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primeira lição da espiritualidade é “NÃO EXISTEM COINCIDÊNCIAS”.
Se você chegou à Umbanda, se manifestou o desejo de aprender e se você está aqui
neste momento, nada disso é coincidência.
HISTÓRIA DA UMBANDA
O que é Umbanda?
É muito comum os filhos de fé não conhecerem a resposta para esta pergunta tão
simples.
Segundo o Caboclo das Sete Encruzilhadas, entidade que instituiu a religião,
Umbanda é a manifestação do espírito para a caridade.
Caso deseje uma explicação técnica, podemos dizer que:
Umbanda é uma religião espiritualista, ritmada, ritualizada, de origem euro-afro-
brasileira.
É uma religião espiritualista por se comunicar com espíritos;
É ritmada, pelo som de atabaques para o desenvolvimento dos trabalhos;
É ritualizada por adotar procedimentos e ritos próprios para seus cultos;
Tem origem europeia por partilhar os ensinamentos da doutrina espírita de Allan
Kardec que era francês; africana, pois cultua divindades dessa origem e os tambores
sempre soaram na África; e, brasileira, por ter como elementos o índio brasileiro
(caboclo) e o negro escravizado (preto-velho).
A Umbanda acredita em diversos deuses?
A Umbanda acredita no Deus único, criador de todas as coisas, onipotente (tem
poder sobre tudo), onipresente (está em todos os lugares) e onisciente (sabe de
tudo). Vale a pena lembrar que, mesmo na África, acreditava-se também em um
Deus único, que estaria mesmo acima de todos os Orixás. Zâmbi, Olorum eram
alguns dos nomes que lhe eram dados, sendo esta nomenclatura diferente de acordo
com o dialeto e região do continente africano.
A Umbanda é cristã?
Sim, pois recebe como herança influência da Igreja Católica através de preces e do
sincretismo religioso.
As entidades incorporadas frequentemente recorrem à presença de Jesus Cristo
"Oxalá, e, também, por partilharmos a crença no Evangelho e nas regras de ouro
deixadas pelo Mestre Jesus:
“Amai a Deus sobre todas as coisas”; e,
“Amai a teu próximo como a ti mesmo”.
Zélio de Moraes e a fundação da Umbanda
Em 10 de abril de 1891 nasce, no distrito das Neves, Município de São Gonçalo, no
Rio de Janeiro, Zélio Fernandino de Moraes. Filho de Joaquim Fernandino Costa e
Leonor de Moraes.
Em 1908, o jovem Zélio, então com dezessete anos, havia concluído o ensino médio e
preparava-se para ingressar na Escola Naval, visando seguir a carreira na Marinha.
Entretanto, nesta mesma época, começou a apresentar estranho comportamento
que muito preocupava seus pais.
Por vezes arqueava o corpo e falava com um sotaque muito diferente do normal,
parecendo um ancião. Em outras assumia uma postura leve e rápida, com olhar
firme, parecendo conhecer todos os segredos da natureza.
A preocupação de seus pais aumentava conforme os “ataques” se tornavam
frequentes e quanto mais próxima se tornava a data de Zélio iniciar na escola da
Marinha. Chamaram assim o Dr. Epaminondas de Moraes, tio de Zélio e diretor do
Hospício de Vargem Grande.
O Dr. Epaminondas, após dias de observação, devolveu o rapaz à família dizendo que
loucura não se enquadrava com aquilo que o molestava. Indicou que o levassem até
um padre, pois o caso parecia mais ser de possessão. A família Moraes também
dispunha de um padre católico e, assim, outro tio de Zélio foi chamado para vê-lo.
Depois de observá-lo, decidiu fazer um exorcismo, mas sem sucesso. Tentou oexorcismo
uma segunda vez, mas não atingiu êxito. Uma terceira tentativa foi feita,
agora com vários sacerdotes, porém as manifestações continuavam, apesar de tudo.
Depois de algum tempo, Zélio começou a sofrer de certa paralisia, o que o deixou
acamado por certo período. Em um determinado dia, sentou-se na cama e disse:
“Amanhã estarei curado”. E, no dia seguinte, levantou-se e caminhou normalmente,
são e salvo, como se nada tivesse acontecido.
Depois disso, sua mãe o levou a uma curandeira muito conhecida na região, Dona
Cândida, que incorporava o espírito de um preto-velho chamado Tio Antônio. Esta
entidade conversou com Zélio e, após suas rezas, revelou que ele possuía o dom da
mediunidade e que deveria trabalhar para a caridade.
O pai de Zélio, apesar de não ser espírita, alimentava grande simpatia pela doutrina
de Alan Kardec. Assim, no dia 15 de novembro, decide levá-lo ao município vizinho,
na Federação Espírita de Niterói. Lá chegando foram recebidos pelo presidente
daquela entidade, Sr. José de Souza, que imediatamente conduziu Zélio até a mesa
de trabalho.
Instantes depois, Zélio levantou-se e, tomado por força alheia à sua vontade, disse:
“Aqui está faltando uma flor”; e dirigiu-se imediatamente ao jardim, de onde voltou
com uma flor, que ajeitou criteriosamente no centro da mesa. Isso causou um grande
tumulto entre os presentes, principalmente porque, enquanto isso acontecia,
surpreendentes manifestações de caboclos e pretos-velhos aconteciam no recinto. O
Sr. José de Souza, médium vidente, interpelou o espírito manifestado no jovem Zélio
e, aproximadamente, foi este o diálogo ocorrido:
José de Souza: Quem é você que ocupa o corpo deste jovem?
O espírito: Sou apenas um caboclo brasileiro.
José de Souza: Você se identifica como caboclo, mas vejo em você restos de vestes
clericais.
O Espírito: O que você vê em mim são vestes de uma existência anterior. Fui padre,
meu nome era Gabriel Malagrida, e, acusado de bruxaria, fui sacrificado na fogueira
da Inquisição, por ter previsto o terremoto que destruiu Lisboa em 1775. Mas em
minha última existência física, Deus me concedeu o privilégio de ser um caboclo
brasileiro.
José de Souza: E qual é o seu nome?
O Espírito: Se é preciso que eu tenha um nome, digam que sou o Caboclo das Sete
Encruzilhadas, pois para mim não haverão caminhos fechados. Venho trazer a Umbanda,
uma religião que harmonizará as famílias e perdurará até o fim dos
tempos.
No desenrolar dessa “entrevista” José de Souza, entre outras perguntas, interrogou
se já não bastavam as religiões existentes, fazendo menção ao Espiritismo, então
praticado, e foram estas as palavras do Caboclo das Sete Encruzilhadas:
Deus, em sua infinita bondade, estabeleceu na morte o grande nivelador universal.
Rico ou pobre, poderoso ou humilde, todos se tornaram iguais na morte. Mas vocês,
homens preconceituosos, não contentes em estabelecer diferenças entre os vivos,
procuram levar essas mesmas diferenças até mesmo além da barreira da morte. Por
que não podem nos visitar esses humildes trabalhadores do espaço, se apesar de não
haverem sido pessoas importantes na Terra, também trazem importantes mensagens
do além? Por que o não aos Caboclos e Pretos-Velhos? Acaso não foram eles filhos
do mesmo Deus?
A seguir fez uma série de revelações sobre o que estava à espera da humanidade.
Este mundo de iniquidades mais uma vez será varrido pela dor, pela ambição do
homem e pelo desrespeito às leis divinas. As mulheres perderão a honra e a
vergonha, e o vil metal comprará caráteres e o próprio homem se tornará efeminado.
Uma onda de sangue varrerá a Europa e quando todos pensarem que o pior já foi
atingido, uma outra onda, muito pior do que a primeira, voltará a envolver a
humanidade e um único engenho militar será capaz de destruir, em segundos,
milhares de pessoas. O homem será uma vítima de sua própria máquina de
destruição.
Amanhã, na casa onde o meu aparelho mora, haverá uma mesa posta a toda e
qualquer entidade que queira se manifestar, independente daquilo que haja sido em
vida, todos serão ouvidos e nós aprenderemos com aqueles espíritos que souberem
mais, ensinaremos àqueles que souberem menos e a nenhum viraremos as costas
nem diremos não, pois esta é a vontade do Pai.
José de Souza: E que nome darão à essa nova igreja?
O Caboclo: Tenda Nossa Senhora da Piedade, pois da mesma forma que Maria
amparou nos braços o filho querido, também serão amparados aqueles que se
socorrerem da Umbanda.
A denominação “Tenda” foi assim justificada pelo Caboclo: Igreja, Templo, Loja dão
um aspecto de superioridade, enquanto tenda lembra uma casa humilde. Ao final dos
trabalhos, o Caboclo das Sete Encruzilhadas pronunciou a seguinte frase:
Levo daqui uma sementee vou plantá-la nas Neves, onde ela se transformará em
árvore frondosa.
O Sr. José de Souza fez ainda uma última pergunta: “Pensa o irmão que alguém irá
assistir ao seu culto?”
Ao que o Caboclo respondeu: “Cada colina de Niterói atuará como porta-voz,
anunciando o culto que amanhã iniciarei”.
Primeiro trabalho umbandista
No dia 16 de Novembro de 1908, às 20 horas, na Rua Floriano Peixoto nº 30, no
distrito das Neves, município de São Gonçalo, estado do Rio de Janeiro, na sala de
jantar da família Moraes, o Caboclo baixou. Um grupo de curiosos kardecistas e
dirigentes da Federação Espírita de Niterói estavam presentes para verem como
seriam essas incorporações, para eles indesejáveis ou injustificáveis.
Logo após a incorporação, o Caboclo foi atender um paralítico, curando-o
imediatamente. Várias pessoas doentes ou perturbadas tomaram passes e algumas
se disseram curadas. O diálogo do Caboclo das Sete Encruzilhadas havia provocado
muita especulação e alguns médiuns, que haviam sido banidos das mesas kardecistas
por haverem incorporado caboclos, crianças ou pretos-velhos, solidarizaram-se com
aquele jovem que parecia não estar compreendendo o que lhe acontecia e que, de
repente, via-se como líder de um grupo religioso, obra essa que só terminaria com a
sua morte, mas que suas filhas Zélia de Moraes e Zilméia de Moraes prosseguiriam
com o mesmo afã.
O Caboclo das Sete Encruzilhadas avisou que subiria para dar passagem a outra
entidade que desejava se manifestar. Zélio, então, incorpora Pai Antônio, seu preto-
velho.
Assim, manifestou-se o espírito do velho ex-escravo que parecia se sentir pouco à
vontade em meio a tanta gente. Recusando-se a permanecer na mesa onde ocorrera
a incorporação, preferia passar despercebido, humilde, curvado. Essa entidade
mostrou-se tão pouco descontraída, que logo despertou um profundo sentimento de
compaixão e solidariedade entre os presentes. Perguntado por que não se sentava à
mesa com os demais irmãos encarnados, respondeu: Nego num senta não meu
sinhô,
Nego fica aqui mesmo. Isso é coisa de sinhô branco e nego tem qui arrespeitá.
Era a primeira manifestação deste espírito iluminado, mas a morte que não muda
ninguém, nem para o bem e nem para o mal, não havia afastado desse injustiçado, o
medo que ele tantas vezes sentiu ante a prepotência do branco escravagista, e, ante
a insistência dos presentes, disse:
Num carece preocupa não, nego fica no toco que é lugá di nego.
Procurava assim demonstrar que se contentava em ocupar um lugar mais singelo
para não melindrar nenhum dos presentes.
Indagado sobre seu nome, disse que era “Tonho”, um preto escravo que na senzala
era chamado de Pai Antônio. Surgiu, assim, a forma de chamar os pretos-velhos de
“Pai”.
Perguntado sobre como havia sido a sua morte, disse que havia ido à mata apanhar
lenha, sentiu alguma coisa estranha, sentou-se e nada mais lembrava.
Sensibilizado com tanta humildade, alguém lhe perguntou respeitosamente: “Vovô, o
senhor tem saudade de alguma coisa que deixou ficar na Terra”?
E este respondeu:
Minha cachimba, nego qué o pito qui deixô no toco... Manda mureque buscá.
Grande espanto tomou conta dos presentes. Era a primeira vez que um espírito pedia
alguma coisa de material, e a surpresa logo foi substituída pelo desejo de atender ao
pedido do velhinho. Mas ninguém tinha um cachimbo para lhe ceder.
Na reunião seguinte, muitos pensaram no pedido e uma porção de cachimbos, dos
mais variados tipos, apareceu nas mãos dos frequentadores da casa, incluindo alguns
médiuns que haviam sido afastados das mesas kardecistas, justamente porque
haviam permitido a incorporação de índios, pobres ou pretos como aquele, e que,
solidários, buscavam na nova casa, a Tenda Nossa Senhora da Piedade, a
oportunidade que lhes fora negada em seus centros de origem. A alegria do velhinho
em poder pitar novamente seu cachimbo logo seria repetida, quando os outros
médiuns já mencionados também passariam livremente a permitir a presença de
seus caboclos, de seus pretos-velhos e demais entidades consideradas não doutas
pelos kardecistas de então, pobres tolos preconceituosos que confundiam cultura
com bondade.
No final desta reunião, o Caboclo ditou algumas regras para a sequência dos
trabalhos, inclusive atendimento absolutamente gratuito, uso de roupas brancas e
simples, sem o som de atabaques e nem palmas ritmadas, sendo os cânticos baixos e
harmoniosos. A este novo culto que se estruturava nesta noite, ele denominou de
Umbanda, que seria a manifestação do espírito para a caridade.
É importante ressaltar que inicialmente o Caboclo chamou o novo culto de Alabanda,
mas, considerando que não soava bem a sua vibração, substituiu-o por Aumbanda, e,
posteriormente, foi readaptado para Umbanda.
A história se encarregou de mostrar e provar a exatidão das previsões do Caboclo das
Sete Encruzilhadas. As duas guerras mundiais, as bombas atômicas lançadas em
Hiroshima e Nagazaki, e a grande degeneração da moral. O poder do dinheiro e o
total desrespeito à vida humana são provas incontestáveis do poder de clarividência
do Caboclo das Sete Encruzilhadas.
Estrutura Física do Terreiro
Todo terreiro tem uma estrutura. Uns são simples, outros mais complexos. Mas o
que todo umbandista deve ter em mente é que todos os espaços físicos de um
terreiro são sagrados, e, por isso, devem ser tratados com muito respeito por parte
do filho de fé.
É certo que alguns espaços demandam cuidados especiais e devem ser tratados
como um organismo vivo, pois são responsáveis pela firmeza, equilíbrio e
estabilidade energética da casa. O responsável pela manutenção e pelos cuidados
especiais destes espaços é o dirigente espiritual do terreiro. Por zelar dos tributos
dos Orixás, o dirigente as vezes é chamado de ‘zelador de santo’.
Antes de discorrermos sobre os espaços que podem ser encontrados em um terreiro
de Umbanda, é necessário discorrer brevemente sobre ‘assentamento vibratório’.
Podem ser conhecidos também por ‘assentamento energético’ ou ‘assentamento
cabalístico’.
Assentamento vibratório é a manifestação energética emanada pelos tributos de
cada Orixá. Esses tributos foram sistematicamente introduzidos no espaço físico.
Podem ser enterrados ou não, porém na Umbanda, o mais usual é serem enterrados em
local desconhecido dos filhos da casa, ou mesmo serem feitos em locais onde só
é permitida a entrada de pessoas previamente autorizadas.
Existem assentamentos de direita e de esquerda, e ambos são responsáveis pela
emanação de bons fluidos para a atividade religiosa, dando forças para os espíritos
que trabalham para a lei e para a luz, e minando as forças dos espíritos negativos. Os
assentamentos também são responsáveis pelas forças de defesa da casa, criando
uma cúpula de proteção ao redor do espaço físico ocupado pelo terreiro, impedindo
que demandas ou espíritos indesejados adentrem ao terreiro.
Um exemplo que podemos associar para tentarmos compreender os assentamentos,
é o do gerador de energia elétrica à combustível. Em um local onde a energia elétrica
não seja disponível da forma tradicional, utilizamos esses geradores. Coloca-se
combustível no tanque do motor, liga-se o motor e pronto. As lâmpadas se acendem,
os aparelhos funcionam, o sistema de defesa ou proteção funciona; isso para
melhorar, facilitar e favorecer a vida daqueles que irão habitar e desempenhar
funções naquele local.
O assentamento vibratório é como um gerador no terreiro, só que de energias
espirituais. Quando ligado propriamente, favorece o bom trabalho espiritual. Mas, da
mesma forma que um gerador, que precisa ser alimentado com combustível, o
assentamento também deverá receber ‘combustível’ periodicamente.
O zelador deverá firmar velas, fazer orações e oferecer bebidas, água, frutas,
produtos de fumo, flores, incensos ou qualquer outra oferta condizente com cada
Orixá ou com cada doutrina. Essas ofertas, ao liberarem suas energias essenciais,
reabastecerão os assentamentos de forma que continuem pulsando energias divinas.
Quanto à periodicidade dessa manutenção, ela poderá sersemanal, quinzenal ou
anterior a cada sessão do terreiro.
Vejamos agora a descrição de alguns espaços que são encontrados em terreiros e
espaços umbandistas.
Congá
Também conhecido por Pegi. É o altar sagrado dos Orixás. Na maioria das casas, é
neste local que os Orixás recebem suas ofertas e velas. E tem costumeiramente a
forma de pirâmide (triângulo), onde Oxalá sempre ocupará o ponto mais alto, logo
abaixo virão mais duas imagens, a que ficar à direita de Oxalá, normalmente
caracteriza o Orixá de frente (pai de cabeça) do dirigente. E a imagem que fica à
esquerda de Oxalá representa o Juntó (mãe de cabeça) do sacerdote. Nas linhas
inferiores do Congá são dispostos os outros Orixás, sendo que a ordem pode variar
de terreiro para terreiro, pois isso é critério do dirigente espiritual da casa.
Normalmente o Congá fica à frente do espaço onde são feitas as giras, e, por este
motivo, o local da gira também é conhecido popularmente como Congá.
O Congá possui assentamento vibratório e deverá sempre ser respeitado, e saudado
como um ser vivo. Antes de adentrar pela primeira vez no dia neste local, devemos
nos agachar e com as costas das mãos, fazer o sinal da cruz e repetir ‘Por Olorun, por
Oxalá e por Ifá’, que vem a ser a trindade umbandista, equivalente ao ‘Pai, Filho e
Espírito Santo’ da igreja católica.
A esmagadora maioria das casas desenvolvem o trabalho de todas as linhas em
frente ao Congá, mas existem lugares onde o trabalho dos Srs. Exus é desenvolvido
em espaço diferente. Isto é definido pelo tamanho da casa, disponibilidade de
espaços e o critério do dirigente espiritual.
Tronqueira
Local onde se encontram os assentamentos de Exu e também onde este Orixá recebe
suas oferendas. Normalmente é fechado à chave, sendo que somente o dirigente e
um ou outro escolhido, tem permissão para entrar neste espaço. É construído
usualmente na parte da frente dos terreiros, para que Exu barre a entrada de
espíritos indesejados.
Em alguns terreiros, pode ser apenas a casa do Sr. Exu Tronqueira, o qual se
encarrega de fazer a primeira proteção da casa e também de amarrar em seu tronco
de trabalho, todos os espíritos e energias malfazejas. Neste caso, a tronqueira será
uma casinha similar àquelas que abrigam imagens de santos na residência de
inúmeras pessoas. A diferença principal é que quando a Tronqueira se apresenta
desta forma, somente o Sr. Tronqueira recebe suas ofertas, sendo que os Exus
receberão seus tributos em outro local.
Mesmo neste segundo caso, a tronqueira também recebe assentamento vibratório.
Em nosso chão “terreiro” nosso a direita e a esquerda ficam juntas.
HIERARQUIA DE TERREIRO
Assistência
Também chamada consulência, são as pessoas que vão ao terreiro para se tratar e se
consultar com as entidades nos trabalhos espirituais. Não possuem função nos templos de
Umbanda.
De branco
É aquele que, depois de algum tempo na assistência, busca voluntariamente entrar
para a corrente. São de estrema importância na corrente. Eles que auxiliam a assistência,
levando aos médiuns água, direcionando as pessoas para seus devidos
lugares. É quem cuida da organização física do local, anotações entre outras funções.
Cambone (Cambono)
Cambone é aquela pessoa que trabalha no centro prestando assistência aos
trabalhos e aos guias, sempre estão atentos as entidades em terra para dar total
assistência, acendendo charutos, traduzindo o que a assistência não compreende,
fazendo as anotações de banhos, chás, orações, pontos, geralmente não incorporam.
É o servidor das entidades
Ajudar na preparação dos trabalhos
Colocar os bancos no lugar, transportar objetos para o Congá, preparar guias para
cruzamento, oferecer flores aos médiuns, enfim, estar disponível para as tarefas
corriqueiras necessárias para a execução dos trabalhos.
Estar a serviço da corrente
Estar disposto (na medida do possível) atrás dos médiuns, alerta às possíveis
necessidades deles como servir um copo d’água ou segurar o cavalo no momento da
desincorporação. Servir sempre com fé.
Estar a serviço das entidades
Logo que as entidades que irão consultar começam a incorporar, é função do
cambone servir a bebida e o pito de cada um. Além disso, devem atender às
solicitações das entidades dentro das normas da casa. Também é função do cambone
recolher guias para limpeza, ou seja, sempre que uma entidade deixar cair uma guia
no chão, deve-se “limpar” a guia: Vai depender de doutrina mas água e sal grosso já
fará o descarrego necessário e o próprio guia ira cruzar e energizar a guia. Mas
lembre-se: basta apenas um pouco destes líquidos para a limpeza.
O cambone sempre deve dirigir-se à uma entidade com muito respeito e pedindo
licença. Muitas vezes a entidade pede ao cambone que escreva uma lista de afazeres
para o consulente, esta lista deve sempre ser legível e, caso as informações
fornecidas não forem claras, deve o cambone solicitar estes esclarecimentos à
entidade.
E como o cambone é o auxiliar em terra das entidades, é justo que guarde e zele de
seus instrumentos. Por exemplo, servir a bebida correta (normalmente trazida e
preparada pelo médium), servir no copo correto, lavar e guardar os objetos depois do
uso, providenciar cinzeiros, recolher contas de guia caso venham a arrebentar, entre
muitos outros.
Estar a serviço da assistência
É muito comum as pessoas que vão ao centro ter dúvidas. É obrigação dos cambones
orientar quando souber, buscar a informação quando não souber, ou encaminhar à
pessoa que saiba, para melhor orientar as pessoas da assistência.
Mas o mais importante de tudo é que o cambone mostre vontade de aprender. O
aprendizado se dá com a convivência com os mais experientes. Lembrar sempre que
cambonear é servir aos outros, quer pessoas ou entidades, e para isso é necessário
conhecer a todos, inclusive quais entidades possuem cada médium. O cambone não
tem privilégios por estar servindo. Caso precise de uma consulta, aguardará
pacientemente como o último a ser atendido. Caso por algum motivo grave não seja
atendido, virá conversar com o Pai de Santo ou Dirigente Espiritual da casa, fora do
dia de trabalho. E, por último, é importante registrar que o cambone não serve
apenas esta ou aquela entidade, ele servirá a todas as entidades indistintamente.
O comportamento adequado de um cambone durante as consultas, é circular e estar
atento à qualquer necessidade das entidades ou da casa.
Sabendo aproveitar, o cambone é uma das funções que oferece as maiores e
melhores possibilidades de crescimento espiritual.
O cambone nunca deve:
- sentar-se ou encostar-se na parede,
- ficar em grupos, rodinhas ou conversando,
- beber, comer ou fumar sem solicitação de alguma entidade,
- usar outra cor de roupa que não seja a branca,
- conversar com as entidades, em detrimento da assistência,
- servir bebida ou comida excessivamente às entidades,
- permitir que o consulente se demore demasiadamente na consulta,
- permitir que um consulente passe com mais de uma entidade,
- interferir ou alterar nas informações passadas pelas entidades.
Por fim, deve estar sempre disponível e de bom humor, para receber as pessoas
carinhosamente, que vão ao Centro em busca de caridade. Ele é o cartão de visitas e
deve buscar sempre exercer a caridade com humildade.
Curimbeiro
No candomblé se chama ogã pode ter diversas funções, porem na umbanda é uma
das principais funções em um trabalho. Os curimbeiros e levam o ritmo dos trabalhos
sendo intuídos pela espiritualidade. A vibração dos tambores com suas mãos é o que
ajudam na incorporação dos médiuns principalmente os iniciantes.
Os curimbeiros tem que saber alem dos toques para as entidades e orixás, pontos
diversos.
Ponto de chegada;
Ponto de subida;
Ponto de descarrego;
Pontos de firmeza;
Pontos de cura.
Os preceitos dos curimbeiros tem que ser categóricos, pois na hora das giras, seus
toques e pontos podem tanto ajudar como atrapalhar o andamento.
Veremos mais sobre o assunto em ‘Ritos e Fundamentos’.
Pai Pequeno (Mãe Pequena)
São os grandes assistentes do dirigente espiritual. Aprendem e colaboram em todosos trabalhos que sejam de responsabilidade do pai ou mãe-de-santo, por este
motivo, é desejado que tenham experiência de terreiro. Principalmente porquê será
ele ou ela que, na ausência do dirigente por qualquer motivo, assumirá plenamente
as funções sacerdotais, inclusive a de dirigir os trabalhos da casa.
Pai de Santo / Sacerdote / Dirigente Espiritual
É a pessoa que foi escolhido pela espiritualidade. Geralmente essa missão já vem de
pequeno, a informação por um guia chefe do terreiro, situações que ocorrerão ao
longo da vida que irão levando ao caminho de dirigir uma tenda e prestar a caridade.
É imprescindível que tenha vivência de terreiro, pois ao longo dessa missão
acontecerão diversas situações onde já presenciadas ficarão mais fáceis de serem
resolvidas. Um pai de santo só tem que estar pronto para tal função, pois a
espiritualidade se encarregará de mostrar o caminho.
É o responsável principal pela condução religiosa do terreiro. Pode acumular, como
acontece na maioria das casas, a função de administração material do terreiro. É a
autoridade máxima.
Preparação e Recomendações
Mais conhecidos como ‘preceitos’, na Umbanda. Preceito é tudo aquilo que deve ser
preparado antes do início de um trabalho espiritual.
São necessários para o bom desempenho da atividade religiosa e obrigatórios para
todos aqueles trabalhadores que adentrarão ao Congá. Também é desejado para a
assistência.
Existem três regras básicas fundamentais para a preparação de médiuns e cambones
para os trabalhos espirituais. Devem ser obedecidos desde a meia-noite do dia de
trabalho ou 24 horas antes do início dos trabalhos:
- não manter relações sexuais;
- não consumir drogas nem bebidas alcoólicas;
- não comer carne;
Estes preceitos visam “guardar” o corpo dos médiuns e cambones para as entidades
que farão uso dele nos trabalhos. Primeiro em respeito aos guias que precisam de
um corpo sadio e limpo, que emane boas energias. Em segundo, um corpo carregado
de energias viciosas dificulta o descarrego que as entidades executam antes de partir.
Banho de ervas
Aproxima o guia do médium, gerando também proteção e energia. Em dias de
trabalho torna a ligação do médium com o Orixá mais forte, permitindo que a
entidade trabalhe em plena força. O filho de fé deve observar a entidade que irá
trabalhar ou receber obrigação, para utilizar as ervas adequada daquele Orixá, como
aprenderemos no tópico ‘Ervas’. Para preparar o banho deve-se ferver uma caneca
com água, apagar o fogo após o início da fervura e só depois colocar as ervas para a
infusão, o que demora em torno de 15 minutos. Depois coa-se o preparado e as ervas
são jogadas fora (devolvidas à terra, se possível) e, após o banho de higiene, o
preparado deve ser jogado no corpo do pescoço para baixo, dando-se preferência
para o peito e as costas. Aguarda-se a absorção e enxuga-se normalmente. Isto deve
ser feito preferencialmente pouco antes de se encaminhar para o terreiro.
Outra opção para se fazer o banho é amornando apenas a água dentro de uma
caneca no fogão, joga-se as ervas na água, macerando (apertando) com as mãos,
para que a erva libere suas propriedades vegetais. Durante o processo, firma-se a
cabeça para o Orixá ou entidade correspondente; pode-se inclusive cantar pontos se
assim preferir. É importante estar com as mãos limpas. Depois coa-se, seguindo a
mesma rotina da opção anterior. Esta forma de fazer o banho deve ser usada
preferencialmente para folhas verdes e frescas.
