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LEIA ATENTAMENTE AS INSTRUÇÕES SEGUINTES 1o DIA CADERNO 1 CINZA 1 Este CADERNO DE QUESTÕES contém uma prova de redação e 90 questões numeradas de 01 a 90, dispostas da seguinte maneira: a. as questões de número 1 a 45 são relativas à área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; b. a prova de Redação; c. as questões de número 46 a 90 são relativas à área de Ciências Humanas e suas Tecnologias. ATENÇÃO: as questões de 1 a 5 são relativas à língua estrangeira. Você deverá responder apenas às questões relativas à língua estrangeira (inglês ou espanhol) escolhida. 2 Confira se o seu CADERNO DE QUESTÕES contém a quantidade de questões e se essas questões estão na ordem mencionada na instrução anterior. Caso o caderno esteja incompleto, tenha qualquer defeito ou apresente divergência, comunique ao aplicador da sala, para que ele tome as providências cabíveis. 3 Preencha corretamente os seus dados no CARTÃO- -RESPOSTA. 4 ATENÇÃO: após o preenchimento, escreva e assine seu nome nos espaços próprios do CARTÃO-RESPOSTA com caneta esferográfica de tinta preta. 5 Marque no CARTÃO-RESPOSTA, no espaço apropriado, o CÓDIGO DA PROVA abaixo. CÓDIGO DA PROVA (INGLÊS): 33512 CÓDIGO DA PROVA (ESPANHOL): 33522 6 Não dobre, não amasse nem rasure o CARTÃO- -RESPOSTA, pois ele não poderá ser substituído. 7 Para cada uma das questões objetivas, são apresentadas 5 opções identificadas com as letras , , , e . Apenas uma responde corretamente à questão. 8 No CARTÃO-RESPOSTA, preencha todo o espaço compreendido no círculo correspondente à opção escolhida para a resposta. A marcação em mais de uma opção anula a questão, mesmo que uma das respostas esteja correta. 9 O tempo disponível para esta prova é de cinco horas e trinta minutos. 10 Reserve os 30 minutos finais para marcar seu CARTÃO- -RESPOSTA. Os rascunhos e as anotações assinaladas no CADERNO DE QUESTÕES não serão considerados na avaliação. 11 Quando terminar as provas, acene para chamar o aplicador e entregue o CARTÃO-RESPOSTA. 12 Você poderá deixar o local de prova somente após decorridas duas horas do início da aplicação. 13 Você será eliminado do Simulado, a qualquer tempo, no caso de: a. prestar, em qualquer documento, declaração falsa ou inexata; b. perturbar, de qualquer modo, a ordem no local de aplicação das provas, incorrendo em comportamento indevido durante a realização do Simulado; c. comunicar-se, durante as provas, com outro participante verbalmente, por escrito ou por qualquer outra forma; d. portar qualquer tipo de equipamento eletrônico e de comunicação após ingressar na sala de provas; e. utilizar ou tentar utilizar meio fraudulento, em benefício próprio ou de terceiros, em qualquer etapa do Simulado; f. utilizar livros, notas ou impressos durante a realização do Simulado; g. ausentar-se da sala de provas levando consigo o CARTÃO-RESPOSTA a qualquer tempo. EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO PROVA DE LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS E REDAÇÃO PROVA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS 3a SÉRIE LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 3 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção Inglês) QUESTÃO 01 The Intergovernmental Panel on Climate Change The Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) is the United Nations body for assessing the science related to climate change. The IPCC was created to provide policymakers with regular scientific assessments on climate change, its implications and potential future risks, as well as to put forward adaptation and mitigation options. Through its assessments, the IPCC determines the state of knowledge on climate change. It identifies where there is agreement in the scientific community on topics related to climate change, and where further research is needed. The reports are drafted and reviewed in several stages, thus guaranteeing objectivity and transparency. The IPCC does not conduct its own research. IPCC reports are neutral, policy-relevant but not policy- prescriptive. The assessment reports are a key input into the international negotiations to tackle climate change. Created by the United Nations Environment Programme (UN Environment) and the World Meteorological Organization (WMO) in 1988, the IPCC has 195 member countries. In the same year, the UN General Assembly endorsed the action by WMO and UNEP in jointly establishing the IPCC. A relação dos vocábulos “objectivity”, “transparency” e “neutral” refere-se A à utilização de pessoas dentro da ONU que sejam objetivas, transparentes e neutras nas relações com os países no trato de alguns temas. B à criação de reportagens objetivas, transparentes e neutras para serem divulgadas no mundo sobre a meteorologia. C à revisão de reportagens, garantindo objetividade, transparência e neutralidade no trato das mudanças climáticas. D ao estabelecimento de regras objetivas, transparentes e neutras para que as mudanças climáticas tenham menores impactos nos países associados às ONU. E à garantia da objetividade, da transparência e da neutralidade nos relatórios sobre mudanças climáticas dentro do mundo científico. QUESTÃO 02 Disponível em: bayleejae.com. Acesso em: 15 jan. 2020. No cartum, os vocábulos “declutter”, na fala da menina, e “donate”, presente na caixa, estão associados, pois A quando você resolve organizar suas coisas, você obrigatoriamente fará uma doação. B há a separação de alguns itens que já não são mais utilizados e são direcionados à doação. C a doação é um ato importante para a sociedade. D a doação ocorre apenas com objetos que já foram utilizados diversas vezes e já se encontram desgastados. E há diversas formas de realizar uma doação. QUESTÃO 03 Disponível em: https://lh3.googleusercontent.com/9VfhzGMdhOPoCLf_ e4zR4DxZYGrk5ZfRdH_E6JyofZoQ7bffCgZV2POo8DavtJy9OrwEB0s=s87. Acesso em: 15 jan. 2020. Pogo é um personagem engajado em críticas sociais e políticas criado pelo cartunista Walt Keely (1913-1973) e atingia o público adulto e o infantil. A charge acima apresenta os personagens utilizando tecnologias distintas e o diálogo entre eles apresenta dúvidas contextuais, como A fato de o jovem criticar o idoso pelo uso do jornal. B o fato de as gerações serem muito próximas no desenvolvimento tecnológico e social. C o idoso querer ensinar o jovem sobre as tiras de jornal de seu tempo. D a questão de haver um problema sério sobre o uso errado da tecnologia. E as gerações sentirem dificuldades em acompanhar as mudanças tecnológicas e sociais. LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 4 QUESTÃO 04 There is no reason anyone would want a computer in their home. Ken Olsen, founder of Digital Equipment Corporation, 1977. Fazer previsões sobre o futuro é realmente algo difícil, principalmente em relação ao mundo tecnológico. Muitos empreendedores de um passado não tão distante acreditavam que computadores, internet e televisão, entre outros, seriam destinados a um público muito específico e não haveria uma demanda de mercado. De acordo com a previsão de Olsen, A os computadores domésticos seriam utilizados apenas pelos adultos. B as pessoas não iriam querer computadores em casa, pois aparentemente não haveria um uso para eles. C os computadores foram desenvolvidos primariamente para o uso de desencriptação de mensagens inimigas e a criação de armas mais inteligentes durante a Segunda Guerra Mundial. D os computadores seriam sempre muito grandes para caberem dentro de uma casa. E as previsões sobre os usos da tecnologia para o público foram sempre acertadas. QUESTÃO 05 When I had started building the time machine, I had had the stupid idea that people of the future would certainly be far ahead of us in all their inventions. Instead, they have become weak, child-like creatures. They dance and sing and wear flowers. WELLS, H. G. The time machine, 2006. The Big Bang Theory Wells escreveu esse livro no final doséculo XIX, em que um “viajante do tempo” se transporta para o ano de 802701. Ao chegar nesse futuro, ele percebe que não está preparado para o que encontra. Filmes e seriados foram criados com base na obra de Wells, como um episódio de The Big Bang Theory, em que os personagens adquirem a máquina do tempo e realizam suas próprias “viagens”, utilizando a fértil imaginação e os conhecimentos de física e de história. O “viajante do tempo”, em sua jornada futurística, não está preparado para o que ele encontra porque A os avanços tecnológicos são muito superiores ao que ele poderia imaginar. B as pessoas se comunicam telepaticamente por meio de um dispositivo implantado. C ele encontra pessoas frágeis e infantis. D o futuro do planeta está destruído em função das guerras que ocorreram. E a dança da época é diferente da dança a que ele estava habituado. LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção Espanhol) QUESTÃO 01 La mirada de el dengue Roberto Moso revisa y busca una fotografía todas las semanas y nos ofrece una reflexión sobre la vida. Por si fuera poco… Nuestro flash de hoy muestra una foto publicada por la agencia France24 y captada en un hospital de Honduras. Dos niños afectados por el dengue miran a la cámara con una mezcla de tristeza y agotamiento. Mientras el mundo mira con preocupación la epidemia de coronavirus COVID-19, el dengue avanza silenciosamente por Latinoamérica. Esta misma semana el gobierno de Paraguay ha declarado la emergencia nacional por una enfermedad que, con el tratamiento adecuado, tiene una escasa mortalidad. El propio presidente del país, Mario Abdo Martínez, y su esposa han tenido dengue. El cambio climático acelera la diseminación del dengue en el territorio americano y en las regiones tropicales de todo el mundo, anuncian unos investigadores. La