade e a eliminação de seus defeitos. “Mediunidade de Prova” é aquela em que os homens sob a misericórdia Divina passam a ter intercambio com os espíritos guias e dessa forma, passam a ressarcir seus débitos kármicos do passado. Esse é o tipo de mediunidade da esmagadora maioria dos médiuns, sejam eles umbandistas, kardecistas, seguidores do Candomblé ou ainda, de qualquer outra religião, tendo em vista que o fenômeno mediúnico existe em todas as religiões ou civilizações. Deus assim procede para que ninguém nunca possa dizer: “Não tenho fé porque fui privado do contato com os espíritos”! Os kardecistas catalogaram perto de 60 tipos de mediunidade, sendo as mais comuns a: Psicografia, Vidência, Auditiva, Intuitiva, Sensitiva, de Cura, Efeitos físicos, Incorporação... Psicografia O guia do médium envia seus pensamentos a mente do médium concentrado. Em seguida envia comandos ao sistema 14 Texto extraído do curso de Teologia da Umbanda – Alexandre Cumino. 27 nervoso do médium e passa a ter domínio sobre o braço e a mão do médium e nessa situação a escrita se desenvolve. A caligrafia é normalmente a mesma que o espírito adotava quando encarnado. Vidência Na mediunidade de vidência o médium vê e pode conversar com os espíritos, porém, esse tipo de vidência é raro, o mais comum é a vidência momentânea situação em que podemos ver os espíritos em frações de segundo. Auditiva Na mediunidade auditiva o médium ouve as vozes dos espíritos, mas não ouve com os ouvidos e sim, com a mente.O médium ouve a comunicação como se fosse um pensamento, mas ouve com timbre, onde pode distinguir um espírito masculino ou feminino, se ele está irritado ou se o espírito comunicante é amigo. A obsessão utiliza largamente esse meio para atingir seus desafetos. Intuitivos,inspiração ou irradiação Na intuição um espírito amigo (ou inimigo), envia sugestões através de seus pensamentos ao médium. Cabe ao médium ter discernimento nessas comunicações a fim de não cometer erros. A intuição pode muito nos ajudar, mas se a fé for cega poderá ser perigoso. “A obsessão faz uso dela amplamente”. Sensitivos Os sensitivos quando adestrados e desenvolvidos corretamente são muito úteis, principalmente em reuniões em que não estão presentes os videntes. São capazes de perceber vibrações nas pessoas, objetos, plantas, animais e ambientes, mas a principal característica é sentir a presença dos espíritos e suas vibrações, como exemplo; “Se são bons ou maus”. Curadores Este gênero de mediunidade consiste, principalmente, no dom que possuem certas pessoas de curar pelo simples toque, pelo olhar, mesmo por um gesto, sem o concurso de qualquer medicação. Existe logicamente a necessidade de elevada espiritualidade para que esse tipo de médium atinja seus objetivos. Efeitos físicos Por intermédio desse tipo de médium, os espíritos podem causar manifestações no nosso mundo físico. Podem 28 movimentar objetos de grande porte se materializarem e serem palpáveis ao toque físico. Utilizam para tanto os fluidos do médium conhecido como “ectoplasma”. Para realização das sessões de materialização são necessários além da forte concentração de todos os presentes, das orações preliminares e do ambiente totalmente escuro. Mas em alguns casos espontâneos existem registros dessas manifestações em qualquer ambiente e sem preparo algum. O fenômeno ficou conhecido como “Mesas girantes”. Desdobramento ou projeção astral também conhecido como viagem astral é o ato de sair do corpo material com seu corpo perispiritual para realizar tarefa no astral. Psicometria é uma leitura do registro astral e temporal que fica em cada objeto revelando seu histórico. Xenolalia falar em uma língua e todos entenderem em suas línguas. Glossolalia expressões de êxtase pelo ato de orar, falar em línguas celestiais. MEDIUNIDADE DE INCORPORAÇÃO A mediunidade de incorporação é a modalidade principal na Umbanda. Muito mais que simples mecânica de transmitir mensagens dos espíritos por nosso aparelho vocal, existe toda uma caracterização no médium incorporado por uma entidade de Umbanda, pois eles trazem todo um conjunto de trejeitos que identifica a qual linha pertence (preto-velho, caboclo, baiano...)e qual o tipo de trabalho que realizam15. Mediunidade de incorporação é transmitir mensagens dos espíritos por nosso aparelho vocal, expressar corporalmente a característica e personalidade desse espírito, vivenciar sua energia e sentimentos no mais intimo do seu ser. É uma vida em seu corpo e com ela toda a bagagem de sua história que transcende ao tempo e espaço. As 15 Trecho extraído do texto de Pai Rodrigo Queiroz. 