Firmeza de velas
Fundamental. É na firmeza das velas que ocorre a transferência de energia necessária
para nossa jornada de fé. Para tanto são necessários alguns princípios: que a vela seja
dedicada a um Orixá ou entidade específica, para que nenhum outro espírito possa
ter acesso, e que seu pedido para ela seja feito de coração limpo, para que a força da
sua vontade seja impressa na vela. Conforme a vela for queimando, suas energias
serão transferidas para a entidade, que a transformará na realização do seu pedido,
dentro de seu merecimento. As velas podem ser firmadas para agradecimentos, para
pedidos e, antes do início dos trabalhos, para pedir proteção. Na firmeza da vela o
filho de fé pode utilizar oração própria (espontânea), orações tradicionais (Pai-Nosso,
Ave-Maria. etc) ou uma oração mínima, conforme o exemplo:
“Salve [nome da entidade] ! Salve toda a sua força e toda a sua banda!
A ti firmo esta vela com todo amor do meu coração, para agradecer-lhe tudo que
faz por mim e pedir a sua proteção, sua ajuda material e espiritual para fazer o
pedido que deseja]. Sou confiante! Salve!”
Note que utilizamos o termo firmar e não acender. Acendemos velas quando
estamos no escuro ou quando acaba a energia elétrica. O umbandista firma velas.
Orações
A oração é uma das mais importantes ferramentas do umbandista. De forma
errônea, os umbandistas acreditam que as orações devem ser feitas somente no ato
de firmeza de velas, porém não firmamos velas todos os dias, entretanto, as orações
devem ser feitas diariamente, tudo o que você precisa é de alguns minutos, boa
vontade e fé.
Tudo pode ser alcançado através da oração, isto depende apenas de quem a profere.
Feita diariamente, auxilia na desagregação de maus fluidos e na aproximação de boas
energias, resultando em um ótimo tônico para a manutenção do espírito. Lembre-se
das palavras do Mestre Jesus Cristo: ‘orai e vigiai sempre’. Este ensinamento deve ser
levado à risca por todo umbandista que se preze.
Oração é um momento de reconexão com o sagrado, de restabelecimento do
contato com Deus. Pode ser espontânea ou decorada, lembrando novamente as
palavras de Jesus; disse ele que tudo aquilo que pedirmos para ele através do Pai-
Nosso, será imediatamente recebido.
A oração pode ser silenciosa, mas se o filho de fé deseja um melhor resultado,
sugerimos que as faça em pé e em voz alta, como se estivesse ordenando algo. O
Poder do verbo irá certamente ampliar o poder da oração.
Roupa
As roupas para o trabalho devem ser condizentes com uma prática religiosa. Não
devem ser justas, curtas, decotadas, transparentes ou ostensivas. Dar preferência aos
tecidos naturais como o algodão. A cor, devera ser brancas nos trabalhos, porém é
necessário manter sempre a discrição.
Pé no chão
Tem várias simbologias: a humildade necessária para o trabalho de caridade, as
raízes e tradições da Umbanda, independente de raça, crença, situação financeira
todos deverão estar descaços, com os pés no chão, pois dentro de um terreiro todos
somos iguais. Índios e negros não usavam calçados, é o contato com o elemento natural
terra (afinal a Umbanda trabalha com as forças da natureza), também tem a
função de facilitar o descarrego.
Entretanto, por vários motivos culturais ou regionais, a maioria das casas não faz
disso obrigatório. Lembremos ainda que na Tenda Nossa Senhora da Piedade (tenda
mãe da Umbanda), os médiuns trabalhavam calçados.
Postura de Terreiro
É importante conhecermos o comportamento e a postura adequada dentro do
terreiro. Isto demonstra respeito ao sagrado, disciplina e organização.
Não apenas estar e sim ser presente em uma gira, ajude a cantar, bater palmas,
emanar energias positivas, assim todos estarão trabalhando em prol do seu irmão
que ali está.
Antes do início dos trabalhos
É desejado que o filho de fé se mantenha calmo durante o dia em que irá trabalhar
no terreiro e avesso à conflitos de qualquer tipo. Isso porque, quando perdemos a
calma, entramos em sintonia com espíritos e energias hostis que irão contaminar e
envenenar o seu espírito. Se caso for médium, isto dificultará a incorporação e
tornará a atividade do guia incorporado mais difícil.
Sem dizer que é comum a espiritualidade inferior ‘atacar’ o filho de fé em dias de
trabalho, tonando a tarefa ainda mais difícil. Os convites para festas e reuniões com
amigos também costumam acontecer só em dias de trabalho, tentando tirar o filho
de fé do caminho de sua missão. Dores repentinas, apatias e desejos de não ir aos
trabalhos são também extremamente comuns.
A solução para isso? Mantenha-secalmo e paciente, firme-se no seu propósito, ore e
vigie.
Por fim, lembre-se de chegar com antecedência ao terreiro para ajudar na
preparação do trabalho, seja médium, cambone ou trabalhador. Lembre-se que todo
o trabalho desenvolvido dentro de um terreiro não é para o dirigente, nem para a
assistência. É sempre para Deus, todos os Orixás, guias e protetores, os quais saberão
te recompensar de acordo com o sentimento com o qual você realizou o seu
trabalho, e o seu merecimento.
Início dos trabalhos
Depois de tudo preparado, é de bom tom que os médiuns e cambones adentrem ao
Congá ao menos 15 minutos do início dos trabalhos.
O silêncio e a oração são primordiais para o estabelecimento da corrente que em
breve irá se formar.
Quando os trabalhos começam é importante estar alerta, respondendo às saudações
do sacerdote com firmeza e cantando os pontos com alegria e entusiasmo. Afinal de
contas, espera-se que você esteja ali de espontânea vontade, fazendo aquilo que
acredita-se ser um momento feliz da sua vida. Lembre-se que praticar uma religião é
servir com alegria.
Defumação
É a purificação. Utilizado em pessoas, ambientes e objetos, a defumação proporciona
a desagregação ou mesmo a libertação das más energias. Em dias de trabalho é
fundamental para a preparação do ambiente e a estabilidade dos trabalhos.
Para se receber a defumação, deve-se apenas ficar com os braços semiabertos para a
frente, com as mãos espalmadas para a frente em sinal de recebimento de graças.
Quando o turíbulo estiver à sua frente, dá-se uma volta inteira no sentido horário.
Lembre-se que a fumaça sobe por gravidade, não há necessidade de querer atraí-la
para si. Além disso o carvão em brasa, juntamente com a erva, tem o poder de
absorver e destruir energias negativas.
Bater cabeça
É o momento em que o filho de fé, com humildade, pede a proteção do Orixá Maior,
Oxalá, para o desenvolvimento dos trabalhos. O procedimento correto é:
O filho caminha até a toalha sagrada (sem pisar na esteira) e de frente para ela, ajoelha-se.
Em
seguida deita de bruços (barriga para baixo), firma a testa contra a toalha e com as
mãos postadas com as palmas para cima (como quem recebe uma benção), faz sua
curta prece para Oxalá, por exemplo:
“Salve meu Pai Oxalá, peço a sua benção para a minha vida e para os trabalhos de
hoje”.
Em seguida dirige-se ao sacerdote para pedir a benção se for da
doutrina de sua casa. Todo esse processo deverá ser feito de forma rápida para que
este fundamento não atrase a continuação dos trabalhos.
Pedir a benção
O filho de fé aproxima-se da entidade ou a quem for pedir a benção de forma
humilde, pega a mão direita do mesmo em suas mãos e diz: “A benção meu pai”;
feito isto, beija mão do da entidade ou sacerdote, em seguida firma-a contra sua
testa, e, finalmente, beija-a novamente. Durante este processo a entidade ou o
sacerdote lhe responderá: “Que Oxalá te abençoe, meu filho!”.
Chegar de forma humilde é um reconhecimento de que terá ao menos naquele
momento seus ensinamentos tanto da entidade quanto do sacerdote. Os beijos
configuram um ato amor e concordância com a direção dos trabalhos pelo sacerdote.
Por fim, firmar a mão do sacerdote contra a testa significa: “que sua sabedoria seja
transferida a mim”.
Durante os trabalhos
Para os médiuns que não estejam incorporados, seja qual for o motivo, é indicado
que fiquem em pé, com as mãos dadas para frente. Para nenhum dos médiuns e
mesmo cambones, é autorizado prestar atenção no atendimento dos guias
incorporados. Sobriedade e discrição são as palavras de ordem.
É necessário salientar que um médium não pode deixar a corrente sem a prévia
autorização do sacerdote ou de seu guia incorporado. Esta autorização também pode
ser concedida pelo pai pequeno ou mãe pequena.
Encerramento
Ao encerrarem-se os trabalhos, todos os trabalhadores da casa, sejam médiuns,
cambones ou curimbeiros, têm a responsabilidade de recolher e guardar os
instrumentos de culto, recolher o lixo, lavar copos ou louças utilizadas no culto,
enfim, todos devem colaborar para que a casa esteja limpa, organizada e pronta para
o próximo trabalho.
Não se deve tomar bebidas ou comer daquilo deixado pelas entidades. Caso haja
restos, poderá ser dividido em pequenas porções entre os trabalhadores da casa. O
que sobrar deverá ser colocado como oferta para aquela entidade, em local
apropriado (conga ou tronqueira).
Após o encerramento dos trabalhos
Depois que deixamos o terreiro, nossa vida retorna à normalidade. Não há
necessidade de mais nenhum procedimento a não ser que tenha sido pedido por
uma entidade ou sugerido pelo sacerdote. Fora isso, vida normal.
Liturgia de Umbanda
Liturgia é o ritual em si. Para a Umbanda é o roteiro de atos seguido para o
desenvolvimento dos trabalhos espirituais. É o trabalho em si.
Em nossa religião não dispomos de um livro codificador, de um manual de
procedimentos para a padronização dos rituais. Desta forma, o que ocorre é que
cada dirigente transfere verbalmente o ritual para seus sucessores ou ele é absorvido
por observação, ou ainda o dirigente desenvolve o seu próprio ritual de acordo com
seus conhecimentos e experiências. Este é um dos motivos pelo qual o terreiro
sempre terá a “cara” do dirigente.
É também por este motivo que encontramos os mais diversos tipos de rituais para
uma gira de Umbanda. Em minha experiência, encontrei até mesmo terreiros que
não dispunham de ritual, ficando facultado aos médiuns os preceitos, procedimentos
e a entidade que iria se manifestar. Isto prova, mais uma vez, que a Umbanda é a
religião da liberdade, e que, por mais que haja dissidências sobre a forma ideal de
liturgia, todas devem ser respeitadas.
Defumação
Um dos mais importantes fundamentos da Umbanda, a defumação é largamente
utilizada na esmagadora maioria dos terreiros. É constituída pela queima de ervas,
frescas ou secas, em um braseiro de carvão, previamente aceso em um turíbulo. A
ação da queima das ervas proporciona a desagregação das energias negativas, tanto
dos médiuns quanto da assistência. Agiliza muito o descarrego que será feito pelas
entidades incorporadas durante a consulta.
É importante lembrar que a defumação não é um fundamento apenas da Umbanda
ou das religiões afro-brasileiras. Desde tempos ancestrais, a defumação foi utilizada
por inúmeras religiões para o afastamento de maus espíritos e a reconexão com o
sagrado.
Prece de abertura
O nome já é autoexplicativo. É o momento do ritual onde pedimos a Zambi (Deus) a
benção sobre os trabalhos. Pedimos também licença e a benção para o guia chefe e
todos os outros protetores da casa. Cada sacerdote tem a sua forma própria de
conduzir esta prece. Em muitos terreiros é o ato inicial dos trabalhos. Em seguida cantamos
o hino da Umbanda.
Abrir a Jurema
“Jurema”, neste caso, não se trata da entidade, nem da árvore sagrada e muito
menos deve ser confundido com o outro ritual afro-brasileiro de mesmo nome. Abrir
a Jurema significa simplesmente abrir os trabalhos do dia. É executado entoando-se
um ponto cantado extremamente conhecido, o qual exalta os Orixás de Cabeça do
dirigente. O ponto tem os seguintes dizeres:
“Vou abrir minha Jurema, vou abrir meu Juremá;
Vou abrir minha Jurema, vou abrir meu Juremá;
Com a licença de [Mamãe Oxum] e nosso [Pai Oxalá];
Com a licença de [Mamãe Oxum] e nosso [Pai Oxalá]; "
Saudação a Todos Orixás, Entidades e a Exu
Ao toque da sineta e a invocação do dirigente, os médiuns respondem a saudação
conforme o Orixá.
Dirigente:"Salve Oxalá"
Médiuns: "Epa Babá meu Pai"
Dirigente:"Salve Oxum"
Médiuns:" Iê iê ô minha mãe "
Dirigente:"Salve Ogum"
Médiuns:" Ogunhê meu Pai"
Dirigente: "Salve Xangô"
Médiuns:" Kaô Kabecile Xangô"
Dirigente:"Salve Iansã"
Médiuns:"Eparrei Iansã"
Dirigente:"Salve Iemanjá"
Médiuns:"Adocyaba"
Dirigente:"Salve Oxossi"
Médiuns:"Okê Aro Oxossi"
Dirigente:"Salve Nanã"
Médiuns:"Saluba Nanã, Saluba Vovó"
Dirigente:"Salve Obaluaê"
Médiuns:"Atotô meu Pai"
Dirigente:"Salve a Pretada Velha"
Médiuns:"Adorei as Almas"
Dirigente:"Salve os Guias crianças"Médiuns:"Onibeijada"
Dirigente:"Salve os baianos "
Médiuns:"É da Bahia meu Pai"
Dirigente: "Salve os marinheiros"
Médiuns:"Salve a marujada"
Dirigente:"Salve os boiadeiros"
Médiuns:"Xetruá seu boiadeiro "
Dirigente:"Salve os caboclos e as caboclas de pena"
Médiuns:" Okê Caboclo"
Dirigente:"Salve os Ciganos "
Médiuns:"Optchà "
Dirigente:"Salve os malandros"
Médiuns:"Salve a malandragem "
Dirigente:"Salve nossos irmãos, Exus"
Médiuns:"Laroye Exu, Exu é Mojubà"
Canta se o ponto de Exu e os médiuns devem se abaixar e virar para a porteira em sinal de
respeito a saída de Exu para guardar as porteiras.
Como nossas doutrinas são da umbanda Branca, os Senhores Exus serão saudados
pelo dirigente antes mesmo da chegada dos filhos na casa.
Os trabalhos já se iniciam quando o dirigente faz suas firmezas e obrigações em seu
assentamento vibratório para dar início aos trabalhos.
Para conhecimento:
Devemos saber que ao saudarmos Exu, ele deixa o Congá e assume sua posição de
vigilância. A saída de Exu é importante também para que as energias dele (que são
extremamente densas) não interfiram nas energias sutis dos Orixás e seus
representantes, que irão se manifestar no terreiro. A saudação também serve para
demonstrar nosso respeito e a importância que damos a Exu.
A saudação pode ser como ponto cantado ou saudação verbal. Em alguns terreiros
podemos encontrar até as duas formas juntas.
Em algumas casas a saudação não acontece, mas o sacerdote faz oferta ou firmeza
para Exu antes do início dos trabalhos. Isso para Exu acaba tendo o mesmo valor.
Render graças à Exu antes dos trabalhos, seja com saudação ou seja apenas com
ofertas, certamente é fundamento de Umbanda.
Linha de trabalho do dia
Neste ato, é invocado a 1ª linha de trabalho que irá atender a assistência da casa com
o descarrego. O dirigente sempre incorpora primeiro fazendo a puxada das entidades que
darão passe. Salvo dias de festas que as
saudações são diferentes.
Os pontos cantados são diversos e deverão continuar até que o sacerdote, ou sua
entidade em terra, ateste que a energia necessária para os trabalhos já está
instaurada e a corrente já está completa, firme e estável.
Neste ponto, normalmente se aguarda que os cambones sirvam todas as entidades
com seus tributos (charuto, instrumentos da entidade), para só depois “abrir a
porteira”, que nada mais vem a ser do que permitir a entrada da assistência.
A linha de trabalho ficará em terra até que todos da assistência tenham recebido
atendimento. Isso não significa que o trabalho deverá durar tempo indeterminado;
caso haja muitas pessoas para serem atendidas, os cambones, com todo respeito e
gentileza que as entidades merecem, deverão solicitar às mesmas que acelerem seus
atendimentos. Nunca devemos esquecer que a Umbanda é caridade, mas caridade
sem ordem e disciplina torna-se vã, uma vez que alimentará o ego e a vaidade, tanto
da assistência quanto de médiuns mal preparados. É dever de todos, dentro uma
casa de caridade, importar-se uns com os outros, sendo que o interesse de um jamais
poderá sobrepor o interesse dos outros.
Entra a 2ª linha de trabalho em nossa tenda sempre revezamos a linha. Nesse momento é
onde a
assistência consegue conversar melhor com as entidades, pois na primeira linha só se faz o
descarrego do terreiro e dos consulentes.
As giras de cigano sempre são trabalhadas individualmente, até porque a vestimenta
é diferente. Saudamos todos os orixás e damos início a gira de ciganos.
Partida da linha de trabalho
Uma vez atendidas todas as necessidades dos presentes, as entidades poderão partir.
Sem nunca antes promover o descarrego necessário no “cavalo” que ocupou. O
descarrego se faz necessário para a eliminação de energias negativas residuais que
tendem a se aderir no médium. E também deve ser feita a limpeza da cambono que o
auxiliou.
Prece de encerramento
Esta prece tem vários pontos a serem destacados. É uma ação de graças pelas graças
certamente alcançadas naquele trabalho. É também de suma importância para o
encaminhamento dos espíritos aprisionados naquele trabalho, sendo que é de
obrigação da Umbanda encaminhar para tratamento e doutrinação os espíritos
arrependidos, bem como garantir que os espíritos malfazejos sejam aprisionados de
forma que nunca mais possam voltar ao plano físico para praticar o mal. E, por
último, é o momento maior do sacerdote na gira, quando ele derrama sobre todos os
presentes a sua benção final e agradece a todas bênçãos realizadas no dia.A prece de
encerramento é também extremamente comum nos terreiros e pode também ser
considerada fundamental.
Descarrego final
Muito pouco encontrado, este descarrego existe basicamente para recolher energias
perniciosas ainda ativas e equilibrar os médiuns, a assistência e o ambiente.
O descarrego final é executado pela ultima linha de trabalho do dia.
Fechar a Jurema
A “Jurema”, que nada mais é que o trabalho, é encerrada com o ponto
cantado, substituindo-se apenas o verbo “abrir” por “fechar”.
"Eu fecho a Nossa gira com Deus e Nossa Senhora, eu fecho a nossa gira Samborê
Pemba de Angola" (2x)
Vamos levantar o cruzeiro de Jesus, vamos levantar o cruzeiro de Jesus, no céu, no céu, no
céu a Santa Cruz (2x)
Bendito louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo ".
Todos respondem: Amém.
Função de uma religião
A etimologia (origem) da palavra “religião” possui diversas interpretações,
entretanto, uma das mais aceitas vem do latim “religare”, que significa religar. Ou
seja, religião é aquilo que religa com o sagrado, com Deus.
Partindo desse pressuposto, praticar religião é se reconectar com Deus com o
objetivo de que sua perfeição dirija nosso caminho terreno, e possa ajudar ou
influenciar os acontecimentos a nosso favor.
Em uma visita ao Brasil, o líder tibetano Dalai Lama, foi interpelado pelo teólogo
Leonardo Boff sobre qual seria a melhor religião. Boff esperava que ele dissesse que
era o budismo tibetano. Entretanto, ele respondeu: Aquela que te faz melhor!
Esta é, de longe, a melhor resposta para a função de uma religião. Fazer as pessoas
melhores. Assim sendo, não importa qual religião você professa, ou ainda, qual
terreiro você frequenta, desde que você esteja sendo despertado para uma vida
melhor em todos os âmbitos.
Funções da Umbanda
Segundo o Caboclo das Sete Encruzilhadas, Umbanda é uma linha de demanda para a
caridade, ou seja, um caminho aberto pela espiritualidade superior, para que os bons
espíritos possam deixar mensagem e levar o consolo e alívio espiritual para todos que
assim o desejam. Não obstante, ainda é função da Umbanda permitir a manifestação
de todo e qualquer espírito, sendo que os mais adiantados ensinarão, os mais
atrasados aprenderão, e, entre estes últimos, se desejarem mudar o curso de suas
existências para trabalhar para a Lei e para a Luz, haverão de receber o
encaminhamento da espiritualidade para que sejam doutrinados para este fim.
Como podemos ver, a função da Umbanda se aplica no ensino, resgate e tratamento
de todos os espíritos, tanto encarnados quanto desencarnados.
Por último, porém não menos importante, com relação aos espíritos desencarnados
que persistirem no caminho das trevas, também é de obrigação da Umbanda
aprisionar e encaminhar para locais onde não mais possam continuar com suas
intenções malignas.
Podemos entender a Umbanda como um exército da salvação, que prioritariamente
leva o auxílio através da caridade, mas também dispõe da força necessária para um
embate militar, caso seja preciso.
Humildade e caridade
Alan Kardec, disse através de sua obra que “fora da caridade não há salvação”,
expressão que é utilizada largamente como lema do espiritismo.
Mas para entendermos esta sentença, devemos ter claro em nossa mente a definição
dessas duas palavras: salvação e caridade.
Salvação é a libertação do espírito de suas imperfeições que o encaminham ao erro, e
da necessidade de viver em mundos materiais. É o reconhecimento dos valores e
prazeres espirituais, em detrimento aos valores e prazeres materiais.
Para propiciar e favorecer essa salvação,Deus, em sua infinita misericórdia, concede-
nos o direito da reencarnação em busca da evolução espiritual.
E caridade? Este conceito já é mais delicado.
De uma forma mais abrangente, caridade é a virtude que conduz ao amor à Deus e
ao nosso semelhante, de forma que possamos viver o “amai ao próximo com a ti
mesmo”. Para que possamos prestar ajuda aos menos favorecidos.
Mas não é só isso, a maioria das pessoas confunde caridade com doação. É comum
campanhas de solidariedade movimentarem enormes quantidades de mantimentos
e dinheiro, mas isso não é caridade, é doação.
Nos enganamos ao acreditar que toda doação de um bem material possa “limpar”
nossa consciência, por acreditarmos que estamos dessa forma praticando caridade.
Caridade implica muito mais que doação, necessita envolvimento daquele que doa. E
os “bens” distribuídos através da caridade não precisam ser obrigatoriamente
materiais. Aliás, a verdadeira caridade é a doação de tempo, dedicação, atenção,
amor, carinho e senso de bem servir.
Quanto à humildade, é indispensável para aplicação dos fundamentos da caridade. É
também a humildade que gera o envolvimento para transformar a doação em
caridade.
Somos privilegiados por fazer parte de uma religião que ensina estes fundamentos a
seus adeptos, pois é a verdadeira riqueza da espiritualidade.
“Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os
ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a
ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver
o vosso tesouro, ali também estará o vosso coração”. Mateus 6:19,21
Com estas palavras, o Mestre Jesus deixa bem claro sobre qual escolha devemos
fazer; a do mundo material, transitória e insuficiente para o alcance de bem-estar,
ou, espiritual, eterna e geradora de satisfação duradoura.
Jesus também é o grande modelo de humildade e caridade que conhecemos. Seu
comportamento e seus ensinamentos primavam pela simplicidade. Seu discurso
pacífico e espiritualizado tornou-se o foco de admiração de muitos, porém,
infelizmente, poucos seguiram seus passos.
Na Umbanda temos esta oportunidade de seguir os passos do Mestre. A humildade e
a caridade são os maiores fundamentos de nossa religião.
Tudo o que for visto sem amor, sem caridade e sem humildade não é Umbanda
Branca.
Em tudo o que for fazer em sua vida veja se tem ao menos umas dessas filosofias,
casa não tenha nenhum delas repense seus atos, pois o verdadeiro umbandista não é
apenas no dia de gira e sim quando faz de sua religião uma filosofia de vida.
A Umbanda só trabalha para o bem?
Sim. A Umbanda trabalha exclusivamente para o bem.
Por este motivo na Umbanda não fazemos amarrações, não existe sacrifícios, não
demandamos contra ninguém. Umbanda também não é magia negra como muitos
pensam e dizem.
Como já exposto pelo Caboclo da Sete Encruzilhadas, Umbanda é a manifestação do
espírito para a caridade.
Não é possível praticar a caridade causando dano ou sofrimento para qualquer
criatura, ainda mais um espírito humano.
Infelizmente, da mesma forma que a igreja católica tem seus escândalos com
sacerdotes promíscuos, as igrejas de matiz evangélica ou neopentecostal, tem seus
pastores que ostentam riquezas acumuladas pelo sofrimento de seus fiéis, também
com a Umbanda ocorrem esses desatinos.
Pessoas mal-intencionadas, cheias de segundas intenções, utilizam indevidamente o
nome de nossa sagrada religião para seus próprios interesses. Objetivam conseguir
dinheiro, poder e favores dos mais diversos tipos às custas da boa fé de pessoas
angustiadas e desesperadas por soluções a qualquer preço.
Outros ainda, por desconhecerem a verdadeira doutrina umbandista, submetem seus
filhos de fé a práticas estapafúrdias, muitas vezes extremamente prejudiciais a seus
frequentadores. Situações que nada tem a ver com a humildade e caridade
preconizadas por nossa religião.
Salientamos que este tipo de práticas nada tem a ver com a Umbanda. Por isso a
verdade sobre ela deve ser difundida para todos aqueles que possuem os ouvidos, a
mente e o coração aberto para um caminho simples, porém repleto de luz e gratas
alegrias.
O problema não esta nas religiões e sim em alguns religiosos. Todas que seguem o
Deus único é a casa de Nosso Pai, independente da religião que frequente, irá
encontrar o caminho da luz, pois Deus esta dentro de nós.
Deus único
Este tema é de extrema importância pela confusão que a maioria das pessoas, e
mesmo os filhos de fé, fazem com este assunto.
A Umbanda acredita no Deus único, onipotente, onipresente e onisciente. Isto
inclusive é um dos parágrafos da Carta Magna da Umbanda.
A confusão acontece pelo simples desconhecimento da doutrina e pela diferente
ótica que o Candomblé tem sobre o mesmo tema: os Orixás.
No Candomblé, os Orixás carregam o título de deuses, são considerados espíritos
puros e sem mácula. Já na Umbanda, eles são considerados seres elementares, que
representam as forças da natureza, podendo esta força influir tanto no planeta
quanto nas criaturas humanas.
Do ponto de vista umbandista, o Deus sempre será único, enquanto os Orixás serão
as emanações desse Deus.
Na África, cada cidade, vila ou aldeia cultuava um único Orixá na maioria das vezes.
Poderiam ser dois ou três. Mas independente destes Orixás, os povos africanos
também acreditavam em um Deus único. Entre o povo banto era conhecido como
Zâmbi; já entre os jejes e o povo de ketu, é conhecido como Olorum.
Por estes motivos, e por nossa Umbanda ser uma religião cristã, acreditamos, pois,
no Deus único.
Deus.
Jesus Cristo na Umbanda
A obra de Jesus é incontestável e indispensável para o mundo ocidental. É ele que
nos fornece o modelo de perfeição espiritual, pois ele é um dos espíritos que
chegaram a esse nível.
Era parte da missão de Jesus levar o ensinamento espiritual, da humildade e da
caridade para os povos. Da mesma forma que Sidarta Gautama (Buda) e Confúcio,
entre tantos outros mestres que passaram pelo orbe terrestre.
É recomendado ao umbandista que se familiarize com a obra de Jesus, lendo ao
menos os quatro evangelhos contidos na Bíblia. Mais interessante é o Evangelho
Segundo o Espiritismo, obra de Alan Kardec, que além de discorrer sobre as
passagens da vida do Mestre, ainda tece comentários dos relatos sob um ponto de
vista espiritualista.
O “Sermão da Montanha” é um dos mais célebres discursos de Jesus, onde discorre e
instiga ao pacifismo, a reforma íntima, o perdão. Consiste em um conjunto de
ensinamentos fáceis de ler, mas difíceis de serem praticados. É como um guia de
orientação espiritual para o ser encarnado conseguir cumprir a sua missão terrena.
Além dos ensinamentos, Jesus pregou através do exemplo e da prática caritativa,
desafiando explicitamente os sacerdotes judaicos, que eram a maior manifestação
religiosa de sua época. Usou de seu dom de cura e libertação para levar o consolo aos
necessitados e aos menos esperados. Nunca usou seus dons de maneira vã, pois por
mais estarrecedores que fossem, sempre guardavam um ensinamento implícito.
Em suma, Jesus foi caridoso, humilde, prestava curas, libertações e ensinamentos.
Isso não se parece com o papel desempenhado por nossos amados guias e
protetores? É claro que sim. O que as entidades fazem em espírito, Ele fez
encarnado.
Se seguirmos os passos do Cristo, sempre estaremos no caminho da evolução do
espírito.
Doutrina Umbandista (parte 2)
Reencarnação e evolução espiritual
Este é o foco principal de qualquer religião ou doutrina espiritualista. Por mais óbvia
que possa ser, ainda existe uma grande quantidade de umbandistas que ainda não
compreendem o maravilhoso mecanismo da reencarnação.
