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Língua Portuguesa para Analista Judiciário (TJ BA) 2023 ( https://www.tecconcursos.com.br/s/Q2enFK ) Ordenação: Por Matéria Português Questão 601: FCC - APOG (Pref Recife)/Pref Recife/2019 Assunto: Crase Envelhecer Vá um homem envelhecendo, e caia na tolice de pensar que envelhece por inteiro − famosa tolice. Alguém já notou: envelhecemos nisto, não naquilo; este trecho ainda é verde, aquele outro já quase apodrece; aqui há seiva estuando, além é coisa murcha. A infância não volta, mas não vai − fica recolhida, como se diz de certas doenças. Pode dar um acesso. Outro dia sofri um ataque não de infância, mas de adolescência: precipitei-me célere, árdego*, confuso. Meus olhos estavam úmidos e ardiam; mãos trêmulas; os demônios me apertavam a garganta; eu me sentia inibido, mas agia com estranha velocidade por fora. Exatamente o contrário do que convém a um senhor de minha idade e condição. Pior é o ataque de infância: o respeitável cavalheiro de repente começa a agir como um menino bobo. Será que só eu sou assim, ou os outros disfarçam melhor? *árdego: impetuoso. (BRAGA, Rubem. Recado de primavera. Rio de Janeiro: Record, 1984, p. 71) O emprego da pontuação e a observância do sinal de crase estão adequados na frase: a) Quando se está à envelhecer, as nossas sensações boas ou más, parecem confundir-se em nosso espírito. b) Não se tribute as nossas experiências desafortunadas, a responsabilidade maior de um penoso envelhecimento. c) Em meio aquelas boas horas da infância, sempre havia alguma suspeita, de que tudo logo acabaria. d) Quem diria, que a proporção que o tempo passa, mais retornos imaginários experimentamos à outras idades? e) Corresse o tempo de modo uniforme, como alguns acreditam, não voltaríamos às mais antigas sensações. Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/758678 Questão 602: FCC - Ag TH (SANASA)/SANASA/Mecãnico/2019 Assunto: Crase De cedo, aprendi a subir ladeira e a pegar bonde andando. Posso dizer, com humildade orgulhosa, que tive morros e bondes no meu tempo de menino. Nossa pobreza não era envergonhada. Ainda não fora substituída pela miséria nos morros pobres, como o da Geada. Que tinha esse nome a propósito: lá pelos altos do Jaguaré, quando fazia muito frio, no morro costumava gear. Tínhamos um par de sapatos para o domingo. Só. A semana tocada de tamancos ou de pés no chão. Não há lembrança que me chegue sem os gostos. Será difícil esquecer, lá no morro, o gosto de fel de chá para os rins, chá de carqueja empurrado goela abaixo pelas mãos de minha bisavó Júlia. Havia pobreza, marcada. Mas se o chá de carqueja me descia brabo pela goela, como me é difícil esquecer o gosto bom do leite quente na caneca esmaltada estirada, amorosamente, também no morro da Geada, pelas mãos de minha avó Nair. A miséria não substituíra a pobreza. E lá no morro da Geada, além do futebol e do jogo de malha, a gente criava de um tudo. Havia galinha, cabrito, porco, marreco, passarinho, e a natureza criava rolinha, corruíra, papa-capim, andorinha, quanto. Tudo ali nos Jaguarés, no morro da Geada, sem água encanada, com luz só recente, sem televisão, sem aparelho de som e sem inflação. Nenhum de nós sabia dizer a palavra solidariedade. Mas, na casa do tio Otacílio, criavam-se até filhos dos outros, e estou certo que o nosso coração era simples, espichado e melhor. Não desandávamos a reclamar da vida, não nos hostilizávamos feito possessos, tocávamos a pé pra baixo e pra cima e, quando um se encontrava com o outro, a gente não dizia: “Oi!”. A gente se saudava, largo e profundo: − Ô, batuta*! *batuta: amigo, camarada. (Texto adaptado. João Antônio. Meus tempos de menino. In: WERNEK, Humberto (org.). Boa companhia: crônicas. São Paulo, Companhia das Letras, 2005, p. 141-143) Os verbos e o sinal indicativo de crase estão empregados corretamente na seguinte frase, redigida a partir do texto: a) Caso você quer voltar à um dia da infância, tome chá de carqueja. b) Os bondes não se manteram com à passagem do tempo. c) Nós nos dedicávamos à criação de uma infinidade de animais. d) Na casa do tio Otacílio, proporam-se à criar filhos dos outros. e) Não era comum que um hostiliza-se à outro no morro da Geada. Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/982410 Questão 603: FCC - Estag (SABESP)/SABESP/Ensino Superior/2019 Assunto: Crase A World Wide Web, ou www, completou três décadas de existência. Sua invenção mudou a cara da internet. A ideia foi do físico britânico Tim Berners-Lee, quando tinha 33 anos. Naquela época, a internet já operava havia duas décadas, mas de forma bem diferente. Com recursos restritos, era usada principalmente para troca de informações entre pesquisadores da área acadêmica. “A www transformou-se em um componente fundamental da internet moderna”, afirma Fabio Kon, professor do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo. “A rede trouxe muitas coisas boas e já não conseguimos mais viver sem as comodidades que ela proporciona. Mas, por outro lado, ela amplifica alguns fenômenos negativos e indesejados que já existiam na sociedade.” Nas comemorações dos 30 anos da web, Berners-Lee expressou preocupação com o rumo que vem tomando a internet. Em carta aberta, listou três áreas que, para ele, prejudicam a web: intenções maliciosas; projetos duvidosos, entre eles modelos de negócios que recompensam cliques; e consequências negativas não intencionais da rede, com destaque para discussões agressivas e polarizadas. “Precisamos de um novo contrato para a web”, declarou Berners-Lee em uma conferência sobre tecnologia da internet. “Algumas questões de regulamentação têm que envolver governos. Outras claramente incluem as empresas. Se você for provedor de acesso, precisa se comprometer a entregar neutralidade de rede. Se for uma companhia de rede social, precisa garantir que as pessoas tenham controle sobre seus dados.” “Desde sua origem, a internet se propôs a ser plural e de acesso amplo”, ressalta a advogada Cíntia Rosa Pereira de Lima, líder do grupo de pesquisa Observatório do Marco Civil da Internet no Brasil. A pesquisadora assinala também alguns problemas decorrentes das mudanças geradas pela internet. “Percebo que, com a proliferação das redes sociais, as pessoas passaram a se preocupar mais com a quantidade de relacionamentos, desconsiderando a qualidade deles”. Um dos pioneiros da internet no país, o engenheiro Demi Getschko admite que a rede enfrenta problemas, mas defende que o que vemos nela, conforme já expresso pelo matemático Vint Cerf, um de seus fundadores, é a representação daquilo que existe no mundo real. “A maioria das pessoas envolvidas com ela é bem-intencionada, mas existe uma ânsia de participar, de falar sem pensar, que com o tempo, esperamos, vai assentar. Tenho dúvidas sobre a eficiência de normatizações para corrigir os excessos na rede. Como ela não tem fronteiras, qualquer legislação local tende a falhar.” (Adaptado de: VASCONCELOS, Yuri. Disponível em: revistapesquisa.fapesp.br) O sinal indicativo de crase está corretamente empregado em: a) O aumento no uso da internet relaciona-se ao maior acesso à dispositivos móveis. b) Alguns países já disponibilizam internet pública, com acesso integral à internautas. c) Há muitos colaboradores que se propõem à disseminar conteúdo relevante na rede. d) A www está entre as principais invenções que vieram à revolucionar o mundo. e) Atribui-se o desenvolvimento de tecnologias revolucionárias à pesquisa em laboratório. Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/957037 Questão 604: FCC - Con Tec Leg (CL DF)/CL DF/Revisor de Texto/2018 Assunto: Crase Para assegurar a pertinência da dominação produtiva industrial, do modo de pensar e de fazer que a gera e que ela induz, é preciso fazer romper a alteridade em múltiplas facetas de exotismo. É preciso também fazer aparecer as sociedades ainda diferentescomo caminhos sem saída, erros, ausências ou inacabados no curso de uma progressão histórica inelutável. Na melhor das hipóteses, poder-se-ia considerá-los como traços de fases anteriores na construção da cidade humana universal. As sociedades que a exploração descobre, tornam-se imagens fotográficas e depois cinematográficas suscetíveis de ser transportadas, editadas, montadas, referidas e, sobretudo, comentadas em relação a um espectador cuja centralidade e o caráter de referencialidade essencial não são postos em questão. Trata-se de tentativas de levantamentos sistemáticos de desvios e de etapas no que será a elaboração de uma humanidade alocada sob a chancela universal do darwinismo. A melhora das condições técnicas da exploração do mundo (transporte e comunicação se aperfeiçoam com a máquina a vapor, a eletricidade e o telégrafo) fornecia a essas intenções meios cada vez mais performativos. O cinema completa a panóplia dos instrumentos para essa coleta generalizada, fundindo a ambição do olhar à objetividade pela supressão dos obstáculos do espaço e do tempo. A imagem animada capta o transitório da duração, supera a subjetividade do testemunho duvidoso dos viajantes de longa distância, suprime os desvios especiosos da memória: os momentos fugidios da vivência, as singularidades e as diferenças do Outro tornam-se transportáveis e, portanto, observáveis à vontade, como o obelisco de Luxor, as múmias do Egito ou os afrescos do Partenon. A etnografia iniciada por Franz Boas, e que fará da pesquisa de campo seu “laboratório” indispensável, emergindo dos limbos da reflexão teórica e frequentemente ética sobre as origens e as etapas das sociedades humanas, se tornará, do mesmo modo, um instrumento dessa coleção de realidades do mundo e de uma “objetivação” no mesmo sentido do olhar. A apresentação de uma observação dinâmica e totalizante, a passagem “pelo campo” e, portanto, a experimentação, fazem