29 entidades se apresentam a nós de forma integral e total de seu SER. É uma interação profunda com toda nossa limitação física, emocional e psicológica. Embora haja preparos por parte do médium (banhos de ervas, jejum de carnes, bebidas alcoólicas e sexo, e outros preceitos) as entidades equalizam suas energias para se moldar a nossa energia para que ocorra a incorporação, porém, o seu SER é incorporado em sua totalidade. Portanto, o médium é o templo vivo do seu guia. “Não somos loucos, somos médiuns16”. A pessoa quando começa a manifestar espíritos, quando começa a incorporar, ela começa pensar que esta ficando louca até descobrir que não é louca e sim, é médium. Zélio de Moraes quando começou a manifestar espíritos, foi encaminhado para um tio que era médico, o Dr Epaminondas. Era médico de um hospício e não encontrou diagnósticos de loucura. Adiante Zélio também foi exorcizado por padres. Quem esta de fora e olha para um médium incorporado pode pensar “Esta todo mundo louco varrido. Ajoelhados....., engatinhando no chão.......”. A mediunidade era considerada como histeria no final do século XVII. Graças a Allan Kardec (Hippolyte Léon Denizard Rivail) e sua pesquisa cientifica é que a mediunidade foi classificada. Entregar-se a algo maior do que você é um ato de loucura para muitos, é pular em um despenhadeiro para o desconhecido. No inicio a incorporação é praticamente um salto rumo ao desconhecido. “Incorporar” é entregar-se a algomaior do que você, não tem outra maneira de incorporar, é um ato de entrega”.17 O grande medo de todo médium que inicia sua caminhada na Umbanda é o da incorporação consciente. Nove entre dez médiuns sentem-se inseguros em suas primeiras incorporações. É muito comum ouvirmos frases do tipo “Eu vejo tudo, não posso estar em transe”. A culpa dessa dúvida que assola nossos terreiros é dos próprios dirigentes que não esclarecem aos iniciantes como é esse 16 Frase de Pai Ronaldo Linares 17 Texto extraído do curso de Teologia da Umbanda – Alexandre Cumino. 30 processo e dos irmãos mais antigos que insistem em dizer que são totalmente inconscientes, talvez para valorizar a sua (deles) mediunidade ou com medo de serem tachados de mistificadores. Acalmem-se todos! Há muitos anos as entidades deixaram de usar a inconsciência como fator preponderante para o bom trabalho exercido pelo médium. Muito pelo contrário, hoje sabemos que noventa e cinco por cento dos médiuns são conscientes ou semiconscientes. A inconsciência completa é muito raro e pouquíssimas vezes revelada, justamente para não causar essa insegurança tão presente em nossa religião. Pensemos no exemplo da água misturada ao açúcar. Quando adicionamos um ao outro teremos um terceiro liquido inteiramente modificado, mas com ambos os elementos nele. Assim se processa a incorporação, a mente do médium aliada à energia gerada pela entidade que se aproxima , unem-se em perfeita harmonia e conseguem, utilizando os conhecimentos de ambos, um trabalho mais compacto e correto. Não se acanhem em dizer que são conscientes, pois a insistência dessa postura pode levá-los a falhas que aí sim, darão margens à suspeitas de mistificação. Nos primeiros anos da Umbanda havia a necessidade da inconsciência, os médiuns tinham vergonha de entregar-se ao trabalho sem reservas. Como deixar que um espírito se arrastasse pelo chão falando como criança? Ou ainda sentasse em um banco com um pito na boca? Eram atitudes que assustariam o médium e o levariam a afastar aquela entidade. Com a evolução constante da lei, todos conhecem perfeitamente as capas fluídicas que nossas entidades usam e não existe mais a necessidade delas esconderem de seus médiuns a forma com que se apresentam. O cuidado a se tomar nos terreiros cabe aos dirigentes com informação e doutrina abundante para que o velho fantasma da insegurança se afaste de vez de nossas casas. 