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1 
 
ÍNDICE 
 
APRESENTAÇÃO.........................................................02 
CRIAÇÃO DO MUNDO.................................................03 
GÊNESES..................................................................05 
DEFINIÇÃO DE ORIXÁ.................................................14 
TABELA DOS ORIXÁS..................................................16 
ESTRUTURA DO SER ESPIRITUAL.................................17 
UNIDADE DO SER HUMANO.........................................19 
MENSAGEM DO CABOCLO PERY...................................25 
MEDIUNIDADE...........................................................26 
MEDIUNIDADE DE INCORPORAÇÃO..............................28 
HISTÓRIA DA UMBANDA.............................................40 
HISTÓRIA DO HINO DA UMBANDA...............................47 
ENTIDADES NA UMBANDA... .......................................51 
EXU E SUAS INTERPRETAÇÕES....................................65 
UMBANDA X INDIVIDUALIDADE...................................79 
FUNDAMENTOS DA UMBANDA .....................................80 
SACERDÓCIO NA UMBANDA........................................85 
FONTES DE PESQUISA................................................92 
 
 
 
 
 
2 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Saravá a todos. 
O objetivo deste curso é estudar a religião de Umbanda e 
compreender seus fundamentos com discernimento, ética e 
consciência. Nossa proposta é oferecer recursos para que a formação 
religiosa seja equilibrada e consciente. Abordaremos a magia desse 
projeto chamado Umbanda pela ótica humana e racional. Não 
trataremos de fórmulas ou efeitos mágicos. Apresentaremos a 
Umbanda com o pé no chão e na realidade que alcançamos sem a 
pretensão de esgotar o estudo. 
Umbanda sem mistérios é um convite para se libertar de 
conceitos ingênuos, infantis e muitas vezes equivocados que se 
encontram presentes em nossos terreiros. Estudaremos sobre a 
realidade humana com toda sua complexidade de ser, 
compreendendo com mais propriedade os relacionamentos com 
nossos guias espirituais e os limites que há entre o mundo material e 
espiritual. Nosso estudo abordará também sobre as leis naturais que 
regem a vida e o amor divino que oferece constantemente o resgate 
de nossa essência através dos trabalhos espirituais que as entidades 
na Umbanda realizam. 
Deus-Pai nos comunica de diversas formas e a Umbanda é um 
modo brasileiro de seu fraterno amor se expressar. 
Sejam bem vindos. 
Mãe Márcia Moreira 
 
 
O material organizado nesta apostila é resultado de pesquisas, estudos, leituras e 
experiências reunidas em 30 anos de compromisso e prática mediúnica umbandista. O 
conteúdo deve ser divulgado desde que as fontes sejam citadas. 
Outras informações: mae.marciatte@gmail.com 
mailto:mae.marciatte@gmail.com
3 
 
CRIAÇÃO DO MUNDO 
 
A pergunta que acompanha toda a humanidade em todos seus 
tempos. 
“De onde venho o que sou e para onde vou?” 
TEORIA DA RETRAÇÃO EM SI – No início, num princípio sem 
princípio, onde nossa linguagem não alcança um sentido exato, 
existia o TUDO, o TODO. Numa visão religiosa DEUS. Num ato de 
retração de si mesmo, Deus cria o nada, o espaço e numa explosão 
de si (teoria do big-bang) ou no pulsar do seu desejo, são lançadas 
milhões de partículas e após o resfriamento vai se unindo e assim 
formando as moléculas e posteriormente os elementos e 
consequentemente a Teoria da Evolução. 
“O Big Bang, também por vezes denominada em português como a 
Grande explosão, é a teoria cosmológica dominante do 
desenvolvivmento inicial do Universo. Os cosmólogos usam o termo 
"Big Bang" para se referir à ideia de que o Universo estava 
originalmente muito quente e denso em algum tempo finito no 
passado e, desde então tem se resfriado pela expansão ao estado 
diluído atual e continua em expansão atualmente. A teoria é 
sustentada por explicações mais completas e precisas a partir de 
evidências científicas disponíveis e da observação. De acordo com as 
melhores medições disponíveis em 2010, as condições iniciais 
ocorreram por volta de 13,3 a 13,9 bilhões de anos atrás. Georges 
Lemaître propôs o que ficou conhecido como a teoria Big Bang da 
origem do Universo, embora ele tenha chamado como "hipótese do 
átomo primordial". O quadro para o modelo se baseia na teoria da 
relatividade de Albert Einstein e hipóteses simplificadoras (como 
homogeneidade e isotropia do espaço). As equações principais foram 
formuladas por Alexander Friedmann. Depois Edwin Hubble descobriu 
em 1929 que as distâncias de galáxias distantes eram geralmente 
4 
 
proporcionais aos seus desvios para o vermelho, como sugeridos por 
Lemaître em 1927. Esta observação foi feita para indicar que todas as 
galáxias muito distantes e aglomerado de galáxias têm uma 
velocidade aparente diretamente para fora do nosso ponto de vista: 
quanto mais distante, maior a velocidade aparente. Se a distância 
entre os aglomerados de galáxias está aumentando hoje, todos 
deveriam estar mais próximos no passado. Esta idéia tem sido 
considerada em detalhe volta no tempo para as densidades e 
temperaturas extremas e grandes aceleradores de partículas têm sido 
construídos para experimentar e testar tais condições, resultando em 
significativa confirmação da teoria, mas estes aceleradores têm 
capacidades limitadas para investigar em tais regimes de alta 
energia. Sem nenhuma evidência associada com a maior brevidade 
instantânea da expansão, a teoria do Big Bang não pode e não 
fornece qualquer explicação para essa condição inicial, mas sim, que 
ela descreve e explica a evolução geral do Universo desde aquele 
instante. As abundâncias observadas de elementos leves em todo o 
cosmos se aproximam das previsões calculadas para a formação 
destes elementos de processos nucleares na expansão rápida e 
arrefecimento dos minutos iniciais do Universo, como lógica e 
quantitativamente detalhado de acordo com o nucleossíntese do Big 
Bang. Fred Hoyle é creditado como o criador do termo Big Bang 
durante uma transmissão de rádio de 1949. Popularmente é relatado 
que Hoyle, que favoreceu um modelo cosmológico alternativo 
chamado "teoria do estado estacionário", tinha por objetivo criar um 
termo pejorativo, mas Hoyle explicitamente negou isso e disse que 
era apenas um termo impressionante para destacar a diferença entre 
os dois modelos. Hoyle mais tarde ajudou consideravelmente no 
esforço de compreender a nucleossíntese estelar, a via nuclear para a 
construção de alguns elementos mais pesados até os mais leves. 
Após a descoberta da radiação cósmica de fundo em 1964, e 
especialmente quando seu espectro (ou seja, a quantidade de 
5 
 
radiação medida em cada comprimento de onda) traçou uma curva 
de corpo negro onde muitos cientistas ficaram razoavelmente 
convencidos pelas evidências de que alguns dos cenários propostos 
pela teoria do Big Bang devem ter ocorrido." 
 
GÊNESES 
 
GÊNESE1 NAGÔ-YORUBÁ - Olodumare, Senhor Supremo dos 
Nossos destinos, também chamado de Olorum, Senhor do céu, é 
Deus, o Ser Supremo, para a cultura africana nagô de língua yorubá. 
A vontade de Olorum se manifesta através das suas divindades, os 
Orixás. Olorum pediu ao Orixá Obatalá, também conhecido como 
Oxalá, que criasse os homens. Obatalá os criou a partir do barro e 
logo percebeu que, apesar de lhes ter dado uma forma, eles não 
tinham vida. Então consultou Olorum e expôs o problema.E Olurum 
assim lhe dirigiu a palavra: 
- Preste atenção! Chegando perto do corpo humano inerte, de barro, 
soprou o Hálito Divino, a Essência. Este sopro animou e deu vida ao 
que antes era só barro, só a forma, sem a Essência que é o sopro 
Divino. 
 
GÊNESE CATÓLICA - O Senhor Deus formou, pois, o homem do 
barro da terra, e inspirou-lhe nas narinas um sopro de vida e o 
homem se tornou um ser vivente. (Bíblia). 
 
GÊNESE ISLAMICA -“Vou criar um homem de argila seca, de barromaleável, e quando o tiver modelado e nele soprado de Meu espirito, 
prostrai-vos diante dele” (O Alcorão). 
 
 
 
1 Gênese – origem da criação do mundo. 
6 
 
FILOSOFIA DE BUDA - Buda estava reunido com seus discípulos certa manhã, 
quando um homem se aproximou. 
-Existe Deus? Perguntou e Buda respondeu – Existe. 
Depois do almoço, aproximou-se outro home e quis saber – Existe Deus? Buda 
disse, Não, Não existe. 
No fim da tarde, um terceiro homem fez a mesma pergunta; 
-Existe Deus? Buda respondeu – Você terá que decidir. 
Mestre que absurdo, disse um dos discípulos – Como o senhor dá respostas 
diferentes para a mesma pergunta? -O iluminado responde – Por que são pessoas 
diferentes e cada uma delas se aproximará de Deus à sua maneira, através da 
certeza, da negação e da dúvida. (Paulo Coelho, do livro Maktub). 
 
Concluimos que existem várias interpretações e explicações 
sobre Deus e a criação do mundo. O assunto não se esgota e até hoje 
tanto as ciências da cosmologia e da teologia não encontraram uma 
resposta pontual sobre o assunto. Cada religião, cada cultura parte 
de uma teoria para desenvolver seus conceitos de fé e religiosidade. 
 
GÊNESE UMBANDISTA2 - O príncipio é DEUS – OLORUM - é 
energia, luz, magnestismo. Não é masculino nem feminino. Está além 
da questão de pai e mãe. Transcende nessa questão de paternidade e 
maternidade. É o divino Criador de tudo que existe e está em tudo o 
que criou. E nós como toda a vida existente, somos herdeiros de sua 
essência, somos energia, luz e magnetismo. 
Os orixás são em si mesmos, as qualidades divinas 
manifestadas pelas individualizações do Divino Criador, ou seja, é a 
manifestação de Deus por meio de uma de Suas qualidades divinas. 
Vibram diretamente no ori de cada pessoa e com muita intensidade 
no cosmos e na natureza. 
Orixá significa Ori = cabeça; Xá = luz, força. A palavra Orixá 
quer dizer “cabeça iluminada, força da cabeça, luz da cabeça”. 
A essência de orixá é pura luz de Deus. Orixá na Umbanda não 
é divindade embora existam muitas casas com fortes influências de 
cultos afros que se relacionam como as interpretações dos mitos 
africanos. 
 
2 Conceito elaborado de acordo com as explicações dos mentores da egrégora Oxalá nos uniu. 
7 
 
Essa energia em que qualificamos e organizamos como orixás 
estão sob a lei natural da criação, ou seja, tudo está em movimento 
constante de evolução. Dentro da lei natural está a lei do livre-arbitrio 
e a lei da ação e reação. Leis sagradas para a Umbanda. 
Transcrevo abaixo uma reflexão do nosso irmão Milton Lopes 
Teixeira3. “Esses dias passei por uma situação que me fez pensar um 
pouco sobre o destino. Íamos visitar uma pessoa da familia que 
estava muito mal na UTI de um hospital. Era quase certo que ela não 
sobreviveria aos próximos três dias. E falávamos sobre a situação, de 
como era injusta a doença para esta mãe, nova, boa pessoa.... Até 
que surgiu a expressão de consolo “é...é a vontade de Deus”. Daí 
pensei: mas como assim, “é a vontade de Deus”? Será que o destino 
de nossa irmã estava traçado? Será que nossa vida não passa de um 
filme cujo roteiro fazemos apenas interpretar? Será que, não importa 
o que façamos, o resultado será sempre o mesmo? Será que a 
situação dela não poderia ser outra? Será que não ocorrera um erro 
médico? Será que o tratamento fora o mais adequado? Será que ela 
teve acesso aos medicamentos mais indicados? Será que foi tudo no 
tempo devido? 
Desses questionamentos, decorreu logicamente pensar em livre 
arbitrio Temos realmente livre-arbitrio? Ele é absoluto ou relativo? 
Basicamente, sobre este assunto existem três posições 
possíveis: 
1 – O determinismo 
2 – O livre-arbitrio absoluto 
3 – e um misto dos dois, o Livre-arbitrio relativo 
 Então, resolvi fazer uma pequena pesquisa sobre o tema, para 
ver como a humanidade tratou deste assunto ao longo da historia. 
 
 
3 Texto extraído do livro Exu – O poder organizador do caos p 
8 
 
Para os Vedantas4, haveria um plano traçado, mas que seria aberto à 
mudança pelo agir. Para os estoicos5, o futuro seria tão inalterável 
quanto o passado portanto , zero de livre-arbitrio. No Epicurismo6, 
tudo que existe seria o caos, tudo é obra do acaso, muito semelhante 
ao pensar do Existencialismo de Sartre, segundo o qual “acreditar em 
um futuro com cartas marcadas equivaleria a escapar da 
responsabilidade de tomar decisões”, o que redundaria em última 
análise, em um mundo sem sentido, vazio, triste. Para o 
Cristianismo, a crucificação de Jesus fazia parte dos planos divinos, 
que se cumpriram com a traição de Judas, que, neste caso, estaria 
predestinado a ser mau. Para Calvin, Deus escolheu de antemão os 
que se salvam e os que não se salvam. Para o Vaticano e a teologia 
muçulmana, o livre-arbitrio seria uma peça necessária à 
responsabilidade moral. Para as doutrinas e religiões 
reencarnacionistas, mormente o Espiritismo, bem resumidamente 
falando, o livre-arbítrio seria o fundamento da condição humana, 
posto que nossa evolução espiritual decorreria diretamente das 
escolhas que fazemos em cada encarnação. Viríamos para esta vida 
com um plano traçado, normalmente com a nossa participação, para 
que possamos passar por aqueles situações que nos dariam a 
oportunidade de acertar velhas diferenças, velhas dificuldades, velhas 
dívidas. E, para tanto, esse plano nos colocaria no local mais 
adequado, na condição social mais necessária, na familia mais afim, 
no país cultural que precisamos, no copo mais útil... Tudo pensado 
para que possamos eliminar nossos débitos pretéritos e agir 
positivamente em prol de nossa evolução espiritual em cada 
 
4 Vedanta é o nome do estudo realizado a partir do final dos Vedas, que deu origem ao conceito popular 
de autoconhecimento. Na sua etimologia o termo vedanta possui dois significados: “aquilo que se 
encontra no final dos Vedas”, pois “anta” em sânscrito significa “fim” ;e também, “o conhecimento 
final”. 
5 O estoicismo foi uma linha do pensamento filosófico grego surgida no século III a.C. Era pensamento 
central dos estóicos o desenvolvimento do autocontrole, a busca pelo afastamento das emoções 
destrutivas e a manutenção da vida sem excessos. O homem sábio é aquele que obedece à lei natural, 
6 Epicurismo. Epicuro dividiu sua filosofia em três áreas: lógica, física e ética. Para ele, apenas o 
verdadeiro conhecimento, obtido por meio dessas três partes, poderia levar o homem a seu objetivo 
natural: o prazer. Publicidade. Epicuro (c. 341-270 a.C.) Filósofo grego. 
9 
 
encarnação. Mas será que dá tudo certinho? Será que nós agimos 
como foi planejado? Será que os outros agem de acordo com o 
planejado para nós e para eles? Enfim, este plano reencarnatório 
interfere de alguma forma no nosso livre-arbitrio? 
 No meu modo de ver, e de acordo com o que podemos 
interferir da própria literatura, pode ocorrer de tudo: pode ser que o 
plano seja alcançado total ou parcialmente; pode ser que o espírito 
recaia nas mesmas circunstâncias negativas e tenha que voltar para 
outra tentativa. Ou seja, na prática o que existe é uma probabilidade 
de que o plano venha a se cumprir, mas não certeza. Este plano 
também poderia ser chamado de Darma, que decorre do Carma, que 
é palavra de origem sânscrita que pode ser conceituada como o 
conjunto das ações individuais e coletivas, que , pela ação da Lei de 
ação e reação, vai gerar as suas consequências. É uma decorrência 
natural do exercício do livre-arbítrio. O carma é composto por muitas 
linhas divergentes e conflitantes decorrentes das diversas ações 
harmônicas e desarmônicas que cometemos do passado. A linha de 
tendência resultante de todasessas múltiplas ações aponta numa 
determinada direção e assume um determinado propósito alinhado 
com a ordem divina do Universo e de nossa vida em particular. Essa 
direção ou plano é o Darma. Para atingirmos o nosso darma, temos 
de navegar nas “ondas” revoltas do carma, até que essas ondas 
estejam todas alinhadas e não exista mais diferença entre o carma e 
o darma. Mas nem tudo é colheita do carma. Longe disso. Há 
inúmeros erros novos sendo plantado o tempo todo. Há centenas de 
milhares de novas injustiças sendo cometidas pela primeira vez. Mas 
também há inúmeros acertos e boas ações sendo praticadas pela 
primeira vez. Todos esses desequilibrios e equilibrios terão que ser 
reparados e compensados a seu devido tempo. 
 Um dos princípios fundamentais da filosofia esotérica ensina 
que, através da lei da reencarnação, todo o esquema da natureza 
funciona e evolui de modo perfeitamente justo. Este axioma da 
10 
 
sabedoria eterna necessita ser examinado com bom senso. De fato, 
todo o esquema de natureza é justo. Disso não há a menor dúvida. 
Mas ele é justo no sentdo de que faz perfeita justiça em cada um dos 
seus momentos vistos isoladamente. Neste sentido, muito 
interessante é a observação do Dr. J.Graig Venter acerca da 
interpretação do DNA, publicada no livro “Uma vida decodificada”: 
Não se pode definir uma vida ou qualquer vida com base apenas no 
DNA. Sem entender o ambiente no qual as células ou a espécie 
existem, é impossivel entender a vida. O ambiente do organismo é, 
em última análise, tão único quanto seu código genético”. O que 
significa isso? Que até o DNA – o plano genético do nosso corpo – 
pode ser influenciado pelo ambiente, que é um somatório de tudo que 
nos rodeia, e se alterar, ou seja, ter um resultado prático diferente do 
plano. O que dizer, então, do nosso plano reencarnatório ou darma? 
Como podemos acreditar em determinismo? 
 Penso que o mais sensato é acreditar que vivemos um Livre-
arbitrio relativo. Por que relativo? Porque vivemos uma vida de 
relação social em que o resultado que buscamos é influenciado por 
muitas coisas que não estão sob nosso controle, que dependem de 
diversas alternativas e que não são certezas, apenas probabilidades. 
 Temos livre-arbítrio e somos seres sociáveis inseridos numa 
rede de causas e efeitos muito maior do que podemos controlar e 
prever.” 
A Umbanda desde o seu anúncio através do Caboclo das 7 
encruzilhadas vem se organizando e de certo modo eliminando os 
exageros (inclusive de oferendas) em relação ao culto aos orixás. 
Muitas “complicações” nas interpretações e formas de culto aos orixás 
são provenientes da própria limitação humana. Basta 
recorrecorrermos as entidades da Umbanda para perceber a 
simplicidade dos ritos e obrigações. 
 
 
11 
 
Interagir X Intervir por mãe Márcia Moreira 
 
Como mãe no santo, sacerdotisa de Umbanda, vejo um comportamento 
comum entre muitos filhos na fé como também dos assistidos, que buscam em 
nossas casas ajuda para suas vidas de forma equivocada. Isso acontece até mesmo 
com aqueles que recebem orientações ou formações da doutrina umbandista. As 
entidades também sempre ensinam e aconselham a respeito, porém a maioria não 
acolhe e não aprende como deveria. Vamos tentar aprender? 
A Umbanda é uma religião que respeita o livre arbítrio, porém nossa 
liberdade está condicionada a outra lei maior chamada Lei Natural, ação e reação, 
onde toda a forma de vida existente no universo está integrada. Sendo assim a 
Umbanda é uma religião espiritualista, que se relaciona com o sagrado através dos 
Orixás e com a incorporação de entidades comprometidas com a lei da caridade. 
Na Umbanda somos chamados e acolhidos a se relacionar com esses canais 
de espiritualidade que desenvolvem em nós a capacidade de interagir com o mundo 
material e espiritual e suas diversidades. Interagindo, harmonizamos nossas 
energias e nossas emoções. Adquirimos um sentido de vida que se lança para o 
além do imediato. Construímos identidade e confiança de que tudo está em seu 
lugar. De que a existência do caos nada mais é do que parte do processo de 
evolução. Se há problemas, há também discernimento, sabedoria e disposição para 
resolver cada um deles no seu tempo e sem dramatização. As entidades de 
Umbanda estão ali para nos aconselhar, nos guiar, mas cada um tem que viver, se 
construir com seus próprios passos. 
No entanto, muitos buscam a Umbanda de forma equivocada. Intervém no 
processo natural da vida, ordenando que suas vontades e necessidades sejam 
atendidas. Buscam casas e entidades que trabalham com a barganha, com a 
negociação. Alinham-se num processo vicioso de consumismo espiritual, não se 
importando de onde se está tirando desde que seja atendido. Essas pessoas 
adquirem também um sentido para a vida. Uma vida de insatisfação, de 
insegurança e de infelicidade. Desarmonizam-se com a naturalidade de sua 
essência e se afastam de entidades comprometidas com a evolução. 
Consequentemente, as insatisfações são maiores e os trabalhos espirituais mais 
exigentes de objetos e dinheiro. 
Essa é a essência da Umbanda? É caridade? 
E você como vive a Umbanda em sua vida? Interagindo ou intervindo? 
 
