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QUÍMICA ANALÍTICA Felipe Lange Coelho Titulação de sistemas ácido/base complexos Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever equilíbrios químicos envolvidos em sistemas complexos. � Analisar o balanço de massa envolvido em sistemas complexos. � Identificar o balanço de energia em sistemas ácido/base complexos. Introdução Neste capítulo, você vai aprofundar seus conhecimentos acerca da titula- ção de sistemas ácidos e básicos. O estudo das titulações de neutralização tem o objetivo de determinar as quantidades de ácidos ou bases em sistemas de interesse. Até o presente momento, a composição desse sistema, de um modo geral, consistia em um reagente padrão composto de um ácido/base forte e um analito que, na maioria dos casos, eram ácidos ou bases (fortes ou fracas) que possuem somente uma constante de ionização, além do caráter ácido/básico bem definido. Nesse sentido, este capítulo avança no conhecimento acerca das titulações de neutralização. Os sistemas complexos que serão estudados referem-se a soluções (analitos) constituídas de dois ácidos ou duas bases que possuem forças diferentes; um ácido ou uma base polifuncionais; uma substância anfiprótica. A maior complexidade desses sistemas está relacionada à necessidade de duas equações ou mais de equilíbrio para descreverem os sistemas (SKOOG et al., 2006). Além disso, em diversos casos, simplificações são necessárias para determinar a concentração dos componentes, uma vez que nem todas as informações estão disponíveis. Equilíbrios químicos envolvidos em sistemas complexos Seguindo a ordem apresentada anteriormente, o primeiro sistema a ser estudado será uma solução composta de dois ácidos ou duas bases que possuem forças diferentes. Para ilustrar essa situação, considere a titulação de uma mistura contendo ácido clorídrico e ácido fórmico (HCOOH) com hidróxido de potás- sio. As concentrações das duas espécies em solução são da mesma ordem de grandeza. Os equilíbrios de ionização das duas espécies ácidas envolvidas são: O fato de o ácido clorídrico ser um ácido forte, como pode se observar pela magnitude da constante de acidez (Ka), faz com que o seu equilíbrio de ionização esteja deslocado para a direita. E isso influi diretamente na ionização do ácido fraco, no caso, o ácido fórmico. Isso se deve pela alta concentração do íon hidrônio, proveniente da ionização do HCl, que reprime de forma significativa a ionização do ácido fórmico. Lembre-se que, pelo princípio de LeChatelier, a presença de íons hidrônio em solução faz com que o equilíbrio do HCOOH seja deslocado para a esquerda (HARRIS, 2005). Sabendo disso, a concentração de íons hidrônio numa mistura contendo um ácido forte e um ácido fraco pode ser aproximada como sendo a concentração molar do ácido forte. Desse modo, quando a ionização do ácido fraco passa a ser relevante ao longo de uma titulação? Nos estágios próximos ao primeiro ponto final da titulação. Quando a quantidade de base adicionada é equivalente à quantidade de ácido forte presente em solução, a ionização do ácido fraco passa a governar os equilíbrios de neutralização. A titulação da mistura, portanto, possui perfil idêntico à titulação do ácido forte até que este seja consumido e, após esse ponto, passa a apresentar a curva de titulação idêntica à do ácido fraco. A restrição necessária para que os dois pontos sejam observados na curva de titulação é que o ácido fraco possua constante de ionização intermediária (entre 10-4 e 10-8). A Figura 1 mostra os Titulação de sistemas ácido/base complexos2 perfis de curvas de titulação compostas de misturas de um ácido forte e ácidos fracos com diferentes valores de Ka (SKOOG et al., 2006). Figura 1. Perfis de curvas de titulação compostas de misturas de um ácido forte e ácidos fracos com diferentes valores de Ka. Fonte: Skoog et al. (2006, p. 378). 