31 DINÂMICA DA INCORPORAÇÃO Em nosso corpo físico existe um eixo que vai do chakra coronal ao chakra básico, passando por todos os chakras, acompanhando a espinha dorsal. O corpo espiritual ou seja, nosso perispírito, nosso corpo astral está alinhado com nosso corpo espiritual. Quando um espírito se aproxima para a incorporação, ele utiliza de uma técnica chamado acoplamento áurico, ou seja, ele se conecta e utiliza do nosso mental. É através da nuca que a entidade incorpora, quando a aura do espírito encontra com a nossa aura. Quando há nesse encontro, essa interpenetração áurica, quando o campo magnético e áurico desse espírito entra em contado com o nosso campo magnético e os dois se unem, é que se tem aquele choque de incorporação. A reação deste choque será um movimento rápido se o médium estiver pronto para esta entrega, consciente deste ato ou será algo brusco se o médium resistir ou estiver inseguro para a incorporação. Três palavras que definem o ato da incorporação; PARCERIA – o médium não sai do seu corpo, ele continua junto com a entidade. É por isso que ele vê e ouve. A diferença é que vendo e ouvindo se permanece quieto para que a entidade se manifeste. Para que uma parceria aconteça é fundamental ter CONFIANÇA e não há confiança e parceria se não houver ENTREGA. Quando se tem esses três elementos presentes encontra-se uma boa mediunidade de incorporação consequentemente com bons resultados. Bons resultados não são efeitos físicos, mas o que desperta, inspira de bom naquele que esta sendo atendido. Mediunidade de incorporação assim como todas as mediunidades são dons do espírito e não da matéria. Compõe a essência do espírito. Por esta razão que muitas vezes sonhamos que estamos incorporados. Nosso espírito https://www.facebook.com/photo.php?fbid=454351644692438&set=gm.624953700886188&type=1 32 incorpora outro espírito que esta em outra vibração para que ele atenda através da comunicação um terceiro espírito que esta na mesma realidade que nós. Isso também é mediunidade, mediunidade entre duas realidades astrais18. Desenvolver mediunidade de incorporação é aprender a deixar-se manifestar através de você uma bagagem de pensamentos, sentimentos e sabedorias que você desconhece, mas que participa integralmente recebendo assim o privilégio do aprendizado se tratando de incorporação de entidades iluminadas. Quanto os espíritos poucos esclarecidos, é permitir que eles sintam suas virtudes, benevolências e comprometimentos assim doando lhes a oportunidade de se inspirarem através do seu Ser ao caminho da regeneração. Incorporar, portanto é um ato Sagrado, um dom que nos auxilia ao crescimento espiritual, a nossa evolução. Incorporar entidades aos quais chamamos de guias espirituais é permitir que se manifeste a sabedoria, os conselhos, aprendizados, correções , amparo, acolhimento. Enfim, há sempre um trabalho a ser feito por todas as partes. “Com os mais sábios aprenderemos, aos humildes ensinaremos e a ninguém renegaremos” – Caboclo das 7 Encruzilhadas Em nossos dias é comum ver terreiros de Umbanda divulgando suas festas e homenagens com as entidades incorporadas. Por muitas vezes se divulga mais festas do que comprometimentos em auxilio ao próximo. Com tanto trabalho a ser feito, tanto a se aprender, a se corrigir, tem se realmente necessidade de tantas festas? Podemos com a alegria e motivação que a Umbanda nos oferece, nos confundirmos e nos perdermos por este conceito tão prazeroso. E nessas festas, os terreiros estão sempre cheios de consulentes, a maioria presente somente nesses dias. Todos muito envolvidos e dedicados em detalhes visuais e comestíveis. Sempre tem aquele médium que providencia uma roupa nova, mais bonita mas quase ou 18 Trecho extraído do curso Teologia de Umbanda – Alexandre Cumino. 33 nunca não se habilita a renovar a pintura e manutenção de sua casa, ou do banquinho do seu Preto-Velho. Sempre encontram condições para adquirir algo novo para os festejos mas quando se trata da colaboração mensal e as necessidades básicas da casa a colaboração é inexistente. Sendo a incorporação um ato Sagrado de doação, expor a simples prazer ou vaidade é banalizador. Pelo caminho da fé se banaliza muitas vezes sem perceber. Por esta razão nossa fé necessita de aprendizado constante, amadurecimento e consciência da responsabilidade para que na escola da vida mediúnica possamos abandonar o playground e nos licenciarmos num sadio Ato Sagrado que é a incorporação mediúnica19. Video explicativo sobre incorporação https://www.youtube.com/watch?v=fLoEeX5JyYs MEDIUNIDADE CONSCIENTE20 Na mediunidade de incorporação consciente o Guia aproxima-se do médium e faz ligações apenas junto ao cérebro de seu médium e a ele envia seus pensamentos. Nesta situação o Guia se valerá também de outros tipos de mediunidade que o médium apresente como exemplo; a mediunidade intuitiva, auditiva, sensitiva, clarividência e outras. O Guia de um médium consciente sempre irá utilizar todos os meios que tiver ao seu alcance para ser compreendido e a mensagem ser transmitida aos seus consulentes. Neste caso o médium permanecerá consciente e notará todas as situações que ocorram no ambiente dos trabalhos e quando desenvolvido corretamentee ciente de seu papel como médium, a atuação de seu Guia aumentará gradativamente através da assiduidade do médium nos trabalhos, 19 Texto de mãe Márcia Moreira. 