do cinema e da etnografia irmãos gêmeos de um empreendimento comum de descoberta, de identificação, de apropriação e talvez de absorção e de assimilação do mundo e de suas histórias. Ao extremo da distância/diferença constatada, nas regiões mais remotas, no seio das sociedades mais exóticas, se – isto é, este anônimo genérico e referencial que se considera o homem branco – identificavam, com um fervor receoso, primitivismos nos limites de um inquietante estado de natureza, canibalismos “selvagens” marcando aparentemente o que devia ser o salto qualitativo em direção à cultura ou antes em direção à Civilização com sua maiúscula. Com essas designações, essas estigmatizações fascinadas, o homem ocidental decerto mastigava, como em uma denegação analítica, sua própria bulimia, sua necessidade incessante de apropriação, de dominação, projetando finalmente no outro seu próprio desejo de consumo, de devoração...! A gravação por imagem e som, assim como o empreendimento de categorização etnográfica, contribuem para os mesmos efeitos: absorver a distância material do outro e reduzi-lo a imagem e a conceitos de que se alimentam meu olhar e minha mente. (Adaptado de: PIAULT, Marc. Antropologia e Cinema. São Paulo, Editora Unifesp, 2018) Quanto à ocorrência de crase é correto afirmar: a) Em ...fundindo a ambição do olhar à objetividade pela supressão dos obstáculos, a crase se deve ao fato de o termo sublinhado ser particularizado pelo segmento a ele subsequente. b) A crase em observáveis à vontade deve-se à regência do adjetivo, de modo que pode ser suprimida caso o adjetivo seja substituído por um verbo. c) Embora fosse correto utilizar crase em “reduzi-lo à imagem”, poderia pensar-se assim que tal imagem já seria conhecida de antemão pelo enunciador. d) Em supera a subjetividade do testemunho, o uso de crase é opcional, uma vez que o termo sublinhado é preposição e a ele se segue um substantivo feminino. e) Caso se substitua o verbo sublinhado em absorver a distância material do outro por “ultrapassar”, o “a” subsequente deverá receber o sinal indicativo de crase. Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/750788 Questão 605: FCC - Ana G (DPE AM)/DPE AM/Especializado de Defensoria/Ciências Contábeis/2018 Assunto: Crase A questão baseia no texto apresentado abaixo. As crianças gostam de brincadeiras que sejam imitativas e repetitivas, mas, ao mesmo tempo, inovadoras. Firmam-se no que lhes é conhecido e seguro(c), e exploram o que é novo e nunca foi experimentado. O termo “arremedo” pode implicar algum grau de intenção, mas imitar, ecoar ou reproduzir são propensões psicológicas (e até fisiológicas) universais que vemos em todo ser humano e em muitos animais(d). Merlin Donald, em Origens do pensamento moderno, faz uma distinção entre arremedo, imitação e mimese: o arremedo é literal, uma tentativa de produzir uma duplicata o mais exata possível. A imitação não é tão literal quanto o arremedo. A mimese adiciona uma dimensão representativa à imitação(b). Em geral, incorpora o arremedo e a imitação a um fim superior, o de reencenar e representar um evento ou relação. O arremedo, segundo Donald, é visto em muitos animais; a imitação, em macacos e grandes primatas não humanos; a mimese, apenas no ser humano. A imitação, que tem um papel fundamental nas artes cênicas, onde a prática, a repetição e o ensaio incessantes são imprescindíveis, também é importante na pintura e na composição musical e escrita. Todos os artistas jovens buscam modelos durante os anos de aprendizado. Nesse sentido, toda arte começa como “derivada”: é fortemente influenciada pelos modelos admirados e emulados, ou até diretamente imitados ou parafraseados. Mas por que, de cada cem jovens músicos talentosos ou de cada cem jovens cientistas brilhantes, apenas um punhado irá produzir composições musicais memoráveis ou fazer descobertas científicas fundamentais? Será que a maioria desses jovens, apesar de seus dons, carece de alguma centelha criativa adicional? Será que lhes faltam características que talvez sejam essenciais para a realização criativa(a), por exemplo, audácia, confiança, pensamento independente? A criatividade envolve não só anos de preparação e treinamento conscientes, mas também de preparação inconsciente. Esse período de incubação é essencial para permitir que o subconsciente assimile e incorpore influências, que as reorganize em algo pessoal. Na abertura de Rienzi, de Wagner, quase podemos identificar todo esse processo. Há ecos, imitações, paráfrases de Rossini, Schumann e outros − as influências musicais de seu aprendizado. E então, de súbito, ouvimos a voz de Wagner: potente, extraordinária (ainda que horrível, na minha opinião), uma voz genial, sem precedentes. Todos nós, em algum grau, fazemos empréstimos de terceiros, da cultura à nossa volta(e). As ideias estão no ar, e nos apropriamos, muitas vezes sem perceber, de frases e da linguagem da época. A própria língua é emprestada: não a inventamos. Nós a descobrimos, ainda que possamos usá-la e interpretá-la de modos muito individuais. O que está em questão não é “emprestar” ou “imitar”, ser “derivado”, ser “influenciado”, e sim o que se faz com aquilo que é tomado de empréstimo. (Adaptado de: SACKS, Oliver. O rio da consciência. Trad. Laura Teixeira Motta. São Paulo: Cia. das Letras, 2017, ed. digital) Afirma-se corretamente: a) No segmento que talvez sejam essenciais para a realização criativa, o elemento sublinhado pode ser suprimido, uma vez que se encontra diante da preposição “a”. b) Caso o elemento sublinhado em A mimese adiciona uma dimensão representativa à imitação seja substituído por “arte de imitar”, o sinal indicativo de crase deve ser suprimido. c) Sem prejuízo da correção e do sentido, o elemento sublinhado em Firmam-se no que lhes é conhecido e seguro pode ser substituído por “à elas”. d) Na frase “vemos em todo ser humano e em muitos animais propensões psicológicas, e até fisiológicas, à imitar”, o uso do sinal indicativo de crase é adequado. e) Osinal indicativo de crase no segmento fazemos empréstimos de terceiros, da cultura à nossa volta é facultativo e pode ser suprimido. Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/606061 Questão 606: FCC - Con Tec Leg (CL DF)/CL DF/Inspetor de Polícia Legislativa/2018 Assunto: Crase A obra de arte genial dribla de algum modo o efeito debilitador da passagem do tempo e adquire o poder de dizer coisas novas a sucessivas gerações de apreciadores. As grandes obras da ciência, como os tratados hipocráticos, foram criações que marcaram época, mas que a passagem do tempo reduziu à condição de peça de antiquário. Com a arte é diferente. A obra de arte genial transcende sua época. Mas ela é fruto de uma época. O trabalho do artista inevitavelmente reflete os valores de uma época - ou aquilo que os alemães denominam "zeitgeist", o espírito definidor de um período histórico particular. Duzentos e cinquenta anos nos separam do nascimento de Mozart. Os seus 36 anos de intensa atividade musical transcorreram no século XVIII. Sua morte, em 1791, praticamente coincide com o desfecho dramático do século das luzes que foi a Revolução Francesa. De tempos em tempos, surgem artistas que não se contentam em fazer escolhas dentro dos marcos definidos pelos adeptos de uma tradição estética − colegas, críticos e o público −, mas almejam ir além e escolher por si mesmos as regras do fazer criativo. Em sua formação musical Mozart assimilou desde cedo, sob a rigorosa tutela do pai, a tradição clássica austríaca que tinha em Joseph Haydn a sua mais consumada expressão. Na juventude, Mozart se empenhou com extraordinário afinco ao desafio de dominar essa tradição. Seu reconhecimento definitivo veio do próprio Haydn que, em comentário feito ao pai de Mozart, afirmou: "seu filho é o maior compositor de que tenho conhecimento". Seria difícil pedir mais. Mozart não foi um revolucionário, como Beethoven. Ele jamais se propôs a subverter os marcos da tradição na qual se fez músico. O que é assombroso constatar é que Mozart conquistou a expansão de um potencial criativo sem que precisasse abdicar de uma estrita adesão ao rigor formal clássico. Não seria descabido especular que o peso esmagador do seu gênio tenha contribuído para impelir Beethoven a embarcar na aventura radical da ruptura romântica. Pois se é verdade, como dizia Marx, que "a tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos", o que dizer de uma tradição na qual floresce um Mozart? Como entender a gênese de um gênio da estatura de Mozart? A imagem da criança prodígio, que aos oito anos arrebatou ao piano as cortes de Londres e Versailles, pode sugerir pistas enganosas - a ideia de dons sobrenaturais ou talentos geneticamente determinados. Como pondera o biólogo Edward Wilson, "não existe um gene para tocar bem piano. O que há é uma ampla conjunção de genes cujos efeitos favorecem destreza manual, criatividade, expressão emotiva, foco, espectro de atenção e controle de tom, ritmo e timbre. Essa conjunção também torna a criança bem-dotada propensa a tirar proveito da oportunidade certa na hora certa". Mozart foi um prodígio que se fez gênio. O seu caminho de criança prodígio a gênio maduro revela o acerto do verso de Hesíodo: "Ante os portais da excelência, os altos deuses puseram o suor". O surgimento de um Mozart, em suma, pode ser entendido como o efeito da convergência, estatisticamente improvável, de um grande número de circunstâncias felizes: excepcional dotação genética; a fortuna de uma educação exigente numa esplêndida tradição musical; a convivência com modelos inspiradores; um clima cultural propício e uma energia pessoal vulcânica ligada a um não menos generoso impulso criador. Acidentes felizes acontecem. Mozart certamente não tem a profundidade emotiva de Beethoven. Nem por isso, contudo, é menor que ele. Na obra de Mozart sentimos pulsar a crença na possibilidade de existência de uma ordem cósmica que nos transcende. Alguma coisa além da nossa capacidade de compreensão, mas que nos é facultado entrever ou intuir no contato com a música. Que o ânimo luminoso dessa arte esteja conosco na difícil jornada que o século 21 prenuncia. (Adaptado de: GIANNETTI, Eduardo. O elogio do vira-lata. São Paulo: Cia. das Letras, 2018, edição digital.) ... mas que a passagem do tempo reduziu à condição de peças de antiquário. A crase da frase acima deve ser mantida, sem que nenhuma outra modificação seja feita, substituindo-se o segmento sublinhado por a) uma mera antiguidade sem relevância. b) situação de documento ultrapassado. c) obras que interessam aos museus. d) dogmas ultrapassados. e) axiomas que despertam a curiosidade. Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/687724 Questão 607: FCC - Con Leg (CL DF)/CL DF/Constituição e Justiça/2018 Assunto: Crase Atenção: Para responder à questão, baseie-se no texto abaixo. [Gestos e palavras] Uma vez eu estava em Londres numa sala comum da classe média inglesa: a lareira acesa, todo mundo com sua taça de chá, a família imersa naquela naturalidade (chega a parecer representação) com que os ingleses aceitam a vida. Os ingleses, diz o poeta Pessoa, nasceram para existir! A certa altura um garoto de uns dez anos começou a contar uma história de rua, animou-se e começou a gesticular. Só comecei a perceber o que se passava quando notei que aquele doce sorriso mecânico, estampado em cada rosto de todas as pessoas da família, sumiu de repente, como se uma queda de voltagem interior houvesse afetado o sorriso coletivo. Olhos de avó, mãe, tias e tios concentraram-se em silêncio sobre o menino que continuava a narrativa com uma inocência maravilhosa. Diante disso, uma das senhoras falou para ele com uma voz sem inflexões: “Desde quando a gente precisa usar as mãos para conversar?” Vi deliciado o garoto recolher as mãos e se esforçar para transmitir o seu conto com o auxílio exclusivo das palavras. O sorriso de todos iluminou de novo a sala: a educação britânica estava salva. Imaginemos um garoto italiano de dez anos que fosse coarctado* pela família em seus gestos meridionais. Seria uma crueldade, uma afetação pedagógica, uma amputação social. Daí cheguei à conclusão óbvia: os ingleses educam os filhos para que eles venham a ser ingleses, os italianos, para que venham a ser italianos. *Coarctar: reduzir-se a limites mais estritos; restringir, estreitar (CAMPOS, Paulo Mendes. O amor acaba. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 209-210) Observam-se as normas que regem o emprego dos sinais de crase e de pontuação em: a) Não há dúvida, de que o autor do texto recorre à estereótipos culturais em sua narrativa a qual não faltam elementos de humor. b) Quando se assiste à cenas familiares, marcadas pelo conservadorismo, vê-se logo, quão divertido é quebrar os protocolos. c) O que será? – pensou o autor que parecia ter levado às pessoas a calarem-se diante de uma narrativa tão animada. d) Não sem propósito, atribui o autor às crianças italianas características de comunicação que não se permitem às inglesas. e) O garoto inglês advertido pela senhora, desistiu da ênfase dos gestos e passou aquela que se dá nos limites do discurso verbal. Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/682949 Questão 608: FCC - AJ TRT14/TRT 14/Apoio Especializado/Estatística/2018 Assunto: Crase Quanto ...... origens do ruído, o pensador David le Breton ...... associa ao utilitarismo, com que se relaciona, por vezes, ...... racionalismo, que dispõe a experiência dos sentidos em segundo plano. Preenche as lacunas da frase acima, correta e respectivamente, o que se encontra em: a) as − às − ao b) a − a − ao c) às − às − ao d) as − as − o e) às − as − o Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/674183 Questão 609: FCC - Ana Prev (SEGEP MA)/SEGEP MA/Administrativa Previdenciária/2018 Assunto: CraseO equilíbrio entre desafio e frustração é crucial no ensino. O problema é que estudantes têm talentos variados e diferentes. A mesma aula pode ser fácil demais e entediar certos alunos e, ao mesmo tempo, parecer intransponível a outros. É óbvio que não somos todos iguais, mas custamos a admitir isso. Uma consequência da ideia de que somos todos iguais é que a diferença entre os alunos que terão sucesso na escola e os que não terão não pode ser questão de mais ou menos inteligência, predisposição ou preguiça. A diferença entre os que conseguem e os que não, para muitos, reside apenas na capacidade de resistir à frustração. Ou seja, os que conseguem são os que não desistem, e não desistem porque não se deixam derrubar pela frustração. Os que não conseguem têm as mesmas habilidades, mas perdem coragem quando frustrados. Consequência: o que é preciso ensinar às crianças é resistência à frustração, que os estudos e a vida em geral necessariamente lhes prometem. Não deixa de ser paradoxal: nossa cultura pensa que a chave do sucesso está na capacidade de se frustrar. Sempre tem alguém para se indignar porque seríamos hedonistas e imediatistas. Na verdade, somos uma das culturas menos hedonistas da história do Ocidente: somos apologistas da frustração, que, aliás, tornou-se mérito. É raro encontrar pais que não estejam convencidos de que não é bom dar a uma criança o que ela quer. É claro que, se faz manhas para obter algo que está fora do orçamento familiar, é preciso dizer não. E talvez seja bom que ela aprenda, assim, que a realidade resiste ao desejo. Mas nossa pedagogia frustradora não depende do orçamento: uma criança de classe média, nem obesa nem pré-diabética, pede um sorvete (valor insignificante). Em regra, a resposta será negativa: agora é tarde ou cedo demais, é muito doce, e por aí vai... Produzir uma frustração é considerado um ato pedagógico, que ajudará a criança a crescer. Amadurecer, na nossa cultura, significa aprender a renunciar. Por isso, presume-se que o idoso seja mais sábio que o jovem, porque saberia "naturalmente" que a vida é renúncia. Mas e se o essencial da vida forem os sorvetes que não tomamos, todos os pequenos (grandes) prazeres aos quais renunciamos em nome de uma propedêutica à suposta grande frustração da vida? Pior: e se estivermos educando as crianças para que queiram desde pequenas renunciar aos prazeres da vida? Obviamente, não é preciso dar à criança tudo o que pede. Mas também não é preciso lhe negar o que ela pede sob pretexto de que estaríamos treinando-a para alguma preciosa sabedoria. (Adaptado de: CALLIGARIS, Contardo. Disponível em: folha.uol.com.br, 21/12/2017) A diferença entre os que conseguem e os que não, para muitos, reside apenas na capacidade de resistir à frustração. Sem que se faça nenhuma outra alteração na frase acima, mantém-se a correção substituindo-se frustração por a) expectativas frustradas. b) falta de êxito. c) um desapontamento. d) fracassos. e) uma desilusão. Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/655869 Questão 610: FCC - AJ TST/TST/Administrativa/"Sem Especialidade"/2017 Assunto: Crase A coletânea de aforismos que constituem os dois volumes de Humano, demasiado humano, considerado o marco inicial do segundo período da produção de Nietzsche, é um ajuste de contas definitivo com as ideias fundamentais do sistema filosófico de Schopenhauer. Dedicando o livro à memória do filósofo francês Voltaire e escolhendo como epígrafe uma citação de René Descartes, Nietzsche já o insere simbolicamente na tradição da filosofia das Luzes, caracterizada pela confiança no poder emancipatório da ciência, em seu triunfo contra as trevas da ignorância e da superstição. Não por acaso, portanto, a obra tem como subtítulo Um livro para espíritos livres. Se, para o jovem Nietzsche, era a arte – e não a ciência – o que constituía a atividade metafísica do homem, em Humano, demasiado humano ela é destituída desse privilégio. Fazendo uma referência velada a pressupostos fundamentais da filosofia de Schopenhauer, dos quais partilhara, Nietzsche toma agora o cuidado de se afastar criticamente deles. “Que lugar ainda resta à arte? Antes de tudo, ela ensinou, através de milênios, a olhar com interesse e prazer a vida, em todas as suas formas. Essa doutrina foi implantada em nós; ela vem à luz novamente agora como irresistível necessidade de conhecer. O homem científico é o desenvolvimento do homem artístico”. Se, para o jovem Nietzsche, o aprofundamento do conhecimento científico conduzia à proliferação de um saber erudito e estéril, que sufocava a vida, para o Nietzsche do período intermediário o conhecimento científico torna livre o espírito. Pouco mais tarde, Nietzsche aprofundaria seu novo entendimento relativo ao papel da ciência e à oposição entre esta e a arte. Contrapondo-se àqueles que valorizam apenas a imaginação e as obras- primas do disfarce estético, o filósofo afirma: “eles pensam que a realidade é horrível; contudo, não pensam que o conhecimento até da mais horrível realidade é belo, do mesmo modo que aquele que conhece bastante e amiúde está, por fim, muito longe de considerar horrível o grande todo da realidade, cuja descoberta lhe proporciona sempre felicidade. A felicidade do homem do conhecimento aumenta a beleza do mundo”. (Adaptado de: GIACOIA JUNIOR, Oswaldo. Nietzsche. São Paulo, Publifolha, 2000, p. 42-46) O elemento sublinhado pode ser corretamente substituído pelo que se encontra entre parênteses em: a) conduzia à proliferação de um saber erudito (à uma difusão) b) Fazendo uma referência velada a pressupostos fundamentais (à ideias) c) relativo ao papel da ciência (à função) d) Contrapondo-se àqueles que valorizam (à quem) e) cuja descoberta lhe proporciona (à qual) Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/584036 Questão 611: FCC - Prof B (SEDU ES)/SEDU ES/Língua Portuguesa/2016 Assunto: Crase Estava à toa na vida meu amor me chamou Pra ver a banda passar tocando coisas de amor. (HOLANDA, Chico Buarque de. A Banda, 1966) A ocorrência de crase na locução “à toa” no texto explica-se como a) emprego metafórico do substantivo feminino “toa”, cabo que reboca um barco. b) omissão de parte da locução, no caso à (moda de) toa, um tipo de embarcação. c) alteração de gênero provocado pelo uso popular do substantivo masculino (o)“toa”. d) exigência de preposição a pelo verbo “estar”, situado à esquerda do artigo a (toa). e) uso facultativo do artigo a diante do substantivo feminino “toa”, tipo de barco. Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/361562 Questão 612: FCC - TNS (PGM Teresina)/Pref Teresina/Analista de Sistemas/2016 Assunto: Crase A frase em que o sinal indicativo de crase está empregado corretamente é: a) O crítico fez referência à algumas telas que Clarice Lispector havia pintado. b) Gaugin ofereceu um quadro à seu amigo Van Gogh em que este estava representado. c) Em seu texto, o crítico José Castello relaciona a criação artística à loucura. d) O autor associou a arte à certa contaminação para, em seguida, refutar essa hipótese. e) Vários autores se dedicaram à essa problemática que envolve a relação entre arte e loucura. Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/413573 Questão 613: FCC - TRE (SEFAZ MA)/SEFAZ MA/Tecnologia da Informação/2016 Assunto: Crase Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo. Os azulejos de São Luís compõem um dos patrimônios culturais mais belos da cidade. Eles são encontrados nas fachadas das casas antigas, bem como foram e ainda são utilizados em igrejas e na decoração interna de casarões. Foi no século XVIII, período colonial, que os azulejos lusitanos começaram a chegar à capital maranhense, em um contexto de crescimento urbano, para enriquecer a estética das casas e dos prédios comerciais. O Museu Histórico e Artístico do Maranhão(Museu de Artes Visuais) contém o maior acervo de azulejos em exposição. Todos são provenientes de doações. Lá é possível confirmar com historiadores que o patrimônio azulejar maranhense é em sua maior parte proveniente de Portugal, mas também possui influência da França. Os portugueses se dedicaram à produção de azulejos, utilizando técnicas diferenciadas e trabalho manual. Eles também trabalharam em prol de uma construção visual, de forma que um painel com o mesmo azulejo colocado em determinadas posições possa ser visto de várias formas. Portugal fez de São Luís a mais lusitana das capitais brasileiras. Por isso, a cidade preserva o maior aglomerado urbano de azulejos dos séculos XVIII e XIX, em toda a América Latina. Eles assumem importância no contexto universal da criação artística, pela longevidade de seu uso, sem interrupção durante cinco séculos, resistindo a tempos chuvosos e amenizando o calor do verão, devido aos matizes de branco que refletem os raios solares. Assim, essa cultura material ludovicense, respeitada mundialmente, evoca a identidade e a memória do povo maranhense. (Adaptado de: ASSIS, Isabella Bogéa de. Disponível em: http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/heran%C3%A7- lusitana-da-cidade-dosazulejos) Considere as afirmações abaixo. I. Os portugueses se dedicaram à produção de azulejos... O sinal indicativo de crase deverá ser mantido caso o segmento grifado seja substituído por: produzir azulejos. II. ... resistindo a tempos chuvosos e amenizando o calor do verão... Sem que se faça nenhuma outra alteração, a frase se manterá gramaticalmente correta se o segmento sublinhado for substituído por: qualquer intensidade de chuva. III. ... devido aos matizes de branco que refletem os raios solares. O segmento sublinhado está corretamente substituído por: às tonalidades brancas. Está correto o que se afirma APENAS em a) II. b) I e II. c) I e III. d) III. e) II e III. Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/400490 Questão 614: FCC - Prof (Campinas)/Pref Campinas/Educação Básica III/Ciências/2016 Assunto: Crase Ao fazer pesquisas na internet, nossa atividade cerebral é muito diferente da de quando estamos lendo um livro. Ao ler, nossa mente está mais relaxada e ativamos ...... áreas cerebrais relativas ...... linguagem, ...... memória e ...... processamento visual. A alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do texto acima é: a) as – à – à – ao b) as – à – à – o c) às – a – a – ao d) às – à – à – ao e) as – a – a − ao Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/384727 Questão 615: FCC - AJ TRT23/TRT 23/Judiciária/"Sem Especialidade"/2016 Assunto: Crase Atenção: Para responder à questão, leia o texto abaixo. Nasci na Rua Faro, a poucos metros do Bar Joia, e, muito antes de ir morar no Leblon, o Jardim Botânico foi meu quintal. Era ali, por suas aleias de areia cor de creme, que eu caminhava todas as manhãs de mãos dadas com minha avó. Entrávamos pelo portão principal e seguíamos primeiro pela aleia imponente que vai dar no chafariz. Depois, íamos passear à beira do lago, ver as vitórias-régias, subir as escadarias de pedra, observar o relógio de sol. Mas íamos, sobretudo, catar mulungu. Mulungu é uma semente vermelha com a pontinha preta, bem pequena, menor do que um grão de ervilha. Tem a casca lisa, encerada, e em contraste com a pontinha preta seu vermelho é um vermelho vivo, tão vivo que parece quase estranho à natureza. É bonita. Era um verdadeiro prêmio conseguir encontrar um mulungu em meio à vegetação, descobrir de repente a casca vermelha e viva cintilando por entre as lâminas de grama ou no seio úmido de uma bromélia. Lembro bem com que alegria eu me abaixava e estendia a mão para tocar o pequeno grão, que por causa da ponta preta tinha uma aparência que a mim lembrava vagamente um olho. Disse isso à minha avó e ela riu, comentando que eu era como meu pai, sempre prestava atenção nos detalhes das coisas. Acho que já nessa época eu olhava em torno com olhos mínimos. Mas a grandeza das manhãs se media pela quantidade de mulungus que me restava na palma da mão na hora de ir para casa. Conseguia às vezes juntar um punhado, outras vezes apenas dois ou três. E é curioso que nunca tenha sabido ao certo de onde eles vinham, de que árvore ou arbusto caíam aquelas sementes vermelhas. Apenas sabíamos que surgiam no chão ou por entre as folhas e sempre numa determinada região do Jardim Botânico. Mas eu jamais seria capaz de reconhecer uma árvore de mulungu. Um dia, procurei no dicionário e descobri que mulungu é o mesmo que corticeira e que também é conhecido pelo nome de flor-de-coral. ''Árvore regular, ornamental, da família das leguminosas, originária da Amazônia e de Mato Grosso, de flores vermelhas, dispostas em racimos multifloros, sendo as sementes do fruto do tamanho de um feijão (mentira!), e vermelhas com mácula preta (isto, sim)'', dizia. Mas há ainda um outro detalhe estranho – é que não me lembro de jamais ter visto uma dessas sementes lá em casa. De algum modo, depois de catadas elas desapareciam e hoje me pergunto se não era minha avó que as guardava e tornava a despejá-las nas folhagens todas as manhãs, sempre que não estávamos olhando, só para que tivéssemos o prazer de encontrá- las. O fato é que não me sobrou nenhuma e elas ganharam, talvez por isso, uma aura de magia, uma natureza impalpável. Dos mulungus, só me ficou a memória − essa memória mínima. (Adaptado de: SEIXAS, Heloísa. Semente da Memória. Disponível em: http://heloisaseixas.com.br) Quanto à ocorrência de crase, considere as frases abaixo. I. No segmento ... encontrar um mulungu em meio à vegetação... (2o parágrafo), pode-se substituir corretamente o elemento sublinhado por “por entre”, sem que nenhuma outra alteração seja feita. II. No segmento Disse isso à minha avó e ela riu... (3o parágrafo), pode-se suprimir o artigo definido sem prejuízo para o sentido e a correção. III. Uma redação correta para o segmento ... na hora de ir para casa (3o parágrafo), caso se substitua a preposição "em" por "a", é: "à hora de ir para casa". Está correto o que consta em a) III, apenas. b) II e III, apenas. c) I e II, apenas. d) I, II e III. e) I, apenas. Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/337583 Questão 616: FCC - AJ TRF3/TRF 3/Apoio Especializado/Medicina (Clínica Geral)/2016 Assunto: Crase Sem exceção, homens e mulheres de todas as idades, culturas e níveis de instrução têm emoções, cultivam passatempos que manipulam as emoções, atentam para as emoções dos outros, e em grande medida governam suas vidas buscando uma emoção, a felicidade, e procurando evitar emoções desagradáveis. À primeira vista, não existe nada caracteristicamente humano nas emoções, pois numerosas criaturas não humanas têm emoções em abundância; entretanto, existe algo acentuadamente característico no modo como as emoções vincularam-se a ideias, valores, princípios e juízos complexos que só os seres humanos podem ter. De fato, a emoção humana é desencadeada até mesmo por uma música e por filmes banais cujo poder não devemos subestimar. Embora a composição e a dinâmica precisas das reações emocionais sejam moldadas em cada indivíduo pelo meio e por um desenvolvimento único, há indícios de que a maioria das reações emocionais, se não todas, resulta de longos ajustes evolutivos. As emoções são parte dos mecanismos biorreguladores com os quais nascemos, visando à sobrevivência. Foi por isso que Darwin conseguiu catalogar as expressões emocionais de tantas espécies e encontrar consistência nessas expressões, e é por isso que em diferentes culturas as emoções são tão facilmente reconhecidas. É bem verdade que as expressões variam, assim como varia a configuração exata dos estímulos que podem induzir uma emoção. Mas o que causa admiração quando se