12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 2,0 0,0 0 10 20 30 40 50 60 Volume de NaOH 0,1000 mol L–1, mL D C B A Ka = 10 –8 Ka = 10 –6 Ka = 10 –4 Ka = 10 –2 pH Tudo o que foi mencionado e discutido para a mistura de ácidos com diferentes forças se aplica para sistemas básicos. Assim, uma mistura de uma base forte e uma base fraca, quando titulada, vai apresentar o mesmo comportamento e curvas de titulação. O segundo sistema apresentado neste capítulo serão os ácidos e as bases polifuncionais. Esses sistemas são caracterizados por mais de um equilíbrio de ionização, em decorrência da presença de dois ou mais grupos funcionais ácidos ou básicos. Da mesma forma, está envolvida mais de uma constante de acidez ou basicidade. 3Titulação de sistemas ácido/base complexos Considere o ácido fosfórico (H3PO4) e seus equilíbrios de ionização, apre- sentados a seguir. Os três hidrogênios presentes são ionizáveis, o que resultará em três equilíbrios distintos, cada um apresentando uma constante diferente. Visto que K1 > K2 > K3, pode-se concluir que o primeiro equilíbrio é o mais deslocado aos produtos e que a ionização do primeiro hidrogênio ocorre mais facilmente que os demais. Isso pode ser atribuído a dois fatores: 1. a probabilidade de ionização, visto que inicialmente existem três hidro- gênios passíveis de ionizar e esse número vai decrescendo; 2. a energia necessária para ocorrer a dissociação. Após a primeira ionização, o segundo hidrogênio terá de se dissociar de uma espécie aniônica, processo esse que, visto o aumento das forças eletrostáticas, necessita de maior energia. Outro fator importante a ser considerado são as espécies que apresentam hidrogênios não ionizáveis. Nesses casos, o número de equilíbrios de ionização não é igual ao número de hidrogênios presentes no ácido (SKOOG et al., 2006). A constante de acidez (Ka) ou basicidade (Kb) é obtida avaliando os produtos e reagentes da ionização dos ácidos ou das bases. Dessa forma, utilizando o exemplo do ácido fosfórico apresentado, as três constantes de equilíbrio são calculadas por meio das seguintes expressões: Titulação de sistemas ácido/base complexos4 K1 é a primeira constante de acidez, K2 é a segunda constante de acidez e K3 é a terceira. Relembrando que a água é desprezada da expressão, visto que em soluções aquosas diluídas, a concentração da água é próxima à da água pura e, portanto, a atividade da água pode ser considerada como unitária. Uma vez conhecidas as três constantes, a constante global da reação de ionização dos três hidrogênios é obtida multiplicando as constantes de ionização das reações parciais. O mesmo procedimento seria realizado caso fosse calculada a constante de equilíbrio das primeiras duas ionizações (DIAS et al., 2016). H3PO4(aq.) + H2O ⇌ 3H3O+(aq.) + PO43–(aq.) KT = K1 × K2 × K3 = (7,1 ∙ 10–3) × (6,3 ∙ 10–8) × (4,5 ∙ 10–13) = 2,0 ∙ 10–22 H3PO4(aq.) + H2O ⇌ 3H3O+(aq.) + PO43–(aq.) KT = K1 × K2 × K3 = (7,1 ∙ 10–3) × (6,3 ∙ 10–8) × (4,5 ∙ 10–13) = 2,0 ∙ 10–22 Nesse contexto de sistemas ácido/base polifuncionais, quando se trata de soluções muito diluídas, a presença de gás carbônico dissolvido deve ser levada em consideração. O gás carbônico sofre hidratação, em meio aquoso, formando ácido carbônico. Desse modo, por meio das duas ionizações presentes no ácido carbônico, a presença de CO2 na água aumenta a concentração de íons hidrônio no meio (MENDHAM et al., 2002). Veja os equilíbrios: CO 2(aq.) + H 2 O ⇌ H 2 CO 3(aq.) K = 2,8 ∙ 10–11 CO 2(aq.) + 2H 2 O ⇌ H 3 O+ (aq.) + HCO 3 – (aq) K T = K 1 × K 2 = 2,8 ∙ 10–3 × 1,5 ∙ 10–4 H 2 CO 3(aq.) + H 2 O ⇌ H 3 O+ (aq.) + HCO 3 – (aq.) K 1 = 1,5 ∙ 