20 Texto do curso Teologia de Umbanda – Alexandre Cumino https://www.youtube.com/watch?v=fLoEeX5JyYs 34 situação em que o médium quanto mais assíduo nos trabalhos, mais passa a perceber movimentos dos seus braços, pernas e da boca sem o seu comando. Por ser a mediunidade de incorporação consciente, é ela que mais confusão faz na mente de um médium no inicio de sua missão, o que o faz muitas vezes duvidar das comunicações enviadas a sua mente, onde imagina estar transmitindo com suas próprias palavras as comunicações que lhe chegam à mente, o que não corresponde à realidade que vive o médium consciente quando integrado a uma corrente séria. O médium consciente quando firme e convicto de sua missão mediúnica não dá importância ao fator consciência de sua mediunidade e segue com naturalidade na sua missão, adaptando-se aos meios que seu Guia usa para se comunicar e se fazer compreendido. Mediunidade exige adestramento constante, quanto mais adestrado, menos propenso a duvidas ficará qualquer médium. Na aproximação do Guia que tenta fazer as ligações necessárias entre ele e o médium, são comuns os tremores do corpo e o aumento forte da respiração do médium, esse fato ocorre devido ao deslocamento sutil do duplo etéreo do médium. MEDIUNIDADE SEMI-CONSCIENTE21 É semi-consciente quando o Guia atua sobre o cérebro e o duplo etéreo do médium e movimenta os órgãos da fala e os membros do médium com maior facilidade e naturalidade, mas o médium poderá ter ainda em grande parte a visão do que ocorre a sua volta e percebe em grande parte o que ocorre no ambiente dos trabalhos. Nesta situação, o médium ao final da incorporação, terá vagas lembranças. A manifestação do Guia será claramente sentida pelo médium, porém, a lembrança dos fatos desaparece rapidamente, podendo-se comparar a um sonho, rapidamente esquecido. Na aproximação do Guia que tenta fazer as ligações necessárias entre 21 Texto do curso Teologia de Umbanda – Alexandre Cumino. 35 ele e o médium, também são comuns os tremores do corpo e o aumento forte da respiração do médium, esse fato ocorre pelo mesmo motivo, o deslocamento sutil do duplo etéreo do médium. Nota; muitos defendem e afirmam que possuem a mediunidade de incorporação inconsciente. Que ao incorporar, não vê e não escuta nada. As incorporações em que os espíritos deixam completamente inconscientes o médium, com tomada integral de todas as faculdades biopsicomotoras, é fenômeno raríssimo nas religiões mediúnicas. Em tempos imemoriais, foi à forma encontrada pelos espíritos para cumprirem suas missões no plano físico sem que o medianeiro pudesse interferir em suas tarefas, pois muitas pessoas não acreditavam na ação dos espíritos sobre o corpo humano e, por isto, se tivessem alguma porcentagem de consciência, acabariam por intervir, voluntária ou involuntariamente, no labor dos amigos espirituais. Com o passar do tempo, e através de um maior estudo e consequente entendimento do que ocorria, a inconsciência dos médiuns foi pouco a pouco sendo elevado à semiconsciência, fenômeno pelo qual os espíritos agem conjuntamente com a psiquê do médium, que, mesmo manifestados, sabem de quase tudo o que se passa a seu redor, inclusive que estão sob o domínio parcial de uma força externa. Este tipo de incorporação (semiconsciente) predomina quase que inteiramente nos segmentos espiritualistas, porque é a que melhor se adéqua às necessidades atuais. Através da semiconsciência há uma interação entre o medianeiro e o espírito atuante, que são doutrinador e doutrinado ao mesmo tempo. Além disto, esta espécie de incorporação faz com que o médium seja corresponsável pela mensagem transmitida por um Caboclo, Preto- velho, Exu e outras entidades. O fato é que, na mediunidade de incorporação semiconsciente, que, diga-se de passagem, também tem seus graus de variação, o espírito ao desprender-se do médium com o qual trabalha, deixa neste quase que a totalidade das informações recebidas ou transmitidas durante uma sessão. Caso 36 haja alguma necessidade, o espírito, atuando no sistema nervoso central e também no cérebro, pode fazer com que o médium deixe de lembrar de alguma coisa, mas isto é exceção. A regra é o médium lembrar-se de quase tudo que foi dito pelo espírito trabalhador. Neste sentido, muito importante é o respeito e a obediência que os médiuns devem ter para com a ética no atendimento. Infelizmente alguns médiuns que trabalham semi-conscientes insistem em dizer que não se