 
12 
 
Seguindo dessa forma o entendimento de Deus sendo energia, 
força, potência de energia presente no universo, apresentamos 
abaixo a constituição de forma gráfica da movimentação dos Orixás e 
suas origens: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OXALÁ 
OGUM 
OXOSSI 
XANGÔ 
OMULU 
IANSÃ 
IEMANJÁ 
OXUM 
DEUS 
OLORUM 
NANÃ 
BURUQU
E 
13 
 
Essa organização apresentada acima se refere à manifestação 
dos orixás em atividades realizadas numa engira ou gira7 de 
Umbanda. Portanto, Oxalá não se encontra na relação dos orixás 
básicos e não rege diretamente o ori. Considerado orixá maior, Oxalá 
é a energia crística8 oriunda de Deus-Olorum. Sua frequência 
vibracional esta acima dos orixás básicos. É a essência de Deus unida 
a toda sua criação. 
Na Umbanda, quando evocamos os orixás, incorporamos os 
chamados enviados, falangeiros ou representantes (espíritos que 
vibram exclusivamente os elementos correspondentes ao orixá). Os 
orixás se interagem ou manifestam individualmente de acordo com a 
gira realizada. Cada orixá possui um campo de atuação. Abaixo 
algumas de suas funções: 
- Oxalá: energia criadora, Amor. 
- Oxossi: energia vital a saúde física, expansiva e agregadora. 
- Ogum: energia impulsiva, determinação e organização. 
- Xangô: energia racional, discernimento e metodologia. 
- Omulu: energia regenerativa, transmutadora e evolutiva. 
- Oxum: energia emocional, geração e protetora. 
- Iemanjá: energia maternal, familiar e dominadora. 
- Iansã: energia da verbalização, dos movimentos e mudanças. 
- Nanã Buruquê: energia da interioridade, ancestralidade, identidade 
(herança). 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 Termo usado que significa: sessão de umbanda, trabalhos espirituais. 
8 Energia do amor cósmico. 
14 
 
 DEFINIÇÃO DE ORIXÁ 
 
Orixá é potência da Luz de Deus. Na Umbanda não 
“incorporamos” o Orixá, mas sim os seus enviados9. Visto que Orixá é 
energia divina que manifesta através da força da Natureza criada por 
Deus. Orixá é a energia do vento, do sol, das águas, da pedreira, etc. 
Portanto não podemos incorporar isso tudo, mas sim os seus 
enviados que por questõesde similitude vibratória estão 
representando essas forças. 
 
Saudação de Orixá 
OXALÁ: êpa babá (olá, com admiração e espanto ao ancestral dos 
ancestrais) 
OXÓSSI: okê arô (autoridade o rei que fala mais alto ou salve o rei 
que é aquele que fala mais alto) 
OGUM: patacori Ogum iê (salve Ogum, cabeça coroada) 
XANGO: kaô kabecilê (venham ver, admirar, saudar o rei da casa) 
OXUM: ora aie eu (salve menina cuidadosa, salve rainha Oxum) 
IANSÃ: epa hei oya ( salve oya, mãe dos nove espaços de orum) 
YEMANJÁ: odoia ou odociaba (mãe das águas) 
NANÃ: saluba Nanã (nos refugiaremos da morte com Nanã) 
ATOTÔ: atotô (silêncio) 
 
 A saudação aos Orixás ou linhas de trabalho na Umbanda tem a 
função de nos auxiliar na sintonia vibracional. São mantras que 
verbalizados de forma vibrante evocam e preparam determinados 
Orixás ou linhas de trabalho para o ritual sagrado. Também é 
fundamento ritualístico que auxilia na organizaçao dos participantes. 
 
 
 
9 Espírito que manipulam exclusivamente os elementos que corresponde a determinado Orixá. 
15 
 
Outras saudações 
 
Saravá10 = salve ou viva, correspondendo a uma saudação 
umbandista de muita positividade e sacralidade e deve ser 
pronunciada com reverência e solenidade. 
 
Pedido de benção as entidades = louvar a presença daquela entidade 
sagrada que se manifesta. 
 
Pedido de benção ao sacerdote11/ pai ou mãe no santo = é pedir a 
benção da egrégora espiritual que vibra no ori do sacerdote/ pai ou 
mãe no santo. 
 
Salve a sua coroa = saudação feita entre irmãos. Refere-se à 
saudação de todas as entidades e Orixás que manifestam em seu ori. 
 
 
 
 
 
 
 
10 Do livro Memórias da Umbanda no Brasil (Ronaldo Linares/ Diamantino Trindade). O escravo banto 
precisou adaptar a sua língua ao Português. Era difícil pronunciar a letra L. Acabava dobrando a vogal. 
Então a palavra SALVE tornou-se SALAVE e depois SALAVA o que acabou gerando SARAVÁ. 
11 O sacerdote/pai ou mãe no santo representa o congá vivo. (nota: mãe Márcia Moreira). 
16 
 
 
 
 
 
17 
 
ESTRUTURA DO SER ESPIRITUAL 
 
Apresentar o vídeo sobreo corpo espiritual. 
http://www.youtube.com/watch?v=8Mf-qBFO9dI 
 
A partir do vídeo que assistimos podemos entender a dimensão 
do ser espiritual que somos, onde tudo envolve energia, magnetismo. 
Somos responsáveis pelas energias que atraimos e doamos. Desta 
forma é preciso que haja mais observação pelos lugares que 
frenquetamos, pela qualidade de energia em nossa casa e em nossas 
relações. O vídeo também nos mostra o quanto viajamos em 
desdobramento astral durante o nosso sono. O corpo físico descansa, 
porém nosso espírito continua em atividade plena, portanto, o 
momento de dormir é Sagrado tanto para o corpo quanto ao espírito. 
Tendo agora essas informações que haja mais cuidado e 
preparo para uma boa noite de sono. Que se aproveite ao máximo as 
energias disponibilizadas; o corpo recebendo um bom descanso e o 
espírito se desdobrando para ser educado, corrigido e orientado. Para 
aqueles que estão comprometidos em um trabalho espiritual, a 
qualidade do descanso é essencial para que haja melhor 
aproveitamento no serviço, nos atendimentos e nas correntes 
energéticas. 
Algumas dicas para um descanso saudável; 
- não dormir com televisão ou rádio ligado. 
- tomar um copo d‟agua na hora de se deitar. 
- deitar com roupas confortáveis e limpas. 
- o quarto deve ter o menos possível de objetos. 
- eliminar as preocupações (se for o caso, faça um exercício de 
respiração para diminuir a ansiedade). 
- oração 
(que cada um busque à sua maneira o que mais lhe agrada para 
alcançar um bom descanso). 
http://www.youtube.com/watch?v=8Mf-qBFO9dI
18 
 
Sugestões de oração ou mentalização: 
- Oração para a paz do sono: 
 
Senhor! 
Agora que me preparo para o repouso do meu corpo físico, rogo que ele permaneça 
sob Tua proteção, Oh meu Deus! 
Que o meu espírito liberto, durante o sono reparador, possa encontrar-se com os 
bons espíritos e que estes possam amparar-me e instruir-me. 
Se porventura Senhor, algum irmão errante se aproximar de mim, que ele seja 
conduzido para um portal de luz para que seja socorrido amorosamente. 
Rogo-te meu Deus, para que durante esta liberdade provisória, o meu espirito se 
encontre com os bons e possa com eles compartilhar benéficos momentos. Permita, 
oh Senhor, que o meu anjo guardião e os espiritos protetores, de mim se 
aproximem e tragam-me esclarecimentos, paz e luz. E que no despertar do meu 
corpo fisico, meu espirito conserve as recordações dos ensinamentos obtidos com 
os benfeitores da espiritualidade colocando-os em prática no meu cotidiano Assim 
seja! 
 
- Mentalização de GRATIDÃO: 
Verbalizar ou mentalizar a gratidão pelo dia, pelo alimento, pelo lar 
que abriga o seu corpo e pelas oportunidades de aprendizado que 
terás enquanto descansa. 
 
- Pedidos de BENÇÃOS: 
Pedir bençãos a Deus, aos Orixás, aos pais (mesmo que estejam 
desencarnados), as entidades, guias e mentores espirituais. 
 
 
 
 
 
 
19 
 
O Ser Humano Como Unidade Bio-psico-sócio-espiritual12 
 
O ser humano é uma unidade, com características próprias que 
o identificam como tal. Essa noção de ser um todo não exclui a 
verdade de ter partes componentes. O ser humano está situado 
dentro de um contexto que o abriga, o envolve que o influencia e é 
por ele influenciado. Faz parte de uma rede de relações com o 
universo. Portanto, o homem pode ser visto como um todo, uno e, ao 
mesmo tempo, como parte de um todo maior que o reveste. Quando 
se estuda o homem é preciso não desvinculá-lo de seu habitat, de 
seu contexto, de sua malha de relações. Por outro lado, enfocado 
como uma unidade, queremos propor ver o homem em algumas 
dimensões que o tornam único e diferentes dos outros seres. 
Enfocaremos o homem nas usas dimensões biológica, psicológica, 
social e espiritual. 
A dimensão biológica refere-se aos aspectos físicos do corpo: 
anatomia, a fisiologia, os sistemas musculares, digestivo, ósseo, 
hormonal, respiratório, as funções e disfunções dos diversos órgãos, 
a inter-relação desses sistemas. As necessidades fisiológicas estão 
aqui incluídas. 
 A dimensão psicológica refere-se aos aspectos ligados à 
personalidade do ser humano, manifestada no comportamento 
motivado por instâncias conscientes, pré-conscientes e inconscientes. 
Incluem-se nesta dimensão o pensamento, a memória, os raciocínios, 
o contato e a expressão de sentimentos, emoções, desejos, vontades, 
necessidades de segurança, de autoestima, de realização. 
 A dimensão social diz respeito aos aspectos ligados à vida em 
grupo, enfocando os fatores econômicos, políticos, ideológicos e 
culturais. Esta dimensão inclui, necessariamente, a interação e, 
consequentemente, todos os fenômenos que acontecem na interação 
 
12 http://www.osentidodavida.com.br 
20 
 
entre pessoas e grupos. As necessidades de associação, de uma vida 
social estão aqui incluídas. 
 A dimensão espiritual relaciona-se ao sentimento de pertencer ao 
mundo, de ser uma parte do Universo, à noção da existência de 
forças maiores que o entendimento não pode ou tem dificuldade de 
aprender; é uma dimensão que ultrapassa a matéria tal como a 
conhecemos. É uma noção interna de transformação da forma de vida 
conhecida para outro plano que é intuído, mas nem sempre claro 
para as pessoas. A espiritualidade pode ser desenvolvida através de 
alguns caminhos entre os quais a religião, a meditação, a reflexão, o 
esoterismo, a ação. 
Uma vez entendido que o homem existe nessas dimensões, isso 
quer dizer que suas necessidades, sua satisfação e seu 
funcionamento estão dentro dessas dimensões. O tempo inteiro o 
homem está se comportando segundo a junçãodessas dimensões. 
Elas não existem isoladas. Você não pode isolar o aspecto biológico 
do psicológico, por exemplo. Essas dimensões estão interligadas e 
funcionam como vasos comunicantes. As emoções têm uma ligação 
direta com o aspecto físico. As descargas de adrenalina na corrente 
sanguínea são uma mostra de que o psicológico tem repercussão no 
biológico. As tensões causadas pelo social, pelo econômico também 
têm influência nos aspectos biológicos e psicológicos. O contato com 
a espiritualidade pode, igualmente, ter consequências nas demais 
dimensões. 
A saúde vai, então, permear todas essas dimensões. É 
o equilíbrio dinâmico entre esses aspectos, difícil no mundo de hoje 
de ser obtido, que guiará a saúde do ser humano. A harmonização 
dos nós (pontos de intersecção) dessa rede em que se situa o 
homem será sempre o indicador de saúde: sentir-se bem por estar 
vivo, sentir-se útil e produtivo, com a consciência em paz, sentir 
fazer parte de um todo e capaz de se entregar à fluidez da vida. 
21 
 
 Todo e qualquer ser humano tem algo em comum: o desejo de 
ser feliz. Tudo o que ele faz está relacionado à busca da satisfação 
deste desejo. Uns mais outros menos, mas todos buscam. 
Para que se criem condições onde a felicidade seja uma realidade é 
preciso uma definição para felicidade que nos possibilite a 
autoanálise, a análise do próximo, do ambiente ou da situação e, 
consequentemente, a tomada de decisões adequadas. 
O destino do ser humano é a evolução. Todo o universo está 
em constante evolução e o ser humano não é uma exceção. Não 
existe uma realidade absoluta comum a todos. A realidade é relativa, 
depende do observador e do contexto. É preciso aprender a se ver, a 
ver o mundo e a interagir com ele. Para entender o ser humano e 
preciso considerar suas diversas facetas: 
 Homem material – o seu foco é a sobrevivência e a sua 
expressão é o instinto. 
 Homem racional – o seu foco é o sentido para as ações e 
sua expressão é o motivo. 
 Homem espiritual – o seu foco é a perfeição espiritual e a 
sua expressão é a intuição. 
 Homem emocional – o seu foco é a felicidade e a sua 
expressão são as emoções e os sentimentos. 
 Homem camaleão – o seu foco é a facilidade e sua 
expressão é um personagem. 
O homem possui necessidades, as quais consciente ou 
inconscientemente, busca atender durante toda a sua vida 
promovendo assim a sua evolução: 
 Liberdade e Segurança – são as necessidades mais 
básicas do homem. 
 Ter – o homem busca ter tudo aquilo que lhe garanta 
uma sobrevivência mais satisfatória. 
 Ser – o homem busca a evolução do Eu, a autoestima, a 
sabedoria e a transcendência. 
 Amar – o homem busca a evolução espiritual, o desapego 
do Eu, e se doa ao próximo e a natureza. 
22 
 
Na busca da satisfação de suas necessidades, o homem sofre a 
influência do próximo e a evolução se dá por: 
 
 Competição – o individuo mais primitivo é essencialmente 
competitivo, ele se comporta como quem luta com o 
próximo pela sobrevivência, mesmo quando está em 
jogo. 
 Cooperação – com a evolução o individuo percebe que 
obtém melhores resultados com a cooperação com outros 
que tenham os mesmos interesses. 
 Doação – nesta etapa mais avançada do processo 
evolutivo o indivíduo busca o bem do próximo, o bem 
coletivo. 
Com a evolução há uma mudança no foco de interesse conforme as 
seguintes sequências: 
 
1ª Fase 2ª Fase 3ª Fase 
Material Racional Espiritual 
Individual Grupo Todo 
Ter Ser Amar 
Competição Cooperação Doação 
 
A imperfeição é apenas uma faceta do livre arbítrio. O 
mundo como criação é perfeito e a felicidade, consequentemente, 
esta ao alcance de qualquer um, independentemente do estágio de 
sua evolução. 
A vida é uma caminhada solitária e infinita ao longo da qual 
vão se sucedendo as oportunidades para a satisfação de suas 
necessidades. 
Felicidade é o estado de satisfação do indivíduo com a sua 
evolução, com o atendimento das suas necessidades de segurança, 
liberdade, ter, ser e amar. Em qualquer situação, para que haja 
condições para ser feliz basta o indivíduo reduzir os seus desejos para 
23 
 
um patamar compatível com a capacidade real de atendê-los com 
ações de sua própria iniciativa, sem depender do próximo. 
Na evolução rumo à perfeição está o sentido da vida, a razão 
de existir do ser humano. 
O destino de cada pessoa é promover a própria evolução e a 
do ser humano como espécie e, em decorrência do livre arbítrio, cabe 
a ela decidir como esta evolução se dará. 
O mundo é simplesmente belo e ao mesmo tempo simples e 
complexo. É de uma grandeza assustadora. Tem uma capacidade 
ilimitada de se recriar. Nada criado pelo homem é ou será 
suficientemente belo ou perfeito quando comparado à natureza. 
Reconhecer a perfeição do universo é uma questão de bom-senso, de 
humildade. 
 
EVOLUÇÃO – o destino do ser humano é a evolução. Tudo evolui, 
não existe um momento igual ao outro. A cada instante as pessoas 
mudam e muda o contexto. Todo o universo está em constante 
evolução e o ser humano não é uma exceção. O foco da evolução do 
ser humano é a perfeição, o estado de paz total, de ausência de 
tensões, de plenitude. As pessoas têm uma necessidade natural de 
evolução, de crescimento. Elas precisam apenas ser apoiadas e 
motivadas para a obtenção dos melhores resultados. 
O ser humano tem três modos de evoluir; 
- Pela aceitação – deixar a vida fluir naturalmente. 
- Pela ação – fazer acontecer, participar ativamente do processo, 
buscar o conhecimento e exercer o livre-arbítrio. 
- Pela omissão – a pessoa não deixa a vida fluir naturalmente e nem 
busca o conhecimento necessário para o exercício do livre-arbítrio. 
Deixa a evolução por conta do destino. 
Evoluir não é uma opção, é o destino do ser humano e a 
evolução se dará pela ação ou pela aceitação, pelo amor ou pela dor, 
pelo sofrimento ou pelo esclarecimento. Pelo sofrimento e pela dor, a 
24 
 
evolução será baseada na culpa, no medo e na insegurança. Portanto, 
a arte de evoluir consiste em aprender a se ver, a ver o próximo, a 
ver o mundo e a interagir com eles. 
É preciso conhecer para compreender, é preciso compreender 
para aceitar, é preciso aceitar para amar. 
 
Todas essas dimensões e complexidades acima apresentadas 
nos direcionam para uma reflexão do que somos em nossas 
particularidades e do que exigimos seja da vida, das pessoas que nos 
cercam e de nossa fé. Perdemos muito tempo na ilusão, no 
comodismo e no próprio simplismo de nossas vidas. Nossas 
entidades, guias e mentores abraçam a grandiosa missão de nos 
inspirar, despertar e nos tirar desse marasmo “progresso” como 
incansáveis obreiros da luz. Embora eles tenham conhecimento de 
toda complexidade que nos cercam, cabe a cada um de nós 
realizarmos nosso movimento de evolução, abençoado por Deus e 
pelos Orixás13. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 Nota: mãe Márcia Moreira 
25 
 
Importante e Essencial - Caboclo Pery – 24/01/2006 
 
Viver é importante. Viver bem é essencial. 
Ser honesto é importante. Ser honesto consigo mesmo e com os 
outros é essencial. 
Perceber é importante. Compreender a percepção é essencial. 
Lutar é importante. Lutar por uma causa justa é essencial. 
Ser médium é importante. Ser um bom médium é essencial. 
Cada um sabe de si e tende a julgar os outros por critérios que 
favorecem a si mesmos. 
Ser justo é importante. Não julgar é essencial. 
No caminho que vocês escolheram, já era sabido por todos, haverão 
espinhos, mas haverão flores também. Se vocês permitirem que os 
espinhos sejam mais importantes do que as flores, certamente se cansarão 
do caminho. 
Decidir é importante. Perseverar é essencial. 
A responsabilidade pesa maneiras diferentes para cada um, pois ela 
está de acordo com as aspirações de caridade de cada um. 
Fazer caridadeé importante. Ser caridoso com o irmão é essencial. 
Os trabalhos não estão aumentando, vocês é que estão se capacitando para 
trabalhar mais. 
Ser médium é importante. Estar disponível verdadeiramente é essencial. 
É essencial ser bom médium, ser caridoso, ser perseverante, não ser juiz e 
ser honesto. 
É essencial saber e ter a certeza de que esta é a Casa que irá atender 
os seus ideais. 
Caso tenha dúvidas, medite sobre isso sinceramente, busque auxílio 
nas entidades que trabalham com você. Mas faça isso em silêncio! Ouça o 
seu coração! Se lhe for verdadeiro lhe dará a resposta. Importante é estar 
aqui. Essencial é estar aqui e somente aqui. 
Importante é que estar aqui seja importante para você. 
Essencial é que estar aqui seja essencial para você. 
Importante é ser da Casa. Essencial é Ser A Casa. 
 
