Prévia do material em texto
primeira lição da espiritualidade é “NÃO EXISTEM COINCIDÊNCIAS”. Se você chegou à Umbanda, se manifestou o desejo de aprender e se você está aqui neste momento, nada disso é coincidência. HISTÓRIA DA UMBANDA O que é Umbanda? É muito comum os filhos de fé não conhecerem a resposta para esta pergunta tão simples. Segundo o Caboclo das Sete Encruzilhadas, entidade que instituiu a religião, Umbanda é a manifestação do espírito para a caridade. Caso deseje uma explicação técnica, podemos dizer que: Umbanda é uma religião espiritualista, ritmada, ritualizada, de origem euro-afro- brasileira. É uma religião espiritualista por se comunicar com espíritos; É ritmada, pelo som de atabaques para o desenvolvimento dos trabalhos; É ritualizada por adotar procedimentos e ritos próprios para seus cultos; Tem origem europeia por partilhar os ensinamentos da doutrina espírita de Allan Kardec que era francês; africana, pois cultua divindades dessa origem e os tambores sempre soaram na África; e, brasileira, por ter como elementos o índio brasileiro (caboclo) e o negro escravizado (preto-velho). A Umbanda acredita em diversos deuses? A Umbanda acredita no Deus único, criador de todas as coisas, onipotente (tem poder sobre tudo), onipresente (está em todos os lugares) e onisciente (sabe de tudo). Vale a pena lembrar que, mesmo na África, acreditava-se também em um Deus único, que estaria mesmo acima de todos os Orixás. Zâmbi, Olorum eram alguns dos nomes que lhe eram dados, sendo esta nomenclatura diferente de acordo com o dialeto e região do continente africano. A Umbanda é cristã? Sim, pois recebe como herança influência da Igreja Católica através de preces e do sincretismo religioso. As entidades incorporadas frequentemente recorrem à presença de Jesus Cristo "Oxalá, e, também, por partilharmos a crença no Evangelho e nas regras de ouro deixadas pelo Mestre Jesus: “Amai a Deus sobre todas as coisas”; e, “Amai a teu próximo como a ti mesmo”. Zélio de Moraes e a fundação da Umbanda Em 10 de abril de 1891 nasce, no distrito das Neves, Município de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, Zélio Fernandino de Moraes. Filho de Joaquim Fernandino Costa e Leonor de Moraes. Em 1908, o jovem Zélio, então com dezessete anos, havia concluído o ensino médio e preparava-se para ingressar na Escola Naval, visando seguir a carreira na Marinha. Entretanto, nesta mesma época, começou a apresentar estranho comportamento que muito preocupava seus pais. Por vezes arqueava o corpo e falava com um sotaque muito diferente do normal, parecendo um ancião. Em outras assumia uma postura leve e rápida, com olhar firme, parecendo conhecer todos os segredos da natureza. A preocupação de seus pais aumentava conforme os “ataques” se tornavam frequentes e quanto mais próxima se tornava a data de Zélio iniciar na escola da Marinha. Chamaram assim o Dr. Epaminondas de Moraes, tio de Zélio e diretor do Hospício de Vargem Grande. O Dr. Epaminondas, após dias de observação, devolveu o rapaz à família dizendo que loucura não se enquadrava com aquilo que o molestava. Indicou que o levassem até um padre, pois o caso parecia mais ser de possessão. A família Moraes também dispunha de um padre católico e, assim, outro tio de Zélio foi chamado para vê-lo. Depois de observá-lo, decidiu fazer um exorcismo, mas sem sucesso. Tentou oexorcismo uma segunda vez, mas não atingiu êxito. Uma terceira tentativa foi feita, agora com vários sacerdotes, porém as manifestações continuavam, apesar de tudo. Depois de algum tempo, Zélio começou a sofrer de certa paralisia, o que o deixou acamado por certo período. Em um determinado dia, sentou-se na cama e disse: “Amanhã estarei curado”. E, no dia seguinte, levantou-se e caminhou normalmente, são e salvo, como se nada tivesse acontecido. Depois disso, sua mãe o levou a uma curandeira muito conhecida na região, Dona Cândida, que incorporava o espírito de um preto-velho chamado Tio Antônio. Esta entidade conversou com Zélio e, após suas rezas, revelou que ele possuía o dom da mediunidade e que deveria trabalhar para a caridade. O pai de Zélio, apesar de não ser espírita, alimentava grande simpatia pela doutrina de Alan Kardec. Assim, no dia 15 de novembro, decide levá-lo ao município vizinho, na Federação Espírita de Niterói. Lá chegando foram recebidos pelo presidente daquela entidade, Sr. José de Souza, que imediatamente conduziu Zélio até a mesa de trabalho. Instantes depois, Zélio levantou-se e, tomado por força alheia à sua vontade, disse: “Aqui está faltando uma flor”; e dirigiu-se imediatamente ao jardim, de onde voltou com uma flor, que ajeitou criteriosamente no centro da mesa. Isso causou um grande tumulto entre os presentes, principalmente porque, enquanto isso acontecia, surpreendentes manifestações de caboclos e pretos-velhos aconteciam no recinto. O Sr. José de Souza, médium vidente, interpelou o espírito manifestado no jovem Zélio e, aproximadamente, foi este o diálogo ocorrido: José de Souza: Quem é você que ocupa o corpo deste jovem? O espírito: Sou apenas um caboclo brasileiro. José de Souza: Você se identifica como caboclo, mas vejo em você restos de vestes clericais. O Espírito: O que você vê em mim são vestes de uma existência anterior. Fui padre, meu nome era Gabriel Malagrida, e, acusado de bruxaria, fui sacrificado na fogueira da Inquisição, por ter previsto o terremoto que destruiu Lisboa em 1775. Mas em minha última existência física, Deus me concedeu o privilégio de ser um caboclo brasileiro. José de Souza: E qual é o seu nome? O Espírito: Se é preciso que eu tenha um nome, digam que sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, pois para mim não haverão caminhos fechados. Venho trazer a Umbanda, uma religião que harmonizará as famílias e perdurará até o fim dos tempos. No desenrolar dessa “entrevista” José de Souza, entre outras perguntas, interrogou se já não bastavam as religiões existentes, fazendo menção ao Espiritismo, então praticado, e foram estas as palavras do Caboclo das Sete Encruzilhadas: Deus, em sua infinita bondade, estabeleceu na morte o grande nivelador universal. Rico ou pobre, poderoso ou humilde, todos se tornaram iguais na morte. Mas vocês, homens preconceituosos, não contentes em estabelecer diferenças entre os vivos, procuram levar essas mesmas diferenças até mesmo além da barreira da morte. Por que não podem nos visitar esses humildes trabalhadores do espaço, se apesar de não haverem sido pessoas importantes na Terra, também trazem importantes mensagens do além? Por que o não aos Caboclos e Pretos-Velhos? Acaso não foram eles filhos do mesmo Deus? A seguir fez uma série de revelações sobre o que estava à espera da humanidade. Este mundo de iniquidades mais uma vez será varrido pela dor, pela ambição do homem e pelo desrespeito às leis divinas. As mulheres perderão a honra e a vergonha, e o vil metal comprará caráteres e o próprio homem se tornará efeminado. Uma onda de sangue varrerá a Europa e quando todos pensarem que o pior já foi atingido, uma outra onda, muito pior do que a primeira, voltará a envolver a humanidade e um único engenho militar será capaz de destruir, em segundos, milhares de pessoas. O homem será uma vítima de sua própria máquina de destruição. Amanhã, na casa onde o meu aparelho mora, haverá uma mesa posta a toda e qualquer entidade que queira se manifestar, independente daquilo que haja sido em vida, todos serão ouvidos e nós aprenderemos com aqueles espíritos que souberem mais, ensinaremos àqueles que souberem menos e a nenhum viraremos as costas nem diremos não, pois esta é a vontade do Pai. José de Souza: E que nome darão à essa nova igreja? O Caboclo: Tenda Nossa Senhora da Piedade, pois da mesma forma que Maria amparou nos braços o filho querido, também serão amparados aqueles que se socorrerem da Umbanda. A denominação “Tenda” foi assim justificada pelo Caboclo: Igreja, Templo, Loja dão um aspecto de superioridade, enquanto tenda lembra uma casa humilde. Ao final dos trabalhos, o Caboclo das Sete Encruzilhadas pronunciou a seguinte frase: Levo daqui uma sementee vou plantá-la nas Neves, onde ela se transformará em árvore frondosa. O Sr. José de Souza fez ainda uma última pergunta: “Pensa o irmão que alguém irá assistir ao seu culto?” Ao que o Caboclo respondeu: “Cada colina de Niterói atuará como porta-voz, anunciando o culto que amanhã iniciarei”. Primeiro trabalho umbandista No dia 16 de Novembro de 1908, às 20 horas, na Rua Floriano Peixoto nº 30, no distrito das Neves, município de São Gonçalo, estado do Rio de Janeiro, na sala de jantar da família Moraes, o Caboclo baixou. Um grupo de curiosos kardecistas e dirigentes da Federação Espírita de Niterói estavam presentes para verem como seriam essas incorporações, para eles indesejáveis ou injustificáveis. Logo após a incorporação, o Caboclo foi atender um paralítico, curando-o imediatamente. Várias pessoas doentes ou perturbadas tomaram passes e algumas se disseram curadas. O diálogo do Caboclo das Sete Encruzilhadas havia provocado muita especulação e alguns médiuns, que haviam sido banidos das mesas kardecistas por haverem incorporado caboclos, crianças ou pretos-velhos, solidarizaram-se com aquele jovem que parecia não estar compreendendo o que lhe acontecia e que, de repente, via-se como líder de um grupo religioso, obra essa que só terminaria com a sua morte, mas que suas filhas Zélia de Moraes e Zilméia de Moraes prosseguiriam com o mesmo afã. O Caboclo das Sete Encruzilhadas avisou que subiria para dar passagem a outra entidade que desejava se manifestar. Zélio, então, incorpora Pai Antônio, seu preto- velho. Assim, manifestou-se o espírito do velho ex-escravo que parecia se sentir pouco à vontade em meio a tanta gente. Recusando-se a permanecer na mesa onde ocorrera a incorporação, preferia passar despercebido, humilde, curvado. Essa entidade mostrou-se tão pouco descontraída, que logo despertou um profundo sentimento de compaixão e solidariedade entre os presentes. Perguntado por que não se sentava à mesa com os demais irmãos encarnados, respondeu: Nego num senta não meu sinhô, Nego fica aqui mesmo. Isso é coisa de sinhô branco e nego tem qui arrespeitá. Era a primeira manifestação deste espírito iluminado, mas a morte que não muda ninguém, nem para o bem e nem para o mal, não havia afastado desse injustiçado, o medo que ele tantas vezes sentiu ante a prepotência do branco escravagista, e, ante a insistência dos presentes, disse: Num carece preocupa não, nego fica no toco que é lugá di nego. Procurava assim demonstrar que se contentava em ocupar um lugar mais singelo para não melindrar nenhum dos presentes. Indagado sobre seu nome, disse que era “Tonho”, um preto escravo que na senzala era chamado de Pai Antônio. Surgiu, assim, a forma de chamar os pretos-velhos de “Pai”. Perguntado sobre como havia sido a sua morte, disse que havia ido à mata apanhar lenha, sentiu alguma coisa estranha, sentou-se e nada mais lembrava. Sensibilizado com tanta humildade, alguém lhe perguntou respeitosamente: “Vovô, o senhor tem saudade de alguma coisa que deixou ficar na Terra”? E este respondeu: Minha cachimba, nego qué o pito qui deixô no toco... Manda mureque buscá. Grande espanto tomou conta dos presentes. Era a primeira vez que um espírito pedia alguma coisa de material, e a surpresa logo foi substituída pelo desejo de atender ao pedido do velhinho. Mas ninguém tinha um cachimbo para lhe ceder. Na reunião seguinte, muitos pensaram no pedido e uma porção de cachimbos, dos mais variados tipos, apareceu nas mãos dos frequentadores da casa, incluindo alguns médiuns que haviam sido afastados das mesas kardecistas, justamente porque haviam permitido a incorporação de índios, pobres ou pretos como aquele, e que, solidários, buscavam na nova casa, a Tenda Nossa Senhora da Piedade, a oportunidade que lhes fora negada em seus centros de origem. A alegria do velhinho em poder pitar novamente seu cachimbo logo seria repetida, quando os outros médiuns já mencionados também passariam livremente a permitir a presença de seus caboclos, de seus pretos-velhos e demais entidades consideradas não doutas pelos kardecistas de então, pobres tolos preconceituosos que confundiam cultura com bondade. No final desta reunião, o Caboclo ditou algumas regras para a sequência dos trabalhos, inclusive atendimento absolutamente gratuito, uso de roupas brancas e simples, sem o som de atabaques e nem palmas ritmadas, sendo os cânticos baixos e harmoniosos. A este novo culto que se estruturava nesta noite, ele denominou de Umbanda, que seria a manifestação do espírito para a caridade. É importante ressaltar que inicialmente o Caboclo chamou o novo culto de Alabanda, mas, considerando que não soava bem a sua vibração, substituiu-o por Aumbanda, e, posteriormente, foi readaptado para Umbanda. A história se encarregou de mostrar e provar a exatidão das previsões do Caboclo das Sete Encruzilhadas. As duas guerras mundiais, as bombas atômicas lançadas em Hiroshima e Nagazaki, e a grande degeneração da moral. O poder do dinheiro e o total desrespeito à vida humana são provas incontestáveis do poder de clarividência do Caboclo das Sete Encruzilhadas. Estrutura Física do Terreiro Todo terreiro tem uma estrutura. Uns são simples, outros mais complexos. Mas o que todo umbandista deve ter em mente é que todos os espaços físicos de um terreiro são sagrados, e, por isso, devem ser tratados com muito respeito por parte do filho de fé. É certo que alguns espaços demandam cuidados especiais e devem ser tratados como um organismo vivo, pois são responsáveis pela firmeza, equilíbrio e estabilidade energética da casa. O responsável pela manutenção e pelos cuidados especiais destes espaços é o dirigente espiritual do terreiro. Por zelar dos tributos dos Orixás, o dirigente as vezes é chamado de ‘zelador de santo’. Antes de discorrermos sobre os espaços que podem ser encontrados em um terreiro de Umbanda, é necessário discorrer brevemente sobre ‘assentamento vibratório’. Podem ser conhecidos também por ‘assentamento energético’ ou ‘assentamento cabalístico’. Assentamento vibratório é a manifestação energética emanada pelos tributos de cada Orixá. Esses tributos foram sistematicamente introduzidos no espaço físico. Podem ser enterrados ou não, porém na Umbanda, o mais usual é serem enterrados em local desconhecido dos filhos da casa, ou mesmo serem feitos em locais onde só é permitida a entrada de pessoas previamente autorizadas. Existem assentamentos de direita e de esquerda, e ambos são responsáveis pela emanação de bons fluidos para a atividade religiosa, dando forças para os espíritos que trabalham para a lei e para a luz, e minando as forças dos espíritos negativos. Os assentamentos também são responsáveis pelas forças de defesa da casa, criando uma cúpula de proteção ao redor do espaço físico ocupado pelo terreiro, impedindo que demandas ou espíritos indesejados adentrem ao terreiro. Um exemplo que podemos associar para tentarmos compreender os assentamentos, é o do gerador de energia elétrica à combustível. Em um local onde a energia elétrica não seja disponível da forma tradicional, utilizamos esses geradores. Coloca-se combustível no tanque do motor, liga-se o motor e pronto. As lâmpadas se acendem, os aparelhos funcionam, o sistema de defesa ou proteção funciona; isso para melhorar, facilitar e favorecer a vida daqueles que irão habitar e desempenhar funções naquele local. O assentamento vibratório é como um gerador no terreiro, só que de energias espirituais. Quando ligado propriamente, favorece o bom trabalho espiritual. Mas, da mesma forma que um gerador, que precisa ser alimentado com combustível, o assentamento também deverá receber ‘combustível’ periodicamente. O zelador deverá firmar velas, fazer orações e oferecer bebidas, água, frutas, produtos de fumo, flores, incensos ou qualquer outra oferta condizente com cada Orixá ou com cada doutrina. Essas ofertas, ao liberarem suas energias essenciais, reabastecerão os assentamentos de forma que continuem pulsando energias divinas. Quanto à periodicidade dessa manutenção, ela poderá sersemanal, quinzenal ou anterior a cada sessão do terreiro. Vejamos agora a descrição de alguns espaços que são encontrados em terreiros e espaços umbandistas. Congá Também conhecido por Pegi. É o altar sagrado dos Orixás. Na maioria das casas, é neste local que os Orixás recebem suas ofertas e velas. E tem costumeiramente a forma de pirâmide (triângulo), onde Oxalá sempre ocupará o ponto mais alto, logo abaixo virão mais duas imagens, a que ficar à direita de Oxalá, normalmente caracteriza o Orixá de frente (pai de cabeça) do dirigente. E a imagem que fica à esquerda de Oxalá representa o Juntó (mãe de cabeça) do sacerdote. Nas linhas inferiores do Congá são dispostos os outros Orixás, sendo que a ordem pode variar de terreiro para terreiro, pois isso é critério do dirigente espiritual da casa. Normalmente o Congá fica à frente do espaço onde são feitas as giras, e, por este motivo, o local da gira também é conhecido popularmente como Congá. O Congá possui assentamento vibratório e deverá sempre ser respeitado, e saudado como um ser vivo. Antes de adentrar pela primeira vez no dia neste local, devemos nos agachar e com as costas das mãos, fazer o sinal da cruz e repetir ‘Por Olorun, por Oxalá e por Ifá’, que vem a ser a trindade umbandista, equivalente ao ‘Pai, Filho e Espírito Santo’ da igreja católica. A esmagadora maioria das casas desenvolvem o trabalho de todas as linhas em frente ao Congá, mas existem lugares onde o trabalho dos Srs. Exus é desenvolvido em espaço diferente. Isto é definido pelo tamanho da casa, disponibilidade de espaços e o critério do dirigente espiritual. Tronqueira Local onde se encontram os assentamentos de Exu e também onde este Orixá recebe suas oferendas. Normalmente é fechado à chave, sendo que somente o dirigente e um ou outro escolhido, tem permissão para entrar neste espaço. É construído usualmente na parte da frente dos terreiros, para que Exu barre a entrada de espíritos indesejados. Em alguns terreiros, pode ser apenas a casa do Sr. Exu Tronqueira, o qual se encarrega de fazer a primeira proteção da casa e também de amarrar em seu tronco de trabalho, todos os espíritos e energias malfazejas. Neste caso, a tronqueira será uma casinha similar àquelas que abrigam imagens de santos na residência de inúmeras pessoas. A diferença principal é que quando a Tronqueira se apresenta desta forma, somente o Sr. Tronqueira recebe suas ofertas, sendo que os Exus receberão seus tributos em outro local. Mesmo neste segundo caso, a tronqueira também recebe assentamento vibratório. Em nosso chão “terreiro” nosso a direita e a esquerda ficam juntas. HIERARQUIA DE TERREIRO Assistência Também chamada consulência, são as pessoas que vão ao terreiro para se tratar e se consultar com as entidades nos trabalhos espirituais. Não possuem função nos templos de Umbanda. De branco É aquele que, depois de algum tempo na assistência, busca voluntariamente entrar para a corrente. São de estrema importância na corrente. Eles que auxiliam a assistência, levando aos médiuns água, direcionando as pessoas para seus devidos lugares. É quem cuida da organização física do local, anotações entre outras funções. Cambone (Cambono) Cambone é aquela pessoa que trabalha no centro prestando assistência aos trabalhos e aos guias, sempre estão atentos as entidades em terra para dar total assistência, acendendo charutos, traduzindo o que a assistência não compreende, fazendo as anotações de banhos, chás, orações, pontos, geralmente não incorporam. É o servidor das entidades Ajudar na preparação dos trabalhos Colocar os bancos no lugar, transportar objetos para o Congá, preparar guias para cruzamento, oferecer flores aos médiuns, enfim, estar disponível para as tarefas corriqueiras necessárias para a execução dos trabalhos. Estar a serviço da corrente Estar disposto (na medida do possível) atrás dos médiuns, alerta às possíveis necessidades deles como servir um copo d’água ou segurar o cavalo no momento da desincorporação. Servir sempre com fé. Estar a serviço das entidades Logo que as entidades que irão consultar começam a incorporar, é função do cambone servir a bebida e o pito de cada um. Além disso, devem atender às solicitações das entidades dentro das normas da casa. Também é função do cambone recolher guias para limpeza, ou seja, sempre que uma entidade deixar cair uma guia no chão, deve-se “limpar” a guia: Vai depender de doutrina mas água e sal grosso já fará o descarrego necessário e o próprio guia ira cruzar e energizar a guia. Mas lembre-se: basta apenas um pouco destes líquidos para a limpeza. O cambone sempre deve dirigir-se à uma entidade com muito respeito e pedindo licença. Muitas vezes a entidade pede ao cambone que escreva uma lista de afazeres para o consulente, esta lista deve sempre ser legível e, caso as informações fornecidas não forem claras, deve o cambone solicitar estes esclarecimentos à entidade. E como o cambone é o auxiliar em terra das entidades, é justo que guarde e zele de seus instrumentos. Por exemplo, servir a bebida correta (normalmente trazida e preparada pelo médium), servir no copo correto, lavar e guardar os objetos depois do uso, providenciar cinzeiros, recolher contas de guia caso venham a arrebentar, entre muitos outros. Estar a serviço da assistência É muito comum as pessoas que vão ao centro ter dúvidas. É obrigação dos cambones orientar quando souber, buscar a informação quando não souber, ou encaminhar à pessoa que saiba, para melhor orientar as pessoas da assistência. Mas o mais importante de tudo é que o cambone mostre vontade de aprender. O aprendizado se dá com a convivência com os mais experientes. Lembrar sempre que cambonear é servir aos outros, quer pessoas ou entidades, e para isso é necessário conhecer a todos, inclusive quais entidades possuem cada médium. O cambone não tem privilégios por estar servindo. Caso precise de uma consulta, aguardará pacientemente como o último a ser atendido. Caso por algum motivo grave não seja atendido, virá conversar com o Pai de Santo ou Dirigente Espiritual da casa, fora do dia de trabalho. E, por último, é importante registrar que o cambone não serve apenas esta ou aquela entidade, ele servirá a todas as entidades indistintamente. O comportamento adequado de um cambone durante as consultas, é circular e estar atento à qualquer necessidade das entidades ou da casa. Sabendo aproveitar, o cambone é uma das funções que oferece as maiores e melhores possibilidades de crescimento espiritual. O cambone nunca deve: - sentar-se ou encostar-se na parede, - ficar em grupos, rodinhas ou conversando, - beber, comer ou fumar sem solicitação de alguma entidade, - usar outra cor de roupa que não seja a branca, - conversar com as entidades, em detrimento da assistência, - servir bebida ou comida excessivamente às entidades, - permitir que o consulente se demore demasiadamente na consulta, - permitir que um consulente passe com mais de uma entidade, - interferir ou alterar nas informações passadas pelas entidades. Por fim, deve estar sempre disponível e de bom humor, para receber as pessoas carinhosamente, que vão ao Centro em busca de caridade. Ele é o cartão de visitas e deve buscar sempre exercer a caridade com humildade. Curimbeiro No candomblé se chama ogã pode ter diversas funções, porem na umbanda é uma das principais funções em um trabalho. Os curimbeiros e levam o ritmo dos trabalhos sendo intuídos pela espiritualidade. A vibração dos tambores com suas mãos é o que ajudam na incorporação dos médiuns principalmente os iniciantes. Os curimbeiros tem que saber alem dos toques para as entidades e orixás, pontos diversos. Ponto de chegada; Ponto de subida; Ponto de descarrego; Pontos de firmeza; Pontos de cura. Os preceitos dos curimbeiros tem que ser categóricos, pois na hora das giras, seus toques e pontos podem tanto ajudar como atrapalhar o andamento. Veremos mais sobre o assunto em ‘Ritos e Fundamentos’. Pai Pequeno (Mãe Pequena) São os grandes assistentes do dirigente espiritual. Aprendem e colaboram em todosos trabalhos que sejam de responsabilidade do pai ou mãe-de-santo, por este motivo, é desejado que tenham experiência de terreiro. Principalmente porquê será ele ou ela que, na ausência do dirigente por qualquer motivo, assumirá plenamente as funções sacerdotais, inclusive a de dirigir os trabalhos da casa. Pai de Santo / Sacerdote / Dirigente Espiritual É a pessoa que foi escolhido pela espiritualidade. Geralmente essa missão já vem de pequeno, a informação por um guia chefe do terreiro, situações que ocorrerão ao longo da vida que irão levando ao caminho de dirigir uma tenda e prestar a caridade. É imprescindível que tenha vivência de terreiro, pois ao longo dessa missão acontecerão diversas situações onde já presenciadas ficarão mais fáceis de serem resolvidas. Um pai de santo só tem que estar pronto para tal função, pois a espiritualidade se encarregará de mostrar o caminho. É o responsável principal pela condução religiosa do terreiro. Pode acumular, como acontece na maioria das casas, a função de administração material do terreiro. É a autoridade máxima. Preparação e Recomendações Mais conhecidos como ‘preceitos’, na Umbanda. Preceito é tudo aquilo que deve ser preparado antes do início de um trabalho espiritual. São necessários para o bom desempenho da atividade religiosa e obrigatórios para todos aqueles trabalhadores que adentrarão ao Congá. Também é desejado para a assistência. Existem três regras básicas fundamentais para a preparação de médiuns e cambones para os trabalhos espirituais. Devem ser obedecidos desde a meia-noite do dia de trabalho ou 24 horas antes do início dos trabalhos: - não manter relações sexuais; - não consumir drogas nem bebidas alcoólicas; - não comer carne; Estes preceitos visam “guardar” o corpo dos médiuns e cambones para as entidades que farão uso dele nos trabalhos. Primeiro em respeito aos guias que precisam de um corpo sadio e limpo, que emane boas energias. Em segundo, um corpo carregado de energias viciosas dificulta o descarrego que as entidades executam antes de partir. Banho de ervas Aproxima o guia do médium, gerando também proteção e energia. Em dias de trabalho torna a ligação do médium com o Orixá mais forte, permitindo que a entidade trabalhe em plena força. O filho de fé deve observar a entidade que irá trabalhar ou receber obrigação, para utilizar as ervas adequada daquele Orixá, como aprenderemos no tópico ‘Ervas’. Para preparar o banho deve-se ferver uma caneca com água, apagar o fogo após o início da fervura e só depois colocar as ervas para a infusão, o que demora em torno de 15 minutos. Depois coa-se o preparado e as ervas são jogadas fora (devolvidas à terra, se possível) e, após o banho de higiene, o preparado deve ser jogado no corpo do pescoço para baixo, dando-se preferência para o peito e as costas. Aguarda-se a absorção e enxuga-se normalmente. Isto deve ser feito preferencialmente pouco antes de se encaminhar para o terreiro. Outra opção para se fazer o banho é amornando apenas a água dentro de uma caneca no fogão, joga-se as ervas na água, macerando (apertando) com as mãos, para que a erva libere suas propriedades vegetais. Durante o processo, firma-se a cabeça para o Orixá ou entidade correspondente; pode-se inclusive cantar pontos se assim preferir. É importante estar com as mãos limpas. Depois coa-se, seguindo a mesma rotina da opção anterior. Esta forma de fazer o banho deve ser usada preferencialmente para folhas verdes e frescas. Firmeza de velas Fundamental. É na firmeza das velas que ocorre a transferência de energia necessária para nossa jornada de fé. Para tanto são necessários alguns princípios: que a vela seja dedicada a um Orixá ou entidade específica, para que nenhum outro espírito possa ter acesso, e que seu pedido para ela seja feito de coração limpo, para que a força da sua vontade seja impressa na vela. Conforme a vela for queimando, suas energias serão transferidas para a entidade, que a transformará na realização do seu pedido, dentro de seu merecimento. As velas podem ser firmadas para