lembram de nada depois que o espírito interventor se afasta. E o fazem por duas razões básicas: primeiro, querem dar um maior valor a sua mediunidade, dizendo: "eu sou especial porque trabalho sem consciência"; segundo, para se eximirem de responsabilidade, caso haja alguma comunicação equivocada, por influência do próprio médium, dizendo este depois: "eu sou inconsciente, quem errou foi o espírito". INCORPORAÇÕES FORA DO TERREIRO22 Esse é um tema que tenho debatido muito com os filhos-de-fé da nossa casa. Nós, umbandistas de coração, temos uma necessidade quase fisiológica de auxiliar alguém quando o encontramos em dificuldades. Quem de nós já não teve vontade de auxiliar alguém necessitado, ansioso por fazer o bem, a ponto de não aguentar esperar o dia da gira para isso? Quem nunca pensou em incorporar as suas entidades em casa, ou na casa da pessoa necessitada ou até mesmo em outro lugar a fim de auxiliar o mais breve possível? Atire o primeiro pó de pemba quem nunca pensou assim. A intenção é ótima, não resta dúvida. Mas nem sempre as boas intenções são sinônimos de bons resultados. Conheço inúmeros relatos de casos em que a tentativa de ajudar foi desastrosa para ambas as partes: para o que buscava ajuda e também para o 22 Douglas Fersan - Fonte: Lar de Preto Velho. 37 médium. "Ah, minhas entidades são fortes e minha fé é firme" - dirão alguns. Não tenho dúvidas quanto a isso. Mas pergunto: e os eguns e quiumbas que você (e suas entidades) vai encarar são fracos? Você tem noção da força deles? Lembre-se que não são apenas os "bonzinhos" que têm força e firmeza. Outro detalhe para refletir: se fosse para incorporar as entidades em casa (ou na casa do consulente), qual a necessidade de existir um terreiro, com tronqueira, congá e corrente mediúnica firmada? Se temos tudo isso num terreiro é porque lá é o lugar da incorporação e do atendimento acontecer. Se pensarmos o contrário - salvo casos de extrema necessidade - vamos fechar os terreiros e abolir os fundamentos da Umbanda, pois tudo isso passa a ser desnecessário. Mas vamos ao que realmente interessa. Dar atendimento e incorporar fora do terreiro equivale a nadar em um rio de piranhas famintas. Imagine as falanges de espíritos sofredores, zombeteiros, trevosos, malfeitores, quiumbas e energias nefastas que o acompanharão e, provavelmente ficarão em seu lar. Sensações desagradáveis como mal estar, doenças, desarmonias não tardarão a surgir. E quem é o culpado disso? As suas entidades que se deixaram incorporar em qualquer lugar? Não, elas estão sempre dispostas a ajudar independente da hora ou lugar. O culpado é você, que abriu as portas da sua vida e da sua casa para essas energias. Mais que isso... você levará problemas não apenas para sua vida, sua casa e sua família. Levará problemas também para os seus irmãos-de-fé no terreiro, pois quando lá chegar, em dias de gira, estará carregado com essas energias. E bem sabemos que uma gira funciona como uma grandeengrenagem. Quando uma das peças apresenta defeito, todo o mecanismo tende a falhar. Em outras palavras, todos os seus irmãos- de-fé sentem a baixa energia que chega na casa, e a gira tende a não correr da forma esperada. E não adianta dizer que antes de fazer o atendimento domiciliar você firmou vela para seu anjo da guarda e para sua esquerda. 38 Terreiro é terreiro. Ambiente familiar é morada de espíritos encarnados e não pronto socorro espiritual. Pense em tudo isso. Pense nos prejuízos que você pode levar a si próprio e à sua família. Lugar de manifestação de orixás e entidades é no terreiro, salvo exceções. como casos de saúde, em que o doente está totalmente impossibilitado de se locomover. O resto é vaidade do médium. E é justamente a vaidade que costuma derrubar os melhores médiuns. Respeitar essa regra é respeitar a si mesmo, é respeitar a hierarquia da sua casa, é respeitar o consulente (pois você não é detentor da verdade e não tem a certeza de que irá resolver os problemas dele), é respeitar seus irmãos-de-fé, é respeitar o nome do terreiro que frequenta e é respeitar, e é acima de tudo, respeitar os seus orixás e suas entidades. Incorporação, um dom a serviço do outro – por mãe Márcia Moreira A incorporação é um dos mais de 60 tipos de mediunidade catalogados por Allan Kardec. É um dom sagrado que nos permite relacionar com irmãos espirituais e assim aprendermos com suas experiências de vida. Através da incorporação sentimos o comprometimento espiritual de cada entidade e na entrega de nosso corpo para este encontro sagrado vamos educando nosso caráter e desenvolvendo nossas