mayor precipitación en ciertas áreas y el incremento general de la temperatura proporcionan condiciones ideales para que los mosquitos que transmiten el virus causante del dengue se reproduzcan y migren a nuevos territorios. Este mal endémico está teniendo un repunte en el continente americano que comenzó en 2019, año en el que, según la Organización Panamericana de Salud (OPS), se produjeron más de tres millones de casos que provocaron la muerte de 1 538 personas. Disponível em: www.eitb.eus/es/radio/radio-euskadi/programas/hagase-la-luz/ detalle/7065543/el-dengue-enfermedad-no-ha-sido-extinguida (adaptado). Acesso em: 15 jan. 2020. . LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 5 O mundo hoje está voltado para a epidemia do coronavírus, pois este é um vírus que no momento ainda não é muito conhecido e para o qual não existe vacina. Porém, o texto reflete acerca A do vírus da dengue ter menor importância que o COVID-19, pois o COVID-19 é um vírus muito mais perigoso, visto que mata. B do vírus da dengue ser mais brando e, por isso, não exigir preocupação. C do COVID-19 não se sobrepor aos vírus já existentes. D do vírus da dengue, que continua se propagando, enquanto o mundo se preocupa com o COVID-19. E do vírus da dengue ser tão importante quanto o COVID-19, mas já estar catalogado e não causar mortes. QUESTÃO 02 Pruebas para que una máquina pueda ser considerada más inteligente que un humano Son varias las pruebas a las que podemos someter a una inteligencia artificial para saber si ha superado los niveles de la inteligencia humana. Determinar que una inteligencia artificial es más inteligente que un ser humano es harto difícil porque ni siquiera podemos definir la inteligencia humana con precisión, por ello hay diversas pruebas complementarias para evaluar la inteligencia de una máquina. Desde este campo de investigación, una inteligencia artificial que pudiera desarrollar cualquier tarea intelectual con una solvencia superior a la humana sería catalogada como una inteligencia artificial general (IAG). Por el momento, nadie ha logrado diseñar una inteligencia así (si bien algunos investigadores sostienen que hace unos años se superó una de las pruebas necesarias, el llamado test de Turing). Para poder considerar que un sistema es un ejemplo operativo de este tipo de inteligencia general, la máquina debería superar las siguientes pruebas: test de humanidad (la prueba del café, la prueba del estudiante universitario, la prueba del empleo y el test de Turing) PARRA, Sérgio. Pruebas para que una máquina pueda ser considerada más inteligente que un humano. Disponível em: www.muyinteresante.es/tecnologia/ articulo/ pruebas-para-que-una-maquina-pueda-ser-considerada-mas-inteligente-que-un- humano-801582575740. Acesso em: 15 jan. 2020 (adaptado). No mundo científico há uma grande corrida para que as máquinas consigam superar os seres humanos. Grandes cientistas trabalham intensamente para criar uma inteligência artificial que se sobreponha à inteligência humana. Segundo o texto, determinar a superioridade da inteligência artificial A é difícil, mas a máquina realiza as provas facilmente, exceto uma delas. B é difícil por causa das provas a que as máquinas têm de se submeter. C é difícil por causa da imprecisão da inteligência humana. D é difícil, mas existem investigadores que sustentam já terem conseguido. E é difícil, mas existem pessoas que conseguiram mapear a inteligência humana. QUESTÃO 03 La familia frente a la TV Según un estudio de la Asociación de Televisión por Cable de los Estados Unidos, un estudiante norteamericano de 16 anos ha pasado en su vida, como mínimo, 11 000 horas en el aula del colegio y 15 000 frente a un televisor. No hacen falta más datos para advertir que la formación moral y cultural de los niños y los jóvenes es hoy, en el mundo, en buena medida, el resultado de las tensiones entre el sistema educativo formal y lo que se ha dado en llamar el sistema paraeducativo o informal. Dicho de un modo más simple, los jóvenes están sometidos, hoy, a la influencia de dos educadores que, a menudo compiten entre sí: la escuela y la TV [...]. La Nación. Buenos Aires, 27 ago. 2000. O trecho acima consiste em A um estudo que apresenta curiosamente o quanto se vê televisão hoje em dia. B um relatório pedindo aos professores que sejam mais interessantes para seus alunos. C um texto jornalístico que convida a refletir sobre toda a influência da televisão na sociedade. D um artigo que ajuda as famílias a educar as crianças. E uma tese que confronta o quão importante é a televisão para a educação atual. LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 6 QUESTÃO 04 Lesiones oculares en manifestaciones son una “tragedia” Como una “tragedia” calificó el titular de Salud, Jaime Mañalich, las cerca de 200 personas que han sufrido daños complejos, e incluso, irreparables en su vista al ser golpeados en el rostro por balines de goma o lacrimógenas utilizadas por la policía para dispersar las manifestaciones no autorizadas que alteran el orden público y aquellas de las que se descuelgan incidentes violentos. Al respecto, la autoridad sanitaria dijo que al programa Bienvenidos, que “hay situaciones concretas donde se ha hecho un uso excesivo de la fuerza represiva. Ese es un dato que lo reconoce hasta la policía uniformada”. El facultativo recalcó que “en la medida en que alguna de estas lesiones se han producido en el contexto de conflicto político, podría configurarse fallas a los derechos humanos de las personas y eso es algo que tiene que investigarse”. Consultado por el caso del estudiante de Sicología de la Universidad Academia de Humanismo Cristiano (UAHC), Gustavo Gatica, quien recibió balines en ambos ojos, mientras se manifestaba en Plaza Italia, el ministro de Salud tildó la situación como “desgracia máxima”. Ello, porque el joven de 21 años perdió la visión de uno de sus ojos y existe una alta probabilidad de que ocurra lo mismo con el otro. Disponível em: http://lanacion.cl/2019/11/11/ministro-de-salud-lesiones-oculares-en-manifestaciones-son-una-tragedia/. Acesso em: 17 fev. 2020.. Essa notícia trata de um dos efeitos das manifestações ocorridas no Chile em 2019. Para o ministro da Saúde chileno, A em todas as situações houve uso excessivo de força por parte da polícia. B é preciso investigar se houve desrespeito aos direitos humanos dos feridos, no caso das lesões provocadas no contexto de conflito político. C as manifestações não foram autorizadas, por isso a polícia cumpriu bem seu papel. D a polícia não reconheceu o uso excessivo de força contra os manifestantes. E os ferimentos são o menor efeito colateral das mani- festações. QUESTÃO 05 Redes sociales: amigos a la carta […] El deseo de vivir en sociedad es tan antiguo como la humanidad, aunque las formas han variado a lo largo de la historia. Por eso, no es extraño que en un vehículo de comunicación tan omnipresente como internet hayan crecido vertiginosamente el número de redes sociales en poco más de una década. Y, como sucede con todos los cambios, mientras una importante parte del mundo se ha entregado sin pudor a la conexión virtual, hay quien teme perder el contacto con el mundo tangible que le rodea. […] A decir verdad, las relaciones que se crean en el ciberespacio son un reflejo de las que se establecen fuera de éste. Las personas que disfrutan de una vida social activa en la calle, es posible que también sean muy sociables en el mundo virtual. […] No estamos hablando de dos mundos paralelos, un breve paseo por los foros virtuales es suficiente para descubrir que muchos de los contactos que nacen en la red están encaminados a facilitar después encuentros cara a cara. […] Un dato curioso es que en lugares cuya cultura es más proclive al contacto físico y a la vida al aire libre, tales como España, Italia o Brasil, las redes sociales alcanzan mayor éxito. […] Revista Punto y Coma, no 26. Disponível em: http://hablacultura.com/cultura-textos- aprender-espanol/nuevas-tecnologias/redes-sociales/. Acesso em: 15 fev. 2020. O artigo apresenta uma reflexão sobre a influência da internet nas relações humanas. Para o autor, A as redes sociais se tornaram extremamente populares porque as pessoas preferem manter contato com seus amigos e conhecidos via internet do que se relacionar com eles na vida real. B as redes sociais são apenas outra maneira de as pessoas estabelecerem vínculos, porque o ser humano é gregário por natureza. C as pessoas mais ativas nas redes sociais são aquelas que têm maior dificuldade de relacionamento. D as relações estabelecidas na internet raramente se tornam efetivas fora do mundo virtual. E a maior parte das pessoas tem receio de que o uso das redes sociais faça com que elas percam o contato com o mundo real. LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 06 a 45 QUESTÃO 06 AZEVEDO, Ronaldo. Disponível em: http://poesiameiofio.blogspot.com/2012/02/ velocidade-ronaldo-azeredo.html. Acesso em: 15 jan. 2020. No texto acima, um poema concreto, seu autor, Ronaldo Azeredo, explora expressivamente características do gênero. Nesse sentido, pode-se reconhecer que LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 7 A sua ênfase está restrita à forma, sem maiores preocupações quanto ao conteúdo. B dialogando com a vanguarda futurista, constrói uma crítica à velocidade como símbolo negativo da época. C sua construção “geométrico-isomórfica” obedece às propostas da fase ortodoxa do Concretismo. D só pode ser lido no sentido horizontal, conforme preceitos firmados para esse tipo de poesia. E representa a continuidade do processo discursivo tradicional, com nova concepção do verso. QUESTÃO 07 Disponível em: https://digartmedia.files.wordpress.com/2013/05/001.jpg. Acesso em: 15 jan. 