Prévia do material em texto
AULA 3 – Fundações Superficiais: cálculo da capacidade de carga e tensões admissíveis Prof. Pabllo da Silva Araujo Eng. Civil, Me. Campina Grande-PB Março de 2023 1 CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL Fundações A aplicação de uma força vertical de compressão, P, no topo da sapata gera a mobilização de tensões resistentes no maciço de solo que, no contato sapata- solo, são normais à base da sapata. 2 Fundações Deslocamentos verticais (w) - Fase elástica - Fase plástica - Fase de ruptura do solo Definimos como Capacidade de carga ou Tensão de ruptura de um fundação direta a resistência máxima mobilizável pelo maciço de solo no contato com a base do elemento estrutural de fundação, ou seja, a tensão que provoca a ruptura do maciço de solo, normalmenteo elo mais fraco do sistema fundação-solo. 3 Fundações MECANISMOS DE RUPTURA A ruptura do solo pode resultar em excessiva distorção (frágil) e consequente colapso da estrutura da edificação, enquanto que um recalque excessivo (dúctil) pode ocasionar danos irreparáveis ao funcionamento do prédio. Vesic (1975), distinguiu três tipos de ruptura: generalizada, localizada e por puncionamento. 4 Fundações MECANISMOS DE RUPTURA: Ruptura geral ou Generalizada É caracterizada pela existência de um mecanismo de ruptura bem definido e constituído por uma superfície de deslizamento que vai de uma borda da fundação à superfície do terreno. 5 Fundações MECANISMOS DE RUPTURA: Ruptura geral ou Generalizada 6 Fundações MECANISMOS DE RUPTURA: Ruptura geral ou Generalizada Características: - Ruptura brusca e catastrófica; - Solos mais rígidos (areias compactas e muito compactas e argilas rijas e duras); - Levantamento do solo em torno da fundação; - O movimento de ruptura se dá em um único lado da fundação; - Sapatas suficientemente rasas; - Carga de ruptura atingida para pequenos valores de recalque. 7 Fundações MECANISMOS DE RUPTURA: Ruptura localizada É caracterizada por um modelo que é bem definido apenas imeditamente abaixo da fundação. Esse modelo consiste de uma cunha e de superfícies de deslizamento que se iniciam junto às bordas da fundação, tal como na generalizada. 8 Fundações MECANISMOS DE RUPTURA: Ruptura localizada 9 Fundações MECANISMOS DE RUPTURA: Ruptura localizada Características: - Empolamento do solo ao lado da fundação; - Superfícies de deslizamento terminam dentro do maciço; - Representa um tipo de transição; - Solos de média compacidade ou consistência; - Superfícies de deslizamento podem tocar a superfície. 10 Fundações MECANISMOS DE RUPTURA: Ruptura por puncionamento É caracterizada por um mecanismo de difícil observação. À medida que a carga cresce, o movimento vertical da fundação é acompanhado pela compressão do solo imediatamente abaixo. 11 Fundações MECANISMOS DE RUPTURA: Ruptura por puncionamento 12 Fundações Características: - Cisalhamento vertical em torno do perímetro da fundação; - Não formação de superfícies de ruptura; - Ocorre em solos mais deformáveis (menos resistentes); - Carga de ruptura é atingida para recalques mais elevados; - Recalques incessantes; - Típico nas areias fofas e argilas moles. MECANISMOS DE RUPTURA: Ruptura por puncionamento 13 Fundações 14 Fundações MECANISMOS DE RUPTURA 15 Fundações MÉTODOS DE CÁLCULO DA CAPACIDADE DE CARGA Segundo a NBR 6122 (ABNT, 2019), a capacidade de carga pode ser calculada das seguintes maneiras: a) Métodos teóricos (métodos analíticos); b) Métodos semiempíricos (correlações com ensaios de campo); c) Prova de carga sobre placas (ABNT NBR 6489/2019). 