 
26 
 
MEDIUNIDADE - INTRODUÇÃO 
 
Pergunta: Todos somos médiuns? 
Resposta: Todos os seres humanos são médiuns, sem exceção! 
A palavra médium tem origem no Latim e significa “meio”. Meio de 
comunicação entre o mundo espiritual (onde vivem os espíritos) e o 
mundo material (onde vivemos). Mediunidade é a capacidade de 
intermediar entre duas realidades. A mediunidade é nata em todos os 
seres humanos. É um dom do espírito. Na Umbanda também 
intermediamos realidades da natureza (Orixás, elementos).14 
 
A mediunidade pode ser Natural ou de Prova 
“Mediunidade Natural” é a mediunidade decorrente da conquista 
de valores morais e evolução espiritual. Nessa situação o médium é 
um missionário em meio aos homens e tem sempre como objetivo a 
pratica da caridade e a eliminação de seus defeitos. 
“Mediunidade de Prova” é aquela em que os homens sob a 
misericórdia Divina passam a ter intercambio com os espíritos guias e 
dessa forma, passam a ressarcir seus débitos kármicos do passado. 
Esse é o tipo de mediunidade da esmagadora maioria dos médiuns, 
sejam eles umbandistas, kardecistas, seguidores do Candomblé ou 
ainda, de qualquer outra religião, tendo em vista que o fenômeno 
mediúnico existe em todas as religiões ou civilizações. 
Deus assim procede para que ninguém nunca possa dizer: 
“Não tenho fé porque fui privado do contato com os espíritos”! 
Os kardecistas catalogaram perto de 60 tipos de mediunidade, sendo 
as mais comuns a: Psicografia, Vidência, Auditiva, Intuitiva, 
Sensitiva, de Cura, Efeitos físicos, Incorporação... 
Psicografia O guia do médium envia seus pensamentos a mente do 
médium concentrado. Em seguida envia comandos ao sistema 
 
14 Texto extraído do curso de Teologia da Umbanda – Alexandre Cumino. 
27 
 
nervoso do médium e passa a ter domínio sobre o braço e a mão do 
médium e nessa situação a escrita se desenvolve. A caligrafia é 
normalmente a mesma que o espírito adotava quando encarnado. 
Vidência Na mediunidade de vidência o médium vê e pode conversar 
com os espíritos, porém, esse tipo de vidência é raro, o mais comum 
é a vidência momentânea situação em que podemos ver os espíritos 
em frações de segundo. 
Auditiva Na mediunidade auditiva o médium ouve as vozes dos 
espíritos, mas não ouve com os ouvidos e sim, com a mente.O 
médium ouve a comunicação como se fosse um pensamento, mas 
ouve com timbre, onde pode distinguir um espírito masculino ou 
feminino, se ele está irritado ou se o espírito comunicante é amigo. A 
obsessão utiliza largamente esse meio para atingir seus desafetos. 
Intuitivos,inspiração ou irradiação Na intuição um espírito amigo 
(ou inimigo), envia sugestões através de seus pensamentos ao 
médium. Cabe ao médium ter discernimento nessas comunicações a 
fim de não cometer erros. A intuição pode muito nos ajudar, mas se a 
fé for cega poderá ser perigoso. “A obsessão faz uso dela 
amplamente”. 
Sensitivos Os sensitivos quando adestrados e desenvolvidos 
corretamente são muito úteis, principalmente em reuniões em que 
não estão presentes os videntes. São capazes de perceber vibrações 
nas pessoas, objetos, plantas, animais e ambientes, mas a principal 
característica é sentir a presença dos espíritos e suas vibrações, 
como exemplo; “Se são bons ou maus”. 
Curadores Este gênero de mediunidade consiste, principalmente, no 
dom que possuem certas pessoas de curar pelo simples toque, pelo 
olhar, mesmo por um gesto, sem o concurso de qualquer medicação. 
Existe logicamente a necessidade de elevada espiritualidade para que 
esse tipo de médium atinja seus objetivos. 
Efeitos físicos Por intermédio desse tipo de médium, os espíritos 
podem causar manifestações no nosso mundo físico. Podem 
28 
 
movimentar objetos de grande porte se materializarem e serem 
palpáveis ao toque físico. Utilizam para tanto os fluidos do médium 
conhecido como “ectoplasma”. Para realização das sessões de 
materialização são necessários além da forte concentração de todos 
os presentes, das orações preliminares e do ambiente totalmente 
escuro. Mas em alguns casos espontâneos existem registros dessas 
manifestações em qualquer ambiente e sem preparo algum. O 
fenômeno ficou conhecido como “Mesas girantes”. 
Desdobramento ou projeção astral também conhecido como 
viagem astral é o ato de sair do corpo material com seu corpo 
perispiritual para realizar tarefa no astral. 
Psicometria é uma leitura do registro astral e temporal que fica em 
cada objeto revelando seu histórico. 
Xenolalia falar em uma língua e todos entenderem em suas línguas. 
Glossolalia expressões de êxtase pelo ato de orar, falar em línguas 
celestiais. 
 
MEDIUNIDADE DE INCORPORAÇÃO 
 
A mediunidade de incorporação é a modalidade principal na 
Umbanda. Muito mais que simples mecânica de transmitir mensagens 
dos espíritos por nosso aparelho vocal, existe toda uma 
caracterização no médium incorporado por uma entidade de 
Umbanda, pois eles trazem todo um conjunto de trejeitos que 
identifica a qual linha pertence (preto-velho, caboclo, baiano...)e qual 
o tipo de trabalho que realizam15. 
Mediunidade de incorporação é transmitir mensagens dos espíritos 
por nosso aparelho vocal, expressar corporalmente a característica e 
personalidade desse espírito, vivenciar sua energia e sentimentos no 
mais intimo do seu ser. É uma vida em seu corpo e com ela toda a 
bagagem de sua história que transcende ao tempo e espaço. As 
 
15 Trecho extraído do texto de Pai Rodrigo Queiroz. 
29 
 
entidades se apresentam a nós de forma integral e total de seu SER. 
 É uma interação profunda com toda nossa limitação física, emocional 
e psicológica. Embora haja preparos por parte do médium (banhos de 
ervas, jejum de carnes, bebidas alcoólicas e sexo, e outros preceitos) 
as entidades equalizam suas energias para se moldar a nossa energia 
para que ocorra a incorporação, porém, o seu SER é incorporado em 
sua totalidade. Portanto, o médium é o templo vivo do seu guia. 
“Não somos loucos, somos médiuns16”. A pessoa quando começa a 
manifestar espíritos, quando começa a incorporar, ela começa pensar 
que esta ficando louca até descobrir que não é louca e sim, é 
médium. Zélio de Moraes quando começou a manifestar espíritos, foi 
encaminhado para um tio que era médico, o Dr Epaminondas. Era 
médico de um hospício e não encontrou diagnósticos de loucura. 
Adiante Zélio também foi exorcizado por padres. Quem esta de fora e 
olha para um médium incorporado pode pensar “Esta todo mundo 
louco varrido. Ajoelhados....., engatinhando no chão.......”. 
A mediunidade era considerada como histeria no final do século XVII. 
Graças a Allan Kardec (Hippolyte Léon Denizard Rivail) e sua pesquisa 
cientifica é que a mediunidade foi classificada. Entregar-se a algo 
maior do que você é um ato de loucura para muitos, é pular em um 
despenhadeiro para o desconhecido. No inicio a incorporação é 
praticamente um salto rumo ao desconhecido. “Incorporar” é 
entregar-se a algomaior do que você, não tem outra maneira de 
incorporar, é um ato de entrega”.17 
O grande medo de todo médium que inicia sua caminhada na 
Umbanda é o da incorporação consciente. Nove entre dez médiuns 
sentem-se inseguros em suas primeiras incorporações. É muito 
comum ouvirmos frases do tipo “Eu vejo tudo, não posso estar em 
transe”. A culpa dessa dúvida que assola nossos terreiros é dos 
próprios dirigentes que não esclarecem aos iniciantes como é esse 
 
16 Frase de Pai Ronaldo Linares 
17 Texto extraído do curso de Teologia da Umbanda – Alexandre Cumino. 
30 
 
processo e dos irmãos mais antigos que insistem em dizer que são 
totalmente inconscientes, talvez para valorizar a sua (deles) 
mediunidade ou com medo de serem tachados de mistificadores. 
Acalmem-se todos! Há muitos anos as entidades deixaram de usar a 
inconsciência como fator preponderante para o bom trabalho exercido 
pelo médium. Muito pelo contrário, hoje sabemos que noventa e 
cinco por cento dos médiuns são conscientes ou semiconscientes. A 
inconsciência completa é muito raro e pouquíssimas vezes revelada, 
justamente para não causar essa insegurança tão presente em nossa 
religião. Pensemos no exemplo da água misturada ao açúcar. Quando 
adicionamos um ao outro teremos um terceiro liquido inteiramente 
modificado, mas com ambos os elementos nele. Assim se processa a 
incorporação, a mente do médium aliada à energia gerada pela 
entidade que se aproxima , unem-se em perfeita harmonia e 
conseguem, utilizando os conhecimentos de ambos, um trabalho mais 
compacto e correto. Não se acanhem em dizer que são conscientes, 
pois a insistência dessa postura pode levá-los a falhas que aí sim, 
darão margens à suspeitas de mistificação. Nos primeiros anos da 
Umbanda havia a necessidade da inconsciência, os médiuns tinham 
vergonha de entregar-se ao trabalho sem reservas. Como deixar que 
um espírito se arrastasse pelo chão falando como criança? Ou ainda 
sentasse em um banco com um pito na boca? Eram atitudes que 
assustariam o médium e o levariam a afastar aquela entidade. 
Com a evolução constante da lei, todos conhecem 
perfeitamente as capas fluídicas que nossas entidades usam e não 
existe mais a necessidade delas esconderem de seus médiuns a 
forma com que se apresentam. 
O cuidado a se tomar nos terreiros cabe aos dirigentes com 
informação e doutrina abundante para que o velho fantasma da 
insegurança se afaste de vez de nossas casas. 
 
 
31 
 
DINÂMICA DA INCORPORAÇÃO 
 
Em nosso corpo físico existe um eixo que vai 
do chakra coronal ao chakra básico, passando 
por todos os chakras, acompanhando a 
espinha dorsal. O corpo espiritual ou seja, 
nosso perispírito, nosso corpo astral está 
alinhado com nosso corpo espiritual. Quando 
um espírito se aproxima para a incorporação, 
ele utiliza de uma técnica chamado 
acoplamento áurico, ou seja, ele se conecta e utiliza do nosso mental. 
É através da nuca que a entidade incorpora, quando a aura do 
espírito encontra com a nossa aura. Quando há nesse encontro, essa 
interpenetração áurica, quando o campo magnético e áurico desse 
espírito entra em contado com o nosso campo magnético e os dois se 
unem, é que se tem aquele choque de incorporação. A reação deste 
choque será um movimento rápido se o médium estiver pronto para 
esta entrega, consciente deste ato ou será algo brusco se o médium 
resistir ou estiver inseguro para a incorporação. 
Três palavras que definem o ato da incorporação; 
PARCERIA – o médium não sai do seu corpo, ele continua junto com 
a entidade. É por isso que ele vê e ouve. A diferença é que vendo e 
ouvindo se permanece quieto para que a entidade se manifeste. Para 
que uma parceria aconteça é fundamental ter CONFIANÇA e não há 
confiança e parceria se não houver ENTREGA. Quando se tem esses 
três elementos presentes encontra-se uma boa mediunidade de 
incorporação consequentemente com bons resultados. 
Bons resultados não são efeitos físicos, mas o que desperta, inspira 
de bom naquele que esta sendo atendido. Mediunidade de 
incorporação assim como todas as mediunidades são dons do espírito 
e não da matéria. Compõe a essência do espírito. Por esta razão que 
muitas vezes sonhamos que estamos incorporados. Nosso espírito 
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=454351644692438&set=gm.624953700886188&type=1
32 
 
incorpora outro espírito que esta em outra vibração para que ele 
atenda através da comunicação um terceiro espírito que esta na 
mesma realidade que nós. Isso também é mediunidade, mediunidade 
entre duas realidades astrais18. 
Desenvolver mediunidade de incorporação é aprender a deixar-se 
manifestar através de você uma bagagem de pensamentos, 
sentimentos e sabedorias que você desconhece, mas que participa 
integralmente recebendo assim o privilégio do aprendizado se 
tratando de incorporação de entidades iluminadas. Quanto os 
espíritos poucos esclarecidos, é permitir que eles sintam suas 
virtudes, benevolências e comprometimentos assim doando lhes a 
oportunidade de se inspirarem através do seu Ser ao caminho da 
regeneração. Incorporar, portanto é um ato Sagrado, um dom que 
nos auxilia ao crescimento espiritual, a nossa evolução. Incorporar 
entidades aos quais chamamos de guias espirituais é permitir que se 
manifeste a sabedoria, os conselhos, aprendizados, correções , 
amparo, acolhimento. Enfim, há sempre um trabalho a ser feito por 
todas as partes. 
“Com os mais sábios aprenderemos, aos humildes ensinaremos e a 
ninguém renegaremos” – Caboclo das 7 Encruzilhadas 
Em nossos dias é comum ver terreiros de Umbanda divulgando suas 
festas e homenagens com as entidades incorporadas. Por muitas 
vezes se divulga mais festas do que comprometimentos em auxilio ao 
próximo. Com tanto trabalho a ser feito, tanto a se aprender, a se 
corrigir, tem se realmente necessidade de tantas festas? Podemos 
com a alegria e motivação que a Umbanda nos oferece, nos 
confundirmos e nos perdermos por este conceito tão prazeroso. 
E nessas festas, os terreiros estão sempre cheios de consulentes, a 
maioria presente somente nesses dias. Todos muito envolvidos e 
dedicados em detalhes visuais e comestíveis. Sempre tem aquele 
médium que providencia uma roupa nova, mais bonita mas quase ou 
 
18 Trecho extraído do curso Teologia de Umbanda – Alexandre Cumino. 
33 
 
nunca não se habilita a renovar a pintura e manutenção de sua casa, 
ou do banquinho do seu Preto-Velho. Sempre encontram condições 
para adquirir algo novo para os festejos mas quando se trata da 
colaboração mensal e as necessidades básicas da casa a colaboração 
é inexistente. Sendo a incorporação um ato Sagrado de doação, 
expor a simples prazer ou vaidade é banalizador. Pelo caminho da fé 
se banaliza muitas vezes sem perceber. Por esta razão nossa fé 
necessita de aprendizado constante, amadurecimento e consciência 
da responsabilidade para que na escola da vida mediúnica possamos 
abandonar o playground e nos licenciarmos num sadio Ato Sagrado 
que é a incorporação mediúnica19. 
 
Video explicativo sobre incorporação 
https://www.youtube.com/watch?v=fLoEeX5JyYs 
 
 
MEDIUNIDADE CONSCIENTE20 
 
Na mediunidade de incorporação consciente o Guia aproxima-se do 
médium e faz ligações apenas junto ao cérebro de seu médium e a 
ele envia seus pensamentos. Nesta situação o Guia se valerá também 
de outros tipos de mediunidade que o médium apresente como 
exemplo; a mediunidade intuitiva, auditiva, sensitiva, clarividência e 
outras. O Guia de um médium consciente sempre irá utilizar todos os 
meios que tiver ao seu alcance para ser compreendido e a mensagem 
ser transmitida aos seus consulentes. Neste caso o médium 
permanecerá consciente e notará todas as situações que ocorram no 
ambiente dos trabalhos e quando desenvolvido corretamentee ciente 
de seu papel como médium, a atuação de seu Guia aumentará 
gradativamente através da assiduidade do médium nos trabalhos, 
 
19 Texto de mãe Márcia Moreira. 
20 Texto do curso Teologia de Umbanda – Alexandre Cumino 
https://www.youtube.com/watch?v=fLoEeX5JyYs
34 
 
situação em que o médium quanto mais assíduo nos trabalhos, mais 
passa a perceber movimentos dos seus braços, pernas e da boca sem 
o seu comando. Por ser a mediunidade de incorporação consciente, é 
ela que mais confusão faz na mente de um médium no inicio de sua 
missão, o que o faz muitas vezes duvidar das comunicações enviadas 
a sua mente, onde imagina estar transmitindo com suas próprias 
palavras as comunicações que lhe chegam à mente, o que não 
corresponde à realidade que vive o médium consciente quando 
integrado a uma corrente séria. O médium consciente quando firme e 
convicto de sua missão mediúnica não dá importância ao fator 
consciência de sua mediunidade e segue com naturalidade na sua 
missão, adaptando-se aos meios que seu Guia usa para se comunicar 
e se fazer compreendido. Mediunidade exige adestramento 
constante, quanto mais adestrado, menos propenso a duvidas ficará 
qualquer médium. Na aproximação do Guia que tenta fazer as 
ligações necessárias entre ele e o médium, são comuns os tremores 
do corpo e o aumento forte da respiração do médium, esse fato 
ocorre devido ao deslocamento sutil do duplo etéreo do médium. 
 
MEDIUNIDADE SEMI-CONSCIENTE21 
 
É semi-consciente quando o Guia atua sobre o cérebro e o duplo 
etéreo do médium e movimenta os órgãos da fala e os membros do 
médium com maior facilidade e naturalidade, mas o médium poderá 
ter ainda em grande parte a visão do que ocorre a sua volta e 
percebe em grande parte o que ocorre no ambiente dos trabalhos. 
Nesta situação, o médium ao final da incorporação, terá vagas 
lembranças. A manifestação do Guia será claramente sentida pelo 
médium, porém, a lembrança dos fatos desaparece rapidamente, 
podendo-se comparar a um sonho, rapidamente esquecido. Na 
aproximação do Guia que tenta fazer as ligações necessárias entre 
 
21 Texto do curso Teologia de Umbanda – Alexandre Cumino. 
35 
 
ele e o médium, também são comuns os tremores do corpo e o 
aumento forte da respiração do médium, esse fato ocorre pelo 
mesmo motivo, o deslocamento sutil do duplo etéreo do médium. 
Nota; muitos defendem e afirmam que possuem a mediunidade de 
incorporação inconsciente. Que ao incorporar, não vê e não escuta 
nada. As incorporações em que os espíritos deixam completamente 
inconscientes o médium, com tomada integral de todas as faculdades 
biopsicomotoras, é fenômeno raríssimo nas religiões mediúnicas. Em 
tempos imemoriais, foi à forma encontrada pelos espíritos para 
cumprirem suas missões no plano físico sem que o medianeiro 
pudesse interferir em suas tarefas, pois muitas pessoas não 
acreditavam na ação dos espíritos sobre o corpo humano e, por isto, 
se tivessem alguma porcentagem de consciência, acabariam por 
intervir, voluntária ou involuntariamente, no labor dos amigos 
espirituais. Com o passar do tempo, e através de um maior estudo e 
consequente entendimento do que ocorria, a inconsciência dos 
médiuns foi pouco a pouco sendo elevado à semiconsciência, 
fenômeno pelo qual os espíritos agem conjuntamente com a psiquê 
do médium, que, mesmo manifestados, sabem de quase tudo o que 
se passa a seu redor, inclusive que estão sob o domínio parcial de 
uma força externa. Este tipo de incorporação (semiconsciente) 
predomina quase que inteiramente nos segmentos espiritualistas, 
porque é a que melhor se adéqua às necessidades atuais. Através da 
semiconsciência há uma interação entre o medianeiro e o espírito 
atuante, que são doutrinador e doutrinado ao mesmo tempo. Além 
disto, esta espécie de incorporação faz com que o médium seja 
corresponsável pela mensagem transmitida por um Caboclo, Preto-
velho, Exu e outras entidades. O fato é que, na mediunidade de 
incorporação semiconsciente, que, diga-se de passagem, também 
tem seus graus de variação, o espírito ao desprender-se do médium 
com o qual trabalha, deixa neste quase que a totalidade das 
informações recebidas ou transmitidas durante uma sessão. Caso 
36 
 
haja alguma necessidade, o espírito, atuando no sistema nervoso 
central e também no cérebro, pode fazer com que o médium deixe de 
lembrar de alguma coisa, mas isto é exceção. A regra é o médium 
lembrar-se de quase tudo que foi dito pelo espírito trabalhador. Neste 
sentido, muito importante é o respeito e a obediência que os médiuns 
devem ter para com a ética no atendimento. Infelizmente alguns 
médiuns que trabalham semi-conscientes insistem em dizer que não 
se lembram de nada depois que o espírito interventor se afasta. E o 
fazem por duas razões básicas: primeiro, querem dar um maior valor 
a sua mediunidade, dizendo: "eu sou especial porque trabalho sem 
consciência"; segundo, para se eximirem de responsabilidade, caso 
haja alguma comunicação equivocada, por influência do próprio 
médium, dizendo este depois: "eu sou inconsciente, quem errou foi o 
espírito". 
 