2020. A imagem acima, com humor, refere-se a um aspecto da reconfiguração das formatações tradicionais da escrita em meio digital, ou seja, A o emprego intensivo de neologismos. B o uso de recursos visuais de valorização da palavra. C a livre utilização de formas abreviadas. D a utilização indiscriminada de emoticons. E alterações sintáticas expressivas. QUESTÃO 08 Disponível em: http://ambiguidadesim.blogspot.com/2011/08/ambiguidade-em- propagandas.html. Acesso em: 15 jan. 2020. A rede de mercados Hortifruti tem firmado, diante do seu público-alvo, um padrão criativo de propaganda que se vale de trocadilhos jocosos envolvendo filmes consagrados, vinculando-os aos produtos que pretende divulgar. É o caso de “Kiwi Bill”, uma alusão ao filme Kill Bill, de Quentin Tarantino, na peça publicitária acima retratada, voltada para a comercialização da fruta “kiwi” (forma original na língua inglesa) ou “quiuí” (no português do Brasil). No caso em questão, além desse recurso de caráter parodístico, é possível identificar A duplo sentido na expressão “vai pagar caro”. B inusitado emprego polissêmico do verbo “apresentar”. C uso metonímico da palavra “estrela”. D ambiguidade na utilização da palavra “promessa”. E desvinculação entre os elementos verbais e não verbais QUESTÃO 09 Disponível em: http://economia.estadao.com.br/blogs/nos-eixos/como-raca-e-genero-ainda-afetam-as-suas-chances-de-conseguir-emprego-e-bons-salarios/. Acesso em: 15 jan. 2020 (adaptado). Os gráficos são gêneros textuais que aliam elementos verbais e não verbais em representações visuais voltadas para a exibição de dados sobre assunto determinado. O gráfico acima, relativo ao rendimento médio salarial verificado no Brasil, a partir dos critérios raça e cor, permite a constatação de que A a diferença salarial entre os diversos segmentos representados manteve-se relativamente estável no período considerado. B os elementos constitutivos apontam para uma acentuada tendência de elevação salarial nas faixas relativas a pretos e pardos. C as pessoas tidas como pardas apresentam, no final do período, tendência de crescimento superior às pessoas de cor preta. D os dados coletados desmentem afirmações correntes relativas à existência de desigualdades no país. E o rendimento médio dos assalariados brancos é mais que o dobro daquele relativo aos pretos ou pardos. LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 8 QUESTÃO 11 Disponível em: http://api.ning.com/files/PD*OEYumS6U8Fqqi8SlHCA*gDrb9PKj-FnL2A TNUBZmHn1nBZ5SBuomXTDni8oYaPHA-p7RlZl89CrHM4FdzRuB9TZKULF2O/05.jpg. Acesso em: 15 jan. 2020. As charges são construções textuais que, voltadas para o cotidiano das pessoas que constituem o público-alvo, não raro trazem consigo, junto a componentes de humor em maior ou menor grau, um tom de crítica. No caso da charge acima, esse tom é potencializado, basicamente, por meio da ironia representada A pelo acidente de trânsito noticiado. B pela figura da morte diante do computador. C pelo sinal de like atribuído à morte. D pela figura da foice e sua carga simbólica. E pela irrealidade da cena apresentada. QUESTÃO 12 Mas, se por um lado é certo de que a imprensa se constitui em uma defesa contra eventuais excessos cometidos pelo poder e um forte controle sobre as atividades desenvolvidas pelo Estado, assegurando, além disso, a expansão da liberdade humana, também pode-se dizer que a liberdade de imprensa tem limites internos e externos. Os limites internos traduzem-se nas responsabilidades sociais e no compromisso com a verdade. Os limites externos significam que a liberdade de imprensa tem seu âmbito de atuação estendido até o momento em que não atinja outros direitos de igual hierarquia constitucional. [...] Quando estávamos limitados ao impresso, poder-se- -ia argumentar que a ausência de legislação específica se constituísse em fator favorável ao exercício da liberdade de informar. Agora, porém, quando se multiplicaram os recursos da divulgação e os instrumentos da comunicação se aperfeiçoaram, é impraticável coexistirmos sem uma legislação adequada, capaz de equilibrar os interesses conflitantes da sociedade e do cidadão, do empresárioda comunicação, do profissional que ele emprega e do povo que lê, assiste ou ouve a notícia. [...] QUESTÃO 10 Nesta época de redes sociais, ainda sou dos que acordam com o rádio. É uma garantia de que escutarei notícias, não fakes. Imagine se, naquela mesma manhã, na Casa Branca, Donald Trump tiver tropeçado no próprio topete e fraturado a uretra. Se for verdade, é algo de que precisamos ficar sabendo em tempo real. Nos anos 50, foi pelo Repórter Esso e pelo O Globo no Ar que ouvi as notícias da morte de Francisco Alves, Getúlio Vargas, Carmen Miranda, James Dean e Oliver Hardy, o Gordo de O Gordo e o Magro. Infelizmente, nenhuma delas era boato. Durante muito tempo, a divisão entre o rádio e seus ouvintes era mais nítida. Cada qual ficava em seu lado do dial, e isso parecia muito natural. As únicas possibilidades de um ouvinte se ouvir no rádio eram se fosse entrevistado na rua, telefonasse para pedir música ou cantasse no programa de calouros. Hoje, principalmente nas rádios que só tocam notícia, não é mais assim. Os ouvintes são estimulados a participar da programação, telefonando para a emissora a fim de dar notícias sobre o que está acontecendo no seu bairro ou rua. E, com isso, temos: Há um tiroteio na Praça Seca, em Jacarepaguá. Vazamento de água da altura de um chafariz está inundando a Rua do Matoso, na Tijuca. Acidente envolvendo dois ônibus fechou uma pista da Avenida Brasil na altura de Bonsucesso. Engarrafamento na ponte Rio-Niterói faz com que a travessia sentido Rio esteja levando 23 minutos. E por aí vai. Só notícias chatas, desagradáveis. Gostaria de, um dia, ser acordado ao som de: Garças sobrevoam a Lagoa. O Sol está nascendo de uma maneira incrível atrás da igreja da Penha. Há um ipê amarelo todo florido na Gávea. O mar está cristalino no Arpoador, dá até para ver os cardumes. Acabo de passar por um casal apaixonado se beijando numa praça do Grajaú. Essas coisas também acontecem todo dia no Rio. Talvez por isso não sejam notícia. CASTRO, Ruy. Folha de S.Paulo, 12 nov. 2019. Ao tecer considerações sobre a presença do rádio em seu cotidiano, o cronista A expressa seus temores de que o rádio, acompanhando o movimento das redes sociais, passe a ser divulgador das chamadas fake news. B rememora uma época em que o rádio era mais interativo do que no presente, propiciando maior participação dos ouvintes. C relaciona, com um tom de desaprovação, exemplos de hipotéticas notícias do tipo das que o rádio, na atualidade, veicula. D considera positiva a participação dos ouvintes como contribuintes das notícias que os rádios veiculam. E questiona o fato de que, no rádio, algumas notícias, ainda que agradáveis, acabam sendo vulgarizadas. LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 9 Liberdade de imprensa implica responsabilidade. Quando atua dentro do limite da legalidade e de princípios éticos, a participação da imprensa na construção da democracia é fundamental e, nesse contexto, a liberdade de imprensa passa a ter um caráter preferencial entre os demais direitos constitucionais. Todavia, quando ocorre violação à dignidade da pessoa humana, o direito de informação e expressão continua a existir, porém despido do referido caráter preferencial. LEAL, Magnólia Moreira; THOMAZI, Letícia Rossato. A liberdade de informação pela imprensa e o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana. Disponível em: http:// coral.ufsm.br/congressodireito/anais/2012/12.pdf. Acesso em: 15 jan. 2020 (adaptado). A leitura do fragmento acima enseja a compreensão de que, para as autoras, a liberdade de imprensa A deve constituir, independentemente de quaisquer considerações limitadoras, o maior dos direitos de que dispõem todos os componentes da sociedade. B rejeita a existência de imperativos legais de qualquer natureza, pois isso configuraria indesejável censura, própria dos espaços antidemocráticos. C deve ser garantida à luz do princípio da relatividade, pois não deve abrigar notícias falsas ou matérias que violem a dignidade humana. D deve estar sujeita a limitações, voltadas para os interesses maiores do Estado, verdadeiro guardião da democracia. E independe do grau de responsabilidade e de confiabilidade que mereçam os empresários e os profissionais da comunicação. QUESTÃO 13 Foco na postura e mudança de hábitos são aliados na manutenção da saúde corporal Inflamação, hérnia de disco, dor de cabeça e até dificuldade de aprendizagem. Problemas comuns e que podem ser evitados a partir de mudanças simples, mas que sem a atenção devida não são colocadas em prática. A postura correta no dia a dia é uma aliada e tanto para manter a boa saúde do corpo e da mente. Usar um apoio ao passar as roupas, dormir com o travesseiro entre as pernas e olhar sempre para frente ao caminhar são algumas das recomendações dos especialistas. Porém, elas esbarram em um obstáculo: o hábito. É que o cérebro, acostumado a movimentos inadequados, precisa ser reeducado em cada atividade, até entender qual é a prática certa. A observação atenta das formas e curvas do próprio corpo é uma boa maneira de notar incorreções na postura. Especialista em fisioterapia esportiva e ortopédica, Magda Rocha explica que o autoconhecimento é essencial. “A má postura causa dor, e as pessoas só dão importância a isso em função da resposta a esse incômodo. Mas o que elas não sabem é que o corpo não entende qual é a postura ideal. Ele cria padrões de comportamento”, ensina. Segundo a profissional, atitudes como mexer no celular durante uma caminhada pode estimular a coluna vertebral a ficar em posições inadequadas, o que compromete o funcionamento do organismo. Outros