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A pontuação como fator de coesão
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 Pontuar bem um texto é muito importante para se garantir uma coesão adequada. 
 Ao contrário do que muitos pensam, os sinais de pontuação não servem apenas para marcar pausas, mas também são úteis para que o texto fique melhor organizado, de modo a facilitar a recepção dos textos por parte dos leitores.
 Sem falar que há sinais de pontuação que servem para modalizar o texto, como os pontos de exclamação e de interrogação. Eles demarcam o ritmo de entonação da frase e a intenção do emissor.
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A vírgula
 Sinal de pontuação que marca as pausas e intervalos dentro de cada período, como o que frequentemente existe entre as orações, ou mesmo entre termos correlatos que são enumerados.
Ex 1 – Como a novela não acaba, vou embora sem o final feliz.
Ex 2 – Meus pais voltaram da viagem cheios de novidades: presentes, fotos, saudades reforçadas. 
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Beijo de novela... Para inspirar uma noite de sexta.
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Situações em que não se deve usar a vírgula 
 A modalidade formal da língua (norma padrão ou “culta”) recomenda que não se deve lançar mão do recurso às vírgula nos seguintes casos:
a) Entre sujeito e predicado, como pode ser visto no exemplo: A argumentação, não foi bem fundamentada. Ao contrário do que pode parecer à primeira vista, este é um erro bem comum em redações de estudantes.
b) Entre o verbo e o seu complemento, como se pode conferir no exemplo: A Promotoria vai recorrer, da decisão.
c) Para separar nome e adjunto ou nome e complemento nominal, como se verifica no caso a seguir: A viagem, para o Caribe vai sair.
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Praia, sol e serenidade...
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Situações em que se recomenda o uso de vírgulas 
a) Quando se inverte a ordem dos elementos, como o adjunto adnominal, ou ainda para que algum elemento possa ser intercalado.
Ex. Ontem, houve mais crimes nas redondezas.
 
b) Para marcar conjunções intercaladas, que não estejam no início das orações. Ex. Façamos, então, uma tentativa de selar as pazes.
 
c) Para isolar nome de lugar quando anteposto à data, como ocorre nos cabeçalhos de cartas ou ofícios: Rio de Janeiro, 22 de novembro de 2001.
 
d) Para marcar expressões corretivas ou explicativas.
Ex. O processo ainda está tramitando, ou seja, ainda não foi julgado.
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e) Para separar elementos que têm a mesma função sintática.
Ex. Preocupado, pensativo, atento, o aluno deixou o recinto.
 
f) Para marcar a ausência de verbo, como no exemplo: O julgamento foi feito e o réu, absolvido. 
 
g) Para marcar o vocativo e o aposto. 
Ex. O caso, senhores, merece consideração.
 O deputado, homem criterioso, analisou a situação antes da renúncia anunciada ontem.
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h) Nos casos de períodos compostos por coordenação, só não são separadas por vírgulas as orações articuladas por meio da conjunção “e”. 
	Ex. O marido da modelo chegou muito cedo à audiência, sentou-se calmamente, ficou lendo os jornais do dia. Neste caso, a vírgula se justifica por não ter sido usada nenhuma conjunção – são as orações coordenadas assindéticas.
 	 O amante chegou bem mais tarde, mas a audiência havia sido cancelada. Aqui, o que tivemos foi o emprego de uma conjunção adversativa.  
i) Nas situações em que é necessário intercalar uma oração.
	Ex. Mário da Silveira, que nunca fora bom aluno na faculdade, está pensando em pleitear uma vaga no próximo concurso para médico. 
	 Será necessário, disse o delegado, que haja mais tempo para as investigações. 
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j) Nos casos de utilização de orações subordinadas adverbiais, principalmente quando estas venham antes da principal.
	Ex. Embora tenha se esforçado, o candidato não logrou êxito no concurso para a Promotoria.
 	 Se ele tivesse estudado com mais afinco, talvez conseguisse mudar o seu destino.
 