16 Fundações MÉTODOS DE CÁLCULO DA CAPACIDADE DE CARGA Métodos teóricos Prandtl (1920) Reissner (1924) Terzaghi (1925, 1943) Meyerhof (1951, 1963) Balla (1962) Hansen (1961, 1970) Vesic (1973, 1975) De Beer (1970) São métodos baseados na formação de uma superfície de ruptura conhecida e cuja resistência ao longo da superfície seja obtida através de um critério de ruptura. 17 Fundações TEORIA DE TERZAGHI (1943) Sua equação modifica a solução original de Prandtl (1920) e considera a curva de ruptura como uma espiral semi-logarítmica. Basicamente: 18 Fundações (I) Zona em forma de cunha, localizada abaixo da sapata, na qual as tensões principais máximas são verticais. (II) Zonas de cisalhamento, irradiando-se das arestas da fundação, cujas fronteiras fazem com a horizontal ângulos conforme imagem. (III) Zonas passivas de Rankine. 19 Fundações 20 Fundações 21 Fundações 22 Fundações 23 Fundações Fatores de capacidade de carga após Vesic. 24 Fundações 25 Fundações Efeitos da forma da sapata 26 Fundações Efeitos da forma da sapata 27 Fundações 28 Fundações Efeito da compressibilidade do solo (ruptura local e por puncionamento) 29 Exercício (1º) Estimar a capacidade de carga de um elemento de fundação por sapata (indicado na figura), com as seguintes condições de solo e valores médios no bulbo de tensões: a) Argila rija com NSPT= 15. b) Areia compacta com NSPT= 30. c) Areia argilosa com ϕ= 25° e c= 50kPa. (valores não drenados) 30 Exercício (2º) Estimar a capacidade de carga de um elemento de fundação por sapata indicado na figura do exercício anterior, com as seguintes condições de solo e valores médios no bulbo de tensões: a) Argila mole com NSPT= 4. b) Areia pouco compacta com NSPT= 6. c) Areia argilosa com ϕ= 20° e c= 10kPa (valores não drenados). 31 Fundações TEORIA DE MEYERHOF (1951, 1963) Representa um aperfeiçoamento da Teoria de Terzaghi (1943). Seu método considera que a superfície de ruptura se prolonga na camada superficial do terreno e que, portanto, há contribuição não apenas da sobrecarga, como também da resistência ao cisalhamento do solo nessa camada. Plano BE: superfície livre equivalente (inclinação b). 32 Fundações A resultante das forças BF e o peso da cunha de solo BEF são substituídos pelas tensões equivalentes, po e so. Considera-se então o embutimento (d) da fundação. Meyerhof introduziu também a influência da inclinação da resultante das forças através dos fatores de inclinação (i). dSNBdSNpdSNcq qqqocccult .. 2 1 .. ++= 33 Fundações tgpc s m o o + = m exprime o grau de mobilização da resistência ao cisalhamento ao longo da superfície livre equivalente. 34 Fundações 35 Fundações 36 Fundações 37 Exercício (3º) Uma fundação quadrada tem 2,0 x 2,0 m em planta. O solo suporta a fundação com ângulo de atrito de 25° e coesão de 20 kN/m². O peso específico do material é de 16,5 kN/m³. Determine a capacidade de carga do solo. Suponha uma profundidade da fundação de 1,50 m. a) Por Terzaghi e considerando que a ruptura ocorre por cisalhamento geral no solo. b) Por Meyerhof. 38 Fundações TEORIA DE HANSEN (1961, 1970) Hansen (1961) fez importante contribuição ao cálculo da capacidade de carga das fundações submetidas a um carregamento qualquer: a) Carga excêntrica: conceito de área efetiva da fundação; b) Forma da fundação, profundidade e a inclinação da carga: fatores de forma, de profundidade e de inclinação da carga; c) Fatores de inclinação do terreno e de inclinação da base da fundação (Hansen, 1970). 39 Fundações • Fatores de profundidade da fundação (dc , dq e dg) • Fatores de inclinação de carga (ic, iq e ig) idSNBidSNqidSNcq qqqqccccult ..... 2 1 ........ ++= Posteriormente, Hansen introduziu: Fatores de inclinação do terreno (gc, gq e gg) e Fatores de inclinação da base da fundação (bc, bq e bg). gbidSNBgbidSNqgbidSNcq qqqqqqccccccult ....... 