sintomas também devem ser analisados. “É preciso estar atento a dores de cabeça por estar pisando errado, distúrbios do sono, alterações no humor por um desgaste físico muito grande. Às vezes, esse quadro indica a necessidade de procurar um especialista”, frisa a fisioterapeuta. INÁCIO, Bruno. Foco na postura e mudança de hábitos são aliados na manutenção da saúde corporal. Disponível em: www.hojeemdia.com.br/horizontes/ foco- na-postura-e-mudan%C3%A7a-de-h%C3%A1bitos-s%C3%A3o-aliados- namanuten%C3%A7%C3%A3o-da-sa%C3%BAde-corporal-1.632889. Acesso em: 15 jan. 2020. Em dado momento do texto acima, aponta-se uma afirmação da especialista Magda Rocha, segundo a qual o corpo “cria padrões de comportamento”. De acordo com a afirmação, entende-se que A o corpo humano, ainda que não submetido a posições corretas no cotidiano de uma pessoa, acaba por lhe corrigir eventuais defeitos posturais. B o nosso corpo traz em si, originalmente, padrões comportamentais que nos vão adaptando e corrigindo posturas inadequadas. C posturas incorretas e repetidas no dia a dia do indivíduo acabam por ser assimiladas pelo corpo, gerando variados problemas físicos. D somos levados, pelo corpo e seus padrões, a buscar posturas ideais, corrigindo, automaticamente, compor- tamentos inadequados. E cada corpo humano possui, na origem, padrões posturais que vão sendo aperfeiçoados ao longo da vida. QUESTÃO 14 A final do Mundial de Triatlo, no último sábado (17), no México, mostrou ao mundo que vencer nem sempre é o mais importante. Foi essa a lição deixada pelos irmãos ingleses Jonny Browniee e Alistar Browniee. LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 10 Jonny venceria a competição caso mantivesse o ritmo forte, mas ele estava exausto e quase desabou na pista a 700 metros da linha de chegada. As pernas não respondiam mais e ele precisou se apoiar em uma pessoa à beira da pista. Alistar vinha logo atrás, disputando a segunda posição com o sul-africano Henri Schoeman. Ele ultrapassou o irmão, mas não o deixou para atrás. Alistar apoiou Jonny em seu ombro e correram assim, lado a lado, até a linha de chegada. Schoeman acabou vencendo a corrida, mas a cena que não vai sair da cabeça das pessoas é a deAlistar empurrando Jonny para que o irmão chegasse em segundo lugar, com ele terminando na terceira colocação. Depois da prova, Jonny foi levado para o hospital, onde os médicos disseram que ele havia sofrido desidratação. “Foi uma reação humana natural”, afirmou Alistair. “Eu teria feito o mesmo por qualquer pessoa naquela situação”. Disponível em: https://razoesparaacreditar.com/gentilezas/atleta-desiste-de-ganhar- medalha-de-ouro-para-ajudar-seu-irmao-vencido-pelo-cansaco/. Acesso em: 15 jan. 2020. O episódio descrito nessa notícia exemplifica atitude que mereceu aplausos do mundo esportivo. O fato, aliado à frase final de Alistar Browniee, simboliza, em um sentido mais amplo, A o primado da solidariedade sobre a competitividade. B a prevalência dos laços familiares sobre os esportivos. C a mínima importância do resultado em competições esportivas. D a humanização de um ambiente marcado por egocentrismos. E o desejo de divulgar o esporte, a partir de exemplo meritório. QUESTÃO 15 Os grandes críticos de arte Mário Pedrosa e Mirko Lauer diziam que o artesanato era a arte do povo. Para ambos, a denominação “artesanato” se deve a preconceitos dos que insistem em ser intelectuais com a força do achismo, ou dos desinformados teimosos. Hoje, parece engraçado, todo mundo é artista visual, crítico de arte e curador. Do ponto de vista estético, nem Pedrosa nem Mirko faziam distinção entre arte e artesanato. A questão do artesanato é a proposital reprodução do “molde” para que o produto seja mais acessível ao público. O material usado pelos artesões é o mesmo de um artista visual. Muitos artistas e artesões transformam elementos encontrados na natureza em objetos artísticos. O barro vira cerâmica, madeiras e pedras se transformam em esculturas, pedaços de papel se transformam em cestas, vasos. O artesanato produz objetos artísticos e utilitários. Mesmo no utilitário há incursões artísticas inusitadas. Hoje em dia, em todos os estados brasileiros, encontramos uma produção diversificada, realizada com matérias-primas regionais e com técnicas muito especiais que variam de acordo com a cultura, o modo de vida desse povo e o material de maior abundancia na região. O artesanato vem desde o princípio da humanidade e sabe-se que nada é mais regional que o artesanato. Identificador de origens, fruto expressivo de culturas e tradições, seja na repetição de formas ou peça única. Não existe um critério matemático/científico para se julgar obras de arte e artesanato. Existem sinais e sintomas, que nos ajudam a, no mínimo, identificar valores. O principal é a originalidade, a essência, a marca autoral, e tanto o artesanato como a arte erudita têm esses princípios. Existem obras ditas artesanais muito mais criativas que a de artistas já “consagrados”. Os artistas materializam sonhos, os artesões também. [...] A repetição causa perda do valor de mercado. Só você no mundo terá essa obra, mais ninguém. Privilégio de poucos. Na realidade, no aspecto estético, arte e artesanato são iguais. A repetição no artesanato também pode justificar a repetição da gravura, da escultura. O que de fato existe é um terrível preconceito em relação às artes populares, que o tempo vai resolver. ROMERO, César. Disponível em: www.correio24horas.com.br/noticia/nid/existe-um- terrivel-preconceito-em-relacao-as-artes-populares/. Acesso em: 15 jan. 2020 (adaptado). Segundo o autor do texto acima, e considerados os posicionamentos nele citados, o artesanato, comparado à arte propriamente dita, deve ser tido como A arte menor, porque desprovido de autenticidade e com valor inexpressivo no mercado. B de menor originalidade, porque desprovido de marca autoral e calcado em procedimentos de repetição. C manifestação da arte popular, fruto de culturas e tradições, que nada deixa a desejar, esteticamente, em relação à arte. D sem valor artístico considerável, dadas as marcantes finalidades utilitárias que justificam seus trabalhos. E produção diversificada, refletindo valores culturais regionais, a que falta, no entanto, a criatividade da arte. QUESTÃO 16 Grafite, a arte além dos muros do preconceito O grafite interfere na leitura dos espaços urbanos, e os grafiteiros acreditam que seus desenhos possam ser vistos e interpretados por pessoas de qualquer segmento social. A maioria dos grafites representa algo para o grafiteiro ou para o mundo que o rodeia. É uma espécie de linguagem e necessidade básica do ser humano de se comunicar mediante figuras e símbolos por meio da arte. [...] Muitas polêmicas giram em torno desse movimento artístico, pois, de um lado, o grafite é desempenhado com qualidade artística e, de outro lado, não passa de poluição visual e vandalismo. A pichação ou vandalismo é caracterizado pelo ato de escrever em muros, edifícios, monumentos e vias públicas, bem diferentes da arte de grafitar. Os materiais utilizados pelos grafiteiros vão desde as tradicionais latas de spray até o látex. LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 11 No Acre, a visão sobre essa arte não é tão diferente das demais localidades. Ainda se vê um olhar preconceituoso e marginalizado. Porém, ela tem resistido ao pensamento retrógrado e às mentes pequenas. [...] Matias Souza é integrante do movimento RB Grafitti, no Acre, e revela os desafios encontrados no percurso dessa arte. Ele considera que o grafite em Rio Branco teve muitos desafios. O primeiro deles foi a conscientização de que era arte e não pichação. Matias reconhece que por décadas o grafiteiro era visto como pichador, levando as pessoas ao preconceito, que foi diminuindo com a presença e a ação de grafiteiros de outros estados no Acre, que vieram e compartilharam suas artes. Para ele, hoje o grafite está no cenário nacional como um movimento, no qual as pessoas das grandes cidades reconhecem o Acre como um “celeiro de artistas grafiteiros”. [...] MELO, Katiussi. Grafite, a arte além dos muros do preconceito. Disponível em: https:// agencia.ac.gov.br/grafitti-a-arte-alem-dos-muros-do-preconceito/. Acesso em: 27 out. 2019 (adaptado). A propósito das produções que hoje cercam o grafite no Acre, o texto autoriza o entendimento de que o conceito de “celeiro dos artistas grafiteiros” se justifica porque A diferentemente de outros estados do país, o grafite acreano não chegou a passar por um estágio de discriminação. B a despeito do diminuto prestígio de que gozam as suas produções, não se percebeu, no espaço acreano, olhares depreciativos típicos de outros locais. C o grafite se diferencia da mera pichação pelo olhar externo diferenciador que sobre ele se debruça no Acre, independentemente das intenções autorais. D as produções artísticas vindas de outros espaços têm trazido contribuições para que se superem visões preconceituosas sobre o grafite acreano. E desde o início, era de se prever, por suas características especiais, únicas, o reconhecimento do Acre como o berço das produções grafiteiras. QUESTÃO 17 Podcasts são uma série de episódios gravados em áudio e transmitidos on-line. Esses episódios podem ser gravados em diversos formatos, sendo que os mais comuns são entrevista entre convidado e apresentador e gravações individuais nas quais o apresentador comenta sobre um tema específico. De qualquer maneira, para qualquer formato, esses programas precisam obrigatoriamente de um tema e de alguém para realizar a apresentação (normalmente denominados hosts). Apesar de ser disponibilizado on-line, uma das suas características fundamentais é a possibilidade de realizar o download dos episódios para escutá-los até