k) Nos casos em que são usadas orações reduzidas de infinitivo, gerúndio ou particípio.
	Ex. Chegando cedo ao local, o atleta aguardou a hora do treino.
	 Já cansado, ele decidiu retirar-se.
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Ponto
 Mais do que simplesmente indicar uma pausa destacada na elocução, tem como principal finalidade marcar o final de um período. 
 Existem os pontos que marcam ainda o final de um parágrafo. Aliás, uma das preocupações centrais que devemos ter é não confundir o parágrafo com o período. 
 Disso resulta uma tendência a pulverizar o texto em parágrafos excessivamente curtos. 
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Atenção para o exemplo:
 Dois policiais militares tiveram a prisão decretada pela Justiça de São Paulo, uma vez que todos os indícios os apontam como responsáveis pelo frio assassinato de sete mendigos no centro desta cidade.
	Supostamente ligados ao comércio ilegal de drogas, os PMs teriam ido cobrar dívidas contraídas pelos mendigos junto a traficantes.
	Não tendo obtido das vítimas nenhum centavo, eles teriam desferido em suas vítimas golpes letais com um objeto de madeira, não demonstrando consideração alguma pelo papel de agentes da lei de que estavam imbuídos, a partir do momento em que trajavam fardas da corporação.
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Comentando o exemplo
 Neste caso, o autor do texto aplicou o raciocínio de que a cada final de período deve corresponder uma mudança de parágrafo. Note que, em momento algum, ele lançou mão do recurso de utilizar um ponto no interior de um parágrafo. 
 Tal procedimento é incorreto. Ele parte da noção, infelizmente muito difundida, de que um texto ficará mais “leve”, dará menos trabalho ao leitor na medida em que se dividir numa quantidade maior de parágrafos. 
 Os três períodos do exemplo acima deveriam vir todos enunciados no mesmo parágrafo, uma vez que em nenhum momento o autor trocou de assunto, o que justificaria uma mudança de parágrafo. 
 Tenha sempre em mente, de forma clara, a distinção entre um ponto simples e um ponto parágrafo.
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Novo exemplo
 O racismo é considerado crime no Brasil há vários anos. Contudo, as maternidades do Rio ainda dispensam às gestantes negras um atendimento de qualidade inferior ao que é dispensado às brancas, como revelam pesquisas recentes.
	Infelizmente, este não é o único ponto em que as conquistas da Constituição de 1988 continuam a ser ignoradas. A sociedade precisa despertar para a necessidade de lutar por seus direitos fundamentais.
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Comentários
 Observe que, ao deixar de tratar exclusivamente do problema da discriminação racial, para se referir de modo mais genérico à Constituição, o autor encontrou razão suficiente para mudar de parágrafo. 
 Portanto, temos um caso em que o recurso à pontuação está utilizado de modo adequado, sendo ideal para melhorar as chances de que o texto seja bem sucedido em seu propósito de comunicar.
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Ponto de exclamação
 Indica o fim de um período em que se destaca a presença de uma forte carga emotiva. Sua presença indica expressão de surpresa, espanto, alegria, entusiasmo, dor etc. 
Ex.: Como foi rápida a decisão dos jurados!
 
 Além disso, o ponto de exclamação também é indicado nos seguintes casos:
a) Depois de interjeições;
Ex.: Meu Deus! Assim não é possível mais suportar, de tantos que são os casos de abusos contra as crianças.
 
b) Depois de um imperativo.
Ex.: Não diga nada! Tudo o que disser poderá ser usado contra você.
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Ponto de interrogação
 É usado, em geral, como sinal que marca o fim de uma frase interrogativa ou de caráter incerto, duvidoso.
Ex.: Qual foi o resultado do jogo?
 	 Quantos anos teremos que esperar até que o Brasil esteja entre as nações mais ricas do mundo?
 	 Será que esta linha de investigação é a mais indicada?
 Tanto aqui como no caso do ponto de exclamação, marca-se também o tipo de entonação do falante...
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Uma das mais importantes teclas de nossos computadores...
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Ponto-e-vírgula
 Sinal gráfico que é usado, no interior de cada período, em pausas mais destacadas do que as que são demarcadas por vírgula, mas não tão pronunciada como as que são indicadas por ponto. Sua presença não indica mudança de período. 
a) Para separar orações
de um período quando no interior de uma delas a vírgula já estiver sendo usada.
Ex. Entre os mais sérios problemas de nossa cidade, podemos citar a poluição do ar, a deficiência dos transportes, o precário atendimentos nos postos de saúde; porém nad é mais grave do que a falta de segurança em que vivemos.
 N1ª oração a vírgula já está sendo usada para separar os itens que vão sendo enumerados. Por isso, ao passar desta oração para a seguinte, o texto precisa de uma marca de transição mais destacada, e este papel fica a cargo do ponto-e-vírgula
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b) Para separar orações coordenadas quando a conjunção está deslocada, fora de sua posição ideal.
Ex. São muitos os problemas de nossa cidade; nada, porém, é mais grave do que a falta de segurança.	
	Neste caso, a conjunção “porém” foi deslocada, não se encontrando no início da oração de que faz parte, o que torna imperioso que ela venha grafada entre vírgulas. Por este motivo, a transição entre as duas orações vem marcada pelo ponto-e-vírgula.
 
d) Para separar os itens de uma enumeração, como é o caso das alíneas de um artigo de qualquer dispositivo legal. 
Ex.: (CF) Art. 14 – A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I – plebiscito;
II – referendo;
III – iniciativa popular.

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