virtudes. Portanto, incorporação é um dom de SERVIÇO que envolve o médium e a entidade. Este serviço sagrado tem a função de despertar, inspirar, moldar a todos que buscam a verdade. Muitos médiuns quando chegam numa corrente de Umbanda, querem incorporar, dar passagem às suas entidades, sem antes aprender a servi-lás na função de cambono. Pensam que cambonar é atrasar o seu desenvolvimento mediúnico. Deixam a ansiedade e 39 imaginação serem os estímulos de seus objetivos. Atravessam a mensagem verdadeira da entidade, sem ao menos dar-lhes a chance de conhecê-las. É Caboclo que não é flecheiro soltando flecha, é Preto Velho que não usa a fumaça como elemento magístico, mas seu aparelho já providenciou o cachimbo, enfim, atropelam literalmente os momentos que deveriam ser encontros sagrados por pura pressa. Consequentemente se a casa não corrigir estes equivocados comportamentos, estes médiuns distanciarão do verdadeiro compromisso. Serão médiuns vaidosos, arrogantes e usuários da religião. Não estarão dispostos a estudos contínuos muito menos estar a serviço de suas entidades. Pelo contrário, terão posses de suas entidades e tenderão a trabalhar somente com aquela entidade que tem mais afinidade. Não darão oportunidades a outras entidades alegando que “a entidade não deixa outros chegarem”. E neste “desenvolvimento” desastroso acumularão mensagens e comportamentos equivocados, pois seu dom esta sendo corrompido pelo seu próprio ego. Enfim, desvirtuarão totalmente a doutrina da Umbanda, pois serão cada vez mais individuais e interesseiros. Mediunidade de incorporação não é brincadeira. Nenhuma entidade comprometida com o bem levará seu médium à exposição do ridículo e desvios morais. Entidades de Umbanda trabalham sob a lei da caridade e evolução, com ordem, disciplina e ética. 40 HISTÓRIA DA UMBANDA Reconstruir o processo histórico de formação das religiões afro- brasileiras não é, contudo, uma tarefa fácil. Primeiro porque, sendo religiões originárias de segmentos marginalizados em nossa sociedade (como negros, índios e pobres em geral) e perseguidos durante muito tempo, há poucos documentos ou registros históricos sobre elas. E, entre esses, os mais frequentes sãos os produzidos pelos órgãos ou instituições que combateram essas religiões e as apresentam de forma preconceituosa ou pouco esclarecedora de suas reais características. - casos dos autos da Visitação do Santo Oficio da Inquisição no Brasil colonial. - boletins de ocorrência feito pela policia para relatar a invasão de terreiros e prisão de seus membros, sob a acusação de praticarem curandeirismo, charlatanismo etc. - visão preconceituosa em relatos dos viajantes estrangeiros que estiveram no Brasil nos séculos passados descrevendo algumas manifestações religiosas afro-brasileiras como festas, danças, procissões. - características particulares cujos princípios e práticas doutrinárias são transmitidos oralmente. A história dessa religião tem sido feita, portanto, quase que anonimamente, sem registros escritos, no interior dos inúmeros terreiros fundados ao logo do tempo em quase todas as cidades brasileiras. Assim, a história das religiões afro-brasileiras inclui, necessariamente, o contexto das relações sociais, políticas e econômicas estabelecidas entre os seus principais grupos formadores; negros, brancos e índios. Diante das religiões afro-brasileiras como o Candomblé, Jurema, Macumba, Tambor de Mina, Xangô do Nordeste e outras, a 41 Umbanda apresenta uma peculiaridade que a diferencia das demais: enquanto os adeptos das religiosidades mais africanizadas buscam legitimar suas práticas exaltando a pureza das tradições nagô, os lideres do movimento umbandista fizeram questão de apresentá-la como uma religião brasileira. O caráter nacionalista atribuído à Umbanda contribui para um processo de legitimação que inclui também a institucionalização na nova religião23. O começo de nossa história Quando Portugal iniciou a colonização do Brasil, no inicio do século XVI, trouxe também a religião oficial: o catolicismo. A igreja católica naquele momento se encontrava em crise por parte dos reformistas e perdia adeptos para as religiões protestantes que crescia na Europa. A expansão para as Américas representou a possibilidade de ampliar a influência do catolicismo por meio da conversão dos pagãos do Novo Mundo. Para a coroa portuguesa, a evangelização dos nativos também apresentava vantagem, uma vez que a Igreja ao torná-los temente ao Deus dos cristãos deixava-os submissos aos interesses de Portugal. A Igreja no Brasil nasce com a estruturação