INCORPORAÇÕES FORA DO TERREIRO22 
 
Esse é um tema que tenho debatido muito com os filhos-de-fé da 
nossa casa. Nós, umbandistas de coração, temos uma necessidade 
quase fisiológica de auxiliar alguém quando o encontramos em 
dificuldades. Quem de nós já não teve vontade de auxiliar alguém 
necessitado, ansioso por fazer o bem, a ponto de não aguentar 
esperar o dia da gira para isso? Quem nunca pensou em incorporar 
as suas entidades em casa, ou na casa da pessoa necessitada ou até 
mesmo em outro lugar a fim de auxiliar o mais breve possível? 
Atire o primeiro pó de pemba quem nunca pensou assim. 
A intenção é ótima, não resta dúvida. Mas nem sempre as boas 
intenções são sinônimos de bons resultados. Conheço inúmeros 
relatos de casos em que a tentativa de ajudar foi desastrosa para 
ambas as partes: para o que buscava ajuda e também para o 
 
22 Douglas Fersan - Fonte: Lar de Preto Velho. 
 
37 
 
médium. "Ah, minhas entidades são fortes e minha fé é firme" - dirão 
alguns. Não tenho dúvidas quanto a isso. Mas pergunto: e os eguns e 
quiumbas que você (e suas entidades) vai encarar são fracos? 
Você tem noção da força deles? Lembre-se que não são apenas os 
"bonzinhos" que têm força e firmeza. 
Outro detalhe para refletir: se fosse para incorporar as entidades em 
casa (ou na casa do consulente), qual a necessidade de existir um 
terreiro, com tronqueira, congá e corrente mediúnica firmada? Se 
temos tudo isso num terreiro é porque lá é o lugar da incorporação e 
do atendimento acontecer. Se pensarmos o contrário - salvo casos de 
extrema necessidade - vamos fechar os terreiros e abolir os 
fundamentos da Umbanda, pois tudo isso passa a ser desnecessário. 
Mas vamos ao que realmente interessa. Dar atendimento e incorporar 
fora do terreiro equivale a nadar em um rio de piranhas famintas. 
Imagine as falanges de espíritos sofredores, zombeteiros, trevosos, 
malfeitores, quiumbas e energias nefastas que o acompanharão e, 
provavelmente ficarão em seu lar. Sensações desagradáveis como 
mal estar, doenças, desarmonias não tardarão a surgir. E quem é o 
culpado disso? As suas entidades que se deixaram incorporar em 
qualquer lugar? Não, elas estão sempre dispostas a ajudar 
independente da hora ou lugar. O culpado é você, que abriu as portas 
da sua vida e da sua casa para essas energias. Mais que isso... você 
levará problemas não apenas para sua vida, sua casa e sua família. 
Levará problemas também para os seus irmãos-de-fé no terreiro, 
pois quando lá chegar, em dias de gira, estará carregado com essas 
energias. E bem sabemos que uma gira funciona como uma grandeengrenagem. Quando uma das peças apresenta defeito, todo o 
mecanismo tende a falhar. Em outras palavras, todos os seus irmãos-
de-fé sentem a baixa energia que chega na casa, e a gira tende a não 
correr da forma esperada. E não adianta dizer que antes de fazer o 
atendimento domiciliar você firmou vela para seu anjo da guarda e 
para sua esquerda. 
38 
 
Terreiro é terreiro. Ambiente familiar é morada de espíritos 
encarnados e não pronto socorro espiritual. Pense em tudo isso. 
Pense nos prejuízos que você pode levar a si próprio e à sua família. 
Lugar de manifestação de orixás e entidades é no terreiro, salvo 
exceções. como casos de saúde, em que o doente está totalmente 
impossibilitado de se locomover. O resto é vaidade do médium. E é 
justamente a vaidade que costuma derrubar os melhores médiuns. 
Respeitar essa regra é respeitar a si mesmo, é respeitar a hierarquia 
da sua casa, é respeitar o consulente (pois você não é detentor da 
verdade e não tem a certeza de que irá resolver os problemas dele), 
é respeitar seus irmãos-de-fé, é respeitar o nome do terreiro que 
frequenta e é respeitar, e é acima de tudo, respeitar os seus orixás e 
suas entidades. 
 
 
Incorporação, um dom a serviço do outro – por mãe Márcia Moreira 
 
A incorporação é um dos mais de 60 tipos de mediunidade 
catalogados por Allan Kardec. É um dom sagrado que nos permite 
relacionar com irmãos espirituais e assim aprendermos com suas 
experiências de vida. Através da incorporação sentimos o 
comprometimento espiritual de cada entidade e na entrega de nosso 
corpo para este encontro sagrado vamos educando nosso caráter e 
desenvolvendo nossas virtudes. Portanto, incorporação é um dom de 
SERVIÇO que envolve o médium e a entidade. Este serviço sagrado 
tem a função de despertar, inspirar, moldar a todos que buscam a 
verdade. 
Muitos médiuns quando chegam numa corrente de Umbanda, 
querem incorporar, dar passagem às suas entidades, sem antes 
aprender a servi-lás na função de cambono. Pensam que cambonar é 
atrasar o seu desenvolvimento mediúnico. Deixam a ansiedade e 
39 
 
imaginação serem os estímulos de seus objetivos. Atravessam a 
mensagem verdadeira da entidade, sem ao menos dar-lhes a chance 
de conhecê-las. É Caboclo que não é flecheiro soltando flecha, é Preto 
Velho que não usa a fumaça como elemento magístico, mas seu 
aparelho já providenciou o cachimbo, enfim, atropelam literalmente 
os momentos que deveriam ser encontros sagrados por pura pressa. 
Consequentemente se a casa não corrigir estes equivocados 
comportamentos, estes médiuns distanciarão do verdadeiro 
compromisso. Serão médiuns vaidosos, arrogantes e usuários da 
religião. Não estarão dispostos a estudos contínuos muito menos 
estar a serviço de suas entidades. Pelo contrário, terão posses de 
suas entidades e tenderão a trabalhar somente com aquela entidade 
que tem mais afinidade. Não darão oportunidades a outras entidades 
alegando que “a entidade não deixa outros chegarem”. E neste 
“desenvolvimento” desastroso acumularão mensagens e 
comportamentos equivocados, pois seu dom esta sendo corrompido 
pelo seu próprio ego. Enfim, desvirtuarão totalmente a doutrina da 
Umbanda, pois serão cada vez mais individuais e interesseiros. 
Mediunidade de incorporação não é brincadeira. Nenhuma 
entidade comprometida com o bem levará seu médium à exposição 
do ridículo e desvios morais. Entidades de Umbanda trabalham sob a 
lei da caridade e evolução, com ordem, disciplina e ética. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
 
HISTÓRIA DA UMBANDA 
 
Reconstruir o processo histórico de formação das religiões afro-
brasileiras não é, contudo, uma tarefa fácil. Primeiro porque, sendo 
religiões originárias de segmentos marginalizados em nossa 
sociedade (como negros, índios e pobres em geral) e perseguidos 
durante muito tempo, há poucos documentos ou registros históricos 
sobre elas. E, entre esses, os mais frequentes sãos os produzidos 
pelos órgãos ou instituições que combateram essas religiões e as 
apresentam de forma preconceituosa ou pouco esclarecedora de suas 
reais características. 
- casos dos autos da Visitação do Santo Oficio da Inquisição no Brasil 
colonial. 
- boletins de ocorrência feito pela policia para relatar a invasão de 
terreiros e prisão de seus membros, sob a acusação de praticarem 
curandeirismo, charlatanismo etc. 
- visão preconceituosa em relatos dos viajantes estrangeiros que 
estiveram no Brasil nos séculos passados descrevendo algumas 
manifestações religiosas afro-brasileiras como festas, danças, 
procissões. 
- características particulares cujos princípios e práticas doutrinárias 
são transmitidos oralmente. 
 A história dessa religião tem sido feita, portanto, quase que 
anonimamente, sem registros escritos, no interior dos inúmeros 
terreiros fundados ao logo do tempo em quase todas as cidades 
brasileiras. Assim, a história das religiões afro-brasileiras inclui, 
necessariamente, o contexto das relações sociais, políticas e 
econômicas estabelecidas entre os seus principais grupos 
formadores; negros, brancos e índios. 
 Diante das religiões afro-brasileiras como o Candomblé, 
Jurema, Macumba, Tambor de Mina, Xangô do Nordeste e outras, a 
41 
 
Umbanda apresenta uma peculiaridade que a diferencia das demais: 
enquanto os adeptos das religiosidades mais africanizadas buscam 
legitimar suas práticas exaltando a pureza das tradições nagô, os 
lideres do movimento umbandista fizeram questão de apresentá-la 
como uma religião brasileira. O caráter nacionalista atribuído à 
Umbanda contribui para um processo de legitimação que inclui 
também a institucionalização na nova religião23. 
 
O começo de nossa história 
 Quando Portugal iniciou a colonização do Brasil, no inicio do 
século XVI, trouxe também a religião oficial: o catolicismo. A igreja 
católica naquele momento se encontrava em crise por parte dos 
reformistas e perdia adeptos para as religiões protestantes que 
crescia na Europa. A expansão para as Américas representou a 
possibilidade de ampliar a influência do catolicismo por meio da 
conversão dos pagãos do Novo Mundo. Para a coroa portuguesa, a 
evangelização dos nativos também apresentava vantagem, uma vez 
que a Igreja ao torná-los temente ao Deus dos cristãos deixava-os 
submissos aos interesses de Portugal. A Igreja no Brasil nasce com a 
estruturação de uma sociedade subordinada e dependente do sistema 
capitalista-mercantil em expansão, no qual a colônia devia abastecer 
a metrópole com metais preciosos e produtos agrícolas. O cultivo da 
cana de açúcar logo demonstrou potencial econômico, incentivando a 
expansão da lavoura canavieira e despertando, consequentemente o 
interesse também de holandeses e franceses em se instalarem no 
extenso litoral brasileiro. Para garantir uma colonização mais efetiva 
e um controle político mais intenso, Portugal instalou o Governo Geral 
em 1549 na capitania da Bahia, fundando a cidade de Salvador. Foi 
nesse período que chegaram as primeiras missões jesuíticas a fim de 
“domesticar” os índios que ameaçavam os engenhos de açúcar. 
 
23 Das Macumbas à Umbanda – José Henrique Motta de Oliveira 
 
42 
 
A mão de obra indígena, contudo não se adaptou ao trabalho 
cotidiano e foi substituída pela de origem africana. 
Portugal era especializado no tráfico negreiro desde o século XV e não 
teve dificuldades de abastecer a colônia com escravos. 
 
NA ÁFRICA 
África é um continente imenso cercado de uma variedade de 
cultura. A cultura semita que deu origem ao judaísmo, também 
transitou por essa região. O Egito esta na África. A cultura de Orixá 
vem da cultura Nagô (língua yorubá) e que hoje corresponde a região 
da Nigéria, que era República Popular do Benin. Mais para o sul esta 
a região do Congo e mais abaixo Angola. Entre Congo e Angola esta 
uma região bem menorchamada Cabinda. Nessa grande região da 
cultura Nagô havia uma divisão entre nações como se fossem 
cidades, a nação de Keto, nação de Ijexá, Irê, Óio. Em cada cidade 
havia o culto de um ou outro Orixá. Em Keto, culto a Oxossi, em Oyó 
culto a Xangô e Iansã, em Ijexá culto de Oxum, cidade nação de Ifé 
considerada a cidade sagrada na cultura Nagô, onde Olorum criou o 
mundo por meio do Orixá Oxalá. Em ifé esta o culto de Oxalá, o culto 
de Odudua, e Exu esta em todos os lugares. No culto a Orixá não se 
mistura espíritos que na língua yorubá é chamado de Egum. Para o 
culto de eguns a um culto exclusivo chamado Egungun que no Brasil 
se estabeleceu na Ilha de Itaparica. 
Em Angola temos outra cultura e forma de se consagrar o 
sagrado, ou seja, Deus e suas divindades. A língua mais usada é o 
quimbundo, mas também presente vários dialetos. É na língua 
quimbundo que Deus se chama Zambi e as divindades são chamadas 
de Inquices. Os Inquices não tem problema de serem cultuados no 
mesmo lugar que os espíritos que na língua quimbundo é chamado de 
quiumba. 
Ao lado da Nigéria se encontra a cultura Gêge onde a língua falada é 
o fon e as divindades são Voduns ou Vodu. 
43 
 
São essas culturas mencionadas acima que mais influenciaram a 
cultura afro-brasileira e também a Umbanda. 
O tráfico negreiro dividiu-se em dois portos na África. 
- Porto costa do ouro ou costa dos escravos – porto na região da 
Nigéria e do norte da África – todos que vinham desse porto eram 
chamados de sudaneses (Nagôs e Gêges). 
- Porto Costa de Angola – da região de Angola, Congo, Cassange, 
Cambinda chamados de Bantos ou Bantu. 
* da cultura Gêge influência no Maranhão – Tambor de Mina e culto 
de divindades que são Voduns junto com o culto dos encantados. 
* da cultura Banto influência o Rio de Janeiro – Angola e Congo de 
onde se origina a Macumba (nome de uma madeira, árvore, 
instrumento musical feito com esta madeira, também nome de uma 
dança ritual na cultura Banto Angolana). 
 
 Cultura Língua Divindade 
Sudaneses Gêge 
 
Nagô 
Fon 
 
Yorubá 
Vodun/vodu 
 
Orixá 
Bantos 
 
Angola 
 
Congo 
Quimbundo 
 
Quicongo 
Inquices 
 
Tátas 
 
A civilização africana considerada o berço da humanidade não 
possuía o esclarecimento que temos hoje da ciência, energias, forças 
cósmicas. Eles construíram um entendimento a partir de suas 
referências de vida. Construíram a mitologia dos Orixás a partir dos 
elementos que possuíam e entendiam. Foi no contexto de vivências 
humanas e na busca pelo sentido da vida que se construiu o mito. 
Como define Maçaneiro24 “Como filhos da terra, inseridos no tempo e 
no espaço, como filhos do céu somos capazes de ler e reler o 
 
24 Marcial Maçaneiro. O labiririnto sagrado. Paulus, 2011. 
44 
 
cotidiano, a partir de experiências fundadoras de sentido, que nos 
remetem ao infinito e à transcendência. Daí os dois possíveis sentidos 
para a religião: religar e reler, do verbo latino relegere. De tal modo, 
mesmo apresentando variações, as vivências originárias se 
encontram e se confirmam nas várias religiões da humanidade. Por 
exemplo: em praticamente todas as religiões encontramos um rito 
que celebra as estações e as colheitas; nos momentos de nascimento 
e morte. Os símbolos variam e as divindades mudam de nome. 
Embora os cenários do Sagrado sejam diferentes, o sujeito que os 
experimenta e interpreta é o mesmo: a pessoa humana.” À medida 
que se registram na memória, as vivências originárias ganham 
expressão nos símbolos e narrativas. Da memória surgem ritos 
memoriais ou comemorativos, com seus sinais, períodos e 
movimentos próprios. No rito memorial, a pessoa rediz a vivência 
originária que a marcou, sobretudo com gestos cultuais que , usando 
ou não da expressão verbal, comunica o mistério por si mesma.” 
Desta forma podemos entender como os africanos começaram 
a construir suas percepções e experiências de forças sobrenaturais 
manifestadas na natureza dentro da linguagem e referência de vida 
que possuíam. Personificaram a potência das águas em orixás 
femininos, pois associaram a água a vida com virtude regenerativa, 
ou seja, um arquétipo gerador (útero, colheita, chuva). Associaram 
também água- mulher- lua e daí deriva os cultos lunares. 
Hoje a ciência explica a influência lunar sobre as plantações, 
ciclo menstrual e marés. A pedra como simbologia de fortaleza, 
resistência, fundação, sabedoria (associada ao seu estado de 
petrificação de milhões de anos). A mitologia dos Orixás não são 
mentiras, mas um gênero narrativo próprio da religião para expressar 
o sentido de ler a vida. 
Quando a religião africana desembarca em solo brasileiro 
recebe uma nova releitura e resignificação. O culto aos orixás, 
voduns e inquices que distinguiam nas diversas regiões africanas e 
45 
 
em seus clãs, se encontram e se unem a partir das senzalas e da 
situação de escravidão. Além do sincretismo entre às diversas 
culturas africanas, também ocorre o sincretismo com as culturas 
ameríndias e europeias. 
SINCRETISMO - consiste em unir dois ou mais valores para alcançar 
um terceiro valor. O sincretismo brasileiro está muito associado às 
culturas, pois valores de duas ou mais culturas se unem quando 
nasce uma nova religião. 
 O ritual de Umbanda é marcada pela musicalidade tocada por 
atabaques, rezas para Santos e Orixás, uso de terços e de colares de 
contas (guias), a valorização da natureza com a visão do índio que 
adora Tupã, o uso de ervas com banhos e defumação. 
O sincretismo entre santos católicos e divindades serviu para 
encobrir o culto de orixás (e também de inquices, voduns e tatás) por 
escravos que não tinham a liberdade de professar sua religião. É 
importante entender que Orixá não é Santo e vice-versa. 
Portanto, o sincretismo é um processo natural quando as 
culturas se encontram, sejam na harmonia ou na adversidade. 
- O judaísmo absorveu das culturas sumeriana, babilônica, acadiana e 
assíria. 
- O Cristianismo absorveu da cultura judaica, grega e romana. 
- O Budismo nasce em solo hindu, e Sidarta Gautana recebe 
influência diferente do budismo chinês. 
 Definimos Umbanda com influências da cultura africana, 
ameríndia e europeia. É uma religião brasileira onde outras culturas 
se encontraram para formar esta cultura. 
Sendo cada orixá a manifestação de uma qualidade do Criador 
compreendemos que a Umbanda não é politeísta (vários deuses). Dos 
cultos afros ela herda o caráter divino dos orixás, releu e 
reinterpretou dentro do contexto em que nasce. Enquanto nos cultos 
africanos os orixás são deuses, com seus fundamentos e preceitos 
individuais, dissociados um dos outros e por vezes se chocam, na 
46 
 
Umbanda os orixás se interagem, harmonizando e totalizando a 
criação de Olorum. Não importa o número de orixás cultuados por 
que a unidade religiosa está em Deus-Olorum. Dividi-los é um 
processo pedagógico de conhecer essas irradiações separadamente, 
vivênciá-las com mais consciência e conteúdo rumo à nossa 
humanização. Como cita Rubens Seraceni “São mistérios de Deus que 
na Umbanda assumem a denominação de orixás. Mas em outras 
religiões assumem outras denominações sem perder suas qualidades 
divinas e atribuições, que é regerem sobre tudo o que aqui existe, 
seja o meio onde vivemos, seja tudo o que vive nesse nosso meio, 
que é o nosso planeta.” 
Para entendimento de toda a formação desse projeto religioso, 
podemos perceber que a Umbanda nasce no momento da história 
humana onde as culturas se encontram em terras brasileiras. Um 
processo que definirá mais tarde o que foi anunciando como 
Umbanda. 
A história oficial acontece no dia 15 de novembro de 1908, 
quando o médium Zélio de Moraes manifestando o Caboclo das 7 
encruzilhadas e uma federação espírita em Niterói-RJ, anuncia 
“Umbanda é a manifestação do espírito para a caridade”e 
seguidamente ao ter sua presença rejeitada pelo dirigente o caboclo 
define que a prática na Umbanda será “Com os mais sábios 
aprenderemos, aos mais simples ensinaremos e a ninguém 
renegaremos”. Esse momento foi tão único e marcante, que foi 
considerado no processo que possibilitou em 2012 o decreto Lei 
12.644 que reconhece a data de 15 de novembro como o dia nacional 
da Umbanda. 
“LEI Nº 12.644, DE 16 DE MAIO DE 2012. A PRESIDENTA DA REPÚBLICA 
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 
1o Fica instituído o Dia Nacional da Umbanda, que será comemorado, anualmente, em 
15 de novembro.(16 de maio de 2012)”. 
 
47 
 
HISTÓRIA DO HINO DA UMBANDA 
 
O Hino da Umbanda foi composto, na década de 60, por um 
deficiente visual, que em busca de sua cura foi procurar ajuda do 
Caboclo das Sete Encruzilhadas. Não conseguindo por ser uma 
deficiência cármica, José Manoel Alves fez o hino da Umbanda para 
mostrar que poderia ver o mundo e nossa religião de outra maneira. 
 