10–4 HCO 3 – (aq.) + H 2 O ⇌ H 3 O+ (aq.) + CO 3 2– (aq.) K 1 = 4,7 ∙ 10–11 5Titulação de sistemas ácido/base complexos Por fim, o último sistema apresentado refere-se às substâncias anfipróticas, isto é, aquelas que se comportam tanto como doadoras quanto aceptorasde íon hidrônio. Os aminoácidos são compostos que apresentam esse comportamento. A presença de um grupo ácido e um grupo básico na molécula resulta, primeiro, em uma troca protônica intramolecular formando uma espécie zwitteriônica. Esse equilíbrio é apresentado pela primeira equação a seguir. O zwitteríon pode ser aceptor de íon hidrônio (básico) por meio do grupo carboxilato e doador de hidrônio (ácido) por meio do grupo amino quaternário. Os equilíbrios apresentados são da glicina, cujo caráter ácido é maior, como se pode constatar pelas constantes de equilíbrio. Balanço de massa em sistemas complexos Os equilíbrios químicos apresentados na seção anterior, para diferentes sis- temas, vão ser empregados agora para calcular as concentrações das espécies desejadas nos sistemas de interesse. A partir da identificação dos equilíbrios envolvidos em uma reação é possível quantificar as espécies presentes por meio de balanços de massa analisando os equilíbrios em que estas estão envolvidas. Mistura ácido forte e ácido fraco Considere o exemplo discutido anteriormente a respeito de uma mistura (25 mL) de ácido clorídrico (ácido forte) 0,150 mol ∙ L-1 e ácido fórmico (ácido fraco) 0,100 mol ∙ L-1 que é titulada por hidróxido de potássio 0,100 mol ∙ L-1. Ante- riormente, foi dito que a dissociação do ácido clorídrico influenciava na disso- ciação do ácido fórmico, ao passo que o ácido fraco permanecia praticamente inalterado. Nesta seção, você vai comprovar essas constatações. Analisando os equilíbrios de dissociação dos dois ácidos, se isso for verda- deiro, a concentração de íons HCOO- em solução será muito menor que a de Cl-. Titulação de sistemas ácido/base complexos6 Inicialmente, para calcular a concentração de íons hidrônio na mistura, é necessário equacionar o balanço de massa do sistema. Sendo assim, a con- centração de H3O + presente em solução será proporcional à concentração de HCOO- e de Cl-, segundo a equação a seguir (a dissociação da água é desconsiderada visto a grandeza de sua constante): [H3O +] = [Cl–] + [HCOO–] [H3O +] = [HCl] + [HCOO–] [H3O +] = 0,150 + [HCOO–] = 0,150 mol ∙ L–1 Como o HCl é um ácido forte e, portanto, possui alta dissociação, a con- centração de Cl- é a própria concentração de HCl na mistura. Além disso, pela suposição inicial, a concentração de HCl é também responsável pela concentração de H3O + em solução. Por meio da expressão para a constante de ionização do HCOOH, é possível determinar a concentração de HCOO-, descrevendo a expressão: K a = [H 3 O+] [HCOO–] [HCOOH] Rearranjando: [HCOO–] [HCOOH] = = = 1,18 ∙ 10 –3 ou [HCOOH] = Ka [H3O +] 1,77 ∙ 10–4 0,150 [HCOO–] 1,18 ∙ 10–3 E sabendo que a concentração total de ácido fórmico é igual à concentra- ção de HCOOH que não dissociou somado à concentração de HCOO-, como ilustrado: 7Titulação de sistemas ácido/base complexos Chega-se à concentração de HCOO- em solução combinando as duas equa- ções anteriormente dispostas: Pelo valor calculado, pode-se constatar que [HCOO-] << [Cl-] e que a suposição inicial está correta. O segundo passo é verificar a importância da dissociação do ácido fraco ao final do consumo do ácido forte ao longo da titulação. Para isso, suponha a adição de 36 mL de KOH à mistura e verifique a concentração de HCCO-. As novas concentrações dos ácidos na mistura são: CHCl = 0,150 × 25 mL – 0,100 × 36 mL 25 mL + 36 mL = 2,45 ∙ 10 –3 CHCOOH = 0,100 × 25 mL 25 mL + 36 mL = 4,10 ∙ 10 –2 Utilizando o mesmo raciocínio anterior e considerando que [H3O +] = CHCl = 2,45 ∙ 10 -3, a [HCCO-] calculada seria igual a 6,73 ∙ 10-3, valor que está na mesma ordem de grandeza da [H3O +] e, portanto, não se pode desconsiderar a dissociação do ácido fraco. Sendo assim: Por meio do balanço de massa proveniente da dissociação do ácido fraco: O valor de [HCOOH] pode ser substituído empregando a constante de equilíbrio de ionização: Titulação de sistemas ácido/base complexos8 Resultando em: Assim, a expressão para a concentração de H3O + é escrita como: Resolvendo a equação, que pode ser reescrita como uma equação de segundo grau, obtém-se o valor de 4,13 ∙ 10-3 para [H3O +]. Sabendo o valor correto da [H3O +], calcula-se o valor de [HCCO-] pela expressão da constante de equi- líbrio. Comparando os valores obtidos para a concentração de Cl- (2,45 ∙ 10-3) e HCOO- (1,68 ∙ 10-3), confirma-se que, próximo ao consumo total do ácido forte, a ionização do ácido fraco deve ser considerada (HARRIS, 2005). Ácidos polifuncionais O segundo sistema em que serão discutidos os balanços de massa será o de ácidos polifuncionais. Nesse caso, considere uma solução 0,050 mol ∙ L-1 de um ácido forte diprótico H2A na qual se deseja saber a concentração das espécies H3O +, HA- e A2-. Uma vez que o ácido possui dois hidrogênios ionizáveis, são esperados dois equilíbrios de ionização. Por ser um ácido forte, considera-se que o primeiro equilíbrio está todo deslocado para os produtos. Desse modo, pelo balanço de massa, temos que todo íon hidrônio existente é gerado pela ionização do H2A a HA - e do HA- a A2- e assim: [H 3 O+] = [HA–] + [A2–] 9Titulação de sistemas ácido/base complexos Porém, como todo H2A se dissociou, a concentração de espécies HA - é igual à concentração do ácido: [H 3 O+] = 0,500 + [A2–] Bem como todo ácido H2A após a ionização estará na forma de HA - e A2-, dando origem ao segundo balanço: Combinando as equações: E substituindo na expressão da segunda constante de ionização: Os valores das concentrações das espécies desejadas são: A curva genérica de titulação do ácido diprótico H2A está apresentada na Figura 2. No início da titulação predominam as espécies H2A e HA -, até atingir o primeiro ponto de equivalência, no qual todo H2A foi convertido em HA- em decorrência da adição da base. A partir desse ponto, a continu- ação da titulação faz com que sejam formadas espécies A2- até o consumo final do ácido, caracterizado pelo segundo ponto de equivalência (SKOOG et al., 2006). Com esses dois sistemas apresentados, reitera-se a importância de se co- nhecerem os equilíbrios envolvidos nas reações de interesse, uma vez que a análise desses permite identificar os analitos gerados ao longo do caminho de reação a fim de expressar os balanços de energia necessários para quantificar as espécies desejadas. Titulação de sistemas ácido/base complexos10 Figura 2. Curva genérica de titulação do ácido diprótico H2A. Fonte: Skoog et al. (2006, p. 387). 12,00 10,00 8,00 6,00 4,00 2,00 0,00 E: Solução de Na2A F: Solução de NaOHD: Solução tampão de HA– e A2– B: Solução tampão de H2A – e HA– C: Solução de NaHA A: Ácido fraco pH Balanço de carga em sistemas complexos Por analogia aos balanços de massa estudados na seção anterior, em que eram correlacionadas as quantidades do analito na solução original com os seus produtos ao longo da titulação, a análise de sistemas via balanço de massa visa identificar os íons formados de forma a escrever uma expressão igualando as espécies positivas e negativas presentes no meio. Uma vez que a mistura inicial de um sistema se encontra no estado de neutralidade, qualquer espécie positiva gerada no meio é acompanhada de uma espécie negativa. Para exemplificar e discutir os balanços de carga em sistemas complexos, serão analisados os balanços envolvidos na dissolução