mesmo off-line. Inclusive, a palavra “podcast” é resultado da junção das palavras “iPod”, referindo-se a que esse conteúdo é portátil, e “broadcast”, referindo-se a que a sua transmissão segue o mesmo modelo das transmissões via rádio. Se ontem ler um artigo de cincominutos em um blog era algo muito mais acessível do que ler uma revista física, hoje, escutar esse mesmo conteúdo em áudio pode ser mais acessível do que uma leitura. Estamos inseridos em um cenário no qual consumir está totalmente conectado com tecnologia, acessibilidade e praticidade. Dito isso, os podcasts surgem como uma opção que garante ao ouvinte a conexão com todos esses pontos. Disponível em: https://rockcontent.com/blog/podcasts/. Acesso em: 15 jan. 2020 (adaptado).. O podcast, gênero que se vem impondo no meio digital, apresenta como fatores diferenciais que justificam a sua a aceitação o fato de A ser obrigatoriamente apresentado ao vivo, em determinado momento. B poder ser baixado e disponibilizado em horários predeterminados. C não ser uma produção original, destinando-se a divulgação de trabalho alheio. D exigir, para produzir efeitos, tecnologia de elevadíssimo grau de sofisticação. E permitir ilimitada quantidade de ouvintes e absoluta flexibilidade de horários. QUESTÃO 18 PIGNATARI, Décio. O infinito dos seus olhos. Disponível em: http://poemassempressa. blogspot.com/2012/03/poema-concreto.html. Acesso em: 22 nov. 2018. As possibilidades de leitura oferecidas pela poesia concreta passam pela fuga aos padrões de leitura dos textos poéticos tradicionais. No poema acima transcrito, é possível identificar A a ausência de elementos de pontuação, determinando um único significado. B os elementos visuais dissociados dos verbais na construção do significado. C o espaço em branco como elemento de desconstrução da linguagem verbal. D a articulação do verbal e do não verbal, possibilitando a sua plurissignificação. E a sobreposição da imagem sobre o texto verbal, anulando-lhe o sentido. LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 12 QUESTÃO 19 Recente levantamento do instituto de pesquisa Datafolha, encomendada pela ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) para avaliar o impacto da violência contra as mulheres no Brasil, levou a diretora-executiva do Fórum, Samira Bueno, a questionar a existência de espaços em que a mulher possa se sentir efetivamente segura no país. A diretora respondeu, entre outras, às seguintes questões que lhe foram formuladas pelo site BBC News Brasil a propósito do assunto: BBC News Brasil – A razão para isso é mais cultural ou relacionada a políticas públicas? Samira Bueno – A origem é cultural. Podemos ter as melhores políticas públicas de punição a agressores, mas se elas não incorporarem uma perspectiva de prevenção, pensando em como é possível alterar normas sociais e culturais, não vamos resolver o problema. Temos a Lei Maria da Penha, a alteração na lei do estupro, a lei do feminicídio, a de importunação sexual; são todas boas, mas a lei por si só não resolve o problema. O menino que vê o pai batendo na mãe vai bater na esposa; a menina que sofre violência sexual dentro de casa e muitas vezes nem sabe que aquilo é uma violência. Se ouvir falar sobre isso na escola, vai identificar que talvez ela seja vítima. BBC News Brasil – Como a política pública pode intervir no aspecto cultural? Samira Bueno – Agressores têm de ser presos, mas também têm de passar por processos que não ocorrem, mas deveriam, como os grupos reflexivos. Eles precisam entender que aquilo é uma violência, repensar seu comportamento. Temos que levar às escolas um ensino de igualdade de gênero, do que é a violência. No caso da violência doméstica, o homem vai repetir esse comportamento. É um padrão que precisa ser rompido. A gente pode apostar na prisão como punição que vai alterar isso, mas sabemos que, se a ameaça de prisão fosse uma forma de evitar que as pessoas cometessem crimes no Brasil, estaríamos numa situação melhor, pois temos a terceira maior população carcerária do mundo. Temos a lei do estupro há dez anos, mas não temos menos estupros por isso. O mesmo vale para a lei de drogas. Legislação é um instrumento importante, mas por si só, não resolve o problema. Disponível em: www.bbc.com/portuguese/brasil-47365503. Acesso em: 12 dez. 2019. Com relação ao aspecto cultural que envolve a questão, a entrevistada externou sua posição, segundo a qual A é preciso acrescer outros dispositivos legais ao conjunto de leis que, no país, já regulam a matéria, ainda que muitas delas sejam positivas. B é necessário, independentemente da eventual prisão dos agressores, o estabelecimento de mecanismos sociais que os levem à reflexão de seus atos. C a reprodução, no ambiente doméstico, de ações de violência contra a mulher deve ser limitada com ações mais efetivas voltadas para a punibilidade. D a elevação do número de casos de estupro e de uso de drogas serve de exemplo para justificar a necessidade de uma legislação mais rígida. E medidas punitivas, como a prisão, devem ser abolidas no caso de agressão às mulheres, uma vez que não vêm dando resultado. QUESTÃO 20 Disponível em: http://blogdastirinhas.blogspot.com/2010/08/hagar-n-10-ao-23.html. Acesso em: 13 mar. 2011. LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 13 Na pequena narrativa que constitui a tira anterior, é possível reconhecer, como elementos da coesão nas falas de Hagar, A uma pergunta inicial feita diretamente ao Eddie Sortudo, na qual o emprego do demonstrativo “essa” revela a aprovação de Hagar ao uso do apito. B uma série de perguntas que, na realidade, pretendem levar Eddie Sortudo a valorizar a compra por ele efetuada. C o uso reiterado do demonstrativo “isso”, com valor catafórico, sempre antecipando a menção ao objeto comprado por Eddie. D o emprego da conjunção adversativa “mas”, estabe- lecendo a contradição entre a compra do apito e a sua finalidade. E o uso do elemento conector “então”, que introduz uma explicação para a compra efetuada. QUESTÃO 21 Todo dia nos deparamos com uma notícia diferente que envolve tecnologia e suas contribuições para avanços de outras áreas. Todo dia, também com esses avanços, contribuímos para certa preocupação e ansiedade nos jovens que estão iniciando a carreira. No que esses avanços podem impactar seus futuros? Bom, os jovens que têm acesso a recursos e à educação de qualidade conseguem ingressar nesse tipo de discussão e provocação que faço neste parágrafo. Mas e os jovens marginalizados pela sociedade, qual a perspectiva deles em relação a esse debate? Como a tecnologia chega neles? Ela chega? [...] As escolas públicas não têm, em sua maioria, recursos e espaços que promovam discussão acerca da utilização da tecnologia para soluções que impactem uma comunidade, mas dentro das periferias tem se criado um movimento incrível de troca de conhecimento nessa área. O jovem que consegue atravessar a rede social e entender conceitos como algoritmos e programação tem tentado ensinar e colocar outros jovens de periferia no mercado. Perifa Code e Tecnogueto são alguns desses exemplos. Jovens como William Oliveira e Rodrigo Ribeiro, que conseguiram aprender e estão voando na área de tecnologia, criaram esses dois projetos que ensinam a jovens da periferia conceitos de programação e ajudam no direcionamento deles dentro do mercado. Esses jovens estão conseguindo ser líderes de suas famílias utilizando a programação. Logo, essa ferramenta não só impacta a sociedade como muda economicamente a estrutura de uma família. [...] HORA, Nina da. Folha de S.Paulo. No primeiro parágrafo do fragmento transcrito, Nina da Hora formula algumas perguntas sobre o alcance da tecnologia pelos jovens socialmente marginalizados, da periferia. O desenvolvimento do texto permite o entendimento de que, na visão da autora, A é impossível a vinculação entre esses jovens e a tecnologia, dada a carência dos recursos disponíveis no ensino público. B o ensino público vem empreendendo projetos que estão permitindo ao jovem menos favorecido socialmente a igualdade de acesso à tecnologia. C é viável, apesar de todas as dificuldades,que tais jovens consigam beneficiar-se da tecnologia por meio de projetos desenvolvidos na própria periferia. D é a família, e não a escola ou outras entidades educacionais, quem deve propiciar aos jovens o acesso à tecnologia. E as necessidades do mercado acabarão por absorver todos os jovens, em função dos previsíveis progressos da tecnologia. QUESTÃO 22 Texto I É uma coisa bastante uniforme a espécie humana. Boa parte dela passa seus dias trabalhando para viver, e o poucochinho de tempo livre que lhe resta pesa-lhe tanto que busca todos os meios possíveis para livrar-se dele. Oh, destino dos homens! GOETHE, Johanm Wolfgang Von. Os sofrimentos do jovem Werther. Porto Alegre: L&PM, 2001. Texto II Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/429671620689812599/?lp=true. Acesso em: 15 jan. 2020. LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 14 Os dois textos, a despeito de terem sido produzidos em diferentes momentos e com distintos recursos expressivos, dialogam quanto à mensagem pretendida, com um possível sentido que pode ser sintetizado na necessidade de o homem utilizar parte do seu tempo para A valorizar sua qualidade de vida. B aprimorar aspectos tecnológicos. C aproveitar-se do dinamismo da atualidade. D retornar a valores consagrados do passado. E preparar-se para as conquistas do futuro. QUESTÃO 23 Descobrimento Abancado à escrivaninha em São Paulo Na minha casa da rua Lopes Chaves De supetão senti um friúme por dentro. Fiquei trêmulo, muito comovido Com o livro palerma olhando pra mim. Não vê que me lembrei que lá no Norte, meu Deus! muito longe de mim Na escuridão ativa da noite que caiu