REFLETIU A LUZ DIVINA 
EM TODO SEU ESPLENDOR 
VEM DO REINO DE OXALÁ 
ONDE HÁ PAZ E AMOR 
LUZ QUE REFLETIU NA TERRA 
LUZ QUE REFLETIU NO MAR 
LUZ QUE VEIO DE ARUANDA 
PARA TUDO ILUMINAR 
 
UMBANDA É PAZ E AMOR 
O MUNDO CHEIO DE LUZ 
É A FORÇA QUE NOS DÁ VIDA 
E A GRANDEZA NOS CONDUZ 
AVANTE FILHOS DE FÉ 
COMO A NOSSA LEI NÃO HÁ 
LEVANDO AO MUNDO INTEIRO 
A BANDEIRA DE OXALA 
 
 
 
 
 
 
48 
 
Qual a verdadeira natureza e origem da Umbanda? 
por Mãe Iassan Pery. 
Às vezes se é mal informado a respeito, e confunde-se muito 
Umbanda com Espiritismo. A ignorância a respeito é generalizada. 
Desde que os negros foram tirados de sua terra, na África, 
vieram para o Brasil com o rancor e o ódio em seus corações, pois 
muitos foram enganados pelo homem branco e feitos prisioneiros e 
escravos, feridos em sua dignidade, distantes da pátria e dos que 
amavam. Foram transcorrendo os anos de lutas e dores, e o negro 
mantinha, em seus costumes e na religião, a invocação das forças da 
natureza, as quais chamavam de Orixás, espécie de deuses a quem 
cultuavam com todo o fervor de suas vidas. Aprenderam com o 
tempo a se vingar dos seus senhores e déspotas, através de pactos 
com entidades perversas e com a magia negra, que outra coisa não 
era, senão as energias magnéticas empregadas de forma equivocada. 
Dessa maneira, o culto inicial aos Orixás foi-se transformando 
em métodos de vingança, em pactos com entidades trevosas, que 
assumiam o papel dessas forças da natureza ou Orixás, disseminando 
o que se chamava de Candomblé, que, na época, era um disfarce 
para uma série de atividades menos dignas no campo da magia. 
Com o tempo, foi-se formando uma atmosfera psíquica 
indesejável no campo áurico do Brasil, que havia sido destinado a ser 
a pátria do evangelho redivivo, onde estava sendo transplantada a 
árvore abençoada do Cristianismo pelas bases eternas do espiritismo. 
A psicosfera criada no ambiente espiritual da nação foi de tal maneira 
violenta, que entidades ligadas aos lugares de sofrimento nas 
senzalas encarnavam e desencarnavam conservando o ódio nos 
corações, com exceção daquelas que entendiam o aspecto espiritual 
da vida. Assim, a magia negra foi-se espalhando em forma de culto 
pelas terras brasileiras. Do Norte ao Sul do país, as oferendas, os 
despachos ou os Ebós eram oferecidos pelos Pais de Santo, pelos 
mestres do Catimbó ou de outros cultos que proliferavam a cada dia, 
49 
 
criando uma crosta mental sobre os céus da nação. Nos planos 
etéreos da vida, reuniram-se então entidades de alta hierarquia com 
o objetivo de encontrar uma solução para desfazer a egrégora 
negativa que se formava na psicosfera do Brasil. A magia negra 
deveria ser combatida, e seus efeitos destrutivos haveriam de ser 
desmanchados de maneira a transformar os próprios centros de 
atividades dos cultos degradantes em lugares que irradiassem o amor 
e a caridade, única forma de se modificar o panorama sombrio. Havia 
necessidade de que espíritos esclarecidos se manifestassem para 
realizar tal cometimento. E, assim, foram se apresentando, uma a 
uma, aquelas entidades iluminadas que haveriam de modificar suas 
formas perispirituais, assumindo a conformação de Pretos Velhos e 
Caboclos, e levariam a mensagem de caridade através da Umbanda, 
cujo objetivo inicial seria o de desfazer a carga negativa que se 
abatia sobre os corações dos homens no Brasil. A Umbanda seria o 
elo de ligação com o alto; penetraria aos poucos nos redutos de 
magia negra ou nos terreiros de Candomblé, os quais ainda se 
mantinham enganados quanto às leis de amor e caridade, e iria 
transformando, com as palavras de um Preto Velho ou as 
advertências do Caboclo, os sentimentos das pessoas. E, para isso 
era necessário que elevados companheiros da vida maior 
renunciassem a certos métodos de trabalho considerados mais 
elevados e se dedicassem às atividades que a Umbanda se propunha. 
A esses companheiros de elevada hierarquia espiritual juntaram-se 
espíritos de antigos escravos e índios, que serviram por muito tempo 
nas fazendas e nos arraiais da Terra do Cruzeiro e, em sua 
simplicidade e boa vontade, propuseram-se a trabalhar para mostrar 
ao homem branco e civilizado as lições sagradas da Umbanda. 
Manifestavam-se aqui e acolá ensinando suas rezas, mandigas e 
beberagens, auxiliando a curar doenças e dando lições de amor e 
humildade. Na verdade, a Umbanda tem conseguido seu intento, e, 
aos poucos, vão sumindo dos corações dos oprimidos o desejo de 
50 
 
vingança, o ódio e o rancor. Os cultos afros, em sua essência, vão se 
transformando, auxiliando o progresso daqueles que sintonizam com 
tais expressões de religiosidade. A Umbanda está modificando o 
aspecto desses cultos de origem africana e transformando-os 
gradativamente, numa religião mais espiritualizada. 
Na palavra de um Caboclo ou de um Preto Velho a lei de causa 
e efeito é ensinada por meio de Xangô, que simboliza a Justiça; a 
reencarnação torna-se mais compreensível às pessoas mais simples 
quando o Preto fala de sua outra vida como escravo e da 
oportunidade de voltar à Terra em novo corpo, para ajudar seus 
filhos. A força das matas, das ervas, é ensinada na fala de Oxossi; o 
amor é personificado em Oxum, e a força de transformação, a 
energia de vitalidade, é apresentada nas palavras de Ogum. 
Mas há muito ainda o que fazer, muito trabalho a realizar. 
Nossa explicação não esgota o assunto, mostra apenas um aspecto 
da Umbanda, que guarda suas raízes em épocas muito distantes no 
tempo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
51 
 
ENTIDADES NA UMBANDA 
 
Linhas de trabalho 
São aquelas entidades que vão atender, orientar, aconselhar, 
conversar com os filhos e assistência da casa. Suas manifestações 
expressam o arquétipo da linha determinada variando apenas alguns 
vocabulários, regionalidade e personalidade daquela entidade. 
As linhas de trabalho são: 
Caboclos - Essas entidades se manifestam produzindo em seus 
médiuns uma postura ereta e voz vibrante. Transmitem uma 
sensação de segurança, vitalidade, porém com muita 
simplicidade. Despertam nas pessoas a fortaleza moral e a vontade 
de expandir. Foi o Caboclo das 7 Encruzilhadas quem primeiro 
anunciou as diretrizes de uma nova religião, a Umbanda, em 1908. 
Os caboclos são considerados os grandes mentores da Umbanda. O 
termo "caboclo" além de designar índio mestiço, tem dentro da 
Umbanda o significado de espírito que trabalha e que na religião vem 
sob as ordens de algum orixá. São confundidos com o Orixá Oxossi, 
mas são, na realidade, trabalhadores espirituais que pertencem a 
organização de Oxossi, embora sua irradiação possa ser de outro 
Orixá. Possuem grande elevação espiritual, e trabalham incorporados 
em seus médiuns, dando passes e consultas, em busca de sua 
elevação espiritual. Geralmente são os escolhidos pela espiritualidadepara serem os Guias-Chefes dos médiuns representando o Orixá de 
cabeça do médium. São os braços fortes da Umbanda, muito 
utilizados nas sessões de desenvolvimento, curas, desobsessões, 
solução de problemas psíquicos e demandas materiais e espirituais. 
Espíritos de muita luz que assumem a forma de "índios", prestando 
uma homenagem a esse povo que foi massacrado pelos 
colonizadores. Nem todos foram índios em suas encarnações 
passadas, havendo inclusive dentre eles, espíritos de médicos, 
cientistas e mestres de várias áreas. 
52 
 
Têm profundo conhecimento das ervas e seus princípios ativos, e 
muitas vezes, suas receitas produzem curas grandiosas. Ajudam na 
vida material com trabalhos de magia positiva limpando nossa aura e 
proporcionando energia e força para a conquista de nosso objetivo. 
Entidades que através da sua simplicidade passam credibilidade e 
confiança a todos que os procuram. Em seus trabalhos de magia 
costumam usar pemba, velas, essências, flores, ervas, frutas e 
charutos. Ao encerrarem seus trabalhos em terra os caboclos voltam 
para a Aruanda, mas muitos deles dizem estar voltando para a 
Jurema, que na realidade, é o mesmo espaço astral, conhecido por 
diversos nomes. Em algumas casas, costumam usar durante as giras, 
penachos, arcos e flechas, lanças, etc. Falam de forma rústica, 
muitas vezes confundida com antipatia por alguns consulentes. Os 
brados, emitidos por eles em terra, são como mantras e cada um 
emite um som de acordo com seu trabalho, para ajustar condições 
especificas que facilitem a incorporação, ou para liberarem bloqueios 
nos consulentes, nos médiuns ou no ambiente geral. Sua cor é o 
verde escuro e seu dia a quinta-feira. São homenageados no dia 20 
de janeiro. Sua saudação é: OKÊ CABOCLO! 
Pretos velhos - Essas entidades se apresentam de forma simples, 
produzindo vozes muito calmas e fazendo com que seus médiuns se 
curvem. São os MESTRES DA SABEDORIA, trazem consigo vibrações 
de paz, serenidade e muita humildade. São entidades que carregam o 
peso da experiência, são sapientíssimas, mas sempre demonstrando 
muita humildade. São espíritos que se apresentam em corpo fluídico 
de velhos africanos que viveram nas senzalas, majoritariamente 
como escravos que morreram no tronco ou de velhice, e que adoram 
contar as histórias do tempo do cativeiro. Sábios, ternos e pacientes, 
vibram amor, fé e a esperança aos "seus filhos". São entidades que 
tiveram, pela sua idade avançada, o poder e o segredo de viver 
longamente através da sua sabedoria, apesar da rudeza do cativeiro. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Senzala
http://pt.wikipedia.org/wiki/Escravo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tronco
http://pt.wikipedia.org/wiki/Velhice
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cativeiro
53 
 
Demonstram fé para suportar as amarguras da vida, 
consequentemente são espíritos guias de elevada sabedoria. Através 
de suas várias experiências, em inúmeras vidas, entenderam que 
somente o amor constrói e une a todos, que a matéria nos permite 
existir e vivenciar fatos e sensações, mas que a mesma não existe 
por si só, nós é que a criamos para estas experiências, e que a 
realidade é o espírito. Com humildade, apesar de imensa sabedoria, 
nos auxiliam nesta busca, com conselhos e vibrações de amor 
incondicional. Também são mestres dos elementos da natureza 
utilizando em seus benzimentos. São homenageados no dia 13 de 
maio25. Sua saudação é: Adorei as almas! 
Crianças – Essas entidades se manifestam de forma muito singela, 
com vozes infantis, são verdadeiras representantes DA PUREZA. 
Transmitem as mais puras vibrações de alegria e amor universal, 
características, realmente da fase da infância. É uma falange de 
espíritos que assumem em forma e modos, a mentalidade e o 
comportamento infantil. Como no plano material, também no plano 
espiritual, a criança não se governa, tem sempre que ser tutelada. É 
a única linha em que a comida de santo (Amalás), leva tempero 
especial (açúcar). É conhecido nos terreiros de Nação e Candomblé, 
como (ÊRES ou IBEJI). Com Criança tudo pode acontecer. Quando 
incorporadas em um médium, gostam de brincar, correr e fazer 
brincadeiras (arte) como qualquer criança. É necessária muita 
concentração do médium, para não deixar que estas brincadeiras 
atrapalhem na mensagem a ser transmitida. Os "meninos" são em 
sua maioria mais bagunceiros, enquanto que as "meninas" são mais 
quietas e calminhas. Alguns deles incorporam pulando e gritando, 
outros descem chorando, outros estão sempre com fome, etc... Estas 
características, que às vezes nos passam despercebido, são sempre 
formas que eles têm de exercer uma função específica, como a de 
 
25 13 /05/1888- data que foi assinada a Lei Áurea, a abolição da escravatura no Brasil. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/13_de_maio
http://pt.wikipedia.org/wiki/13_de_maio
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_%C3%81urea
http://pt.wikipedia.org/wiki/Aboli%C3%A7%C3%A3o_da_escravatura
http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil
54 
 
descarregar o médium, o terreiro ou alguém da assistência. Os 
pedidos feitos a uma criança incorporada normalmente são atendidos 
de maneira bastante rápida. Entretanto a cobrança que elas fazem 
dos presentes prometidos também é. Uma gira de criança não deve 
ser interpretada como uma diversão, embora normalmente seja 
realizada em dias festivos, e às vezes não consigamos conter os risos 
diante das palavras e atitudes que as crianças tomam. Mesmo com 
tantas diferenças é possível notar-se as maiores características de 
todos, que é mesmo a atitude infantil, o apego a brinquedos, 
bonecas, chupetas, carrinhos e bolas, como os quais fazem as festas 
nos terreiros, com as crianças comuns que lá vão a busca de tais 
brinquedos e guloseimas nos dias apropriados. 
“Uma curiosidade: Cosme e Damião foram os primeiros santos 
a terem uma igreja erigida para seu culto no Brasil. Ela foi 
construída em Igarassu, Pernambuco e ainda existe.” 
 Esses seres, mesmo sendo puros, não são tolos, pois identificam 
muito rapidamente nossos erros e falhas humanas. E não se calam 
quando em consulta, pois nos alertam sobre eles. Muitas entidades 
que atuam sob as vestes de um espírito infantil, são muito amigas e 
têm mais poder do que imaginamos. Mas como não é levado muito a 
sério, o seu poder de ação fica oculto. São conselheiros e curadores, 
por isso foram associados à Cosme e Damião, curadores que 
trabalhavam com a magia dos elementos. 
 Elas manipulam as energias elementais e são portadores 
naturais de poderes só encontrados nos próprios Orixás que os 
regem. Estas entidades são a verdadeira expressão da alegria e da 
honestidade, dessa forma, apesar da aparência frágil, conseguem 
atingir o seu objetivo com uma força imensa. Embora as crianças 
brinquem, dancem e cantem, exigem respeito para o seu trabalho, 
pois atrás dessa vibração infantil, se escondem espíritos de 
extraordinários conhecimentos. Imaginem uma criança com menos 
de sete anos possuir a experiência e a vivência de um homem velho e 
55 
 
ainda gozar a imunidade própria dos inocentes. A entidade conhecida 
na Umbanda por ibeji é assim. Faz tipo de criança, pedindo como 
material de trabalho chupetas, bonecas, bolinhas de gude, doces, 
balas e as famosas águas de bolinhas (o refrigerante) e trata a todos 
como tio(a) e vô(ó). 
 
 Uma das mais 
importantes e por que 
não dizer queridas 
Falanges de Umbanda é 
a Ibeijada, as crianças 
do astral. Nela 
encontramos também 
os caboclinhos (as) da 
mata, na sua forma 
indígena, atuando espiritualmente em prol do bem e da caridade. No 
dia 27 de setembro é comemorado São Cosme e São Damião. Sua 
saudação é: Onibejada ou onibeijada. 
 
Fontes: 
http://umbanda-de-deus.blogspot.com.br/2010/06/ibeijada-crianca-no-astral.html 
 
http://pt.wikipedia.org 
 
BAIANOS – essa linha de trabalho tem como principal vibraçãoa 
energia e qualidade de Iansã, porém intercruzam com as vibrações 
de todos os orixás. Deste modo é comum realizar nas giras as forças 
das sete linhas. São na maioria descontraídos e falantes conquistando 
rapidamente a simpatia dos consulentes. Por esta razão encontram 
facilidade para trabalhos de orientação e doutrinação. Usam colares 
de cocos e sementes. 
 Não se sabe em que momento da história essa linha de trabalho 
surgiu na Umbanda. Trabalharemos com algumas teorias sobre a 
origem da linha dos baianos. 
http://umbanda-de-deus.blogspot.com.br/2010/06/ibeijada-crianca-no-astral.html
http://pt.wikipedia.org/
http://4.bp.blogspot.com/_WWPiouKIiOM/TAUQnH7comI/AAAAAAAAAW4/gC915Bg7b8c/s1600/criancas-indigenas.jpg
56 
 
a) Os Baianos formam uma corrente de entidades que ao 
desencarnar, apesar da afinidade com o culto ao Orixá (muitos 
foram sacerdotes), não tinham o grau de preto-velho. 
Estabeleceram uma egrégora de trabalhadores do astral que 
com o tempo foi reconhecida pela Umbanda. Passaram a ter a 
oportunidade do trabalho ativo e incorporante. Nomearam 
como linha dos Baianos como homenagem a origem dos 
primeiros formadores desta corrente e a Terra que tão bem 
acolheu o Orixá no Brasil26. 
b) Devido a grande seca no nordeste a partir da década de vinte, 
milhares de nordestinos se mudaram para a região sudeste em 
busca de melhores qualidades de vida. Desencarnaram com a 
expectativa de voltar à terra amada, com a experiência da 
coragem de deslocar de uma região conhecida para o 
desconhecido, sem perder a identidade. A linha dos baianos 
nasce como uma forma de incluir as qualidades e vivências 
desse povo27. 
c) No inicio da organização dos fundamentos da Umbanda, o culto 
aos orixás era manifestado com um entendimento sincrético 
aos santos católicos. Existia pouca compreensão do que era 
orixá e na maioria das vezes informações equivocadas. Uma 
delas se refere ao orixá Iansã que segundo algumas casas só 
poderiam ser manifestadas por médiuns femininos. A 
manifestação em médiuns masculinos causaria uma tendência 
ao homossexualismo. Diante desta limitada e equivocada 
interpretação humana, a linha dos baianos seria uma forma de 
harmonizar as vibrações de Iansã nos médiuns masculinos e 
consequentemente na corrente de trabalho. Um homem 
incorporando Iansã se tornaria suspeito, mas uma entidade 
 
26 Fonte de pesquisa 
27 Explicação acolhida pela entidade Mané baiano que pertence a egrégora do Templo de Umbanda 
Caboclo Pena Branca. 
57 
 
com fortes qualidades masculinas não. Assim, a linha dos 
baianos vem suprir as vibrações deste orixá dentro das 
correntes de Umbanda28. 
São entidades que estão mais próximas do nosso tempo. Suas 
identidades não se restringem ao povo baiano, mas a todo povo da 
região nordestina se apresentando com sotaque arrastado. É uma 
linha mais comum da região de São Paulo e como diz Baiano “o 
paulista não sabe diferenciar as regiões do norte e nordeste. Todos 
são baianos” 29. 
Atualmente alguns terreiros não fazem giras exclusivas de 
Baianos. Realizam sua chamada na Linha das Almas (Preto-velhos; 
Mineiros e Boiadeiros). 
Comemoramos o dia dos baianos em 13 de agosto, porém em 
muitas casas se comemora no dia do Senhor do Bonfim30. Sua 
saudação é “é da Bahia meu pai; salve a Bahia”. 
 
MINEIRO - São entidades de Umbanda muito próximas aos 
Boiadeiros com origem terrena no Povo de Minas. Poucos terreiros 
fazem sessões destinadas a essas entidades. Diversos cânticos 
(pontos) fazem referência aos Mineiros. 
 