O corpo carnal é limitado, envelhece e morre. É como uma “roupa” utilizada pelo
espírito enquanto estamos no mundo material. O espírito, por sua vez, é eterno, e
como tal continua sua jornada após a morte do corpo físico. Quando estamos no
corpo físico, vivendo uma vida, dizemos que estamos encarnados. Quando
despojamos o corpo físico, dizemos que estamos no mundo espiritual ou “entrevidas”.
Como uma criança que aprende a andar, falar, pensar, ler e escrever, o espírito é um
eterno aprendiz, independente em que condição esteja, encarnado ou
desencarnado. Mas é no mundo material onde aprendemos as mais importantes
lições.
A missão de todo espírito é evoluir até atingir a perfeição. Mas, durante nosso
aprendizado, cometemos muitos erros que deverão ser resgatados para que a lição
se fixe com firmeza em nosso ser. Para que isso possa acontecer, existe a
reencarnação.
A reencarnação é a ferramenta que a providência divina desenvolveu para que
possamos repetir uma lição tantas vezes quanto necessário. Durante este
aprendizado é desejado que quitemos dívidas contraídas em encarnações passadas,
pretendendo não adquirir novas dívidas. Quando o conseguimos, isto determina a
evolução que adquirimos em uma determinada encarnação.
O mais difícil deste processo é que, quando encarnamos, nossa memória é apagada
para que os erros das vidas passadas não representem um fardo na presente.
Dispomos apenas de nossa consciência e nossa intuição para sobrepujar os
obstáculos para nós atribuídos. E é pela consciência e intuição que muitas vezes
sentimos como se conhecêssemos pessoas e lugares, e desenvolvemos facilmente
habilidades que para outros é extremamente difícil. Isto significa que já encontramos
aquelas pessoas, conhecemos aqueles seres e já dispomos, em nosso inconsciente, o
caminho para desenvolver aquela habilidade.
Isto facilita o desenvolvimento do espírito a cada nova encarnação, podendo este se
ater às lições mais avançadas, que quando aprendidas, alavanca grande
adiantamento.
Temos que ter em mente a necessidade de dedicação às tarefas do espírito. Hoje o
mundo físico nos “engole” com sua velocidade e com a necessidade, sempre
imediata, da sobrevivência. Somos bombardeados a cada instante com verdadeiras
avalanches de informação, na sua esmagadora maioria inúteis, e que causam
sofrimento ao espírito. Nossos compromissos profissionais, familiares, sociais e
escolares nos deixam muito pouco tempo para o desenvolvimento das virtudes
espirituais.
Isto acontece pelo novo momento que o planeta vive, deixamos de ser um plano de
provas e expiações para se tornar um plano de regeneração. Mais do que nunca,
seremos nós que faremos a escolha do rumo de nossas existências. Para isso é
indispensável a determinação e a disciplina para tratarmos dos assuntos espirituais.
A qualidade desta encarnação e das futuras, e mesmo de nosso entre vidas, depende
das escolhas e da forma como nos aplicaremos às tarefas do espírito. Por este
motivo, devemos lançar mãos à obra neste trabalho, sem esquecer que nunca é
tarde para começar e o momento certo é agora. Quanto antes começarmos, melhor
nos portaremos frente aos desafios de nossa missão.
Livre arbítrio
Um dos fundamentos mais sublimes da espiritualidade, o livre arbítrio é a
possibilidade da escolha. Somos nós quem definimos nossas escolhas e decisões, e
seremos julgados por elas.
Não existe nada que aconteça em nossas vidas que não tenha sido gerado por nossas
decisões. A lei espiritual é inexpugnável e se aplica a todos, independente de sua
raça, credo ou classe social. E o desafio está justamente aí.
Quando fazemos boas escolhas e tomamos boas decisões recebemos esta energia de
volta. Ou seja, quem pratica o bem, recebe o bem e vive versa. Quando erramos em
nossas escolhas e decisões, recebemos de acordo com a intensidade deste erro. Isto
não significa punição, mas sim uma forma de advertência necessária para que
possamos ‘acordar’ para a necessidade de mudança.
Muitos espíritos, tanto encarnados quanto desencarnados, encontram-se ainda
muito apegados às necessidades mundanas e a ilusões como orgulho, vaidade, ódio e
vingança, sem perceber que essas emanações só prejudicam a si mesmo. Não existe
mal que não retorne para quem o mandou, de uma forma ou de outra; como
também não existe bem que não dê a volta ao mundo e retorne para quem o enviou.
Para se ter uma ideia da importância e da seriedade do livre arbítrio, uma entidade
espiritual, mesmo que seja seu protetor, não pode ajuda-lo sem o seu pedido, a sua
permissão. Elas nada podem fazer sem o seu consentimento. Por isso é pedido à
assistência que relate seu problema e faça seu pedido para o guia espiritual. Dessa
forma, fica implicitamente clara sua autorização para a interferência, que só se
consumará caso seja realmente necessário.
Não somos peças em um jogo de xadrez, temos pleno controle de nossas ações e do
nosso futuro. Mas isto dependerá exclusivamente de como você usará o seu livre
arbítrio.
Lei da ação e reação
Outra grande lei espiritual universal. Também conhecida como lei da causa e efeito. É
a grande niveladora universal, que faz com que cada um receba de acordo com seus
atos.
No ditado popular ‘quem planta vento, colhe tempestade’, percebemos claramente
uma alusão à lei da ação e reação.
Não são apenas os atos, mas cada pensamento que construímos e palavras que
proferimos estão sujeitos a esta lei. Se, através de nossa mente desejarmos o mal
para alguém, independente de você julgar justo, certamente este mal retornará até
nós. Se abençoarmos um irmão com as palavras, esta benção também retornará.
As palavras do Mestre Jesus eram diferentes, mas dizem a mesma coisa: “Não
julgueis para não serdes julgados”.
Por este motivo pessoas que carregam sentimentos de vingança nunca encontram
paz em suas vidas. Como poderiam? Se tudo o que fazem é pensar em formas de
alcançar este tenebroso objetivo. Por pensarem insistentemente no mal, acabam por
receber o mal cada vez mais. Sendo assim, a conta é simples. Basta pensarmos coisas
boas, falarmos boas palavras e praticar bons atos e só receberemos o bem. Mas, para
que isso aconteça, é necessário domar a si mesmo em primeiro lugar. E isto é muito
difícil.
Quem dentre nós vai conseguir ficar calado quando for injustiçado, sorrir quando
receber uma ofensa, ficar em paz quando for humilhado ou mesmo dar a outra face
quando levarmos um tapa na cara? São apenas pequenos exemplos da dificuldade de
se manter equilibrado, pois somente assim nossa ‘boa ação’ receberá uma ‘boa
reação’ a nosso favor.
Diante disto, podemos afirmar com segurança, que a lei da ação e reação é como um
professor muito rígido que nos devolve uma situação da mesma forma que a
acarretamos. Isto não é um castigo, mas sim mais uma manifestação da providência
divina para podermos enxergar nossos erros e trabalhá-los com o objetivo de
aperfeiçoamento.
Enfim, o livre arbítrio lhe permite tomar a decisão que melhor lhe aprouver ou
interessar; entretanto, a lei da ação e reação determina o que lhe será devolvido.
Plante o amor que colherá amor.
Lei das afinidades espirituais
Esta lei determina que tudo que está a seu redor, seja perfeitamente conforme a
energia que você emana.
Podem ser situações que te acontecem, circunstâncias na qual vive e até mesmo
espíritos, tanto encarnados quanto desencarnados.
Todo ser vivente, encarnado, emana uma determinada energia. Se esta energia for
boa atrairá para si situações, circunstâncias e pessoas boas. Do contrário, receberá
situações, circunstâncias, situações e pessoas ruins.
Para melhor entendermos como isso funciona, é necessário compreender como a
energia de um ser pode ser diferente, uma das outras, e o que causa esta diferença.
Somos a somatória de tudo o que pensamos, falamos e agimos. Se no resultado
encontramos mais positividade que negatividade, emanaremos uma energia positiva,
e o oposto também é verdadeiro.
Fora isso, as experiências acumuladas nesta encarnação e nas anteriores,
determinam situações como se gostamos de esportes ou de estudos, se nos sentimos
bem no meio de pessoas mais abastadas ou mais simples, ou ainda se toleramos
pequenos delitos como jogar lixo na rua ou não.
Somando a polaridade das energias de nossos pensamentos, de nossas palavras, de
nossas ações, de nossa consciência e nossas experiências e habilidades,
determinaremos o meio em que vivemos, nossas profissões, nossos amigos e até
mesmo quais espíritos estãoao nosso redor.
Sempre atrairemos seres que possuam afinidade com nossa energia, independente
de gostarmos ou não dessa companhia. Escolheremos companheiros e
companheiras, profissões e até mesmo bens materiais em conformidade com esta
afinidade energética, ou, como é normalmente conhecida, afinidade espiritual.
Se você deseja ao seu lado espíritos evoluído, que irão te acrescentar sabedoria e lhe
ajudar para que esta encarnação seja tanto menos ‘pesada’, é necessário que
aprendamos a controlar nossos pensamentos atos e palavras. Lembre-se que toda
ação negativa atrairá ainda mais negatividade e vice-versa.
Mas a mudança para melhor sempre é possível. E a transformação contínua é o que é
esperado de um espírito encarnado.
Merecimento
Já falamos sobre livre arbítrio, lei da ação e reação, e das afinidades espirituais, mas
só agora falaremos sobre merecimento. Por quê?
Pelo simples fato de que é necessário entender perfeitamente estes outros
princípios, antes de entendermos perfeitamente este conceito.
Merecimento é um pré-requisito indispensável para a obtenção das graças que
insistentemente apelamos a Deus e ao plano espiritual.
O merecimento pode ser adquirido através das encarnações, nas entre vidas e até
mesmo na encarnação atual. É regido pela lei da ação e reação.
Da mesma forma que um aluno para ser promovido precisa aprender as lições
daquela etapa do ensino, também somos nós no aprendizado terrestre. Sempre que
merecemos, somos promovidos à uma nova condição ou obtemos algo para a melhor
continuidade de nossas vidas.
Muitas pessoas distorcem o conceito do merecimento e acreditam piamente que
merecem sofrer, ou ainda, que não merecem alcançar nenhum tipo de graça ou
alívio. Isso simplesmente não existe.
Existe um ditado popular que diz: ‘viemos a Terra para sofrer’. Daí pergunto: De onde
tiraram essa ideia?
A espiritualidade sempre se refere ao nosso planeta como uma escola e não como
uma masmorra. Todas as torturas que sofremos são infligidas por nós mesmos. Não
existe nenhuma disposição contrária sobre ser feliz enquanto aprendemos.
Cabe também somente a nós mesmos pensar, falar e praticar boas ações, não pelo
medo da reação, mas simplesmente porque é o melhor para você e para todos.
Quando adquirimos esta consciência recebemos uma reação maravilhosa do
universo, ajustamos a lei das afinidades espirituais ao nosso favor e, quando menos
esperarmos, e mesmo sem pedir, alcançaremos tudo o que desejarmos. Pois quando
tudo isto acontece, o merecimento já está implicitamente concedido.
Mas então como fica o resgate dos nossos erros? Eles não acontecem?
Sim, acontecem. Mas mesmo o resgate pode ser feito de forma positiva.
O Mestre Jesus, em muitas de suas curas, dizia: “Seus pecados estão perdoados”. Ele
dizia isto pela simples autoridade que possuía de perdoar as dívidas por nós
contraídas anteriormente. Perdoada a dívida, não era necessário mais o resgate.
Podemos alcançar a mesma indulgência simplesmente buscando e praticando as
virtudes do espírito como a caridade e a paciência, por exemplo.
"Toda vez que a Justiça Divina nos procura para acerto de contas, se nos encontra
trabalhando em benefício dos outros, manda a Misericórdia Divina que a cobrança
seja suspensa por tempo indeterminado."
Chico Xavier
Doutrina Umbandista (parte 3)
Anjo da guarda
É a mais importante das entidades que acompanha um ser encarnado.
Extremamente cultuado em todas as religiões espiritualistas.
A palavra anjo vem do grego e significa ‘mensageiro’. Então podemos dizer que os
anjos de guarda são os mensageiros de Deus e da espiritualidade superior enviados
até nós.
Para a Umbanda e para as religiões de cunho espiritualista, o anjo de guarda não é
como um anjo celestial, aquele ser alado que auxilia Deus em suas tarefas. Para nós,
o anjo de guarda é um espírito cuja evolução sempre será superior à do protegido.
Como parte da função do anjo de guarda é com a missão do protegido, é normal que
ele domine os desafios que serão travados por seu dirigido. No livro ‘Brasil Coração
do Mundo, Pátria do Evangelho’, obra do espírito Humberto de Campos,
psicografado por Chico Xavier, é mostrado que Tiradentes, que anos antes havia sido
martirizado por participar de uma conspiração para libertar o Brasil do julgo
português, foi o anjo da guarda de Dom Pedro I, o homem que, enfim, proclamou a
independência do nosso país.
O anjo de guarda, ao contrário de nossos outros guias, é a única entidade que é
escolhida pelo plano superior. São eles que determinam qual espírito irá ser nosso
anjo de acordo com as características e desafios de nossa missão terrena.
Como funções principais, o anjo da guarda é responsável por proteger de todo o mal,
bem como guiar seu tutelado pelos caminhos que propiciem o cumprimento de sua
missão espiritual. Além destas, o anjo de guarda é o grande coordenador dos
protetores de seu afilhado.
Por estes motivos é sempre recomendado na Umbanda que o filho de fé mantenha
uma vela branca de sete dias firmada para seu anjo de guarda; ao lado da vela
coloca-se sempre um copo com água.
Lembre-se que somente firmar a vela não é suficiente, devemos orar olhando para a
vela, ou mentalizando-a, ao menos uma vez por dia. A vela de sete dias nada mais é
que uma comodidade que evita que tenhamos que firmar uma vela todos os dias
para um mesmo objetivo. Por isso as orações diárias são necessárias.
Caso o irmão tenha uma condição financeira reduzida, deverá firmar uma vela branca
comum pelo menos uma vez por semana, mas as orações deverão continuar sendo
diárias. Neste caso de pouco recurso, é importante lembrar que podemos não firmar
velas para as entidades e os Orixás, mas jamais devemos deixar faltar vela ao anjo,
mesmo que esporadicamente.
É importante prestar atenção à vela que firmamos para nosso anjo guardião. Caso a
vela de sete dias dure cinco ou menos dias, devemos nos apegar mais ainda em
orações. Caso a vela borre ou a chama fica vacilante ou mínima, devemos sempre
imantar a vela com nossa energia e nossas orações. Nesses casos é importantíssimo
manter uma vela sempre firme até que a energia se estabilize.
Caso o irmão de fé, em momento de angústia, não souber a quem pedir, peça ao seu
anjo da guarda, ele é o mais importante guia e também saberá convocar as entidades
necessárias para o teu auxílio. Para isso bastar fazer com humildade a oração do anjo
da guarda.
A oração tradicional do Anjo de Guarda:
Santo Anjo do Senhor,
Meu zeloso guardador,
Pois que a ti me confiou a Piedade Divina,
Hoje e sempre
Me guarde, reja, governe e ilumine
Amém
Sugestão de Oração aos filhos do Tumaoogi
Anjo meu anjo do senhor, todavia vós foi
Meu anjo meu guardador
Peço a ti anjo bendito
Por toda graça e poder
Que do laço do maldito
Vós queira me defender
Assim ando eu guardado
Pela vossa companhia
Jesus Cristo senhor nosso
Filho da Virgem Maria
Qual da luz é a melhor luz Jesus
Qual da guia é a melhor guia Maria
Qual do céu é o melhor patrão José
Assim como essas palavras verdade é
Jesus Maria e José
Amém
Guias e protetores
Guiar e proteger são funções de todo espírito benfeitor que nos acompanha
perenemente. Uns podem ser guias e protetores, outros podem ser apenas
protetores.
As entidades que nos acompanham, estão conosco normalmente desde o dia do
nosso nascimento, podendo que alguns tenham acompanhado até mesmo a nossa
gestação, para certificar-se de que viríamos ao mundo sem maiores problemas.
Diferente do anjo da guarda, somos nós que escolhemos nossos protetores. Quando
recebemos a autorização para reencarne, definimos nossa missão a ser cumprida.
Dessa forma procuramos sempre convidar espíritos amigos ou que respeitamos, ou
ainda que temos certeza que serão imprescindíveis para o bom andamento de nossas
tarefas. Eles podem aceitar ou negar, não tem obrigação para conosco. Dessa forma
montamos nossa guarnição espiritual.
Muitos de nossos guias e protetores podem ter compromisso com partes de nossa
missão, outros ainda deverão certificar-se de que encontremos as pessoas certas
para nos ajudar ou para que possamosefetuar nosso resgate, outros ainda são
responsáveis por garantir que certos desafios se coloquem para nós encarnados.
Com tanta proximidade, não é difícil que possamos absorver certas características de
personalidade de nossos guias, quando enfrentamos as mais diversas situações da
vida. Podemos nos sentir, eventualmente, fortes, rápidos, corajosos, sábios, velhos,
novos, entre tantas outras sensações. O importante é saber que a cada desafio,
teremos sempre um especialista à nossa disposição para nos auxiliar a superar
aquele obstáculo.
Nossas entidades podem se afastar ou podem ser afastados de nós quando estamos
desleixados quanto à nossa espiritualidade, sendo assim alvos fáceis para as hostes
negativas. Nenhuma entidade fará mal ao seu cavalo, pois ela precisa de sua
permissão para que atue em sua vida. Um trabalho de magia negra pode afetar a nós
e até mesmo nossos guias. Por isso é tão importante uma visita ao terreiro para um
passe ou exercitar a mediunidade nos trabalhos. Assim ficamos menos vulneráveis e
caso algo do gênero aconteça, poderemos rapidamente tomar providências. Nunca
se esqueça: orar e vigiar sempre!
Podem afastar-se voluntariamente de nós quando nos desviamos radicalmente do
caminho de nossa missão, ou quando abrimos portas para a negatividade. Afastam-
se muitas vezes pela dificuldade que encontram em manter-se próximos, pela
polaridade de nossa energia, por nossa energia estar muito diferente da vibração
deles. Então, é como se nós os mandássemos embora; mas, mesmo distantes, estão
nos vigiando e tentando prestar a ajuda que for possível.
Quando estamos com Deus nenhum mal nos atinge. Ninguém pode mais do que
nosso Pai Oxalá.
No caso de médiuns de corrente, esta situação é ainda mais complicada, pois além de
estarmos deixando que o plano inferior nos guie, nos dias de trabalho são estes
espíritos malfazejos que virão em terra, fazendo-se passar pelos verdadeiros guias de
luz. Neste caso cabe ao sacerdote oficiante da gira detectar a situação e encaminhar
o intruso. Também o assentamento vibratório dos terreiros é indispensável para
estes momentos, pois mina a força dos espíritos negativos.
Muitos têm dúvidas sobre se todos os encarnados possuem guias e protetores; e a
resposta é sim, independente de serem médiuns, todos possuímos nossos guias e
protetores que nos acompanham, orientam e protegem.
Não podemos esquecer de que nem todos os espíritos que nos acompanham foram
escolhidos por nós antes do reencarne, alguns se aproximam por afinidade espiritual,
e no caso dos médiuns de trabalho, podem se aproximar pela oportunidade de
prestar a caridade.
Os guias podem ser de diversas origens e falanges. Somente na Umbanda são
conhecidas as linhas de caboclos, pretos-velhos, crianças, baianos, boiadeiros,
marinheiros, ciganos, linha da simironga, linha d’agua, pescadores, linha do orientee
a senzala. As diversas correntes se aproximam da Umbanda pela oportunidade de
manifestar a caridade que a religião lhes proporciona.
Intuição
Segundo o dicionário, intuição é a faculdade de perceber, discernir ou pressentir
coisas, independentemente de raciocínio ou de análise.
Se está independente de raciocínio ou análise, isso quer dizer que ela não é
manifestada pelo mental. E isto está correto.
Para nós umbandistas, intuição é a forma que nossos protetores usam para nos
transferir informação. É o canal de comunicação da espiritualidade conosco. É feito
desta forma para nos advertir sobre perigos ou situações incômodas. Podem dizer
também sobre pessoas que fazem parte de nossa missão, seja como auxílio ou
resgate.
Nossos guias lançam mão desse recurso para não infringir nosso livre arbítrio, sendo
assim, eles nos transferem o recado, porém a decisão continua sendo nossa.
Para cada um a intuição pode ser sentida de forma diferente; para alguns é como um
lampejo, uma idéia, para outros são como sensações, e ainda há aqueles que a
sentem como um choque elétrico.
De qualquer forma, devemos ter em mente que a espiritualidade sempre atua a
nosso favor.
Quando recebemos uma intuição é importante falar ou agir imediatamente,
aproveitando a pureza dessa intuição. Se não for o caso de falar nem de agir, ao
menos tente registrá-la exatamente como você a recebeu.
Por fim, muitos perguntam se existe intuição negativa, ou seja, causada por espíritos
malfazejos. E a resposta é sim, isso certamente pode acontecer. Para evitarmos essa
situação indesejada é importante estarmos sempre nos descarregando nos terreiros,
sempre mantendo nossa energia positiva e sempre fazendo uma reflexão sobre nós
mesmos. Como diz o Mestre, orar e vigiar. O preço da liberdade é a eterna vigilância.
Mantenha-se sempre conectado com seus guias e seus mentores. Mas como ? Nas
orações onde damos permissão para que possam atuar em nossas vidas e desta
forma, todo o mal que nos cerca será encaminhado ao seu devido lugar e nossas
intuições serão as melhores.
Mundo invisível que nos cerca (parte 1)
Neste capítulo, entenderemos o mundo invisível que nos cerca e como o afetamos
através de nossas próprias energias, tanto positivamente quanto negativamente.
Energia
A palavra energia vem do grego ‘energeia’ e significa atividade, porém, em nosso
mundo material, definimos como a capacidade de um corpo de produzir ação,
trabalho ou movimento. Nosso mundo apresenta várias formas de energia como
energia luminosa, energia mecânica, energia muscular, energia calorífica, energia
nuclear, entre outras.
Do ponto de vista espiritual, energia é muito mais. É a matéria prima que constitui
tudo o que temos no universo, tanto no plano material quanto no plano espiritual.
Um princípio universal da energia é que ela não pode ser criada, apenas
transformada. Esse princípio rege muitas disciplinas como a química e a astronomia.
No universo uma estrela que ‘morre’ e explode lança milhões de partículas que, ao se
aglutinarem, darão origem à novas estrelas.
O famoso físico alemão Albert Einstein, em sua teoria da relatividade, demonstra que
energia é igual à massa multiplicada por aceleração. Difícil de entender? Explicamos
então.
Quando aceleramos as partículas de uma determinada partícula, ou grupo de
partículas, mais energia obtemos. Este princípio foi utilizado para o desenvolvimento
da bomba atômica.
Mas o que tudo isso tem a ver com o ponto de vista espiritual?
Einstein provou que tudo é composto de energia, e toda e qualquer energia pode ser
transformada.
Corpos densos como uma parede, ou nosso corpo físico, é energia em repouso ou
com baixa aceleração. Corpos menos densos ou sutis, como os gases, são compostos
de energia com maior aceleração. Neste último exemplo também se inclui o espírito.
Resumindo, do ponto de vista espiritual tudo é energia e a energia pode ser
transformada. Assim sendo, todos os espíritos podem ser afetados por outras
energias.
As energias, para o nosso estudo, dividem-se em duas categorias: energia imanente e
energia consciente.
Energia Imanente
Energia imanente é a primária, vibratória, invisível, essencial e multiforme,
totalmente impessoal, dispersa em toda a criação original, no meio ambiente,
interpenetrando tudo no Universo, portanto, universalmente difusa, onipresente,
ainda indomada pela consciência humana, e demasiadamente sutil para ser
identificada pelos atuais instrumentos tecnológicos.
A energia imanente é liberada em todos os domínios naturais com maior força, mas
também está em todos os lugares, é a energia dos sagrados Orixás. Quando vamos ao
domínio de Iemanjá, recebemos a energia imanente do mar; e o mesmo acontece
nas matas de Oxóssi, nas pedreiras de Xangô ou nas montanhas de Oxalá.
A maior fonte de energia imanente é o próprio ar que respiramos. Os hindus chamam
essa energia de “prana”. É da cultura popular dizer que estamos com “quebrante”
quando bocejamos. Isto é verdade, pois quando bocejamos aspiramos uma grande
quantidade de ar e, por conseguinte, de energia, de prana. Isto ocorre quando
estamos passando por situações de obsessão espiritual.
Exercícios respiratórios são extremamente positivospara a absorção de energia,
acalma o espírito e oxigena todo o nosso corpo. É por isso que quando vemos uma
pessoa irada ou transtornada, a primeira coisa que pedimos a ela é que respire
profundamente. No final deste tópico, ensinaremos exercícios para melhorar a
respiração e a absorção de energia.
O fato é que essa energia original e ancestral é extremamente necessária para a
manutenção da vida em nosso planeta, pois além de fonte de energia positiva
infinita, também ajuda a harmonizar nossas próprias energias que são deterioradas
pelo ego, pelo consciente e pelo subconsciente.
Energia imanente não pensa, não tem direção, apenas se derrama em todas as
direções, infinitamente. Pode harmonizar, curar e gerar bem-estar físico, mental e
espiritual.
Quando entramos em contato com a natureza, seja qual for o domínio, normalmente
nos sentimos cansados fisicamente, mas renovados. Essa sensação de renovação e
felicidade que sentimos é provocada pela energia imanente.
Energia Consciente
Energia consciente ou consciencial é a imanente modificada por nós por meio dos
nossos processos energéticos, pensamentos e sentimentos. As energias que
produzimos nos afetam, bem como a todos os nossos semelhantes e os ambientes
que frequentamos.
A energia consciente indica imediatamente a condição na qual o indivíduo se
encontra. Com um simples pensamento que emitimos, atraímos consciências que
estão no mesmo padrão energético. Por isso, precisamos ficar atentos aos ambientes
que frequentamos, às pessoas com as quais nos relacionamos e, principalmente, aos
pensamentos e sentimentos que cultivamos.
Então podemos dizer que a energia imanente é uma poderosa energia pura, porém
neutra, não possui polaridade, existe apenas pelo objetivo de cumprir sua função no
planeta, atuando sobre os seres vivos de acordo com a orientação original de seu
Orixá.
Já a energia consciente é a energia imanente por nós absorvida, entretanto, alterada
pelo que pensamos e por nossas emoções, conferindo à esta energia uma polaridade
positiva ou negativa. Energia consciente é regida pelas leis da ação e reação, bem
como a das afinidades espirituais, sendo que a energia imanente não.
A energia não pode ser criada nem destruída, mas avaliada, concentrada, bloqueada,
dispersa, transferida, captada, transformada, modulada, emitida e projetada. Para
isso basta estudo, exercício e disciplina.
Por fim, devemos ter consciência da energia irradiada por nós e pelo mundo que nos
cerca.
Exercícios
Exercício respiratório
Sente-se no chão com as pernas cruzadas (posição clássica de meditação), com a
coluna ereta. Com sua mão direita, pressione levemente abaixo do seu umbigo e
comece a respirar, inspirando pelo nariz e expirando pela boca. A inspiração deve ser
lenta e a mais profunda possível, de forma a preencher totalmente seus pulmões; a
expiração deve ser feita em sopro, como se estivesse soprando um apito (fazendo um
‘bico’ com os lábios), de forma a expulsar todo o ar de seus pulmões.
A cada respiração, é natural que as inspirações comecem a ficar mais e mais
profundas, até que alcancem a plena capacidade de seus pulmões. Assim sendo,
repita a respiração até sentir que sinta sua mão direita é empurrada para frente. Este
é o sinal que você está aproveitando ao máximo sua capacidade pulmonar.
Este é um exercício para disciplinar sua respiração e pode ser feito diariamente por
alguns minutos apenas. Você pode manter seus olhos fechados durante o exercício,
tente manter sua mente concentrada na respiração, caso não consiga, pense em algo
que te faça sentir bem.
Exercício para avaliar sua energia
Material: 01 copo descartável novo, um galho fresco de arruda, um pouco de água.
Coloque água no copo até a metade, em seguida coloque a arruda dentro e deixe o
copo próximo a você. Em seguida exercite a respiração do exercício acima por 1
minuto, em seguida pegue o copo com sua mão esquerda, em seguida poste sua mão
direita acima do copo em forma de concha (com os dedos unidos), e, pensando em
coisas positivas, tente transferir para o galho de arruda todo o seu amor e seu desejo
de que todo o bem do universo envolva aquele ramo. Faça isso por três minutos.
Depois, guarde o copo em lugar limpo e coberto, e observe o passar dos dias.
Se sua arruda durar até 3 dias Sua energia não está boa, você precisa de ajuda.