Um homem pálido magro de cabelo escorrendo nos [olhos, Depois de fazer uma pele com a borracha do dia, Faz pouco se deitou, está dormindo. Esse homem é brasileiro que nem eu. ANDRADE, Mário de. Descobrimento (Dois poemas acreanos). In: ANDRADE, Mário de. Poesias completas. Belo Horizonte: Itatiaia, 1980. O poema “Descobrimento”, publicado em 1927, se insere no contexto literário da primeira fase do Modernismo no Brasil, que se iniciou em 1922, com a Semana de Arte Moderna. É possível perceber, nesses versos, um ideário que encerra A a renovação do sentimento dos românticos da primeira geração, com a exaltação ufanista das coisas do Brasil. B a afirmação do sentimento de identidade nacional e a problematização do problema social da desigualdade. C um compromisso com a renovação estética no plano estritamente formal, com a manutenção do viés nacionalista firmado pela tradição. D a enfática glorificação do nosso sentimento nativista e o consequente repúdio a todo e qualquer valor do estrangeiro. E a aceitação do “adormecimento” da memória nacional, visto como peculiaridade consagrada em nossa tradição literária. QUESTÃO 24 Admirável expressão que faz o poeta de seu atencioso silêncio Largo em sentir, em respirar sucinto, Peno, e calo, tão fino, e tão lento, Que fazendo disfarce do tormento, Mostro que o não padeço, e sei que o sinto. O mal, que fora encubro, ou me desminto, Dentro no coração é que o sustento: Com que, para penar é sentimento, Para não se entender, é labirinto. Ninguém sufoca a voz nos seus retiros; Da tempestade é o estrondo efeito: Lá tem ecos a terra, o mar suspiros. Mas oh do meu segredo alto conceito! Pois não chegam a vir à boca os tiros Dos combates que vão dentro no peito. MATOS, Gregório. Admirável expressão que faz o poeta de seu atencioso silêncio. Disponível em: https://pt.wikisource.org/wiki/Largo_em_sentir,_em_respirar_sucinto. Acesso em: 15 jan. 2020. Gregório de Matos é, seguramente, a maior expressão lírica do movimento Barroco. No poema acima transcrito, o eu lírico deixa transparecer, fiel aos princípios desse movimento artístico, A o equilíbrio existencial, expresso, por exemplo, nos adjetivos “largo” e “sucinto”, que compõem o verso inicial. B um sentimento voltado para a ausência de conflitos, ao afirmar, no fim da primeira estrofe, que não padece tormentos. C uma visão do mundo contraditória, antitética, marcada pela oposição entre a essência e a aparência. D a calma de um interior despido de angústias, já antecipada na menção, no título do poema, a um “atencioso silêncio”. E a convicção de que sempre é possível superar, no mais recôndito do ser, aparentes tormentas do espírito. LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 15 QUESTÃO 25 Soneto Quando cheios de gosto, e de alegria Estes campos diviso florescentes, Então me vêm as lágrimas ardentes Com mais ânsia, mais dor, mais agonia. Aquele mesmo objeto, que desvia Do humano peito as mágoas inclementes, Esse mesmo em imagens diferentes Toda a minha tristeza desafia. Se das flores a bela contextura Esmalta o campo na melhor fragrância, Para dar uma ideia de ventura; Como, ó Céus, para os ver terei constância, Se cada flor me lembra a formosura Da bela causadora de minha ânsia? Claudio Manuel da Costa Um dos pilares do Arcadismo no Brasil, Claudio Manuel da Costa apresenta, em muitos de seus poemas, características que o diferenciam dos demais árcades. O poema aqui transcrito exemplifica, no tratamento temático, essa distinção, A ao colocar em destaque a valorização dos elementos vinculados à natureza. B ao aproximar-se da estética barroca, com a expressão do conflito existencial. C ao exprimir a preponderância da produção poética nos valores religiosos. D ao identificar o estado de espírito do eu lírico com as virtudes do campo. E ao enunciar claro contraste entre as vantagens do campo e as agruras da cidade. QUESTÃO 26 Muitas investigações de responsabilidade da Unesco preconizam a educação para todos, assentada em princípios de direito e não de caridade, igualdade de oportunidades e não de discriminação, promoção de sucesso de todos e de cada um. A educação inclusiva pressupõe escola aberta para todos, ambiente em que todos aprendem juntos, quaisquer que sejam as suas dificuldades. Primeiramente, a escola tem que cumprir essa prerrogativa como uma sociedade democrática na qual a justiça, o respeito pelo outro e a equidade sejam princípios para uma escola inclusiva. A partir do todo, as partes, ou seja, os professores, poderão ter uma autonomia de inserir no contexto escolar a diversidade humana. Isso inclui desde os mais desfavorecidos até os que apresentam deficiências graves. [...] Nesse contexto, todas as disciplinas e, em especial, a Educação Física passam do processo de exclusão para um de inclusão. Em especial a Educação Física porque ela nasceu de uma visão homogeneizada na busca do rendimento e da competição. Quem não atingia a performance esperada ou não se enquadrava no perfil físico almejado pelos educadores eram excluídos da prática. [...] Mas hoje, dentro do contexto escolar, já estamos acompanhando a educação inclusiva na qual os alunos participam, tendo ou não necessidades especiais, da mesma atividade. Assim, a busca pelo ensino inclusivo na Educação Física é feita aceitando a heterogeneidade da classe e trabalhando sobre ela. [...] E a Educação Física é uma das melhores disciplinas no ambiente escolar, pois por meio de atividades e jogos lúdicos promove a interação de todos os alunos e cria oportunidades para os deficientes mostrarem que também são capazes de evoluir em conjunto. Disponível em: https://blogeducacaofisica.com.br/inclusao-na-educacao-fisica/. Acesso em: 15 jan. 2020 (adaptado). O texto anterior, ao tratar das atividades de Educação Física como componentes do processo educativo, enseja inferência de que A os alunos, nas aulas de Educação Física, devem adaptar-se a normas preestabelecidas pela tradição. B o fundamento das aulas de Educação Física deve ser a busca de um maior rendimento do esporte. C os alunos com necessidades especiais devem participar das aulas sem distinção quanto aos demais colegas. D ao professor cabe consideraras heterogeneidades acaso existentes como razão suficiente para programar atividades por grupo específicos. E devem continuar a nortear os fundamentos da Educação Física os princípios voltados para a competição e a busca dos melhores. LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 16 QUESTÃO 27 Mal dormira! Erguera-se de manhã muito cedo para lhe jurar que estava louco, e que punha a sua vida aos pés dela. Compusera aquela prosa na véspera, no Grêmio, às três horas, depois de alguns robbers de whist, um bife, dois copos de cerveja e uma leitura preguiçosa da Ilustração. E terminava, exclamando: — “Que outros desejem a fortuna, a glória, as honras, eu desejo-te a ti! Só a ti, minha pomba, porque tu és o único laço que me prende à vida, e se amanhã perdesse o teu amor, juro-te que punha um termo, com uma boa bala, a esta existência inútil!” – Pedira mais cerveja, e levara a carta para a fechar em casa, num envelope com o seu monograma, “porque sempre fazia mais efeito”. E Luísa tinha suspirado, tinha beijado o papel devo- tamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo conduzia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações! Ergueu-se de um salto, passou rapidamente um roupão, veio levantar os transparentes da janela. Que linda manhã! Era um daqueles dias do fim de agosto em que o estio faz uma pausa; há prematuramente, no calor e na luz, uma certa tranquilidade outonal; o sol cai largo, resplandecente, mas pousa de leve; o ar não tem o embaciado canicular, e o azul muito alto reluz com uma nitidez lavada; respira-se mais livremente; e já se não vê na gente que passa o abatimento mole da calma enfraquecedora. QUEIRÓS, Eça de. O primo Basílio. 15. ed. São Paulo: Ática, 1994. No fragmento acima, de livro do escritor português Eça de Queirós, o narrador descreve as sensações da personagem Luísa ao receber uma carta de Jorge, de quem se tornaria amante. Antes, detalha aspectos da construção da mensagem por parte de Jorge. Considerando-se que Eça de Queirós é um dos maiores escritores do Realismo em Portugal, pode-se inferir, no texto, A a reverência que Eça presta aos valores do ideário romântico, retratados nos hiperbólicos sentimentos externados por Luísa. B uma crítica sutil aos valores tradicionais românticos, expressa nos elementos contextuais que cercaram o personagem Jorge quando da feitura da carta. C a apresentação de um perfil feminino que antecipa o estereótipo realista, marcado por objetividade e negação de idealizações. D um perfil tipicamente romântico do personagem Jorge, com a integração, ao seu discurso, de elementos como o bife, a cerveja e o monograma. E os elementos da natureza apresentados em dissonância com o estado de espírito de Luísa, como convém ao Realismo. QUESTÃO 28 Seu metaléxico economiopia desenvolvimentir utopiada consumidoidos patriotários suicidadãos PAES, José Paulo. Poesia completa. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. Os vocábulos “inventados” por José Paulo Paes no poema acima, escrito em 1973, constituem, em processos de aglutinação, um mosaico de palavras cuja sequência, com ironia, conduz o leitor a um desfecho trágico. É possível inferir que, entre os objetivos pretendidos pelo autor com esses neologismos, quando da elaboração do poema, estava presente, criticamente, o reconhecimento A da justa exaltação do progresso social, motivado por atores econômicos. B da necessidade permanente de se cultivarem sonhos e aspirações. C da pujança do léxico português como organismo vivo e criativo. D da possibilidade de manipulação das pessoas pelos agentes políticos. E da evolução dos modernos sistemas de informação e comunicação. QUESTÃO 29 [...] Dançar-se noites e noites!... Levado por tais considerações ia esquecendo os meus próprios interesses. Pus-me a ler o jornal, os anúncios de “precisa-se”. Dentre eles, um pareceu-me aceitável. Tratava-se de um rapaz, de conduta afiançada para acompanhar um cesto de pão. Era nas Laranjeiras. Estava resolvido a aceitar; trabalharia um ano ou mais; guardaria dinheiro suficiente que me desse tempo para pleitear mais tarde um lugar melhor. Não havia nada que me impedisse: eu era desconhecido, sem família, sem origens. Que mal havia? Mais tarde, se chegasse a alguma coisa, não me envergonharia, por certo?! Fui, contente até. Falei ao gordo proprietário do estabelecimento. Não me recordo mais das suas feições, mas tenho na memória as suas grandes mãos com um enorme “solitário” e o seu alentado corpo de arrobas. — Foi o senhor que anunciou um rapaz para. Foi; é o senhor? respondeu-me logo sem me dar tempo de acabar. — Sou, pois não. O gordo proprietário esteve um instante a considerar, agitou os pequenos olhos perdidos no grande rosto, examinou-me convenientemente e disse por fim, voltando-me as costas com mau humor: Não me serve. — Por quê? atrevi-me eu. — Porque não me LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 17 serve. E veio vagarosamente até uma das portas da rua, enquanto eu saía literalmente esmagado. Naquela recusa do padeiro em me admitir, eu descobria uma espécie de sítio posto à minha vida. Sendo obrigado a trabalhar, o trabalho era-me recusado em nome de sentimentos injustificáveis. [...] Era uma desigualdade absurda, estúpida, contra a qual se iam quebrar o meu pensamento angustiado e os meus sentimentos liberais que não podiam acusar particularmente o padeiro. Que diabo! eu oferecia-me, ele não queria! que havia nisso demais? Era uma simples manifestação de um sentimento geral e era contra esse sentimento, aos poucos descoberto por mim, que eu me revoltava. Vim descendo a rua, e perdendo-me aos poucos no meu próprio raciocínio. Preliminarmente descobria-lhe absurdos, voltava ao interior, misturava os dois, embrulhava-me. No Largo do Machado, contemplei durante momentos aquela igreja de frontão grego e colunas dóricas e tive a sensação de estar em país estrangeiro. [...] BARRETO, L. Recordações do escrivão Isaías Caminha. São Paulo: Ática, 3. ed., 1994. O narrador-personagem, Isaías, que compõe o título, é um afrodescendente à procura de emprego no Rio de Janeiro. A “sensação de estar em país estrangeiro” a que ele se refere decorre de um sentimento experimentado – e muito presente na obra de Lima Barreto como um todo –, ligado A a uma percepção de que os elementos arquitetônicos e urbanísticos então verificados eram diferentes dos de sua terra de origem. B ao reconhecimento da existência de preconceitos e discriminações que percebia estender-se de uma forma geral à sociedade. C às dificuldades enfrentadas no mercado de trabalho, fruto de razões econômicas que o país enfrentava na oportunidade. D ao seu temperamento liberal que, quando reconhecido pelos de ideologia conservadora, constituía um entrave ao êxito social. E à vergonha que sentia de sua origem humilde e à vontade de alcançar, pelo trabalho, a aceitação das invejadas elites sociais. QUESTÃO 30 Afirmar que ao jovem pobre só resta o caminho do crime ou da cultura é o mesmo que corroborar a ideia de que todo negro só tem talento para o futebol ou para o samba. É curioso notar como as representações culturais assumem papéis diversificados dependendo da classe em que atua. Nos setores mais abastados, o envolvimento com a arte é visto como uma possibilidade para o desenvolvimento humano e para o estímulo de talentos até então desconhecidos. Já nas classes mais pobres, a arte é vista como salvacionista, como a única forma de se refutar o caminho do crime. Não há no funk e no hip-hop o desejo de serem representantes de uma nação homogênea,mas justamente o contrário: a intenção é mostrar a existência de diversos brasis, que convivem sim com as experiências da violência urbana, cada um a seu modo. A necessidade é chamar a atenção para os fatos específicos que não correspondem à amplitude do seu estado, muito menos do seu país, mas o que ocorre no seu bairro, ali na esquina de sua rua. Se o samba anuncia a união entre as comunidades, o funk e o hip-hop reforçam que hoje essa união se não é inexistente, está comprometida por uma série de fissuras. Disponível em: www.cult.ufba.br/enecul2006/gustavo_souza.pd. Acesso em: 15 jan. 2020. No texto acima, que versa sobre a arte e a sua presença na sociedade, o funk ou o hip-hop são considerados A equivalentes ao samba, quanto aos seus propósitos de busca de uma identidade nacional. B símbolos exemplificativos da violência que assola as comunidades menos favorecidas no espaço brasileiro. C possibilidades sempre presentes da descoberta, pelos organismos culturais, de talentosos valores artísticos. D afirmações da mais autêntica brasilidade, por representarem a verdadeira realidade urbana brasileira. E manifestações reveladoras de uma realidade social marcada por distintas situações de violência. QUESTÃO 31 Enfim, Senhor, despojados os templos e derrubados os altares, acabar-se-á no Brasil a cristandade católica; acabar- -se-á o culto divino, nascerá erva nas igrejas, como nos campos; não haverá quem entre nelas. Passará um dia de Natal, e não haverá memória de vosso nascimento; passará a Quaresma e a Semana Santa, e não se celebrarão os mistérios de vossa Paixão. Chorarão as pedras das ruas como diz Jeremias que choravam as de Jerusalém destruída: chorarão as ruas de Sião, porque não há quem venha à solenidade. Ver-se-ão ermas e solitárias, e que as não pisa a devoção dos fiéis, como costumava em semelhantes dias. Disponível em: http://bocc.ubi.pt/pag/vieira-antonio-contra-armas-holanda.html. Acesso em: 15 jan. 2020. O texto anterior é um fragmento do “Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as da Holanda”, relacionando-se à invasão holandesa no Brasil, em 1640. Nele, o orador dirige-se a Deus, prenunciando a derrocada da religião católica em terras brasileiras, caso o Brasil fosse entregue aos holandeses. Dentre os elementos que conferem coesão ao texto, é possível reconhecer A no vocábulo que dá início ao fragmento, o valor significativo de concessão, equivalente a “portanto”. B o emprego dos particípios “despojados” e “derrubados”, com a ideia de consequência em relação ao contido nas orações com o verbo “acabar”. C o valor meramente aditivo conferido à conjunção “e”, na oração “e não haverá memória de vosso nascimento”. D a oração “Chorarão as pedras das ruas” atribuindo ações de seres animados a seres inanimados, em figura denominada hipérbole. E em “como diz Jeremias que choravam as de Jerusalém destruída”, o valor anafórico do pronome “as”, recuperando o nome “pedras”. LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 18 QUESTÃO 32 Texto I Cota zero Stop. A vida parou ou foi o automóvel? ANDRADE, Carlos Drummond de. Obra completa. 2. ed. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967. Texto II Sinal de apito Um silvo breve: atenção, siga. Dois silvos breves: pare. Um silvo breve à noite: acende a lanterna. Um silvo longo: diminua a marcha. Um silvo longo e breve: motorista a postos. (A este sinal todos os motoristas tomam lugar nos [seus veículos para movimentá-los imediatamente.) ANDRADE, Carlos Drummond de. Obra completa. 2. ed. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967. Os dois poemas acima integram o livro Alguma poesia, de Carlos Drummond de Andrade, publicado em 1930. Ambos se aproximam quanto à temática, voltada para a presença crescente do automóvel nas cidades, símbolo do capitalismo industrial que então se impunha. De certa forma, os dois textos se vinculam, podendo o segundo ser visto como uma explicitação do significado atribuível ao primeiro. Nesse sentido, A ambos os poemas reafirmam a visão futurista de Marinetti, segundo a qual “um automóvel rugidor, que correr sobre a metralha, é mais bonito que a Vitória de Samotrácia”. B o poema que constitui o texto I instaura uma dúvida, mas resolve-a apontando para a vida como algo que se opõe ao automóvel, que, parado, remete aos significados de limitação, perda. C no texto II, constrói-se, no quinto verso, com a construção “um silvo longo e breve”, um paradoxo, tangenciando crítica social voltada para a submissão do homem a comandos sem sentido. D no texto II, os versos se constroem como em uma linha de montagem do processo de produção do fordismo, fundamentado na padronização, em clara reverência de Drummond aos progressos do capitalismo. E no texto I, o automóvel, máquina ícone da modernidade trazida pela industrialização, é colocado no mesmo plano do homem, em um desejável processo de comunhão com vistas ao progresso. QUESTÃO 33 Dança e espectadores formam uma unidade; ambos são ao mesmo tempo objeto e sujeito de um processo interacional no qual a consciência de cada um dos atores sociais envolve necessariamente o outro. Na percepção, a consciência se coloca como uma intencionalidade doadora de sentido. Para que exista a dança, é preciso haver movimento e imobilidade. Não obstante, é preciso também tradição e transmissão, o que implica identidade e memória, como assinala Mauss. A complementaridade de movimento e não movimento é que sustenta a dança, que possibilita alguma comunicação não verbal e faz distinguir movimento cotidiano dos movimentos chamados de dança, fruto do desenvolvimento de técnicas corporais extracotidianas. O gesto/movimento na dança não cumpre uma função, não assume uma tarefa útil, instrumental. Assume um papel estético, simbólico e intencional, certamente. Seu compromisso não