BOIADEIRO - Dentre muitos caboclos que baixam em vários 
terreiros, o Caboclo Boiadeiro tem sempre uma participação especial 
nas seções de Caboclo. Boiadeiro é muito respeitado e aplaudido por 
trazer de volta ao nosso convívio toda a sua experiência adquirida em 
tempos de boiada, do sertão bravio, do homem responsável pela 
conduta da boiada do seu patrão. De um modo geral, Boiadeiro usa 
um chapéu de couro com abas largas (para proteger-lhe do sol forte), 
 
28 Explicação acolhida pela entidade Mané baiano que pertence a egrégora do Templo de Umbanda 
Caboclo Pena Branca. 
29 Idem. 
30 Segundo domingo depois do dia de reis. 
58 
 
calças arregaçadas e movimenta-se muito rápido. Um pequeno 
cântaro para carregar água, tão importante para a viagem. O chicote 
que usa para açoitar a rês feroz. A corda, usada para laçar o boi 
brabo, ou para pegar aquele que se afasta da boiada, ou ainda usada 
para derrubar o boi para abate. Boiadeiro, na verdade, traz toda uma 
soma de sabedoria acumulada dessas viagens e vivências do campo. 
Na verdade, estamos descrevendo uma maravilhosa entidade de 
muita luz e muita força. 
No Terreiro os Boiadeiros vêm "descendo em seus aparelhos" 
como estivessem laçando seu gado, dançando, bradando, enfim, 
criando seu ambiente de trabalho e vibração. Com seus chicotes e 
laços vão quebrando as energias negativas e descarregando os 
médiuns, o terreiro e as pessoas da assistência. Os fortalecendo 
dentro da mediunidade, abrindo as portas para a entrada dos outros 
guias e tornando-se grandes protetores, assim como os Exús. 
Da mesma maneira que os Pretos Velhos representam a 
humildade, os Boiadeiros representam a força de vontade, a 
liberdade e a determinação que existe no homem do campo e a sua 
necessidade de conviver com a natureza e os animais, sempre de 
maneira simples, mas com uma força e fé muito grande. 
O caboclo boiadeiro está ligado com a imagem do peão boiadeiro: 
habilidoso, valente e de muita força física. Vem sempre gritando e 
agitando os braços como se possuísse na mão, um laço para laçar um 
novilho. Sua dança simboliza o peão sobre o cavalo a andar nas 
pastagens. 
Enquanto os "caboclos - índios" são quase sempre sisudos e de 
poucas palavras, é possível encontrar alguns boiadeiros sorridentes e 
conversadores. Os Boiadeiros vêm dentro da linha de Oxóssi. Mas 
podem vir na linha das almas, e também são regidos por Iansã, 
tendo recebido da mesma a autoridade de conduzir os eguns da 
mesma forma que conduziam sua boiada quando encarnados. Levam 
cada boi (espírito) para seu destino, e trazem os bois que se 
59 
 
desgarram (obsessores, kiumbas, etc.) de volta ao caminho do resto 
da boiada (o caminho do bem). São rudes nas suas incorporações, 
com gestos velozes e pouco harmoniosos. Sua maior finalidade não é 
a consulta como os Pretos Velhos, nem os passes e muito menos, as 
receitas de remédios como os caboclos, e sim o "dispersar de 
energia" aderida a corpos, paredes e objetos. É de extrema 
importância essa função, pois enquanto os outros guias podem se 
preocupar com o teor das consultas e dos passes existe essa linha 
"sempre" atenta a qualquer alteração de energia local (entrada de 
espíritos). Quando bradam alto e rápido, com tom de ordem, estão 
na verdade ordenando a espíritos que entraram no local a se retirar, 
assim "limpam" o ambiente para que a prática da caridade continue 
sem alterações. Esses espíritos atendem aos boiadeiros pela 
demonstração de coragem que os mesmos lhes passam e são levados 
por eles para locais próprios de doutrina. Em grande parte, o trabalho 
dos Boiadeiros é no descarrego e no preparo dos médiuns. 
Outra grande função de um boiadeiro é manter a disciplina das 
pessoas dentro de um terreiro, sejam elas médiuns da casa ou 
consulentes. Costumam proteger demais seus médiuns nas situações 
perigosas. "Gostar" para um boiadeiro, é ver no seu médium 
coragem, lealdade e honestidade, aí sim é considerado por ele "filho". 
Pois ser filho de boiadeiro não é só tê-lo na coroa. 
Trabalham também para Orixás, mas mesmo assim, não 
mudam sua finalidade de trabalho e são muito parecidos na sua 
forma de incorporar e falar, ou seja, um boiadeiro que trabalhe para 
Ogum é praticamente igual a um que trabalhepara Xangô, apenas 
cumprem ordens de Orixás diferentes, não absorvendo, no entanto as 
características deles. Dentro dessa linha a diversidade encontra-se na 
idade dos boiadeiros. Existem boiadeiros mais velhos, outros mais 
novos, e costumam dizer que pertencem a locais diferentes, como 
regiões, por exemplo: Nordeste, Sul, Centro-Oeste, etc. 
60 
 
Os Boiadeiros representam a própria essência da miscigenação do 
povo brasileiro: nossos costumes, crendices, superstições e fé. 
 
MARINHEIROS - Eles chegam do mar ou dos rios e desembarcam 
em terra com alegria contagiante, brincando sempre, com aquele 
jeito meio “maroto”. São os Marinheiros, grupo de Espíritos que 
trabalham na Umbanda em prol da caridade. 
Eles conhecem muito bem o mar e a navegação, pois participaram da 
descoberta de novos mundos através das viagens que empreenderam 
que duraram anos e anos. As Entidades de Marinheiro trabalham na 
Linha de Iemanjá e também de Oxum, que compõem o chamado 
“Povo da Água”. Também foram adequados aos trabalhos de 
Umbanda devido a compreensão equivocada no passado de que 
médiuns masculinos não podiam incorporar os orixás Iemanjá e 
Oxum devido a dimensão feminina. Deste modo, a Umbanda supriu 
essa deficiência vibracional na corrente mediúnica manifestando os 
marinheiros. Seus conselhos e mensagens são sempre cheios de 
esperança e de fé. Costumam trabalhar em grupos. São fortes, pois 
enfrentarem guerras e mares agitados, mas também conheceram a 
calmaria e a bonança. Dão consultas, passes e também fazem 
trabalhos fortes de descarrego que envolvem grandes demandas. Em 
algumas casas, também costumam trabalhar nas giras de 
desenvolvimento de Médiuns. 
Quando dão consultas, essa Falange costuma ir direto ao ponto, sem 
rodeios, mas também sabem como falar aos consulentes sem criar 
um clima desagradável ou de medo. Assim, conseguem atingir o 
fundo as almas dos aflitos que costumam procurá-los em busca de 
auxilio e de esperança. Carregam consigo um sentimento profundo de 
amizade. Seus conselhos são sempre fiéis e certeiros, têm uma 
grande responsabilidade e assumem o compromisso de um trabalho 
bem-feito. Os marinheiros são em sua grande maioria espíritos que 
militam na Umbanda para dar sustento no campo da diluição de 
61 
 
cargas trevosas, outros atuam como elementos de sustentação de 
trabalhos voltados a curas, atraindo os poderes elementais dos quais 
estes espíritos de alto grau espiritual, trazem consigo. Na realidade 
estes abnegados servidores da lei são verdadeiros “magos que atuam 
nos mistérios aquáticos” e com uma forma de atuação única dentro 
dos domínios da Umbanda. Diferente do que se imaginam estes 
irmãos do astral não são e não estão embriagados, como muitos se 
mostram na realidade sua forma de balanço é uma maneira de liberar 
suas ondas energéticas se utilizando do próprio médium. Como isso 
ocorre? 
Em torno do médium existe um campo de energia sustentado por 
seus centros de força e, além da energia gerada a partir da energia 
corpórea, existe um campo espiritual que se reflete em todo o 
ambiente. Os guias quando incorporados em seus médiuns, dançam, 
giram, balançam, gesticulam, etc. Desta forma os guias liberam não 
só a energia que se desprende do médium, mas também libera de 
forma salutar o poder de seu mistério através de ondas magnéticas 
que são liberadas dentro do campo espiritual do médium e do templo. 
É desta forma que os marinheiros fazem, em formas onduladas, ou 
através de seu balanço o seu trabalho redentor dentro dos campos da 
Umbanda Sagrada. É importante que os médiuns e principalmente os 
assistidos, saibam de tal fato, para que estes não deturpem e não 
interpretem mal o sentido dos trabalhos de Umbanda. 
Os marinheiros são sustentados pelo poder de nossa Mãe Iemanjá e 
sua cor de atuação é a mesma desta mãe Divina, que é o azul claro. 
Aos poucos eles desembarcam de seus navios da calunga grande e 
chegam em terra firme. Com suas gargalhadas, abraços e apertos de 
mão. São os marujos que vêm chegando para trabalhar nas ondas do 
mar. Salve o Povo D‟água! 
 
MAROLA DO MAR - Entidade ligada ao povo d‟água. Sua função 
dentro desta linha é de fazer a limpeza de toda a carga acumulada, 
62 
 
após algum trabalho mais pesado, levando todas as cargas negativas 
para as ondas do mar sagrado. 
Entidade que trabalha na linha de Iemanjá, com forte influencia de 
Ogum, facilmente (ou comumente), confundido com marinheiro, seu 
descarrego é baseado no movimento da “marola do mar”, que vai e 
vem. 
Foi um ser vivente em uma época muito distante. Quando vivo, tinha 
fixação pelas ondas do mar, consequentemente por Iemanjá, passava 
horas a fio a observar as ondas na esperança de vê-la. Cansado de 
esperar pela visão tão esperada, foi ao encontro das ondas julgando 
ouvir o chamado de Iemanjá, sendo assim tragado pelas ondas, 
encontrando enfim a morte nos braços de sua paixão. 
Passado o tempo, voltou como entidade, por sua afinidade com este 
Orixá, passou a trabalhar nesta linha, com a função de levar para 
Iemanjá toda a carga negativa que se encontrasse ao redor de seus 
filhos queridos. 
É uma entidade rara em terreiros de umbanda, até hoje poucos se 
viram ou se sabe da existência, porém, é uma entidade de muita 
força e luz. 
 
LINHA DO ORIENTE - Na linha do Oriente estão as falanges dos 
hindus, dos árabes, dos japoneses, chineses e mongóis, dos egípcios, 
dos gauleses, dos romanos, etc., formadas por espíritos que 
encarnaram nesses povos e que ensinam ciências ocultas e praticam 
caridade. 
O povo do Oriente fala pouco e, quando o faz, o seu linguajar é 
perfeito e bastante correto. Não gosta de dar consultas. Raramente 
usa o termo "chefia de cabeça" e sempre demonstra muita sabedoria 
e amplos conhecimentos filosóficos e esotéricos. 
Na Umbanda, os componentes desse povo são chamados de 
Mestres da Linha do Oriente (egípcios, tibetanos, chineses, etc). 
Normalmente atuam de forma discreta, intuindo seus médiuns para 
63 
 
que entendam o que está se passando. São importantíssimos na 
transmissão de mensagens de entidades ou espíritos de nível 
hierárquicos superior, devido à linha de desenvolvimento mental da 
qual participam. Também atuam na destruição de templos e de 
magias do passado, libertando o espírito. Estimula no médium o 
caminho da evolução espiritual através dos estudos, da meditação, do 
conhecimento das leis divinas, do amor, da verdade, da ciência, da 
arte, do belo. Estimula no médium o caminho da ascensão espiritual, 
fazendo-o eliminar da sua vida tudo o que é pernicioso. 
Na vibração de Oxalá, os espíritos são sempre nos níveis acima 
de Guias, portanto, elevadíssimos e que raramente se manifestam; 
atuam a nível mental, com passes e imantação, por imposição das 
mãos. É nesta linha que estão classificados o mais vulgarmente 
conhecido como “Povo do Oriente“. Vibração eletromagnética do SOL. 
 Xangô é também o patrono da linha do oriente, na qual se 
manifestam espíritos mestres em ciência ocultas, astrologia, 
quiromancia, numerologia, cartomancia. Por este motivo, a linha dos 
ciganos vem trabalhar nesta irradiação. A influência de tradições 
orientais na Umbanda é bem forte nos centros que cultuam a linha do 
oriente. Os elementos orientais mais visíveis são aqueles herdados do 
budismo, hinduísmo e confucionismo. O budismo se faz presente nos 
rituais de umbanda através das oferendas de frutas e flores e pela 
aplicação dos ensinamentos de amor incondicional e da tranquila 
aceitação das vicissitudes irreparáveis da vida, não apenas como 
purgação de pecados passados, mas como reveladoras de 
ensinamentos espirituais. 
Da filosofia hindu, incorporaram-se os fundamentos da lei do 
karma, conforme consta das escrituras védicas. 
Do confucionismo, percebe-se a influência de conceitos como o 
Tao, ou caminho do meio, a ser alcançado pelo equilíbrio entre os 
opostos.64 
 
OS CIGANOS - são entidades que há pouco tempo ganharam força 
dentro do ritual de Umbanda. Erroneamente no começo eram 
confundidos com entidades espirituais que vinham na linha dos Exus. 
Tal confusão se dava pela apresentação de algumas ciganas; que se 
apresentavam como Cigana das Almas ou como Cigana do Cruzeiro 
ou coisa desse tipo. 
Não têm na Umbanda o seu alicerce espiritual. Apresentam-se 
também em rituais Kardecistas e em outros rituais do tipo mesa. 
Estão na Umbanda por uma necessidade lógica de trabalho e 
caridade. Povo muito rico de estórias e lendas. Foram na maioria 
andarilhos que viveram nos séculos XIV, XV e XVI. Alguns 
presenciaram fatos históricos do tipo queda da bastilha na França 
antiga e destrono de reis famosos como Luís XV. 
Vivem em grupos, e não tem destino nem caminho certo. São 
amantes das aventuras que tais situações podem trazer; 
erroneamente são confundidos com vagabundos. Tem na sua origem 
o trabalho com a natureza, a subsistência através do que plantavam 
e o desapego às coisas materiais. 
Dentro de Umbanda seus fundamentos são simples, não 
possuindo assentamentos ou ferramentas para centralização da força 
espiritual. São cultuados em geral com imagens bem simples, com 
taças de vinho, doces finos e cigarrilhas doces. Trabalham também 
com as energias do Oriente, com cristais, pedras energéticas e com 
os quatro sagrados elementos da natureza. Têm em Santa Sarah de 
Kali as orientações necessárias para o bom andamento das missões 
espirituais. São comemorados no dia 24 de maio, dia de Santa Sarah. 
Sua saudação é “arriba meu povo cigano”. 
 
 
 
 
65 
 
EXU e suas interpretações: 
 
 A Umbanda Tradicional, fundada pelo caboclo das Sete 
Encruzilhadas na faculdade mediúnica de Zélio Fernandino de Morais 
(já citada anteriormente) não trabalhava com Exu, aliás, desde a 
fundação da primeira tenda umbandista “Tenda Espírita Nossa 
Senhora da Piedade” pelo Caboclo até os dias de hoje não se fazem 
giras de Exu; mas outras tendas fundadas pelo Caboclo já 
apresentavam as giras de Exu desde o início, como, por exemplo, a 
Tenda São Jorge (REVISTA ESPIRITUAL DE UMBANDA, 2005, nº 4, 
pág. 22-23). Outra característica interessante e que reforça a 
informação sobre Exu é que só há sacrifício animal31 na “Tenda Nossa 
Senhora da Piedade” para Ogum. 
Em 1940, em um terreiro de Umbanda no Rio de Janeiro, o 
Caboclo Tupinambá promove outra revolução dentro da Umbanda, 
“ordenou que se retirasse a mesa do centro do salão. Assim deu 
espaço para os Exus se comunicarem com os assistentes e 
consulentes, em um ritual em que, após baixarem os caboclos e 
Pretos Velhos, baixariam também os Exus, antes de encerrarem os 
trabalhos32.” Assim tem início oficial as giras de Exu dentro da 
Umbanda. Compreensão que antes era atribuído somente aos 
círculos de quimbanda, macumbas e candomblés de caboclos. 
 
O Omolokô, trazida para o Brasil por Tancredo da Silva Pinto. 
Omoloko é uma palavra yorubá, que significa: Omo - “filho” e Oko – 
“fazenda”, zona rural onde esse culto, devido à intensa repressão 
policial que havia naquela época, era realizado. 
 
31 O sacrifício com sangue animal é compreendido como um ritual de troca, onde o fluido vital 
(portador de axé) é oferecido à divindade para que esta, utilizando-se deste axé, possa prover 
felicidade, bons caminhos e realizações para os ofertantes do sacrifício. 
 
32Trabalho de TCC. ALVARENGA, Lenny. ( Ronton, 1989, p.10). 
66 
 
No Omolocô tanto se manifestam entidades características da 
Umbanda, como se manisfestam os inkices (divindades). Sua 
significação é complexa, dependendo de sua origem e em qual 
religião se manifesta, tem caráter de divindade, mensageiro, 
protetor, escravo de outras divindades, demônio, espírito inferior e 
imperfeito. 
Na tradição africana, Exu é o princípio dinâmico que permeia 
tudo, ou seja, dinamiza tudo; Exu é aquele que permite as passagens 
(inclusive entre a terra e o além), que permite as trocas simbólicas, 
que leva e traz as comunicações. Todo ritual, independente de qual 
for e para qual orixá é dirigido, é precedido por uma oferenda para 
Exu, também chamada de despacho. 
No jogo oracular dos búzios, é Exu quem leva as perguntas e 
quem traz as respostas, podendo ser ele mesmo quem responde. É 
comum se dizer nos candomblés que se o Exu da casa estiver de 
costas para o terreiro, este não prospera. 
Na Umbanda Exu inicialmente é compreendido como “povos de rua”. 
São espíritos (egún) que já estiveram encarnados e que, quando 
vivos, eram marginalizados e segregados pela sociedade abastada, 
mas que transitavam com facilidade na boemia e em seus meandros, 
onde entraram em contato com a essência de muitas pessoas e 
diversos estilos de vida. Seria justamente por conhecer as falhas 
humanas, seus vícios e virtudes é que quando falecidos, esses 
espíritos se juntam às “correntes” de Exu. Em suas relações com os 
orixás dentro da Umbanda, os Exus são tidos como Guardiões de 
seus mistérios, as vezes confundidos com „escravo‟ dos orixás e dos 
guias espirituais (pretos-velhos, caboclos, etc) e funcionariam como 
verdadeiros soldados protetores do terreiro e das pessoas a ele 
ligados. Na Umbanda, os Exus estarão sempre a esquerda, 
contrapondo a outra face da moeda: as correntes de direita. 
 
67 
 
Os trabalhos de culto a Exu dentro dos terreiros de Umbanda são 
caracterizados de duas maneiras: 
1) como giras de Exu (trabalhos em que os exus incorporam em 
seus „médiuns‟) 
2) Pontos firmados, oferendas e despachos (trabalhos em que os 
exus atuam invisivelmente, ou seja, sem a necessidade de 
incorporação destas entidades). 
 
MITOS, SÍMBOLOS E RITOS DE EXU – DA ÁFRICA AO BRASIL 
 
O culto a Exu remonta desde antes do surgimento da Umbanda em 
nosso país, em meados de 1908. Sua origem se encontra na África, 
principalmente nos territórios localizados em Benin e na Nigéria, 
lugares onde residem os povos de língua yorubá e jejê, que o 
denominam de Legbá e nas regiões bantu (Angola, Congo, 
Moçambique, etc) exista também uma divindade com estas 
características: Bonbonjira (que se transformou no Brasil em entidade 
feminina denominada de Pomba-Gira). Com o tráfico de escravos 
estabelecido principalmente a partir do século XVI, vieram para o 
Brasil, mais especificamente para a Bahia, muitos negros sudaneses, 
em sua maioria yorubás. Na bagagem, além da saudade, trouxeram 
também vários aspectos de sua cultura, entre elas a religião de seus 
ancestrais .Na África, Exu Elegbara, mais comumente chamado Exu, 
é divindade essencial na cosmogonia da religião dos orixás. Divindade 
mensageira, representa também o princípio dinâmico capaz de dar 
ordem ou trazer desordem ao mundo. Um mito conta que Exu, ao ver 
Xangô (divindade dos raios e trovões) tentar violentar Oxum 
(divindade das águas doces), impediu que a união se desse pela 
violência, evitando assim que tempestades torrenciais se 
precipitassem e destruíssem a terra e a ordem nela estabelecida; 
neste caso, Exu apareceu como princípio regulador da ordem natural 
.Entre os autores clássicos há muita contradição sobre sua origem. 
68 
 
Como personagem histórica, os habitantes de Jebu Odé (Nigéria) 
acreditam ter sido Exu o primeiro rei de Kêto. Apesar das 
características fálicas de Legbá, Verger ( p. 127) rejeita a idéia de 
que esta divindade seja responsável pela fecundidade e pela 
copulação; para Verger, a presença do falo “é a afirmação de seu 
caráter truculento, violento, desavergonhado e o desejo de chocar os 
bons costumes” . 
Tanto no Brasil como na África, as cores de Exu são o preto e o 
vermelho. Seus assentamentos no Brasil são simbolizados pelo 
tridente de ferro enterrados em pequenos montículos de terra e suas 
estátuas podem ser feitas de ferro, barro, gesso, madeira, etc., mas 
na maioria das vezes,sua representação vai conter algumas destas 
características: chifres, pés de bode ou cabra, dentes, unhas e rabos 
pontudos, capas pretas e/ou vermelhas, tridentes e feições ferozes e 
traços sombrios (características icnográficas que acabam reforçando 
a identificação de Exu com o diabo dos cristãos da Idade Média). 
Exu é dono do dendê, óleo extraído do dendezeiro e 
fundamental tanto para a liturgia do candomblé, por ser portador e 
veículo poderoso de axé, como também para a culinária afro-
descendente. Exu também é ligado ao fogo, que pertence ao Orixá 
Xangô. Ligação esta que também pode ter contribuído para associar 
Exu ao diabo dos cristãos (o elemento fogo associado ao inferno)33. 
No candomblé, seu status é de orixá mensageiro, como na 
África, estabelecendo o contato dos homens com os outros orixás. 
Mesmo no oráculo de Ifá (opelê-ifá), do qual o jogo de búzios é uma 
variante mais simples, Exu aparece como o orixá que revela os 
segredos da adivinhação para Ifá e posteriormente o revela também 
aos homens, pois Exu é o princípio comunicador de tudo e de todos 
donos das entradas e passagens, Exu têm seus assentamentos nas 
entradas das casas e dos terreiros; na África, principalmente no 
 