de uma sociedade subordinada e dependente do sistema capitalista-mercantil em expansão, no qual a colônia devia abastecer a metrópole com metais preciosos e produtos agrícolas. O cultivo da cana de açúcar logo demonstrou potencial econômico, incentivando a expansão da lavoura canavieira e despertando, consequentemente o interesse também de holandeses e franceses em se instalarem no extenso litoral brasileiro. Para garantir uma colonização mais efetiva e um controle político mais intenso, Portugal instalou o Governo Geral em 1549 na capitania da Bahia, fundando a cidade de Salvador. Foi nesse período que chegaram as primeiras missões jesuíticas a fim de “domesticar” os índios que ameaçavam os engenhos de açúcar. 23 Das Macumbas à Umbanda – José Henrique Motta de Oliveira 42 A mão de obra indígena, contudo não se adaptou ao trabalho cotidiano e foi substituída pela de origem africana. Portugal era especializado no tráfico negreiro desde o século XV e não teve dificuldades de abastecer a colônia com escravos. NA ÁFRICA África é um continente imenso cercado de uma variedade de cultura. A cultura semita que deu origem ao judaísmo, também transitou por essa região. O Egito esta na África. A cultura de Orixá vem da cultura Nagô (língua yorubá) e que hoje corresponde a região da Nigéria, que era República Popular do Benin. Mais para o sul esta a região do Congo e mais abaixo Angola. Entre Congo e Angola esta uma região bem menorchamada Cabinda. Nessa grande região da cultura Nagô havia uma divisão entre nações como se fossem cidades, a nação de Keto, nação de Ijexá, Irê, Óio. Em cada cidade havia o culto de um ou outro Orixá. Em Keto, culto a Oxossi, em Oyó culto a Xangô e Iansã, em Ijexá culto de Oxum, cidade nação de Ifé considerada a cidade sagrada na cultura Nagô, onde Olorum criou o mundo por meio do Orixá Oxalá. Em ifé esta o culto de Oxalá, o culto de Odudua, e Exu esta em todos os lugares. No culto a Orixá não se mistura espíritos que na língua yorubá é chamado de Egum. Para o culto de eguns a um culto exclusivo chamado Egungun que no Brasil se estabeleceu na Ilha de Itaparica. Em Angola temos outra cultura e forma de se consagrar o sagrado, ou seja, Deus e suas divindades. A língua mais usada é o quimbundo, mas também presente vários dialetos. É na língua quimbundo que Deus se chama Zambi e as divindades são chamadas de Inquices. Os Inquices não tem problema de serem cultuados no mesmo lugar que os espíritos que na língua quimbundo é chamado de quiumba. Ao lado da Nigéria se encontra a cultura Gêge onde a língua falada é o fon e as divindades são Voduns ou Vodu. 43 São essas culturas mencionadas acima que mais influenciaram a cultura afro-brasileira e também a Umbanda. O tráfico negreiro dividiu-se em dois portos na África. - Porto costa do ouro ou costa dos escravos – porto na região da Nigéria e do norte da África – todos que vinham desse porto eram chamados de sudaneses (Nagôs e Gêges). - Porto Costa de Angola – da região de Angola, Congo, Cassange, Cambinda chamados de Bantos ou Bantu. * da cultura Gêge influência no Maranhão – Tambor de Mina e culto de divindades que são Voduns junto com o culto dos encantados. * da cultura Banto influência o Rio de Janeiro – Angola e Congo de onde se origina a Macumba (nome de uma madeira, árvore, instrumento musical feito com esta madeira, também nome de uma dança ritual na cultura Banto Angolana). Cultura Língua Divindade Sudaneses Gêge Nagô Fon Yorubá Vodun/vodu Orixá Bantos Angola Congo Quimbundo Quicongo Inquices Tátas A civilização africana considerada o berço da humanidade não possuía o esclarecimento que temos hoje da ciência, energias, forças cósmicas. Eles construíram um entendimento a partir de suas referências de vida. Construíram a mitologia dos Orixás a partir dos elementos que possuíam e entendiam. Foi no contexto de vivências humanas e na busca pelo sentido da vida que se construiu o mito. Como define Maçaneiro24 “Como filhos da terra, inseridos no tempo e no espaço, como filhos do céu somos capazes de ler e reler o 24 Marcial Maçaneiro. O labiririnto sagrado. Paulus, 2011. 