agradecimentos, para pedidos e, antes do início dos trabalhos, para pedir proteção. Na firmeza da vela o filho de fé pode utilizar oração própria (espontânea), orações tradicionais (Pai-Nosso, Ave-Maria. etc) ou uma oração mínima, conforme o exemplo: “Salve [nome da entidade] ! Salve toda a sua força e toda a sua banda! A ti firmo esta vela com todo amor do meu coração, para agradecer-lhe tudo que faz por mim e pedir a sua proteção, sua ajuda material e espiritual para fazer o pedido que deseja]. Sou confiante! Salve!” Note que utilizamos o termo firmar e não acender. Acendemos velas quando estamos no escuro ou quando acaba a energia elétrica. O umbandista firma velas. Orações A oração é uma das mais importantes ferramentas do umbandista. De forma errônea, os umbandistas acreditam que as orações devem ser feitas somente no ato de firmeza de velas, porém não firmamos velas todos os dias, entretanto, as orações devem ser feitas diariamente, tudo o que você precisa é de alguns minutos, boa vontade e fé. Tudo pode ser alcançado através da oração, isto depende apenas de quem a profere. Feita diariamente, auxilia na desagregação de maus fluidos e na aproximação de boas energias, resultando em um ótimo tônico para a manutenção do espírito. Lembre-se das palavras do Mestre Jesus Cristo: ‘orai e vigiai sempre’. Este ensinamento deve ser levado à risca por todo umbandista que se preze. Oração é um momento de reconexão com o sagrado, de restabelecimento do contato com Deus. Pode ser espontânea ou decorada, lembrando novamente as palavras de Jesus; disse ele que tudo aquilo que pedirmos para ele através do Pai- Nosso, será imediatamente recebido. A oração pode ser silenciosa, mas se o filho de fé deseja um melhor resultado, sugerimos que as faça em pé e em voz alta, como se estivesse ordenando algo. O Poder do verbo irá certamente ampliar o poder da oração. Roupa As roupas para o trabalho devem ser condizentes com uma prática religiosa. Não devem ser justas, curtas, decotadas, transparentes ou ostensivas. Dar preferência aos tecidos naturais como o algodão. A cor, devera ser brancas nos trabalhos, porém é necessário manter sempre a discrição. Pé no chão Tem várias simbologias: a humildade necessária para o trabalho de caridade, as raízes e tradições da Umbanda, independente de raça, crença, situação financeira todos deverão estar descaços, com os pés no chão, pois dentro de um terreiro todos somos iguais. Índios e negros não usavam calçados, é o contato com o elemento natural terra (afinal a Umbanda trabalha com as forças da natureza), também tem a função de facilitar o descarrego. Entretanto, por vários motivos culturais ou regionais, a maioria das casas não faz disso obrigatório. Lembremos ainda que na Tenda Nossa Senhora da Piedade (tenda mãe da Umbanda), os médiuns trabalhavam calçados. Postura de Terreiro É importante conhecermos o comportamento e a postura adequada dentro do terreiro. Isto demonstra respeito ao sagrado, disciplina e organização. Não apenas estar e sim ser presente em uma gira, ajude a cantar, bater palmas, emanar energias positivas, assim todos estarão trabalhando em prol do seu irmão que ali está. Antes do início dos trabalhos É desejado que o filho de fé se mantenha calmo durante o dia em que irá trabalhar no terreiro e avesso à conflitos de qualquer tipo. Isso porque, quando perdemos a calma, entramos em sintonia com espíritos e energias hostis que irão contaminar e envenenar o seu espírito. Se caso for médium, isto dificultará a incorporação e tornará a atividade do guia incorporado mais difícil. Sem dizer que é comum a espiritualidade inferior ‘atacar’ o filho de fé em dias de trabalho, tonando a tarefa ainda mais difícil. Os convites para festas e reuniões com amigos também costumam acontecer só em dias de trabalho, tentando tirar o filho de fé do caminho de sua missão. Dores repentinas, apatias e desejos de não ir aos trabalhos são também extremamente comuns. A solução para isso? Mantenha-secalmo e paciente, firme-se no seu propósito, ore e vigie. Por fim, lembre-se de chegar com antecedência ao terreiro para ajudar na preparação do trabalho, seja médium, cambone ou trabalhador. Lembre-se que todo o trabalho desenvolvido dentro de um terreiro não é para o dirigente, nem para a assistência. É sempre para Deus, todos os Orixás, guias e protetores, os quais saberão te recompensar de acordo com o sentimento com o qual você realizou o seu trabalho, e o seu merecimento. Início dos trabalhos Depois de tudo preparado, é de bom tom que os médiuns e cambones adentrem ao Congá ao menos 15 minutos do início dos trabalhos. O silêncio e a oração são primordiais para o estabelecimento da corrente que em breve irá se formar. Quando os trabalhos começam é importante estar alerta, respondendo às saudações do sacerdote com firmeza e cantando os pontos com alegria e entusiasmo. Afinal de contas, espera-se que você esteja ali de espontânea vontade, fazendo aquilo que acredita-se ser um momento feliz da sua vida. Lembre-se que praticar uma religião é servir com alegria. Defumação É a purificação. Utilizado em pessoas, ambientes e objetos, a defumação proporciona a desagregação ou mesmo a libertação das más energias. Em dias de trabalho é fundamental para a preparação do ambiente e a estabilidade dos trabalhos. Para se receber a defumação, deve-se apenas ficar com os braços semiabertos para a frente, com as mãos espalmadas para a frente em sinal de recebimento de graças. Quando o turíbulo estiver à sua frente, dá-se uma volta inteira no sentido horário. Lembre-se que a fumaça sobe por gravidade, não há necessidade de querer atraí-la para si. Além disso o carvão em brasa, juntamente com a erva, tem o poder de absorver e destruir energias negativas. Bater cabeça É o momento em que o filho de fé, com humildade, pede a proteção do Orixá Maior, Oxalá, para o desenvolvimento dos trabalhos. O procedimento correto é: O filho caminha até a toalha sagrada (sem pisar na esteira) e de frente para ela, ajoelha-se. Em seguida deita de bruços (barriga para baixo), firma a testa contra a toalha e com as mãos postadas com as palmas para cima (como quem recebe uma benção), faz sua curta prece para Oxalá, por exemplo: “Salve meu Pai Oxalá, peço a sua benção para a minha vida e para os trabalhos de hoje”. Em seguida dirige-se ao sacerdote para pedir a benção se for da doutrina de sua casa. Todo esse processo deverá ser feito de forma rápida para que este fundamento não atrase a continuação dos trabalhos. Pedir a benção O filho de fé aproxima-se da entidade ou a quem for pedir a benção de forma humilde, pega a mão direita do mesmo em suas mãos e diz: “A benção meu pai”; feito isto, beija mão do da entidade ou sacerdote, em seguida firma-a contra sua testa, e, finalmente, beija-a novamente. Durante este processo a entidade ou o sacerdote lhe responderá: “Que Oxalá te abençoe, meu filho!”. Chegar de forma humilde é um reconhecimento de que terá ao menos naquele momento seus ensinamentos tanto da entidade quanto do sacerdote. Os beijos configuram um ato amor e concordância com a direção dos trabalhos pelo sacerdote. Por fim, firmar a mão do sacerdote contra a testa significa: “que sua sabedoria seja transferida a mim”. Durante os trabalhos Para os médiuns que não estejam incorporados, seja qual for o motivo, é indicado que fiquem em pé, com as mãos dadas para frente. Para nenhum dos médiuns e mesmo cambones, é autorizado prestar atenção no atendimento dos guias incorporados. Sobriedade e discrição são as palavras de ordem. É necessário salientar que um médium não pode deixar a corrente sem a prévia autorização do sacerdote ou de seu guia incorporado. Esta autorização também pode ser concedida pelo pai pequeno ou mãe pequena. Encerramento Ao encerrarem-se os trabalhos, todos os trabalhadores da casa, sejam médiuns, cambones ou curimbeiros, têm a responsabilidade de recolher e guardar os instrumentos de culto, recolher o lixo, lavar copos ou louças utilizadas no culto, enfim, todos devem colaborar para que a casa esteja limpa, organizada e pronta para o próximo trabalho. Não se deve tomar bebidas ou comer daquilo deixado pelas entidades. Caso haja restos, poderá ser dividido em pequenas porções entre os trabalhadores da casa. O que sobrar deverá ser colocado como oferta para aquela entidade, em local apropriado (conga ou tronqueira). Após o encerramento dos trabalhos Depois que deixamos o terreiro, nossa vida retorna à normalidade. Não há necessidade de mais nenhum procedimento a não ser que tenha sido pedido por uma entidade ou sugerido pelo sacerdote. Fora isso, vida normal. Liturgia de Umbanda Liturgia é o ritual em si. Para a Umbanda é o roteiro de atos seguido para o desenvolvimento dos trabalhos espirituais. É o trabalho em si. Em nossa religião não dispomos de um livro codificador, de um manual de procedimentos para a padronização dos rituais. Desta forma, o que ocorre é que cada dirigente transfere verbalmente o ritual para seus sucessores ou ele é absorvido por observação, ou ainda o dirigente desenvolve o seu próprio ritual de acordo com seus conhecimentos e experiências. Este é um dos motivos pelo qual o terreiro sempre terá a “cara” do dirigente. É também por este motivo que encontramos os mais diversos tipos de rituais para uma gira de Umbanda. Em minha experiência, encontrei até mesmo terreiros que não dispunham de ritual, ficando facultado aos médiuns os preceitos, procedimentos e a entidade que iria se manifestar. Isto prova, mais uma vez, que a Umbanda é a religião da liberdade, e que, por mais que haja dissidências sobre a forma ideal de liturgia, todas devem ser respeitadas. Defumação Um dos mais importantes fundamentos da Umbanda, a defumação é largamente utilizada na esmagadora maioria dos terreiros. É constituída pela queima de ervas, frescas ou secas, em um braseiro de carvão, previamente aceso em um turíbulo. A ação da queima das ervas proporciona a desagregação das energias negativas, tanto dos médiuns quanto da assistência. Agiliza muito o descarrego que será feito pelas entidades incorporadas durante a consulta. É importante lembrar que a defumação não é um fundamento apenas da Umbanda ou das religiões afro-brasileiras. Desde tempos ancestrais, a defumação foi utilizada por inúmeras religiões para o afastamento de maus espíritos e a reconexão com o sagrado. Prece de abertura O nome já é autoexplicativo. É o momento do ritual onde pedimos a Zambi (Deus) a benção sobre os trabalhos. Pedimos também licença e a benção para o guia chefe e todos os outros protetores da casa. Cada sacerdote tem a sua forma própria de conduzir esta prece. Em muitos terreiros é o ato inicial dos trabalhos. Em seguida cantamos o hino da Umbanda. Abrir a Jurema “Jurema”, neste caso, não se trata da entidade, nem da árvore sagrada e muito menos deve ser confundido com o outro ritual afro-brasileiro de mesmo nome. Abrir a Jurema significa simplesmente abrir os trabalhos do dia. É executado entoando-se um ponto cantado extremamente conhecido, o qual exalta os Orixás de Cabeça do dirigente. O ponto tem os seguintes dizeres: “Vou abrir minha Jurema, vou abrir meu Juremá; Vou abrir minha Jurema, vou abrir meu Juremá; Com a licença de [Mamãe Oxum] e nosso [Pai Oxalá]; Com a licença de [Mamãe Oxum] e nosso [Pai Oxalá]; " Saudação a Todos Orixás, Entidades e a Exu Ao toque da sineta e a invocação do dirigente, os médiuns respondem a saudação conforme o Orixá. Dirigente:"Salve Oxalá" Médiuns: "Epa Babá meu Pai" Dirigente:"Salve Oxum" Médiuns:" Iê iê ô minha mãe " Dirigente:"Salve Ogum" Médiuns:" Ogunhê meu Pai" Dirigente: "Salve Xangô" Médiuns:" Kaô Kabecile Xangô" Dirigente:"Salve Iansã" Médiuns:"Eparrei Iansã" Dirigente:"Salve Iemanjá" Médiuns:"Adocyaba" Dirigente:"Salve Oxossi" Médiuns:"Okê Aro Oxossi" Dirigente:"Salve Nanã" Médiuns:"Saluba Nanã, Saluba Vovó" Dirigente:"Salve Obaluaê" Médiuns:"Atotô meu Pai" Dirigente:"Salve a Pretada Velha" Médiuns:"Adorei as Almas" Dirigente:"Salve os Guias crianças"Médiuns:"Onibeijada" Dirigente:"Salve os baianos " Médiuns:"É da Bahia meu Pai" Dirigente: "Salve os marinheiros" Médiuns:"Salve a marujada" Dirigente:"Salve os boiadeiros" Médiuns:"Xetruá seu boiadeiro " Dirigente:"Salve os caboclos e as caboclas de pena" Médiuns:" Okê Caboclo" Dirigente:"Salve os Ciganos " Médiuns:"Optchà " Dirigente:"Salve os malandros" Médiuns:"Salve a malandragem " Dirigente:"Salve nossos irmãos, Exus" Médiuns:"Laroye Exu, Exu é Mojubà" Canta se o ponto de Exu e os médiuns devem se abaixar e virar para a porteira em sinal de respeito a saída de Exu para guardar as porteiras. Como nossas doutrinas são da umbanda Branca, os Senhores Exus serão saudados pelo dirigente antes mesmo da chegada dos filhos na casa. Os trabalhos já se iniciam quando o dirigente faz suas firmezas e obrigações em seu assentamento vibratório para dar início aos trabalhos. Para conhecimento: Devemos saber que ao saudarmos Exu, ele deixa o Congá e assume sua posição de vigilância. A saída de Exu é importante também para que as energias dele (que são extremamente densas) não interfiram nas energias sutis dos Orixás e seus representantes, que irão se manifestar no terreiro. A saudação também serve para demonstrar nosso respeito e a importância que damos a Exu. A saudação pode ser como ponto cantado ou saudação verbal. Em alguns terreiros podemos encontrar até as duas formas juntas. Em algumas casas a saudação não acontece, mas o sacerdote faz oferta ou firmeza para Exu antes do início dos trabalhos. Isso para Exu acaba tendo o mesmo valor. Render graças à Exu antes dos trabalhos, seja com saudação ou seja apenas com ofertas, certamente é fundamento de Umbanda. Linha de trabalho do dia Neste ato, é invocado a 1ª linha de trabalho que irá atender a assistência da casa com o descarrego. O dirigente sempre incorpora primeiro fazendo a puxada das entidades que darão passe. Salvo dias de festas que as saudações são diferentes. Os pontos cantados são diversos e deverão continuar até que o sacerdote, ou sua entidade em terra, ateste que a energia necessária para os trabalhos já está instaurada e a corrente já está completa, firme e estável. Neste ponto, normalmente se aguarda que os cambones sirvam todas as entidades com seus tributos (charuto, instrumentos da entidade), para só depois “abrir a porteira”, que nada mais vem a ser do que permitir a entrada da assistência. A linha de trabalho ficará em terra até que todos da assistência tenham recebido atendimento. Isso não significa que o trabalho deverá durar tempo indeterminado; caso haja muitas pessoas para serem atendidas, os cambones, com todo respeito e gentileza que as entidades merecem, deverão solicitar às mesmas que acelerem seus atendimentos. Nunca devemos esquecer que a Umbanda é caridade, mas caridade sem ordem e disciplina torna-se vã, uma vez que alimentará o ego e a vaidade, tanto da assistência quanto de médiuns mal preparados. É dever de todos, dentro uma casa de caridade, importar-se uns com os outros, sendo que o interesse de um jamais poderá sobrepor o interesse dos outros. Entra a 2ª linha de trabalho em nossa tenda sempre revezamos a linha. Nesse momento é onde a assistência consegue conversar melhor com as entidades, pois na primeira linha só se faz o descarrego do terreiro e dos consulentes. As giras de cigano sempre são trabalhadas individualmente, até porque a vestimenta é diferente. Saudamos todos os orixás e damos início a gira de ciganos. Partida da linha de trabalho Uma vez atendidas todas as necessidades dos presentes, as entidades poderão partir. Sem nunca antes promover o descarrego necessário no “cavalo” que ocupou. O descarrego se faz necessário para a eliminação de energias negativas residuais que tendem a se aderir no médium. E também deve ser feita a limpeza da cambono que o auxiliou. Prece de encerramento Esta prece tem vários pontos a serem destacados. É uma ação de graças pelas graças certamente alcançadas naquele trabalho. É também de suma importância para o encaminhamento dos espíritos aprisionados naquele trabalho, sendo que é de obrigação da Umbanda encaminhar para tratamento e doutrinação os espíritos arrependidos, bem como garantir que os espíritos malfazejos sejam aprisionados de forma que nunca mais possam voltar ao plano físico para praticar o mal. E, por último, é o momento maior do sacerdote na gira, quando ele derrama sobre todos os presentes a sua benção final e agradece a todas bênçãos realizadas no dia.A prece de encerramento é também extremamente comum nos terreiros e pode também ser considerada fundamental. Descarrego final Muito pouco encontrado, este descarrego existe basicamente para recolher energias perniciosas ainda ativas e equilibrar os médiuns, a assistência e o ambiente. O descarrego final é executado pela ultima linha de trabalho do dia. Fechar a Jurema A “Jurema”, que nada mais é que o trabalho, é encerrada com o ponto cantado, substituindo-se apenas o verbo “abrir” por “fechar”. "Eu fecho a Nossa gira com Deus e Nossa Senhora, eu fecho a nossa gira Samborê Pemba de Angola" (2x) Vamos levantar o cruzeiro de Jesus, vamos levantar o cruzeiro de Jesus, no céu, no céu, no céu a Santa Cruz (2x) Bendito louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo ". Todos respondem: Amém. Função de uma religião A etimologia (origem) da palavra “religião” possui diversas interpretações, entretanto, uma das mais aceitas vem do latim “religare”, que significa religar. Ou seja, religião é aquilo que religa com o sagrado, com Deus. Partindo desse pressuposto, praticar religião é se reconectar com Deus com o objetivo de que sua perfeição dirija nosso caminho terreno, e possa ajudar ou influenciar os acontecimentos a nosso favor. Em uma visita ao Brasil, o líder tibetano Dalai Lama, foi interpelado pelo teólogo Leonardo Boff sobre qual seria a melhor religião. Boff esperava que ele dissesse que era o budismo tibetano. Entretanto, ele respondeu: Aquela que te faz melhor! Esta é, de longe, a melhor resposta para a função de uma religião. Fazer as pessoas melhores. Assim sendo, não importa qual religião você professa, ou ainda, qual terreiro você frequenta, desde que você esteja sendo despertado para uma vida melhor em todos os âmbitos. Funções da Umbanda Segundo o Caboclo das Sete Encruzilhadas, Umbanda é uma linha de demanda para a caridade, ou seja, um caminho aberto pela espiritualidade superior, para que os bons espíritos possam deixar mensagem e levar o consolo e alívio espiritual para todos que assim o desejam. Não obstante, ainda é função da Umbanda permitir a manifestação de todo e qualquer espírito, sendo que os mais adiantados ensinarão, os mais atrasados aprenderão, e, entre estes últimos, se desejarem mudar o curso de suas existências para trabalhar para a Lei e para a Luz, haverão de receber o encaminhamento da espiritualidade para que sejam doutrinados para este fim. Como podemos ver, a função da Umbanda se aplica no ensino, resgate e tratamento de todos os espíritos, tanto encarnados quanto desencarnados. Por último, porém não menos importante, com relação aos espíritos desencarnados que persistirem no caminho das trevas, também é de obrigação da Umbanda aprisionar e encaminhar para locais onde não mais possam continuar com suas intenções malignas. Podemos entender a Umbanda como um exército da salvação, que prioritariamente leva o auxílio através da caridade, mas também dispõe da força necessária para um embate militar, caso seja preciso. Humildade e caridade Alan Kardec, disse através de sua obra que “fora da caridade não há salvação”, expressão que é utilizada largamente como lema do espiritismo. Mas para entendermos esta sentença, devemos ter claro em nossa mente a definição dessas duas palavras: salvação e caridade. Salvação é a libertação do espírito de suas imperfeições que o encaminham ao erro, e da necessidade de viver em mundos materiais. É o reconhecimento dos valores e prazeres espirituais, em detrimento aos valores e prazeres materiais. Para propiciar e favorecer essa salvação,Deus, em sua infinita misericórdia, concede- nos o direito da reencarnação em busca da evolução espiritual. E caridade? Este conceito já é mais delicado. De uma forma mais abrangente, caridade é a virtude que conduz ao amor à Deus e ao nosso semelhante, de forma que possamos viver o “amai ao próximo com a ti mesmo”. Para que possamos prestar ajuda aos menos favorecidos. Mas não é só isso, a maioria das pessoas confunde caridade com doação. É comum campanhas de solidariedade movimentarem enormes quantidades de mantimentos e dinheiro, mas isso não é caridade, é doação. Nos enganamos ao acreditar que toda doação de um bem material possa “limpar” nossa consciência, por acreditarmos que estamos dessa forma praticando caridade. Caridade implica muito mais que doação, necessita envolvimento daquele que doa. E os “bens” distribuídos através da caridade não precisam ser obrigatoriamente materiais. Aliás, a verdadeira caridade é a doação de tempo, dedicação, atenção, amor, carinho e senso de bem servir. Quanto à humildade, é indispensável para aplicação dos fundamentos da caridade. É também a humildade que gera o envolvimento para transformar a doação em caridade. Somos privilegiados por fazer parte de uma religião que ensina estes fundamentos a seus adeptos, pois é a verdadeira riqueza da espiritualidade. “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, ali também estará o vosso coração”. Mateus 6:19,21 Com estas palavras, o Mestre Jesus deixa bem claro sobre qual escolha devemos fazer; a do mundo material, transitória e insuficiente para o alcance de bem-estar, ou, espiritual, eterna e geradora de satisfação duradoura. Jesus também é o grande modelo de humildade e caridade que conhecemos. Seu comportamento e seus ensinamentos primavam pela simplicidade. Seu discurso pacífico e espiritualizado tornou-se o foco de admiração de muitos, porém, infelizmente, poucos seguiram seus passos. Na Umbanda temos esta oportunidade de seguir os passos do Mestre. A humildade e a caridade são os maiores fundamentos de nossa religião. Tudo o que for visto sem amor, sem caridade e sem humildade não é Umbanda Branca. Em tudo o que for fazer em sua vida veja se tem ao menos umas dessas filosofias, casa não tenha nenhum delas repense seus atos, pois o verdadeiro umbandista não é apenas no dia de gira e sim quando faz de sua religião uma filosofia de vida. A Umbanda só trabalha para o bem? Sim. A Umbanda trabalha exclusivamente para o bem. Por este motivo na Umbanda não fazemos amarrações, não existe sacrifícios, não demandamos contra ninguém. Umbanda também não é magia negra como muitos pensam e dizem. Como já exposto pelo Caboclo da Sete Encruzilhadas, Umbanda é a manifestação do espírito para a caridade. Não é possível praticar a caridade causando dano ou sofrimento para qualquer criatura, ainda mais um espírito humano. Infelizmente, da mesma forma que a igreja católica tem seus escândalos com sacerdotes promíscuos, as igrejas de matiz evangélica ou neopentecostal, tem seus pastores que ostentam riquezas acumuladas pelo sofrimento de seus fiéis, também com a Umbanda ocorrem esses desatinos. Pessoas mal-intencionadas, cheias de segundas intenções, utilizam indevidamente o nome de nossa sagrada religião para seus próprios interesses. Objetivam conseguir dinheiro, poder e favores dos mais diversos tipos às custas da boa fé de pessoas angustiadas e desesperadas por soluções a qualquer preço. Outros ainda, por desconhecerem a verdadeira doutrina umbandista, submetem seus filhos de fé a práticas estapafúrdias, muitas vezes extremamente prejudiciais a seus frequentadores. Situações que nada tem a ver com a humildade e caridade preconizadas por nossa religião. Salientamos que este tipo de práticas nada tem a ver com a Umbanda. Por isso a verdade sobre ela deve ser difundida para todos aqueles que possuem os ouvidos, a mente e o coração aberto para um caminho simples, porém repleto de luz e gratas alegrias. O problema não esta nas religiões e sim em alguns religiosos. Todas que seguem o Deus único é a casa de Nosso Pai, independente da religião que frequente, irá encontrar o caminho da luz, pois Deus esta dentro de nós. Deus único Este tema é de extrema importância pela confusão que a maioria das pessoas, e mesmo os filhos de fé, fazem com este assunto. A Umbanda acredita no Deus único, onipotente, onipresente e onisciente. Isto inclusive é um dos parágrafos da Carta Magna da Umbanda. A confusão acontece pelo simples desconhecimento da doutrina e pela diferente ótica que o Candomblé tem sobre o mesmo tema: os Orixás. No Candomblé, os Orixás carregam o título de deuses, são considerados espíritos puros e sem mácula. Já na Umbanda, eles são considerados seres elementares, que representam as forças da natureza, podendo esta força influir tanto no planeta quanto nas criaturas humanas. Do ponto de vista umbandista, o Deus sempre será único, enquanto os Orixás serão as emanações desse Deus. Na África, cada cidade, vila ou aldeia cultuava um único Orixá na maioria das vezes. Poderiam ser dois ou três. Mas independente destes Orixás, os povos africanos também acreditavam em um Deus único. Entre o povo banto era conhecido como Zâmbi; já entre os jejes e o povo de ketu, é conhecido como Olorum. Por estes motivos, e por nossa Umbanda ser uma religião cristã, acreditamos, pois, no Deus único. Deus. Jesus Cristo na Umbanda A obra de Jesus é incontestável e indispensável para o mundo ocidental. É ele que nos fornece o modelo de perfeição espiritual, pois ele é um dos espíritos que chegaram a esse nível. Era parte da missão de Jesus levar o ensinamento espiritual, da humildade e da caridade para os povos. Da mesma forma que Sidarta Gautama (Buda) e Confúcio, entre tantos outros mestres que passaram pelo orbe terrestre. É recomendado ao umbandista que se familiarize com a obra de Jesus, lendo ao menos os quatro evangelhos contidos na Bíblia. Mais interessante é o Evangelho Segundo o Espiritismo, obra de Alan Kardec, que além de discorrer sobre as passagens da vida do Mestre, ainda tece comentários dos relatos sob um ponto de vista espiritualista. O “Sermão da Montanha” é um dos mais célebres discursos de Jesus, onde discorre e instiga ao pacifismo, a reforma íntima, o perdão. Consiste em um conjunto de ensinamentos fáceis de ler, mas difíceis de serem praticados. É como um guia de orientação espiritual para o ser encarnado conseguir cumprir a sua missão terrena. Além dos ensinamentos, Jesus pregou através do exemplo e da prática caritativa, desafiando explicitamente os sacerdotes judaicos, que eram a maior manifestação religiosa de sua época. Usou de seu dom de cura e libertação para levar o consolo aos necessitados e aos menos esperados. Nunca usou seus dons de maneira vã, pois por mais estarrecedores que fossem, sempre guardavam um ensinamento implícito. Em suma, Jesus foi caridoso, humilde, prestava curas, libertações e ensinamentos. Isso não se parece com o papel desempenhado por nossos amados guias e protetores? É claro que sim. O que as entidades fazem em espírito, Ele fez encarnado. Se seguirmos os passos do Cristo, sempre estaremos no caminho da evolução do espírito. Doutrina Umbandista (parte 2) Reencarnação e evolução espiritual Este é o foco principal de qualquer religião ou doutrina espiritualista. Por mais óbvia que possa ser, ainda existe uma grande quantidade de umbandistas que ainda não compreendem o maravilhoso mecanismo da reencarnação. O corpo carnal é limitado, envelhece e morre. É como uma “roupa” utilizada pelo espírito enquanto estamos no mundo material. O espírito, por sua vez, é eterno, e como tal continua sua jornada após a morte do corpo físico. Quando estamos no corpo físico, vivendo uma vida, dizemos que estamos encarnados. Quando despojamos o corpo físico, dizemos que estamos no mundo espiritual ou “entrevidas”. Como uma criança que aprende a andar, falar, pensar, ler e escrever, o espírito é um eterno aprendiz, independente em que condição esteja, encarnado ou desencarnado. Mas é no mundo material onde aprendemos as mais importantes lições. A missão de todo espírito é evoluir até atingir a perfeição. Mas, durante nosso aprendizado, cometemos muitos erros que deverão