Se durar de 3 a 7 dias Normal, você está bem mas não conseguiu causar diferenças
na arruda.
Se durar de 7 a 10 dias Você conseguiu levar com êxito boas energias.
Se durar de 10 a 15 dias Você é um excelente canalizador de energia positiva.
Se durar mais de 15 dias Você provavelmente possui dons de cura.
Chakras
Agora que entendemos um pouco sobre a energia e suas características, é hora de
compreender como essa energia atua sobre nossos corpos.
Nosso corpo é permeado por meridianos e pontos de energia. As técnicas orientais
como a acupuntura, o shiatsu e a reflexologia fazem uso desses pontos há milhares
de anos.
Os pontos de energia estão por todo o nosso corpo. Podem ser centros de energia
menores, secundários ou principais. Estes últimos são conhecidos como chakras e é o
nosso objeto de estudo.
A palavra chakra vem do sânscrito e significa centro, roda. Os chakras são centros
principais por onde a energia é absorvida em nosso corpo. Desta forma eles são
percebidos por clarividentes como vórtices (redemoinhos) de energia vital, espirais
girando em alta velocidade, vibrando em pontos vitais de nosso corpo. Os chakras
são pontos de interseção entre vários planos e através deles nosso corpo espiritual se
manifesta mais intensamente no corpo físico.
São sete os principais chakras, dispostos desde a base da coluna vertebral até o alto
da cabeça, e cada um corresponde a uma das sete principais glândulas do corpo
humano. Cada um destes chakras está em estreita correspondência com certas
funções físicas, mentais, vitais ou espirituais. Num corpo saudável, todos esses
vórtices giram a uma grande velocidade, permitindo que a energia (prana) flua para o
sistema endócrino. Mas se um desses centros começa a diminuir a velocidade de
rotação, o fluxo de energia fica inibido ou bloqueado, e disso resulta o
envelhecimento, a doença e o mal-estar mental, emocional e espiritual.
Os chakras são conectados entre si por uma espécie de tubo etérico (Nadi) principal
chamado "Sushumna", ao longo do eixo central do corpo humano. As Nadis
conduzem e regulam a energia conduzida aos chakras.
Os Sete Chakras Principais
Os sete chacras principais do corpo são, de baixo para cima: Básico, Sexual, Plexo
Solar, Cardíaco, Laríngeo, Frontal e Coronário. Todos eles estão associados ao
sistema endócrino do corpo humano, e cada um deles está associado a uma glândula
específica.
Vamos nos basear aqui no estudo dos hindus, que se debruçam sobre a anatomia
sutil há pelo menos 10 mil anos, por meio da medicina ‘ayurvédica’ e das escrituras
sagradas do Hinduísmo. Eles são os pioneiros no estudo dos chakras, e representam
cada um deles com flores-de-lótus, com quantidades de pétalas diferentes. Quanto
mais sutis são os chacras, mais pétalas eles têm (com exceção do chacra frontal).
Do ponto de vista espiritual, cada chakra traz consigo uma missão a ser cumprida
pelo homem. A vibração de cada um dos chakras também indica se a pessoa está
bem ou não em cada parte do corpo e em cada setor da sua vida. Um chakra que
vibra em excesso está hiperativo, ou que vibra menos do que o normal, hipoativo,
está em desequilíbrio.
Chakra Raiz, Básico ou da Base
Ele é chamado pelos hindus de Muladhara, que em sânscrito significa suporte. Está
na base da coluna (no último osso, cóccix), mais exatamente na região do períneo.
Sua abertura está voltada para baixo, para a terra. É o responsável pela absorção da
energia telúrica e pelo estímulo direto da energia no corpo e na circulação do sangue.
Ele está ligado às glândulas suprarrenais, responsáveis pela liberação no sangue do
hormônio adrenalina, que nos impele a preservar a nossa vida diante de situações de
perigo ou de decisão.
O chacra básico apresentaa cor vermelha, é ligado ao elemento terra e rege também
os órgãos que dão estrutura ao corpo (ossos, músculos, coluna vertebral, quadris), às
pernas, e aos pés. Dessa forma, esse chakra nos oferece um suporte, uma estrutura
para vivermos no plano terrestre, pois é ele que nos conecta à terra, à existência.
É comum que pessoas com depressão ou que já atentaram contra a própria vida
estejam com esse chakra fragilizado. Pessoas muito apegadas a coisas materiais, que
acumulam coisas antigas, costumam ter problemas de intestino preso e isso reflete
um mau funcionamento do chakra básico.
Pessoas prósperas e com boa saúde costumam ter um chakra básico igualmente
saudável. A missão deste chakra é fazer com que caminhemos com equilíbrio no
planeta Terra e ele expressa a saúde do corpo físico como um todo.
Também conhecido como chakra da sobrevivência. É bloqueado principalmente pelo
medo. Se deseja que este chakra se abra, deve encarar seus medos e dissolvê-los,
deixe o medo ir embora.
Chakra Sexual
Para os hindus, é o Swadhisthana (ou cidade do prazer, em sânscrito) e encontra-se
na região do baixo ventre, abaixo do umbigo. É fisicamente ligado às gônadas –
testículos (homem) e ovários (mulher) – e à energia feminina, ao útero materno, à
procriação (à criação de outras coisas também, como projetos pessoais,
profissionais), à gravidez. É responsável pela reprodução e troca sexual durante o
sexo, e pelo controle de líquidos em todo o corpo humano.
O chacra sexual energiza toda a área genital e urinária, também cuida da filtragem e
circulação de líquidos nos rins e por expelir todas as excreções do corpo. É regido
pela Lua (por isso tão vinculado ao feminino, à sexualidade, à maternidade e à
criação) e pelo elemento água (vinculado ao líquido amniótico, às relações
interpessoais, à autoestima, ao amor-próprio).
Na gestação, dentro do ventre da nossa mãe, ficamos 9 meses ligados a ela pelo
cordão umbilical. No útero fomos abrigados e envolvidos pelo líquido amniótico,
fomos nutridos por ele; por todos esses motivos, a saúde deste chacra mede e
influencia a qualidade de nossa relação com a Terra, com a família, com as pessoas
em geral, e com nós mesmos. Ele representa nosso corpo emocional, armazena
emoções vividas em relacionamentos, e nos dá a missão de interagir com o mundo,
com aquilo que está ao nosso redor de forma harmoniosa.
Também pode ser chamado de chakra sacro, e apresenta a cor laranja, roxa ou
vermelha (dependendo das circunstâncias). É o chakra da troca sexual e da alegria.
Muitas escolas espirituais evitam falar sobre este chakra e colocam em seu lugar o
chakra esplênico (ou chakra do baço).
Quando está bloqueado, causa impotência sexual ou desânimo, problemas de
relacionamento, baixa autoestima. Quando hiperativo, causa intenso desejo sexual e
outras compulsões. Se o chakra sexual estiver saudável, ele estimula o melhor
funcionamento dos outros chakras e ajuda no despertar da kundalini; a pessoa tem
uma autoestima equilibrada, consegue aproveitar e apreciar os prazeres da vida.
É o chacra do prazer e é bloqueado pela culpa. Perdoe-se de seus erros, liberte-se da
culpa para ativar este chacra.
Chakra do Plexo Solar
Chamado de Manipura pelos hindus (em sânscrito, cidade das joias), fica um ou dois
dedos acima do umbigo, e está ligado ao pâncreas. Esse chakra apresenta cor
amarela, verde-forte e vermelha.
Ele influencia nossa relação com a matéria e com o poder pessoal. Neste chacra
ficam retidas emoções densas como raiva, mágoa, medo, tristeza, angústia, rancor,
ansiedade. É um dos chakras que mais precisam ser tratados e harmonizados
sempre. Representa o corpo mental.
O plexo solar controla a região das vísceras, e não é à toa que todas as emoções
densas e viscerais (como paixão e desejo) se acumulam nessa região. Ele é
responsável por absorver a energia dos alimentos e distribuí-la para todo o corpo. É
um dos chakras mais suscetíveis à nossa rotina. A maioria das pessoas sofrem com
algum problema físico nesta região, como gastrite, problemas estomacais, diabetes,
ou outros problemas digestivos.
Quando está bloqueado, o chakra umbilical causa enjoo, medo ou irritação. Quando
em harmonia, nos dá um poder de realização muito grande, é o chakra que nos
impele a agir. Esse chakra tem grande vitalidade quando saudável, e funciona como
um radar psíquico, percebendo energias ou presenças espirituais no ambiente.
Seu elemento é o fogo e representa a força de vontade. É bloqueado pela vergonha.
Para ativá-lo reflita sobre suas vergonhas e aceite que esses fatos aconteceram.
Chakra Cardíaco
Os hindus deram o nome de Anahata (Câmara secreta do coração), e, pela tradução
do sânscrito, fica fácil de saber onde ele está – na região do coração, no centro do
peito. O chakra cardíaco apresenta cor verde e amarelo-ouro, e está ligado à glândula
timo.
É responsável pela energização do sistema cardiorrespiratório, e toda a energia do
tórax. Considerado o centro do amor e canal de expressão dos sentimentos, também
está vinculado ao equilíbrio, ao amor universal, à compaixão, ao altruísmo e,
fisicamente, ao sistema imunológico.
O chakra do coração tem a função de equilibrar as energias de todos os outros
chakras, pois está no centro, tendo abaixo dele três chakras inferiores associados à
existência na Terra, e acima, três chakras superiores, mais sutis e associados ao plano
espiritual. É o coração que conecta o Céu com a Terra, é a conexão da espiritualidade
através da matéria. Representa o corpo astral.
É o chakra mais fragilizado se houver um desequilíbrio emocional. Se for bem
desenvolvido, torna-se um canal de amor para o trabalho de assistência espiritual.
Quando existe um bloqueio, a pessoa sente depressão, angústia, irritação, pontadas
no peito, é excessivamente materialista e apegada. Fisicamente, o bloqueio pode
gerar infarto, taquicardia. Nas mulheres, pode aflorar câncer de mama.
Tem como elemento o ar (que entra pelos pulmões e mantém a vida), é também
conhecido como chakra do amor incondicional, sendo bloqueado pela tristeza, pelo
pesar. Reflita sobre suas perdas e lembre-se que o amor também é uma forma de
energia que não se destrói, mas se transforma. O amor continua existindo dentro do
seu coração e poderá ser despertado novamente por outro ser ou circunstância. Ao
reativar o amor incondicional, você também ativa o chakra cardíaco.
Chakra Laríngeo
Batizado como Vishuddha (O purificador do sangue, em sânscrito). Esse nome já nos
dá algumas pistas da glândula à qual se vincula: a tireoide (e paratireoides).
A tireoide tem como função filtrar o sangue, regular os ciclos menstruais nas
mulheres.
Está localizado na garganta e é responsável pela comunicação, pela expressão das
ideias, verbalização e concretização de projetos.
Fisicamente, cuidam da boca, garganta e vias respiratórias. As mãos e os braços são
extensões físicas do chakra da garganta, pois são com eles que trazemos as ideias
para o plano material, colocando a mão na massa.
O Laríngeo representa o corpo etérico padrão e apresenta cor azul-celeste, lilás,
branco prateado ou rosa. Quando apresenta boa saúde e desenvolvimento, facilita a
psicofonia e a clariaudiência. É considerado também como um filtro energético que
impede que as energias emocionais cheguem até os chakras da cabeça.
Quando apresenta desequilíbrio, pode causar dor de garganta, herpes, dores de
dente e/ou gengiva, hiper ou hipotireoidismo. Uma pessoa com problemas de
adaptação, ou que aguenta tudo calada, “engole sapos”, pode ter o chakra da
garganta bloqueado.
Seu elemento também é o ar, mas no sentido de produzir som. É também conhecido
como chakra da expressão ou da verdade. É bloqueado por mentiras, principalmente
aquelas que contamos para nós mesmos. Para liberar este chakra, ponha para fora
tudo o que você deseja falar para as pessoas. Se isto não é possível, mentalize a
pessoa na sua frente e verbalize tudo o que deseja falar para ela. Reflita sobre os
pontos de sua vida e modifique sua percepção com relação às mentiras que você
conta para você mesmo.Autoafirmação verbal também ajuda bastante.
Chakra Frontal
O Ajna (Centro de controle, em sânscrito) é mais conhecido do como terceiro olho.
Isso quer dizer que ele está na testa, entre as sobrancelhas, e vinculado à glândula
pituitária ou hipófise. Apresenta cor índigo, branco-azulado, amarelo ou esverdeado.
Ele controla todos os outros chakras, é dele que saem todos os comandos para o
corpo todo; também cuida do lobo frontal, que representa a nossa porção lógica,
nossos ideais, raciocínio e pensamentos, nossa capacidade de aprendizagem,
observação e intuição. O chakra frontal também representa o corpo espiritual e é
responsável pela saúde dos olhos e do nariz.
Quando está saudável, o ajna adquire capacidade de clarividência e expande a
intuição. Ele é fácil de ser trabalhado, pois o usamos muito no dia a dia pela visão.
Geralmente a sua atividade pode ser sentida por uma vibração ou sensação de calor
na testa. Esse chakra também representa a dualidade e os dois hemisférios do nosso
cérebro, pois é desenhado com apenas duas pétalas.
Há diversas disfunções nesse chakra, como um excesso de pensamentos, ideias que
se acumulam e não são colocadas em prática, desorganização, falta de foco.
Fisicamente, a pessoa pode sofrer com sinusite, que é a somatização dessa congestão
mental. Também pode aparecer a sensação de pânico, dores de cabeça, até
problemas mentais. A meditação é uma ótima forma de esvaziar a cabeça e limpar o
chakra frontal.
Também conhecido como chakra da sabedoria ou do discernimento. A força dos
quatro elementos está neste chakra. É bloqueado pelas ilusões, principalmente pela
ilusão do ter e ilusão da separação. A compreensão e o despertar da consciência
despertam a força maior deste chakra.
Chakra da Coroa ou Coronário
O Sahashara (Lótus das mil pétalas, em sânscrito) possui exatamente 972 pétalas.
Está no topo da cabeça, ligado à pineal ou epífise, que é a glândula que fica no centro
da cabeça e é responsável pela mediunidade, funcionando como uma ‘antena’ para a
força cósmica e o mundo espiritual. O chakra forma uma coroa de luz, por isso
também é conhecido como chakra da coroa, pois está voltado para cima. Apresenta
cor violeta, branco-fluorescente ou dourado.
Através desse chakra, podemos alcançar a compreensão de tudo e é por ele que nos
conectamos com o plano espiritual, com o Eu Superior, com Deus e o divino em todas
as coisas; está ligado à nossa forma de professar nossa fé e evoluir espiritualmente.
Quando ele é trabalhado e desenvolvido, facilita a lembrança e a conscientização das
projeções da consciência. Tem muita importância na telepatia, no desenvolvimento
da mediunidade, nas expansões da consciência e na recepção de temas elevados. É o
chakra por onde penetra a energia cósmica e a energia do Sol também.
O coronário é o chakra mais importante, pois é o responsável por energizar o
cérebro, tem influência nas funções mentais e na produção de serotonina, o
hormônio do bem-estar, pois regula o sono, o apetite, o humor, entre outras
funções.
Esse chakra representa o corpo causal. A vibração dele também indica que estamos
vivos. Por esse motivo é que pessoas que dizem não acreditar em Deus, ou não
professar nenhuma fé, ou não ter alguma prática religiosa, também apresentam
atividade no chakra da coroa.
Quando está em desequilíbrio, a pessoa pode desenvolver fobias, problemas
neurológicos, falta de fé, depressão, tendências suicidas. Quando está saudável,
ativamos toda nossa sensibilidade e vivemos alinhados ao nosso propósito, com
saúde, felicidade e muita disposição.
O chakra da coroa é o mais importante de todos os chakras, e a sua missão é
compreender toda a existência e se iluminar, integrar-se com o todo. É nosso último
dever no planeta Terra.
Toda a informação de nossos guias e da espiritualidade passa por este chacra e ele
está ligado aos quatro elementos mais o éter. Pode ser conhecido também como
chakra da luz e, por estar ligando ao mundo cósmico e espiritual, é bloqueado pelas
ligações com o mundo físico. O apego em excesso a coisas ou pessoas pode causar
grandes danos a ele. Para fortalece-lo precisamos trabalhar o desapego e
compreender que esta vida é transitória, e deixar que as ligações terrenas se
dissolvam.
Kundalini
É um poder espiritual adormecido no chacra básico. Depois do despertar, a Kundalini
atravessa os seis chakras que estão acima. São eles: o sacro, plexo solar, cardíaco,
laríngeo, frontal, até chegar ao da coroa.
Ao subir pela coluna vertebral, chega-se ao sétimo chakra dando a iluminação, ou
Nirvana, para o discípulo (o Nirvana só é atingido por almas virtuosas). Esse processo
ocorre somente para pessoas de altíssimo nível espiritual, que estejam preparadas,
ou para aqueles que recebem essa bênção. É o poder espiritual primordial, ou
energia cósmica, que jaz adormecida acima do primeiro chakra, o Muladhara, o
centro de força situado na base da coluna. É a energia que transita entre os chakras
que são centros de energia no corpo físico.
Deriva de uma palavra em sânscrito que significa, literalmente, "enrolada como uma
cobra" ou "aquela que tem a forma de uma serpente". É a energia do Universo em
seu aspecto total.
Muitos a retratam como uma energia que sobe do chakra básico para o alto,
serpenteando e envolvendo cada um dos outros chakras até chegar ao coronário.
Uma lenda diz que Kundalini é a deusa geradora da terra que sobe ao céu em direção
ao seu parceiro Shiva, o princípio criador masculino. O chakra que regula o encontro
dessas forças é o cardíaco.
Ao traspassar cada chakra, limpa, desperta e desenvolve os mesmos, trazendo bem
estar e equilíbrio.
Mundo invisível que nos cerca (parte 2)
Espírito e Perispírito
A palavra espírito tem sua raiz etimológica do Latim "spiritus", significando
"respiração" ou "sopro". Podemos associar a ideia com o sopro divino que deu,
segundo a Bíblia, a vida ao primeiro homem, Adão.
Segundo a doutrina espírita, o espírito é a individualização do princípio inteligente do
Universo. Quando encarnado - ou seja, vestido de um corpo humano - é chamado de
alma, nesta situação alma e espírito são as mesmas coisas. O espírito por si não tem
forma, sendo que o que lhe confere aspecto é o perispírito.
O termo perispírito foi cunhado por Allan Kardec e encontra seu primeiro uso no item
VI da Introdução de O Livro dos Espíritos:
"O laço ou perispírito, que une o corpo e o Espírito, é uma espécie de envoltório
semimaterial. A morte é a destruição do envoltório mais grosseiro. O Espírito
conserva o segundo, que constitui para ele um corpo etéreo, invisível para nós no
estado normal, mas que pode se tornar acidentalmente visível e mesmo tangível,
como sucede nas aparições."
Concluiu Kardec que o perispírito seria um corpo fluídico que envolve o espírito na
condição de ente "semimaterial". Mais "grosseiro" que o espírito e mais "sutil" que o
corpo, seria o responsável, entre outras funções, pela transmissão da vontade
daquele para este e das sensações do corpo para o espírito. Seria constituído a partir
de modificações particulares do "Fluido Cósmico Universal", sendo que “(...) a
natureza do envoltório fluídico está sempre em relação com o grau de adiantamento
moral do Espírito.” (A Gênese – cap. 16 - item 9)
O perispírito é a cópia fiel de nosso corpo físico, só que de forma intangível,
entretanto ele é a ponte que une o Espírito e o Corpo, sendo que qualquer influência
energética, positiva ou negativa, aplicada sobre nós, é certamente aplicada sobre o
perispírito, o qual se encarrega de transferir as energias para o corpo.
Egrégora
A palavra egrégora vem do grego ‘egregoros’, que significa "vigilante", de ‘egeiro’,
"observar".
Chamamos de egrégora uma construção astral, mental ou espiritual sustentada por
várias pessoas durante um longo tempo, dando-lhes um caráter de permanência que
independe de algum indivíduo em particular. Esse caráter de permanência faz com
que algumas egrégoras atravessem milênios, potencialmente se fortalecendo
durante todo esse tempo. Egrégoras não são coisas "místicas". Sem dúvidaexiste
uma egrégora católica, uma judaica, uma da Umbanda... Mas também existe a egrégora da
Coca-Cola, da Adidas e a da sua faculdade. Vivemos em contato com
centenas, talvez milhares de egrégoras.
Uma egrégora é criada quando uma forma astral, mental ou espiritual encontra eco
em outras formas semelhantes, e começa a "crescer". Por exemplo, quando lemos
um livro de algum mestre, criamos formas de pensamento relacionadas a ele e aos
ensinamentos de seus livros. Outras pessoas, lendo os mesmos livros, vão gerar
formas de pensamento semelhantes, que vão encontrar eco nas que foram geradas
por nós. Esse processo, se repetindo por muito tempo, e alimentado por muitas
pessoas, gera uma forma estável, com a qual entramos em sintonia sempre que
pensamos neste mestre. Que fique claro: não estamos entrando em sintonia com o
mestre propriamente dito, mas sim com a egrégora formada por todos os
pensamentos referentes a ele. Podemos até mesmo ser inspirados por ideias que
compõem essa egrégora e que não foram "imaginadas por nós".
Egrégoras normalmente não são formadas apenas de matéria astral, mental ou de
algum plano específico. O mais comum é elas serem compostas de matéria de todos
esses planos, despertando assim um misto de pensamentos e sentimentos nos que
se vinculam a elas.
E essas "construções coletivas" nos afetam o tempo todo. Quando entramos em um
ambiente e nos sentimos desconfortáveis, o que estamos vivenciando muitas vezes é
o choque entre as energias expressas pelas egrégoras do local e as nossas energias.
Se estivermos "imersos" em egrégoras que se harmonizam conosco naquele
momento, vamos nos sentir bem, e se ocorrer algum choque, vamos nos sentir mal.
De forma geral, egrégoras podem estar vinculadas a locais físicos. Uma igreja, um
terreiro, um estádio de futebol, uma delegacia. Quem nunca escutou um locutor
esportivo falando que um time tinha vantagem por estar jogando "em casa"? A
egrégora do time, fortalecida pelos seus torcedores, certamente atua mais
intensamente em seu próprio campo. É importante termos isso em mente quando
estamos buscando uma influência específica. Costuma ser melhor estudar em uma
biblioteca do que em um estádio. É dessa forma que podemos usar as egrégoras a
nosso favor.
Entretanto, as egrégoras não se encontram somente em locais físicos, pode ser uma
energia nômade que agrega seus simpatizantes onde quer que eles estejam. Como
exemplo, citamos a egrégora dos devotos de Maria que praticam o terço.
Dentro dos centros, terreiros e tendas não são diferentes. É comum ouvir um
umbandista que não se sinta bem em outra casa umbandista. Sabem porque ?
Ali se foi criado uma egrégora onde seus fundamentos são diferentes, não é porque
não se sentiu bem em um terreiro, significa que esse terreiro tem energias erradas,
quem somos nós para julgar. A justiça é divina. Porem para quem tem suas doutrinas
de umbanda mais acentuadas no candomblé sentirá uma enorme diferença quando
for em uma gira de umbanda com suas doutrinas mais Kardecista.
Campo vibracional ou energético – Aura
Se você nunca viu uma aura, certamente já sentiu, o que dá no mesmo. Lembra
aquela vez que só de passar perto de uma pessoa ficou todo arrepiado? E quando ao
entrar naquela casa sentiu um mal-estar? E aquela espécie de arrepio que certa
pessoa provoca em você, antes mesmo de tocá-lo? Essas sensações "estranhas",
aparentemente inexplicáveis, mas que lhe impressionam tanto, aconteceram na sua
aura (por causa dela), ao ter contato com outras auras e com vibrações diferentes,
talvez incompatíveis com a sua. Com o corpo você sente, com a energia mental (aura)
você pressente, e por vezes tão fortemente que todo o seu corpo reage.
Já está mais do que provado que o corpo humano tem uma espécie de campo
elétrico. Ora, a física nos ensina que "a todo campo elétrico corresponde um campo
magnético". Pois esse campo é sua aura, uma área iluminada que envolve todo o seu
corpo. Uma energia luminosa, energia do subconsciente.
Enfim, através de sua aura é que as entidades espirituais conseguem uma ‘leitura’
completa do seu momento de vida. Como se fosse um cartão energético onde
constam todas as informações referentes à sua vida que não podem ser apagadas ou
omitidas.
As 7 virtudes e os 7 defeitos capitais
Faço questão de abordar este assunto, pois somente quando tocamos em
determinados assuntos é que nos damos conta de nossos defeitos. As virtudes
correspondentes são a forma que temos para eliminar esses defeitos da nossa vida.
Castidade — opõe luxúria.
Pureza, simplicidade, sabedoria. Abraçar a moral de si próprio e alcançar pureza de
pensamento através de educação e melhorias.
Caridade — opõe avareza.
Generosidade, auto sacrifício. Dar sem esperar receber, uma notabilidade de
pensamentos.
Temperança — opõe gula.
Autocontrole, moderação, justiça. Constante demonstração de uma prática de
abstenção.
Diligência — opõe preguiça.
Persistência, ética, decisão e objetividade. Ações e trabalhos integrados com força,
disciplina e motivação.
Paciência — opõe ira.
Serenidade, calma, paz. Resistir o que é quase insuportável com paciência e
dignidade. Resolver pacificamente os conflitos e as injustiças, ao contrário de utilizar
a violência.
Bondade — opõe inveja.
Autossatisfação, compaixão, amizade. Empatia e confiança sem preconceito ou
ressentimento. Amar sem egoísmo e ser voluntariamente bom sem rancor.
Humildade — opõe vaidade.
Modéstia, respeito. Humildade não é pensar menos de si mesmo, mas pensar de si
mesmo menos. É um espírito de auto examinação. A coragem do coração necessária
para se subjugar em tarefas que são difíceis, tediosas ou humilhantes, e
graciosamente aceitar os sacrifícios envolvidos.
Exercício contínuo da positividade
Bom irmão, você aprendeu muito sobre energia e suas formas, chacras, as leis que
governam o universo e tudo o que você precisa fazer para alcançar uma vida
saudável, próspera e feliz.
Para esse objetivo, é necessária a prática contínua da positividade. Esta positividade
pode ser resumida em uma palavra pequena: fé. A fé verdadeira que não se importa
com o tamanho do problema ou a dificuldade da situação; o sorriso sempre estará
em seus lábios e nada, mas absolutamente nada, abalará a sua certeza de que tudo
está preparado para a sua vitória, não importa como ela venha.
Sei que é mais fácil resmungar, reclamar e se lamuriar, pois esta é a tendência
principal do ser humano. Mas acredito que se você está tendo acesso a estas
informações é porque é um dos escolhidos entre milhões de chamados.
Agora, ponha em prática o que aprendeu até aqui, pois será imprescindível para sua
vida.
Mundo invisível que nos cerca (parte 3)
Obsessão e desobsessão
Obsessão é a influência persistente e negativa que alguém pode exercer de forma
dominante em uma pessoa, por meio de ideias fixas, perseguição, excitação dos
sentidos, vampirismo.
Pode ser exercida por espíritos encarnados ou desencarnados, entretanto, ocorrem
mais frequentemente com os espíritos que não mais fazem parte deste plano,
conhecida como ‘obsessão espiritual’. Porém, a obsessão de seres encarnados não é
tão incomum quanto se pensa.
A desobsessão é o cessar desta atividade nefasta sobre o irmão subjugado. Na
Umbanda sempre encontraremos o consolo da desobsessão espiritual, que pode ser
feita por qualquer entidade que conheça este princípio. Sim, é possível que alguma
entidade não o faça por desconhecimento ou por preferir não praticar a
desobsessão.
Sempre é importante lembrar que o desejado é que você, praticando os
fundamentos da umbanda, fortaleça-se para não abrir portas para a obsessão. O mal
somente se conectará com você com a sua permissão, através da vibração negativa
que exaustivamente já debatemos.
Mas como agem os obsessores? Basicamente, os obsessores trabalham da mesma
forma que nossos guias e protetores. Você se lembra dos anjinhos e diabinhos que
apareciam nos ombros dos personagens de desenho animado? É uma forma
educativa de demonstração que seus guias podem ter tanto acesso a você quanto os
obsessores. No final, o que interessaé para quem você vai dar ouvidos.
Os espíritos comunicam-se conosco. Alguns podem até ouvi-los através da
mediunidade da audiência, mas o mais comum é que eles atuem sobre nossas
mentes inserindo pensamentos; e é por isso que para muitos é difícil discernir
quando é o próprio pensamento ou quando é um espírito, porque acreditamos que
somos nós os criadores daquele pensamento.