observa o mundo do alto é a semelhança,e não a diferença. Aliás, é essa semelhança que permite que a arte cruze fronteiras. As emoções podem ser induzidas indiretamente, e o indutor pode bloquear o progresso de uma emoção que já estava presente. O efeito purificador (catártico) que toda boa tragédia deve produzir, segundo Aristóteles, tem por base a suspensão de um estado sistematicamente induzido de medo e compaixão. Não precisamos ter consciência de uma emoção, com frequência não temos e somos incapazes de controlar intencionalmente as emoções. Você pode perceber-se num estado de tristeza ou de felicidade e ainda assim não ter ideia dos motivos responsáveis por esse estado específico. Uma investigação cuidadosa pode revelar causas possíveis, porém frequentemente não se consegue ter certeza. O acionamento inconsciente de emoções também explica por que não é fácil imitá-las voluntariamente. O sorriso nascido de um prazer genuíno é produto de estruturas cerebrais localizadas em uma região profunda do tronco cerebral. A imitação voluntária feita por quem não é um ator exímio é facilmente detectada como fingimento – alguma coisa sempre falha, quer na configuração dos músculos faciais, quer no tom de voz. (Adaptado de: DAMÁSIO, Antonio. O mistério da consciência. Trad. Laura Teixeira Motta. São Paulo, Cia das letras, 2015, 2.ed, p. 39-49) Ao se reescrever um segmento do texto, o sinal indicativo de crase foi empregado de modo correto em: a) Frequentemente não temos consciência de uma emoção, pois somos incapazes de à controlar propositadamente. b) Essa é, à propósito, a semelhança que permite que a arte cruze fronteiras. c) Por sinal, à essa semelhança imputa-se a causa da arte ser capaz de cruzar fronteiras. d) A partir dessa semelhança, permite-se à arte cruzar fronteiras. e) À uma região profunda do tronco cerebral atribui-se o ponto de partida de reações como um sorriso nascido de um prazer genuíno. Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/358482 Questão 617: FCC - Med Trab (METRO SP)/METRO SP/2016 Assunto: Crase Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. Cães são seres sociáveis. Gostam de viver em bando. Adoram a companhia humana. Disso, pouca gente discorda. Mas o que ninguém sabe ao certo é por que eles são assim. Vem da Suécia a mais recente pista dessa história. Pesquisadores da Universidade de Linköping submeteram a um teste 400 beagles nascidos e criados em um canil, todos com o mesmo nível de contato com seres humanos. Eles tinham que destampar três tigelas para chegar a um petisco. As duas primeiras tampas saíam facilmente. A terceira era fixa. As reações dos cães foram registradas. Alguns procuravam ajuda entre as pessoas da sala. Outros, não. Em seguida, cada animal teve o genoma sequenciado, em busca de variações genéticas que pudessem estar relacionadas ao comportamento que demonstraram. Resultado: um grupo de cinco genes apresentava diferenças relevantes entre os cães que buscaram ou não ajuda. São os mesmos relacionados com alterações de sociabilidade em humanos, como o transtorno de atenção. O próximo passo dos pesquisadores é ver como são esses genes nos lobos. A hipótese é que se trata de uma mutação genética recente, que acabou prevalecendo na seleção natural. Em resumo: os cães estão geneticamente programados para ficarem perto da gente. (Adaptado de: CORRÊA, Sílvia. “Amizade genética”, revista São Paulo, Folha de S.Paulo, 9 a 15 de outubro de 2016, p.14) Atente para as frases abaixo, redigidas a partir de frases do texto modificadas: I. Eles tinham que destampar três tigelas para chegar à ração. II. Pesquisadores submeteram à uma prova 400 beagles nascidos e criados em um canil. III. São os mesmos genes vinculados à alterações de sociabilidade em humanos. IV. Cada animal teve o genoma sequenciado, em busca de variações genéticas que pudessem estar relacionadas à atitude demonstrada. O sinal de crase está empregado corretamente APENAS em a) II e IV. b) I e III. c) I e IV. d) II, III e IV. e) I, II e III. Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/428949 Questão 618: FCC - AJ TRT15/TRT 15/Apoio Especializado/Odontologia/2015 Assunto: Crase O termo entre parênteses preenche corretamente a lacuna da frase em: a) A mudança, começaram ...... senti-la apenas os descendentes dos escravos. (à) b) Não foi apenas com o intuito de libertar ...... escravos que se promulgou a lei Áurea. (aos) c) As condições iniciais dos libertos eram muito próximas ...... de escravidão. (as) d) ...... vésperas do século XX ainda eram debatidas questões como a escravidão. (Às) e) Muito embora lhes fosse conferida ...... condição de liberto, muitos continuavam subjugados. (à) Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/272412 Questão 619: FCC - AJ TRF1/TRF 1/Apoio Especializado/Arquitetura/2014 Assunto: Crase Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão. QUANDO A CRASE MUDA O SENTIDO Muitos deixariam de ver a crase como bicho-papão se pensassem nela como uma ferramenta para evitar ambiguidade nas frases. Luiz Costa Pereira Junior O emprego da crase costuma desconcertar muita gente. A ponto de ter gerado um balaio de frases inflamadas ou espirituosas de uma turma renomada. O poeta Ferreira Gullar, por exemplo, é autor da sentença “A crase não foi feita para humilhar ninguém”, marco da tolerância gramatical ao acento gráfico. O escritor Moacyr Scliar discorda, em uma deliciosa crônica “Tropeçando nos acentos”, e afirma que a crase foi feita, sim, para humilhar as pessoas; e o humorista Millôr Fernandes, de forma irônica e jocosa, é taxativo: “ela não existe no Brasil”. O assunto é tão candente que, em 2005, o deputado João Herrmann Neto propôs abolir esse acento do português do Brasil por meio do projeto de lei 5.154, pois o considerava “sinal obsoleto, que o povo já fez morrer”. Bombardeado, na ocasião, por gramáticos e linguistas que o acusavam de querer abolir um fato sintático como quem revoga a lei da gravidade, Herrmann logo desistiu do projeto. A grande utilidade do acento de crase no a, entretanto, que faz com que seja descabida a proposta de sua extinção por decreto ou falta de uso, é: crase é, antes de mais nada, um imperativo de clareza. Não raro, a ambiguidade se dissolve com a crase − em outras, só o contexto resolve o impasse. Exemplos de casos em que a crase retira a dúvida de sentido de uma frase, lembrados por Celso Pedro Luft no hoje clássico Decifrando a crase: cheirar a gasolina X cheirar à gasolina; a moça correu as cortinas X a moça correu às cortinas; o homem pinta a máquina X o homem pinta à máquina; referia-se a outra mulher X referia-se à outra mulher. O contexto até se encarregaria, diz o autor, de esclarecer a mensagem; um usuário do idioma mais atento intui um acento necessário, garantido pelo contexto em que a mensagem se insere. A falta de clareza, por vezes, ocorre na fala, não tanto na escrita. Exemplos de dúvida fonética, sugeridos por Francisco Platão Savioli: “A noite chegou”; “ela cheira a rosa”; “a polícia recebeu a bala”. Sem o sinal diacrítico, construções como essas serão sempre ambíguas. Nesse sentido, a crase pode ser antes um problema de leitura do que prioritariamente de escrita. (Adaptado de: PEREIRA Jr., Luiz Costa. Revista Língua portuguesa, ano 4, n. 48. São Paulo: Segmento, outubro de 2009. p. 36-38) Acerca dos exemplos utilizados nos dois últimos parágrafos para ilustrar o papel da crase na clareza e na organização das ideias de um texto, é correto afirmar: a) quando se escreve cheirar a gasolina, o sentido do verbo é de “feder” ou “ter cheiro de”. b) em a polícia recebeu a bala, afirma-se que a polícia foi vitimada pelo tiro. c) na frase À noite chegou, “noite” assume função de sujeito do verbo chegar. d) no trecho a moça correu as cortinas, o verbo assume o sentido de “seguir em direção a”. e) em o homem pinta à máquina, diz-se que o objeto que está sendo pintadoé a máquina. Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/251643 Questão 620: FCC - Adv (SABESP)/SABESP/2014 Assunto: Crase Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo. Maias usavam sistema de água eficiente e sustentável Um estudo publicado recentemente mostra que a civilização maia da América Central tinha um método sustentável de gerenciamento da água. Esse sistema hidráulico, aperfeiçoado por mais de mil anos, foi pesquisado por uma equipe norte-americana. As antigas civilizações têm muito a ensinar para as novas gerações. O caso do sistema de coleta e armazenamento de água dos maias é um exemplo disso. Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores fizeram uma escavação arqueológica nas ruínas da antiga cidade de Tikal, na Guatemala. Durante o estudo, coordenado por Vernon Scarborough, da Universidade de Cincinnati, em Ohio, e publicado na revista científica PNAS, foram descobertas a maior represa antiga da área maia, a construção de uma barragem ensecadeira para fazer a dragagem do maior reservatório de água em Tikal, a presença de uma antiga nascente ligada ao início da colonização da região, em torno de 600 a.C., e o uso de filtragem por areia para limpar a água dos reservatórios. No sistema havia também uma estação que desviava a água para diversos reservatórios. Assim, os maias supriam a necessidade de água da população, estimada em 80 mil em Tikal, próximo ao ano 700, além das estimativas de mais cinco milhões de pessoas que viviam na região das planícies maias ao sul. No final do século IX a área foi abandonada e os motivos que levaram ao seu colapso ainda são questionados e debatidos pelos pesquisadores. Para Scarborough é muito difícil dizer o que de fato aconteceu. “Minha visão pessoal é que o colapso envolveu diferentes fatores que convergiram de tal modo nessa sociedade altamente bem-sucedida que agiram como uma ‘perfeita tempestade’. Nenhum fator isolado nessa coleção poderia tê-los derrubado tão severamente”, disse o pesquisador à Folha de S. Paulo. Segundo ele, a mudança climática contribuiu para a ruína dessa sociedade, uma vez que eles dependiam muito dos reservatórios que eram preenchidos pela chuva. É provável que a população tenha crescido muito além da capacidade do ambiente, levando em consideração as limitações tecnológicas da civilização. “É importante lembrar que os maias não estão mortos. A população agrícola que permitiu à civilização florescer ainda é muito viva na América Central”, lembra o pesquisador. (Adaptado de Revista Dae, 21 de Junho de 2013, www.revistadae.com.br/novosite/noticias_interna.php?id=8413) Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores fizeram uma escavação arqueológica nas ruínas da antiga cidade de Tikal, na Guatemala. O a empregado na frase acima, imediatamente depois de chegar, deverá receber o sinal indicativo de crase caso o segmento grifado seja substituído por: a) uma tal ilação b) afirmações como essa c) comprovação dessa assertiva d) emitir uma opinião desse tipo e) semelhante resultado Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/269204 Questão 621: FCC - AJ TRT19/TRT 19/Judiciária/Oficial de Justiça Avaliador Federal/2014 Assunto: Crase Sentava-se mais ou menos ...... distância de cinco metros do professor, sem grande interesse. Estudava de manhã, e ...... tardes passava perambulando de uma praça ...... outra, lendo algum livro, percebendo, vez ou outra, o comportamento dos outros, entregue somente ...... discrição de si mesmo. Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem dada: a) a − às − à − a b) à − as − a − à c) a − as − à − a d) à − às − a − à e) a − às − a − a Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/173587 Questão 622: FCC - AJ TRT19/TRT 19/Judiciária/"Sem Especialidade"/2014 Assunto: Crase Atenção: Para responder à questão, considere o trecho da entrevista abaixo. De que forma o conhecimento da cultura renascentista pode auxiliar no entendimento do presente? A história da cultura renascentista ilustra com clareza o processo de construção cultural do homem moderno e da sociedade contemporânea. Nela se manifestam, já muito dinâmicos e predominantes, os germes do individualismo, do racionalismo e da ambição ilimitada, típicos de comportamentos mais imperativos e representativos do nosso tempo. Ela consagra a vitória da razão abstrata, que é a instância suprema de toda a cultura moderna, versada no rigor das matemáticas que passarão a reger os sistemas de controle do tempo e do espaço. Será essa mesma razão abstrata que estará presente na própria constituição da chamada identidade nacional. Ela é a nova versão do poder dominante e será consubstanciada no Estado Moderno, entidade controladora e disciplinadora por excelência, que impõe à sociedade um padrão único, monolítico e intransigente. Isso, contraditoriamente, fará brotar um anseio de liberdade e autonomia do espírito, certamente o mais belo legado do Renascimento à atualidade. Como explicar a pujança do Renascimento, surgido em continuidade à miséria, à opressão e ao obscurantismo do período medieval? O Renascimento assinala o florescimento de um longo processo de produção, circulação e acumulação de recursos econômicos, desencadeado desde a Baixa Idade Média. São os excedentes dessa atividade crescente em progressão maciça que serão utilizados para financiar, manter e estimular uma ativação econômica. Surge assim a sociedade dos mercadores, organizada por princípios como a liberdade de iniciativas, a cobiça e a potencialidade do homem, compreendido como senhor da natureza, destinado a dominá-la e a submetê-la à sua vontade. O Renascimento, portanto, é a emanação da riqueza e seus maiores compromissos serão para com ela. (Adaptado de: SEVCENKO, Nicolau. O renascimento. São Paulo: Atual; Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 1982. p. 2 e 3) O sinal indicativo de crase pode ser corretamente suprimido, sem prejuízo para a correção e o sentido original do texto, em: a) ... à opressão e ao obscurantismo... b) ... o mais belo legado do Renascimento à atualidade. c) ... em continuidade à miséria... d) ... e a submetê-la à sua vontade. e) ... que impõe à sociedade um padrão único... Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/174029 Questão 623: FCC - Ag Tec (MPE AM)/MPE AM/Jurídico/2013 Assunto: Crase Considere o texto abaixo para responder a questão. Seria verdade que o homem, ao ser expulso do paraíso, sofreu como condenação ter de trabalhar? O trabalho é um castigo? Seria o ócio uma dádiva? Independentemente da necessidade de trabalhar para ganhar o sustento, muitas vezes enfrentando tarefas enfadonhas e repetitivas, impondo-se o deslocamento de casa até a fábrica ou o escritório, com horas de sacrifício dentro do metrô ou do ônibus, penso que o trabalho dá sentido à vida. Somos condenados a viver. Nascemos, e nas condições que se apresentam, devendo enfrentar a situação de filho de beltrano e de sicrana, rico ou pobre, brasileiro, suíço ou angolano. Viver é uma aventura que de plano enfrenta o barulho depois do confortável silêncio do útero materno. Inicia-se o percurso e cabe a cada qual afirmar sua individualidade. Cada qual se põe na vida diante desta empreitada: obter sua realização pessoal. Pela via do trabalho a pessoa marca sua individualidade, assinala sua passagem por esta vida, ocupa as horas do cotidiano visando a construir sua autoestima e a conquista importante do reconhecimento dos demais. O trabalho atua em duas frentes: permite, de um lado, que as pessoas se afirmem perante si mesmas, motivando a busca de realização, podendo trazer orgulho no sucesso ou dor diante de eventual fracasso; e, de outro lado, faz surgir entre os consorciados o reconhecimento de uma condição própria como sapateiro, mecânico, médico, professor, cozinheiro. Esse espaço na sociedade causa satisfaçãoou desilusão, se reconhecido como o melhor sapateiro do bairro ou o pior cozinheiro da região. Assim, fracassar na execução de uma profissão ou ofício é do jogo da vida. Mais frustrante mesmo é nem sequer entrar no jogo para fazer algo com sua cara, com seu jeito, da sua forma, esperando infantilmente contar com acontecimentos externos para conseguir preencher o vazio de uma existência sem rosto. Dois fenômenos da atual sociedade digital, na qual mais se mexem os dedos no iPhone do que se ativam os neurônios, indicam uma falsa felicidade não derivada da efetivação de um projeto, mas sim de fatores marcadamente efêmeros, visivelmente enganosos: os relacionamentos pela rede Facebook e o culto às celebridades. A urgência hoje vivida de compartilhar imediatamente todos os acontecimentos (ouvir uma música, comprar uma roupa, deliciar-se com um vinho, trocar um olhar) retira a vivência da realidade do âmbito individual, pois o essencial é antes dividir com alguém o sucedido para receber imediatamente o assentimento elogioso do que sentir isoladamente o prazer do fato, transformando-se, dessa maneira, o mundo numa grande academia do elogio mútuo. A satisfação, então, vem de fora, pois algo só vale se outrem vier a curtir. Instala-se um novo cartesianismo: eu compartilho, logo, existo. Outra futilidade alienante domina os espíritos: a celebração das celebridades, os famosos, a mais perfeita criação artificial da mídia. Ídolos passageiros, sem conteúdo, apenas virtuais, povoam a fantasia. A existência perde consistência. Muitos são os espíritos empreendedores, porém, infelizmente, repetem-se hoje jovens para os quais a conquista árdua, a afirmação profissional deixa de ser importante para que eventuais fracassos não sejam sofridos, mas disfarçados, driblados pelo compartilhamento elogioso de momentos irrelevantes ou pelo consumismo desenfreado, que substitui o ser pelo possuir. A vida deixa de ter cor, passa em branco. (Miguel Reale Júnior. O Estado de S. Paulo. A2, 6 de abril de 2013, com adaptações) O sinal indicativo de crase deverá ser mantido se a palavra vida for substituída por: a) toda circunstância que nos faça felizes. b) muitas coisas boas que a vida nos oferece. c) que seja possível a obtenção do sucesso. d) contingência de viver que recebemos ao nascer. e) investir em nossa realização pessoal. Esta questão não possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/1408142 Questão 624: FCC - AJ TRT12/TRT 12/Administrativa/"Sem Especialidade"/2013 Assunto: Crase No trabalho em equipe, respeito ...... diretrizes é essencial, mas muitos profissionais decidem ignorar ...... regras e tomam decisões de acordo com o que acham melhor. A resistência em aceitar regras geralmente está ligada ...... adoção de novos procedimentos e sistemas. (Adaptado de: revistaalfa.abril.com.br) Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem dada: a) às − as − à b) as − as − à c) as − às − à d) às − às − a e) as − às − a Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/182817 Questão 625: FCC - Ag Tec (MPE AM)/MPE AM/Administrador/2013 Assunto: Crase Considere o texto abaixo para responder a questão. Comunicação O público ledor (existe mesmo!) é sensorial: quer ter um autor ao vivo, em carne e osso. Quando este morre, há uma queda de popularidade em termos de venda. Ou, quando teatrólogo, em termos de espetáculo. Um exemplo: G. B. Shaw. E, entre nós, o suave fantasma de Cecília Meireles recém está se materializando, tantos anos depois. Isto apenas vem provar que a leitura é um remédio para a solidão em que vive cada um de nós neste formigueiro. Claro que não me estou referindo a essa vulgar comunicação festiva e efervescente. Porque o autor escreve, antes de tudo, para expressar-se. Sua comunicação com o leitor decorre unicamente daí. Por afinidades. É como, na vida, se faz um amigo. E o sonho do escritor, do poeta, é individualizar cada formiga num formigueiro, cada ovelha num rebanho − para que sejamos humanos e não uma infinidade de xerox infinitamente reproduzidos uns dos outros. Mas acontece que há também autores xerox, que nos invadem com aqueles seus best-sellers... Será tudo isto uma causa ou um efeito? Tristes interrogações para se fazerem num mundo que já foi civilizado. (Mário Quintana. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1. ed., 2005. p. 654) Claro que não me estou referindo a essa vulgar comunicação festiva e efervescente. O vocábulo a deverá receber o sinal indicativo de crase se o segmento grifado for substituído por: a) leitura apressada e sem profundidade. b) cada um de nós neste formigueiro. c) exemplo de obras publicadas recentemente. d) uma comunicação festiva e virtual. e) respeito de autores reconhecidos pelo público. Esta questão não possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/1407845 Questão 626: FCC - AJ TRF5/TRF 5/Judiciária/"Sem Especialidade"/2013 Assunto: Crase Atenção: Para responder à questão, considere o texto apresentado abaixo. Comprometido no plano nacional com os direitos humanos, com a democracia, com o progresso econômico e social, o Brasil incorpora plenamente esses valores a sua ação externa. Ao velar para que o compromisso com os valores que nos definem como sociedade se traduza em atuação diplomática, o Brasil trabalha sempre pelo fortalecimento do multilateralismo e, em particular, das Nações Unidas. A ONU constitui o foro privilegiado para a tomada de decisões de alcance global, sobretudo aquelas relativas à paz e à segurança internacionais e a ações coercitivas, que englobam sanções e uso da força. A relação entre a promoção da paz e segurança internacionais e a proteção de direitos individuais evoluiu de forma significativa ao longo das últimas décadas, a partir da constituição das Nações Unidas, em 1945. Desde a adoção da Carta da ONU, a relação entre promover direitos humanos e assegurar a paz internacional passou por várias etapas. Em meados da década de 90 surgiram vozes que, motivadas pelo justo objetivo de impedir que a inação da comunidade internacional permitisse episódios sangrentos como os da Bósnia, forjaram o conceito de "responsabilidade de proteger". A Carta da ONU, como se sabe, prevê a possibilidade do recurso à ação coercitiva, com base em procedimentos que incluem o poder de veto dos atuais cinco membros permanentes no Conselho de Segurança − órgão dotado de competência primordial e intransferível pela manutenção da paz e da segurança internacionais. O acolhimento da responsabilidade de proteger teria de passar, dessa maneira, pela caracterização de que, em determinada situação específica, violações de direitos humanos implicam ameaça à paz e à segurança. Para o Brasil, o fundamental é que, ao exercer a responsabilidade de proteger pela via militar, a comunidade internacional, além de contar com o correspondente mandato multilateral, observe outro preceito: o da responsabilidade ao proteger. O uso da força só pode ser contemplado como último recurso. Queimar etapas e precipitar o recurso à coerção atenta contra os princípios do direito internacional e da Carta da ONU. Se nossos objetivos maiores incluem a decidida defesa dos direitos humanos em sua universalidade e indivisibilidade, como consagrado na Conferência de Viena de 1993, a atuação brasileira deve ser definida caso a caso, em análise rigorosa das circunstâncias e dos meios mais efetivos para tratar cada situação específica. Devemos evitar, especialmente, posturas que venham a contribuir − ainda que indiretamente − para o estabelecimento de elo automático entre a coerção e a promoção da democracia e dos direitos humanos. Não podemos correr o risco de regredir a um estado em que a força militar se transforme no árbitro da justiça e da promoção da paz. (Adaptado de Antonio de Aguiar Patriota. “Direitos humanos e ação diplomática”. Artigo publicado na Folhade S. Paulo, em 01/09/2011, e disponível em: http://www.itamaraty.gov.br/sala-deimprensa/discursos-artigos- entrevistas-e-outras-comunicacoes/- ministro-estado-relacoes-exteriores/direitos-humanos-e-acaodiplomatica-folha- de-s.paulo-01-09-2011). Do mesmo modo que no segmento ameaça à paz e à segurança, o sinal indicativo de crase também está corretamente empregado em: a) O mais grave foi a ameaça à integridade física da vítima. b) A crise econômica ameaça à preservação do acervo de vários museus. c) Certos animais reagem agressivamente a ameaças à seus interesses. d) Houve ameaça à grupo de manifestantes presos durante protesto. e) A censura ameaça à liberdade de criação. Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/132582 Questão 627: FCC - AFR SP/SEFAZ SP/Gestão Tributária/2013 Assunto: Crase Quanto ao emprego do sinal indicativo de crase, respeitado o padrão culto escrito, a única alternativa correta é: a) Essa foi uma estratégia que serviu ao Brasil e a maioria dos países inseridos na turma dos remediados. b) O estudo dá ênfase à educação e às telecomunicações, ajudando à entender por que o Brasil cresce pouco em comparação à outras nações de economia emergente. c) O país tem de fazer a transição à um sistema que premie o desempenho de professores e que garanta à todos os alunos talentosos resultados de excelência em exames internacionais. d) Vimos uma estratégia equivocada à época da reserva de informática. O país pagou um preço, porque a reserva não gerou “campeões nacionais” e ainda deixou os usuários atrasados em relação à população de outros países. e) O processo de urbanização levou à transferir atividades dos setores de subsistência, de baixo valor de mercado, para atividades mais modernas, que envolvem mais capital e mais tecnologia. Mas isso ocorreu sem novos requisitos à novas estratégias educacionais. Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/97147 Questão 628: FCC - AL (ALERN)/ALERN/Analista Legislativo (Qualquer Área de Formação)/2013 Assunto: Crase O sinal da crase está corretamente empregado em: a) Chegando à cidade de seus avós, iriam dirigir-se a casa da família. A tarde fariam um passeio pela cidade e voltariam a casa à noitinha. b) O avião chegou a Roma às 6h00, mas os passageiros só desceram a terra às 6h30min. Alguns continuariam a viagem, pois iriam visitar à terra de seus antepassados. c) Deviam embarcar às 21h00, mas estavam atrasados por causa de um congestionamento que começara a 900 m do desembarque. Assim, chegados à distância de 100 m desse local, seguiram a pé para não perderem a viagem. d) Uma carta dirigida à Sua Excelência, o juiz da comarca, foi entregue à secretária, pois havia vários lugares a conhecer e pessoas à visitar. e) Terminada a viagem, todos chegariam à casa satisfeitos, após terem ido às compras para presentear seus familiares que os aguardavam à distância, em seus países. Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/141821 Questão 629: FCC - AJ TRT18/TRT 18/Administrativa/"Sem Especialidade"/2013 Assunto: Crase O sinal indicativo de crase está empregado corretamente na frase: a) As origens da poesia amorosa italiana geram controvérsias; as opiniões diferem conforme se dá mais relevo à novidade do conteúdo ou à novidade da forma artística. b) No século XVI, a literatura italiana antecipou-se à todas as outras literaturas europeias, criando novos gêneros e formas de expressão. c) Com os mestres de Dante, começa a poesia amorosa; Dante e Petrarca à continuam e Boccaccio fornece a ela novo requinte psicológico. d) Com a enorme influência da literatura francesa medieval não pode ser comparada à da literatura italiana do século XVI. e) As famílias florentinas dos Bardi e Peruzzi, comerciantes de lã, chegaram à conceder vultosos empréstimos à outras nações. Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/205702 Questão 630: FCC - Ag Ap (MPE AM)/MPE AM/Administrativo/2013 Assunto: Crase Leia o texto a seguir. Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, correu ...... cartomante para consultá-la sobre a verdadeira causa do procedimento de Camilo. Vimos que ...... cartomante restituiu-lhe ...... confiança, e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o que fez. (Machado de Assis. A cartomante. In: Várias histórias. Rio de Janeiro: Globo, 1997, p. 6) Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem dada: a) à – a – a b) a – a – à c) à – a – à d) à – à – a e) a – à – à Esta questão não possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/1406776 Questão 631: FCC - AJ TRT5/TRT 5/Administrativa/"Sem Especialidade"/2013 Assunto: Crase Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo. Embora as maiores instituições humanas se alienem, ou enxovalhem, resta-nos sempre uma, tão nova nos lábios de Gladstone como nos de Péricles: a instituição divina da palavra, capaz só por só de reconquistar todas as outras, quando associada à misteriosa onipotência da verdade. Tiraram-lhe a majestade da tribuna, pela qual os parlamentos governam. Mas ficou-lhe a imprensa, que se impõe aos governos, domina os parlamentos, e instrui os povos. Considerada como órgão desta função, avulta incomparável, no mundo moderno, a sua grandeza. E é assim que a consideramos, que o seu prestígio nos fascina, que a sua beleza nos deslumbra, que a sua missão nos atrai, que as temeridades, os sacrifícios, os perigos da sua comunhão nos acenam, ainda hoje, com uma sedução diversa, mas às vezes não menos viva que a de vinte e sete anos atrás, quando o jornalismo arrebatou pela primeira vez no seu torvelinho a nossa mocidade. Cada país, cada raça, cada estado social, cada época tem a sua imprensa, e, na mesma época, o Proteu reveste, para cada ambição, para cada parcialidade, para cada tendência, para cada apostolado, a sua forma, atenuada, ou típica, vivaz, ou decadente, confessa, ou dissimulada. As grandes nações coevas poderiam caracterizar-se cada qual pelo caráter do seu jornalismo. Mas através das variedades que o diversificam, das especialidades, que o enriquecem, das excentricidades que o desnaturam, a origem do seu valor, do seu poderio, da sua resistência indestrutível está na transparência luminosa da sua ação sobre a sociedade, na sua correspondência com os sofrimentos populares, na sua solidariedade com as reivindicações do direito, na irreconciliabilidade da sua existência com a da ignorância, a da mentira, a da torpeza. Obs.: Proteu − um deus do mar, capaz de se metamorfosear em todas as formas que desejasse, fossem animais ou quaisquer outros elementos, como água ou fogo. Ortografia atualizada segundo as normas vigentes. (Rui Barbosa. Campanhas jornalísticas. 