ser resgatados para que a lição se fixe com firmeza em nosso ser. Para que isso possa acontecer, existe a reencarnação. A reencarnação é a ferramenta que a providência divina desenvolveu para que possamos repetir uma lição tantas vezes quanto necessário. Durante este aprendizado é desejado que quitemos dívidas contraídas em encarnações passadas, pretendendo não adquirir novas dívidas. Quando o conseguimos, isto determina a evolução que adquirimos em uma determinada encarnação. O mais difícil deste processo é que, quando encarnamos, nossa memória é apagada para que os erros das vidas passadas não representem um fardo na presente. Dispomos apenas de nossa consciência e nossa intuição para sobrepujar os obstáculos para nós atribuídos. E é pela consciência e intuição que muitas vezes sentimos como se conhecêssemos pessoas e lugares, e desenvolvemos facilmente habilidades que para outros é extremamente difícil. Isto significa que já encontramos aquelas pessoas, conhecemos aqueles seres e já dispomos, em nosso inconsciente, o caminho para desenvolver aquela habilidade. Isto facilita o desenvolvimento do espírito a cada nova encarnação, podendo este se ater às lições mais avançadas, que quando aprendidas, alavanca grande adiantamento. Temos que ter em mente a necessidade de dedicação às tarefas do espírito. Hoje o mundo físico nos “engole” com sua velocidade e com a necessidade, sempre imediata, da sobrevivência. Somos bombardeados a cada instante com verdadeiras avalanches de informação, na sua esmagadora maioria inúteis, e que causam sofrimento ao espírito. Nossos compromissos profissionais, familiares, sociais e escolares nos deixam muito pouco tempo para o desenvolvimento das virtudes espirituais. Isto acontece pelo novo momento que o planeta vive, deixamos de ser um plano de provas e expiações para se tornar um plano de regeneração. Mais do que nunca, seremos nós que faremos a escolha do rumo de nossas existências. Para isso é indispensável a determinação e a disciplina para tratarmos dos assuntos espirituais. A qualidade desta encarnação e das futuras, e mesmo de nosso entre vidas, depende das escolhas e da forma como nos aplicaremos às tarefas do espírito. Por este motivo, devemos lançar mãos à obra neste trabalho, sem esquecer que nunca é tarde para começar e o momento certo é agora. Quanto antes começarmos, melhor nos portaremos frente aos desafios de nossa missão. Livre arbítrio Um dos fundamentos mais sublimes da espiritualidade, o livre arbítrio é a possibilidade da escolha. Somos nós quem definimos nossas escolhas e decisões, e seremos julgados por elas. Não existe nada que aconteça em nossas vidas que não tenha sido gerado por nossas decisões. A lei espiritual é inexpugnável e se aplica a todos, independente de sua raça, credo ou classe social. E o desafio está justamente aí. Quando fazemos boas escolhas e tomamos boas decisões recebemos esta energia de volta. Ou seja, quem pratica o bem, recebe o bem e vive versa. Quando erramos em nossas escolhas e decisões, recebemos de acordo com a intensidade deste erro. Isto não significa punição, mas sim uma forma de advertência necessária para que possamos ‘acordar’ para a necessidade de mudança. Muitos espíritos, tanto encarnados quanto desencarnados, encontram-se ainda muito apegados às necessidades mundanas e a ilusões como orgulho, vaidade, ódio e vingança, sem perceber que essas emanações só prejudicam a si mesmo. Não existe mal que não retorne para quem o mandou, de uma forma ou de outra; como também não existe bem que não dê a volta ao mundo e retorne para quem o enviou. Para se ter uma ideia da importância e da seriedade do livre arbítrio, uma entidade espiritual, mesmo que seja seu protetor, não pode ajuda-lo sem o seu pedido, a sua permissão. Elas nada podem fazer sem o seu consentimento. Por isso é pedido à assistência que relate seu problema e faça seu pedido para o guia espiritual. Dessa forma, fica implicitamente clara sua autorização para a interferência, que só se consumará caso seja realmente necessário. Não somos peças em um jogo de xadrez, temos pleno controle de nossas ações e do nosso futuro. Mas isto dependerá exclusivamente de como você usará o seu livre arbítrio. Lei da ação e reação Outra grande lei espiritual universal. Também conhecida como lei da causa e efeito. É a grande niveladora universal, que faz com que cada um receba de acordo com seus atos. No ditado popular ‘quem planta vento, colhe tempestade’, percebemos claramente uma alusão à lei da ação e reação. Não são apenas os atos, mas cada pensamento que construímos e palavras que proferimos estão sujeitos a esta lei. Se, através de nossa mente desejarmos o mal para alguém, independente de você julgar justo, certamente este mal retornará até nós. Se abençoarmos um irmão com as palavras, esta benção também retornará. As palavras do Mestre Jesus eram diferentes, mas dizem a mesma coisa: “Não julgueis para não serdes julgados”. Por este motivo pessoas que carregam sentimentos de vingança nunca encontram paz em suas vidas. Como poderiam? Se tudo o que fazem é pensar em formas de alcançar este tenebroso objetivo. Por pensarem insistentemente no mal, acabam por receber o mal cada vez mais. Sendo assim, a conta é simples. Basta pensarmos coisas boas, falarmos boas palavras e praticar bons atos e só receberemos o bem. Mas, para que isso aconteça, é necessário domar a si mesmo em primeiro lugar. E isto é muito difícil. Quem dentre nós vai conseguir ficar calado quando for injustiçado, sorrir quando receber uma ofensa, ficar em paz quando for humilhado ou mesmo dar a outra face quando levarmos um tapa na cara? São apenas pequenos exemplos da dificuldade de se manter equilibrado, pois somente assim nossa ‘boa ação’ receberá uma ‘boa reação’ a nosso favor. Diante disto, podemos afirmar com segurança, que a lei da ação e reação é como um professor muito rígido que nos devolve uma situação da mesma forma que a acarretamos. Isto não é um castigo, mas sim mais uma manifestação da providência divina para podermos enxergar nossos erros e trabalhá-los com o objetivo de aperfeiçoamento. Enfim, o livre arbítrio lhe permite tomar a decisão que melhor lhe aprouver ou interessar; entretanto, a lei da ação e reação determina o que lhe será devolvido. Plante o amor que colherá amor. Lei das afinidades espirituais Esta lei determina que tudo que está a seu redor, seja perfeitamente conforme a energia que você emana. Podem ser situações que te acontecem, circunstâncias na qual vive e até mesmo espíritos, tanto encarnados quanto desencarnados. Todo ser vivente, encarnado, emana uma determinada energia. Se esta energia for boa atrairá para si situações, circunstâncias e pessoas boas. Do contrário, receberá situações, circunstâncias, situações e pessoas ruins. Para melhor entendermos como isso funciona, é necessário compreender como a energia de um ser pode ser diferente, uma das outras, e o que causa esta diferença. Somos a somatória de tudo o que pensamos, falamos e agimos. Se no resultado encontramos mais positividade que negatividade, emanaremos uma energia positiva, e o oposto também é verdadeiro. Fora isso, as experiências acumuladas nesta encarnação e nas anteriores, determinam situações como se gostamos de esportes ou de estudos, se nos sentimos bem no meio de pessoas mais abastadas ou mais simples, ou ainda se toleramos pequenos delitos como jogar lixo na rua ou não. Somando a polaridade das energias de nossos pensamentos, de nossas palavras, de nossas ações, de nossa consciência e nossas experiências e habilidades, determinaremos o meio em que vivemos, nossas profissões, nossos amigos e até mesmo quais espíritos estãoao nosso redor. Sempre atrairemos seres que possuam afinidade com nossa energia, independente de gostarmos ou não dessa companhia. Escolheremos companheiros e companheiras, profissões e até mesmo bens materiais em conformidade com esta afinidade energética, ou, como é normalmente conhecida, afinidade espiritual. Se você deseja ao seu lado espíritos evoluído, que irão te acrescentar sabedoria e lhe ajudar para que esta encarnação seja tanto menos ‘pesada’, é necessário que aprendamos a controlar nossos pensamentos atos e palavras. Lembre-se que toda ação negativa atrairá ainda mais negatividade e vice-versa. Mas a mudança para melhor sempre é possível. E a transformação contínua é o que é esperado de um espírito encarnado. Merecimento Já falamos sobre livre arbítrio, lei da ação e reação, e das afinidades espirituais, mas só agora falaremos sobre merecimento. Por quê? Pelo simples fato de que é necessário entender perfeitamente estes outros princípios, antes de entendermos perfeitamente este conceito. Merecimento é um pré-requisito indispensável para a obtenção das graças que insistentemente apelamos a Deus e ao plano espiritual. O merecimento pode ser adquirido através das encarnações, nas entre vidas e até mesmo na encarnação atual. É regido pela lei da ação e reação. Da mesma forma que um aluno para ser promovido precisa aprender as lições daquela etapa do ensino, também somos nós no aprendizado terrestre. Sempre que merecemos, somos promovidos à uma nova condição ou obtemos algo para a melhor continuidade de nossas vidas. Muitas pessoas distorcem o conceito do merecimento e acreditam piamente que merecem sofrer, ou ainda, que não merecem alcançar nenhum tipo de graça ou alívio. Isso simplesmente não existe. Existe um ditado popular que diz: ‘viemos a Terra para sofrer’. Daí pergunto: De onde tiraram essa ideia? A espiritualidade sempre se refere ao nosso planeta como uma escola e não como uma masmorra. Todas as torturas que sofremos são infligidas por nós mesmos. Não existe nenhuma disposição contrária sobre ser feliz enquanto aprendemos. Cabe também somente a nós mesmos pensar, falar e praticar boas ações, não pelo medo da reação, mas simplesmente porque é o melhor para você e para todos. Quando adquirimos esta consciência recebemos uma reação maravilhosa do universo, ajustamos a lei das afinidades espirituais ao nosso favor e, quando menos esperarmos, e mesmo sem pedir, alcançaremos tudo o que desejarmos. Pois quando tudo isto acontece, o merecimento já está implicitamente concedido. Mas então como fica o resgate dos nossos erros? Eles não acontecem? Sim, acontecem. Mas mesmo o resgate pode ser feito de forma positiva. O Mestre Jesus, em muitas de suas curas, dizia: “Seus pecados estão perdoados”. Ele dizia isto pela simples autoridade que possuía de perdoar as dívidas por nós contraídas anteriormente. Perdoada a dívida, não era necessário mais o resgate. Podemos alcançar a mesma indulgência simplesmente buscando e praticando as virtudes do espírito como a caridade e a paciência, por exemplo. "Toda vez que a Justiça Divina nos procura para acerto de contas, se nos encontra trabalhando em benefício dos outros, manda a Misericórdia Divina que a cobrança seja suspensa por tempo indeterminado." Chico Xavier Doutrina Umbandista (parte 3) Anjo da guarda É a mais importante das entidades que acompanha um ser encarnado. Extremamente cultuado em todas as religiões espiritualistas. A palavra anjo vem do grego e significa ‘mensageiro’. Então podemos dizer que os anjos de guarda são os mensageiros de Deus e da espiritualidade superior enviados até nós. Para a Umbanda e para as religiões de cunho espiritualista, o anjo de guarda não é como um anjo celestial, aquele ser alado que auxilia Deus em suas tarefas. Para nós, o anjo de guarda é um espírito cuja evolução sempre será superior à do protegido. Como parte da função do anjo de guarda é com a missão do protegido, é normal que ele domine os desafios que serão travados por seu dirigido. No livro ‘Brasil Coração do Mundo, Pátria do Evangelho’, obra do espírito Humberto de Campos, psicografado por Chico Xavier, é mostrado que Tiradentes, que anos antes havia sido martirizado por participar de uma conspiração para libertar o Brasil do julgo português, foi o anjo da guarda de Dom Pedro I, o homem que, enfim, proclamou a independência do nosso país. O anjo de guarda, ao contrário de nossos outros guias, é a única entidade que é escolhida pelo plano superior. São eles que determinam qual espírito irá ser nosso anjo de acordo com as características e desafios de nossa missão terrena. Como funções principais, o anjo da guarda é responsável por proteger de todo o mal, bem como guiar seu tutelado pelos caminhos que propiciem o cumprimento de sua missão espiritual. Além destas, o anjo de guarda é o grande coordenador dos protetores de seu afilhado. Por estes motivos é sempre recomendado na Umbanda que o filho de fé mantenha uma vela branca de sete dias firmada para seu anjo de guarda; ao lado da vela coloca-se sempre um copo com água. Lembre-se que somente firmar a vela não é suficiente, devemos orar olhando para a vela, ou mentalizando-a, ao menos uma vez por dia. A vela de sete dias nada mais é que uma comodidade que evita que tenhamos que firmar uma vela todos os dias para um mesmo objetivo. Por isso as orações diárias são necessárias. Caso o irmão tenha uma condição financeira reduzida, deverá firmar uma vela branca comum pelo menos uma vez por semana, mas as orações deverão continuar sendo diárias. Neste caso de pouco recurso, é importante lembrar que podemos não firmar velas para as entidades e os Orixás, mas jamais devemos deixar faltar vela ao anjo, mesmo que esporadicamente. É importante prestar atenção à vela que firmamos para nosso anjo guardião. Caso a vela de sete dias dure cinco ou menos dias, devemos nos apegar mais ainda em orações. Caso a vela borre ou a chama fica vacilante ou mínima, devemos sempre imantar a vela com nossa energia e nossas orações. Nesses casos é importantíssimo manter uma vela sempre firme até que a energia se estabilize. Caso o irmão de fé, em momento de angústia, não souber a quem pedir, peça ao seu anjo da guarda, ele é o mais importante guia e também saberá convocar as entidades necessárias para o teu auxílio. Para isso bastar fazer com humildade a oração do anjo da guarda. A oração tradicional do Anjo de Guarda: Santo Anjo do Senhor, Meu zeloso guardador, Pois que a ti me confiou a Piedade Divina, Hoje e sempre Me guarde, reja, governe e ilumine Amém Sugestão de Oração aos filhos do Tumaoogi Anjo meu anjo do senhor, todavia vós foi Meu anjo meu guardador Peço a ti anjo bendito Por toda graça e poder Que do laço do maldito Vós queira me defender Assim ando eu guardado Pela vossa companhia Jesus Cristo senhor nosso Filho da Virgem Maria Qual da luz é a melhor luz Jesus Qual da guia é a melhor guia Maria Qual do céu é o melhor patrão José Assim como essas palavras verdade é Jesus Maria e José Amém Guias e protetores Guiar e proteger são funções de todo espírito benfeitor que nos acompanha perenemente. Uns podem ser guias e protetores, outros podem ser apenas protetores. As entidades que nos acompanham, estão conosco normalmente desde o dia do nosso nascimento, podendo que alguns tenham acompanhado até mesmo a nossa gestação, para certificar-se de que viríamos ao mundo sem maiores problemas. Diferente do anjo da guarda, somos nós que escolhemos nossos protetores. Quando recebemos a autorização para reencarne, definimos nossa missão a ser cumprida. Dessa forma procuramos sempre convidar espíritos amigos ou que respeitamos, ou ainda que temos certeza que serão imprescindíveis para o bom andamento de nossas tarefas. Eles podem aceitar ou negar, não tem obrigação para conosco. Dessa forma montamos nossa guarnição espiritual. Muitos de nossos guias e protetores podem ter compromisso com partes de nossa missão, outros ainda deverão certificar-se de que encontremos as pessoas certas para nos ajudar ou para que possamosefetuar nosso resgate, outros ainda são responsáveis por garantir que certos desafios se coloquem para nós encarnados. Com tanta proximidade, não é difícil que possamos absorver certas características de personalidade de nossos guias, quando enfrentamos as mais diversas situações da vida. Podemos nos sentir, eventualmente, fortes, rápidos, corajosos, sábios, velhos, novos, entre tantas outras sensações. O importante é saber que a cada desafio, teremos sempre um especialista à nossa disposição para nos auxiliar a superar aquele obstáculo. Nossas entidades podem se afastar ou podem ser afastados de nós quando estamos desleixados quanto à nossa espiritualidade, sendo assim alvos fáceis para as hostes negativas. Nenhuma entidade fará mal ao seu cavalo, pois ela precisa de sua permissão para que atue em sua vida. Um trabalho de magia negra pode afetar a nós e até mesmo nossos guias. Por isso é tão importante uma visita ao terreiro para um passe ou exercitar a mediunidade nos trabalhos. Assim ficamos menos vulneráveis e caso algo do gênero aconteça, poderemos rapidamente tomar providências. Nunca se esqueça: orar e vigiar sempre! Podem afastar-se voluntariamente de nós quando nos desviamos radicalmente do caminho de nossa missão, ou quando abrimos portas para a negatividade. Afastam- se muitas vezes pela dificuldade que encontram em manter-se próximos, pela polaridade de nossa energia, por nossa energia estar muito diferente da vibração deles. Então, é como se nós os mandássemos embora; mas, mesmo distantes, estão nos vigiando e tentando prestar a ajuda que for possível. Quando estamos com Deus nenhum mal nos atinge. Ninguém pode mais do que nosso Pai Oxalá. No caso de médiuns de corrente, esta situação é ainda mais complicada, pois além de estarmos deixando que o plano inferior nos guie, nos dias de trabalho são estes espíritos malfazejos que virão em terra, fazendo-se passar pelos verdadeiros guias de luz. Neste caso cabe ao sacerdote oficiante da gira detectar a situação e encaminhar o intruso. Também o assentamento vibratório dos terreiros é indispensável para estes momentos, pois mina a força dos espíritos negativos. Muitos têm dúvidas sobre se todos os encarnados possuem guias e protetores; e a resposta é sim, independente de serem médiuns, todos possuímos nossos guias e protetores que nos acompanham, orientam e protegem. Não podemos esquecer de que nem todos os espíritos que nos acompanham foram escolhidos por nós antes do reencarne, alguns se aproximam por afinidade espiritual, e no caso dos médiuns de trabalho, podem se aproximar pela oportunidade de prestar a caridade. Os guias podem ser de diversas origens e falanges. Somente na Umbanda são conhecidas as linhas de caboclos, pretos-velhos, crianças, baianos, boiadeiros, marinheiros, ciganos, linha da simironga, linha d’agua, pescadores, linha do orientee a senzala. As diversas correntes se aproximam da Umbanda pela oportunidade de manifestar a caridade que a religião lhes proporciona. Intuição Segundo o dicionário, intuição é a faculdade de perceber, discernir ou pressentir coisas, independentemente de raciocínio ou de análise. Se está independente de raciocínio ou análise, isso quer dizer que ela não é manifestada pelo mental. E isto está correto. Para nós umbandistas, intuição é a forma que nossos protetores usam para nos transferir informação. É o canal de comunicação da espiritualidade conosco. É feito desta forma para nos advertir sobre perigos ou situações incômodas. Podem dizer também sobre pessoas que fazem parte de nossa missão, seja como auxílio ou resgate. Nossos guias lançam mão desse recurso para não infringir nosso livre arbítrio, sendo assim, eles nos transferem o recado, porém a decisão continua sendo nossa. Para cada um a intuição pode ser sentida de forma diferente; para alguns é como um lampejo, uma idéia, para outros são como sensações, e ainda há aqueles que a sentem como um choque elétrico. De qualquer forma, devemos ter em mente que a espiritualidade sempre atua a nosso favor. Quando recebemos uma intuição é importante falar ou agir imediatamente, aproveitando a pureza dessa intuição. Se não for o caso de falar nem de agir, ao menos tente registrá-la exatamente como você a recebeu. Por fim, muitos perguntam se existe intuição negativa, ou seja, causada por espíritos malfazejos. E a resposta é sim, isso certamente pode acontecer. Para evitarmos essa situação indesejada é importante estarmos sempre nos descarregando nos terreiros, sempre mantendo nossa energia positiva e sempre fazendo uma reflexão sobre nós mesmos. Como diz o Mestre, orar e vigiar. O preço da liberdade é a eterna vigilância. Mantenha-se sempre conectado com seus guias e seus mentores. Mas como ? Nas orações onde damos permissão para que possam atuar em nossas vidas e desta forma, todo o mal que nos cerca será encaminhado ao seu devido lugar e nossas intuições serão as melhores. Mundo invisível que nos cerca (parte 1) Neste capítulo, entenderemos o mundo invisível que nos cerca e como o afetamos através de nossas próprias energias, tanto positivamente quanto negativamente. Energia A palavra energia vem do grego ‘energeia’ e significa atividade, porém, em nosso mundo material, definimos como a capacidade de um corpo de produzir ação, trabalho ou movimento. Nosso mundo apresenta várias formas de energia como energia luminosa, energia mecânica, energia muscular, energia calorífica, energia nuclear, entre outras. Do ponto de vista espiritual, energia é muito mais. É a matéria prima que constitui tudo o que temos no universo, tanto no plano material quanto no plano espiritual. Um princípio universal da energia é que ela não pode ser criada, apenas transformada. Esse princípio rege muitas disciplinas como a química e a astronomia. No universo uma estrela que ‘morre’ e explode lança milhões de partículas que, ao se aglutinarem, darão origem à novas estrelas. O famoso físico alemão Albert Einstein, em sua teoria da relatividade, demonstra que energia é igual à massa multiplicada por aceleração. Difícil de entender? Explicamos então. Quando aceleramos as partículas de uma determinada partícula, ou grupo de partículas, mais energia obtemos. Este princípio foi utilizado para o desenvolvimento da bomba atômica. Mas o que tudo isso tem a ver com o ponto de vista espiritual? Einstein provou que tudo é composto de energia, e toda e qualquer energia pode ser transformada. Corpos densos como uma parede, ou nosso corpo físico, é energia em repouso ou com baixa aceleração. Corpos menos densos ou sutis, como os gases, são compostos de energia com maior aceleração. Neste último exemplo também se inclui o espírito. Resumindo, do ponto de vista espiritual tudo é energia e a energia pode ser transformada. Assim sendo, todos os espíritos podem ser afetados por outras energias. As energias, para o nosso estudo, dividem-se em duas categorias: energia imanente e energia consciente. Energia Imanente Energia imanente é a primária, vibratória, invisível, essencial e multiforme, totalmente impessoal, dispersa em toda a criação original, no meio ambiente, interpenetrando tudo no Universo, portanto, universalmente difusa, onipresente, ainda indomada pela consciência humana, e demasiadamente sutil para ser identificada pelos atuais instrumentos tecnológicos. A energia imanente é liberada em todos os domínios naturais com maior força, mas também está em todos os lugares, é a energia dos sagrados Orixás. Quando vamos ao domínio de Iemanjá, recebemos a energia imanente do mar; e o mesmo acontece nas matas de Oxóssi, nas pedreiras de Xangô ou nas montanhas de Oxalá. A maior fonte de energia imanente é o próprio ar que respiramos. Os hindus chamam essa energia de “prana”. É da cultura popular dizer que estamos com “quebrante” quando bocejamos. Isto é verdade, pois quando bocejamos aspiramos uma grande quantidade de ar e, por conseguinte, de energia, de prana. Isto ocorre quando estamos passando por situações de obsessão espiritual. Exercícios respiratórios são extremamente positivospara a absorção de energia, acalma o espírito e oxigena todo o nosso corpo. É por isso que quando vemos uma pessoa irada ou transtornada, a primeira coisa que pedimos a ela é que respire profundamente. No final deste tópico, ensinaremos exercícios para melhorar a respiração e a absorção de energia. O fato é que essa energia original e ancestral é extremamente necessária para a manutenção da vida em nosso planeta, pois além de fonte de energia positiva infinita, também ajuda a harmonizar nossas próprias energias que são deterioradas pelo ego, pelo consciente e pelo subconsciente. Energia imanente não pensa, não tem direção, apenas se derrama em todas as direções, infinitamente. Pode harmonizar, curar e gerar bem-estar físico, mental e espiritual. Quando entramos em contato com a natureza, seja qual for o domínio, normalmente nos sentimos cansados fisicamente, mas renovados. Essa sensação de renovação e felicidade que sentimos é provocada pela energia imanente. Energia Consciente Energia consciente ou consciencial é a imanente modificada por nós por meio dos nossos processos energéticos, pensamentos e sentimentos. As energias que produzimos nos afetam, bem como a todos os nossos semelhantes e os ambientes que frequentamos. A energia consciente indica imediatamente a condição na qual o indivíduo se encontra. Com um simples pensamento que emitimos, atraímos consciências que estão no mesmo padrão energético. Por isso, precisamos ficar atentos aos ambientes que frequentamos, às pessoas com as quais nos relacionamos e, principalmente, aos pensamentos e sentimentos que cultivamos. Então podemos dizer que a energia imanente é uma poderosa energia pura, porém neutra, não possui polaridade, existe apenas pelo objetivo de cumprir sua função no planeta, atuando sobre os seres vivos de acordo com a orientação original de seu Orixá. Já a energia consciente é a energia imanente por nós absorvida, entretanto, alterada pelo que pensamos e por nossas emoções, conferindo à esta energia uma polaridade positiva ou negativa. Energia consciente é regida pelas leis da ação e reação, bem como a das afinidades espirituais, sendo que a energia imanente não. A energia não pode ser criada nem destruída, mas avaliada, concentrada, bloqueada, dispersa, transferida, captada, transformada, modulada, emitida e projetada. Para isso basta estudo, exercício e disciplina. Por fim, devemos ter consciência da energia irradiada por nós e pelo mundo que nos cerca. Exercícios Exercício respiratório Sente-se no chão com as pernas cruzadas (posição clássica de meditação), com a coluna ereta. Com sua mão direita, pressione levemente abaixo do seu umbigo e comece a respirar, inspirando pelo nariz e expirando pela boca. A inspiração deve ser lenta e a mais profunda possível, de forma a preencher totalmente seus pulmões; a expiração deve ser feita em sopro, como se estivesse soprando um apito (fazendo um ‘bico’ com os lábios), de forma a expulsar todo o ar de seus pulmões. A cada respiração, é natural que as inspirações comecem a ficar mais e mais profundas, até que alcancem a plena capacidade de seus pulmões. Assim sendo, repita a respiração até sentir que sinta sua mão direita é empurrada para frente. Este é o sinal que você está aproveitando ao máximo sua capacidade pulmonar. Este é um exercício para disciplinar sua respiração e pode ser feito diariamente por alguns minutos apenas. Você pode manter seus olhos fechados durante o exercício, tente manter sua mente concentrada na respiração, caso não consiga, pense em algo que te faça sentir bem. Exercício para avaliar sua energia Material: 01 copo descartável novo, um galho fresco de arruda, um pouco de água. Coloque água no copo até a metade, em seguida coloque a arruda dentro e deixe o copo próximo a você. Em seguida exercite a respiração do exercício acima por 1 minuto, em seguida pegue o copo com sua mão esquerda, em seguida poste sua mão direita acima do copo em forma de concha (com os dedos unidos), e, pensando em coisas positivas, tente transferir para o galho de arruda todo o seu amor e seu desejo de que todo o bem do universo envolva aquele ramo. Faça isso por três minutos. Depois, guarde o copo em lugar limpo e coberto, e observe o passar dos dias. Se sua arruda durar até 3 dias Sua energia não está boa, você precisa de ajuda. Se durar de 3 a 7 dias Normal, você está bem mas não conseguiu causar diferenças na arruda. Se durar de 7 a 10 dias Você conseguiu levar com êxito boas energias. Se durar