Para aqueles que exercem o silêncio, a meditação e a reflexão, é possível aprender a
distinguir seus próprios pensamentos de outros externos. Exige paciência e
determinação, mas é possível. De uma forma geral, você começa a perceber
detalhes, pequenas diferenças que indicam quando eles não te pertencem. Pode ser
pelo conteúdo da ideia, de como o pensamento se construiu, das palavras que fazem
parte do pensamento ou da energia que o pensamento vibra.
Em outros casos, o pensamento pode vir acompanhado de sensações, de emoções.
Exemplos:
Caso 1
Você é uma pessoa extremamente limpa e preconceituosa. Subitamente você avista
uma pessoa bêbada e maltrapilha; neste instante, apesar de suas convicções, sente
um desejo incontrolável de ajudar aquela pessoa, mesmo sabendo que isto não é do
seu feitio. Como o resultado é a caridade, você certamente está sendo intuído por
espíritos superiores.
Caso 2
Você trabalha com uma pessoa há 10 anos. Ambos são casados e felizes, e nunca
faltaram com o respeito um para com o outro, ou se deixaram levar por
‘brincadeiras’ levianas. Num determinado dia, você olha para aquela pessoa e sente
interesse físico por ela, acompanhado de forte impulso sexual. Neste caso irmão,
tenha certeza de que está cedendo aos pensamentos plantados por espíritos
obsessores.
Os antigos diziam “a maldade não pega em quem tem Deus no coração”. E eles
estavam certos. Devemos nos policiar, orar e vigiar sempre.
E você pode estar se perguntando: e meus protetores não vão me ajudar caso eu
venha a ser obsedado? E a resposta é que eles nada podem fazer sem a sua
autorização. Eles tentam barrar o mal o tempo todo, mas a partir do momento que
você mesmo criar sintonia com aquele espírito, foi uma escolha sua (mesmo que
inconsciente). Seus protetores não podem interferir em seu livre arbítrio. Mas caso
você detecte a obsessão, você pode invocar para que seus guias o auxiliem na sua
libertação e somente neste momento eles poderão intervir.
Pessoas que possuam uma mediunidade aflorada podem sentir muito mais os
sintomas de uma obsessão espiritual. Esses sintomas variam de caso para caso e de
pessoa para pessoa. Os mais comuns são alteração de humor repentina, tristeza,
medo, depressão, dores nas costas, dores no pescoço, dores de cabeça, enxaqueca,
insônia, perda de apetite, desejo pela morte, dores sem motivo aparente, doenças
que os médicos não conseguem diagnosticar, ira, ansiedade, compulsão por comida,
compulsão por sexo e outros vícios, fadiga crônica, incapacidade de sentir felicidade
ou alegria, sensação de mundo em preto e branco, sensação ou mania de
perseguição.
Como podemos perceber tudo o que sai do equilíbrio pode ser causado por
obsessão. Isto não significa que toda anormalidade ou todo desequilíbrio seja culpa
de uma obsessão. Lembre-se que o maior obsessor que você pode carregar é você
mesmo.
Tipos de Obsessão
Os tipos de obsessão são três e iremos discorrer sobre todos eles para seu melhor
entendimento.
Obsessão adquirida pela própria pessoa
A mais comum de todas e que certamente o leitor já sabe do que se trata.
Esta modalidade está ligada ao pensamento negativo recorrente que a pessoa
emana, ou ainda por suas ações e palavras. Vamos à alguns exemplos.
Caso 1 - Pensamento
Uma mulher com dois filhos perde seu marido em acidente de trânsito. O fato de não
ter mais o companheiro, além de ter que arcar com as despesas da casa e com a
criação das crianças, gera dentro dela um sentimento de insatisfação profundo e o
pensamento recorrente é ‘eu queria morrer’. Quando a vibração deste pensamento
recorrente ficar forte o suficiente para ser percebido pelos espíritos inferiores, eles,
movidos apenas pelo desejo de fazer o mal, passam a acompanhar aquela pessoa.
Daí em diante o desejo de morte aumenta, a ajuda diminui (pois ninguém suporta
ficar ao seu lado), as doenças começam a aparecer, isto pode provocar muitas faltas
no trabalho, acarretando consequentemente uma demissão, até que um dia, ao
atravessar a rua perdida em pensamentos, ela é atropelada e desencarna em
decorrência dos ferimentos.
Caso 2 – Palavra
Um empresário com fixação em dinheiro passa a acreditar que todas as pessoas que
estão ao seu redor, só o fazem por interesse a seus bens materiais. Esta fixação
recorrente faz com que ele diga constantemente ‘eu não preciso de ninguém’.
Quando a energia destas palavras cresce é captada pelo plano inferior e um obsessor
passa a acompanha-lo voluntariamente, só para o que diz se cumpra. Aos poucos as
pessoas vão se afastando, até que não sobre mais ninguém, nem família, nem amigos
e nem mesmo empregados ou conhecidos. Esta pessoa certamente irá desencarnar
de um ataque cardíaco fulminante e seu corpo será encontrado apenas 4 dias depois
da morte.
Caso 3 – Ações
Um funcionário de uma empresa começa a se ressentir por acreditar que seu chefe
não reconhece seu trabalho. Dessa forma começa a acreditar que teria direito a
objetos e produtos da empresa. Fica inclinado a começar a roubar e começa a
praticar pequenos furtos. Quando isto fica recorrente e a sensação de impunidade
fica latente, um ser negativo se apossará dele, e por sua intervenção, os furtos
começam a ficar maiores até que se torna um grande roubo. No fim ele é descoberto
e preso por vários anos.
Em todas estas estórias, o responsável é o próprio protagonista, que de forma
imprudente se afastou das virtudes do espírito e, dessa forma, ‘convidou’ seres
negativos a acompanha-los.
Foram exemplos básicos que acontecem todos os dias. Por isso nosso mestre já nos
deixou algumas lições “ Orai e Vigiai” sempre que tiver pensamentos negativos como
os exemplos citados acima, peça perdão a Deus e peça ajuda a espiritualidade. Com a
nossa permissão, toda falange de luz lutará por você.
Obsessão causada pelo desejo de fazer o mal
Muitas vezes, no trânsito quando estamos dirigindo, recebemos uma “fechada” de
outro motorista. Neste momento, não é incomum que alguns de vocês gritem:
“Tomara que morra!”. A energia nociva que desprendemos neste momento é tão
forte que pode ser utilizada por um espírito malfazejo para cumprir a sua sentença.
Ou seja, um obsessor pode recolher esta sua energia para matar o outro motorista.
E assim funciona com todos os tipos de maldições e maledicências. O desejo pode ser
transitório como no exemplo anterior, ou persistente, como quando pensamos mal
de uma pessoa recorrentemente. Lembro, por fim, que não é necessário verbalizar o
pensamento para desprender este tipo de energia.
Obsessão firmada na magia negra
Poderia falar por horas sobre esse tópico e sei que muitas pessoas gostam deste
assunto. Mas em minhas doutrinas eu acredito em um Deus único. Ninguém pode
mais do que Deus, ninguém pode mais do que nosso Pai Oxalá. Tenha isso em mente
quando se diz magia negra, lembre que a força de nosso pensamento faz com que o
universo conspire em tal pensamento.
Sendo assim se você gosta e admira esse tipo de estudo, reflita sua vida. Por que
tanto interesse a magias ?
Siga o bem , siga a Olorum, siga a Oxala e seus orixás, nenhum mal lhe pegará sem a
sua permissão.
Mundo invisível que nos cerca (parte 4)
Agora que conhecemos os tipos de obsessão, vamos conhecer os tipos de
obsessores.
Tipos de Obsessores
Quando dizemos “tipo”, estamos nos referindo ao grau de malignidade do espírito.
Sofredores
Os menos nocivos para os encarnados. São espíritos desorientados, perdidos,
normalmente recém-desencarnados. Acoplam-se aos encarnados principalmente
pela necessidade de energia. Desta forma vampirizam suas vítimas, o que pode levar
a pessoa a sérios problemas de saúde se a situação se estender por muito tempo.
Mas quase nunca tem o objetivode causar o mal. Sua energia é instável, mas são
extremamente receptivos a um encaminhamento no ato de desobsessão.
Zombeteiros
São aqueles que praticam o mal apenas para seu prazer. Aproveitam-se dos
momentos de fraqueza das pessoas para delas se aproximarem e agirem. Estão numa
escala acima dos sofredores, normalmente têm consciência da sua condição e já
começam a desenvolver certas capacidades de manipular energia, inclusive se
apresentando através da materialização para causar susto. Agem individualmente,
não estando coligados a grupos ou falanges. Eles agem espontaneamente sobre suas
vítimas, não sendo enviados através de trabalhos. Podem ser facilmente removidos
através de oração, em casas espiritualistas e no terreiro de Umbanda.
Obsessores
Esta categoria pratica o mal deliberadamente. Podem ser organizados em falanges ou
não. São eles que recolhem a energia negativa por nós liberada para promover a
obsessão. Quando organizados, normalmente são os soldados que recebem ordens
de outros espíritos hierarquicamente mais poderosos. Quanto às energias, possuem
energia densa negativa cuja intensidade pode variar. Tentam causar problemas na
hora do encaminhamento, mas invariavelmente são encaminhados sem maiores
problemas.
Trevosos
Extremamente poderosos, quase sempre organizados, sendo que hierarquicamente
em sua maioria são capitães e generais de falange. Se estiverem pessoalmente
obsedando alguém, tenha certeza de que foram extremamente bem pagos ou que se
trata de uma situação muito importante para a causa maligna. São eles normalmente
que respondem aos feiticeiros nos trabalhos de alta magia negra. São raros de serem
encontrados e quase sempre passam despercebidos. Para que a desobsessão possa
acontecer é necessária uma entrega de todo o coração da pessoa em sofrimento,
com uma fé inabalável, pois sempre estes espíritos causam imensos problemas para
o terreiro. São extremamente difíceis de serem encaminhados e quase sempre
pedem pagamento para deixar o obsedado. Para a desobsessão de espíritos desta
categoria, é necessário um terreiro extremamente bem assentado energeticamente.
Só para ressaltar, nós da tenda não negociamos com obsessores, ou querem ser
ajudados e estaremos a disposição para ajuda-los ou irão voltar para trevas onde
ficarão aprisionados por 7 anos.
Magos Negros
São os mais perigosos seres da espiritualidade inferior. Extremamente poderosos,
sua inteligência e capacidade magística podem ser comparados à espíritos de alta
evolução, porém, trabalham firmemente para o mal. Nunca obsedam pessoalmente e
raramente são sentidos no plano material. Ficam enclausurados em suas fortalezas
elaborando as mais refinadas estratégias para a ascensão do mal nos mundos. Dão
ordens aos outros espíritos e estão sempre em busca de espíritos de grande energia,
os quais sequestram e aprisionam para servir aos seus intentos vis, ou mesmo para
formar novos magos negros.
Como podemos ver, são inúmeras as situações de obsessão, porém todas tem
solução, dependendo apenas do obsedado desejar de todo o coração e buscar ajuda
capacitada para tanto.
O melhor caminho ainda é conhecer a si mesmo, domar e transformar seus pontos
vulneráveis e, claro, orar e vigiar.
O amor incondicional
A palavra amor é extremamente fácil de falar e seu uso está por todos os lados.
Porém, o que é realmente o amor?
Até mesmo os dicionários tem dificuldade para conceituar o amor. O conceito mais
adequado para o amor seria:
“energia positiva desprendida voluntariamente para os seres vivos da criação de
Deus com o objetivo de levar a esses seres todas as bênçãos do mundo”;
Pois,
Quando você ama uma pessoa é isso o que você deseja;
Quando você ama um animal é isso o que você deseja;
Quando você ama uma planta é isso o que você deseja.
Quando nos sentimos amados somos mais seguros, mais abertos e mais felizes. De
uma forma geral, creio que todas as pessoas já sentiram esta energia ou pelo menos
deveriam.
E amor incondicional: O que vem a ser isto?
É a proposta de levar esta energia a tudo e a todos sem distinção de cor, credo,
condição sexual, independente de ser conhecido ou não, de ser bom ou não. Isto
porque a energia do amor é a única energia que transforma verdadeira e mais
rapidamente os corações, e espíritos doentes e embotados.
Se conseguíssemos vibrar amor o tempo todo, nenhum obsessor conseguiria ficar
perto de nós, pelo simples fato desta energia ser oposta à dele. Uma pessoa que te
odeia ficará inclinada a relevar seus sentimentos nada bons, pelo simples fato de
suas atitudes amorosas.
Para praticar o amor incondicional é fácil. Pense na pessoa que mais você ama, que
desperta em você os melhores sentimentos, que faz você sorrir sem pensar, sem
motivo aparente. Pensou? Agora imagine que todas as pessoas que você encontrar
no seu dia seja esta pessoa amada. Então você vai cumprimenta-la como
cumprimentaria aquela pessoa, vai trata-la como trataria aquela pessoa e assim por
diante. Pode ser que as primeiras experiências não sejam tão positivas assim, pois
todos ficarão admirados e curiosos com sua repentina mudança de comportamento.
Mas garanto que funciona. Garanto que o mundo passará a ser mais generoso com
você, somente pelo motivo de que você ama este mundo de todo o seu coração.
Devemos lembrar sempre que somos os pioneiros deste novo mundo de regeneração
no qual nosso planeta está se transformando e, por isso, temos por obrigação sermos
nós os primeiros a quebrar com os ciclos negativos que o mundo tem vivido até hoje.
Vivemos tão carrancudos e perdidos dentro de nós mesmos, que nos esquecemos da
boa e velha cortesia, que é uma varinha mágica para transformar sua vida.
Experimente perder alguns minutos para ouvir as pessoas.
Experimente dar bom dia com muita alegria!
Experimente ser gentil com aquele que for rude com você.
E você perceberá que o mundo e as pessoas ao seu redor se tornarão melhores e
mais iluminados. E assim seus problemas parecerão infinitamente menores.
Mas o milagre não para aí. Mesmo sem perceber você vai transformar lentamente a
vida de todos que conviverem com você.
E que acima de tudo você se ame profundamente. Ame sua vida, seu corpo, suas
qualidades e defeitos. Se assim fizer, perceberá que sua conexão com o plano
espiritual ficará melhor e mais limpa.
Agora vá. Pense firmemente num pensamento feliz e mude o mundo
A Religião Umbanda
Significado da palavra Umbanda
Não existe um consenso sobre a origem e nem do significado da palavra “Umbanda”.
Existem correntes de pensamento, algumas contemplando o ponto de vista histórico
e cultural, outras baseadas em depoimentos de espíritos considerados sábios.
No livro “Iniciação à Umbanda”, de Ronaldo Antonio Linares, Diamantino Fernandes
Trindade e Wagner Veneziani Costa, editora Madras, em sua página 51, encontramos
o seguinte:
“A palavra Umbanda, segundo Cavalcanti Bandeira em sua grande obra “O QUE É
UMBANDA”, é originária da língua Quimbundo, encontrada em muitos dialetos
bantus, falados em Angola, Congo, Guiné, e não é segredo algum, pois, em virtude
dos interesses comerciais e do período em que Portugal manteve suas colônias na
África, foi devidamente estudada, existindo várias gramáticas de autores insuspeitos,
em que são citadas as palavras Umbanda e Quimbanda, nome comum na África. Às
vezes é citada como nação poderosa, outras vezes como o espírito dessa mesma
nação.
(...) Uma possibilidade mais remota dá a origem dessa palavra no orientalismo
iniciático, no qual o “mantra” AUMBHANDA, representa um alto significado esotérico
como foi discutido no Primeiro Congresso Brasileiro de Espiritismo de Umbanda,
realizado em 1941, no Rio de Janeiro. Neste congresso, Diamantino Coelho
Fernandes, da Tenda Mirim, apresentou uma tese intitulada “fundamentos históricos
e filosóficos”, na qual discorreu sobre o tema. Em um dos trechos da tese
encontramos:
Umbanda não é um conjunto de fetiches, seitas ou crenças originárias de povos
incultos, ou aparentemente ignorantes. Umbanda é, demonstradamente, uma das
maiores correntes do pensamento humanoexistentes na Terra há mais de 100
séculos, cuja raiz se perde na profundidade insondável das mais antigas filosofias.
O vocábulo UMBANDA é oriundo do sânscrito, a mais antiga e polida de todas as
línguas da Terra, a raiz mestra, por assim dizer, das demais línguas existentes no
mundo. Sua etimologia provém de AUM-BANDHÃ (Om-Bandá) em sânscrito, ou seja,
o limite do ilimitado.(...)Na gramática de Kimbundo, do professor Dr. Quintão
encontramos: Umbanda – arte de curar (de Kimbanda – Curandeiro). Algumas
deformações linguísticas atuais no Brasil, atribuem ao feiticeiro o título de
Quimbandeiro, que no país de origem, a África, é chamado de Muloji.
Resumidamente temos: Umbanda, arte de curar, ofício de ocultistas, ciência médica,
magia de curar.” (...)
Outra forte corrente, alega que o termo já era utilizado pelos índios brasileiros, antes
mesmo do descobrimento. Tribos brasileiras que falavam um dialeto do tupi,
também, segundo alguns, já utilizavam a palavra com a seguinte sonorização:
Aumbandan. Esta corrente alega ter recebido a instrução de seres de altíssima
elevação espiritual que transferiram este conhecimento. Dividindo a palavra em
termos, teremos AUM-BAN-DAN, que segundo os que adotam este conceito, estes
termos podem ser traduzidos através do alfabeto adâmico, o qual foi descoberto
pelo Marquês Alexandre Saint-Yves d’Alveydre.
A tradução então ficaria
AUM - “A Divindade Suprema”
BAN - “Conjunto, sistema”
DAN - “Regra ou Lei”
Por conseguinte, AUMBANDAN seria o “conjunto das leis divinas”.
Esta última, na minha humilde opinião, é a que mais tem a cara da verdadeira
Umbanda.
Sendo nação poderosa, limite do ilimitado, magia de cura, medicina do povo ou
conjunto das leis divinas, creio que nenhuma palavra ou sentença foi capaz de
traduzir tão bem o conceito da nossa religião quanto aquele dado pelo Caboclo das
Sete Encruzilhadas: “Umbanda é a manifestação do espírito para a caridade”.
Umbanda – um banda = uma só banda, todos em uma única filosofia – amor,
caridade humildade.
Salve a sua banda.
Símbolos da Umbanda
Em seus mais de cem anos de história, a Umbanda adquiriu uma iconografia própria
e oficial. Uma vez que toda nação ou mesmo uma agremiação esportiva possui
símbolo, bandeira e hino próprio, é mais do lógico que a nossa sagrada religião
dispusesse dos mesmos tributos.
Símbolo
O símbolo mais comum da Umbanda é o hexagrama ou, como é conhecido
popularmente, estrela de Davi.
Note que o hexagrama é composto por dois triângulos entrelaçados, sendo que um
aponta para cima e outro, aponta para baixo.
Desta forma estabelece-se a dualidade do nosso mundo: espiritual-material, Deus-
homem, positivo e negativo; mas também forma duas trindades (representadas
pelos vértices de ambos os triângulos), para muitos, o que aponta para cima seria a
trindade tradicionalmente conhecida por Pai, Filho e Espírito Santo, enquanto o que
aponta para baixo seria o Mundo, o homem e a mulher.
Para a nossa Umbanda, que é o que interessa, além das dualidades obviamente
representadas, teríamos a seguinte interpretação das trindades: o triângulo que
aponta para cima simbolizando a trindade umbandista: Olorun, Oxalá e Ifá (Pai, Filho
e Espírito Santo), e o triângulo que aponta para baixo simbolizaria Exu (Orixá), Exu
(representante masculino) e Pomba-Gira (representante feminina).
Alguns ainda identificam o triângulo com vértice para baixo como Exu, Pomba-Gira e
Exu-Mirim
Este símbolo é largamente usado por muitas casas umbandistas para cerimônias
oficiais como o batismo e o casamento.
Bandeira
A ideia de uma bandeira para a Umbanda surgiu através do Babalorixá Presidente da
Associação de Umbanda de Caxias, Saul de Medeiros, o qual idealizou a bandeira,
que de imediato foi bem recebida pelo povo umbandista de Caxias do Sul e também
do Rio Grande do Sul, mas a ideia é que a bandeira se tornasse nacional. Em abril de
2008, Saul de Medeiros associou-se com a FUGABS – Federação Umbandista do
Grande ABC, e, em 1 de Junho do mesmo ano, realizaram o lançamento oficial da
Bandeira da Umbanda no Teatro Municipal Dr. Paulo Machado de Carvalho, na
presença de mais de 1.200 irmãos umbandistas.
A bandeira pelo olhar de seu criador: ”A imagem de um lindo sol radiante, e, de seu
núcleo, sai uma figura que no primeiro instante parece a de um enorme pombo
branco, mas olhando com mais atenção, a forma se modifica deixando transparecer a
de um espectro humano angelical, com enormes asas, como se dirigisse a um destino
determinado, a realizar uma missão”.
Hino da umbanda
Além da magistral letra, é a história do Hino da Umbanda que o faz mais belo.
José Manuel Alves (mais conhecido como J.M. Alves), português radicado no Brasil,
compositor reconhecido, cujas canções de sua autoria foram gravadas por cantores
conhecidos na época como as Irmãs Galvão, Grupo Piratininga, Osni Silva, Ênio
Santos, entre outros. Em 1955, a marchinha Pombinha Branca, composta em parceria
com Reinaldo Santos, foi gravada por Juanita Cavalcanti. Ainda compôs xotes,
valsinhas, baiões, maxixes e outros gêneros musicais de sua época, e realizou um
sonho ao gravar o seu único LP, disco de vinil, em 1957.
No entanto, era cego. Em busca de sua cura foi à procura da ajuda do Caboclo das
Sete Encruzilhadas. Embora não tenha conseguido seu intento, ficou apaixonado pela
religião e compôs uma canção para homenageá-la. Apresentou a letra ao Caboclo das
Sete Encruzilhadas, o qual tanto a apreciou, que resolveu nomeá-la como Hino da
Umbanda. Em 1961, durante o Segundo Congresso Brasileiro de Umbanda, presidido
por Henrique Landi Júnior, foi finalmente oficializada em todo o Brasil.
Originalmente foi composta para ser interpretada como a marcha de um hino, mas
depois de cair nas graças do povo, passou a ser cantada ao som de atabaques nos
terreiros de todo o país.
Eis aqui sua letra original:
Refletiu a luz divina
Em todo seu esplendor
Vem do Reino de Oxalá
Onde há paz e amor.
Luz que refletiu na Terra
Luz que refletiu no Mar
Luz que veio de Aruanda
Para tudo iluminar
Umbanda é paz e amor
É Um Mundo cheio de luz
É a força que nos dá vida
E à grandeza nos conduz.
Avante filhos de fé
Como a nossa lei não há
Levando ao mundo inteiro
A bandeira de Oxalá.
Influências da Umbanda
Ao adentrarmos a um terreiro umbandista, é natural que tenhamos sensações de
familiaridade com muitas passagens do rito e até mesmo com templo em si.
Os santos católicos muitas vezes presentes, os pontos cantados que muitos já
ouviram no rádio ou na internet, pelas orações, enfim, por todo esse Universo da
Umbanda.
É importante lembrar que a Umbanda não nasceu pela dissidência de outra religião
maior, mas desde o início se estabeleceu pelo amor, pelo amor de Deus aos homens,
foi-nos outorgada a religião que mais ampara os necessitados da ajuda espiritual.
Três grandes religiões colaboraram para o nascimento da Umbanda: o Candomblé, o
Espiritismo e o Catolicismo, e é essa herança que nos confere esse ar familiar, pois é
muito raro o irmão não ter conhecido ao menos uma dessas religiões.
Por ser muito flexível, a Umbanda sempre acolhe com carinho outras práticas
religiosas e esotéricas, cabendo ao sacerdote integrá-las ou não, de acordo com seus
princípios e experiências. E é por isso que dizemos que o terreiro tem a cara do Pai-
de-Santo.
Existem dois atributos muito importantes dentro da Umbanda, que fazem com que a
pessoa que chega pela primeira vez a um terreiro, acabe se sentindo muito bem
acolhida.
O primeiro é que a Umbanda não é conversionista. Você pode frequentar um terreiro
pelo tempo que desejar sem que seja convidado a se “batizar” ou coisa que o valha.
Seu livre-arbítrio sempre será respeitado. É por este motivo que muitas pessoas vão
à Umbanda tomar seu passe e sua orientação, porém permanecem fiéis às suas
religiões originais, frequentando as missas ou cultos de acordo com sua fé.
A segunda e mais importante é que enquanto na maioria das outras religiões existe
um padre ou pastor para uma multidão de fiéis, na Umbanda existe um “padre ou
pastor” para cada fiel.
Dessa forma, na nossareligião as pessoas têm a oportunidade de tratar seu problema
individual e este fator auxilia (mas não é preponderante) para que a pessoa alcance
seu objetivo mais facilmente.
Isso faz da Umbanda a religião com o maior potencial de crescimento da atualidade.
Sincretismo religioso
Para entendermos o sincretismo religioso, primeiro temos que entender o que é
sincretismo > fusão de diferentes cultos ou doutrinas religiosas, com reinterpretação
de seus elementos.
Se preferir, sincretizar é acreditar ao mesmo tempo em que uma coisa é outra.
O sincretismo religioso se dá pela associação dos santos católicos com os Orixás.
Quando um umbandista olha para a imagem de Jesus, ele imediatamente direciona
sua mente para Oxalá, o pai de todos os Orixás, sem a predominância de nem um dos
dois. Cultuamos o Jesus e Oxalá na mesma figura, essa é a base do sincretismo
religioso.
Por que isso aconteceu?
Quando os negros escravos chegaram ao Brasil, eram forçados a adotar o
catolicismo, sob pena de flagelos e privações. Ora, o negro não entendia nada
daquele culto sem sentido, onde imagens desconhecidas tinham que ser veneradas
com rezas, cuja língua muitas vezes ainda não se habituara.
Desde o início os negros praticavam seus cultos em segredo, e, pela ausência de
alguns instrumentos de culto, adaptavam outros semelhantes encontrados na
própria senzala ou subtraídos das cozinhas dos senhores.
Diante da obrigação de se cultuar os santos, o negro viu uma oportunidade de
fortalecer seu culto, utilizando as imagens dos santos, associando-as com seus
Orixás. Assim, quando eram surpreendidos pelos senhores e capatazes em seus
cultos, diziam que estavam rezando para os ”santos”.
Apesar de pouco entender, os senhores permitiam que cultuassem os santos à seu
modo, nunca imaginando que aqueles primeiros cultos seriam a semente de uma
nova religião, o Candomblé.
Mesmo após a abolição da escravatura, o costume permaneceu, pois já era praticado
há quase três séculos. E, dessa forma, foi trazido para a Umbanda pelos primeiros
médiuns da raça negra.
É importante salientar a diferença que existe entre o sincretismo na Umbanda e no
Candomblé. Enquanto no Candomblé a imposição de uma religião forçou os negros
ao sincretismo, na Umbanda ele chegou voluntariamente, sem o peso do errado, do
escondido. Chegou através do amor e foi rapidamente adotado por todos.
Na Bahia, o sincretismo é tão forte e presente, que em muitos rituais católicos se
fazem presente muitos adeptos do Candomblé e da Umbanda. Como exemplo
citamos a lavagem da escadaria da Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, em Salvador,
onde o povo do Candomblé é quem faz o ritual, sob os olhos dos padres.
Sincretismo religioso
· Obaluaê – São Lázaro.
· Ogum – São Jorge.
· Iemanjá – Nossa Senhora da Conceição.
· Oxum – Nossa Senhora da Aparecida.
· Xangô – São Jerônimo.
· Oxóssi – São Sebastião.
· Iansã – Santa Bárbara.
· Ibeji – São Cosme e Damião.
· Nanã – Santa Ana.
· Oxalá – Jesus Cristo e Nosso Senhor do Bonfim
As 7 linhas de Umbanda
Este assunto já rendeu polêmica suficiente para editar uma enciclopédia. Muitos
fecharam opinião sobre este assunto, alguns com mínimas diferenças, outros muito
distantes da maioria.
É necessário saber mais sobre a história da religião para compreendermos a
trajetória do pensamento umbandista.
Em nossas doutrinas e para nós da TUMAOOGI não
temos apenas 7 linhas cultuadas e não somos nós quem vamos classifica-las do
primeiro ao sétimo. Porém cultuamos as seguintes.
Oxalá – Jesus Cristo – cor branca
Ogum – São Jorge – cor vermelha
Iemanjá – Nossa Senhora da Conceição – azul claro
Oxóssi – São Sebastião - verde
Nanã Boruque – Santa Ana - lilás
Oxum – Nossa Senhora da Aparecida – dourado ou amarelo
Iansã – Santa Barbara – vermelha ou laranja
Xangô – São Jerônimo - marrom
Obaluaê – São Lázaro – preto e branco
Não estou aqui para a discussão de cada umbanda, mas vou deixar alguns nomes de
umbandas praticadas no Brasil.