4. ed. São Paulo: Edigraf, 1972. p. 138-139) ... quando associada à misteriosa onipotência da verdade. (1o parágrafo) Mantém-se corretamente o à − com o sinal indicativo de crase − se o segmento grifado for substituído por: a) uma característica que a identifica. b) cada tendência de pensamento. c) valores dispersos na sociedade. d) defesa dos direitos sociais. e) qualquer ação esclarecedora dos fatos. Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/171807 Questão 632: FCC - AJ TRT9/TRT 9/Judiciária/"Sem Especialidade"/2013 Assunto: Crase Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. Em outubro de 1967, quando Gilberto Gil e Caetano Veloso apresentaram as canções Domingo no parque e Alegria, Alegria, no Festival da TV Record, logo houve quem percebesse que as duas canções eram influenciadas pela narrativa cinematográfica: repletas de cortes, justaposições e flashbacks. Tal suposição seria confirmada pelo próprio Caetano quando declarou que fora “mais influenciado por Godard e Glauber do que pelos Beatles ou Dylan”. Em 1967, no Brasil, o cinema era o que havia de mais intensoe revolucionário, superando o próprio teatro, cuja inquietação tinha incentivado os cineastas a iniciar o movimento que ficou conhecido como Cinema Novo. O Cinema Novo nasceu na virada da década de 1950 para a de 1960, sobre as cinzas dos estúdios Vera Cruz (empresa paulista que faliu em 1957 depois de produzir dezoito filmes). “Nossa geração sabe o que quer”, dizia o baiano Glauber Rocha já em 1963. Inspirado por Rio 40 graus e por Vidas secas, que Nelson Pereira dos Santos lançara em 1954 e 1963, Glauber Rocha transformaria, com Deus e o diabo na terra do sol, a história do cinema no Brasil. Dois anos depois, o cineasta lançou Terra em Transe, que talvez tenha marcado o auge do Cinema Novo, além de ter sido uma das fontes de inspiração do Tropicalismo. A ponte entre Cinema Novo e Tropicalismo ficaria mais evidente com o lançamento, em 1969, de Macunaíma, de Joaquim Pedro de Andrade. Ao fazer o filme, Joaquim Pedro esforçou-se por torná-lo um produto afinado com a cultura de massa. “A proposição de consumo de massa no Brasil é algo novo. A grande audiência de TV entre nós é um fenômeno novo. É uma posição avançada para o cineasta tentar ocupar um lugar dentro dessa situação”, disse ele. Incapaz de satisfazer plenamente as exigências do mercado, o Cinema Novo deu os seus últimos suspiros em fins da década de 1970 − período que marcou o auge das potencialidades comerciais do cinema feito no Brasil. (Adaptado de Eduardo Bueno. Brasil: uma história. Ed. Leya, 2010. p. 408) Costuma-se atribuir ...... originalidade da obra de Glauber Rocha o êxito do movimento denominado Cinema Novo, cujos filmes ajudaram ...... alavancar temporariamente ...... indústria cinematográfica nacional. Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem dada: a) à − à − a b) a − à − a c) a − a − à d) a − à − à e) à − a − a Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/184080 Questão 633: FCC - Adm (SERGAS)/SERGAS/2013 Assunto: Crase Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo. A música alcançou uma onipresença avassaladora em nosso mundo: milhões de horas de sua história estão disponíveis em disco; rios de melodia digital correm na internet; aparelhos de mp3 com 40 mil canções podem ser colocados no bolso. No entanto, a música não é mais algo que fazemos nós mesmos, ou até que observamos outras pessoas fazerem diante de nós. Ela se tornou um meio radicalmente virtual, uma arte sem rosto. Quando caminhamos pela cidade num dia comum, nossos ouvidos registram música em quase todos os momentos − pedaços de hip-hop vazando dos fones de ouvido de adolescentes no metrô, o sinal do celular de um advogado tocando a “Ode à alegria”, de Beethoven −, mas quase nada disso será resultado imediato de um trabalho físico de mãos ou vozes humanas, como se dava no passado. Desde que Edison inventou o cilindro fonográfico, em 1877, existe gente que avalia o que a gravação fez em favor e desfavor da arte da música. Inevitavelmente, a conversa descambou para os extremos retóricos. No campo oposto ao dos que diziam que a tecnologia acabaria com a música estão os utópicos, que alegam que a tecnologia não aprisionou a música, mas libertou-a, levando a arte da elite às massas. Antes de Edison, diziam os utópicos, as sinfonias de Beethoven só podiam ser ouvidas em salas de concerto selecionadas. Agora, as gravações levam a mensagem de Beethoven aos confins do planeta, convocando a multidão saudada na “Ode à alegria”: “Abracem-se, milhões!". Glenn Gould, depois de afastar-se das apresentações ao vivo em 1964, previu que dentro de um século o concerto público desapareceria no éter eletrônico, com grande efeito benéfico sobre a cultura musical. (Adaptado de Alex Ross. Escuta só. Tradução Pedro Maia Soares. São Paulo, Cia. das Letras, 2010, p. 76-77) Agora, as gravações levam a mensagem de Beethoven aos confins do planeta ... A frase acima se manterá gramaticalmente correta se o segmento grifado for substituído por: a) à toda parte do planeta. b) à região mais erma do planeta. c) à cantos ermos do planeta. d) à cada pedaço do planeta. e) à partes desabitadas do planeta. Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/125898 Questão 634: FCC - Ana (MPE SE)/MPE SE/Direito/2013 Assunto: Crase Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. Em 2010, pela primeira vez na história dos Estados Unidos, o índice de pobreza foi maior nos subúrbios do que nas grandes cidades em torno das quais eles gravitam. Demógrafos, como William Frey, e urbanistas, como Vishaan Chakrabarti e outros, hoje chegam a decretar a morte dos subúrbios, que consideram insustentáveis do ponto de vista econômico e pouco eficientes como modelos de planejamento urbano. Em entrevista ao jornal Financial Times, Frey fala em "puxar o freio" de um sistema que pautou os EUA até hoje. É uma metáfora que faz ainda mais sentido quando se considera a enorme dependência dos subúrbios do uso do automóvel. Detroit é o caso mais tangível. A cidade que dependia da indústria automobilística faliu porque os moradores mais abastados migraram para os subúrbios a bordo de seus carros, deixando no centro as classes mais pobres, que pouco contribuem com impostos. Mas é das cinzas de centros combalidos como esse que novas cidades estão surgindo. Em Detroit, os únicos sinais de vida estão no miolo da cidade, em ruas que podem ser frequentadas por pedestres e que aos poucos prescindirão dos carros, já que está em estudo a ressurreição de um sistema de bondes. O número de jovens que dirigem carros também está em queda livre no país. Isso ajuda a explicar por que o bonde urbano e grandes projetos de transporte público estão com toda a força. Enquanto o metrô de superfície ou linhas de ônibus não chegam a cidades desacostumadas ao transporte coletivo, as bicicletas de aluguel ganham fôlego impressionante. Nessa troca das quatro rodas por duas, ou mesmo pelos pés, volta a entrar em cena o poder de atração das grandes metrópoles, a reboque da revitalização de grandes centros urbanos antes degradados. Há dois anos, pela primeira vez, a população das metrópoles americanas superou o número de residentes em seus subúrbios. "Hoje mais pessoas vivem nas cidades do que nos subúrbios. Estamos vendo surgir uma nova geração urbana nos Estados Unidos", diz Vishaan Chakrabarti. "Essas pessoas dirigem menos, moram em apartamentos mais econômicos, têm mais mobilidade social e mais oportunidades." Nessa mesma linha, arquitetos e urbanistas vêm escrevendo livro atrás de livro no afã de explicar o ressurgimento da metrópole como panaceia urbanística global. (Adaptado de: Silas Marti. Folha de S. Paulo, Ilustríssima. Acessado em: 28/07/2013) Alterando-se a redação de um segmento do texto, o sinal indicativo de crase foi empregado de modo INCORRETO em: a) Enquanto o metrô de superfície ou linhas de ônibus não chegam às cidades desacostumadas ao transporte coletivo... b) A cidade que se ergueu à custa da indústria automobilística... c) ... volta à cena o poder de atração das grandes metrópoles... d) ... quando se leva em conta à enorme dependência dos subúrbios do uso do automóvel. e) ... restou às classes mais pobres de Detroit, que pouco contribuem com impostos, permanecer no centro da cidade. Esta questão possui comentário do professor no site. www.tecconcursos.com.br/questoes/188796 Questão 635: FCC - AJ TRT18/TRT 18/Judiciária/"Sem Especialidade"/2013 Assunto: Crase Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo. Se um cachorro “pensa” ou não, “tem consciência” ou não, isso depende da definição escolhida. Algumas pessoas não atribuirão “consciência” a criatura alguma que não seja capaz de abstrair um conceito geral com base em fatos particulares e, a partir daí, aplicar o aparato da lógica formal de modo a fazer inferências para além desses fatos. Outros conferem “consciência” a criaturas que reconhecem seus parentes consanguíneos e se recordam de locais
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