de 10 a 15 dias Você é um excelente canalizador de energia positiva. Se durar mais de 15 dias Você provavelmente possui dons de cura. Chakras Agora que entendemos um pouco sobre a energia e suas características, é hora de compreender como essa energia atua sobre nossos corpos. Nosso corpo é permeado por meridianos e pontos de energia. As técnicas orientais como a acupuntura, o shiatsu e a reflexologia fazem uso desses pontos há milhares de anos. Os pontos de energia estão por todo o nosso corpo. Podem ser centros de energia menores, secundários ou principais. Estes últimos são conhecidos como chakras e é o nosso objeto de estudo. A palavra chakra vem do sânscrito e significa centro, roda. Os chakras são centros principais por onde a energia é absorvida em nosso corpo. Desta forma eles são percebidos por clarividentes como vórtices (redemoinhos) de energia vital, espirais girando em alta velocidade, vibrando em pontos vitais de nosso corpo. Os chakras são pontos de interseção entre vários planos e através deles nosso corpo espiritual se manifesta mais intensamente no corpo físico. São sete os principais chakras, dispostos desde a base da coluna vertebral até o alto da cabeça, e cada um corresponde a uma das sete principais glândulas do corpo humano. Cada um destes chakras está em estreita correspondência com certas funções físicas, mentais, vitais ou espirituais. Num corpo saudável, todos esses vórtices giram a uma grande velocidade, permitindo que a energia (prana) flua para o sistema endócrino. Mas se um desses centros começa a diminuir a velocidade de rotação, o fluxo de energia fica inibido ou bloqueado, e disso resulta o envelhecimento, a doença e o mal-estar mental, emocional e espiritual. Os chakras são conectados entre si por uma espécie de tubo etérico (Nadi) principal chamado "Sushumna", ao longo do eixo central do corpo humano. As Nadis conduzem e regulam a energia conduzida aos chakras. Os Sete Chakras Principais Os sete chacras principais do corpo são, de baixo para cima: Básico, Sexual, Plexo Solar, Cardíaco, Laríngeo, Frontal e Coronário. Todos eles estão associados ao sistema endócrino do corpo humano, e cada um deles está associado a uma glândula específica. Vamos nos basear aqui no estudo dos hindus, que se debruçam sobre a anatomia sutil há pelo menos 10 mil anos, por meio da medicina ‘ayurvédica’ e das escrituras sagradas do Hinduísmo. Eles são os pioneiros no estudo dos chakras, e representam cada um deles com flores-de-lótus, com quantidades de pétalas diferentes. Quanto mais sutis são os chacras, mais pétalas eles têm (com exceção do chacra frontal). Do ponto de vista espiritual, cada chakra traz consigo uma missão a ser cumprida pelo homem. A vibração de cada um dos chakras também indica se a pessoa está bem ou não em cada parte do corpo e em cada setor da sua vida. Um chakra que vibra em excesso está hiperativo, ou que vibra menos do que o normal, hipoativo, está em desequilíbrio. Chakra Raiz, Básico ou da Base Ele é chamado pelos hindus de Muladhara, que em sânscrito significa suporte. Está na base da coluna (no último osso, cóccix), mais exatamente na região do períneo. Sua abertura está voltada para baixo, para a terra. É o responsável pela absorção da energia telúrica e pelo estímulo direto da energia no corpo e na circulação do sangue. Ele está ligado às glândulas suprarrenais, responsáveis pela liberação no sangue do hormônio adrenalina, que nos impele a preservar a nossa vida diante de situações de perigo ou de decisão. O chacra básico apresentaa cor vermelha, é ligado ao elemento terra e rege também os órgãos que dão estrutura ao corpo (ossos, músculos, coluna vertebral, quadris), às pernas, e aos pés. Dessa forma, esse chakra nos oferece um suporte, uma estrutura para vivermos no plano terrestre, pois é ele que nos conecta à terra, à existência. É comum que pessoas com depressão ou que já atentaram contra a própria vida estejam com esse chakra fragilizado. Pessoas muito apegadas a coisas materiais, que acumulam coisas antigas, costumam ter problemas de intestino preso e isso reflete um mau funcionamento do chakra básico. Pessoas prósperas e com boa saúde costumam ter um chakra básico igualmente saudável. A missão deste chakra é fazer com que caminhemos com equilíbrio no planeta Terra e ele expressa a saúde do corpo físico como um todo. Também conhecido como chakra da sobrevivência. É bloqueado principalmente pelo medo. Se deseja que este chakra se abra, deve encarar seus medos e dissolvê-los, deixe o medo ir embora. Chakra Sexual Para os hindus, é o Swadhisthana (ou cidade do prazer, em sânscrito) e encontra-se na região do baixo ventre, abaixo do umbigo. É fisicamente ligado às gônadas – testículos (homem) e ovários (mulher) – e à energia feminina, ao útero materno, à procriação (à criação de outras coisas também, como projetos pessoais, profissionais), à gravidez. É responsável pela reprodução e troca sexual durante o sexo, e pelo controle de líquidos em todo o corpo humano. O chacra sexual energiza toda a área genital e urinária, também cuida da filtragem e circulação de líquidos nos rins e por expelir todas as excreções do corpo. É regido pela Lua (por isso tão vinculado ao feminino, à sexualidade, à maternidade e à criação) e pelo elemento água (vinculado ao líquido amniótico, às relações interpessoais, à autoestima, ao amor-próprio). Na gestação, dentro do ventre da nossa mãe, ficamos 9 meses ligados a ela pelo cordão umbilical. No útero fomos abrigados e envolvidos pelo líquido amniótico, fomos nutridos por ele; por todos esses motivos, a saúde deste chacra mede e influencia a qualidade de nossa relação com a Terra, com a família, com as pessoas em geral, e com nós mesmos. Ele representa nosso corpo emocional, armazena emoções vividas em relacionamentos, e nos dá a missão de interagir com o mundo, com aquilo que está ao nosso redor de forma harmoniosa. Também pode ser chamado de chakra sacro, e apresenta a cor laranja, roxa ou vermelha (dependendo das circunstâncias). É o chakra da troca sexual e da alegria. Muitas escolas espirituais evitam falar sobre este chakra e colocam em seu lugar o chakra esplênico (ou chakra do baço). Quando está bloqueado, causa impotência sexual ou desânimo, problemas de relacionamento, baixa autoestima. Quando hiperativo, causa intenso desejo sexual e outras compulsões. Se o chakra sexual estiver saudável, ele estimula o melhor funcionamento dos outros chakras e ajuda no despertar da kundalini; a pessoa tem uma autoestima equilibrada, consegue aproveitar e apreciar os prazeres da vida. É o chacra do prazer e é bloqueado pela culpa. Perdoe-se de seus erros, liberte-se da culpa para ativar este chacra. Chakra do Plexo Solar Chamado de Manipura pelos hindus (em sânscrito, cidade das joias), fica um ou dois dedos acima do umbigo, e está ligado ao pâncreas. Esse chakra apresenta cor amarela, verde-forte e vermelha. Ele influencia nossa relação com a matéria e com o poder pessoal. Neste chacra ficam retidas emoções densas como raiva, mágoa, medo, tristeza, angústia, rancor, ansiedade. É um dos chakras que mais precisam ser tratados e harmonizados sempre. Representa o corpo mental. O plexo solar controla a região das vísceras, e não é à toa que todas as emoções densas e viscerais (como paixão e desejo) se acumulam nessa região. Ele é responsável por absorver a energia dos alimentos e distribuí-la para todo o corpo. É um dos chakras mais suscetíveis à nossa rotina. A maioria das pessoas sofrem com algum problema físico nesta região, como gastrite, problemas estomacais, diabetes, ou outros problemas digestivos. Quando está bloqueado, o chakra umbilical causa enjoo, medo ou irritação. Quando em harmonia, nos dá um poder de realização muito grande, é o chakra que nos impele a agir. Esse chakra tem grande vitalidade quando saudável, e funciona como um radar psíquico, percebendo energias ou presenças espirituais no ambiente. Seu elemento é o fogo e representa a força de vontade. É bloqueado pela vergonha. Para ativá-lo reflita sobre suas vergonhas e aceite que esses fatos aconteceram. Chakra Cardíaco Os hindus deram o nome de Anahata (Câmara secreta do coração), e, pela tradução do sânscrito, fica fácil de saber onde ele está – na região do coração, no centro do peito. O chakra cardíaco apresenta cor verde e amarelo-ouro, e está ligado à glândula timo. É responsável pela energização do sistema cardiorrespiratório, e toda a energia do tórax. Considerado o centro do amor e canal de expressão dos sentimentos, também está vinculado ao equilíbrio, ao amor universal, à compaixão, ao altruísmo e, fisicamente, ao sistema imunológico. O chakra do coração tem a função de equilibrar as energias de todos os outros chakras, pois está no centro, tendo abaixo dele três chakras inferiores associados à existência na Terra, e acima, três chakras superiores, mais sutis e associados ao plano espiritual. É o coração que conecta o Céu com a Terra, é a conexão da espiritualidade através da matéria. Representa o corpo astral. É o chakra mais fragilizado se houver um desequilíbrio emocional. Se for bem desenvolvido, torna-se um canal de amor para o trabalho de assistência espiritual. Quando existe um bloqueio, a pessoa sente depressão, angústia, irritação, pontadas no peito, é excessivamente materialista e apegada. Fisicamente, o bloqueio pode gerar infarto, taquicardia. Nas mulheres, pode aflorar câncer de mama. Tem como elemento o ar (que entra pelos pulmões e mantém a vida), é também conhecido como chakra do amor incondicional, sendo bloqueado pela tristeza, pelo pesar. Reflita sobre suas perdas e lembre-se que o amor também é uma forma de energia que não se destrói, mas se transforma. O amor continua existindo dentro do seu coração e poderá ser despertado novamente por outro ser ou circunstância. Ao reativar o amor incondicional, você também ativa o chakra cardíaco. Chakra Laríngeo Batizado como Vishuddha (O purificador do sangue, em sânscrito). Esse nome já nos dá algumas pistas da glândula à qual se vincula: a tireoide (e paratireoides). A tireoide tem como função filtrar o sangue, regular os ciclos menstruais nas mulheres. Está localizado na garganta e é responsável pela comunicação, pela expressão das ideias, verbalização e concretização de projetos. Fisicamente, cuidam da boca, garganta e vias respiratórias. As mãos e os braços são extensões físicas do chakra da garganta, pois são com eles que trazemos as ideias para o plano material, colocando a mão na massa. O Laríngeo representa o corpo etérico padrão e apresenta cor azul-celeste, lilás, branco prateado ou rosa. Quando apresenta boa saúde e desenvolvimento, facilita a psicofonia e a clariaudiência. É considerado também como um filtro energético que impede que as energias emocionais cheguem até os chakras da cabeça. Quando apresenta desequilíbrio, pode causar dor de garganta, herpes, dores de dente e/ou gengiva, hiper ou hipotireoidismo. Uma pessoa com problemas de adaptação, ou que aguenta tudo calada, “engole sapos”, pode ter o chakra da garganta bloqueado. Seu elemento também é o ar, mas no sentido de produzir som. É também conhecido como chakra da expressão ou da verdade. É bloqueado por mentiras, principalmente aquelas que contamos para nós mesmos. Para liberar este chakra, ponha para fora tudo o que você deseja falar para as pessoas. Se isto não é possível, mentalize a pessoa na sua frente e verbalize tudo o que deseja falar para ela. Reflita sobre os pontos de sua vida e modifique sua percepção com relação às mentiras que você conta para você mesmo.Autoafirmação verbal também ajuda bastante. Chakra Frontal O Ajna (Centro de controle, em sânscrito) é mais conhecido do como terceiro olho. Isso quer dizer que ele está na testa, entre as sobrancelhas, e vinculado à glândula pituitária ou hipófise. Apresenta cor índigo, branco-azulado, amarelo ou esverdeado. Ele controla todos os outros chakras, é dele que saem todos os comandos para o corpo todo; também cuida do lobo frontal, que representa a nossa porção lógica, nossos ideais, raciocínio e pensamentos, nossa capacidade de aprendizagem, observação e intuição. O chakra frontal também representa o corpo espiritual e é responsável pela saúde dos olhos e do nariz. Quando está saudável, o ajna adquire capacidade de clarividência e expande a intuição. Ele é fácil de ser trabalhado, pois o usamos muito no dia a dia pela visão. Geralmente a sua atividade pode ser sentida por uma vibração ou sensação de calor na testa. Esse chakra também representa a dualidade e os dois hemisférios do nosso cérebro, pois é desenhado com apenas duas pétalas. Há diversas disfunções nesse chakra, como um excesso de pensamentos, ideias que se acumulam e não são colocadas em prática, desorganização, falta de foco. Fisicamente, a pessoa pode sofrer com sinusite, que é a somatização dessa congestão mental. Também pode aparecer a sensação de pânico, dores de cabeça, até problemas mentais. A meditação é uma ótima forma de esvaziar a cabeça e limpar o chakra frontal. Também conhecido como chakra da sabedoria ou do discernimento. A força dos quatro elementos está neste chakra. É bloqueado pelas ilusões, principalmente pela ilusão do ter e ilusão da separação. A compreensão e o despertar da consciência despertam a força maior deste chakra. Chakra da Coroa ou Coronário O Sahashara (Lótus das mil pétalas, em sânscrito) possui exatamente 972 pétalas. Está no topo da cabeça, ligado à pineal ou epífise, que é a glândula que fica no centro da cabeça e é responsável pela mediunidade, funcionando como uma ‘antena’ para a força cósmica e o mundo espiritual. O chakra forma uma coroa de luz, por isso também é conhecido como chakra da coroa, pois está voltado para cima. Apresenta cor violeta, branco-fluorescente ou dourado. Através desse chakra, podemos alcançar a compreensão de tudo e é por ele que nos conectamos com o plano espiritual, com o Eu Superior, com Deus e o divino em todas as coisas; está ligado à nossa forma de professar nossa fé e evoluir espiritualmente. Quando ele é trabalhado e desenvolvido, facilita a lembrança e a conscientização das projeções da consciência. Tem muita importância na telepatia, no desenvolvimento da mediunidade, nas expansões da consciência e na recepção de temas elevados. É o chakra por onde penetra a energia cósmica e a energia do Sol também. O coronário é o chakra mais importante, pois é o responsável por energizar o cérebro, tem influência nas funções mentais e na produção de serotonina, o hormônio do bem-estar, pois regula o sono, o apetite, o humor, entre outras funções. Esse chakra representa o corpo causal. A vibração dele também indica que estamos vivos. Por esse motivo é que pessoas que dizem não acreditar em Deus, ou não professar nenhuma fé, ou não ter alguma prática religiosa, também apresentam atividade no chakra da coroa. Quando está em desequilíbrio, a pessoa pode desenvolver fobias, problemas neurológicos, falta de fé, depressão, tendências suicidas. Quando está saudável, ativamos toda nossa sensibilidade e vivemos alinhados ao nosso propósito, com saúde, felicidade e muita disposição. O chakra da coroa é o mais importante de todos os chakras, e a sua missão é compreender toda a existência e se iluminar, integrar-se com o todo. É nosso último dever no planeta Terra. Toda a informação de nossos guias e da espiritualidade passa por este chacra e ele está ligado aos quatro elementos mais o éter. Pode ser conhecido também como chakra da luz e, por estar ligando ao mundo cósmico e espiritual, é bloqueado pelas ligações com o mundo físico. O apego em excesso a coisas ou pessoas pode causar grandes danos a ele. Para fortalece-lo precisamos trabalhar o desapego e compreender que esta vida é transitória, e deixar que as ligações terrenas se dissolvam. Kundalini É um poder espiritual adormecido no chacra básico. Depois do despertar, a Kundalini atravessa os seis chakras que estão acima. São eles: o sacro, plexo solar, cardíaco, laríngeo, frontal, até chegar ao da coroa. Ao subir pela coluna vertebral, chega-se ao sétimo chakra dando a iluminação, ou Nirvana, para o discípulo (o Nirvana só é atingido por almas virtuosas). Esse processo ocorre somente para pessoas de altíssimo nível espiritual, que estejam preparadas, ou para aqueles que recebem essa bênção. É o poder espiritual primordial, ou energia cósmica, que jaz adormecida acima do primeiro chakra, o Muladhara, o centro de força situado na base da coluna. É a energia que transita entre os chakras que são centros de energia no corpo físico. Deriva de uma palavra em sânscrito que significa, literalmente, "enrolada como uma cobra" ou "aquela que tem a forma de uma serpente". É a energia do Universo em seu aspecto total. Muitos a retratam como uma energia que sobe do chakra básico para o alto, serpenteando e envolvendo cada um dos outros chakras até chegar ao coronário. Uma lenda diz que Kundalini é a deusa geradora da terra que sobe ao céu em direção ao seu parceiro Shiva, o princípio criador masculino. O chakra que regula o encontro dessas forças é o cardíaco. Ao traspassar cada chakra, limpa, desperta e desenvolve os mesmos, trazendo bem estar e equilíbrio. Mundo invisível que nos cerca (parte 2) Espírito e Perispírito A palavra espírito tem sua raiz etimológica do Latim "spiritus", significando "respiração" ou "sopro". Podemos associar a ideia com o sopro divino que deu, segundo a Bíblia, a vida ao primeiro homem, Adão. Segundo a doutrina espírita, o espírito é a individualização do princípio inteligente do Universo. Quando encarnado - ou seja, vestido de um corpo humano - é chamado de alma, nesta situação alma e espírito são as mesmas coisas. O espírito por si não tem forma, sendo que o que lhe confere aspecto é o perispírito. O termo perispírito foi cunhado por Allan Kardec e encontra seu primeiro uso no item VI da Introdução de O Livro dos Espíritos: "O laço ou perispírito, que une o corpo e o Espírito, é uma espécie de envoltório semimaterial. A morte é a destruição do envoltório mais grosseiro. O Espírito conserva o segundo, que constitui para ele um corpo etéreo, invisível para nós no estado normal, mas que pode se tornar acidentalmente visível e mesmo tangível, como sucede nas aparições." Concluiu Kardec que o perispírito seria um corpo fluídico que envolve o espírito na condição de ente "semimaterial". Mais "grosseiro" que o espírito e mais "sutil" que o corpo, seria o responsável, entre outras funções, pela transmissão da vontade daquele para este e das sensações do corpo para o espírito. Seria constituído a partir de modificações particulares do "Fluido Cósmico Universal", sendo que “(...) a natureza do envoltório fluídico está sempre em relação com o grau de adiantamento moral do Espírito.” (A Gênese – cap. 16 - item 9) O perispírito é a cópia fiel de nosso corpo físico, só que de forma intangível, entretanto ele é a ponte que une o Espírito e o Corpo, sendo que qualquer influência energética, positiva ou negativa, aplicada sobre nós, é certamente aplicada sobre o perispírito, o qual se encarrega de transferir as energias para o corpo. Egrégora A palavra egrégora vem do grego ‘egregoros’, que significa "vigilante", de ‘egeiro’, "observar". Chamamos de egrégora uma construção astral, mental ou espiritual sustentada por várias pessoas durante um longo tempo, dando-lhes um caráter de permanência que independe de algum indivíduo em particular. Esse caráter de permanência faz com que algumas egrégoras atravessem milênios, potencialmente se fortalecendo durante todo esse tempo. Egrégoras não são coisas "místicas". Sem dúvidaexiste uma egrégora católica, uma judaica, uma da Umbanda... Mas também existe a egrégora da Coca-Cola, da Adidas e a da sua faculdade. Vivemos em contato com centenas, talvez milhares de egrégoras. Uma egrégora é criada quando uma forma astral, mental ou espiritual encontra eco em outras formas semelhantes, e começa a "crescer". Por exemplo, quando lemos um livro de algum mestre, criamos formas de pensamento relacionadas a ele e aos ensinamentos de seus livros. Outras pessoas, lendo os mesmos livros, vão gerar formas de pensamento semelhantes, que vão encontrar eco nas que foram geradas por nós. Esse processo, se repetindo por muito tempo, e alimentado por muitas pessoas, gera uma forma estável, com a qual entramos em sintonia sempre que pensamos neste mestre. Que fique claro: não estamos entrando em sintonia com o mestre propriamente dito, mas sim com a egrégora formada por todos os pensamentos referentes a ele. Podemos até mesmo ser inspirados por ideias que compõem essa egrégora e que não foram "imaginadas por nós". Egrégoras normalmente não são formadas apenas de matéria astral, mental ou de algum plano específico. O mais comum é elas serem compostas de matéria de todos esses planos, despertando assim um misto de pensamentos e sentimentos nos que se vinculam a elas. E essas "construções coletivas" nos afetam o tempo todo. Quando entramos em um ambiente e nos sentimos desconfortáveis, o que estamos vivenciando muitas vezes é o choque entre as energias expressas pelas egrégoras do local e as nossas energias. Se estivermos "imersos" em egrégoras que se harmonizam conosco naquele momento, vamos nos sentir bem, e se ocorrer algum choque, vamos nos sentir mal. De forma geral, egrégoras podem estar vinculadas a locais físicos. Uma igreja, um terreiro, um estádio de futebol, uma delegacia. Quem nunca escutou um locutor esportivo falando que um time tinha vantagem por estar jogando "em casa"? A egrégora do time, fortalecida pelos seus torcedores, certamente atua mais intensamente em seu próprio campo. É importante termos isso em mente quando estamos buscando uma influência específica. Costuma ser melhor estudar em uma biblioteca do que em um estádio. É dessa forma que podemos usar as egrégoras a nosso favor. Entretanto, as egrégoras não se encontram somente em locais físicos, pode ser uma energia nômade que agrega seus simpatizantes onde quer que eles estejam. Como exemplo, citamos a egrégora dos devotos de Maria que praticam o terço. Dentro dos centros, terreiros e tendas não são diferentes. É comum ouvir um umbandista que não se sinta bem em outra casa umbandista. Sabem porque ? Ali se foi criado uma egrégora onde seus fundamentos são diferentes, não é porque não se sentiu bem em um terreiro, significa que esse terreiro tem energias erradas, quem somos nós para julgar. A justiça é divina. Porem para quem tem suas doutrinas de umbanda mais acentuadas no candomblé sentirá uma enorme diferença quando for em uma gira de umbanda com suas doutrinas mais Kardecista. Campo vibracional ou energético – Aura Se você nunca viu uma aura, certamente já sentiu, o que dá no mesmo. Lembra aquela vez que só de passar perto de uma pessoa ficou todo arrepiado? E quando ao entrar naquela casa sentiu um mal-estar? E aquela espécie de arrepio que certa pessoa provoca em você, antes mesmo de tocá-lo? Essas sensações "estranhas", aparentemente inexplicáveis, mas que lhe impressionam tanto, aconteceram na sua aura (por causa dela), ao ter contato com outras auras e com vibrações diferentes, talvez incompatíveis com a sua. Com o corpo você sente, com a energia mental (aura) você pressente, e por vezes tão fortemente que todo o seu corpo reage. Já está mais do que provado que o corpo humano tem uma espécie de campo elétrico. Ora, a física nos ensina que "a todo campo elétrico corresponde um campo magnético". Pois esse campo é sua aura, uma área iluminada que envolve todo o seu corpo. Uma energia luminosa, energia do subconsciente. Enfim, através de sua aura é que as entidades espirituais conseguem uma ‘leitura’ completa do seu momento de vida. Como se fosse um cartão energético onde constam todas as informações referentes à sua vida que não podem ser apagadas ou omitidas. As 7 virtudes e os 7 defeitos capitais Faço questão de abordar este assunto, pois somente quando tocamos em determinados assuntos é que nos damos conta de nossos defeitos. As virtudes correspondentes são a forma que temos para eliminar esses defeitos da nossa vida. Castidade — opõe luxúria. Pureza, simplicidade, sabedoria. Abraçar a moral de si próprio e alcançar pureza de pensamento através de educação e melhorias. Caridade — opõe avareza. Generosidade, auto sacrifício. Dar sem esperar receber, uma notabilidade de pensamentos. Temperança — opõe gula. Autocontrole, moderação, justiça. Constante demonstração de uma prática de abstenção. Diligência — opõe preguiça. Persistência, ética, decisão e objetividade. Ações e trabalhos integrados com força, disciplina e motivação. Paciência — opõe ira. Serenidade, calma, paz. Resistir o que é quase insuportável com paciência e dignidade. Resolver pacificamente os conflitos e as injustiças, ao contrário de utilizar a violência. Bondade — opõe inveja. Autossatisfação, compaixão, amizade. Empatia e confiança sem preconceito ou ressentimento. Amar sem egoísmo e ser voluntariamente bom sem rancor. Humildade — opõe vaidade. Modéstia, respeito. Humildade não é pensar menos de si mesmo, mas pensar de si mesmo menos. É um espírito de auto examinação. A coragem do coração necessária para se subjugar em tarefas que são difíceis, tediosas ou humilhantes, e graciosamente aceitar os sacrifícios envolvidos. Exercício contínuo da positividade Bom irmão, você aprendeu muito sobre energia e suas formas, chacras, as leis que governam o universo e tudo o que você precisa fazer para alcançar uma vida saudável, próspera e feliz. Para esse objetivo, é necessária a prática contínua da positividade. Esta positividade pode ser resumida em uma palavra pequena: fé. A fé verdadeira que não se importa com o tamanho do problema ou a dificuldade da situação; o sorriso sempre estará em seus lábios e nada, mas absolutamente nada, abalará a sua certeza de que tudo está preparado para a sua vitória, não importa como ela venha. Sei que é mais fácil resmungar, reclamar e se lamuriar, pois esta é a tendência principal do ser humano. Mas acredito que se você está tendo acesso a estas informações é porque é um dos escolhidos entre milhões de chamados. Agora, ponha em prática o que aprendeu até aqui, pois será imprescindível para sua vida. Mundo invisível que nos cerca (parte 3) Obsessão e desobsessão Obsessão é a influência persistente e negativa que alguém pode exercer de forma dominante em uma pessoa, por meio de ideias fixas, perseguição, excitação dos sentidos, vampirismo. Pode ser exercida por espíritos encarnados ou desencarnados, entretanto, ocorrem mais frequentemente com os espíritos que não mais fazem parte deste plano, conhecida como ‘obsessão espiritual’. Porém, a obsessão de seres encarnados não é tão incomum quanto se pensa. A desobsessão é o cessar desta atividade nefasta sobre o irmão subjugado. Na Umbanda sempre encontraremos o consolo da desobsessão espiritual, que pode ser feita por qualquer entidade que conheça este princípio. Sim, é possível que alguma entidade não o faça por desconhecimento ou por preferir não praticar a desobsessão. Sempre é importante lembrar que o desejado é que você, praticando os fundamentos da umbanda, fortaleça-se para não abrir portas para a obsessão. O mal somente se conectará com você com a sua permissão, através da vibração negativa que exaustivamente já debatemos. Mas como agem os obsessores? Basicamente, os obsessores trabalham da mesma forma que nossos guias e protetores. Você se lembra dos anjinhos e diabinhos que apareciam nos ombros dos personagens de desenho animado? É uma forma educativa de demonstração que seus guias podem ter tanto acesso a você quanto os obsessores. No final, o que interessaé para quem você vai dar ouvidos. Os espíritos comunicam-se conosco. Alguns podem até ouvi-los através da mediunidade da audiência, mas o mais comum é que eles atuem sobre nossas mentes inserindo pensamentos; e é por isso que para muitos é difícil discernir quando é o próprio pensamento ou quando é um espírito, porque acreditamos que somos nós os criadores daquele pensamento. Para aqueles que exercem o silêncio, a meditação e a reflexão, é possível aprender a distinguir seus próprios pensamentos de outros externos. Exige paciência e determinação, mas é possível. De uma forma geral, você