é, então, com a utilidade, e, sim, com a arte, com a poiesis, ou seja, com o fazer inspirado, diferenciado e que tanto pode entreter quanto levar a uma reflexão ou estranhamento. O entretenimento ou a reflexão vai depender da percepção que o público tiver da dança cênica. E essa percepção doa sentido, atribui sentido e significados polissêmicos. O movimento, embora transitório, será alvo de distintas percepções. E tanto movimento quanto percepções são consequências de experiências anteriores portadas por quem se mexe ou permanece parado e por quem assiste à movimentação dançada. OLIVEIRA, Denise da Costa; SIQUEIRA, Euler David de. O corpo que dança: percepção, consciência e comunicação. Disponível em: https://www.e-publicacoes. uerj.br/index.php/logos/article/view/14675/11143. Acesso em: 14 maio 2020. No texto acima, a dança é apresentada pelos autores como A manifestação individual, na qual cada movimento traduz-se como uma atitude típica do dançarino. B fundamentada unicamente na tensão entre movimento e imobilidade, que se complementam. C arte que se opõe à percepção dos espectadores quanto à atribuição de sentidos. D linguagem artística que cumpre função preponde- rantemente lúdica em relação aos espectadores. E atividade artística cuja realização pode provocar ações reflexivas ou de entretenimento dos espectadores LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 19 QUESTÃO 34 Walt Disney criou o personagem Joe Carioca – que aqui virou José Carioca, vulgo Zé – em 1943, para o filme Alô, amigos, que, além de mostrar o personagem circulando pelo Rio de Janeiro, tinha em sua trilha sonora preciosidades como “Aquarela do Brasil” e “Tico-Tico no fubá”. Toda essa bajulação dos estúdios Disney tinha um propósito: conquistar a simpatia do governo brasileiro para que ele apoiasse os Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial. Mas aconteceu mais do que isso: o personagem sobreviveu à guerra e ganhou revista própria. Quem é Zé Carioca? Um sujeito folgado, malandro, golpista, alérgico a trabalho, que passa cheques sem fundo, foge de cobradorese paquera todas as mulheres. Será que era essa a visão que a Disney tinha de nós, habitantes de um longínquo país latino-americano? Consta que na versão original criada pelos gringos, Zé Carioca não era tão gaiato assim. Mas aconteceu mais do que isso, foram os próprios desenhistas e redatores brasileiros, quando começaram a editá-lo aqui. E acertaram na mosca, porque o personagem passou a ser um dos mais populares do grande elenco que compunha os gibis. Fosse um Zé Certinho, encalharia nas bancas. Caricatura à parte, quem é, afinal, essa entidade, o carioca? Quem são os Zés, Betos e Suélens Cariocas, que circulam pelas ruas e morros, que trabalham e sambam no pé, que contam piadas e fogem de balas perdidas? Carioca virou um adjetivo. Ela é carioca, portanto, bonita, sensual, alegre, festiva, musa. E ele? É carioca também, mas a condescendência é menor. Há quem diga que eles, os rapazes, são bons de futebol, mas ruins de escritório. Bons de chope, mas ruins de segunda-feira. E assim o resto do país vai mitificando esses boas-vidas, sem deixar de invejá- -los, é claro. [...] Adriana Calcanhoto, que é gaúcha, chegou bem perto da essência dessa turma, e fechou a questão na música que compôs para homenagear os habitantes do Rio. Diz a letra: “Cariocas não gostam de sinal fechado.” Se entendermos por fechado tudo o que é rígido, tudo o que impede a passagem, então a frase é perfeita. Abram alas para os cariocas do nosso imaginário e para os cariocas que ultrapassam nossa imaginação, para os Zés dos quadrinhos e para todos os outros que não são enquadráveis, cultivemos esses seres mitológicos que podem até ser irreais, mas que tornam o nosso país bem mais adorável. MEDEIROS, Martha. O Globo, Rev. de Domingo, 20 jan. 2008. Mais de uma década separa, do momento atual, a data desses fragmentos de uma crônica de Martha Medeiros. Muita coisa aconteceu de lá para cá, mas a esperança é que as palavras da cronista, favoráveis ao povo carioca, jamais percam o seu sentido. Ao traçar certo perfil do carioca, Martha vale-se da citação de um verso de Adriana Calcanhoto para admitir que ele se aproxima bem da essência do povo do Rio, para o qual caberia, nesse caso, o adjetivo A instável. B descontraído. C acolhedor. D desorientado. E insubmisso. QUESTÃO 35 Texto I Vivia longe dos homens, só se dava bem com animais. Os seus pés duros quebravam espinhos e não sentiam a quentura da terra. Montado, confundia-se com o cavalo, grudava-se a ele. E falava uma linguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro entendia. A pé, não se aguentava bem. Pendia para um lado, para o outro lado, cambaio, torto e feio. Às vezes utilizava nas relações com as pessoas a mesma língua com que se dirigia aos brutos – exclamações, onomatopeias. Na verdade falava pouco. Admirava as palavras compridas e difíceis da gente da cidade, tentava reproduzir algumas, em vão, mas sabia que elas eram inúteis e talvez perigosas. RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 63. ed. São Paulo: Record, 1992. Texto II Uma angústia apertou-lhe o pequeno coração. Precisava vigiar cabras: àquela hora cheiros de suçuarana deviam andar pelas ribanceiras, rondar as moitas afastadas. Felizmente os meninos dormiam na esteira, por baixo do caritó onde sinhá Vitória guardava o cachimbo. [...] Baleia respirava depressa, a boca aberta, os queixos desgovernados, a língua pendente e insensível. Não sabia o que tinha sucedido. O estrondo, a pancada que recebera no quarto e a viagem difícil no barreiro ao fim do pátio desvaneciam-se no seu espírito. [...] Baleia encostava a cabecinha fatigada na pedra. A pedra estava fria, certamente sinhá Vitória tinha deixado o fogo apagar-se muito cedo. Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes. RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 63. ed. São Paulo: Record, 1992. Os dois textos acima, transcritos do livro Vidas secas, exemplificam bem um aspecto marcante da obra, relativo à caracterização dos personagens, a saber A um processo de animalização do homem e de humanização do animal, remetendo, pela degradação do primeiro, a uma aproximação com o segundo. B uma visão humanizada da cachorra, antecipando postura da atualidade que confere aos animais de estimação status especial. C a visão naturalista de Graciliano Ramos, influenciado pela teoria darwinista, única razão capaz de justificar o perfil de Fabiano. D a ausência de uma visão social do problema dos retirantes sertanejos, pela atribuição a eles de defeitos insanáveis. E a elevação do grau de dignidade dos personagens do livro em geral, simbolizados na figura sensível da cachorra Baleia. LC – 1o dia | Caderno 1 - Cinza - Página 20 QUESTÃO 36 Só o que eu quis, todo o tempo, o que eu pelejei para achar, era uma só coisa – a inteira – cujo significado vislumbrado dela eu vejo que sempre tive. A que era: que existe uma receita, a norma dum caminho certo, estreito, de cada uma pessoa viver – e essa pauta cada um tem – mas a gente mesmo, no comum não sabe encontrar; como é que, sozinho, por si, alguém ia poder encontrar e saber? Mas, esse norteado tem. Tem que ter. Se não, a vida de todos ficava sempre o confuso dessa doideira que é. E que: para cada dia, e cada hora, só uma ação possível da gente é que consegue ser a certa. Aquilo está no encoberto; mas fora dessa consequência, tudo o que eu fizer, o que o senhor fizer, o que o beltrano fizer, o que todo-o-mundo fizer, ou deixar de fazer, fica sendo o falso, e é o errado. Ah, porque aquela outra é a lei, escondida e vivível mas não achável, do verdadeiro viver: que para cada pessoa, sua continuação, já foi projetada como o que se põe, em teatro, para cada representador – sua parte, que antes já foi inventada, num papel… Grande sertão veredas, Guimarães Rosa. No texto acima, o personagem-narrador, na instigante linguagem que Guimarães Rosa imprime a suas narrativas, reflete sobre o que seria “o verdadeiro viver” de cada pessoa. Nesse sentido, A revela, sem apresentar qualquer justificativa para amparar o seu raciocínio, a convicção de que cada pessoa tem um caminho específico a percorrer na existência. B afirma jamais ter se preocupado, antes, em questionar qual seria “o caminho certo” que lhe estaria reservado na vida, já que ela, a seu ver, tende a ser sempre “o confuso dessa doideira”. C articula, como elemento expressivo favorável à tese de que todos têm um caminho predeterminado a seguir, uma gradação que envolve ele mesmo, o interlocutor, outros indivíduos e as pessoas em geral. D indica a extrema facilidade que cada pessoa tem de identificar “a norma dum caminho certo, estreito”, que lhe permita viver segundo uma lei, a um tempo “escondida e vivível”. E nega validade, ao formular comparação entre a vida e um roteiro de uma peça teatral, à afirmação de alguns sobre a existência de algo já projetado para a vida de cada pessoa. QUESTÃO 37 Sem necessidade A verdadeira democracia se apoia em direitos iguais a todos. Mas há distância entre democracia e demagogia. (Aristóteles apontava a segunda como a degeneração da primeira.) O que temos em muitos países são discursos e políticas demagógicas em relação às minorias (que às vezes são numericamente maiorias), criando leis cosméticas e mudando só os nomes das coisas, em vez de combater a desigualdade, com educação, serviços públicos de qualidade e redistribuição de renda. Exemplo de lei demagógica: no Brasil, chamar um negro de “negro” (embora seja essa a sua cor) é crime inafiançável (racismo), mas matar um negro – ou qualquer pessoa – é afiançável (homicídio). Ou seja, o que a lei diz nas entrelinhas é o seguinte: se você não gosta de negros,
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