33 Trabalho de TCC. ALVARENGA, Lenny. (Almeida, 1987, p.15). 
69 
 
Benin e na Nigéria, Exu está na entrada das cidades, vilarejos, feiras, 
etc34. 
Bastide35 afirma que no Brasil, cada terreiro de candomblé têm 
dois exus assentados, o primeiro deles de caráter extremamente 
arredio, agressivo e virulento estaria assentado na entrada do Ilê Axé 
(terreiro), enquanto o segundo, com características mais amenas, às 
vezes brincalhão, sedutor e cortês, em outras sério e conselheiro, 
mas sempre vaidoso e orgulhoso de sua posição, chamado muitas 
vezes de “compadre”, está assentado na entrada do barracão onde 
são realizadas as festas públicas. Sabe-se, entretanto, que qualquer 
terreiro de candomblé pode apresentar mais de dois Exus assentados, 
podendo variar este número de acordo com as qualidades de Exu 
presentes no terreiro. 
Na Escola de Umbanda Caboclo Mirim, Exu é uma entidade 
tripolar, o que justifica o uso do tridente, onde cada uma das 
ponterias representaria uma polaridade; o que faz de Exu essencial 
em qualquer trabalho por sua capacidade de transformar as energias 
do ambiente, atuando sempre sob a égide dos mestres espirituais da 
Umbanda a quem devem prestar contas. 
Na Umbanda Esotérica, Exu é o agente kármico responsável 
pelo cumprimento da lei e da justiça. É ele quem executa a “lei do 
retorno”, ou seja, é ele quem traz o positivo para quem faz o bem e o 
negativo para quem faz o mal36. 
Na Umbanda Iniciática (Ombhandhum), derivada da Esotérica, 
Exu é um Arcano que guarda todos os segredos iniciáticos, sendo 
portanto o guardião dos mistérios e segredos da Síntese Religiosa37. 
A Umbanda Sagrada de Rubens Saraceni faz uma diferenciação 
de planos Positivos e Negativos semelhante a Umbanda Esotérica, 
 
34Trabalho de TCC. ALVARENGA, Lenny. (Verger, 1997, p.76). 
35Trabalho de TCC. ALVARENGA, Lenny. ( Bastide, 1978, p. 179-182). 
36 Trabalho de TCC. ALVARENGA, Lenny. (Matta e Silva, 1997, p.40s). 
37 Neto, Rivas. Conceito que apresenta uma síntese única para todas as manifestações religiosas e 
segredos iniciáticos, sendo Exu o guardião desta síntese. 
70 
 
mas um ponto decisivo vai diferenciar as duas doutrinas: a função de 
Exu. Enquanto na Umbanda Esotérica, o Plano Positivo era 
contraposto pelo negativo através dos Exus, para Rubens Saraceni 
(2005, pp. 25 e segs.), Exu não pertence ao Plano Negativo em si, 
justamente por ser tripolar. A Função de Exu então, seria a de 
Guardião dos Planos Negativos, que segundo Saraceni não podem ser 
revelados aos humanos, para que estes não atuem negativamente na 
vida das pessoas e nos Planos Positivos. Exu é um executor das leis 
divinas, tanto para o bem, quanto para o mal, além de ser patrono da 
sexualidade masculina, tendo seu contra-ponto na figura de Pomba-
Gira. Para Saraceni, nem mesmo o nome Exu é apropriado para 
designar esta entidade e suas funções.Para ele, o nome correto (que 
lhe foi revelado via psicografia) é Mehór Yê, que significa, segundo 
ele, “senhor da potência e da virilidade. Além disso, Exu é ligado ao 
fogo e tem como cores o preto e o vermelho; elementos estes 
relacionados, na icnografia cristã ao diabo, ao inferno e as deidades 
ligadas a este. A subjugação cultural se iniciou neste processo, 
inferiorizando as crenças locais e seus sistemas de pensamento, na 
tentativa de torná-los receptivos a todas as demais formas de 
dominação, incluindo a escravidão. 
Outra semelhança que pode ter influenciado a identificação 
exu-diabo: as características fálicas de Legbá (fon), que ainda na 
África foi associado à imagem de Exu (yorubá), que passou, no Brasil, 
a apresentar em seus assentamentos, a figura do falo proeminente 
presente nos assentamentos de Legbá na África. E aqui no Brasil, 
mais uma vez, Exu foi ligado38 à sexualidade e, portanto ao pecado e 
a luxúria. 
As características de Exu quando “incorporado” em um médium 
também reforçam esta idéia. Exu é muito truculento e agressivo em 
suas incorporações, muitas vezes gargalhando e fazendo o uso de 
palavrões. Sua manifestação, dependendo de qual Exu está se 
 
38 Trabalho de TCC. ALVARENGA, Lenny. (Bastide, 1978, p.172. Santos, 1976, p.130s). 
71 
 
manifestando, apresenta no médium que o incorpora as seguintes 
características: mãos retorcidas como se fossem garras, os braços 
voltados para trás (nas costas), boca com lábios retorcidos 
mostrando os dentes como se fossem presas, corpo curvado para 
frente à maneira de homens “primitivos”, dificuldade de andar (sem 
grande mobilidade), movimentos estereotipados com os pés (como se 
fossem patas), além do uso e consumo constante de bebidas 
alcoólicas, principalmente as destiladas, em seus trabalhos. Outro 
símbolo de Exu no Brasil que pode ter influenciado esta identificação 
é o tridente típico instrumento icnográfico presente nas 
representações do diabo cristão na idade média. Os tridentes estão 
presentes nos assentamentos de Exu e nos pontos riscados 
representativos destas entidades. Outra associação que pode ter 
contribuído para o sincretismo exu-diabo no Brasil é o fato, 
coincidente, da planta Figueira-do-Inferno, também conhecida como 
Erva-do-Diabo (entre outros nomes) pertencer a Exu na África, onde 
recebe o nome de Agogô39. Esta associação com a planta permanece 
hoje nos Candomblé e Umbanda. 
Na Umbanda temos um ponto cantado para Exu que confirma 
esta ligação: 
 
 
“Balança a figueira, Balança a figueira, Eu quero ver exu cair (2x) 
Aonde moram os exus, Que eu não vejo eles aqui (2x) 
Balança a figueira pra eles cair” 
 
Exu por Pai Norberto Peixoto - Quanto à irradiação ou vibração 
sagrada de Exu entendo que ela é a responsável por levar e trazer, 
abrir e fechar, conduzir, movimentar, toda e qualquer energia, fluído, 
axé ou prana, entre as diversas dimensões, planos vibratórios ou 
"oruns". Sem o aspecto sagrado Exu, o Universo seria estático, tudo 
 
39 Trabalho de TCC. ALVARENGA, Lenny. (Barros. Napoleão, 2003, p.68-69). 
72 
 
parado, inerte, e não teríamos evolução. Quando fazemos uma 
oração a uma "divindade", "santo", guia, benfeitor espiritual, 
utilizando nosso pensamento associado a vontade, o movimento 
quem dá é EXU, seja que nome dermos a ele, independente se o 
conhecemos assim ou não, pois sua atuação independe de nós 
sabermos que existe e de nossa aceitação ou recusa, de crença ou de 
fé, pois é uma realidade irmanada de Deus na organização do Cosmo. 
 
 Exu na escola de Pai Maneco – A Umbandaé brasileira, baseada em 
fatos e personagens na época do descobrimento, tendo nos caboclos, 
nossos ameríndios, nos pretos velhos o simbolismo da raça africana 
escravizada pelos europeus e as crianças que são espíritos de 
qualquer nacionalidade que tenham desencarnado na idade da 
inocência. Fecha-se o Triângulo da Umbanda: Caboclos, Pretos Velhos 
e Crianças. Sabendo serem essas as entidades que compõem a 
Umbanda, não resta para a Quimbanda outro tipo de espírito senão 
os originários da Europa, no caso os nobres, príncipes, lordes, 
almirantes, eclesiásticos, figuras letradas e culturalmente avançadas. 
Isso aconteceu através da evolução dessas almas pela 
reencarnação. Se os europeus invadiram nosso país, mataram nossos 
índios, escravizaram os africanos e cometeram toda espécie de mal, 
dentro de seus resgates cármicos podem, espontaneamente, terem 
aceitado a situação de serviçais àqueles que, em vidas anteriores, 
foram seus carrascos. A lógica desse argumento baseia-se no fato 
que seria estranho e de difícil aceitação um príncipe apresentar-se 
em um terreiro de Umbanda, carregando um tridente, afirmar estar 
morando no cemitério, aceitar farofa, azeite de dendê, charuto e 
cachaça como oferenda, e ainda receber ordens de um índio ou de 
um escravo. O melhor é se esconder atrás de um comportamento 
atípico às suas nobres origens. 
 
73 
 
Exu e Pomba gira por Mãe Márcia Moreira - Temos como lógica a 
teoria da originalidade de Exu e Pomba gira da escola de Pai Maneco 
por várias considerações: 
- traduz o comportamento de exu e pomba gira (gosto por cartolas, 
bengalas, capas, taças, cigarrilhas e charutos) elementos tipicamente 
europeus. 
- pelo linguajar próprio 
- pelas personalidades 
- por enquadrar dentro da história real de escravidão e opressão no 
Brasil-colônia. 
- por traduzir um recurso correto e justo dentro do processo 
reencarnatório. 
 
 Diante de tudo isso, constatamos em mais de duas décadas de 
trabalho e encontro com a linha de Exu e Pomba-gira que suas 
gargalhadas, ironias e rudez, demonstram que são qualidades de 
atuação de trabalho especificamente no submundo astral e em nosso 
plano material sendo os responsáveis pela execução das leis e 
mestres na ativação dos processos de expurgos. São eles que 
realizam os processos de limpeza astral em encarnados e 
desencarnados, exterminando através de vários recursos (fogo, 
fumaça, cachaça, pólvora....) todo tipo de sujeira astral e também os 
responsáveis em desativar energias que envolvem todo tipo de magia 
negativa. Incorporado ou presente em nosso campo magnético atua 
diretamente em nosso chakra básico e em outros chákras se houver 
necessidade. Por conta deste modo magnético de atuação, Exu e 
Pomba gira são confundidos como entidades que trazem forças 
maliciosas e sexuais aos seus aparelhos mediúnicos. Uma grave e 
equivocada interpretação que tem rendido muitas histórias de 
incitação sexual atribuída a essas entidades. Sendo o chákra básico o 
ponto principal de atuação dessa linha de trabalho é evidente que na 
incorporação se constate os reflexos no corpo. Do mesmo modo que 
74 
 
quando se incorpora um caboclo, temos todas as sensações de 
vitalidade e coragem, pois o chákra principal de atuação do caboclo é 
o esplênico e umbilical acontecerá com as entidades Exu e Pomba 
gira com seu ponto de atuação localizado no chákra básico. Diante 
disso, o médium irá sentir uma energia diferente localizada nas áreas 
básicas que despertará em si um sentido mais ardente, fervoroso. 
Essa sensação é o grande poder de realização que Exu e Pomba gira 
realizam quando incorporam (confundido com excitação da entidade e 
a tradução de ser conquistador e malicioso). Quando um médium 
traduz isso para o lado da promiscuidade ou elevada violência 
detona-se claramente o desequilíbrio emocional e sexual em que 
vive, pois o contato com a energia de realização de exu provoca 
inversão de polaridades. Portanto, a maldade e promiscuidade esta 
no encarnado. Esta equivocada interpretação provém: 
* do errôneo conceito que se tem dessas entidades enraizadas em 
nossa sociedade. 
* do desequilíbrio da formação integral da pessoa (nas fases: sexo, 
eros, filia e ágape). 
* no desvio da formação do caráter moral e no processo de idolatria 
como consequência a alienação. 
Exu e Pomba gira desperta em nós a coragem, a vitória, a 
paixão, a sensualidade. Exu e Pomba gira prezam pela dignidade, a 
honra e a beleza. Mostram a beleza do prazer, dos mistérios e das 
paixões sem o peso da condenação e do pecado. Exu e Pomba gira 
nos ensinam a sermos mais livres e felizes. 
 
Exu mirim - Os mirins são trabalhadores do astral que também 
atuam na Umbanda. Possuem grande conhecimento de magia e 
manipulam com maestria os elementais. São frequentemente 
enviados pelos Exus, aos submundos do astral como espiões. Sua 
sagacidade, rapidez e coragem fazem com que possam se infiltrar 
nas zonas inferiores sem serem percebidos. Quando enviados em 
75 
 
missão desagregam e neutralizam trabalhos de baixa magia com a 
mesma facilidade que plasmam campos de força para a proteção de 
terreiros ou outros lugares sob a proteção dos Exus. Como quase não 
trabalham atuando em um médium ,quando chegam nos terreiros 
demonstram certos hábitos adquiridos no astral, como esconder ou 
camuflar o rosto. Costume adquirido por frequentemente estarem 
infiltrados entre os espíritos da baixa espiritualidade. Por raramente 
estarem interagindo com médiuns, quando estão entre os encarnados 
se mostram ariscos e desconfiados. No entanto, quando respeitados e 
bem acolhidos demonstram fidelidade e até mesmo uma certa 
afabilidade. 
Os Exus Mirins obedecem a mesma hierarquia que os outros 
Exus. Não podemos esquecer que apesar de espíritos infantilizados, 
não deixam de ser EXUS. Trazem no ponto riscado os símbolos 
mágicos condizentes com a linha que trabalham. Os sinais 
cabalísticos identificam a falange a qual pertencem, o guardião a 
quem obedecem e o Orixá a quem estão ligados por afinidade 
.Recebem o "Nome de Guerra" de acordo com sua falange ou com o 
elemento natural que representam. Assim temos Exus Mirins do fogo, 
da terra, da água e do ar, se apresentando com os nomes de 
Labareda, Foguinho, Faísca, Brasinha, Caveirinha, Calunguinha, Pó de 
Terra, Toco de osso, Toquinho,Tiquinho, Ondinha, Malandrinho, Maria 
Caveirinha, Mariazinha da Calunga, Corisco, Fumaça, Trovoada e 
tantos outros nomes que se apresentam no terreiro. As crianças da 
esquerda existem. Isso é um fato incontestável. São elas os 
incompreendidos e desprezados Exus Mirins. Os espíritos da corrente 
de Umbanda que foram rotulados e assumiram o arquétipo de 
"meninos maus". Os degredados dos terreiros, isolados,condenados 
ao abandono, amaldiçoados. Crianças rebeldes que fumam, bebem e 
atazanam a vida de quem os contrariam. A Umbanda, mãe amorosa 
que acolhe a todos sem distinção, amparando e guiando um número 
infinito de espíritos encarnados e desencarnados, não pode 
76 
 
abandonar os Mirins a sua própria sorte, condenando ao exílio. Mirim 
é o olho que tudo vê, depurando e auxiliando os espíritos 
necessitados. São os "pupilos" de Exu, que os amparou dando-lhes 
um campo de ação na Lei de Umbanda. Os Mirins vêm resistindo 
bravamente ao preconceito e descaso com que são tratados, mas não 
deixam de cumprir o seu papel de "Pequenos Soldados da Lei". 
Vencendo demanda para filho de fé. Até por aqueles que olham com 
desprezo e desconfiança os pequeninos Exus trabalhando no terreiro. 
Para esses, Mirim deixa um recado: "Sou a escuridão da luz e a luz 
da escuridão. Sou o reflexo da tua alma. Fogo, terra, água e ar. 
Magia de redenção e perdição. Sou ambíguo. Exu. O menor de todos. 
Pequenino em minha grandeza40. 
Sua saudação é Laroyê mirim. 
 
Mensagem do Sr. Tata Caveira 
Por Maísa Intelisano 
 
O que dizer de quem cospe no prato emque comeu? Ingrato, talvez? 
E de quem não respeita a casa onde vive? Traidor? E de quem abusa da 
inocência ou da fraqueza alheia? Covarde? Exu não julga, não condena, não 
sentencia, não castiga, não persegue. Exu apenas cuida para que a Lei seja 
cumprida. Ele é o xerife, o guardião das Leis Universais. Exu é o Orixá que 
faz cumprir a Lei. Ele não cria nem inventa a Lei, ele não faz as Leis. Ele 
apenas cuida pra que a Lei seja cumprida. Existem outros que se dizem 
exus por aí que fazem outras coisas, e nós não temos nada com isso. Mas 
Exu de Lei, Exu Guardião, é sério e cumpridor das Leis. Eu sou Exu 
Guardião. Sou dono de falange, sou Exu de luz. E não falo isso por 
arrogância, não! Falo por conquista, porque trabalhei muito para conquistar 
o que tenho. Nada do que tenho foi de graça! Foi suado, honrado e 
merecido. E, no meu território, quem não cumpre a Lei responde pelo que 
faz. Quem não cumpre a Lei, não respeita a Lei, tem que se ver comigo. A 
maior Lei é fazer ao outro o que queremos para nós mesmos. Nem mais, 
 
40 Texto da prof. Maria Amélia Martins. 
77 
 
nem menos. Simples assim, mas o ser humano complica, e algumas 
pessoas gostam de complicar a vida dos outros, se esquecendo que 
complicam primeiro sua própria vida. E depois vêm pra gente perguntar por 
que nada dá certo, por que as coisas estão tão difíceis, por que têm tanto 
obsessor, por que têm tanta energia pesada e negativa na 
vida...Arah...Quando alguém não cumpre a Lei, Exu apenas entrega para 
aqueles que julgam, e eles decidem o que fazer. Exu não tem rancor, Exu 
não tem antipatia, Exu não pratica vingança. Exu tem respeito à Lei e a 
quem respeita a Lei. Se você está do lado da Lei, Exu está do seu lado. Se 
você está contra a Lei, Exu está à sua frente, no seu caminho, esperando 
por você! A maior Lei é sempre fazer ao outro o que se quer pra si 
mesmo. E não é porque o “barbudo” falou, não! Muito antes dele, vários 
outros já diziam a mesma coisa, com outras palavras. Essa é a Lei desde 
sempre. Quer a gente goste, quer a gente não goste. Se gostamos, muito 
que bem. Se não gostamos, muito que bem também. A Lei é uma só e vale 
pra todo mundo. Quem não cumpre a Lei, Exu entrega pra quem de direito. 
E quem cumpre a Lei, Exu protege, ampara, orienta, defende. Exu tem 
muito respeito por quem procura sempre cumprir a Lei. Quem cumpre a Lei 
mora do lado esquerdo do peito de Exu, no coração de Exu. Exu sabe que 
ninguém é perfeito. Nem ele mesmo. E por isso não exige perfeição de 
ninguém. O que ele quer é sinceridade de intenções, seriedade de 
propósitos, respeito por todos e por cada um. O que Exu quer é que cada 
um procure ser melhor a cada dia, sem prejudicar ninguém, sem abusar de 
ninguém, sem hipocrisia, sem falsidade. Apenas fazendo a sua parte. 
Porque Exu vê muito mais do que você. Exu vê mais longe e, onde você 
pensa que ninguém sabe de nada, Exu já sabe, e já está agindo para que a 
correção seja feita. Onde você pensa que pode enganar, Exu já sabe da 
verdade, e vai fazer com que ela prevaleça. Por isso, não tente enganar 
Exu. Não tente mentir pra Exu. Não seja hipócrita com Exu, porque, quando 
você menos esperar, a sua máscara cai e você fica exposto, pra todo 
mundo ver a sua enganação, a sua mentira. Se você for esperto, corrige o 
seu rumo depressa, antes que Exu arranque sua máscara. A Lei diz: faça ao 
outro apenas aquilo que você quer que façam pra você. Se você exige algo 
dos outros, esteja preparado para exigir a mesma coisa de si mesmo. Se 
você quer algo para si, esteja preparado para desejar que o outro alcance a 
78 
 
mesma coisa. Se você espera alguma coisa do outro, veja se o outro pode 
esperar a mesma coisa de você. Se você acha que está tudo bem em 
enganar e usar o outro, esteja preparado para ser enganado e usado. Nem 
mais, nem menos. O que vai, tem que vir. O que vem, tem que ir. O que se 
dá, é o que se recebe. Assim é a lei. Exu não dá privilégios, mas privilegia 
quem privilegia a Lei. Exu não escolhe ninguém, mas gosta de quem 
escolhe a Lei. Exu não tem preconceitos, não faz diferença, não tem 
preferências. 
Exu é Orixá de Lei. Exu trabalha com a Lei e pela Lei e, por isso, é 
justo! Exu tem mais que amigos, tem parceiros, tem irmãos de fé. E quem 
tem Exu como parceiro, nunca está sozinho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
79 
 
UMBANDA X INDIVIDUALIDADE 
 
Um dos grandes problemas que vivemos hoje na Umbanda é a 
individualidade das pessoas. Existe uma grande dificuldade de 
compreensão de que a Umbanda é um projeto de comunidade, de 
integração religiosa, mas também social. 
A própria doutrina dos Orixás desenvolvida na Umbanda nos 
oferece elementos suficientes para compreender a valorosa e 
fundamental interação e integração. Os elementos possuem suas 
essências, mas quando interagem promovem vida. Temos também as 
linhas de trabalho que compõe a Umbanda. Em abundância, histórias, 
exemplos de vidas de Caboclos, Pretos velhos e tantas outras 
entidades que nos ensinam no decorrer desses anos a importância de 
se dedicar ao outro, ao trabalho em grupo. 
Pessoas com dificuldade de compreensão de viver em 
comunidade, somatizada com a deficiência de caráter, disciplina e 
desequilíbrios emocionais resultam em grandes e dolorosos 
problemas para a comunidade umbandista. São pessoas que se 
comportam com grande exigência e crítica apontando sempre o 
outro. Estão sempre com a razão, são sempre vítimas e perseguidas. 
Constantemente declaram suas boas intenções e nobres sentimentos, 
porém suas declarações não se sustentam por muito tempo. Quando 
as aparências são desconstruídas ou as máscaras decaídas, reagem 
com ingratidão, desprezo e até ódio. Depreciam a própria aldeia que 
um dia os acolheu e na maioria das vezes os ajudou. Negam o que 
outros se esforçam para erguer e na maioria das vezes usam a pedra 
da calúnia para destruir a casa que um dia serviu de abrigo. 
Todos na Umbanda são acolhidos como filhos e filhas. São 
recebidas com grande esperança que com um árduo trabalho e 
dedicação serão capazes de superar suas mazelas e aprimorar suas 
virtudes. 
80 
 
Umbanda é um projeto de construção ou de reparação da 
pessoa inteira. Simultaneamente acontece o desenvolvimento 
mediúnico e humano. A realização do médium enquanto se relaciona 
com suas entidades como também a realização da pessoa enquanto 
se relaciona com o outro. 
O requisito para aderir a este projeto de amor é simples. Ter 
disposição de aprendiz e consciência de ser filho, pois proteção, 
ensinamentos e tarefas não faltam em casas, aldeias e egrégoras 
comprometidas em acolher, ensinar e integrar a todos em uma só 
aldeia, em uma só Luz. 
 