começa a perceber detalhes, pequenas diferenças que indicam quando eles não te pertencem. Pode ser pelo conteúdo da ideia, de como o pensamento se construiu, das palavras que fazem parte do pensamento ou da energia que o pensamento vibra. Em outros casos, o pensamento pode vir acompanhado de sensações, de emoções. Exemplos: Caso 1 Você é uma pessoa extremamente limpa e preconceituosa. Subitamente você avista uma pessoa bêbada e maltrapilha; neste instante, apesar de suas convicções, sente um desejo incontrolável de ajudar aquela pessoa, mesmo sabendo que isto não é do seu feitio. Como o resultado é a caridade, você certamente está sendo intuído por espíritos superiores. Caso 2 Você trabalha com uma pessoa há 10 anos. Ambos são casados e felizes, e nunca faltaram com o respeito um para com o outro, ou se deixaram levar por ‘brincadeiras’ levianas. Num determinado dia, você olha para aquela pessoa e sente interesse físico por ela, acompanhado de forte impulso sexual. Neste caso irmão, tenha certeza de que está cedendo aos pensamentos plantados por espíritos obsessores. Os antigos diziam “a maldade não pega em quem tem Deus no coração”. E eles estavam certos. Devemos nos policiar, orar e vigiar sempre. E você pode estar se perguntando: e meus protetores não vão me ajudar caso eu venha a ser obsedado? E a resposta é que eles nada podem fazer sem a sua autorização. Eles tentam barrar o mal o tempo todo, mas a partir do momento que você mesmo criar sintonia com aquele espírito, foi uma escolha sua (mesmo que inconsciente). Seus protetores não podem interferir em seu livre arbítrio. Mas caso você detecte a obsessão, você pode invocar para que seus guias o auxiliem na sua libertação e somente neste momento eles poderão intervir. Pessoas que possuam uma mediunidade aflorada podem sentir muito mais os sintomas de uma obsessão espiritual. Esses sintomas variam de caso para caso e de pessoa para pessoa. Os mais comuns são alteração de humor repentina, tristeza, medo, depressão, dores nas costas, dores no pescoço, dores de cabeça, enxaqueca, insônia, perda de apetite, desejo pela morte, dores sem motivo aparente, doenças que os médicos não conseguem diagnosticar, ira, ansiedade, compulsão por comida, compulsão por sexo e outros vícios, fadiga crônica, incapacidade de sentir felicidade ou alegria, sensação de mundo em preto e branco, sensação ou mania de perseguição. Como podemos perceber tudo o que sai do equilíbrio pode ser causado por obsessão. Isto não significa que toda anormalidade ou todo desequilíbrio seja culpa de uma obsessão. Lembre-se que o maior obsessor que você pode carregar é você mesmo. Tipos de Obsessão Os tipos de obsessão são três e iremos discorrer sobre todos eles para seu melhor entendimento. Obsessão adquirida pela própria pessoa A mais comum de todas e que certamente o leitor já sabe do que se trata. Esta modalidade está ligada ao pensamento negativo recorrente que a pessoa emana, ou ainda por suas ações e palavras. Vamos à alguns exemplos. Caso 1 - Pensamento Uma mulher com dois filhos perde seu marido em acidente de trânsito. O fato de não ter mais o companheiro, além de ter que arcar com as despesas da casa e com a criação das crianças, gera dentro dela um sentimento de insatisfação profundo e o pensamento recorrente é ‘eu queria morrer’. Quando a vibração deste pensamento recorrente ficar forte o suficiente para ser percebido pelos espíritos inferiores, eles, movidos apenas pelo desejo de fazer o mal, passam a acompanhar aquela pessoa. Daí em diante o desejo de morte aumenta, a ajuda diminui (pois ninguém suporta ficar ao seu lado), as doenças começam a aparecer, isto pode provocar muitas faltas no trabalho, acarretando consequentemente uma demissão, até que um dia, ao atravessar a rua perdida em pensamentos, ela é atropelada e desencarna em decorrência dos ferimentos. Caso 2 – Palavra Um empresário com fixação em dinheiro passa a acreditar que todas as pessoas que estão ao seu redor, só o fazem por interesse a seus bens materiais. Esta fixação recorrente faz com que ele diga constantemente ‘eu não preciso de ninguém’. Quando a energia destas palavras cresce é captada pelo plano inferior e um obsessor passa a acompanha-lo voluntariamente, só para o que diz se cumpra. Aos poucos as pessoas vão se afastando, até que não sobre mais ninguém, nem família, nem amigos e nem mesmo empregados ou conhecidos. Esta pessoa certamente irá desencarnar de um ataque cardíaco fulminante e seu corpo será encontrado apenas 4 dias depois da morte. Caso 3 – Ações Um funcionário de uma empresa começa a se ressentir por acreditar que seu chefe não reconhece seu trabalho. Dessa forma começa a acreditar que teria direito a objetos e produtos da empresa. Fica inclinado a começar a roubar e começa a praticar pequenos furtos. Quando isto fica recorrente e a sensação de impunidade fica latente, um ser negativo se apossará dele, e por sua intervenção, os furtos começam a ficar maiores até que se torna um grande roubo. No fim ele é descoberto e preso por vários anos. Em todas estas estórias, o responsável é o próprio protagonista, que de forma imprudente se afastou das virtudes do espírito e, dessa forma, ‘convidou’ seres negativos a acompanha-los. Foram exemplos básicos que acontecem todos os dias. Por isso nosso mestre já nos deixou algumas lições “ Orai e Vigiai” sempre que tiver pensamentos negativos como os exemplos citados acima, peça perdão a Deus e peça ajuda a espiritualidade. Com a nossa permissão, toda falange de luz lutará por você. Obsessão causada pelo desejo de fazer o mal Muitas vezes, no trânsito quando estamos dirigindo, recebemos uma “fechada” de outro motorista. Neste momento, não é incomum que alguns de vocês gritem: “Tomara que morra!”. A energia nociva que desprendemos neste momento é tão forte que pode ser utilizada por um espírito malfazejo para cumprir a sua sentença. Ou seja, um obsessor pode recolher esta sua energia para matar o outro motorista. E assim funciona com todos os tipos de maldições e maledicências. O desejo pode ser transitório como no exemplo anterior, ou persistente, como quando pensamos mal de uma pessoa recorrentemente. Lembro, por fim, que não é necessário verbalizar o pensamento para desprender este tipo de energia. Obsessão firmada na magia negra Poderia falar por horas sobre esse tópico e sei que muitas pessoas gostam deste assunto. Mas em minhas doutrinas eu acredito em um Deus único. Ninguém pode mais do que Deus, ninguém pode mais do que nosso Pai Oxalá. Tenha isso em mente quando se diz magia negra, lembre que a força de nosso pensamento faz com que o universo conspire em tal pensamento. Sendo assim se você gosta e admira esse tipo de estudo, reflita sua vida. Por que tanto interesse a magias ? Siga o bem , siga a Olorum, siga a Oxala e seus orixás, nenhum mal lhe pegará sem a sua permissão. Mundo invisível que nos cerca (parte 4) Agora que conhecemos os tipos de obsessão, vamos conhecer os tipos de obsessores. Tipos de Obsessores Quando dizemos “tipo”, estamos nos referindo ao grau de malignidade do espírito. Sofredores Os menos nocivos para os encarnados. São espíritos desorientados, perdidos, normalmente recém-desencarnados. Acoplam-se aos encarnados principalmente pela necessidade de energia. Desta forma vampirizam suas vítimas, o que pode levar a pessoa a sérios problemas de saúde se a situação se estender por muito tempo. Mas quase nunca tem o objetivode causar o mal. Sua energia é instável, mas são extremamente receptivos a um encaminhamento no ato de desobsessão. Zombeteiros São aqueles que praticam o mal apenas para seu prazer. Aproveitam-se dos momentos de fraqueza das pessoas para delas se aproximarem e agirem. Estão numa escala acima dos sofredores, normalmente têm consciência da sua condição e já começam a desenvolver certas capacidades de manipular energia, inclusive se apresentando através da materialização para causar susto. Agem individualmente, não estando coligados a grupos ou falanges. Eles agem espontaneamente sobre suas vítimas, não sendo enviados através de trabalhos. Podem ser facilmente removidos através de oração, em casas espiritualistas e no terreiro de Umbanda. Obsessores Esta categoria pratica o mal deliberadamente. Podem ser organizados em falanges ou não. São eles que recolhem a energia negativa por nós liberada para promover a obsessão. Quando organizados, normalmente são os soldados que recebem ordens de outros espíritos hierarquicamente mais poderosos. Quanto às energias, possuem energia densa negativa cuja intensidade pode variar. Tentam causar problemas na hora do encaminhamento, mas invariavelmente são encaminhados sem maiores problemas. Trevosos Extremamente poderosos, quase sempre organizados, sendo que hierarquicamente em sua maioria são capitães e generais de falange. Se estiverem pessoalmente obsedando alguém, tenha certeza de que foram extremamente bem pagos ou que se trata de uma situação muito importante para a causa maligna. São eles normalmente que respondem aos feiticeiros nos trabalhos de alta magia negra. São raros de serem encontrados e quase sempre passam despercebidos. Para que a desobsessão possa acontecer é necessária uma entrega de todo o coração da pessoa em sofrimento, com uma fé inabalável, pois sempre estes espíritos causam imensos problemas para o terreiro. São extremamente difíceis de serem encaminhados e quase sempre pedem pagamento para deixar o obsedado. Para a desobsessão de espíritos desta categoria, é necessário um terreiro extremamente bem assentado energeticamente. Só para ressaltar, nós da tenda não negociamos com obsessores, ou querem ser ajudados e estaremos a disposição para ajuda-los ou irão voltar para trevas onde ficarão aprisionados por 7 anos. Magos Negros São os mais perigosos seres da espiritualidade inferior. Extremamente poderosos, sua inteligência e capacidade magística podem ser comparados à espíritos de alta evolução, porém, trabalham firmemente para o mal. Nunca obsedam pessoalmente e raramente são sentidos no plano material. Ficam enclausurados em suas fortalezas elaborando as mais refinadas estratégias para a ascensão do mal nos mundos. Dão ordens aos outros espíritos e estão sempre em busca de espíritos de grande energia, os quais sequestram e aprisionam para servir aos seus intentos vis, ou mesmo para formar novos magos negros. Como podemos ver, são inúmeras as situações de obsessão, porém todas tem solução, dependendo apenas do obsedado desejar de todo o coração e buscar ajuda capacitada para tanto. O melhor caminho ainda é conhecer a si mesmo, domar e transformar seus pontos vulneráveis e, claro, orar e vigiar. O amor incondicional A palavra amor é extremamente fácil de falar e seu uso está por todos os lados. Porém, o que é realmente o amor? Até mesmo os dicionários tem dificuldade para conceituar o amor. O conceito mais adequado para o amor seria: “energia positiva desprendida voluntariamente para os seres vivos da criação de Deus com o objetivo de levar a esses seres todas as bênçãos do mundo”; Pois, Quando você ama uma pessoa é isso o que você deseja; Quando você ama um animal é isso o que você deseja; Quando você ama uma planta é isso o que você deseja. Quando nos sentimos amados somos mais seguros, mais abertos e mais felizes. De uma forma geral, creio que todas as pessoas já sentiram esta energia ou pelo menos deveriam. E amor incondicional: O que vem a ser isto? É a proposta de levar esta energia a tudo e a todos sem distinção de cor, credo, condição sexual, independente de ser conhecido ou não, de ser bom ou não. Isto porque a energia do amor é a única energia que transforma verdadeira e mais rapidamente os corações, e espíritos doentes e embotados. Se conseguíssemos vibrar amor o tempo todo, nenhum obsessor conseguiria ficar perto de nós, pelo simples fato desta energia ser oposta à dele. Uma pessoa que te odeia ficará inclinada a relevar seus sentimentos nada bons, pelo simples fato de suas atitudes amorosas. Para praticar o amor incondicional é fácil. Pense na pessoa que mais você ama, que desperta em você os melhores sentimentos, que faz você sorrir sem pensar, sem motivo aparente. Pensou? Agora imagine que todas as pessoas que você encontrar no seu dia seja esta pessoa amada. Então você vai cumprimenta-la como cumprimentaria aquela pessoa, vai trata-la como trataria aquela pessoa e assim por diante. Pode ser que as primeiras experiências não sejam tão positivas assim, pois todos ficarão admirados e curiosos com sua repentina mudança de comportamento. Mas garanto que funciona. Garanto que o mundo passará a ser mais generoso com você, somente pelo motivo de que você ama este mundo de todo o seu coração. Devemos lembrar sempre que somos os pioneiros deste novo mundo de regeneração no qual nosso planeta está se transformando e, por isso, temos por obrigação sermos nós os primeiros a quebrar com os ciclos negativos que o mundo tem vivido até hoje. Vivemos tão carrancudos e perdidos dentro de nós mesmos, que nos esquecemos da boa e velha cortesia, que é uma varinha mágica para transformar sua vida. Experimente perder alguns minutos para ouvir as pessoas. Experimente dar bom dia com muita alegria! Experimente ser gentil com aquele que for rude com você. E você perceberá que o mundo e as pessoas ao seu redor se tornarão melhores e mais iluminados. E assim seus problemas parecerão infinitamente menores. Mas o milagre não para aí. Mesmo sem perceber você vai transformar lentamente a vida de todos que conviverem com você. E que acima de tudo você se ame profundamente. Ame sua vida, seu corpo, suas qualidades e defeitos. Se assim fizer, perceberá que sua conexão com o plano espiritual ficará melhor e mais limpa. Agora vá. Pense firmemente num pensamento feliz e mude o mundo A Religião Umbanda Significado da palavra Umbanda Não existe um consenso sobre a origem e nem do significado da palavra “Umbanda”. Existem correntes de pensamento, algumas contemplando o ponto de vista histórico e cultural, outras baseadas em depoimentos de espíritos considerados sábios. No livro “Iniciação à Umbanda”, de Ronaldo Antonio Linares, Diamantino Fernandes Trindade e Wagner Veneziani Costa, editora Madras, em sua página 51, encontramos o seguinte: “A palavra Umbanda, segundo Cavalcanti Bandeira em sua grande obra “O QUE É UMBANDA”, é originária da língua Quimbundo, encontrada em muitos dialetos bantus, falados em Angola, Congo, Guiné, e não é segredo algum, pois, em virtude dos interesses comerciais e do período em que Portugal manteve suas colônias na África, foi devidamente estudada, existindo várias gramáticas de autores insuspeitos, em que são citadas as palavras Umbanda e Quimbanda, nome comum na África. Às vezes é citada como nação poderosa, outras vezes como o espírito dessa mesma nação. (...) Uma possibilidade mais remota dá a origem dessa palavra no orientalismo iniciático, no qual o “mantra” AUMBHANDA, representa um alto significado esotérico como foi discutido no Primeiro Congresso Brasileiro de Espiritismo de Umbanda, realizado em 1941, no Rio de Janeiro. Neste congresso, Diamantino Coelho Fernandes, da Tenda Mirim, apresentou uma tese intitulada “fundamentos históricos e filosóficos”, na qual discorreu sobre o tema. Em um dos trechos da tese encontramos: Umbanda não é um conjunto de fetiches, seitas ou crenças originárias de povos incultos, ou aparentemente ignorantes. Umbanda é, demonstradamente, uma das maiores correntes do pensamento humanoexistentes na Terra há mais de 100 séculos, cuja raiz se perde na profundidade insondável das mais antigas filosofias. O vocábulo UMBANDA é oriundo do sânscrito, a mais antiga e polida de todas as línguas da Terra, a raiz mestra, por assim dizer, das demais línguas existentes no mundo. Sua etimologia provém de AUM-BANDHÃ (Om-Bandá) em sânscrito, ou seja, o limite do ilimitado.(...)Na gramática de Kimbundo, do professor Dr. Quintão encontramos: Umbanda – arte de curar (de Kimbanda – Curandeiro). Algumas deformações linguísticas atuais no Brasil, atribuem ao feiticeiro o título de Quimbandeiro, que no país de origem, a África, é chamado de Muloji. Resumidamente temos: Umbanda, arte de curar, ofício de ocultistas, ciência médica, magia de curar.” (...) Outra forte corrente, alega que o termo já era utilizado pelos índios brasileiros, antes mesmo do descobrimento. Tribos brasileiras que falavam um dialeto do tupi, também, segundo alguns, já utilizavam a palavra com a seguinte sonorização: Aumbandan. Esta corrente alega ter recebido a instrução de seres de altíssima elevação espiritual que transferiram este conhecimento. Dividindo a palavra em termos, teremos AUM-BAN-DAN, que segundo os que adotam este conceito, estes termos podem ser traduzidos através do alfabeto adâmico, o qual foi descoberto pelo Marquês Alexandre Saint-Yves d’Alveydre. A tradução então ficaria AUM - “A Divindade Suprema” BAN - “Conjunto, sistema” DAN - “Regra ou Lei” Por conseguinte, AUMBANDAN seria o “conjunto das leis divinas”. Esta última, na minha humilde opinião, é a que mais tem a cara da verdadeira Umbanda. Sendo nação poderosa, limite do ilimitado, magia de cura, medicina do povo ou conjunto das leis divinas, creio que nenhuma palavra ou sentença foi capaz de traduzir tão bem o conceito da nossa religião quanto aquele dado pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas: “Umbanda é a manifestação do espírito para a caridade”. Umbanda – um banda = uma só banda, todos em uma única filosofia – amor, caridade humildade. Salve a sua banda. Símbolos da Umbanda Em seus mais de cem anos de história, a Umbanda adquiriu uma iconografia própria e oficial. Uma vez que toda nação ou mesmo uma agremiação esportiva possui símbolo, bandeira e hino próprio, é mais do lógico que a nossa sagrada religião dispusesse dos mesmos tributos. Símbolo O símbolo mais comum da Umbanda é o hexagrama ou, como é conhecido popularmente, estrela de Davi. Note que o hexagrama é composto por dois triângulos entrelaçados, sendo que um aponta para cima e outro, aponta para baixo. Desta forma estabelece-se a dualidade do nosso mundo: espiritual-material, Deus- homem, positivo e negativo; mas também forma duas trindades (representadas pelos vértices de ambos os triângulos), para muitos, o que aponta para cima seria a trindade tradicionalmente conhecida por Pai, Filho e Espírito Santo, enquanto o que aponta para baixo seria o Mundo, o homem e a mulher. Para a nossa Umbanda, que é o que interessa, além das dualidades obviamente representadas, teríamos a seguinte interpretação das trindades: o triângulo que aponta para cima simbolizando a trindade umbandista: Olorun, Oxalá e Ifá (Pai, Filho e Espírito Santo), e o triângulo que aponta para baixo simbolizaria Exu (Orixá), Exu (representante masculino) e Pomba-Gira (representante feminina). Alguns ainda identificam o triângulo com vértice para baixo como Exu, Pomba-Gira e Exu-Mirim Este símbolo é largamente usado por muitas casas umbandistas para cerimônias oficiais como o batismo e o casamento. Bandeira A ideia de uma bandeira para a Umbanda surgiu através do Babalorixá Presidente da Associação de Umbanda de Caxias, Saul de Medeiros, o qual idealizou a bandeira, que de imediato foi bem recebida pelo povo umbandista de Caxias do Sul e também do Rio Grande do Sul, mas a ideia é que a bandeira se tornasse nacional. Em abril de 2008, Saul de Medeiros associou-se com a FUGABS – Federação Umbandista do Grande ABC, e, em 1 de Junho do mesmo ano, realizaram o lançamento oficial da Bandeira da Umbanda no Teatro Municipal Dr. Paulo Machado de Carvalho, na presença de mais de 1.200 irmãos umbandistas. A bandeira pelo olhar de seu criador: ”A imagem de um lindo sol radiante, e, de seu núcleo, sai uma figura que no primeiro instante parece a de um enorme pombo branco, mas olhando com mais atenção, a forma se modifica deixando transparecer a de um espectro humano angelical, com enormes asas, como se dirigisse a um destino determinado, a realizar uma missão”. Hino da umbanda Além da magistral letra, é a história do Hino da Umbanda que o faz mais belo. José Manuel Alves (mais conhecido como J.M. Alves), português radicado no Brasil, compositor reconhecido, cujas canções de sua autoria foram gravadas por cantores conhecidos na época como as Irmãs Galvão, Grupo Piratininga, Osni Silva, Ênio Santos, entre outros. Em 1955, a marchinha Pombinha Branca, composta em parceria com Reinaldo Santos, foi gravada por Juanita Cavalcanti. Ainda compôs xotes, valsinhas, baiões, maxixes e outros gêneros musicais de sua época, e realizou um sonho ao gravar o seu único LP, disco de vinil, em 1957. No entanto, era cego. Em busca de sua cura foi à procura da ajuda do Caboclo das Sete Encruzilhadas. Embora não tenha conseguido seu intento, ficou apaixonado pela religião e compôs uma canção para homenageá-la. Apresentou a letra ao Caboclo das Sete Encruzilhadas, o qual tanto a apreciou, que resolveu nomeá-la como Hino da Umbanda. Em 1961, durante o Segundo Congresso Brasileiro de Umbanda, presidido por Henrique Landi Júnior, foi finalmente oficializada em todo o Brasil. Originalmente foi composta para ser interpretada como a marcha de um hino, mas depois de cair nas graças do povo, passou a ser cantada ao som de atabaques nos terreiros de todo o país. Eis aqui sua letra original: Refletiu a luz divina Em todo seu esplendor Vem do Reino de Oxalá Onde há paz e amor. Luz que refletiu na Terra Luz que refletiu no Mar Luz que veio de Aruanda Para tudo iluminar Umbanda é paz e amor É Um Mundo cheio de luz É a força que nos dá vida E à grandeza nos conduz. Avante filhos de fé Como a nossa lei não há Levando ao mundo inteiro A bandeira de Oxalá. Influências da Umbanda Ao adentrarmos a um terreiro umbandista, é natural que tenhamos sensações de familiaridade com muitas passagens do rito e até mesmo com templo em si. Os santos católicos muitas vezes presentes, os pontos cantados que muitos já ouviram no rádio ou na internet, pelas orações, enfim, por todo esse Universo da Umbanda. É importante lembrar que a Umbanda não nasceu pela dissidência de outra religião maior, mas desde o início se estabeleceu pelo amor, pelo amor de Deus aos homens, foi-nos outorgada a religião que mais ampara os necessitados da ajuda espiritual. Três grandes religiões colaboraram para o nascimento da Umbanda: o Candomblé, o Espiritismo e o Catolicismo, e é essa herança que nos confere esse ar familiar, pois é muito raro o irmão não ter conhecido ao menos uma dessas religiões. Por ser muito flexível, a Umbanda sempre acolhe com carinho outras práticas religiosas e esotéricas, cabendo ao sacerdote integrá-las ou não, de acordo com seus princípios e experiências. E é por isso que dizemos que o terreiro tem a cara do Pai- de-Santo. Existem dois atributos muito importantes dentro da Umbanda, que fazem com que a pessoa que chega pela primeira vez a um terreiro, acabe se sentindo muito bem acolhida. O primeiro é que a Umbanda não é conversionista. Você pode frequentar um terreiro pelo tempo que desejar sem que seja convidado a se “batizar” ou coisa que o valha. Seu livre-arbítrio sempre será respeitado. É por este motivo que muitas pessoas vão à Umbanda tomar seu passe e sua orientação, porém permanecem fiéis às suas religiões originais, frequentando as missas ou cultos de acordo com sua fé. A segunda e mais importante é que enquanto na maioria das outras religiões existe um padre ou pastor para uma multidão de fiéis, na Umbanda existe um “padre ou pastor” para cada fiel. Dessa forma, na nossareligião as pessoas têm a oportunidade de tratar seu problema individual e este fator auxilia (mas não é preponderante) para que a pessoa alcance seu objetivo mais facilmente. Isso faz da Umbanda a religião com o maior potencial de crescimento da atualidade. Sincretismo religioso Para entendermos o sincretismo religioso, primeiro temos que entender o que é sincretismo > fusão de diferentes cultos ou doutrinas religiosas, com reinterpretação de seus elementos. Se preferir, sincretizar é acreditar ao mesmo tempo em que uma coisa é outra. O sincretismo religioso se dá pela associação dos santos católicos com os Orixás. Quando um umbandista olha para a imagem de Jesus, ele imediatamente direciona sua mente para Oxalá, o pai de todos os Orixás, sem a predominância de nem um dos dois. Cultuamos o Jesus e Oxalá na mesma figura, essa é a base do sincretismo religioso. Por que isso aconteceu? Quando os negros escravos chegaram ao Brasil, eram forçados a adotar o catolicismo, sob pena de flagelos e privações. Ora, o negro não entendia nada daquele culto sem sentido, onde imagens desconhecidas tinham que ser veneradas com rezas, cuja língua muitas vezes ainda não se habituara. Desde o início os negros praticavam seus cultos em segredo, e, pela ausência de alguns instrumentos de culto, adaptavam outros semelhantes encontrados na própria senzala ou subtraídos das cozinhas dos senhores. Diante da obrigação de se cultuar os santos, o negro viu uma oportunidade de fortalecer seu culto, utilizando as imagens dos santos, associando-as com seus Orixás. Assim, quando eram surpreendidos pelos senhores e capatazes em seus cultos, diziam que estavam rezando para os ”santos”. Apesar de pouco entender, os senhores permitiam que cultuassem os santos à seu modo, nunca imaginando que aqueles primeiros cultos seriam a semente de uma nova religião, o Candomblé. Mesmo após a abolição da escravatura, o costume permaneceu, pois já era praticado há quase três séculos. E, dessa forma, foi trazido para a Umbanda pelos primeiros médiuns da raça negra. É importante salientar a diferença que existe entre o sincretismo na Umbanda e no Candomblé. Enquanto no Candomblé a imposição de uma religião forçou os negros ao sincretismo, na Umbanda ele chegou voluntariamente, sem o peso do errado, do escondido. Chegou através do amor e foi rapidamente adotado por todos. Na Bahia, o sincretismo é tão forte e presente, que em muitos rituais católicos se fazem presente muitos adeptos do Candomblé e da Umbanda. Como exemplo citamos a lavagem da escadaria da Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, em Salvador, onde o povo do Candomblé é quem faz o ritual, sob os olhos dos padres. Sincretismo religioso · Obaluaê – São Lázaro. · Ogum – São Jorge. · Iemanjá – Nossa Senhora da Conceição. · Oxum – Nossa Senhora da Aparecida. · Xangô – São Jerônimo. · Oxóssi – São Sebastião. · Iansã – Santa Bárbara. · Ibeji – São Cosme e Damião. · Nanã – Santa Ana. · Oxalá – Jesus Cristo e Nosso Senhor do Bonfim As 7 linhas de Umbanda Este assunto já rendeu polêmica suficiente para editar uma enciclopédia. Muitos fecharam opinião sobre este assunto, alguns com mínimas diferenças, outros muito distantes da maioria. É necessário saber mais sobre a história da religião para compreendermos a trajetória do pensamento umbandista. Em nossas doutrinas e para nós da TUMAOOGI não temos apenas 7 linhas cultuadas e não somos nós quem vamos classifica-las do primeiro ao sétimo. Porém cultuamos as seguintes. Oxalá – Jesus Cristo – cor branca Ogum – São Jorge – cor vermelha Iemanjá – Nossa Senhora da Conceição – azul claro Oxóssi – São Sebastião - verde Nanã Boruque – Santa Ana - lilás Oxum – Nossa Senhora da Aparecida – dourado ou amarelo Iansã – Santa Barbara – vermelha ou laranja Xangô – São Jerônimo - marrom Obaluaê – São Lázaro – preto e branco Não estou aqui para a discussão de cada umbanda, mas vou deixar alguns nomes de umbandas praticadas no Brasil. UMBANDA DAS 7 ENCRUZILHADAS UMBANDA KARDECISTA UMBANDA MIRIM UMBANDA POPULAR UMBANDA OMOLOCÔ UMBANDA ALMAS E ANGOLA UMBANDOMBLÉ UMBANDA ECLÉTICA MAIOR AUMBHANDÃ UMBANDA GUARACYANA UMBANDA DOS SETE RAIOS AUMPRAM OMBHANDHUM UMBANDA SAGRADA Egum Egum é todo e qualquer espírito que já vivenciou uma encarnação na Terra. Desta forma, podemos dizer que qualquer ente querido que tenha desencarnado é um egum, assim como os obsessores são eguns, Chico Xavier é um egum, e até mesmo Jesus Cristo é um egum. Para caracterizarmos como egum, é necessário que o espírito esteja desencarnado. Desta forma, todos os espíritos que se manifestam em um terreiro de Umbanda são eguns, portanto, pode-se dizer que o egum é uma das bases da religião umbandista. Nos candomblés