44 cotidiano, a partir de experiências fundadoras de sentido, que nos remetem ao infinito e à transcendência. Daí os dois possíveis sentidos para a religião: religar e reler, do verbo latino relegere. De tal modo, mesmo apresentando variações, as vivências originárias se encontram e se confirmam nas várias religiões da humanidade. Por exemplo: em praticamente todas as religiões encontramos um rito que celebra as estações e as colheitas; nos momentos de nascimento e morte. Os símbolos variam e as divindades mudam de nome. Embora os cenários do Sagrado sejam diferentes, o sujeito que os experimenta e interpreta é o mesmo: a pessoa humana.” À medida que se registram na memória, as vivências originárias ganham expressão nos símbolos e narrativas. Da memória surgem ritos memoriais ou comemorativos, com seus sinais, períodos e movimentos próprios. No rito memorial, a pessoa rediz a vivência originária que a marcou, sobretudo com gestos cultuais que , usando ou não da expressão verbal, comunica o mistério por si mesma.” Desta forma podemos entender como os africanos começaram a construir suas percepções e experiências de forças sobrenaturais manifestadas na natureza dentro da linguagem e referência de vida que possuíam. Personificaram a potência das águas em orixás femininos, pois associaram a água a vida com virtude regenerativa, ou seja, um arquétipo gerador (útero, colheita, chuva). Associaram também água- mulher- lua e daí deriva os cultos lunares. Hoje a ciência explica a influência lunar sobre as plantações, ciclo menstrual e marés. A pedra como simbologia de fortaleza, resistência, fundação, sabedoria (associada ao seu estado de petrificação de milhões de anos). A mitologia dos Orixás não são mentiras, mas um gênero narrativo próprio da religião para expressar o sentido de ler a vida. Quando a religião africana desembarca em solo brasileiro recebe uma nova releitura e resignificação. O culto aos orixás, voduns e inquices que distinguiam nas diversas regiões africanas e 45 em seus clãs, se encontram e se unem a partir das senzalas e da situação de escravidão. Além do sincretismo entre às diversas culturas africanas, também ocorre o sincretismo com as culturas ameríndias e europeias. SINCRETISMO - consiste em unir dois ou mais valores para alcançar um terceiro valor. O sincretismo brasileiro está muito associado às culturas, pois valores de duas ou mais culturas se unem quando nasce uma nova religião. O ritual de Umbanda é marcada pela musicalidade tocada por atabaques, rezas para Santos e Orixás, uso de terços e de colares de contas (guias), a valorização da natureza com a visão do índio que adora Tupã, o uso de ervas com banhos e defumação. O sincretismo entre santos católicos e divindades serviu para encobrir o culto de orixás (e também de inquices, voduns e tatás) por escravos que não tinham a liberdade de professar sua religião. É importante entender que Orixá não é Santo e vice-versa. Portanto, o sincretismo é um processo natural quando as culturas se encontram, sejam na harmonia ou na adversidade. - O judaísmo absorveu das culturas sumeriana, babilônica, acadiana e assíria. - O Cristianismo absorveu da cultura judaica, grega e romana. - O Budismo nasce em solo hindu, e Sidarta Gautana recebe influência diferente do budismo chinês. Definimos Umbanda com influências da cultura africana, ameríndia e europeia. É uma religião brasileira onde outras culturas se encontraram para formar esta cultura. Sendo cada orixá a manifestação de uma qualidade do Criador compreendemos que a Umbanda não é politeísta (vários deuses). Dos cultos afros ela herda o caráter divino dos orixás, releu e reinterpretou dentro do contexto em que nasce. Enquanto nos cultos africanos os orixás são deuses, com seus fundamentos e preceitos individuais, dissociados um dos outros e por vezes se chocam, na 46 Umbanda os orixás se interagem, harmonizando e totalizando a criação de Olorum. Não importa o número de orixás cultuados por que a unidade religiosa está em Deus-Olorum. Dividi-los é um processo pedagógico de conhecer essas irradiações separadamente, vivênciá-las com mais consciência e conteúdo rumo à nossa humanização. Como cita Rubens Seraceni “São mistérios de Deus que na Umbanda assumem a denominação de orixás. Mas em outras religiões assumem outras denominações sem perder suas qualidades divinas e atribuições, que é regerem sobre tudo o que aqui existe, seja o meio onde vivemos, seja tudo o que vive nesse nosso meio, que é o nosso planeta.” Para entendimento de toda a formação desse projeto religioso, podemos perceber que a Umbanda nasce no momento da história humana onde as culturas se encontram em terras brasileiras. Um processo que definirá mais tarde o que foi anunciando como Umbanda. A história oficial acontece no dia 15 de novembro de 1908, quando o médium Zélio de Moraes manifestando o Caboclo das 7 encruzilhadas e uma federação espírita em Niterói-RJ, anuncia “Umbanda é a manifestação do espírito para a caridade”
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