de CO2(g) em água. Reescrevendo os equilíbrios químicos envolvidos, apresentados na primeira seção, temos: 11Titulação de sistemas ácido/base complexos Dentre as espécies iônicas, a única com carga positiva é H3O +, enquanto é possível observar que as espécies HCO3 -, CO3 2- e OH- possuem carga negativa. Escrevendo o balanço de cargas para o sistema: Destacando que, uma vez que o segundo equilíbrio de ionização do ácido carbônico seja considerado, visto a sua ordem de grandeza (10-11), devemos considerar, num primeiro momento, a autoionização da água também (SKOOG et al., 2006). Outroponto que necessita de atenção na escrita das expressões de balanço de carga são as espécies com carga superior a 1, como o CO3 2-. Uma vez que para a formação de um equivalente de CO3 2- são necessárias duas ionizações formando dois equivalentes de H3O +, ao final do processo, existe a metade da concentração de CO3 2- em relação a H3O +. Dessa forma, o índice 2 na frente do termo da concentração de CO3 2- equilibra a equação. Antes de passar para o próximo sistema, vale mencionar que, na análise da dissolução de CO2 em água, como K2 e KW são muito menores que K1, a concentração das espécies CO3 2- e OH- é muito menor do que a concentração de HCO3 - e pode ser desprezada. O balanço de massa simplificado fica: Por fim, será analisada a titulação de um ácido polifuncional em termos do balanço de carga do sistema. A abordagem será realizada com um ácido diprótico, mas também pode ser empregada para ácidos com três hidrogênios ionizáveis. A curva de titulação do sistema foi apresentada na Figura 2, na qual são observados dois pontos de equivalência. Uma base sódica foi empregada nessa titulação. Antes de analisar as espécies presentes em torno desses pontos, considere o balanço de carga. Titulação de sistemas ácido/base complexos12 Os equilíbrios envolvidos são: Sendo que as espécies com carga originam a seguinte expressão: De acordo com o estágio da titulação, simplificações podem ser feitas em função da concentração efetiva das espécies em solução. Imediatamente antes do primeiro ponto de equivalência, a concentração de H2M é muito baixa, pois a espécie foi praticamente toda consumida pela base. Em contrapartida, uma pequena quantidade de A2- já está formada. A presença de íons OH- pode ser desconsiderada, uma vez que o pH da solução é ácido, e a concentração de Na+ é conhecido, visto que todo sódio presente foi adicionado na forma de reagente titulante. Após o primeiro ponto de equivalência e antes do segundo, as espécies dominantes são HA- e A2-, sendo que a concentração da segunda espécie au- menta à custa do consumo da primeira. As observações para a concentração de OH- e Na+ feitas no parágrafo anterior ainda são verdadeiras. Por fim, na região perto do segundo ponto de equivalência, não existem mais espécies HA-, ao passo que a concentração de íons OH- deve ser considerada. De um modo geral, os balanços de carga são empregados de maneira complementar aos balanços de massa, nos quais as equações são combinadas. Lembre-se de que, sempre quando for equacionar um balanço de carga, a concentração de espécies positivas deve ser igual à concentração de espécies negativas e, mesmo que o sistema apresente diversos íons, a solução é sempre neutra. 13Titulação de sistemas ácido/base complexos DIAS, S. L. et al. Química analítica: teoria e prática essenciais. Porto Alegre: Bookman, 2016. HARRIS, D. C. Análise química quantitativa. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2005. MENDHAM, J. et al. Vogel: análise química quantitativa. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2002. SKOOG, D. A. et al. Fundamentos de química analítica. 8. ed. São Paulo: Thomson, 2006. Titulação de sistemas ácido/base complexos14