2 1 ............ ++= 40 Fundações • Fatores de correção de forma (Sc, Sq, S). • Fatores de correção de profundidade da fundação (dc, dq e dg). 41 Fundações • Fatores de inclinação de carga 42 Fundações • Fatores de inclinação de carga H = componente horizontal da carga V = componente vertical da carga 43 Fundações• Efeito da excentricidade da carga A excentricidade gera momento em relação ao centro de gravidade da sapata, reduzindo a sua capacidade de carga. Hansen (1961) propôs que nesta situação seja utilizado o artifício de área efetiva equivalente. Para sapata retangular, tem-se: B’= 2(B/2 – eB) L’= 2(L/2 – eL) B’= B – 2eB L’= L – 2eL 44 Fundações 45 Exercício (4º) Considerando os dados abaixo de uma sapata, calcule a capacidade de carga do solo utilizando a Teoria de Hansen (1970): γ‘= 9,31 kN/m³ ϕTriaxial= 42,7° C= 0 0,5 m B= 0,5 m L= 2,0 m 46 Fundações TEORIA DE VESIC (1973, 1975) Vesic tem importantes contribuições para o cálculo da capacidade de carga das fundações superficiais e profundas. Mantendo equações anteriores, propôs para os fatores de capacidade de carga devidos à coesão (Nc) e à sobrecarga (Nq) as mesmas expressões de Hansen. Sugere que na equação de Terzaghi: CSNBCSNqCSNcq qqqcccult .... 2 1 ...... ++= 47 Fundações • Fatores de capacidade de carga 48 Fundações 49 Fundações • Efeitos da forma da sapata 50 Fundações • Efeito da compressibilidade do solo (ruptura local e puncionamento) Cálculo do índice de rigidez crítico (Icrit): ( ) ( ) 245cotg45,03,3exp 2 1 −−= LBIcrit (função do ângulo de atrito do solo e geometria da sapata) 51 Fundações • Efeito da compressibilidade do solo (ruptura local e puncionamento) corretivos fatores Se • IcritIr satisfeita hipótese Se • IcritIr ( ) IrLBcc log6,012,032,0 ++= ( ) ( ) + ++−= sen1 2log.sen07,3 6,04,4exp Ir tgLBcq c = cq Sendo Ir função dos parâmetros de resistência e compressibilidade do solo 52 Fundações 53 Fundações 54 Fundações 55 Fundações 56 Fundações • Influência do nível de água 57 Fundações • Influência do nível de água Caso 1: O nível d’água está entre o nível do terreno e a base da fundação. 58 Fundações • Influência do nível de água Caso 2: O nível d’água está entre a base da fundação e o limite da superfície de ruptura. O B pode ser utilizado como a distância do Bulbo de Tensões (B= 2B). 59 Fundações • Parâmetros do solo Coesão (c) Teixeira e Godoy (1996) Ângulo de atrito (φ) Solos arenosos Godoy (1983) Teixeira (1996) 60 Fundações • Parâmetros do solo (Godoy, 1972) 61 Fundações MÉTODOS DE CÁLCULO DA CAPACIDADE DE CARGA Métodos semiempíricos São métodos que relacionam resultados de ensaios (tais como o SPT, CPT etc.) com tensões admissíveis ou tensões resistentes de cálculo. Devem ser observados os domínios de validade de suas aplicações, bem como as dispersões dos dados e as limitações regionais associadas a cada um dos métodos, NBR 6122 (ABNT, 2019). ▪ São correções propostas a partir de resultados de ensaios in situ; ▪ Alguns métodos estimam a carga última (Pult) e outros a carga admissível, Padm = Pult/FS; ▪ No Brasil predominam os métodos relacionados ao ensaio SPT. 62 Fundações Ao considerarmos todos os elementos isolados de uma fundação direta de uma obra, a capacidade de carga não será constante, inclusive por conta da variabilidade natural do maciço de solo. Teremos diferentes valores de capacidade de carga e poderemos adotar o valor médio (σRméd) como o valor representativo para a fundação. 