UMBANDA DAS 7 ENCRUZILHADAS
UMBANDA KARDECISTA
UMBANDA MIRIM
UMBANDA POPULAR
UMBANDA OMOLOCÔ
UMBANDA ALMAS E ANGOLA
UMBANDOMBLÉ
UMBANDA ECLÉTICA MAIOR
AUMBHANDÃ
UMBANDA GUARACYANA
UMBANDA DOS SETE RAIOS
AUMPRAM
OMBHANDHUM
UMBANDA SAGRADA
Egum
Egum é todo e qualquer espírito que já vivenciou uma encarnação na Terra. Desta
forma, podemos dizer que qualquer ente querido que tenha desencarnado é um
egum, assim como os obsessores são eguns, Chico Xavier é um egum, e até mesmo
Jesus Cristo é um egum.
Para caracterizarmos como egum, é necessário que o espírito esteja desencarnado.
Desta forma, todos os espíritos que se manifestam em um terreiro de Umbanda são
eguns, portanto, pode-se dizer que o egum é uma das bases da religião umbandista.
Nos candomblés mais tradicionais, o culto de algumas nações representa egum como
espírito impuro, pois, para estas nações, todo espírito que viveu nesta terra estaria
contaminado por ela, e somente os Orixás teriam a mais pura energia, desejada pelo
filho de fé.
Para outras nações, cultuam o egum como o espírito sagrado de seus ancestrais,
conhecido como culto de Egungun. Promovem festas e dão obrigações a eles.
Naqueles candomblés que tratam o egum como impuro, normalmente recomendam
ao filho que utilize o contra-egum, um adorno preparado com 7 fios de palha da
costa, devidamente curtido em amaci de ervas, que é colocado no braço direito do
filho de fé, proferindo-se rezas em língua africana, para que ele surta seu efeito.
Estas várias abordagens sobre este tema gera muita confusão entre os filhos de
Umbanda e mesmo na cabeça de muitos sacerdotes, que, por desconhecerem o real
fundamento da Umbanda, acabam por utilizar o contra-egum.
Reafirmo que egum não é espírito sofredor e nem obsessor. Usar um contra-egum na
Umbanda seria o mesmo que desejar afastar nossos guardiões, pretos-velhos e
caboclos.
Quando perguntam sobre esse assunto, normalmente eu brinco que o irmão não
deseja um contra-egum e sim um contra-kiumba, contra-obsessor.
E se você me perguntar se existe um contra-kiumba, a resposta seria sim, é claro!
Basta firmar sua cabeça com pensamentos bons, falar coisas boas e praticar boas
ações que você terá o melhor contra-kiumba que alguém poderia desejar.
Mas, se mesmo assim você deseja algo em que se pegar, você pode pedir para o seu
terreiro, ou alguma entidade de sua confiança, cruzar alguns objetos que você possa
portar tais como anéis, pulseiras, pingentes, fitas, perfumes, broches, guias (fios-de-
conta), entre tantas outras coisas.
O princípio do cruzamento ou benção é bem simples. Cruzar ou abençoar um objeto
é como fixar uma energia de alta vibração (energia positiva), desse modo não se
sintoniza com as energias de baixa vibração (energia negativa) emanada pelos
kiumbas, provocando o afastamento dos mesmos. E isso também é regido pela Lei
das Afinidades Espirituais.
Só por curiosidade, conta-se que no início da Umbanda, muitas roças de Candomblé
diziam que a Umbanda não prosperaria, pois era absurdo firmar uma religião no
trabalho de eguns.
Devemos conhecer bem as diferenças entre as palavras egum, sofredor, zombeteiro,
obsessor e até mesmo kiumba (ou seria quiumba?) para melhor emprega-los. Até
mesmo o uso indevido de palavras dentro da Umbanda pode acarretar confusão,
polêmica e consequentemente, preconceito.
Orixás
A palavra “orixá” significa “dono da cabeça” (Orixá = Ori + xá – Dono da cabeça, Força
da cabeça – Luz da cabeça), mostra a relação existente entre o mundo e o indivíduo,
entre o ambiente e os seres que nele habitam.
Entender quem são os Orixás, é entender a base, o alicerce, o fundamento principal
da nossa ciência espiritual.
Como já observamos no tópico “As Sete Linhas de Umbanda”, verificamos que
independente do autor, as visões sobre as Sete Linhas são semelhantes. Todos
entendem “linha” como um fragmento da Energia Divina original. Podem dar nomes
diferentes mas a ideia de todos os autores convergem para o mesmo ponto.
Da mesma forma são os Orixás, frações desta energia divina. Seres superiores que
carregam em si uma porção de Deus, e, cada um com sua especialidade,ajuda a
construir, manter e evoluir o planeta e todos os seres que nele habitam.
Se preferir, são espíritos de altíssima vibração espiritual, que nunca encarnaram e
nunca encarnarão. Representam a Força Divina na Terra, através da natureza, que
criam, geram, mantém e recolhem a vida, transformando continuamente o planeta e
seus seres, encaminhando a todos para a evolução espiritual.
Da mesma forma que os Anjos e Arcanjos cumprem ordens diretas de Deus, os Orixás
têm suas ordens e desígnios partidos também de Deus.
Alguns os veem como seres palpáveis, como nas imagens de gesso e resina que
cultuamos no terreiro. Outros os percebem como energias. Verdadeiramente não
importa como você os vê, mas deve compreender quem são, de onde vem e quais
seus atributos; para melhor usufruir desta fonte inesgotável de Energia Divina.
Na Umbanda não incorporamos Orixás, mas sim seus representantes, que são
espíritos que já alcançaram devido adiantamento espiritual para manipular as forças
e energias destes Orixás.
Assim sendo, quando dizemos popularmente que incorporamos Iansã, o correto seria
dizer caboclo (ou cabocla) que trabalha nas forças de Iansã.
Outra situação regida pelos Orixás é o equilíbrio físico, mental e espiritual de um
indivíduo. São os conhecidos “Orixás da Coroa”, porém este e outros assuntos a eles
referentes serão discutidos em tópicos adiante.
Apresentamos a seguir uma tabela onde podemos verificar os Orixás relacionados
com seus domínios físicos e alguns dos atributos que incidem sobre os seres vivos.
ORIXÁS DOMÍNIOS ALGUNS ATRIBUTOS
Oxalá - Cumes dos montes e montanhas Fé e Fortaleza
Xangô - Pedreiras e pedras junto ao mar ou as cachoeiras Justiça e Autoridade
Ogum - Caminhos, estradas de ferro Ordem e Resistência
Oxóssi - Matas Sobrevivência e Conhecimento
Obaluaê - Cemitério Transformação e Evolução
Iemanjá - Mares e rios Família e Respeito
Iansã - Ventos e tempestades Paixão e Determinação
Nanã - Brejos, mangues e beira de rios Sabedoria e Autoconhecimento
Oxum - Rios tranquilos e cachoeira Fertilidade e Amor
Domínios
Domínio é local de maior vibração de um Orixá.
São pontos de emanação de energia imanente, de vibração específica de acordo com
o reino natural ao qual pertence. De forma geral, todos os domínios favorecem o
descarrego de energias indesejadas, proporcionando a retomada do equilíbrio
energético por quem o visita.
Mas não é só a presença física que cria a conexão entre a energia e o ser. É
necessário repousar a mente, liberando-a de todo e qualquer pensamento
indesejado e negativo, trazer para dentro da mente e de si mesmo bons
pensamentos e bons sentimentos. Quando seu corpo, mente e espírito passarem a
vibrar positivamente como um só corpo, encontrará sintonia na energia imanente
daquele ambiente natural e, somente a partir desse instante, é que passará a receber
os benefícios desta energia.
No mar sentiremos a energia imanente de Iemanjá como um abraço de mãe, na
mata, uma sensação de “solidão coletiva”, de estar só e integrado ao mesmo tempo,
e assim acontece com os demais reinos.
Vamos discorrer brevemente sobre os domínios:
Mar
Regida por Iemanjá, também conhecida como calunga grande, onde se guardam
muitos espíritos e onde a energia é reciclada constantemente. É no mar também
onde se encontram os tesouros da humanidade. Regido por Iemanjá, é o grande foco
gerador da vida no planeta.
No mar recebemos energia de renovação da vida, que nos fornece as forças para
vencer. Todos os domínios ligados à água estão ligados ao dualismo da vida, como
corpo e espírito, vida e morte.
Pedreira
Regida por Xangô, simboliza a constância, aquilo que é imutável, a solidez.
Exatamente como as Leis Espirituais que regem o Universo.
A energia é densa, pois está associada ao peso de nossas responsabilidades. Mas
depois de algum tempo este “peso” é substituído por um senso de vitória, de força e
de poder.
Pessoas sem ânimo, que se sentem derrotadas e desamparadas, muito podem se
beneficiar deste domínio.
Rios límpidos, lagos e cachoeiras
Domínios de Oxum, refletem a calma e a transparência necessária para a condução
da vida. Está ligado à preservação da vida. Em uma cachoeira, a queda da água
simboliza contato com o ar, conferindo oxigenação.
O sentimento é literalmente o de “oxigenação” da vida, renovação e perseverança.
Pois, da mesma forma que a água molda as rochas ao seu entorno, um pouco por
vez, assim deve ser nossa posição diante da vida.
Mata
O domínio do caçador, de Oxóssi. Representa o ciclo da vida, da cadeia alimentar, da
sobrevivência. Na mata, tudo o que morre serve de alimento para um outro ser ou
elemento, em um ciclo infinito e equilibrado, sem que haja a extinção de nenhuma
das partes. Até mesmo um folha que cai de uma árvore serve para adubá-la. Os
índios, por exemplo, só caçavam aquilo que fosse suficiente para alimentar a tribo,
respeitavam o ciclo, usufruindo da mata por tempos insondáveis.
Mergulhar na mata é como adentrar ao desconhecido. Você “sente” sempre como se
estivesse sendo vigiado. Excepcional para o domínio do medo e para despertar o
poder oculto. Importante para aprender a viver de forma simples e necessária. A
mata te oferecerá tudo o que você precisa para sobreviver e evoluir.
Em tempo, o domínio mata diz respeito à mata fechada; lugares abertos ou caminhos
são regidos por outros Orixás.
Caminhos, estradas, estrada de ferro
Continuidade. A existência de um espírito ou a vida de um encarnado resume-se em
seguir sempre. Não importam as derrotas, vitórias, frustrações ou preocupações, no
fim, a única coisa que nos resta é continuar a caminhar. O caminho representa a
resistência em continuar, por este motivo é regido por Ogum.
Quando falamos caminho, é válido qualquer um deles, estradas de terra ou
asfaltadas, trilhos de trem, trilhas em meio à natureza, ruas e avenidas, e até mesmo
picadas em meio á mata. Uma curiosidade: apesar da encruzilhada ser domínio de
Exu, o centro da Encruzilhada pertence à Ogum, pois, neste ponto, é onde os
caminhos se cruzam.
Além disso, o caminho é a contínua semeadura, também é a expectativa de atingir
melhores paragens, de se concluir um projeto que foi construído no caminho. É
deixar para trás o velho e abraçar o novo. Pessoas com dificuldades em caminhar em
sua jornada, ou que sentem os caminhos fechados, devem trabalhar muito esta
energia.
Vento (local com muito vento)
O vento, domínio de Iansã. Representa força, paixão, determinação, liberdade e
espontaneidade. Sentir um forte vento passar por você ou sentir uma forte chuva no
seu rosto, reafirma a força e determinação que tanto nos é necessária.
Esta energia está ligada a se entregar sem medo à novidade, obter a determinação
para alcançar qualquer feito. A força do vento que desenha e esculpe a montanha, é
essa força e paixão (no sentido poético) que alcançamos neste domínio.
Pântano, mangue, leito de rio
Estar em volto em lama é como se fosse tragado pela terra. O barro que formou o
homem e o pó ao qual nosso corpo deverá voltar. Simboliza o início e o fim. Mas de
forma positiva, o fim de velhos conceitos e o início de momentos melhores.
O barro foi o provedor da vida na antiguidade. Dele eram feitas as casas e toda sorte
de utensílios indispensáveis para a vida. É um convite ao passado.
Domínio de Nanã, os locais de lama são um convite à reflexão, à reforma íntima e,
consequentemente, ao autoconhecimento. Também desperta as faculdades do
oculto e da mediunidade dentro de nós. Quando aprendemos a dominar nós mesmo,
não existem limites para nossos feitos.
Campos, parques e gramados (lugares onde crianças brincam)
No domínio de Cosme e Damião, a energia que sentimos é a da alegria, do pulsar da
vida, do sentimento despertado no sorriso de uma criança. Ao contrário de um
domínio natural, este domínio é criado a partir da presença de crianças brincando
continuamente. A presença dessas crianças é que criarão a energia imanente.
É importante lembrar que a energia só se estabelecerá em lugar aberto e que
contenha o mínimo de natureza. Quando falamos de energia imanente,dissemos que
se trata de energia original que ainda não foi distorcida pela mente humana,
entretanto a pureza da energia de uma criança não distorce a energia imanente, ela
absorve a amplifica esta energia.
Cemitério
O mais pesado de todos os domínios. Sendo domínio de Obaluaê, e, este, tendo sido
criado por Iemanjá, recebeu poderes para guardar os eguns.
Desta forma, o cemitério também não é um domínio natural, mas sim criado como
uma extensão do próprio mar pela necessidade latente da humanidade de guardar os
espíritos dos mortos e reciclar energias. Por isso também é conhecido como calunga
pequena.
A principal função do cemitério é absorver energias negativas de toda sorte e
transformá-las, com o auxílio da Mãe Terra, em energias positivas ou energias que possam
dar continuidade à vida. São extensões deste domínio os velórios, hospitais e
locais que trabalham com cura.
Pelo potencial transformador, é um domínio muito solicitado para o “despacho” de
restos de magia negra, de objetos utilizados para descarrego profundo, e até mesmo
sobras de trabalho efetuadas por entidades que promoveram trabalhos de
desobsessão. Lembrando que no meu ponto de vista existem lugares apropriados
para tal trabalho.
Muito conhecido também pelas almas. Em quase todos se não em todos os
cemitérios existe o cruzeiro, onde são o núcleo do domínio das almas benditas.
Sendo as almas uma importante linha da Umbanda, regida por Obaluaê.
Morro ou Montanha
Estes domínios são locais para reencontro com Deus, com o Divino e com o Sagrado.
Se observarmos a história, veremos que aqueles que alcançaram grande evolução
espiritual, recorriam constantemente a este domínio. Magos, mestres, monges,
eremitas e santos fazem parte deste rol. Como exemplo temos São Bento, São
Francisco, Buda e até o Mestre Jesus.
É o domínio do pai de todos, Oxalá, aquele que concentra a vibração de todos os
Orixás. Neste local você estará mais perto de Deus e certamente entrará mais
facilmente em contato com seus guias e protetores. Pessoas apegadas demais ao
plano físico, com problemas de mediunidade, dores de cabeça ou desequilíbrio
psíquico, podem se beneficiar das energias deste domínio.
Para encerrar este tópico, é necessário lembrar que para absorver a energia destes
domínios só é necessário estar presente no local. Estar de corpo e alma, se entregar
ao sagrado e sempre de coração aberto.
A religião da natureza
Depois de toda essa explicação sobre domínios, é importante uma pausa para
reflexão. Onde você está agora, qual a facilidade para chegar aos domínios dos Orixás
você tem?
O homem e o constante desenvolvimento da raça humana estão engolindo os
ambientes naturais. E quando não o fazem por expansão das cidades, acabam
provocando a contaminação e a degradação destes ambientes naturais.
Como pudemos observar, os domínios da natureza são extremamente importantes
para nós umbandistas, e, por este motivo devemos ser nós, aqueles que mais
utilizam e se beneficiam desses domínios, os primeiros a levantar a bandeira da
conservação e preservação do meio ambiente.
Nossa Religião possuía costumes incondizentes com a preservação natural. Era muito
comum chegar ao pé de uma cachoeira e encontrar restos de velas, garrafas, latas e
objetos plásticos. Ora, hoje em dia todos sabemos do mal que isto provoca ao meio
ambiente, além do tempo que irá demorar para isto se degradar. São centenas de
anos!
No começo da Umbanda éramos poucos e os domínios muitos. Esta relação
encontra-se agora invertida, tendo a Umbanda milhares (ou milhões) de praticantes,
contra uma redução considerável dos domínios.
Por tudo isso, pela Umbanda ser a religião da natureza, é que convido o leitor a
mudar certas práticas antes consideradas normais, para práticas mais conscientes.
1- Não firmar velas nos domínios. Velas são feitas de parafina, que é derivada do
petróleo, e isto causa grave poluição nos ambientes.
2- Pelo mesmo motivo não jogar restos de velas nos rios, jogue no lixo comum, caso
sua cidade não disponha de centros para recolhimento de lixo específico.
3- Também não jogar outros objetos nos rios, com exceção daqueles integralmente
orgânicos. Por exemplo vidro, metal, plástico ou qualquer coisa sintética ou
industrializadas não podem ser jogados no rio. Restos de comida de santo, produtos
da terra ou naturais, já podem ser jogados.
4- Não se desespere, tudo tem solução. Aqueles objetos que antigamente eram
jogados no rio, devem ser descarregados com água do mar, solução salina, marafo ou
amaci de descarrego. Depois podem ser jogadas no lixo ou queimados, se você
dispuser de lugar adequado ou se houver realmente necessidade.
5- Não leve alguidares de barro para os domínios. Apesar de serem feitos de material
integralmente inócuo ao meio ambiente, o barro cozido demora a se desmanchar. No
lugar de alguidar, utilize folhas de bananeira, folhas de costela de adão ou uma folha
que seja grande o suficiente para receber sua oferta. Hoje existem pratos feito de
plástico de origem natural, que se degradam em 30 dias. Existe na internet vídeos de
como fazer recipientes de fibras naturais, vale a pena conferir.
6- Não utilize copos descartáveis de plástico convencional. Utilize copos de plástico
de material orgânico, como citado no item 5. Outra opção é confeccionar copos de
bambu ou até mesmo coités (feitos da metade de um coco).
7- Nunca deixe garrafas, latas, sacolas plásticas, tampas, arames, isqueiros, rolhas,
plásticos de nenhum tipo e até mesmo papéis, sem necessidade, nos domínios
naturais.
Mas ainda podemos e devemos levar flores, frutas, bebidas (sem deixar a
embalagem).
Quanto às velas, firme suas velas na sua casa ou no seu terreiro antes de se dirigir
para o domínio. O Orixá vai receber a energia da vela e do pedido, e ainda lhe será
grato por preservar a morada dele. E mesmo assim se haver a necessidade de
acender uma vela no local do trabalho, ao término do trabalho a apague e leve-a
contigo e novamente firme em sua casa ou em seu terreiro se assim achar necessário.
Podem até mesmo deixa-las apagadas até quando houver a necessidade
de novamente acende-las para tal fim.
Além de conservar aquilo que nos é extremamente importante, também é uma
forma de divulgar a sabedoria de nossa religião.
Estas práticas simples ajudarão com o tempo, a diminuir o preconceito para com
nossa religião, além de cumprirmos a lei dos homens, pois danos ao meio ambiente é
considerado crime.
O bom umbandista respeita a lei espiritual e também a lei dos homens.
Mediunidade
Mediunidade é a capacidade dos seres encarnados de se comunicar com o mundo
espiritual.
Segundo as palavras de Alan Kardec:
“Quem sentir a influência dos espíritos, seja em que grau for, é, por isto mesmo,
médium. Esta faculdade é inerente ao homem, e por isto, não constitui privilégio
exclusivo de ninguém”.
A palavra “médium” vem do latim e significa meio, ou seja, o médium é o meio, o
instrumento pelo qual a espiritualidade se comunica com o plano físico.
Mediunidade é um dom existente em todos os seres humanos, podendo ser em
maior ou menor grau, mais ou menos perceptível para cada indivíduo, dependendo
muito da missão espiritual que cada um carrega neste plano terreno.
A mediunidade ou os fenômenos mediúnicos, não constituem premissa da Umbanda
ou de qualquer outra doutrina espiritualista moderna. Ela existe desde o início dos
tempos e a história está repleta de passagens e relatos que demonstram a atuação
dos espíritos entre os encarnados.
Profetas, apóstolos, magos, escritores, pintores, escultores, músicos, políticos, reis e
religiosos manifestaram claramente atividade mediúnica em suas vidas. E é na
religião, sem nenhuma sombra de dúvida, que a mediunidade expressa seu maior
trabalho.
Todas as religiões praticam e demonstram, direta ou indiretamente, a mediunidade.
Seja entre seus líderes ou fiéis, a manifestação mediúnica compõe a maior parte dos
trabalhos religiosos. Mesmo aquelas religiões que “abominam” a comunicação com
os espíritos refletem claramente o fenômeno.
Segundo Emmanuel, o mentor de Chico Xavier,“mediunidade não é uma benção e
nem uma maldição. Apenas mais uma atuação da Misericórdia Divina para levar o
auxílio aos necessitados e para os próprios médiuns, que na prática desta, podem
auferir o resgate de outras vidas com maior celeridade”.
Vejamos uma mensagem do mesmo espírito, a todos os médiuns:
"Os médiuns, em sua generalidade, não são missionários na acepção comum do
termo; são almas que fracassaram desastradamente, que contrariaram,
sobremaneira, o curso das leis divinas, e que resgatam, sob o peso de severos
compromissos e ilimitadas responsabilidades, o passado obscuro e delituoso. O seu
pretérito, muitas vezes, se encontra enodoado de graves deslizes e de erros
clamorosos. Quase sempre, são espíritos que tombaram dos cumes sociais, pelos
abusos do poder, da autoridade, da fortuna e da inteligência, e que regressam ao
orbe terráqueo para se sacrificarem em favor do grande número de almas que
desviaram das sendas luminosas da fé, da caridade e da virtude. São almas
arrependidas, que procuram arrebanhar todas as felicidades que perderam,
reorganizando, com sacrifícios, tudo quanto esfacelaram nos seus instantes de
criminosas arbitrariedades e de condenável insânia."
Do livro "Emmanuel” - Chico Xavier
Tipos de mediunidade
Estudiosos afirmam existir mais de 50 tipos de mediunidade. Não é nosso objetivo
estudar cada caso, mas sim discorrer sobre os mais comuns.
Allan Kardec diz que “Geralmente, os médiuns têm uma aptidão especial para
determinados fenômenos, do que resulta uma variedade muito grande de
manifestações”.
Vejamos alguns tipos de mediunidade:
Mediunidade de efeitos físicos
São médiuns aptos a produzir fenômenos materiais, como o movimento de corpos
inertes, ruídos, pancadas, vozes diretas, materializações, transportes, etc. A
mediunidade de efeitos físicos foi muito comum no surgimento do Espiritismo, com o
objetivo de chamar a atenção dos encarnados para as coisas do Além, tal como
ocorreu em Hydesville e depois na França, em meados do século XIX.
Mediunidade sensitiva ou impressionável
São pessoas suscetíveis de sentir a presença dos Espíritos por uma impressão vaga,
por uma espécie de leve roçadura sobre todos os seus membros, não apresentando
caráter bem definido, visto que todos os médiuns são mais ou menos sensitivos. Esta
faculdade pode adquirir tal sutileza, que aquele que a possui reconhece não só a
natureza, boa ou má, do Espírito que está ao lado, mas até a sua individualidade,
como o cego reconhece a aproximação de tal ou tal pessoa.
Psicofonia
Transmitem a mensagem espírita através da fala. Os Espíritos atuam sobre o órgão
da fala, como atuam sobre a mão dos médiuns escreventes.
Mediunidade sonambúlica
É aquele que, nos momentos de emancipação, vê, ouve e percebe, fora dos limites
dos sentidos. Muitos sonâmbulos veem perfeitamente os Espíritos e os descrevem
com precisão, como os médiuns videntes. Podem conversar com eles e transmitir-nos
seus pensamentos.
Pneumatografia
São os que produzem a escrita direta, sem tocarem no lápis ou no papel. Já os
médiuns escreventes ou psicógrafos transmitem a mensagem espiritual utilizando
lápis e papel.
Incorporação
A mediunidade de incorporação pode ser tanto parcial quanto integral.
Na incorporação parcial, o médium fica consciente, isto é, ele sabe que está ali,
sente, observa, mas não domina o corpo nem controla o raciocínio. Perde, também, a
noção de tempo e, embora tenha sido espectador de si mesmo, perde a noção de
muita coisa que se passou, ao desincorporar.
Na incorporação parcial pode haver uma quebra de sintonia ocasional, o que
permitirá ao médium interferir na comunicação.
Na incorporação integral, o médium fica totalmente inconsciente, pois há uma
perfeita sintonia com a vibração da entidade. Nesse caso, não há possibilidade de
interferência e, ao desincorporar, o médium não vai se lembrar de nada do que se
passou.
Os estudiosos da doutrina espírita ressaltam que a incorporação parcial é tão
autêntica quanto a integral. O único problema é o médium não interferir, procurando
se isolar e deixar que a entidade atue livremente. A esmagadora maioria dos médiuns
trabalha em incorporação parcial e uma pequeníssima minoria, em incorporação
integral.
Vidência
É o tipo de mediunidade que permite, àquele que a possui desenvolvida, ver as
entidades, as irradiações. Pode ser de três tipos: direta, intuitiva e focalizada.
Na Vidência Direta, o médium pode ver as entidades de quatro maneiras diferentes:
Na projeção, o médium vê apenas um facho de luz, uma coloração que depende da
vibração atuante. Não vê forma humana, nem identifica a entidade.
Na parcial, o médium percebe uma forma humana ao lado de quem está
trabalhando espiritualmente, mas ainda não dá uma perfeita identificação. Vê
somente o contorno, a forma.
No acavalamento, o médium vê a entidade por cima dos ombros de outro médium.
Já percebe se é masculina ou feminina, se é caboclo ou preto-velho ou outro
falangeiro qualquer, se os cabelos são longos ou curtos, etc. Muitos médiuns que
tiveram esse tipo de vidência afirmam, por desconhecimento, que as entidades vistas
possuíam mais de dois metros de altura, não percebendo que a entidade, vista acima
dos ombros de outro médium, produziu uma falsa impressão de altura.
No encamisamento, o médium vê a entidade toda, perfeita. Isso acontece na
incorporação integral, quando a entidade toma conta do corpo de um outro médium.
Na Vidência Intuitiva, o médium vê apenas com a mente. Ele se concentra e recebe
a imagem mental, por intuição.
Na Vidência Focalizada, o médium utiliza algum objeto para a vidência, como um
copo d'água ou um cristal. As imagens aparecem no objeto de vidência.
Clarividência
É o tipo de mediunidade que permite ver fatos que ocorreram no passado e que
ocorrerão no futuro. Os clarividentes podem ver os corpos astral e mental de outras
pessoas, e tomar conhecimento da vida em outros planos espirituais. É um tipo de
mediunidade difícil de ser encontrado.
Audiência
Capacidade de ouvir a voz dos Espíritos, algumas vezes uma voz interior, que se faz
ouvir no foro íntimo, outras vezes uma voz exterior, clara e distinta, qual a de uma
pessoa viva, podendo até realizar conversação com os Espíritos, que podem ser
agradáveis ou desagradáveis, dependendo do nível do Espírito comunicante.
Mediunidade de projeção
É a capacidade de visitar espiritualmente outros lugares, enquanto o corpo físico
permanece em repouso; o espírito se desconecta do corpo podendo ir a outros
lugares físicos, mas podendo também visitar as dimensões espirituais.
A projeção pode ser voluntária ou involuntária.
Na projeção voluntária, o médium se predispõe a realizá-la. Determinando o destino.
O espírito se transporta para outros lugares, tomando conhecimento do que vê e do
que ouve.
A projeção involuntária ocorre quase sempre durante o sono. Ao deixarmos o corpo
físico durante o sono, entramos em contato com pessoas e lugares dos quais não nos
recordamos ao acordar. Às vezes, recebemos nessas viagens soluções para os nossos
problemas que, mais tarde, nos parecerão ideias próprias. A respeito disto, diz o
ditado popular: "Para a solução de um grande problema, nada melhor que uma boa
noite de sono".
As projeções também podem nos levar à lugares onde possamos praticar a caridade
dentro do espírito ou mesmo adquirir conhecimentos necessários para nossa
caminhada rumo à evolução espiritual.
Psicografia
Tipo de mediunidade muito comum, podendo ser intuitiva, semi-mecânica ou
mecânica. É a capacidade de receber comunicações pela escrita.
Na Psicografia Intuitiva, o médium recebe as mensagens na mente e as passa para o
papel. É pura intuição.
Na Psicografia Semi-mecânica, o médium, à medida em que escreve, vai também
tomando conhecimento do conteúdo. O espírito atua, simultaneamente, na mente e
na mão do médium.
Na Psicografia Mecânica, o espírito atua somente na mão do médium, que escreve
sem tomar conhecimento da mensagem recebida. Quando, ao invés de escrever, o
espírito utiliza a mão do médium para pintar, esse tipo de mediunidade é chamadode psicopictografia.