mais tradicionais, o culto de algumas nações representa egum como espírito impuro, pois, para estas nações, todo espírito que viveu nesta terra estaria contaminado por ela, e somente os Orixás teriam a mais pura energia, desejada pelo filho de fé. Para outras nações, cultuam o egum como o espírito sagrado de seus ancestrais, conhecido como culto de Egungun. Promovem festas e dão obrigações a eles. Naqueles candomblés que tratam o egum como impuro, normalmente recomendam ao filho que utilize o contra-egum, um adorno preparado com 7 fios de palha da costa, devidamente curtido em amaci de ervas, que é colocado no braço direito do filho de fé, proferindo-se rezas em língua africana, para que ele surta seu efeito. Estas várias abordagens sobre este tema gera muita confusão entre os filhos de Umbanda e mesmo na cabeça de muitos sacerdotes, que, por desconhecerem o real fundamento da Umbanda, acabam por utilizar o contra-egum. Reafirmo que egum não é espírito sofredor e nem obsessor. Usar um contra-egum na Umbanda seria o mesmo que desejar afastar nossos guardiões, pretos-velhos e caboclos. Quando perguntam sobre esse assunto, normalmente eu brinco que o irmão não deseja um contra-egum e sim um contra-kiumba, contra-obsessor. E se você me perguntar se existe um contra-kiumba, a resposta seria sim, é claro! Basta firmar sua cabeça com pensamentos bons, falar coisas boas e praticar boas ações que você terá o melhor contra-kiumba que alguém poderia desejar. Mas, se mesmo assim você deseja algo em que se pegar, você pode pedir para o seu terreiro, ou alguma entidade de sua confiança, cruzar alguns objetos que você possa portar tais como anéis, pulseiras, pingentes, fitas, perfumes, broches, guias (fios-de- conta), entre tantas outras coisas. O princípio do cruzamento ou benção é bem simples. Cruzar ou abençoar um objeto é como fixar uma energia de alta vibração (energia positiva), desse modo não se sintoniza com as energias de baixa vibração (energia negativa) emanada pelos kiumbas, provocando o afastamento dos mesmos. E isso também é regido pela Lei das Afinidades Espirituais. Só por curiosidade, conta-se que no início da Umbanda, muitas roças de Candomblé diziam que a Umbanda não prosperaria, pois era absurdo firmar uma religião no trabalho de eguns. Devemos conhecer bem as diferenças entre as palavras egum, sofredor, zombeteiro, obsessor e até mesmo kiumba (ou seria quiumba?) para melhor emprega-los. Até mesmo o uso indevido de palavras dentro da Umbanda pode acarretar confusão, polêmica e consequentemente, preconceito. Orixás A palavra “orixá” significa “dono da cabeça” (Orixá = Ori + xá – Dono da cabeça, Força da cabeça – Luz da cabeça), mostra a relação existente entre o mundo e o indivíduo, entre o ambiente e os seres que nele habitam. Entender quem são os Orixás, é entender a base, o alicerce, o fundamento principal da nossa ciência espiritual. Como já observamos no tópico “As Sete Linhas de Umbanda”, verificamos que independente do autor, as visões sobre as Sete Linhas são semelhantes. Todos entendem “linha” como um fragmento da Energia Divina original. Podem dar nomes diferentes mas a ideia de todos os autores convergem para o mesmo ponto. Da mesma forma são os Orixás, frações desta energia divina. Seres superiores que carregam em si uma porção de Deus, e, cada um com sua especialidade,ajuda a construir, manter e evoluir o planeta e todos os seres que nele habitam. Se preferir, são espíritos de altíssima vibração espiritual, que nunca encarnaram e nunca encarnarão. Representam a Força Divina na Terra, através da natureza, que criam, geram, mantém e recolhem a vida, transformando continuamente o planeta e seus seres, encaminhando a todos para a evolução espiritual. Da mesma forma que os Anjos e Arcanjos cumprem ordens diretas de Deus, os Orixás têm suas ordens e desígnios partidos também de Deus. Alguns os veem como seres palpáveis, como nas imagens de gesso e resina que cultuamos no terreiro. Outros os percebem como energias. Verdadeiramente não importa como você os vê, mas deve compreender quem são, de onde vem e quais seus atributos; para melhor usufruir desta fonte inesgotável de Energia Divina. Na Umbanda não incorporamos Orixás, mas sim seus representantes, que são espíritos que já alcançaram devido adiantamento espiritual para manipular as forças e energias destes Orixás. Assim sendo, quando dizemos popularmente que incorporamos Iansã, o correto seria dizer caboclo (ou cabocla) que trabalha nas forças de Iansã. Outra situação regida pelos Orixás é o equilíbrio físico, mental e espiritual de um indivíduo. São os conhecidos “Orixás da Coroa”, porém este e outros assuntos a eles referentes serão discutidos em tópicos adiante. Apresentamos a seguir uma tabela onde podemos verificar os Orixás relacionados com seus domínios físicos e alguns dos atributos que incidem sobre os seres vivos. ORIXÁS DOMÍNIOS ALGUNS ATRIBUTOS Oxalá - Cumes dos montes e montanhas Fé e Fortaleza Xangô - Pedreiras e pedras junto ao mar ou as cachoeiras Justiça e Autoridade Ogum - Caminhos, estradas de ferro Ordem e Resistência Oxóssi - Matas Sobrevivência e Conhecimento Obaluaê - Cemitério Transformação e Evolução Iemanjá - Mares e rios Família e Respeito Iansã - Ventos e tempestades Paixão e Determinação Nanã - Brejos, mangues e beira de rios Sabedoria e Autoconhecimento Oxum - Rios tranquilos e cachoeira Fertilidade e Amor Domínios Domínio é local de maior vibração de um Orixá. São pontos de emanação de energia imanente, de vibração específica de acordo com o reino natural ao qual pertence. De forma geral, todos os domínios favorecem o descarrego de energias indesejadas, proporcionando a retomada do equilíbrio energético por quem o visita. Mas não é só a presença física que cria a conexão entre a energia e o ser. É necessário repousar a mente, liberando-a de todo e qualquer pensamento indesejado e negativo, trazer para dentro da mente e de si mesmo bons pensamentos e bons sentimentos. Quando seu corpo, mente e espírito passarem a vibrar positivamente como um só corpo, encontrará sintonia na energia imanente daquele ambiente natural e, somente a partir desse instante, é que passará a receber os benefícios desta energia. No mar sentiremos a energia imanente de Iemanjá como um abraço de mãe, na mata, uma sensação de “solidão coletiva”, de estar só e integrado ao mesmo tempo, e assim acontece com os demais reinos. Vamos discorrer brevemente sobre os domínios: Mar Regida por Iemanjá, também conhecida como calunga grande, onde se guardam muitos espíritos e onde a energia é reciclada constantemente. É no mar também onde se encontram os tesouros da humanidade. Regido por Iemanjá, é o grande foco gerador da vida no planeta. No mar recebemos energia de renovação da vida, que nos fornece as forças para vencer. Todos os domínios ligados à água estão ligados ao dualismo da vida, como corpo e espírito, vida e morte. Pedreira Regida por Xangô, simboliza a constância, aquilo que é imutável, a solidez. Exatamente como as Leis Espirituais que regem o Universo. A energia é densa, pois está associada ao peso de nossas responsabilidades. Mas depois de algum tempo este “peso” é substituído por um senso de vitória, de força e de poder. Pessoas sem ânimo, que se sentem derrotadas e desamparadas, muito podem se beneficiar deste domínio. Rios límpidos, lagos e cachoeiras Domínios de Oxum, refletem a calma e a transparência necessária para a condução da vida. Está ligado à preservação da vida. Em uma cachoeira, a queda da água simboliza contato com o ar, conferindo oxigenação. O sentimento é literalmente o de “oxigenação” da vida, renovação e perseverança. Pois, da mesma forma que a água molda as rochas ao seu entorno, um pouco por vez, assim deve ser nossa posição diante da vida. Mata O domínio do caçador, de Oxóssi. Representa o ciclo da vida, da cadeia alimentar, da sobrevivência. Na mata, tudo o que morre serve de alimento para um outro ser ou elemento, em um ciclo infinito e equilibrado, sem que haja a extinção de nenhuma das partes. Até mesmo um folha que cai de uma árvore serve para adubá-la. Os índios, por exemplo, só caçavam aquilo que fosse suficiente para alimentar a tribo, respeitavam o ciclo, usufruindo da mata por tempos insondáveis. Mergulhar na mata é como adentrar ao desconhecido. Você “sente” sempre como se estivesse sendo vigiado. Excepcional para o domínio do medo e para despertar o poder oculto. Importante para aprender a viver de forma simples e necessária. A mata te oferecerá tudo o que você precisa para sobreviver e evoluir. Em tempo, o domínio mata diz respeito à mata fechada; lugares abertos ou caminhos são regidos por outros Orixás. Caminhos, estradas, estrada de ferro Continuidade. A existência de um espírito ou a vida de um encarnado resume-se em seguir sempre. Não importam as derrotas, vitórias, frustrações ou preocupações, no fim, a única coisa que nos resta é continuar a caminhar. O caminho representa a resistência em continuar, por este motivo é regido por Ogum. Quando falamos caminho, é válido qualquer um deles, estradas de terra ou asfaltadas, trilhos de trem, trilhas em meio à natureza, ruas e avenidas, e até mesmo picadas em meio á mata. Uma curiosidade: apesar da encruzilhada ser domínio de Exu, o centro da Encruzilhada pertence à Ogum, pois, neste ponto, é onde os caminhos se cruzam. Além disso, o caminho é a contínua semeadura, também é a expectativa de atingir melhores paragens, de se concluir um projeto que foi construído no caminho. É deixar para trás o velho e abraçar o novo. Pessoas com dificuldades em caminhar em sua jornada, ou que sentem os caminhos fechados, devem trabalhar muito esta energia. Vento (local com muito vento) O vento, domínio de Iansã. Representa força, paixão, determinação, liberdade e espontaneidade. Sentir um forte vento passar por você ou sentir uma forte chuva no seu rosto, reafirma a força e determinação que tanto nos é necessária. Esta energia está ligada a se entregar sem medo à novidade, obter a determinação para alcançar qualquer feito. A força do vento que desenha e esculpe a montanha, é essa força e paixão (no sentido poético) que alcançamos neste domínio. Pântano, mangue, leito de rio Estar em volto em lama é como se fosse tragado pela terra. O barro que formou o homem e o pó ao qual nosso corpo deverá voltar. Simboliza o início e o fim. Mas de forma positiva, o fim de velhos conceitos e o início de momentos melhores. O barro foi o provedor da vida na antiguidade. Dele eram feitas as casas e toda sorte de utensílios indispensáveis para a vida. É um convite ao passado. Domínio de Nanã, os locais de lama são um convite à reflexão, à reforma íntima e, consequentemente, ao autoconhecimento. Também desperta as faculdades do oculto e da mediunidade dentro de nós. Quando aprendemos a dominar nós mesmo, não existem limites para nossos feitos. Campos, parques e gramados (lugares onde crianças brincam) No domínio de Cosme e Damião, a energia que sentimos é a da alegria, do pulsar da vida, do sentimento despertado no sorriso de uma criança. Ao contrário de um domínio natural, este domínio é criado a partir da presença de crianças brincando continuamente. A presença dessas crianças é que criarão a energia imanente. É importante lembrar que a energia só se estabelecerá em lugar aberto e que contenha o mínimo de natureza. Quando falamos de energia imanente,dissemos que se trata de energia original que ainda não foi distorcida pela mente humana, entretanto a pureza da energia de uma criança não distorce a energia imanente, ela absorve a amplifica esta energia. Cemitério O mais pesado de todos os domínios. Sendo domínio de Obaluaê, e, este, tendo sido criado por Iemanjá, recebeu poderes para guardar os eguns. Desta forma, o cemitério também não é um domínio natural, mas sim criado como uma extensão do próprio mar pela necessidade latente da humanidade de guardar os espíritos dos mortos e reciclar energias. Por isso também é conhecido como calunga pequena. A principal função do cemitério é absorver energias negativas de toda sorte e transformá-las, com o auxílio da Mãe Terra, em energias positivas ou energias que possam dar continuidade à vida. São extensões deste domínio os velórios, hospitais e locais que trabalham com cura. Pelo potencial transformador, é um domínio muito solicitado para o “despacho” de restos de magia negra, de objetos utilizados para descarrego profundo, e até mesmo sobras de trabalho efetuadas por entidades que promoveram trabalhos de desobsessão. Lembrando que no meu ponto de vista existem lugares apropriados para tal trabalho. Muito conhecido também pelas almas. Em quase todos se não em todos os cemitérios existe o cruzeiro, onde são o núcleo do domínio das almas benditas. Sendo as almas uma importante linha da Umbanda, regida por Obaluaê. Morro ou Montanha Estes domínios são locais para reencontro com Deus, com o Divino e com o Sagrado. Se observarmos a história, veremos que aqueles que alcançaram grande evolução espiritual, recorriam constantemente a este domínio. Magos, mestres, monges, eremitas e santos fazem parte deste rol. Como exemplo temos São Bento, São Francisco, Buda e até o Mestre Jesus. É o domínio do pai de todos, Oxalá, aquele que concentra a vibração de todos os Orixás. Neste local você estará mais perto de Deus e certamente entrará mais facilmente em contato com seus guias e protetores. Pessoas apegadas demais ao plano físico, com problemas de mediunidade, dores de cabeça ou desequilíbrio psíquico, podem se beneficiar das energias deste domínio. Para encerrar este tópico, é necessário lembrar que para absorver a energia destes domínios só é necessário estar presente no local. Estar de corpo e alma, se entregar ao sagrado e sempre de coração aberto. A religião da natureza Depois de toda essa explicação sobre domínios, é importante uma pausa para reflexão. Onde você está agora, qual a facilidade para chegar aos domínios dos Orixás você tem? O homem e o constante desenvolvimento da raça humana estão engolindo os ambientes naturais. E quando não o fazem por expansão das cidades, acabam provocando a contaminação e a degradação destes ambientes naturais. Como pudemos observar, os domínios da natureza são extremamente importantes para nós umbandistas, e, por este motivo devemos ser nós, aqueles que mais utilizam e se beneficiam desses domínios, os primeiros a levantar a bandeira da conservação e preservação do meio ambiente. Nossa Religião possuía costumes incondizentes com a preservação natural. Era muito comum chegar ao pé de uma cachoeira e encontrar restos de velas, garrafas, latas e objetos plásticos. Ora, hoje em dia todos sabemos do mal que isto provoca ao meio ambiente, além do tempo que irá demorar para isto se degradar. São centenas de anos! No começo da Umbanda éramos poucos e os domínios muitos. Esta relação encontra-se agora invertida, tendo a Umbanda milhares (ou milhões) de praticantes, contra uma redução considerável dos domínios. Por tudo isso, pela Umbanda ser a religião da natureza, é que convido o leitor a mudar certas práticas antes consideradas normais, para práticas mais conscientes. 1- Não firmar velas nos domínios. Velas são feitas de parafina, que é derivada do petróleo, e isto causa grave poluição nos ambientes. 2- Pelo mesmo motivo não jogar restos de velas nos rios, jogue no lixo comum, caso sua cidade não disponha de centros para recolhimento de lixo específico. 3- Também não jogar outros objetos nos rios, com exceção daqueles integralmente orgânicos. Por exemplo vidro, metal, plástico ou qualquer coisa sintética ou industrializadas não podem ser jogados no rio. Restos de comida de santo, produtos da terra ou naturais, já podem ser jogados. 4- Não se desespere, tudo tem solução. Aqueles objetos que antigamente eram jogados no rio, devem ser descarregados com água do mar, solução salina, marafo ou amaci de descarrego. Depois podem ser jogadas no lixo ou queimados, se você dispuser de lugar adequado ou se houver realmente necessidade. 5- Não leve alguidares de barro para os domínios. Apesar de serem feitos de material integralmente inócuo ao meio ambiente, o barro cozido demora a se desmanchar. No lugar de alguidar, utilize folhas de bananeira, folhas de costela de adão ou uma folha que seja grande o suficiente para receber sua oferta. Hoje existem pratos feito de plástico de origem natural, que se degradam em 30 dias. Existe na internet vídeos de como fazer recipientes de fibras naturais, vale a pena conferir. 6- Não utilize copos descartáveis de plástico convencional. Utilize copos de plástico de material orgânico, como citado no item 5. Outra opção é confeccionar copos de bambu ou até mesmo coités (feitos da metade de um coco). 7- Nunca deixe garrafas, latas, sacolas plásticas, tampas, arames, isqueiros, rolhas, plásticos de nenhum tipo e até mesmo papéis, sem necessidade, nos domínios naturais. Mas ainda podemos e devemos levar flores, frutas, bebidas (sem deixar a embalagem). Quanto às velas, firme suas velas na sua casa ou no seu terreiro antes de se dirigir para o domínio. O Orixá vai receber a energia da vela e do pedido, e ainda lhe será grato por preservar a morada dele. E mesmo assim se haver a necessidade de acender uma vela no local do trabalho, ao término do trabalho a apague e leve-a contigo e novamente firme em sua casa ou em seu terreiro se assim achar necessário. Podem até mesmo deixa-las apagadas até quando houver a necessidade de novamente acende-las para tal fim. Além de conservar aquilo que nos é extremamente importante, também é uma forma de divulgar a sabedoria de nossa religião. Estas práticas simples ajudarão com o tempo, a diminuir o preconceito para com nossa religião, além de cumprirmos a lei dos homens, pois danos ao meio ambiente é considerado crime. O bom umbandista respeita a lei espiritual e também a lei dos homens. Mediunidade Mediunidade é a capacidade dos seres encarnados de se comunicar com o mundo espiritual. Segundo as palavras de Alan Kardec: “Quem sentir a influência dos espíritos, seja em que grau for, é, por isto mesmo, médium. Esta faculdade é inerente ao homem, e por isto, não constitui privilégio exclusivo de ninguém”. A palavra “médium” vem do latim e significa meio, ou seja, o médium é o meio, o instrumento pelo qual a espiritualidade se comunica com o plano físico. Mediunidade é um dom existente em todos os seres humanos, podendo ser em maior ou menor grau, mais ou menos perceptível para cada indivíduo, dependendo muito da missão espiritual que cada um carrega neste plano terreno. A mediunidade ou os fenômenos mediúnicos, não constituem premissa da Umbanda ou de qualquer outra doutrina espiritualista moderna. Ela existe desde o início dos tempos e a história está repleta de passagens e relatos que demonstram a atuação dos espíritos entre os encarnados. Profetas, apóstolos, magos, escritores, pintores, escultores, músicos, políticos, reis e religiosos manifestaram claramente atividade mediúnica em suas vidas. E é na religião, sem nenhuma sombra de dúvida, que a mediunidade expressa seu maior trabalho. Todas as religiões praticam e demonstram, direta ou indiretamente, a mediunidade. Seja entre seus líderes ou fiéis, a manifestação mediúnica compõe a maior parte dos trabalhos religiosos. Mesmo aquelas religiões que “abominam” a comunicação com os espíritos refletem claramente o fenômeno. Segundo Emmanuel, o mentor de Chico Xavier,“mediunidade não é uma benção e nem uma maldição. Apenas mais uma atuação da Misericórdia Divina para levar o auxílio aos necessitados e para os próprios médiuns, que na prática desta, podem auferir o resgate de outras vidas com maior celeridade”. Vejamos uma mensagem do mesmo espírito, a todos os médiuns: "Os médiuns, em sua generalidade, não são missionários na acepção comum do termo; são almas que fracassaram desastradamente, que contrariaram, sobremaneira, o curso das leis divinas, e que resgatam, sob o peso de severos compromissos e ilimitadas responsabilidades, o passado obscuro e delituoso. O seu pretérito, muitas vezes, se encontra enodoado de graves deslizes e de erros clamorosos. Quase sempre, são espíritos que tombaram dos cumes sociais, pelos abusos do poder, da autoridade, da fortuna e da inteligência, e que regressam ao orbe terráqueo para se sacrificarem em favor do grande número de almas que desviaram das sendas luminosas da fé, da caridade e da virtude. São almas arrependidas, que procuram arrebanhar todas as felicidades que perderam, reorganizando, com sacrifícios, tudo quanto esfacelaram nos seus instantes de criminosas arbitrariedades e de condenável insânia." Do livro "Emmanuel” - Chico Xavier Tipos de mediunidade Estudiosos afirmam existir mais de 50 tipos de mediunidade. Não é nosso objetivo estudar cada caso, mas sim discorrer sobre os mais comuns. Allan Kardec diz que “Geralmente, os médiuns têm uma aptidão especial para determinados fenômenos, do que resulta uma variedade muito grande de manifestações”. Vejamos alguns tipos de mediunidade: Mediunidade de efeitos físicos São médiuns aptos a produzir fenômenos materiais, como o movimento de corpos inertes, ruídos, pancadas, vozes diretas, materializações, transportes, etc. A mediunidade de efeitos físicos foi muito comum no surgimento do Espiritismo, com o objetivo de chamar a atenção dos encarnados para as coisas do Além, tal como ocorreu em Hydesville e depois na França, em meados do século XIX. Mediunidade sensitiva ou impressionável São pessoas suscetíveis de sentir a presença dos Espíritos por uma impressão vaga, por uma espécie de leve roçadura sobre todos os seus membros, não apresentando caráter bem definido, visto que todos os médiuns são mais ou menos sensitivos. Esta faculdade pode adquirir tal sutileza, que aquele que a possui reconhece não só a natureza, boa ou má, do Espírito que está ao lado, mas até a sua individualidade, como o cego reconhece a aproximação de tal ou tal pessoa. Psicofonia Transmitem a mensagem espírita através da fala. Os Espíritos atuam sobre o órgão da fala, como atuam sobre a mão dos médiuns escreventes. Mediunidade sonambúlica É aquele que, nos momentos de emancipação, vê, ouve e percebe, fora dos limites dos sentidos. Muitos sonâmbulos veem perfeitamente os Espíritos e os descrevem com precisão, como os médiuns videntes. Podem conversar com eles e transmitir-nos seus pensamentos. Pneumatografia São os que produzem a escrita direta, sem tocarem no lápis ou no papel. Já os médiuns escreventes ou psicógrafos transmitem a mensagem espiritual utilizando lápis e papel. Incorporação A mediunidade de incorporação pode ser tanto parcial quanto integral. Na incorporação parcial, o médium fica consciente, isto é, ele sabe que está ali, sente, observa, mas não domina o corpo nem controla o raciocínio. Perde, também, a noção de tempo e, embora tenha sido espectador de si mesmo, perde a noção de muita coisa que se passou, ao desincorporar. Na incorporação parcial pode haver uma quebra de sintonia ocasional, o que permitirá ao médium interferir na comunicação. Na incorporação integral, o médium fica totalmente inconsciente, pois há uma perfeita sintonia com a vibração da entidade. Nesse caso, não há possibilidade de interferência e, ao desincorporar, o médium não vai se lembrar de nada do que se passou. Os estudiosos da doutrina espírita ressaltam que a incorporação parcial é tão autêntica quanto a integral. O único problema é o médium não interferir, procurando se isolar e deixar que a entidade atue livremente. A esmagadora maioria dos médiuns trabalha em incorporação parcial e uma pequeníssima minoria, em incorporação integral. Vidência É o tipo de mediunidade que permite, àquele que a possui desenvolvida, ver as entidades, as irradiações. Pode ser de três tipos: direta, intuitiva e focalizada. Na Vidência Direta, o médium pode ver as entidades de quatro maneiras diferentes: Na projeção, o médium vê apenas um facho de luz, uma coloração que depende da vibração atuante. Não vê forma humana, nem identifica a entidade. Na parcial, o médium percebe uma forma humana ao lado de quem está trabalhando espiritualmente, mas ainda não dá uma perfeita identificação. Vê somente o contorno, a forma. No acavalamento, o médium vê a entidade por cima dos ombros de outro médium. Já percebe se é masculina ou feminina, se é caboclo ou preto-velho ou outro falangeiro qualquer, se os cabelos são longos ou curtos, etc. Muitos médiuns que tiveram esse tipo de vidência afirmam, por desconhecimento, que as entidades vistas possuíam mais de dois metros de altura, não percebendo que a entidade, vista acima dos ombros de outro médium, produziu uma falsa impressão de altura. No encamisamento, o médium vê a entidade toda, perfeita. Isso acontece na incorporação integral, quando a entidade toma conta do corpo de um outro médium. Na Vidência Intuitiva, o médium vê apenas com a mente. Ele se concentra e recebe a imagem mental, por intuição. Na Vidência Focalizada, o médium utiliza algum objeto para a vidência, como um copo d'água ou um cristal. As imagens aparecem no objeto de vidência. Clarividência É o tipo de mediunidade que permite ver fatos que ocorreram no passado e que ocorrerão no futuro. Os clarividentes podem ver os corpos astral e mental de outras pessoas, e tomar conhecimento da vida em outros planos espirituais. É um tipo de mediunidade difícil de ser encontrado. Audiência Capacidade de ouvir a voz dos Espíritos, algumas vezes uma voz interior, que se faz ouvir no foro íntimo, outras vezes uma voz exterior, clara e distinta, qual a de uma pessoa viva, podendo até realizar conversação com os Espíritos, que podem ser agradáveis ou desagradáveis, dependendo do nível do Espírito comunicante. Mediunidade de projeção É a capacidade de visitar espiritualmente outros lugares, enquanto o corpo físico permanece em repouso; o espírito se desconecta do corpo podendo ir a outros lugares físicos, mas podendo também visitar as dimensões espirituais. A projeção pode ser voluntária ou involuntária. Na projeção voluntária, o médium se predispõe a realizá-la. Determinando o destino. O espírito se transporta para outros lugares, tomando conhecimento do que vê e do que ouve. A projeção involuntária ocorre quase sempre durante o sono. Ao deixarmos o corpo físico durante o sono, entramos em contato com pessoas e lugares dos quais não nos recordamos ao acordar. Às vezes, recebemos nessas viagens soluções para os nossos problemas que, mais tarde, nos parecerão ideias próprias. A respeito disto, diz o ditado popular: "Para a solução de um grande problema, nada melhor que uma boa noite de sono". As projeções também podem nos levar à lugares onde possamos praticar a caridade dentro do espírito ou mesmo adquirir conhecimentos necessários para nossa caminhada rumo à evolução espiritual. Psicografia Tipo de mediunidade muito comum, podendo ser intuitiva, semi-mecânica ou mecânica. É a capacidade de receber comunicações pela escrita. Na Psicografia Intuitiva, o médium recebe as mensagens na mente e as passa para o papel. É pura intuição. Na Psicografia Semi-mecânica, o médium, à medida em que escreve, vai também tomando conhecimento do conteúdo. O espírito atua, simultaneamente, na mente e na mão do médium. Na Psicografia Mecânica, o espírito atua somente na mão do médium, que escreve sem tomar conhecimento da mensagem recebida. Quando, ao invés de escrever, o espírito utiliza a mão do médium para pintar, esse tipo de mediunidade é chamadode psicopictografia. Sobre a psicografia, Kardec diz que, de todos os meios de comunicação, a escrita manual é o mais simples, o mais cômodo e o mais completo. Para esse meio devem tender todos os esforços, porquanto ele permite se estabeleçam com os Espíritos relações continuadas e regulares, como as que existem entre nós, e é por ele que os Espíritos revelam melhor sua natureza e o grau do seu aperfeiçoamento ou de sua inferioridade. Cura São aqueles que têm o dom de curar pelo simples toque, olhar ou imposição das mãos, sem o uso de medicação. É a ação do magnetismo animal que produz a cura, mas essa faculdade deve ser classificada como mediunidade porque as pessoas que possuem esse dom não agem sozinhas, mas são auxiliados por Espíritos que se dedicam a