 
FUNDAMENTOS DA UMBANDA 
 
 Os fundamentos de uma religião são a sua base, o alicerce de 
sua doutrina e rito litúrgico. 
Na Umbanda o fundamento básico esta na sua doutrina da 
caridade “Umbanda é a manifestação do espírito para a prática da 
caridade”. Portanto, esses fundamentos devem iluminar todos os 
outros fundamentos existentes dentro da Umbanda. 
Os fundamentos básicos são divididos entre: 
- Fundamentos teológicos e filosóficos. 
- Fundamentos litúrgicos ou ritualísticos. 
- Fundamentos Estruturais ou Materiais. 
 
FUNDAMENTOS DOUTRINÁRIOS 
Diz respeito ao que a Umbanda acredita, qual é a sua doutrina. 
-fato histórico de 15 de novembro de 1908, na manifestação do 
Caboclo das 7 Encruzilhadas por meio de Zélio de Moraes onde 
anuncia a religião de Umbanda. 
- fato doutrinal quando anuncia uma religião mediúnica e caritativa. 
“Com os mais sábios aprenderemos, aos humildes ensinaremos e a 
81 
 
ninguém renegaremos”. Recebendo a todos encarnados e 
desencarnados. 
- crença em Deus, nos Orixás e nos guias espirituais. 
- semeadura livre e colheita obrigatória. 
 
FUNDAMENTOS LITÚRGICOS 
 São os fundamentos referentesao ritual, sua liturgia, sua forma 
de realizar as sessões, giras ou trabalhos de Umbanda. 
- incorporação de espíritos – manifestação dos espíritos para o 
atendimento e desenvolvimento espiritual. 
- espíritos e seus arquétipos – as entidades, guias de Umbanda se 
apresentam em linhas de trabalho ou falanges, nas quais 
representam todo um contexto da realidade de sua história e 
constituição. 
- o ritual tem começo, meio e fim – o ritual varia de casa pra casa, 
mas os fundamentos se apresentam em todas. 
- a defumação – consiste em queimar ervas secas e resinas, 
devidamente escolhidas com o objetivo de promover uma limpeza 
astral por meio da fumaça aromática. 
- a curimba ou pontos cantados – é musica sagrada que quando 
entoada envolve vibrações espirituais produzindo no ambiente suas 
energias e auxiliando os participantes a entrar em sintonia naquele 
momento. 
- velas – a chama acesa potencializa e perpetua os pedidos e 
orações. Materializa a luz que emana do astral. 
- símbolos ou pontos riscados - são traços, símbolos em que as 
entidades manipulam ou direcionam determinadas energias. 
- o fumo – é uma erva sagrada onde as entidades manipulam através 
da fumaça direcionada pelo sopro purificando ou defumando os 
consulentes. 
- a bebida alcoólica – é um recurso de limpeza e higienização. 
Atração ou descarrego. Por sua qualidade de combustão, no caso das 
82 
 
bebidas que passam pelo processo da fermentação, ativam 
determinadas energias ou auxiliam em energias mais explosivas. 
No caso de atração, servem como elementos atrativos ou até mesmo 
de barganha espiritual (manipulada pelas entidades). 
- banhos de ervas – promove a limpeza espiritual e energética, 
irradiação, neutralização ou purificação de energias. 
- roupa branca – roupa sagrada, usada somente nos rituais. Na cor 
branca simbolizando a paz, a limpeza e o fato do branco ser neutro, 
não retém energias. 
- o congá ou gongá41 - é o local central de um terreiro onde se 
concentra as energias nos fundamentos através da pedra, água, vela 
e outros objetos. Também armazena os fluídos provenientes dos 
pensamentos, orações e da fé. É uma fonte de energia, de 
ectoplasma em que as entidades utilizam para realizar as tarefas de 
um terreiro. 
- pemba42 - é um instrumento sagrado. Usado para riscar símbolos 
para rituais magísticos como também para marcar o corpo da pessoa. 
É um instrumento manipulado exclusivamente pelas entidades ou o 
sacerdote que ao utilizar a pemba, imantam seus flúidos. 
- pontos riscados – são símbolos riscados em tábuas ou no chão 
representando manipulação de energias, qualidades de trabalho, 
identificação de entidades. São manipulados exclusivamente pelas 
entidades ou pelo sacerdote. Não há estudo específico do ponto 
riscado. Cada traçado ou símbolo pode ter inúmeros significados. 
Esse fundamento ainda se encontra nos mistérios das entidades. 
Poucas revelam e ensinam. 
 
 
 
 
41 Uma terminologia própria da Umbanda. Também conhecido como altar. 
42 Modelada em formato oval, é confeccionada com calcário, um tipo de giz. 
83 
 
FUNDAMENTOS ESTRUTURAIS 
 
É a estrutura material. 
- Local fixo ou provisório. Casa ou salão. 
- a forma em que se apresentará o congá ou gongá. 
- Ter uma tronqueira firmada ou assentada. 
 
 
ELEMENTOS DE RITO 
 
São elementos que não alteram o fundamento. São opcionais na 
ritualística. 
- atabaques 
- ingestão de bebidas 
- roupas coloridas ou caracterizantes 
- guias (colares) 
 
NÃO É FUNDAMENTO DE UMBANDA 
- cobrar por trabalhos ou atendimento espiritual. 
- sacrifício animal. 
- vocabulários impróprios, desrespeitosos e ameaçadores. 
- uso de maconha e drogas em suas firmezas. 
- entidades que se comportam com promiscuidades e pornografia. 
 
A MÚSICA SACRA DE UMBANDA 
(por mãe Márcia Moreira) 
 
A música sacra de Umbanda é conhecida como pontos cantados 
ou curimbas, pertence ao conjunto de fundamentos sagrados da 
religião. Toda a ritualística é cantada, inclusive as orações são 
estruturadas em forma de canto. A Umbanda é uma religião de 
movimento e os louvores são entoados em cantos com 
84 
 
acompanhamentos ou não do atabaque ou de outros instrumentos. A 
música é fundamento, é sagrada, enquanto o instrumento musical é 
elemento de rito. 
Sendo sagrada é de responsabilidade de todos e principalmente 
dos pais e mães no santo de ensinarem aos seus, dos locais e dos 
propósitos onde devem serem entoadas. É lamentável ver nossos 
pontos sagrados, as curimbas (onde muitas são inspirações de 
entidades), serem expostas em locais de diversões, acompanhadas 
de bebidas alcoólicas e de danças extravagantes, onde tudo pode 
acontecer. 
Se queremos que nossa religião seja respeitada pela sociedade 
é preciso construir de fato uma comunidade religiosa pautada no 
discernimento e na ética. Saravá! 
 
PRÍNCIPIOS DA UMBANDA 
 
- Na existência de Deus, único, expressado sob mais variados nomes 
(Zambi, Olorum, Tupã....). 
- Na existência de um Orixá- maior, Oxalá. 
- Na existência dos Orixás . 
- Na existência de guias espirituais, mensageiros dos Orixás. 
- Na existência do espírito a caminho da evolução. 
- Na existência da reencarnação, na lei da causa e efeito e do livre-
arbítrio. 
- No exercício da mediunidade sob as mais variadas categorias. 
- No reconhecimento de que as religiões são caminhos que conduzem 
até Deus. 
- No compromisso do trabalho comunitário e caritativo. 
- Na necessidade do ritual como elemento disciplinador. 
 
 
 
85 
 
SACERDÓCIO NA UMBANDA 
 
"Sacerdote ou Sacerdotisa (do latim Sacerdos – sagrado; e otis – representante, 
portando "representante do sagrado") é uma autoridade ou ministro religioso, 
habilitado para dirigir ou participar em rituais sagrados de uma religião em particular. 
Eles também têm a autoridade ou o poder de administrar os ritos religiosos, em 
especial, os ritos de sacrifício e expiação de uma divindade ou divindades. Seu cargo 
ou posição é chamado de Sacerdócio43." 
 
 Na Umbanda, o sacerdote é chamado de: 
- Dirigente – termo comum no kardecismo. 
- Zelador, babalorixá/yalorixá – termo comum do Candomblé. 
- madrinha/padrinho – termo comum nos terreiros de Umbanda mais 
antigos. 
 - pai/mãe no santo44 – o mais popular. 
 O sacerdote é o responsável pela liturgia dos ritos sagrados de 
Umbanda, sejam eles públicos ou reservados. É através dele que o 
mentor espiritual (entidade chefe do terreiro), irá conduzir a forma de 
trabalho mediúnico, ou seja, formando e conduzindo uma corrente 
espiritual (egrégora) de encarnados e desencarnados para realizar os 
atendimentos. O sacerdote é o congá vivo, onde vibram os Orixás e 
toda egrégora espiritual. Seu ori é o responsável em primeira escala 
diante do compromisso de ser representante do sagrado. Por isso a 
razão de pedir a benção ao pai/mãe no santo. A reverência que se faz 
é para toda a espiritualidade de Umbanda que está agregada na 
corrente espiritual daquela casa. O respeito e a reverência não devem 
ser confundidos com bajulação e idolatria a pessoa do sacerdote. Ele 
antes de tudo é médium, é um filho de fé que está numa condição de 
maior responsabilidade. Está a serviço dos orixás e de todas as 
entidades que compõem aquela corrente. É uma missão exigente e 
árdua. Através do seu útero espiritual muitos médiuns vão nascer 
 
43 http://pt.wikipedia.org/wiki/Sacerdote 
44 Expressão incorreta pai/mãe de santo. 
86 
 
para a Umbanda sendo filhos de fé. A relação é de esperança de que 
a Umbanda continuará mesmo que o filho não fique na casa. 
A relação é de afetividade fraternal, pois no desenvolvimento 
mediúnico há doação direta do seu ori sustentando o ori do filho até 
que este consiga manifestar sua espiritualidade com equilíbrio e 
eficiência. 
O caminho dosacerdócio é forjado pelo compromisso, 
dedicação e trabalho mediúnico. São anos de desenvolvimento 
espiritual e pessoal para que a pessoa com mais amadurecimento 
assuma essa responsabilidade. Além disso, o que outorga um 
sacerdócio é a indicação e confirmação da entidade chefe de terreiro. 
 O sacerdócio não é legitimado por cursos, graus parentescos ou 
adquiridos em ritos de feituras. Nem todos os filhos possuem essa 
missão, personalidade, dom. Por isso a importância de ser indicado 
pela espiritualidade, para que não haja desejos pessoais alimentados 
pelo ego. 
Cada casa tem um modo de construir essa consagração45 
sacerdotal, no entanto ela é realizada pela entidade chefe e não pela 
entidade do próprio médium. A legitimidade se dá pelo que se recebe 
do pai/mãe do santo, daquele que te iniciou46 na vida espiritual. 
Não precisa ser filho no santo daquela casa para chama-lo de 
pai/mãe. Aliás, o sacerdócio de Umbanda deve ser reconhecido e 
respeitado por todos, umbandistas ou não. 
Não somos católicos, mas dirigimos ao sacerdote da igreja 
católica chamando-o de padre, não é mesmo? 
 
 
 
 
 
 
45 Consagração ou coroação – através de rito próprio realizado pela entidade chefe da casa. 
46 Todos os grandes mestres na história foram iniciados por outros mestres. Não se pode auto-batizar e 
muito menos auto-consagrar. 
87 
 
QUANDO NASCE UMA CASA DE UMBANDA 
(por mãe Márcia Moreira) 
 
Muitos umbandistas expressam o desejo de terem suas casas. 
Na maioria dos objetivos, a razão é para fazer o que discorda da 
atual casa ou para ditar as suas próprias regras. No entanto uma 
corrente espiritual de Umbanda nasce de razões profundas, 
alicerçadas no compromisso moral, ético e espiritual. Não se trata de 
um local para atender as vontades das pessoas e nem tão pouco um 
palco de atrações. 
Uma casa de Umbanda é um lugar sagrado onde se encontra 
apoio e acolhida aos encarnados e desencarnados. Um lar para quem 
quer ficar, uma escola para quem quer aprender, um hospital para 
quem quer se curar. Ela nasce em coração simples e sincero, com 
disposição e capacidade de agregar, somar e de partilhar. São esses 
os dons que outorgam o nascimento de uma corrente umbandista. 
Valores que não se aprendem em cursos, que não são comprados ou 
adquiridos por graus parentescos e “ritos mágicos”. São valores 
forjados pela dedicação ao trabalho mediúnico, pelo discernimento e 
disciplina que no decorrer no tempo são adquiridos. A espiritualidade 
que desenvolve e educa o filho de fé indica o momento de construir 
uma casa, quando a formação se completa. A autorização parte da 
Umbanda e não das pessoas. Quando a concepção é sagrada entre a 
espiritualidade e um coração humilde, a Umbanda vibra no ori, no 
olhar, na pele. Não há recuo pelas dificuldades, pelas próprias 
limitações ou ingratidões. Há objetivo, determinação e realização. O 
resultado se apura no decorrer dos anos. Os trabalhos crescem, se 
desenvolvem e se multiplicam. As correntes espirituais se consolidam 
e a identidade da casa se constrói junto com sua história. É como 
uma semente que possui o dom dos frutos, mas terá que trabalhar 
em sua formação até se transformar em uma árvore. 
88 
 
Que as sagradas casas de Umbanda promovam ambientes 
adequados para que seus filhos sejam capacitados a cuidar da 
fragilidade humana. Saravá! 
 
 
“A espiritualidade na Umbanda e seus valores” 
 
O que é espiritualidade? 
• É a recusa de que a vida se esgote na sua materialidade, numa 
existência que tem sentido em si mesmo. Espiritualidade esta 
conectada com a noção de transcendência, isto é, o sentido da 
vida para além do imediato, mergulhado numa história que faz 
sentido de honrar a vida. (Sérgio Cortella). 
 
Na Umbanda vivemos a espiritualidade da diversidade, da inclusão 
e da coletividade. É religião que promove constantemente as 
relações. Essa convivência envolve vidas, existências e suas histórias. 
A Umbanda é vivida no NÓS e não sobrevive no EU. Umbanda é 
encontro e nessa pluralidade recebemos diariamente valores 
essenciais para a nossa construção ou reconstrução humana, 
aprimorando nosso ser bio-psico-sócio-espiritual. 
 Há compreensão desses valores? Há aprendizado com essa 
espiritualidade? 
A espiritualidade na Umbanda é definida na história por Caboclo 
das 7 encruzilhadas “Umbanda é a manifestação do espírito para a 
caridade”. O caboclo também revela naquele momento que numa 
vida anterior foi um frei jesuíta Gabriel Malagrida condenado pela 
inquisição ao garrote e fogueira sob acusação de heresia. Não nega 
sua história de religioso, mas assume a identidade de um caboclo 
com a missão de anunciar uma nova religião, “com os mais sábios 
aprenderemos, aos mais simples ensinaremos e a ninguém 
renegaremos”. Deste modo, a Umbanda em 1908 inicia o processo de 
89 
 
organização em forma de culto religioso de inúmeras manifestações 
espirituais que estão acontecendo por todo o Brasil. 
Vamos então refletir sobre essas duas declarações de Caboclo 
das 7 encruzilhadas: 
“Umbanda é a manifestação do espírito para a caridade” 
Caridade – vem do latim cáritas que foi traduzido da palavra grega 
ágape (tradução feita por S. Gerônimo quando traduziu a bíblia do 
grego para o latim). Portanto a espiritualidade que se manifesta na 
Umbanda tem como finalidade transmitir o amor incondicional e 
voluntário. 
“Todas as entidades serão ouvidas, e nós aprenderemos com os 
espíritos que souberem mais, além de podermos ensinar aos 
que souberem menos. Não viraremos as costas a nenhum nem 
diremos não, pois esta é a vontade do Pai.” 
 Acolher Aprender Ensinar 
Caboclo das 7 encruzilhadas assim como todas as entidades na 
Umbanda se apresentam através da mediunidade de incorporação 
para que todos possam se relacionar através do acolhimento, 
aprender através da vivência e partilhar do seu desenvolvimento 
humano ao outro. Uma religião com potencialidade de inclusão, que 
aprende com a diversidade e ensina a viver na liberdade e na 
plenitude o amor de Deus. São tarefas essenciais vivenciadas em 
tempo integral num ambiente de Umbanda. Essa é a lei de Umbanda. 
Através de um preto velho vivenciamos a humildade, a 
paciência, o perdão. 
Através de um caboclo vivenciamos a objetividade, a 
expansividade, a vitalidade. 
Através de um ibeji vivenciamos a pureza, a alegria, a 
esperança. 
Através de um exu e pomba gira vivenciamos a correção, a 
organização, a realização. 
90 
 
É um modo pedagógico da Umbanda atender as dimensões 
humanas que fazem parte de uma unidade como ser bio-psico-sócio-
espiritual. A espiritualidade na Umbanda é vivida inteiramente com a 
participação humana e com toda sua complexidade de ser. Somos 
acolhidos por inteiros, com nossas histórias, nossos traumas, nossas 
limitações. 
 Somos orientados o tempo todo para a reforma intima, moral e 
emocional. Recebemos apoio, compreensão e valorosos conselhos, 
mas a mudança que tanto almejamos precisa nascer do nosso 
interior, do nosso eu, da nossa consciência. Reconhecer as nossas 
limitações e assumir nossa condição de aprendiz para que de fato a 
Umbanda seja uma escola em nossa vida é o primeiro passo essencial 
rumo a nossa construção ou reconstrução de nosso ser. Nesta 
direção, a disciplina é a nossa grande aliada perante as nossas 
limitações até que os valores praticados se tornem verdadeiramente 
absorvidos em nosso ser despertando nossas virtudes e nossa 
essência divina. A espiritualidade de Umbanda nos leva para a 
lucidez, para a realidade de nossa história onde existe uma lei natural 
em que somos parte. 
Dimensão biológica ; nascimento, desenvolvimento, morte. 
Dimensão psicológica ; pensamento, raciocínio, memória, emoções. 
Dimensão social ; família, política, cultura. 
Dimensão espiritual: transcender, à noçãoda existência de forças 
maiores que o entendimento não pode ou tem dificuldade de 
aprender, religiosidade, a busca por Deus. 
Todas essas dimensões e complexidades acima apresentadas 
nos direcionam para uma reflexão do que somos em nossas 
particularidades e do que exigimos seja da vida, das pessoas que nos 
cercam e de nossa fé. Perdemos muito tempo na ilusão, no 
comodismo, no infantilismo e no próprio simplismo de nossa vida. 
Nossas entidades, guias e mentores abraçam a grandiosa missão de 
nos inspirar, despertar e nos tirar desse marasmo, são incansáveis 
91 
 
tarefeiros da luz. Embora eles tenham conhecimento de toda 
complexidade que nos cercam, cabe a cada um de nós realizarmos 
nosso movimento de evolução, abençoado por Deus e pelos Orixás. 
A Umbanda nos convida a assumir nossa história pessoal, 
enfrentar, modificar e aprimorar. Somente assim teremos nossa 
identidade, fortaleceremos nossa raiz e escreveremos uma história 
vitoriosa. 
 
Oxalá abençoe 
Abraços fraternos 
mãe Márcia Moreira. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
92 
 
Fontes de pesquisa: 
 
* Apostila Teologia de Umbanda Sagrada – Alexandre Cumino 
* As ressignificações de Exu na Umbanda – Lenny Francis Campos de 
Alvarenga 
* Das Macumbas à Umbanda – José Henrique Motta de Oliveira 
* Esse Deus que dizem amar o sofrimento – François Varone 
* Ética da sexualidade – Marciano Vidal 
* História da Umbanda – Alexandre Cumino 
* O labirinto sagrado – Marcial Maçaneiro 
* Orixás - Teogonia de Umbanda – Rubens Saraceni 
* Texto Jornal Umbanda hoje 
* Umbanda – Mitos e Realidade – Iassan Ayporê Pery

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