Sobre a psicografia, Kardec diz que, de todos os meios de comunicação, a escrita
manual é o mais simples, o mais cômodo e o mais completo. Para esse meio devem
tender todos os esforços, porquanto ele permite se estabeleçam com os Espíritos
relações continuadas e regulares, como as que existem entre nós, e é por ele que os
Espíritos revelam melhor sua natureza e o grau do seu aperfeiçoamento ou de sua
inferioridade.
Cura
São aqueles que têm o dom de curar pelo simples toque, olhar ou imposição das
mãos, sem o uso de medicação. É a ação do magnetismo animal que produz a cura,
mas essa faculdade deve ser classificada como mediunidade porque as pessoas que
possuem esse dom não agem sozinhas, mas são auxiliados por Espíritos que se
dedicam a essa tarefa.
Descarrego
Esta capacidade é inerente a todos os médiuns, cada um com seu grau. Mas, dentro
da Umbanda, é sabido que existem médiuns cujos protetores detém esta
especialidade. Esses mesmos médiuns podem efetuar um descarrego energético sem a
necessidade de incorporação, bastando apenas lançarem mão da concentração.
Apesar disso, afirmamos que, mesmo quando atuam desincorporados, estão sob a
tutela da espiritualidade.
Transporte espiritual
Outra categoria que aparece com maior frequência em nossa religião, mediunidade
de transporte espiritual consiste em “puxar” a entidade obsessora de um consulente,
no próprio corpo físico. Mais uma vez salientamos que a atuação é feita pelos guias e
protetores, mas é também necessário um aparelho que suporte tal ação.
Na Umbanda, sem dúvida nenhuma, os tipos de mediunidade mais utilizados são a
incorporação, a cura, o descarrego e o transporte. Isso dito durante os trabalhos
espirituais, pois é extremamente comum encontrarmos médiuns dos mais variados
tipos, porém são facetas mediúnicas que não aparecem no terreiro, mas certamente
acompanha a vida cotidiana desses irmãos.
Como saber se tenho mediunidade?
O florescimento da mediunidade causa uma série de distúrbios que sinalizam que
alguma coisa não vai bem ou não está em equilíbrio.
Isto é causado pela capacidade que todo médium tem de absorver a negatividade das
pessoas e do ambiente que o cerca, fenômeno conhecido como “efeito esponja”.
Dependendo do grau de mediunidade manifestado pela pessoa e pela sensibilidade
espiritual desenvolvida, essas energias ou espíritos negativos podem causar esses tais
sintomas antes mencionados.
Como cada ser é único, sem existir nenhuma pessoa igual a outra, os sintomas
também são manifestados de forma diferente de uns para outros.
Alguns sintomas são:
Mal-estar em ambientes com muitas pessoas;
Mal-estar próximo de algumas pessoas específicas, mesmo que não as
conheçam;
Inquietação sem motivo;
Transtornos de humor sem causa aparente e bipolaridades constantes;
Antipatias injustificadas;
Alterações repentinas de estados de personalidade sem causa aparente;
Vazio no peito e sentimento, e angústia próxima da depressão;
Agitação, hiperatividade e animosidade desproporcionais para situações
comuns;
Raiva, estresse e chateação desproporcionais para situações comuns;
Transtornos do sono;
Transtornos de ansiedade;
Pensamentos autodestrutivos;
Bloqueio mental e criativo;
Desmaios sem causa aparente;
Doenças sem diagnóstico e dores sem causa aparente;
Inquietação e falta de saciedade emocional;
Perturbações espirituais, sensações de vultos e vozes que causam desconforto;
Agudos sentimentos de menos valia e baixa estima;
Relatos constantes de pessoas que se sentem bem depois de conversar com
você.
Se você se encontrou em muitos dos tópicos acima, significa que você pode ter
mediunidade. Para confirmação final, é necessário consultar duas ou mais entidades
que deverão concordar unanimemente com este diagnóstico. Caso positivo, é
necessário definir se você deve tratar ou desenvolver.
O médium possui "poderes" que os demais não têm?
Não, o médium não tem “poderes” que os outros não têm. Mas certamente tem
compromissos e responsabilidades que os outros não possuem.
Se portamos mediunidade, é evidente que nossa missão espiritual passa pelo
exercício dela. Através do trabalho mediúnico caritativo é que conseguiremos
diminuir nossa dívida cármica.
Além disso, o médium constantemente está em preceito, em decorrência dos
trabalhos espirituais, o que constantemente o afasta dos círculos sociais.
E, por último, mas o mais importante de todos, é que o médium sofre perseguição
ininterrupta do plano astral inferior, levando-o constantemente a ter preocupações
com firmezas, orações e recolhimentos que os demais não precisam.
Depois de tudo isso, se você deseja ingressar na vida mediúnica por status ou para
fazer bonito para as outras pessoas, creio que seja melhor repensar sua decisão. Pois
se você não cumprir com a obrigação do seu fardo será penalizado por isso, além do
que a vaidade é o pior sentimento que um médium pode cultivar. Lei da ação e
reação.
Sou obrigado a desenvolver?
Ninguém é obrigado a nada. Seu livre arbítrio sempre deverá ser respeitado.
Entretanto, caso você faça a opção pelo não desenvolvimento de suas faculdades, é
necessário advertir que deverá efetuar tratamento espiritual contínuo com a
finalidade de se desfazer das cargas que naturalmente irá absorver.
Além disso, lembre-se que a mediunidade é uma oportunidade conferida pela
Misericórdia Divina, e você poderá ser cobrado por não utilizá-la.
A importância do estudo mediúnico
Continuo achando que o maior e melhor estudo é a frequência de terreiro, onde
aprendemos com a espiritualidade com os melhores professores que possamos ter
em terra.
Porem esse tipo de estudo é um pouco mais árduo. Em meu tempo você era
colocado no meio da gira e sem sequer saber o que esta acontecendo, é girado,
agachado, levantado e assim vai, para quem não tem o mínimo de conhecimento
pode até nunca mais ir a um terreiro. Não tenho dúvida que minhas
próprias entidades assim fizeram para minha evolução espiritual, porque aprendi até
mesmo o que não se deve fazer.
Muitos iniciantes na religião não se dedicam como deveriam. Grande engano!
É impossível alcançar um desempenho mediúnico satisfatório sem a preparação do
médium.
Os preceitos, banhos e recomendações citados pelos seus dirigentes, preparam o
corpo e a energia do médium. Mas é preciso ainda mais, é necessário preparar a
mente, pois é através dela que ocorre a incorporação como veremos em tópico
adiante.
Ser médium e não ter estudo apropriado, é como um cozinheiro ter uma faca que
não corta, um policial ter uma arma que não funciona ou um carpinteiro sem a sua
serra.
Ser médium é fácil agora ser um bom médium requer dedicação, tempo, esforço, por
várias vezes deixar de lado festas, amigos e por vezes até familiares para se dedicar a
pessoas que por muitas vezes você nunca as viu.
Ser um bom médium não é ter varias guias penduradas no pescoço, é fazer de um
simples cordão de pequenas contas, grandes milagres da espiritualidade.
Ser um bom médium é agradecer todos os dias, é rezar todos os dias, é acreditar em
suas orações é estar conectado em tempo integral com a espiritualidade.
Mas isso é muito difícil. Sim eu sei, porque também sofro por isso. Mas mesmo assim
me dedico e faço tudo o que posso para que não erre. Somos passivos de erro alias somos
seres-humanos mas isso não nos dá o direito de errar; Então faça com amor,
com caridade e com humildade.
Pois bem, imagine como se sente uma entidade que tenta assumir o controle do
aparelho de um médium que não se dedica. Fica limitada, pois toda vez que tentar
elaborar uma orientação mais complicada, ou mesmo falar de práticas, ervas ou
situações desconhecidas pelo médium, não encontrará nem eco e nem sintonia nesta
mente, dificultando em muito o seu trabalho. Sem dizer na interferência que o
próprio médium causará no trabalho da entidade, por sentir-se inseguro em permitir
que ela diga ou faça o que desejar.
A entidade de um médium sem preparo assemelha-se ao cozinheiro que precisa fazer
um grande jantar de última hora e quando chega na dispensa, a encontra vazia.
Estar atentoe entender o que se passa em uma gira aguça a mediunidade, faz com
que o médium permita a atuação da entidade com maior segurança, além de lhe
permitir apreciar a beleza do atendimento que é prestado.
Os cambonos estão com os melhores professores, preste atenção em tudo que se
passa em sua volta. Caso tenha dúvidas, fale com seu dirigente, tenho certeza que
ele terá sua resposta e se assim não for de imediata, com certeza ela chegará quando
menos esperar.
Lembre-se ainda que suas entidades direcionam seus estudos para que você absorva
também o que eles precisam, para quando os guias tomarem uma providência, que
não lhe cause estranheza e para que isto não lhe cause dúvida ou confusão.
Eis um caso que mostra a firmeza de um médium, só alcançada pelo estudo.
Em um terreiro na cidade de São Paulo, uma mãe procurou um caboclo para pedir
ajuda para sua filha de 13 anos, que estava doente, não falava e nem comia. O
caboclo pediu para a mãe pensar na filha e, depois de alguns instantes, recomendou
que a mãe desse à filha três vezes ao dia, pelo período de três dias, um chá feito com
canela, arruda e alecrim.
No trabalho seguinte, era novamente gira de caboclos, a mesma mãe retorna, entra
no Congá sem avisar, e investe contra o caboclo, dizendo:
- Você acha que minha filha está grávida? Você acha que eu não sei que o chá que
você passou para a minha filha é abortivo?
O caboclo, impávido, mantendo os olhos fechados, pergunta se ela deu o chá para a
menina. No que a mulher responde:
- É claro que não dei!
Então o caboclo abriu os olhos e gritou fortemente com uma voz rouca, que pareceu
estremecer o ambiente:
- Então dê o chá para ela e depois você vem contar o que aconteceu.
A mulher, assustada e receosa, foi embora.
No trabalho seguinte, ela retorna e, com muita humildade, espera sua vez para falar
com o caboclo. Ele, de olhos fechados, diz:
E a menina, tá melhor?
A mulher começa a chorar e pedir perdão ao caboclo, dizendo que tinha dado o chá e
a menina estava ótima. Que agora ela entendia que o chá servia para ajudar a descer
a primeira menstruação da filha, e que no segundo dia do chá a menina menstruou e
imediatamente começou a falar.
Agora pergunto: será que se o médium não fosse estudado e preparado, ele teria
permitido que o caboclo contestasse a mulher com toda a segurança e firmeza como
ele fez?
Deixo que tire suas próprias conclusões, pois não sou dona da verdade e estou
longe de querer criar uma regra para todos.
Com que idade se inicia a manifestação mediúnica?
Não existe idade para a manifestação mediúnica. Existem casos de pessoas que
começaram a sentir a necessidade de desenvolvimento depois dos 50 anos, como
existem casos de crianças que ao começarem a falar, começam as manifestações.
Entretanto, na esmagadora maioria das vezes, é na adolescência que se fazem claros
os primeiros sintomas de mediunidade. Isto certamente está associado à explosão de
hormônios no corpo dos garotos e garotas, o que, entre outras tantas coisas,
aumenta a sensibilidade espiritual.
Entretanto não devemos esquecer o caso de crianças prodígio que, na mais tenra
idade, começam com casos de vidência e clarividência. Um caso que vou relatar é
minha filha de 10 anos que tem vidência e por mais que falamos sobre o assunto,
nascida e criada dentro da umbanda já tem esse dom mediúnico que no futuro será
de grande valia a ela se assim quiser seguir os passos do pai. Posso também falar de
meu filho que com 9 meses de idade adora as giras, quer ficar perto dos atabaques e
quer toca-los como um curimbeiro. Com apenas 9 meses de idade foi consagrado e
não tenho dúvidas nenhuma que será um grande líder espiritual em nossa tenda.
Este assunto traz em pauta mais um motivo para estar atenta a espiritualidade, pois
pessoas que se encontram em sofrimento espiritual por falta de desenvolvimento
mediúnico por muitas vezes passam despercebidos.
Qual o melhor momento para desenvolver minha mediunidade?
Este “momento” varia de pessoa para pessoa. Cada caso deve ser tratado
individualmente.
De uma forma geral, recomenda-se que o desenvolvimento mediúnico seja iniciado
em um momento de vida no qual a pessoa possa se dedicar com afinco ao estudo e à
prática. Também é necessário avaliar se a pessoa carrega a responsabilidade e o
comprometimento necessário para o ato. Pessoas muito novas, em geral, tendem a
desistir com certa facilidade.
Mas existem casos em que a mediunidade explode com tamanha força, causando
tanto sofrimento à vida da pessoa, que a necessidade do desenvolvimento é imediata
e não pode ser protelada.
Também, quando possível, é desejado que o novo irmão conheça bem a casa e
transite pelas diversas funções dentro do terreiro, em especial a de cambone, onde
poderá aprender muito sobre o convívio com as entidades espirituais.
De uma forma geral, a iniciação na religião e o desenvolvimento mediúnico,
preferencialmente, deverão ser lentos e graduais. Pessoas que passam por estes
processos normalmente se tornam melhores umbandistas.
Não vai ser estudando livros, cursos de internet que lhe farão um bom ou ruim
médium. Em minha concepção livros e curso abrem seus horizonte mas os grandes
ensinamentos estão no terreiro.
Mediunidade aflorada
Mediunidade aflorada é aquela que de um momento para outro, seja pela idade, seja
por um grande acontecimento na vida da pessoa, explode com todo o furor.
Quando dizemos todo o furor é dizer que a pessoa está vendo vultos ou espíritos,
apresenta dor ou doença aparentemente grave sem diagnóstico, não consegue
dormir por causa das “vozes”, por convulsões aparentemente sem motivo ou, ainda,
por já estar incorporando descontroladamente.
Em todos estes casos é necessário um tratamento espiritual intensivo que deverá ser
feito pelo dirigente do terreiro e pelas entidades espirituais, em concomitância ao
desenvolvimento mediúnico, para que se consiga trazer novamente a pessoa ao
equilíbrio.
Nestes casos, o apoio da família, conversas com um orientador espiritual
(desincorporado), e mesmo um psicólogo, podem favorecer a restauração do
equilíbrio, pois normalmente esse “florescimento” é detonado por um sentimento
dentro da pessoa, que provavelmente gera dor emocional.
Através da compreensão dos fatos e da abertura da consciência, podemos evitar as
aberturas para o plano inferior, trazendo assim uma proteção mais firme para este
irmão.
Mediunidade atrasada
Todas as pessoas encarnadas possuem uma missão espiritual como já detalhamos
anteriormente. Para se cumprir uma missão necessitamos de, no mínimo, duas
coisas: iniciar esta jornada e continuar caminhando. A mediunidade atrasada incide sobre
pessoas que ainda não iniciaram sua missão ou que, mesmo após o início, não
deram continuidade à essa missão. O grande regulador nestes casos é o tempo de
vida das pessoas.
Não sabemos quando vamos desencarnar, por isso é necessário iniciar a missão com
urgência. Normalmente pessoas que detém grandes manifestações mediúnicas é
porque possuem resgates com muitas pessoas, e quando o tempo passa, muitas
dessas pessoas que deveriam ser ajudadas por você mediunicamente, poderão não
mais estar presentes e nem ao seu alcance.
O mais intrigante é que em todos os casos de mediunidade atrasada, a pessoa está
em franco sofrimento em algum aspecto da vida já há um bom tempo, mas não
procura a ajuda derradeira por displicência ou (principalmente) por medo.
De uma forma geral, independente da sua idade, o necessário é começar, pois se
você recebeu a informação de que está “atrasado” no cumprimento de sua missão
espiritual, é por que ainda existe tempo para concretizar ela toda ou, ao menos,
grande parte dela.
Primeiras manifestações
Normalmente, quando falamos de primeiras manifestações, referimo-nos àquelas
que acontecem no terreiro. Mas antes de chegarmos neste ponto, cabem algumas
reflexões.
Mesmo quando o médium não está com a mediunidade aflorada, pode vivenciar
experiências extremamente confusas, quando a pessoa fica sem entender certos
comportamentos.
Se pegarmos exclusivamente o caso do Pai da Umbanda, Zélio de Moraes,fica claro
que ele já vivia experiências de incorporação mesmo antes de 15/11/1908.
Relatos de minha própria família, histórias mais antigas do que a própria umbanda.
Por isso, irmão, não estranhe se o comportamento de sua entidade for parecido com
algo que você já fez. Não é a sua mente tentando imprimir uma personalidade à
entidade, mas foi a entidade que transferiu para você, por aproximação, suas
características e comportamento.
Já dentro do terreiro, as duas formas mais comuns de se propiciar uma incorporação
são: girando o médium ou pela intermediação de outra entidade incorporada.
Vamos conhecê-los melhor:
Girando o médium
Esta é a forma mais antiga de induzir uma incorporação. Uma entidade incorporada
ou um grupo delas, começa a girar o médium até que ele perca o controle sobre o
corpo físico e, dessa forma sua entidade possa assumir o controle.
Particularmente não sou muito adepta deste costume, pois não funciona para todos
e muitos ainda caem, e acabam se machucando de alguma forma. Entretanto, este
modo pode ser o mais adequado para algumas pessoas, sem a menor sombra de
dúvida. Mesmo assim, como não conseguimos distinguir qual pessoa é mais afinada
com este método, recomendo que não o utilizem, salvo raras exceções.
Intermediação de outra entidade
Neste caso, o médium se posta à frente de uma entidade incorporada, como se fosse
se consultar. A entidade, por sua vez, utiliza de métodos de energização e
aproximação do guia da pessoa. Normalmente a entidade solicita ao médium que
feche os olhos, ela pode estalar os dedos, puxar o braço, abraçar, tampar os ouvidos
da pessoa, pisar devagar no pé, ao mesmo tempo em que energiza a cabeça ou a
fronte.
Fazendo isto, o médium em desenvolvimento deve sentir alguma coisa como
mudança da energia ou da respiração, desejos como bater palmas, bater no peito,
cair de joelhos, gritar ou se curvar, entre tantos outros.
É óbvio que é necessária uma maior entrega do médium, ele deve estar calmo e com
a mente limpa, deixar-se solto e prestar atenção somente aos sentimentos. Se fizer
isso, tem grandes chances de incorporar. Ou seja, este método requer muita
participação do médium em desenvolvimento.
De forma geral, em algum momento das primeiras manifestações, o médium tem
uma incorporação firme ou forte, como preferirem. Muitos relatam a experiência
como se tivessem sido tomados por suas entidades. Mas nas experiências seguintes
isto não acontece. Por quê?
Porque no início do desenvolvimento é comum os médiuns terem dúvidas sobre a
própria mediunidade. Outros ficam reticentes quanto ao que os outros ao redor irão
pensar dele. Por este motivo, em dado momento a entidade “toma” o aparelho para
mostrar ao médium que nada daquilo é loucura.
Mas isto é uma violação do livre arbítrio, o que só pode acontecer em casos de
exceção. Mostrado isto ao médium, tudo volta a ser como era antes, cabendo ao
médium a permissão para a incorporação. Quando digo permissão, significa deixar o
corpo solto para que ele sinta a aproximação da entidade.
A etapa seguinte é executar as vontades que despertam na mente. Isto porque a
entidade em suas primeiras manifestações no terreiro assume a mente na
incorporação para controlar o aparelho. Então para a entidade levantar o braço,primeiro ela
ordena para a mente do médium. Nisso o médium não executa por
receio de ser coisa da cabeça dele.
Isto ocorre porque o médium não está acostumado a compartilhar sua mente, que é
o que efetivamente acontece em uma incorporação consciente.
Eis aqui um resumo de recomendações para o médium iniciante:
1- Prepare-se adequadamente para o dia do trabalho. Cumpra os preceitos, faça o
banho, firme suas velas, seja em casa ou no terreiro, e não crie expectativa, tente se
manter calmo.
2- Chegue cedo no terreiro e tente entrar no Congá 20 minutos antes do início dos
trabalhos. Ali faça suas orações e deixe todos os acontecimentos do dia saírem de
sua mente. Esvazie a mente para o trabalho espiritual.
3- Quando iniciar o cântico dos pontos para incorporação, mantenha os pés
levemente afastados, feche os olhos, solte os ombros e deixe a cabeça pender até
seu queixo atingir seu peito. Esta é posição da entrega total.
4- Preste atenção aos desejos de sua mente. Execute-os sem pestanejar. Se sentir
vontade de erguer o braço, faça. O mesmo vale para sentar no chão, gritar, bater no
peito, bater palmas, pular, chorar, curvar-se, ajoelhar-se ou qualquer outra vontade.
Tente fazer com espontaneidade.
5- Não ligue para o que os outros estão pensando de você. Incorporar é igual a
dançar, as pessoas não dançam por vergonha de achar que as pessoas estão vendo
que ele não sabe dançar. Mas ninguém liga! E com a incorporação acontece o
mesmo, ninguém liga.
6- Seja fiel à estas vontades, pois são a manifestação de suas entidades, por mais
estranhas que possam parecer.
7- Não copie o comportamento de outras entidades que você conhece. A
individualidade existe para todos os espíritos e seus guias também são únicos.
8- Não se apegue à modelos, como “caboclo tem que gritar e bater no peito”, “todo
preto velho se agacha”, e outros tantos modelos que existem por aí.
9- Não queira compreender ou racionalizar a incorporação. É um processo complexo
e pode levar tempo para se ajustar perfeitamente. Somente sinta e execute.
10- Não se preocupe se a incorporação não acontecer, ou, caso aconteça, dure
somente alguns segundos ou minutos. Aos poucos, através do contínuo exercício da
incorporação, elas ficaram mais estáveis.
11- Não se preocupe com o tempo que está demorando em desenvolver
plenamente, cada um tem seu tempo. Não compare com o irmão que começou junto
e desenvolveu primeiro ou ainda não desenvolveu. Existem muitas variáveis que
determinam o tempo de um desenvolvimento de cada um.
12- Não deixe que a fascinação suba à sua cabeça. Uma vez na corrente, concentre-
se.
13- Não se preocupe em estar fazendo certo ou errado, o sacerdote irá dirimir
eventuais excessos ou faltas, e o resto, o tempo se encarregará de ajustar.
14- Não queira saber o nome de suas entidades. Deixe que elas mesmas façam isso
no momento oportuno. Algumas entidades levam anos para dar seu nome, sem dizer
que isto não é impeditivo para que ela trabalhe.
15- Trate suas entidades com carinho. Nunca esqueça de levar os tributos como
bebida e fumo, que eles irão utilizar na gira. Leve mesmo sem saber se eles irão
utilizar ou não. Outro detalhe, caso você não saiba o que levar, leve o óbvio. Para
preto-velho o cachimbo. Para o caboclo, charuto, para a criança refresco e doce. E
assim por diante, mas lembre-se, sem exageros.
16- Não duvide nunca. A fé movimenta e desenvolve. A dúvida emperra e paralisa.
17- Não falte aos trabalhos de desenvolvimento. A falta do exercício contínuo pode
fazer falta, podendo até causar retrocesso no seu desenvolvimento.
Se o irmão em desenvolvimento seguir estas recomendações simples, certamente irá
galgar rapidamente os degraus da escada da mediunidade.
Outra situação frequente é o médium incorporar mas não conseguir segurar a
incorporação. Isso ocorre porque no início da incorporação o médium está
concentrado em incorporar. Logo que ela ocorre, o médium passa a prestar atenção
na incorporação ou fica fascinado por ela. Passa a duvidar ou a se perder em
devaneios, com isso reassume o controle do mental mesmo sem desejar, e,
consequentemente, “quebra” a incorporação.
Somente o exercício contínuo do desenvolvimento irá corrigir essas distorções.
Para ser um médico tem a dedicação de no mínimo 8 anos;
Para ser um engenheiro tem a dedicação de no mínimo 5 anos;
Para ser um médium não vai ser no primeiro mês que estará pronto para a
mediunidade. Até mesmo os sacerdotes estão em pleno aprendizado, pois não
conheço nenhum que diga que sabe tudo.
Como acontece uma incorporação?
Durante muito tempo, algumas doutrinas acreditavam que na incorporação, o
espírito entrava no aparelho (corpo) do médium. Hoje sabemos que não é bem
assim, mas também não descartamos essa possibilidade.
De todos os materiais que já estudei, entre eles os livros“Nos Domínios da
Mediunidade” e “Mecanismos da Mediunidade”, ambos de André Luiz, psicografados
por Chico Xavier, o trabalho que mais me causou admiração é o do Dr. Sérgio Felipe
de Oliveira, sobre a glândula pineal.
O Dr. Sérgio Felipe de Oliveira é neurocientista e acadêmico da Universidade de São
Paulo (USP), que estudou cientificamente a glândula pineal. Originalmente a glândula
pineal está localizada bem no centro de nosso cérebro e era conhecida por regular os
ciclos vitais do corpo, como o sono e a reprodução.
Ao estudar diversas pineais, entre muitas conclusões, o Dr. Sérgio verificou que havia
uma quantidade anormal de cristais em algumas delas. Verificou, a seguir, que a
pineal de médiuns atuantes possuía uma quantidade maior de cristais do que a
pineal de pessoas comuns.
Em nossa vida cotidiana, uma das maiores funções dos cristais é na transmissão e
recepção de ondas. Transmissores e receptores de TV’s e rádios tem como peça
fundamental o cristal.
A incorporação propriamente dita ocorre quando o campo espiritual de uma
entidade envolve o campo, ou ao menos a cabeça, de um médium. A partir desse
instante o espírito passa a assumir o controle do corpo físico. Comandando o sistema
nervoso central, o espírito pode controlar a fala e os movimentos, bem como a
condução de energia.
E onde a pineal se encaixa em tudo isso? A glândula pineal é a grande antena que
capta a energia do campo espiritual da entidade. Isto explica o porque de sentirmos
uma sensação de que vamos incorporar quando nossos guias se aproximam.
Todavia, o controle primário da mente continua sendo do proprietário original, ou
seja, o médium. E é exatamente por isso que precisamos nos concentrar para não
interferir no trabalho ou atuação das entidades incorporadas. Do mesmo modo que
podemos interferir na atuação do espírito, podemos romper a incorporação quando
bem desejarmos.
Por tudo isso é que dizemos que a caridade do médium é apenas permitir que a
entidade se manifeste e atue através do seu corpo, sem dúvidas e sem interferências.
Pode parecer simples, mas somente o exercício contínuo da mediunidade,
contemplado pela humildade, é que nos levará ao desenvolvimento definitivo de
nossa mediunidade.
Por fim, é costumeiro entre os médiuns de Umbanda, sentir um certo “choque”,
tanto na incorporação quanto na partida das entidades. Esse choque pode ser
seguido por tontura ou ausência, e até sensação de perder o chão, por alguns
segundos. Isso se deve ao acoplamento e desacoplamento energético do campo
espiritual da entidade junto da pineal.
Mediunidade consciente e inconsciente
Vamos definir os termos. Mediunidade consciente é quando o médium está
presente, assistindo todo o trabalho de sua entidade e, que após a desincorporação,
consegue recordar toda a atuação de seu guia.
Mediunidade inconsciente é quando, após a desincorporação, o médium não
consegue se lembrar do trabalho de sua entidade.
Coloco aqui ainda mais um estágio, a mediunidade semi-consciente, na qual, após a
desincorporação, o médium lembra, mesmo que vagamente, do trabalho de seu guia,
mas, após alguns minutos ou mesmo após uma noite de sono, toda a lembrança
desaparece.
O assunto consciência/inconsciência da mediunidade é um tema polêmico e desperta
muito o interesse dos irmãos de fé. A maioria dos médiuns se diz inconsciente, mas
este fato não é verídico.
A inconsciência é atingida normalmente por médiuns que trabalham há anos na
seara espiritual. Como se fosse uma medalha por serviços prestados.
Agora raramente um médium novo alcança a inconsciência. Isto por dois motivos: o
primeiro é que para se atingir a inconsciência é necessário confiança absoluta no
trabalho de seus protetores. Já o segundo é menos óbvio, o médium acompanha
conscientemente o trabalho de sua entidade para aprender com ela, e muitas coisas
que a entidade diz para a assistência também servem de aprendizado para o novato.
Pai Ronaldo Linares tem um exemplo didático para compreendermos parte do
mecanismo de inconsciência. Ele nos diz que começar a incorporar é como se você
nunca tivesse carro e de repente compra um carro zero quilometro. Ao passear com
ele quer mostrar a todos sua nova aquisição. Aí depara-se com uma pessoa que você
conhece muito pouco e ela te parabeniza pelo carro e de repente pede: - Posso
dirigir? Você, muito sem jeito de negar, concorda contrariado com o pedido, afinal de
contas você não sabe se ele dirige, se possui habilitação. Nos primeiros movimentos
você dirige junto com o motorista, procurando frear antecipadamente sempre que
acha necessário, ou seja, a tensão é visível. Entretanto, a cada novo pedido para
dirigir, conforme você verifica que ele é um bom motorista e que é cuidadoso com seu carro,
você começa a relaxar cada vez mais, até que um dia você até dorme no
banco do carona, tamanha é a confiança que você nele adquiriu.