essa tarefa. Descarrego Esta capacidade é inerente a todos os médiuns, cada um com seu grau. Mas, dentro da Umbanda, é sabido que existem médiuns cujos protetores detém esta especialidade. Esses mesmos médiuns podem efetuar um descarrego energético sem a necessidade de incorporação, bastando apenas lançarem mão da concentração. Apesar disso, afirmamos que, mesmo quando atuam desincorporados, estão sob a tutela da espiritualidade. Transporte espiritual Outra categoria que aparece com maior frequência em nossa religião, mediunidade de transporte espiritual consiste em “puxar” a entidade obsessora de um consulente, no próprio corpo físico. Mais uma vez salientamos que a atuação é feita pelos guias e protetores, mas é também necessário um aparelho que suporte tal ação. Na Umbanda, sem dúvida nenhuma, os tipos de mediunidade mais utilizados são a incorporação, a cura, o descarrego e o transporte. Isso dito durante os trabalhos espirituais, pois é extremamente comum encontrarmos médiuns dos mais variados tipos, porém são facetas mediúnicas que não aparecem no terreiro, mas certamente acompanha a vida cotidiana desses irmãos. Como saber se tenho mediunidade? O florescimento da mediunidade causa uma série de distúrbios que sinalizam que alguma coisa não vai bem ou não está em equilíbrio. Isto é causado pela capacidade que todo médium tem de absorver a negatividade das pessoas e do ambiente que o cerca, fenômeno conhecido como “efeito esponja”. Dependendo do grau de mediunidade manifestado pela pessoa e pela sensibilidade espiritual desenvolvida, essas energias ou espíritos negativos podem causar esses tais sintomas antes mencionados. Como cada ser é único, sem existir nenhuma pessoa igual a outra, os sintomas também são manifestados de forma diferente de uns para outros. Alguns sintomas são: Mal-estar em ambientes com muitas pessoas; Mal-estar próximo de algumas pessoas específicas, mesmo que não as conheçam; Inquietação sem motivo; Transtornos de humor sem causa aparente e bipolaridades constantes; Antipatias injustificadas; Alterações repentinas de estados de personalidade sem causa aparente; Vazio no peito e sentimento, e angústia próxima da depressão; Agitação, hiperatividade e animosidade desproporcionais para situações comuns; Raiva, estresse e chateação desproporcionais para situações comuns; Transtornos do sono; Transtornos de ansiedade; Pensamentos autodestrutivos; Bloqueio mental e criativo; Desmaios sem causa aparente; Doenças sem diagnóstico e dores sem causa aparente; Inquietação e falta de saciedade emocional; Perturbações espirituais, sensações de vultos e vozes que causam desconforto; Agudos sentimentos de menos valia e baixa estima; Relatos constantes de pessoas que se sentem bem depois de conversar com você. Se você se encontrou em muitos dos tópicos acima, significa que você pode ter mediunidade. Para confirmação final, é necessário consultar duas ou mais entidades que deverão concordar unanimemente com este diagnóstico. Caso positivo, é necessário definir se você deve tratar ou desenvolver. O médium possui "poderes" que os demais não têm? Não, o médium não tem “poderes” que os outros não têm. Mas certamente tem compromissos e responsabilidades que os outros não possuem. Se portamos mediunidade, é evidente que nossa missão espiritual passa pelo exercício dela. Através do trabalho mediúnico caritativo é que conseguiremos diminuir nossa dívida cármica. Além disso, o médium constantemente está em preceito, em decorrência dos trabalhos espirituais, o que constantemente o afasta dos círculos sociais. E, por último, mas o mais importante de todos, é que o médium sofre perseguição ininterrupta do plano astral inferior, levando-o constantemente a ter preocupações com firmezas, orações e recolhimentos que os demais não precisam. Depois de tudo isso, se você deseja ingressar na vida mediúnica por status ou para fazer bonito para as outras pessoas, creio que seja melhor repensar sua decisão. Pois se você não cumprir com a obrigação do seu fardo será penalizado por isso, além do que a vaidade é o pior sentimento que um médium pode cultivar. Lei da ação e reação. Sou obrigado a desenvolver? Ninguém é obrigado a nada. Seu livre arbítrio sempre deverá ser respeitado. Entretanto, caso você faça a opção pelo não desenvolvimento de suas faculdades, é necessário advertir que deverá efetuar tratamento espiritual contínuo com a finalidade de se desfazer das cargas que naturalmente irá absorver. Além disso, lembre-se que a mediunidade é uma oportunidade conferida pela Misericórdia Divina, e você poderá ser cobrado por não utilizá-la. A importância do estudo mediúnico Continuo achando que o maior e melhor estudo é a frequência de terreiro, onde aprendemos com a espiritualidade com os melhores professores que possamos ter em terra. Porem esse tipo de estudo é um pouco mais árduo. Em meu tempo você era colocado no meio da gira e sem sequer saber o que esta acontecendo, é girado, agachado, levantado e assim vai, para quem não tem o mínimo de conhecimento pode até nunca mais ir a um terreiro. Não tenho dúvida que minhas próprias entidades assim fizeram para minha evolução espiritual, porque aprendi até mesmo o que não se deve fazer. Muitos iniciantes na religião não se dedicam como deveriam. Grande engano! É impossível alcançar um desempenho mediúnico satisfatório sem a preparação do médium. Os preceitos, banhos e recomendações citados pelos seus dirigentes, preparam o corpo e a energia do médium. Mas é preciso ainda mais, é necessário preparar a mente, pois é através dela que ocorre a incorporação como veremos em tópico adiante. Ser médium e não ter estudo apropriado, é como um cozinheiro ter uma faca que não corta, um policial ter uma arma que não funciona ou um carpinteiro sem a sua serra. Ser médium é fácil agora ser um bom médium requer dedicação, tempo, esforço, por várias vezes deixar de lado festas, amigos e por vezes até familiares para se dedicar a pessoas que por muitas vezes você nunca as viu. Ser um bom médium não é ter varias guias penduradas no pescoço, é fazer de um simples cordão de pequenas contas, grandes milagres da espiritualidade. Ser um bom médium é agradecer todos os dias, é rezar todos os dias, é acreditar em suas orações é estar conectado em tempo integral com a espiritualidade. Mas isso é muito difícil. Sim eu sei, porque também sofro por isso. Mas mesmo assim me dedico e faço tudo o que posso para que não erre. Somos passivos de erro alias somos seres-humanos mas isso não nos dá o direito de errar; Então faça com amor, com caridade e com humildade. Pois bem, imagine como se sente uma entidade que tenta assumir o controle do aparelho de um médium que não se dedica. Fica limitada, pois toda vez que tentar elaborar uma orientação mais complicada, ou mesmo falar de práticas, ervas ou situações desconhecidas pelo médium, não encontrará nem eco e nem sintonia nesta mente, dificultando em muito o seu trabalho. Sem dizer na interferência que o próprio médium causará no trabalho da entidade, por sentir-se inseguro em permitir que ela diga ou faça o que desejar. A entidade de um médium sem preparo assemelha-se ao cozinheiro que precisa fazer um grande jantar de última hora e quando chega na dispensa, a encontra vazia. Estar atentoe entender o que se passa em uma gira aguça a mediunidade, faz com que o médium permita a atuação da entidade com maior segurança, além de lhe permitir apreciar a beleza do atendimento que é prestado. Os cambonos estão com os melhores professores, preste atenção em tudo que se passa em sua volta. Caso tenha dúvidas, fale com seu dirigente, tenho certeza que ele terá sua resposta e se assim não for de imediata, com certeza ela chegará quando menos esperar. Lembre-se ainda que suas entidades direcionam seus estudos para que você absorva também o que eles precisam, para quando os guias tomarem uma providência, que não lhe cause estranheza e para que isto não lhe cause dúvida ou confusão. Eis um caso que mostra a firmeza de um médium, só alcançada pelo estudo. Em um terreiro na cidade de São Paulo, uma mãe procurou um caboclo para pedir ajuda para sua filha de 13 anos, que estava doente, não falava e nem comia. O caboclo pediu para a mãe pensar na filha e, depois de alguns instantes, recomendou que a mãe desse à filha três vezes ao dia, pelo período de três dias, um chá feito com canela, arruda e alecrim. No trabalho seguinte, era novamente gira de caboclos, a mesma mãe retorna, entra no Congá sem avisar, e investe contra o caboclo, dizendo: - Você acha que minha filha está grávida? Você acha que eu não sei que o chá que você passou para a minha filha é abortivo? O caboclo, impávido, mantendo os olhos fechados, pergunta se ela deu o chá para a menina. No que a mulher responde: - É claro que não dei! Então o caboclo abriu os olhos e gritou fortemente com uma voz rouca, que pareceu estremecer o ambiente: - Então dê o chá para ela e depois você vem contar o que aconteceu. A mulher, assustada e receosa, foi embora. No trabalho seguinte, ela retorna e, com muita humildade, espera sua vez para falar com o caboclo. Ele, de olhos fechados, diz: E a menina, tá melhor? A mulher começa a chorar e pedir perdão ao caboclo, dizendo que tinha dado o chá e a menina estava ótima. Que agora ela entendia que o chá servia para ajudar a descer a primeira menstruação da filha, e que no segundo dia do chá a menina menstruou e imediatamente começou a falar. Agora pergunto: será que se o médium não fosse estudado e preparado, ele teria permitido que o caboclo contestasse a mulher com toda a segurança e firmeza como ele fez? Deixo que tire suas próprias conclusões, pois não sou dona da verdade e estou longe de querer criar uma regra para todos. Com que idade se inicia a manifestação mediúnica? Não existe idade para a manifestação mediúnica. Existem casos de pessoas que começaram a sentir a necessidade de desenvolvimento depois dos 50 anos, como existem casos de crianças que ao começarem a falar, começam as manifestações. Entretanto, na esmagadora maioria das vezes, é na adolescência que se fazem claros os primeiros sintomas de mediunidade. Isto certamente está associado à explosão de hormônios no corpo dos garotos e garotas, o que, entre outras tantas coisas, aumenta a sensibilidade espiritual. Entretanto não devemos esquecer o caso de crianças prodígio que, na mais tenra idade, começam com casos de vidência e clarividência. Um caso que vou relatar é minha filha de 10 anos que tem vidência e por mais que falamos sobre o assunto, nascida e criada dentro da umbanda já tem esse dom mediúnico que no futuro será de grande valia a ela se assim quiser seguir os passos do pai. Posso também falar de meu filho que com 9 meses de idade adora as giras, quer ficar perto dos atabaques e quer toca-los como um curimbeiro. Com apenas 9 meses de idade foi consagrado e não tenho dúvidas nenhuma que será um grande líder espiritual em nossa tenda. Este assunto traz em pauta mais um motivo para estar atenta a espiritualidade, pois pessoas que se encontram em sofrimento espiritual por falta de desenvolvimento mediúnico por muitas vezes passam despercebidos. Qual o melhor momento para desenvolver minha mediunidade? Este “momento” varia de pessoa para pessoa. Cada caso deve ser tratado individualmente. De uma forma geral, recomenda-se que o desenvolvimento mediúnico seja iniciado em um momento de vida no qual a pessoa possa se dedicar com afinco ao estudo e à prática. Também é necessário avaliar se a pessoa carrega a responsabilidade e o comprometimento necessário para o ato. Pessoas muito novas, em geral, tendem a desistir com certa facilidade. Mas existem casos em que a mediunidade explode com tamanha força, causando tanto sofrimento à vida da pessoa, que a necessidade do desenvolvimento é imediata e não pode ser protelada. Também, quando possível, é desejado que o novo irmão conheça bem a casa e transite pelas diversas funções dentro do terreiro, em especial a de cambone, onde poderá aprender muito sobre o convívio com as entidades espirituais. De uma forma geral, a iniciação na religião e o desenvolvimento mediúnico, preferencialmente, deverão ser lentos e graduais. Pessoas que passam por estes processos normalmente se tornam melhores umbandistas. Não vai ser estudando livros, cursos de internet que lhe farão um bom ou ruim médium. Em minha concepção livros e curso abrem seus horizonte mas os grandes ensinamentos estão no terreiro. Mediunidade aflorada Mediunidade aflorada é aquela que de um momento para outro, seja pela idade, seja por um grande acontecimento na vida da pessoa, explode com todo o furor. Quando dizemos todo o furor é dizer que a pessoa está vendo vultos ou espíritos, apresenta dor ou doença aparentemente grave sem diagnóstico, não consegue dormir por causa das “vozes”, por convulsões aparentemente sem motivo ou, ainda, por já estar incorporando descontroladamente. Em todos estes casos é necessário um tratamento espiritual intensivo que deverá ser feito pelo dirigente do terreiro e pelas entidades espirituais, em concomitância ao desenvolvimento mediúnico, para que se consiga trazer novamente a pessoa ao equilíbrio. Nestes casos, o apoio da família, conversas com um orientador espiritual (desincorporado), e mesmo um psicólogo, podem favorecer a restauração do equilíbrio, pois normalmente esse “florescimento” é detonado por um sentimento dentro da pessoa, que provavelmente gera dor emocional. Através da compreensão dos fatos e da abertura da consciência, podemos evitar as aberturas para o plano inferior, trazendo assim uma proteção mais firme para este irmão. Mediunidade atrasada Todas as pessoas encarnadas possuem uma missão espiritual como já detalhamos anteriormente. Para se cumprir uma missão necessitamos de, no mínimo, duas coisas: iniciar esta jornada e continuar caminhando. A mediunidade atrasada incide sobre pessoas que ainda não iniciaram sua missão ou que, mesmo após o início, não deram continuidade à essa missão. O grande regulador nestes casos é o tempo de vida das pessoas. Não sabemos quando vamos desencarnar, por isso é necessário iniciar a missão com urgência. Normalmente pessoas que detém grandes manifestações mediúnicas é porque possuem resgates com muitas pessoas, e quando o tempo passa, muitas dessas pessoas que deveriam ser ajudadas por você mediunicamente, poderão não mais estar presentes e nem ao seu alcance. O mais intrigante é que em todos os casos de mediunidade atrasada, a pessoa está em franco sofrimento em algum aspecto da vida já há um bom tempo, mas não procura a ajuda derradeira por displicência ou (principalmente) por medo. De uma forma geral, independente da sua idade, o necessário é começar, pois se você recebeu a informação de que está “atrasado” no cumprimento de sua missão espiritual, é por que ainda existe tempo para concretizar ela toda ou, ao menos, grande parte dela. Primeiras manifestações Normalmente, quando falamos de primeiras manifestações, referimo-nos àquelas que acontecem no terreiro. Mas antes de chegarmos neste ponto, cabem algumas reflexões. Mesmo quando o médium não está com a mediunidade aflorada, pode vivenciar experiências extremamente confusas, quando a pessoa fica sem entender certos comportamentos. Se pegarmos exclusivamente o caso do Pai da Umbanda, Zélio de Moraes,fica claro que ele já vivia experiências de incorporação mesmo antes de 15/11/1908. Relatos de minha própria família, histórias mais antigas do que a própria umbanda. Por isso, irmão, não estranhe se o comportamento de sua entidade for parecido com algo que você já fez. Não é a sua mente tentando imprimir uma personalidade à entidade, mas foi a entidade que transferiu para você, por aproximação, suas características e comportamento. Já dentro do terreiro, as duas formas mais comuns de se propiciar uma incorporação são: girando o médium ou pela intermediação de outra entidade incorporada. Vamos conhecê-los melhor: Girando o médium Esta é a forma mais antiga de induzir uma incorporação. Uma entidade incorporada ou um grupo delas, começa a girar o médium até que ele perca o controle sobre o corpo físico e, dessa forma sua entidade possa assumir o controle. Particularmente não sou muito adepta deste costume, pois não funciona para todos e muitos ainda caem, e acabam se machucando de alguma forma. Entretanto, este modo pode ser o mais adequado para algumas pessoas, sem a menor sombra de dúvida. Mesmo assim, como não conseguimos distinguir qual pessoa é mais afinada com este método, recomendo que não o utilizem, salvo raras exceções. Intermediação de outra entidade Neste caso, o médium se posta à frente de uma entidade incorporada, como se fosse se consultar. A entidade, por sua vez, utiliza de métodos de energização e aproximação do guia da pessoa. Normalmente a entidade solicita ao médium que feche os olhos, ela pode estalar os dedos, puxar o braço, abraçar, tampar os ouvidos da pessoa, pisar devagar no pé, ao mesmo tempo em que energiza a cabeça ou a fronte. Fazendo isto, o médium em desenvolvimento deve sentir alguma coisa como mudança da energia ou da respiração, desejos como bater palmas, bater no peito, cair de joelhos, gritar ou se curvar, entre tantos outros. É óbvio que é necessária uma maior entrega do médium, ele deve estar calmo e com a mente limpa, deixar-se solto e prestar atenção somente aos sentimentos. Se fizer isso, tem grandes chances de incorporar. Ou seja, este método requer muita participação do médium em desenvolvimento. De forma geral, em algum momento das primeiras manifestações, o médium tem uma incorporação firme ou forte, como preferirem. Muitos relatam a experiência como se tivessem sido tomados por suas entidades. Mas nas experiências seguintes isto não acontece. Por quê? Porque no início do desenvolvimento é comum os médiuns terem dúvidas sobre a própria mediunidade. Outros ficam reticentes quanto ao que os outros ao redor irão pensar dele. Por este motivo, em dado momento a entidade “toma” o aparelho para mostrar ao médium que nada daquilo é loucura. Mas isto é uma violação do livre arbítrio, o que só pode acontecer em casos de exceção. Mostrado isto ao médium, tudo volta a ser como era antes, cabendo ao médium a permissão para a incorporação. Quando digo permissão, significa deixar o corpo solto para que ele sinta a aproximação da entidade. A etapa seguinte é executar as vontades que despertam na mente. Isto porque a entidade em suas primeiras manifestações no terreiro assume a mente na incorporação para controlar o aparelho. Então para a entidade levantar o braço,primeiro ela ordena para a mente do médium. Nisso o médium não executa por receio de ser coisa da cabeça dele. Isto ocorre porque o médium não está acostumado a compartilhar sua mente, que é o que efetivamente acontece em uma incorporação consciente. Eis aqui um resumo de recomendações para o médium iniciante: 1- Prepare-se adequadamente para o dia do trabalho. Cumpra os preceitos, faça o banho, firme suas velas, seja em casa ou no terreiro, e não crie expectativa, tente se manter calmo. 2- Chegue cedo no terreiro e tente entrar no Congá 20 minutos antes do início dos trabalhos. Ali faça suas orações e deixe todos os acontecimentos do dia saírem de sua mente. Esvazie a mente para o trabalho espiritual. 3- Quando iniciar o cântico dos pontos para incorporação, mantenha os pés levemente afastados, feche os olhos, solte os ombros e deixe a cabeça pender até seu queixo atingir seu peito. Esta é posição da entrega total. 4- Preste atenção aos desejos de sua mente. Execute-os sem pestanejar. Se sentir vontade de erguer o braço, faça. O mesmo vale para sentar no chão, gritar, bater no peito, bater palmas, pular, chorar, curvar-se, ajoelhar-se ou qualquer outra vontade. Tente fazer com espontaneidade. 5- Não ligue para o que os outros estão pensando de você. Incorporar é igual a dançar, as pessoas não dançam por vergonha de achar que as pessoas estão vendo que ele não sabe dançar. Mas ninguém liga! E com a incorporação acontece o mesmo, ninguém liga. 6- Seja fiel à estas vontades, pois são a manifestação de suas entidades, por mais estranhas que possam parecer. 7- Não copie o comportamento de outras entidades que você conhece. A individualidade existe para todos os espíritos e seus guias também são únicos. 8- Não se apegue à modelos, como “caboclo tem que gritar e bater no peito”, “todo preto velho se agacha”, e outros tantos modelos que existem por aí. 9- Não queira compreender ou racionalizar a incorporação. É um processo complexo e pode levar tempo para se ajustar perfeitamente. Somente sinta e execute. 10- Não se preocupe se a incorporação não acontecer, ou, caso aconteça, dure somente alguns segundos ou minutos. Aos poucos, através do contínuo exercício da incorporação, elas ficaram mais estáveis. 11- Não se preocupe com o tempo que está demorando em desenvolver plenamente, cada um tem seu tempo. Não compare com o irmão que começou junto e desenvolveu primeiro ou ainda não desenvolveu. Existem muitas variáveis que determinam o tempo de um desenvolvimento de cada um. 12- Não deixe que a fascinação suba à sua cabeça. Uma vez na corrente, concentre- se. 13- Não se preocupe em estar fazendo certo ou errado, o sacerdote irá dirimir eventuais excessos ou faltas, e o resto, o tempo se encarregará de ajustar. 14- Não queira saber o nome de suas entidades. Deixe que elas mesmas façam isso no momento oportuno. Algumas entidades levam anos para dar seu nome, sem dizer que isto não é impeditivo para que ela trabalhe. 15- Trate suas entidades com carinho. Nunca esqueça de levar os tributos como bebida e fumo, que eles irão utilizar na gira. Leve mesmo sem saber se eles irão utilizar ou não. Outro detalhe, caso você não saiba o que levar, leve o óbvio. Para preto-velho o cachimbo. Para o caboclo, charuto, para a criança refresco e doce. E assim por diante, mas lembre-se, sem exageros. 16- Não duvide nunca. A fé movimenta e desenvolve. A dúvida emperra e paralisa. 17- Não falte aos trabalhos de desenvolvimento. A falta do exercício contínuo pode fazer falta, podendo até causar retrocesso no seu desenvolvimento. Se o irmão em desenvolvimento seguir estas recomendações simples, certamente irá galgar rapidamente os degraus da escada da mediunidade. Outra situação frequente é o médium incorporar mas não conseguir segurar a incorporação. Isso ocorre porque no início da incorporação o médium está concentrado em incorporar. Logo que ela ocorre, o médium passa a prestar atenção na incorporação ou fica fascinado por ela. Passa a duvidar ou a se perder em devaneios, com isso reassume o controle do mental mesmo sem desejar, e, consequentemente, “quebra” a incorporação. Somente o exercício contínuo do desenvolvimento irá corrigir essas distorções. Para ser um médico tem a dedicação de no mínimo 8 anos; Para ser um engenheiro tem a dedicação de no mínimo 5 anos; Para ser um médium não vai ser no primeiro mês que estará pronto para a mediunidade. Até mesmo os sacerdotes estão em pleno aprendizado, pois não conheço nenhum que diga que sabe tudo. Como acontece uma incorporação? Durante muito tempo, algumas doutrinas acreditavam que na incorporação, o espírito entrava no aparelho (corpo) do médium. Hoje sabemos que não é bem assim, mas também não descartamos essa possibilidade. De todos os materiais que já estudei, entre eles os livros“Nos Domínios da Mediunidade” e “Mecanismos da Mediunidade”, ambos de André Luiz, psicografados por Chico Xavier, o trabalho que mais me causou admiração é o do Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, sobre a glândula pineal. O Dr. Sérgio Felipe de Oliveira é neurocientista e acadêmico da Universidade de São Paulo (USP), que estudou cientificamente a glândula pineal. Originalmente a glândula pineal está localizada bem no centro de nosso cérebro e era conhecida por regular os ciclos vitais do corpo, como o sono e a reprodução. Ao estudar diversas pineais, entre muitas conclusões, o Dr. Sérgio verificou que havia uma quantidade anormal de cristais em algumas delas. Verificou, a seguir, que a pineal de médiuns atuantes possuía uma quantidade maior de cristais do que a pineal de pessoas comuns. Em nossa vida cotidiana, uma das maiores funções dos cristais é na transmissão e recepção de ondas. Transmissores e receptores de TV’s e rádios tem como peça fundamental o cristal. A incorporação propriamente dita ocorre quando o campo espiritual de uma entidade envolve o campo, ou ao menos a cabeça, de um médium. A partir desse instante o espírito passa a assumir o controle do corpo físico. Comandando o sistema nervoso central, o espírito pode controlar a fala e os movimentos, bem como a condução de energia. E onde a pineal se encaixa em tudo isso? A glândula pineal é a grande antena que capta a energia do campo espiritual da entidade. Isto explica o porque de sentirmos uma sensação de que vamos incorporar quando nossos guias se aproximam. Todavia, o controle primário da mente continua sendo do proprietário original, ou seja, o médium. E é exatamente por isso que precisamos nos concentrar para não interferir no trabalho ou atuação das entidades incorporadas. Do mesmo modo que podemos interferir na atuação do espírito, podemos romper a incorporação quando bem desejarmos. Por tudo isso é que dizemos que a caridade do médium é apenas permitir que a entidade se manifeste e atue através do seu corpo, sem dúvidas e sem interferências. Pode parecer simples, mas somente o exercício contínuo da mediunidade, contemplado pela humildade, é que nos levará ao desenvolvimento definitivo de nossa mediunidade. Por fim, é costumeiro entre os médiuns de Umbanda, sentir um certo “choque”, tanto na incorporação quanto na partida das entidades. Esse choque pode ser seguido por tontura ou ausência, e até sensação de perder o chão, por alguns segundos. Isso se deve ao acoplamento e desacoplamento energético do campo espiritual da entidade junto da pineal. Mediunidade consciente e inconsciente Vamos definir os termos. Mediunidade consciente é quando o médium está presente, assistindo todo o trabalho de sua entidade e, que após a desincorporação, consegue recordar toda a atuação de seu guia. Mediunidade inconsciente é quando, após a desincorporação, o médium não consegue se lembrar do trabalho de sua entidade. Coloco aqui ainda mais um estágio, a mediunidade semi-consciente, na qual, após a desincorporação, o médium lembra, mesmo que vagamente, do trabalho de seu guia, mas, após alguns minutos ou mesmo após uma noite de sono, toda a lembrança desaparece. O assunto consciência/inconsciência da mediunidade é um tema polêmico e desperta muito o interesse dos irmãos de fé. A maioria dos médiuns se diz inconsciente, mas este fato não é verídico. A inconsciência é atingida normalmente por médiuns que trabalham há anos na seara espiritual. Como se fosse uma medalha por serviços prestados. Agora raramente um médium novo alcança a inconsciência. Isto por dois motivos: o primeiro é que para se atingir a inconsciência é necessário confiança absoluta no trabalho de seus protetores. Já o segundo é menos óbvio, o médium acompanha conscientemente o trabalho de sua entidade para aprender com ela, e muitas coisas que a entidade diz para a assistência também servem de aprendizado para o novato. Pai Ronaldo Linares tem um exemplo didático para compreendermos parte do mecanismo de inconsciência. Ele nos diz que começar a incorporar é como se você nunca tivesse carro e de repente compra um carro zero quilometro. Ao passear com ele quer mostrar a todos sua nova aquisição. Aí depara-se com uma pessoa que você conhece muito pouco e ela te parabeniza pelo carro e de repente pede: - Posso dirigir? Você, muito sem jeito de negar, concorda contrariado com o pedido, afinal de contas você não sabe se ele dirige, se possui habilitação. Nos primeiros movimentos você dirige junto com o motorista, procurando frear antecipadamente sempre que acha necessário, ou seja, a tensão é visível. Entretanto, a cada novo pedido para dirigir, conforme você verifica que ele é um bom motorista e que é cuidadoso com seu carro, você começa a relaxar cada vez mais, até que um dia você até dorme no banco do carona, tamanha é a confiança que você nele adquiriu. As associações são óbvias. Você é o médium, o motorista é sua entidade e o carro seu corpo físico. Este exemplo deixa bem claro como funciona o estabelecimento da confiança entre você e seu guia, e, um dia, você irá até “dormir no banco do carona”, que é uma alusão forte à mediunidade inconsciente. Independente de que forma seja a sua mediunidade, nunca se esqueça de que todas elas são salutares e que a assistência deve confiar nos médiuns de uma corrente, independente desta condição. Por último, quem te garante que aquele médium, cuja entidade você confia cegamente, não era consciente? Pense nisso Como saber se meu desenvolvimento está indo bem? Questionamento frequente entre os médiuns em desenvolvimento. Esta resposta pode ser obtida com uma outra pergunta: quanto você melhorou desde o início do desenvolvimento e como você se sente? Invariavelmente, o processo traz mudanças para a pessoa e sua vida. No início o irmão fica fascinado pela nova experiência e não nota tão claramente o processo de mudança interna. Desenvolver a mediunidade é, acima de tudo, uma viagem ao centro de si mesmo. Coloca você de frente com mágoas do passado, vergonhas, frustrações e medos. É um processo de purificação. Entretanto, se o filho de fé realmente despertar a consciência de que nunca andou sozinho, e, por mais que não soubesse ou não se sentisse assim, sempre gozou da orientação e da proteção de seus guias, este processo torna-se mais viável. É sempre mais fácil superar obstáculos apoiado pelos amigos e entes queridos, não? É claro que sim. Então, vamos nos deparar com nossos medos, mas sabemos que estamos muito bem acompanhados para superar as situações negativas. Um bom exemplo sobre o desenvolvimento é que desenvolver a mediunidade é como remover um enxame de abelhas de dentro da sua casa. Você vê ele crescendo dia a dia e todo dia você pensa: “preciso tirar isso daí”, mas não faz nada. Até que um dia o enxame termina de se formar e as abelhas já começam a passear pela casa, causando desconforto. Só neste instante você decide removê-lo. É complicado, as abelhas ficam doidas, sua família tem que deixar a casa por algumas horas, você leva algumas picadas, mas enfim se liberta do tormento. Podemos associar o exemplo das abelhas ao da mediunidade. Você sabe que detém mediunidade, sabe que deve desenvolver, mas protela. Protela até que apareça uma doença sem diagnóstico ou quando as coisas do dia a dia passam a não dar mais certo. Só neste momento você vai atrás de auxílio e inicia o desenvolvimento. Desenvolver a mediunidade é como “remover o enxame de dentro de nós”. Não é igual para todos, uns desenvolvem mais rápido, outros nem tanto. Alguns podem demorar mais no processo de purificação, outros no desenvolvimento da confiança e outros não vão ter a mediunidade de incorporação. Eis alguns sentimentos que o iniciante pode ou não sentir: euforia, fascinação, medo, vergonha, sentimento de inferioridade, ceticismo, dúvida e confusão mental, sensação de que a vida ficou mais difícil, entre outros. Cada etapa da abertura da mediunidade é única, trará sentimentos positivos ou negativos, ou ambos ao mesmo tempo. A melhor sensação que o iniciante pode teré a de constante movimento, mudança contínua. Toda mudança tem aspectos bons e ruins, mas independente da qual você sinta, garanto que todos são necessários. Principalmente os ruins, pois o homem só aprende verdadeiramente passando por uma situação desagradável, o que indicará que ele não mais deseja passar por aquilo. Sendo assim, todos aqueles sentimentos listados anteriormente são necessários, cumpra cada etapa com amor. Lembre-se de que a natureza não queima etapas e assim também deve ser a sua vida, sem queimar etapas. Para saber se seu desenvolvimento está indo bem, basta prestar atenção a si mesmo e aos fenômenos espirituais que o cercam. Não existe uma resposta clara, pois essa pergunta se repete a cada etapa do desenvolvimento. Então o que pauta é verdadeiramente a mudança contínua, mesmo que não seja o que você espera. Entretanto, elencamos aqui algumas referências. Se você possuir três ou mais dos atributos abaixo pode indicar com certa confiança de que você está no caminho da boa mediunidade. - aumento da percepção espiritual; - medo de que a entidade cometa erros; - sentimento de leveza e felicidade após os trabalhos; - desenvolvimento de amor pelas próprias entidades; - saúde física, mental e espiritual equilibradas; - abertura da consciência para coisas simples; - bom humor e alegria de viver; - alegria em servir. Por fim, lembro que a melhor pessoa para avaliar seu desenvolvimento mediúnico é seu pai de santo ou quem assim faça suas giras de desenvolvimento. Ele poderá (e deverá) lhe indicar seus atrasos e progressos de forma construtiva. É dele a obrigação de orientar o irmão iniciante. Como saber quando estou pronto para o atendimento? Existem terreiros onde a doutrina aplicada é extremamente severa. Nestes locais, tanto o médium quanto suas entidades passam por provas antes que o médium seja liberado para o atendimento. Essas provas resumem-se na capacidade da entidade falar com clareza, da entidade informar seu nome, sua linha de trabalho e Orixá correspondente, além de riscar seu ponto específico (ponto riscado). Isto é feito para avaliar a firmeza do médium. Em outras doutrinas, após o dirigente confiar nas entidades do médium, ambos também são provados, mas em situações diferentes. O médium terá sua humildade, caridade e capacidade de viver em comunidade de maneira harmônica. Além disso o médium pode ser tentado em situações negativas para avaliar seu compromisso com a Umbanda. Já as entidades são testadas com situações que somente as entidades podem superar, tais quais andar no fogo, transpassar agulhas no corpo do médium, oferecer três líquidos transparentes e pedir que a entidade indique o que é cada um, sem provar ou tocá-los. Esses métodos podem parecer cruéis para muitos, mas garantiam que os médiuns de atendimento fossem dotados de todas as qualidades necessárias para o ato. Mais uma vez digo que quem melhor pode indicar se você está preparado ou não é o dirigente da casa, ou o orientador do desenvolvimento mediúnico. Porém também existem indícios que mostram se você já está pronto. - Firmeza da entidade Capacidade de sustentar a incorporação, mesmo que a entidade não preste atendimento. No caso, sustentar equivale à entidade permanecer com todas as suas características em tempo integral. - Equilíbrio emocional Lembrando sempre que o sentimento do médium afeta a incorporação, direta e indiretamente, e a capacidade do médium de manter o equilíbrio, não importa o que aconteça. Não deixar que coisas boas atrapalhem a vibração e muito menos permitir que coisas ruins derrubem sua vibração. - Capacidade de descarrego É a capacidade de encerrar um trabalho espiritual de forma a permitir que a própria entidade remova toda a negatividade presente no médium. Desta forma ele pode sair do trabalho sempre melhor do que entrou. Estar em comunhão com suas entidades Reconhecer a presença de suas entidades, saber distinguir quando são suas entidades colocando pensamento na sua cabeça em detrimento de outras. Alguns poucos começam a desenvolver audiência e vidência espiritual. - Verificar se as pessoas que estão se consultando, estão alcançando a graça Em nosso terreiro os médiuns em desenvolvimentos começam a dar atendimento aos filhos de branco, assim podemos entre a corrente ajustar certos aspectos do médium. Pois o próprio médium iniciante quando se depara com os consulentes acabam passando por um certo nervosismo para não errar, e quando se trata de pessoas já da base do terreiro o atendimento se torna um pouco mais fácil assim o próprio médium consegue fazer uma alto avaliação dos atendimentos. Mistificação, Animismo e Vaidade Mistificação A palavra mistificação tem por significado o ato de enganar ou induzir alguém a crer em uma mentira, farsa. Só pelo significado da palavra já podemos perceber o seu significado na Umbanda. Mistificar na Umbanda é o ato de fingir estar incorporado ou de falar em nome de uma entidade espiritual de forma negativa e proposital. É por mim considerado o maior erro que um umbandista pode cometer contra si mesmo e contra a espiritualidade. Fingir estar incorporado é usar indevidamente e sem autorização o nome de uma entidade. Isto acarreta prejuízos para a entidade, para o médium e para a Umbanda. Para a entidade e para a Umbanda, porque a pessoa, fingindo ser quem não é, acaba falando coisas e sugerindo receitas para a consulência, que, além de não alcançar seu objetivo, pode prejudicar gravemente a pessoa consultada, denegrindo assim a imagem da entidade, induzindo o irmão a acreditar que todos os espíritos atuantes na Umbanda são uma farsa. Agora para si mesmo, pois, ao usurpar o nome de uma entidade, o falsário autoriza a cobrança carmática espiritual. Dá um passe livre para que a entidade ofendida cobre uma reparação. E então a coisa se complica. Gostaria de salientar que mistificação não é apenas fingir uma incorporação, mas colocar palavras na boca da entidade, ou seja, mentiras, o que também induz as pessoas ao erro, portanto, também é mistificação. Rogo aos irmãos que nunca pratiquem tal ato e mesmo mantenham-se longe de pessoas que praticam este mal. Seja verdadeiro para com a espiritualidade para que a espiritualidade seja verdadeira com você. Animismo Na Umbanda, animismo é o ato do médium de interferir ou de se sobrepor à atuação da entidade, raramente é proposital e não tem o objetivo de fazer o mal. Infelizmente este tema é muito frequente nos terreiros de Umbanda e normalmente é praticado por pessoas emocionalmente frágeis ou que possuam a necessidade de se auto afirmarem, por euforia ou insegurança. Como já dissemos antes, a maioria dos médiuns é consciente, ou seja, assiste a todo o atendimento de sua entidade. Por este motivo, muitas vezes, o médium “atropela” a entidade. Existem os médiuns que querem ajudar as entidades. A entidade tenta falar “Você precisa tomar um banho de ervas”, e o médium tenta “melhorar”: “Você precisa tomar um banho com sete ervas”. O “sete” é por conta do médium, a entidade não queria dizer isso. “Entidade” que pergunta as horas para o cambone ou assistência. O plano espiritual não é dotado de tempo, uma entidade dificilmente perguntará as horas. O médium brigou com a namorada. Quando incorpora, sua “entidade” chama a namorada para chamar-lhe a atenção. Meu Deus, a espiritualidade não está preocupada com briguinhas domésticas. A “entidade” pede para o consulente tomar um analgésico e fala até o nome do medicamento. Prefiro nem comentar. E, infelizmente, esses e outros casos de animismo povoam muitos terreiros por aí. Os médiuns de uma vez por todas devem entender que as entidades não estão nem aí para a sua caminhada terrena, a não ser aquela que diz respeito à sua missão ou evolução. Entidade não toma partido de seus problemas, quem tem a obrigação de resolvê-los é você, médium. As entidades não faltam com o respeito, não bebem demasiadamente, não perguntam as horas, não falam nomes de medicamentos, não querem aparecer mais do que as outras entidades. Isto é coisa de médium desequilibrado,carente, eufórico, sem noção de ridículo e sem nenhuma gota de respeito para com as entidades. É assim que você trata seus melhores amigos? Creio que não. Ame e respeite seus guias e protetores de todo o seu coração. Lembre-se do amor incondicional, ele também deve ser aplicado às suas entidades. Soube de histórias que teve pessoas que falaram da umbanda como “Umbanda é circo de pobre”. E quando me deparo com cenas de mistificação ou animismo, sou obrigado a concordar com elas. Lembremos sempre as palavras do Caboclo Mirim, de Benjamim Figueiredo: “Umbanda é uma religião séria, para pessoas sérias”. Cuidados com a vaidade Não existe para o umbandista, um mal maior e mais destrutivo do que a vaidade. Este tema é amplamente abordado na Umbanda desde o início, até mesmo pelo próprio Caboclo das Sete Encruzilhadas. Tem como palavras semelhantes ou correlatas a soberba, a arrogância e o orgulho excessivo. Lembremos que orgulho é um dos sete pecados capitais. A vaidade se interpõe diretamente contra a humildade, e como já sabemos, a humildade é uma das bases de nossa religião. Infelizmente a vaidade ainda é encontrada com muita frequência nos terreiros de Umbanda, tanto por praticantes, médiuns e até mesmo sacerdotes. Existe um ditado que diz: “Subir é difícil, mas cair é extremamente fácil”. Em minha caminhada de umbandista, já vi casos de pessoas que se perderam tanto dentro da vaidade, do ego que não lhe restou nada, somente o orgulho e uma grande depressão. A vaidade começa com um sentimento bom, de alegria, de orgulho saudável e de confiança. Até aí isto é muito bom, mas, como isto se torna vaidade? Simples, quando deixamos a felicidade se tornar rotina, quando o orgulho se torna excessivo e quando a confiança se torna indisciplina. Então o praticante que é mais velho da casa começa a ignorar os mais novos; o médium cuja entidade alcança muitos resultados para a assistência passa a se sentir uma celebridade dentro do terreiro; quando o novato, por ter lido alguns livros, sente-se no direito de afrontar os mais experientes, ou quando o irmão de fé despreza os fundamentos da religião, tais como o respeito ao sagrado, preceitos e até mesmo quando perdem a educação com os outros. Não importa qual seja o exemplo, tenho certeza que até mesmo o leitor poderia dar muitos exemplos de vaidade, entretanto o que mais preocupa são as manifestações de vaidade daqueles que trabalham mediunicamente. O médium que se enche de orgulho e vaidade pelo trabalho desempenhado pelas entidades que se manifestam através dele, assemelha-se ao ladrão, ao usurpador que rouba ou lança mão daquilo que não lhe pertence. Sentem-se supermédiuns e acabam por deixar a principal condição para trabalhar na Umbanda. Tenho consciência de que nenhum de nós foi ensinado a receber elogios, aprendemos a nos preparar para os percalços da vida, mas nunca para receber coisas boas. Então, quando o guia do médium começa a alcançar diversas graças para os consulentes, é muito comum que todos venham até você dizer como o “seu” trabalho foi importante para elas, de como a “sua” entidade prestou auxílio e de como “você” é importante para a vida delas. Nas sentenças acima temos duas situações a destacar. A primeira com relação ao que dissemos, não sabemos o que fazer quando recebemos um elogio e ficamos, dessa forma, anestesiados e sem saber o que dizer. Digo a você irmão, caso o elogio lhe caiba, sorria, agradeça e abençoe a pessoa que te elogia. Mas o contrário nos leva à nossa segunda situação. O ELOGIO NÃO CABE À VOCÊ. QUEM TRABALHOU FOI A ENTIDADE QUE SE MANIFESTA ATRAVÉS DE VOCÊ, OU SEJA, O ELOGIO É PARA OUTRA PESSOA! NÓS MÉDIUNS SOMOS UM INSTRUMENTO DE TRABALHO DA ESPIRITUALIDADE! Quando então você receber um elogio que você sabe que não é seu, agradeça a atenção e comunique a pessoa que quem merece o elogio não é você, e sim seu guia. E que ela pode cair de joelhos ao lado da cama e agradecer, pois a gratidão terá chegado ao guia da mesma forma. A pior parte da vaidade é o de como ela rebaixa a vibração do Umbandista (nós já havíamos debatido isso no item “Os Sete Pecados Capitais”). Sem esquecer que baixas vibrações são um convite e uma porta escancarada à espiritualidade inferior. E a todos os irmãos que se perpetrarem nessas práticas, uma cobrança cármica gigantesca se estabelece, e, se não houver reparação durante a vida, um destino terrível se apresentará após o desencarne. A falta de compreensão de coisas simples leva a todas as distorções que vemos nos terreiros de Umbanda. O próprio Chico Xavier, quando recebia elogios deste tipo, dizia: “Não me agradeça, pois eu sou somente o carteiro. Eu não escrevo as mensagens, apenas as entrego”. Devemos ainda ressaltar que os grandes nomes da espiritualidade através da história deixaram exemplos riquíssimos de simplicidade e humildade. Podemos citar Sidarta Gautama (Buda), Confúcio, Jesus, São Francisco de Assis, no passado, e mais contemporâneo, Gandhi, Madre Teresa de Calcutá, Irmã Dulce, Dalai Lama e Chico Xavier. Todos eles carregaram missões espirituais extremamente difíceis de serem cumpridas. E também provaram que seria impossível alcançar os objetivos que eles alcançaram se não fosse pela humildade e pela caridade. Agora pergunto a você filho da fé umbandista, você ainda duvida da necessidade da humildade na nossa caminhada? Você ainda ignora o poder da humildade e da caridade? Sinceramente espero que não. Pelo seu bem e pelo bem da nossa Umbanda. A caridade e a responsabilidade do médium Dentro da minha experiência na Umbanda, escutei diversos umbandistas por inúmeras vezes dizer: “Já pratiquei minha caridade de hoje”. Isso sempre era repetido após o encerramento dos trabalhos no terreiro. Porém, eu me perguntava, se não sou eu quem trabalha, se foi meu guia quem fez todo o trabalho, qual a minha caridade nisso? A nossa caridade foi em emprestar nossa matéria para um guia praticar a caridade. Essa confusão é extremamente comum entre os filhos de fé, mas precisamos entender de uma vez por todas, que a caridade daquele que professa a Umbanda deve ser contínua, em todos os dias da vida e não somente dentro do terreiro. Justamente pelo que acabamos de destacar, no terreiro, quem faz a caridade são as entidades espirituais, cabendo a nós um papel menor, de simples instrumentos que colaboram sim com a caridade, entretanto não somos os protagonistas. Caridade é uma coisa muito grande, e que jamais deve ser utilizada apenas em alguns momentos de nossa vida. A caridade deve existir dentro da nossa família, no exercício de nossa profissão, no contato com nossos amigos, mas principalmente devera ser endereçada aos desconhecidos e àqueles que mais precisam do nosso auxilio e entendimento. O motivo disso é muito simples, prestar caridade para uma pessoa querida não é caridade, é obrigação e mesmo um ato prazeroso. Agora, quando nos dedicamos a pessoas que não conhecemos, doentes, seres desprovidos de recurso material, desesperançadas e colocamos todo nosso amor com o objetivo de auxiliar ou, ao menos, aliviar o fardo, mesmo que temporariamente, estamos praticando a verdadeira caridade pregada pelos mestres da humanidade. Você deve estar se perguntando, porque vou ao terreiro então? Vamos ao terreiro para servir de intermediários, de mediadores, de elos de ligação entre a assistência e os espíritos manifestados na Umbanda. Isto, não importa qual sua função dentro da casa espiritual. Se você é um trabalhador da casa, deverá praticar a caridade de deixar a casa sempre pronta e em condições de ser utilizada por todos que ocuparão o local sagrado. Se você é cambone deverá prestar a caridade de cumprir os preceitos preparatórios para que bem possa servir às entidades espirituais. Lembre-se cambone que sua energia também servirá de matéria prima para as entidades manifestantes, deverá ainda ter a caridade de servir com humildade e simplicidade, tanto as entidades quanto aos irmãos e à assistência do terreiro. Agora, se você é médium de atendimento, a sua caridade e a sua responsabilidade estãoligadas, porque você tem a incumbência de auxiliar os outros trabalhadores da casa, além de deixar seu corpo físico, mental e espiritual, plenamente preparados e purificados para que as entidades espirituais possam utilizá-los com plena força. Mesmo você não sendo o protagonista, sem o seu trabalho é impossível que a trama se desenrole. Faço um apelo a todos os médiuns, que compreendam que, da mesma forma que a caridade deve ser praticada em todos os dias de sua vida, também a preparação, o preceito, deverão ocorrer com a mesma frequência. É impossível conceber que uma pessoa desonesta, invejosa, maledicente e que não tenha nenhuma preocupação com o próximo, possa em apenas 24 horas se purificar e se considerar preparada para os trabalhos espirituais. Lembro ainda aos médiuns que fora toda a preparação, é necessária a rigorosa frequência aos trabalhos, senso de fraternidade, tolerância e, claro, a humildade. Para que se tenha uma plena visão da imagem formada por um quebra-cabeça, é imprescindível que todas as peças estejam presentes e no seu local adequado. Da mesma forma, não é admissível a um médium faltar com qualquer um dos atributos acima descritos. Faltar com eles, seria faltar com a caridade. Para quem entende um pouco de música, sabe a necessidade e a dificuldade de se ter um instrumento afinado, bem ajustado às necessidades do músico. Todo médium deve compreender que é um instrumento da espiritualidade e, sendo assim, tem a obrigação, a responsabilidade e a caridade de manter esse instrumento muito bem afinado. Mediunidade é para sempre? Sim, a mediunidade é para sempre. Essa pergunta é muito frequente entre os iniciantes na Umbanda. E a resposta que posso dar, é que a mediunidade se estenderá por toda sua vida encarnada, porém, poderá sofrer alterações no decorrer dos anos. Quando jovens, temos força física e vitalidade, mas pouco conhecimento e entendimento sobre o Sagrado. Isso pode levar a muitas experiências desagradáveis ou a não viver a plenitude da religião, dadas as diversas distrações comuns da idade. Como já sugeri antes, sou partidário da ideia de que o jovem deva curtir sua juventude, formar-se, iniciar sua profissão, viver suas experiências para somente depois iniciar sua caminhada mediúnica. É fato que as exceções existem e que podemos encontrar jovens devotados, ou mesmo que não consigam esperar pelo desenvolvimento mediúnico; em ambos os casos a Umbanda sempre terá suas portas abertas. A maturidade é o melhor momento para se viver a mediunidade. A pessoa já possui experiência, já se desprendeu das ilusões da juventude e assume as responsabilidades do terreiro com mais firmeza e dedicação, e, por fim, não se deixa levar com tanta facilidade pela vaidade ou pelas graças alcançadas pelas entidades que se manifestam através de si. Veja irmão que utilizei o termo maturidade e não idade adulta, pois a maturidade não está diretamente relacionada a quantos anos você tem. Você pode ter 50 anos e ainda não ter atingido a maturidade, assim como pode ter 22 sendo plenamente maduro e responsável. Idade não é sinônimo de sabedoria. Não basta trabalhar mediunicamente por muitos anos de forma inadequada e sem coerência. Também de nada vale o passar dos anos sem que haja aprimoramento, pois, como já falamos antes, o desenvolvimento mediúnico é para sempre. Então a prática das virtudes espirituais e o estudo contínuo, além da pratica mediúnica, deverão acompanhar o médium por toda a sua vida. Já, quanto maior o tempo do correto exercício da mediunidade, novos aspectos da espiritualidade se abrirão. A percepção espiritual, a sensibilidade energética e a comunhão com os guias e protetores se tornam mais intensas, de forma que a pessoa passa a viver e a exercitar a mediunidade mesmo fora do ambiente do terreiro. Mesmo quando o corpo físico já tiver suas limitações e a prática da incorporação for impossível, a mediunidade poderá gerar seus frutos no médium. Voltando ao exemplo do instrumento musical, a prática mediúnica requer constante manutenção e exercício, para que este instrumento não emita apenas notas ou acordes simples, mas que seja capaz de reproduzir obras muito mais complexas. Firmeza de cabeça Quando iniciei meus trabalhos na Umbanda, sempre ouvia: “Firma a cabeça, meu filho!”. Mas essa expressão era tão largamente utilizada que tive muita dificuldade em captar a ideia do que seria “firmar a cabeça”. Essa diversidade que a sentença abrange gera muita confusão na cabeça dos filhos de fé, de forma que, quando se pergunta o que é firmar a cabeça, ninguém consegue colocar em palavras que se entendam. Vamos dar uma olhada em algumas situações nas quais se pedem para firmar cabeça: - Quando o filho está desatento ao trabalho espiritual; - Quando alguém da assistência está “espiritando” (quase incorporando); - Quando estamos desenvolvendo a mediunidade; - Quando o filho esquece de cumprir alguma tarefa solicitada pelas entidades; - Quando o cambone esquece ou erra o atendimento à uma entidade; - Quando um filho de fé se desvia do caminho da humildade e da caridade; - Entre tantas outras. De uma forma geral, qualquer erro cometido pela pessoa, seja no terreiro, em sua vida particular ou em qualquer outro âmbito, é passível de se pedir para firmar a cabeça. Mas então, o que é firmar a cabeça? Firmar a cabeça é se entregar para a espiritualidade, comungando seus pensamentos, atos e palavras, concentrando-se somente na espiritualidade e na sua orientação. Agora que você já sabe o que é, releia as sentenças acima, aquelas em que dissemos que se aplica o firmar a cabeça. Ficou mais claro agora? Parece simples, mas não é. Concentrar-se na espiritualidade é um exercício duro e leva muito tempo até que alguém possa dizer que está plenamente sintonizada com a espiritualidade superior. Tal qual o desenvolvimento mediúnico, firmar a cabeça é um exercício contínuo e para sempre. Até por isso esses dois fundamentos da Umbanda caminham juntos, quanto maior a firmeza de cabeça de um médium, mais bela é sua mediunidade. A sentença “médium firme” também é uma alusão à firmeza de cabeça. O termo “firma a cabeça” também pode ser entendida como “presta atenção”. Como se pedissem para que você dê mais atenção ao que a espiritualidade superior está lhe intuindo. O que esperar de um médium com a cabeça firmada? - Respeito e dedicação ao Sagrado; - Guias incorporando em plena força, sem interrupções; - Saber a hora e o local de incorporar as entidades; - Saber que sentir a energia dos guias não significa que eles queiram incorporar; - Sentir a atuação da espiritualidade mesmo fora do terreiro; - Tender sempre às virtudes que aos erros; - Distinguir claramente uma energia boa de uma energia ruim. Por último, quero acrescentar uma nova visão à firmeza. Firmeza de cabeça é estar alerta ao mundo invisível que nos cerca, nunca deixando brechas nem passagens para a espiritualidade inferior. É não dar chance e nem espaço para que nenhum obsessor possa tomar conta de nossa cabeça. A Umbanda é para os “fortes” . Quando dizemos que a Umbanda é para os “fortes”, não significa que não seja para os fracos. A Umbanda sempre foi, é e será uma religião que está acessível a todos que desejem praticar seus fundamentos, ou simplesmente desejem alcançar a cura e a libertação dos problemas espirituais. Entretanto, uma vez que assumimos uma postura perante à Umbanda, perante ao Exército da Lei, da Luz e da Justiça, também assumimos a espiritualidade inferior e negativa como inimigos. Desse momento em diante, passamos a receber demandas constantemente em nossas vidas, visando a perda da nossa fé e, consequentemente, o abandono da religião. Pois não interessa para eles que os soldados da Umbanda estejam firmes, o desejo deles é dizimar este exército, soldado por soldado. Isto posto, fica clara a necessidade da vigilância contínua, da coragem sem limites, da devoção à espiritualidade superior e de uma fé inabalável. E é sobre esta força que me refiro. Não há o que se temer ao abraçar a Umbanda, mas há que se ter a confiançae firmeza para não se distrair e se perder do caminho. Uma vez a sós, somos presa fácil para obsessores. Entretanto, mesmo diante de tantas dificuldades, a sensação de plenitude gerada pela alegria de um irmão que recebeu uma graça, faz valer a pena toda e qualquer dificuldade. Saber que pudemos fazer a diferença na vida de alguém, mesmo como personagens secundários, é algo que eleva, traz gratidão, alegria, e dá à nossa vida o sentido que procuramos por muito tempo. Toda esta satisfação advém do cumprimento de nossa missão, sempre nos sentiremos felizes ao cumprir aquilo que assumimos antes mesmo de reencarnar. Então, nossa vitória é dupla, cumprimos a nossa missão espiritual com a alegria do bem servir. Irmãos, sejamos fortes, oremos e vigiemos sempre. Que em nossa mente, espírito e coração possamos fazer brotar o poder de Deus e de todos os Orixás, bem como a força de nossos guias e protetores. Avante filhos de Umbanda! Axé!!!