As associações são óbvias. Você é o médium, o motorista é sua entidade e o carro
seu corpo físico. Este exemplo deixa bem claro como funciona o estabelecimento da
confiança entre você e seu guia, e, um dia, você irá até “dormir no banco do carona”,
que é uma alusão forte à mediunidade inconsciente.
Independente de que forma seja a sua mediunidade, nunca se esqueça de que todas
elas são salutares e que a assistência deve confiar nos médiuns de uma corrente,
independente desta condição.
Por último, quem te garante que aquele médium, cuja entidade você confia
cegamente, não era consciente? Pense nisso
Como saber se meu desenvolvimento está indo bem?
Questionamento frequente entre os médiuns em desenvolvimento.
Esta resposta pode ser obtida com uma outra pergunta: quanto você melhorou
desde o início do desenvolvimento e como você se sente?
Invariavelmente, o processo traz mudanças para a pessoa e sua vida. No início o
irmão fica fascinado pela nova experiência e não nota tão claramente o processo de
mudança interna.
Desenvolver a mediunidade é, acima de tudo, uma viagem ao centro de si mesmo.
Coloca você de frente com mágoas do passado, vergonhas, frustrações e medos. É
um processo de purificação.
Entretanto, se o filho de fé realmente despertar a consciência de que nunca andou
sozinho, e, por mais que não soubesse ou não se sentisse assim, sempre gozou da
orientação e da proteção de seus guias, este processo torna-se mais viável.
É sempre mais fácil superar obstáculos apoiado pelos amigos e entes queridos, não?
É claro que sim. Então, vamos nos deparar com nossos medos, mas sabemos que
estamos muito bem acompanhados para superar as situações negativas.
Um bom exemplo sobre o desenvolvimento é que desenvolver a mediunidade é
como remover um enxame de abelhas de dentro da sua casa. Você vê ele crescendo
dia a dia e todo dia você pensa: “preciso tirar isso daí”, mas não faz nada. Até que um
dia o enxame termina de se formar e as abelhas já começam a passear pela casa,
causando desconforto. Só neste instante você decide removê-lo. É complicado, as
abelhas ficam doidas, sua família tem que deixar a casa por algumas horas, você leva
algumas picadas, mas enfim se liberta do tormento.
Podemos associar o exemplo das abelhas ao da mediunidade. Você sabe que detém
mediunidade, sabe que deve desenvolver, mas protela. Protela até que apareça uma
doença sem diagnóstico ou quando as coisas do dia a dia passam a não dar mais
certo. Só neste momento você vai atrás de auxílio e inicia o desenvolvimento.
Desenvolver a mediunidade é como “remover o enxame de dentro de nós”. Não é
igual para todos, uns desenvolvem mais rápido, outros nem tanto. Alguns podem
demorar mais no processo de purificação, outros no desenvolvimento da confiança e
outros não vão ter a mediunidade de incorporação.
Eis alguns sentimentos que o iniciante pode ou não sentir: euforia, fascinação, medo,
vergonha, sentimento de inferioridade, ceticismo, dúvida e confusão mental,
sensação de que a vida ficou mais difícil, entre outros.
Cada etapa da abertura da mediunidade é única, trará sentimentos positivos ou
negativos, ou ambos ao mesmo tempo. A melhor sensação que o iniciante pode teré
a de constante movimento, mudança contínua.
Toda mudança tem aspectos bons e ruins, mas independente da qual você sinta,
garanto que todos são necessários. Principalmente os ruins, pois o homem só
aprende verdadeiramente passando por uma situação desagradável, o que indicará
que ele não mais deseja passar por aquilo.
Sendo assim, todos aqueles sentimentos listados anteriormente são necessários,
cumpra cada etapa com amor. Lembre-se de que a natureza não queima etapas e
assim também deve ser a sua vida, sem queimar etapas.
Para saber se seu desenvolvimento está indo bem, basta prestar atenção a si mesmo
e aos fenômenos espirituais que o cercam. Não existe uma resposta clara, pois essa
pergunta se repete a cada etapa do desenvolvimento. Então o que pauta é
verdadeiramente a mudança contínua, mesmo que não seja o que você espera.
Entretanto, elencamos aqui algumas referências. Se você possuir três ou mais dos
atributos abaixo pode indicar com certa confiança de que você está no caminho da
boa mediunidade.
- aumento da percepção espiritual;
- medo de que a entidade cometa erros;
- sentimento de leveza e felicidade após os trabalhos;
- desenvolvimento de amor pelas próprias entidades;
- saúde física, mental e espiritual equilibradas;
- abertura da consciência para coisas simples;
- bom humor e alegria de viver;
- alegria em servir.
Por fim, lembro que a melhor pessoa para avaliar seu desenvolvimento mediúnico é
seu pai de santo ou quem assim faça suas giras de desenvolvimento. Ele poderá (e
deverá) lhe indicar seus atrasos e progressos de forma construtiva. É dele a obrigação
de orientar o irmão iniciante.
Como saber quando estou pronto para o atendimento?
Existem terreiros onde a doutrina aplicada é extremamente severa. Nestes locais,
tanto o médium quanto suas entidades passam por provas antes que o médium seja
liberado para o atendimento.
Essas provas resumem-se na capacidade da entidade falar com clareza, da entidade
informar seu nome, sua linha de trabalho e Orixá correspondente, além de riscar seu
ponto específico (ponto riscado). Isto é feito para avaliar a firmeza do médium.
Em outras doutrinas, após o dirigente confiar nas entidades do médium, ambos
também são provados, mas em situações diferentes. O médium terá sua humildade,
caridade e capacidade de viver em comunidade de maneira harmônica. Além disso o
médium pode ser tentado em situações negativas para avaliar seu compromisso com
a Umbanda.
Já as entidades são testadas com situações que somente as entidades podem
superar, tais quais andar no fogo, transpassar agulhas no corpo do médium, oferecer
três líquidos transparentes e pedir que a entidade indique o que é cada um, sem
provar ou tocá-los.
Esses métodos podem parecer cruéis para muitos, mas garantiam que os médiuns de
atendimento fossem dotados de todas as qualidades necessárias para o ato.
Mais uma vez digo que quem melhor pode indicar se você está preparado ou não é o
dirigente da casa, ou o orientador do desenvolvimento mediúnico. Porém também
existem indícios que mostram se você já está pronto.
- Firmeza da entidade
Capacidade de sustentar a incorporação, mesmo que a entidade não preste
atendimento. No caso, sustentar equivale à entidade permanecer com todas as suas
características em tempo integral.
- Equilíbrio emocional
Lembrando sempre que o sentimento do médium afeta a incorporação, direta e
indiretamente, e a capacidade do médium de manter o equilíbrio, não importa o que
aconteça. Não deixar que coisas boas atrapalhem a vibração e muito menos permitir
que coisas ruins derrubem sua vibração.
- Capacidade de descarrego
É a capacidade de encerrar um trabalho espiritual de forma a permitir que a própria
entidade remova toda a negatividade presente no médium. Desta forma ele pode
sair do trabalho sempre melhor do que entrou.
Estar em comunhão com suas entidades
Reconhecer a presença de suas entidades, saber distinguir quando são suas
entidades colocando pensamento na sua cabeça em detrimento de outras. Alguns
poucos começam a desenvolver audiência e vidência espiritual.
- Verificar se as pessoas que estão se consultando, estão alcançando a graça
Em nosso terreiro os médiuns em desenvolvimentos começam a dar atendimento
aos filhos de branco, assim podemos entre a corrente ajustar certos aspectos do
médium. Pois o próprio médium iniciante quando se depara com os consulentes
acabam passando por um certo nervosismo para não errar, e quando se trata de
pessoas já da base do terreiro o atendimento se torna um pouco mais fácil assim o
próprio médium consegue fazer uma alto avaliação dos atendimentos.
Mistificação, Animismo e Vaidade
Mistificação
A palavra mistificação tem por significado o ato de enganar ou induzir alguém a crer
em uma mentira, farsa.
Só pelo significado da palavra já podemos perceber o seu significado na Umbanda.
Mistificar na Umbanda é o ato de fingir estar incorporado ou de falar em nome de
uma entidade espiritual de forma negativa e proposital.
É por mim considerado o maior erro que um umbandista pode cometer contra si
mesmo e contra a espiritualidade.
Fingir estar incorporado é usar indevidamente e sem autorização o nome de uma
entidade. Isto acarreta prejuízos para a entidade, para o médium e para a Umbanda.
Para a entidade e para a Umbanda, porque a pessoa, fingindo ser quem não é, acaba
falando coisas e sugerindo receitas para a consulência, que, além de não alcançar seu
objetivo, pode prejudicar gravemente a pessoa consultada, denegrindo assim a
imagem da entidade, induzindo o irmão a acreditar que todos os espíritos atuantes
na Umbanda são uma farsa.
Agora para si mesmo, pois, ao usurpar o nome de uma entidade, o falsário autoriza a
cobrança carmática espiritual. Dá um passe livre para que a entidade ofendida cobre
uma reparação. E então a coisa se complica.
Gostaria de salientar que mistificação não é apenas fingir uma incorporação, mas
colocar palavras na boca da entidade, ou seja, mentiras, o que também induz as
pessoas ao erro, portanto, também é mistificação.
Rogo aos irmãos que nunca pratiquem tal ato e mesmo mantenham-se longe de
pessoas que praticam este mal.
Seja verdadeiro para com a espiritualidade para que a espiritualidade seja verdadeira
com você.
Animismo
Na Umbanda, animismo é o ato do médium de interferir ou de se sobrepor à atuação
da entidade, raramente é proposital e não tem o objetivo de fazer o mal.
Infelizmente este tema é muito frequente nos terreiros de Umbanda e normalmente
é praticado por pessoas emocionalmente frágeis ou que possuam a necessidade de
se auto afirmarem, por euforia ou insegurança.
Como já dissemos antes, a maioria dos médiuns é consciente, ou seja, assiste a todo
o atendimento de sua entidade. Por este motivo, muitas vezes, o médium “atropela”
a entidade.
Existem os médiuns que querem ajudar as entidades. A entidade tenta falar “Você
precisa tomar um banho de ervas”, e o médium tenta “melhorar”: “Você precisa
tomar um banho com sete ervas”. O “sete” é por conta do médium, a entidade não
queria dizer isso.
“Entidade” que pergunta as horas para o cambone ou assistência. O plano espiritual
não é dotado de tempo, uma entidade dificilmente perguntará as horas.
O médium brigou com a namorada. Quando incorpora, sua “entidade” chama a
namorada para chamar-lhe a atenção. Meu Deus, a espiritualidade não está
preocupada com briguinhas domésticas.
A “entidade” pede para o consulente tomar um analgésico e fala até o nome do
medicamento. Prefiro nem comentar.
E, infelizmente, esses e outros casos de animismo povoam muitos terreiros por aí.
Os médiuns de uma vez por todas devem entender que as entidades não estão nem
aí para a sua caminhada terrena, a não ser aquela que diz respeito à sua missão ou
evolução. Entidade não toma partido de seus problemas, quem tem a obrigação de
resolvê-los é você, médium.
As entidades não faltam com o respeito, não bebem demasiadamente, não
perguntam as horas, não falam nomes de medicamentos, não querem aparecer mais
do que as outras entidades.
Isto é coisa de médium desequilibrado,carente, eufórico, sem noção de ridículo e
sem nenhuma gota de respeito para com as entidades.
É assim que você trata seus melhores amigos? Creio que não. Ame e respeite seus
guias e protetores de todo o seu coração. Lembre-se do amor incondicional, ele
também deve ser aplicado às suas entidades.
Soube de histórias que teve pessoas que falaram da
umbanda como “Umbanda é circo de pobre”. E quando me deparo com cenas de
mistificação ou animismo, sou obrigado a concordar com elas.
Lembremos sempre as palavras do Caboclo Mirim, de Benjamim Figueiredo:
“Umbanda é uma religião séria, para pessoas sérias”.
Cuidados com a vaidade
Não existe para o umbandista, um mal maior e mais destrutivo do que a vaidade.
Este tema é amplamente abordado na Umbanda desde o início, até mesmo pelo
próprio Caboclo das Sete Encruzilhadas.
Tem como palavras semelhantes ou correlatas a soberba, a arrogância e o orgulho
excessivo. Lembremos que orgulho é um dos sete pecados capitais.
A vaidade se interpõe diretamente contra a humildade, e como já sabemos, a
humildade é uma das bases de nossa religião.
Infelizmente a vaidade ainda é encontrada com muita frequência nos terreiros de
Umbanda, tanto por praticantes, médiuns e até mesmo sacerdotes. Existe um ditado
que diz: “Subir é difícil, mas cair é extremamente fácil”.
Em minha caminhada de umbandista, já vi casos de pessoas que se perderam tanto
dentro da vaidade, do ego que não lhe restou nada, somente o orgulho e uma grande
depressão.
A vaidade começa com um sentimento bom, de alegria, de orgulho saudável e de
confiança. Até aí isto é muito bom, mas, como isto se torna vaidade? Simples,
quando deixamos a felicidade se tornar rotina, quando o orgulho se torna excessivo e
quando a confiança se torna indisciplina.
Então o praticante que é mais velho da casa começa a ignorar os mais novos; o
médium cuja entidade alcança muitos resultados para a assistência passa a se sentir
uma celebridade dentro do terreiro; quando o novato, por ter lido alguns livros,
sente-se no direito de afrontar os mais experientes, ou quando o irmão de fé
despreza os fundamentos da religião, tais como o respeito ao sagrado, preceitos e
até mesmo quando perdem a educação com os outros.
Não importa qual seja o exemplo, tenho certeza que até mesmo o leitor poderia dar
muitos exemplos de vaidade, entretanto o que mais preocupa são as manifestações
de vaidade daqueles que trabalham mediunicamente.
O médium que se enche de orgulho e vaidade pelo trabalho desempenhado pelas
entidades que se manifestam através dele, assemelha-se ao ladrão, ao usurpador
que rouba ou lança mão daquilo que não lhe pertence. Sentem-se supermédiuns e
acabam por deixar a principal condição para trabalhar na Umbanda.
Tenho consciência de que nenhum de nós foi ensinado a receber elogios,
aprendemos a nos preparar para os percalços da vida, mas nunca para receber coisas
boas. Então, quando o guia do médium começa a alcançar diversas graças para os
consulentes, é muito comum que todos venham até você dizer como o “seu”
trabalho foi importante para elas, de como a “sua” entidade prestou auxílio e de
como “você” é importante para a vida delas.
Nas sentenças acima temos duas situações a destacar. A primeira com relação ao que
dissemos, não sabemos o que fazer quando recebemos um elogio e ficamos, dessa
forma, anestesiados e sem saber o que dizer. Digo a você irmão, caso o elogio lhe
caiba, sorria, agradeça e abençoe a pessoa que te elogia.
Mas o contrário nos leva à nossa segunda situação. O ELOGIO NÃO CABE À VOCÊ.
QUEM TRABALHOU FOI A ENTIDADE QUE SE MANIFESTA ATRAVÉS DE VOCÊ, OU
SEJA, O ELOGIO É PARA OUTRA PESSOA! NÓS MÉDIUNS SOMOS UM INSTRUMENTO
DE TRABALHO DA ESPIRITUALIDADE!
Quando então você receber um elogio que você sabe que não é seu, agradeça a
atenção e comunique a pessoa que quem merece o elogio não é você, e sim seu guia.
E que ela pode cair de joelhos ao lado da cama e agradecer, pois a gratidão terá
chegado ao guia da mesma forma.
A pior parte da vaidade é o de como ela rebaixa a vibração do Umbandista (nós já
havíamos debatido isso no item “Os Sete Pecados Capitais”). Sem esquecer que
baixas vibrações são um convite e uma porta escancarada à espiritualidade inferior. E
a todos os irmãos que se perpetrarem nessas práticas, uma cobrança cármica
gigantesca se estabelece, e, se não houver reparação durante a vida, um destino
terrível se apresentará após o desencarne.
A falta de compreensão de coisas simples leva a todas as distorções que vemos nos
terreiros de Umbanda. O próprio Chico Xavier, quando recebia elogios deste tipo,
dizia: “Não me agradeça, pois eu sou somente o carteiro. Eu não escrevo as
mensagens, apenas as entrego”.
Devemos ainda ressaltar que os grandes nomes da espiritualidade através da história
deixaram exemplos riquíssimos de simplicidade e humildade. Podemos citar Sidarta
Gautama (Buda), Confúcio, Jesus, São Francisco de Assis, no passado, e mais
contemporâneo, Gandhi, Madre Teresa de Calcutá, Irmã Dulce, Dalai Lama e Chico
Xavier. Todos eles carregaram missões espirituais extremamente difíceis de serem
cumpridas. E também provaram que seria impossível alcançar os objetivos que eles
alcançaram se não fosse pela humildade e pela caridade.
Agora pergunto a você filho da fé umbandista, você ainda duvida da necessidade da
humildade na nossa caminhada? Você ainda ignora o poder da humildade e da
caridade? Sinceramente espero que não. Pelo seu bem e pelo bem da nossa
Umbanda.
A caridade e a responsabilidade do médium
Dentro da minha experiência na Umbanda, escutei diversos umbandistas por
inúmeras vezes dizer: “Já pratiquei minha caridade de hoje”. Isso sempre era repetido após
o encerramento dos trabalhos no terreiro. Porém, eu me perguntava,
se não sou eu quem trabalha, se foi meu guia quem fez todo o trabalho, qual a minha
caridade nisso?
A nossa caridade foi em emprestar nossa matéria para um guia praticar a caridade.
Essa confusão é extremamente comum entre os filhos de fé, mas precisamos
entender de uma vez por todas, que a caridade daquele que professa a Umbanda
deve ser contínua, em todos os dias da vida e não somente dentro do terreiro.
Justamente pelo que acabamos de destacar, no terreiro, quem faz a caridade são as
entidades espirituais, cabendo a nós um papel menor, de simples instrumentos que
colaboram sim com a caridade, entretanto não somos os protagonistas.
Caridade é uma coisa muito grande, e que jamais deve ser utilizada apenas em alguns
momentos de nossa vida. A caridade deve existir dentro da nossa família, no
exercício de nossa profissão, no contato com nossos amigos, mas principalmente
devera ser endereçada aos desconhecidos e àqueles que mais precisam do nosso
auxilio e entendimento.
O motivo disso é muito simples, prestar caridade para uma pessoa querida não é
caridade, é obrigação e mesmo um ato prazeroso. Agora, quando nos dedicamos a
pessoas que não conhecemos, doentes, seres desprovidos de recurso material,
desesperançadas e colocamos todo nosso amor com o objetivo de auxiliar ou, ao
menos, aliviar o fardo, mesmo que temporariamente, estamos praticando a
verdadeira caridade pregada pelos mestres da humanidade.
Você deve estar se perguntando, porque vou ao terreiro então?
Vamos ao terreiro para servir de intermediários, de mediadores, de elos de ligação
entre a assistência e os espíritos manifestados na Umbanda. Isto, não importa qual
sua função dentro da casa espiritual.
Se você é um trabalhador da casa, deverá praticar a caridade de deixar a casa sempre
pronta e em condições de ser utilizada por todos que ocuparão o local sagrado. Se
você é cambone deverá prestar a caridade de cumprir os preceitos preparatórios
para que bem possa servir às entidades espirituais. Lembre-se cambone que sua
energia também servirá de matéria prima para as entidades manifestantes, deverá
ainda ter a caridade de servir com humildade e simplicidade, tanto as entidades
quanto aos irmãos e à assistência do terreiro.
Agora, se você é médium de atendimento, a sua caridade e a sua responsabilidade
estãoligadas, porque você tem a incumbência de auxiliar os outros trabalhadores da
casa, além de deixar seu corpo físico, mental e espiritual, plenamente preparados e
purificados para que as entidades espirituais possam utilizá-los com plena força.
Mesmo você não sendo o protagonista, sem o seu trabalho é impossível que a trama
se desenrole.
Faço um apelo a todos os médiuns, que compreendam que, da mesma forma que a
caridade deve ser praticada em todos os dias de sua vida, também a preparação, o
preceito, deverão ocorrer com a mesma frequência.
É impossível conceber que uma pessoa desonesta, invejosa, maledicente e que não
tenha nenhuma preocupação com o próximo, possa em apenas 24 horas se purificar
e se considerar preparada para os trabalhos espirituais.
Lembro ainda aos médiuns que fora toda a preparação, é necessária a rigorosa
frequência aos trabalhos, senso de fraternidade, tolerância e, claro, a humildade.
Para que se tenha uma plena visão da imagem formada por um quebra-cabeça, é
imprescindível que todas as peças estejam presentes e no seu local adequado. Da
mesma forma, não é admissível a um médium faltar com qualquer um dos atributos
acima descritos. Faltar com eles, seria faltar com a caridade.
Para quem entende um pouco de música, sabe a necessidade e a dificuldade de se
ter um instrumento afinado, bem ajustado às necessidades do músico. Todo médium
deve compreender que é um instrumento da espiritualidade e, sendo assim, tem a
obrigação, a responsabilidade e a caridade de manter esse instrumento muito bem
afinado.
Mediunidade é para sempre?
Sim, a mediunidade é para sempre.
Essa pergunta é muito frequente entre os iniciantes na Umbanda. E a resposta que
posso dar, é que a mediunidade se estenderá por toda sua vida encarnada, porém,
poderá sofrer alterações no decorrer dos anos.
Quando jovens, temos força física e vitalidade, mas pouco conhecimento e
entendimento sobre o Sagrado. Isso pode levar a muitas experiências desagradáveis
ou a não viver a plenitude da religião, dadas as diversas distrações comuns da idade.
Como já sugeri antes, sou partidário da ideia de que o jovem deva curtir sua
juventude, formar-se, iniciar sua profissão, viver suas experiências para somente
depois iniciar sua caminhada mediúnica.
É fato que as exceções existem e que podemos encontrar jovens devotados, ou
mesmo que não consigam esperar pelo desenvolvimento mediúnico; em ambos os
casos a Umbanda sempre terá suas portas abertas.
A maturidade é o melhor momento para se viver a mediunidade. A pessoa já possui
experiência, já se desprendeu das ilusões da juventude e assume as
responsabilidades do terreiro com mais firmeza e dedicação, e, por fim, não se deixa
levar com tanta facilidade pela vaidade ou pelas graças alcançadas pelas entidades
que se manifestam através de si. Veja irmão que utilizei o termo maturidade e não
idade adulta, pois a maturidade não está diretamente relacionada a quantos anos você tem.
Você pode ter 50 anos e ainda não ter atingido a maturidade, assim como
pode ter 22 sendo plenamente maduro e responsável.
Idade não é sinônimo de sabedoria. Não basta trabalhar mediunicamente por muitos
anos de forma inadequada e sem coerência. Também de nada vale o passar dos anos
sem que haja aprimoramento, pois, como já falamos antes, o desenvolvimento
mediúnico é para sempre. Então a prática das virtudes espirituais e o estudo
contínuo, além da pratica mediúnica, deverão acompanhar o médium por toda a sua
vida.
Já, quanto maior o tempo do correto exercício da mediunidade, novos aspectos da
espiritualidade se abrirão. A percepção espiritual, a sensibilidade energética e a
comunhão com os guias e protetores se tornam mais intensas, de forma que a
pessoa passa a viver e a exercitar a mediunidade mesmo fora do ambiente do
terreiro.
Mesmo quando o corpo físico já tiver suas limitações e a prática da incorporação for
impossível, a mediunidade poderá gerar seus frutos no médium.
Voltando ao exemplo do instrumento musical, a prática mediúnica requer constante
manutenção e exercício, para que este instrumento não emita apenas notas ou
acordes simples, mas que seja capaz de reproduzir obras muito mais complexas.
Firmeza de cabeça
Quando iniciei meus trabalhos na Umbanda, sempre ouvia: “Firma a cabeça, meu
filho!”. Mas essa expressão era tão largamente utilizada que tive muita dificuldade
em captar a ideia do que seria “firmar a cabeça”.
Essa diversidade que a sentença abrange gera muita confusão na cabeça dos filhos de
fé, de forma que, quando se pergunta o que é firmar a cabeça, ninguém consegue
colocar em palavras que se entendam.
Vamos dar uma olhada em algumas situações nas quais se pedem para firmar
cabeça:
- Quando o filho está desatento ao trabalho espiritual;
- Quando alguém da assistência está “espiritando” (quase incorporando);
- Quando estamos desenvolvendo a mediunidade;
- Quando o filho esquece de cumprir alguma tarefa solicitada pelas entidades;
- Quando o cambone esquece ou erra o atendimento à uma entidade;
- Quando um filho de fé se desvia do caminho da humildade e da caridade;
- Entre tantas outras.
De uma forma geral, qualquer erro cometido pela pessoa, seja no terreiro, em sua
vida particular ou em qualquer outro âmbito, é passível de se pedir para firmar a
cabeça.
Mas então, o que é firmar a cabeça?
Firmar a cabeça é se entregar para a espiritualidade, comungando seus
pensamentos, atos e palavras, concentrando-se somente na espiritualidade e na sua
orientação.
Agora que você já sabe o que é, releia as sentenças acima, aquelas em que dissemos
que se aplica o firmar a cabeça. Ficou mais claro agora?
Parece simples, mas não é.
Concentrar-se na espiritualidade é um exercício duro e leva muito tempo até que
alguém possa dizer que está plenamente sintonizada com a espiritualidade superior.
Tal qual o desenvolvimento mediúnico, firmar a cabeça é um exercício contínuo e
para sempre. Até por isso esses dois fundamentos da Umbanda caminham juntos,
quanto maior a firmeza de cabeça de um médium, mais bela é sua mediunidade. A
sentença “médium firme” também é uma alusão à firmeza de cabeça.
O termo “firma a cabeça” também pode ser entendida como “presta atenção”. Como
se pedissem para que você dê mais atenção ao que a espiritualidade superior está lhe
intuindo.
O que esperar de um médium com a cabeça firmada?
- Respeito e dedicação ao Sagrado;
- Guias incorporando em plena força, sem interrupções;
- Saber a hora e o local de incorporar as entidades;
- Saber que sentir a energia dos guias não significa que eles queiram incorporar;
- Sentir a atuação da espiritualidade mesmo fora do terreiro;
- Tender sempre às virtudes que aos erros;
- Distinguir claramente uma energia boa de uma energia ruim.
Por último, quero acrescentar uma nova visão à firmeza.
Firmeza de cabeça é estar alerta ao mundo invisível que nos cerca, nunca deixando
brechas nem passagens para a espiritualidade inferior. É não dar chance e nem
espaço para que nenhum obsessor possa tomar conta de nossa cabeça.
A Umbanda é para os “fortes”
.
Quando dizemos que a Umbanda é para os “fortes”, não significa que não seja para
os fracos.
A Umbanda sempre foi, é e será uma religião que está acessível a todos que desejem
praticar seus fundamentos, ou simplesmente desejem alcançar a cura e a libertação
dos problemas espirituais. Entretanto, uma vez que assumimos uma postura perante
à Umbanda, perante ao Exército da Lei, da Luz e da Justiça, também assumimos a
espiritualidade inferior e negativa como inimigos.
Desse momento em diante, passamos a receber demandas constantemente em
nossas vidas, visando a perda da nossa fé e, consequentemente, o abandono da religião.
Pois não interessa para eles que os soldados da Umbanda estejam firmes, o
desejo deles é dizimar este exército, soldado por soldado.
Isto posto, fica clara a necessidade da vigilância contínua, da coragem sem limites, da
devoção à espiritualidade superior e de uma fé inabalável. E é sobre esta força que
me refiro.
Não há o que se temer ao abraçar a Umbanda, mas há que se ter a confiançae
firmeza para não se distrair e se perder do caminho. Uma vez a sós, somos presa fácil
para obsessores.
Entretanto, mesmo diante de tantas dificuldades, a sensação de plenitude gerada
pela alegria de um irmão que recebeu uma graça, faz valer a pena toda e qualquer
dificuldade. Saber que pudemos fazer a diferença na vida de alguém, mesmo como
personagens secundários, é algo que eleva, traz gratidão, alegria, e dá à nossa vida o
sentido que procuramos por muito tempo.
Toda esta satisfação advém do cumprimento de nossa missão, sempre nos
sentiremos felizes ao cumprir aquilo que assumimos antes mesmo de reencarnar.
Então, nossa vitória é dupla, cumprimos a nossa missão espiritual com a alegria do
bem servir.
Irmãos, sejamos fortes, oremos e vigiemos sempre. Que em nossa mente, espírito e
coração possamos fazer brotar o poder de Deus e de todos os Orixás, bem como a
força de nossos guias e protetores.
Avante filhos de Umbanda! Axé!!!

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