63 Fundações A profundidade L do bulbo de pressão depende da geometria da sapata: ▪ Para Sapata Circular ou Quadrada: L = 2B ▪ Para Sapata Retangular: L = 3B ▪ Para Sapata Corrida: L = 4B 64 Fundações Obtida essa tensão média de ruptura (da obra ou de cada região representativa), precisamos estabelecer que fração desse valor poderá atuar no solo com segurança mínima à ruptura. Assim, chegamos ao conceito fundamental de tensão admissível (qAdm): FS q q rup adm = Pela norma de fundações (ABNT NBR 6122:2019), para fundações superficiais: 3FS Definimos Tensão admissível como a tensão adotada em projeto que, aplicada ao terreno pela fundação superficial ou pela base de tubulão, atende com coeficientes de segurança (CS ou FS) predeterminados, aos estados-limites últimos (ruptura) e de serviço (recalques, vibrações etc.). Esta grandeza é utilizada quando se trabalha com ações em valores característicos. 65 Fundações Depois de obter a tensão admissível pela análise de ruptura para a obra toda, ou por região representativa, precisamos verificar se não ocorrerão ocorrerão recalques excessivos. Da tensão admissível é possível determinar as dimensões da base da sapata, em planta. 66 Fundações 67 Fundações 68 Fundações 69 Fundações 70 Fundações MÉTODOS DE CÁLCULO DA TENSÃO ADMISSÍVEL ▪ Terzaghi e Peck (1948, 1967); ▪ Meyerhof (1965); ▪ Bowles; ▪ Resistência de ponta. 71 Fundações TERZAGHI E PECK (1948, 1967) Consiste num método baseado no SPT. Eles propuseram que a tensão que provoca um recalque de 1 polegada (sapata em areia), 1pol = 2,54 cm, pode ser obtida com: 2 2 "1 10 3 4,4 + − = B BN qadm Sendo: qadm = tensão, em kg/cm 2, que produz w=1” B = menor dimensão, em pés N = número de golpes no ensaio SPT Terzaghi & Peck (1967) recomendaram que se houvesse nível d’água superficial (Dw= 0), qadm deveria ser reduzida a metade. 72 Fundações MEYERHOF (1965) Consiste num método baseado no SPT que relaciona a tensão aplicada e o recalque de sapatas em areia pela expressão: 8 . adm adm wN q = para 2 "1 12 . + = B BwN q admadm "4B para "4B qadm em kg/cm 2; wadm em polegadas ; B em pés 73 Fundações BOWLES Consiste num método baseado no SPT, onde, este propôs as seguintes modificações: dadm K F N q 1 = paradadm K B FB F N q 2 3 2 + = 4FB para 4FB Sendo 33,133,01 += B D Kd (sugerido por Meyerhof,1965) Fatores Unidade F1 F2 F3 F4 SI 0,05 0,08 0,3 1,2 Fps 2,5 4,0 1,0 4,0 74 Fundações RESISTÊNCIA À PENETRAÇÃO EM SONDAGENS Temos a determinação da tensão admissível de fundações diretas por meio de correlações com valores de resistência à penetração (NSPT) do SPT ou da resistência de ponta (qC) do CPT, lembrando que é sempre questionável a aplicabilidade de correlações empíricas desse tipo. 75 Fundações Com base no valor médio do SPT (em profundidade igual a até duas vezes a largura da fundação “B”, contada a partir da cota de apoio), pode-se estimar o valor da tensão admissível como sendo: ( )MPaNa 02,0= 205 N 76 Fundações Método de Teixeira (1996) ( )MPa N Ba 100 ).4,01(05,0 ++= ▪ Sapatas quadradas de lado B e h = 1,5m; ▪ Areia com peso específico de 18 kN/m³; ▪ Ângulo de atrito igual a (20N)1/2 + 15° ▪ Fator de segurança igual a 3. 77 Fundações Método de Melo (1975) ( )MPaNa )1(1,0 −= ▪ Sem distinção do solo; ▪ N entre 4 e 16. 78 Fundações MÉTODOS DE CÁLCULO DA CAPACIDADE DE CARGA Provas de carga sobre placas Ensaio realizado de acordo com a NBR 6489 (ABNT, 2019), cujos resultados devem ser interpretados de modo a considerar a relação modelo-protótipo (efeito de escala), bem como as camadas influenciadas de solo. 79 Fundações 80 Fundações 81 Fundações 82 Fundações 83 Fundações 84 Fundações 85 Exercício (5º) Para a construção de um edifício de dez andares, foram realizadas sondagens a percussão SPT, cuja sondagem representativa está apresentada ao lado. Indicar qual será a tensão admissível do solo para sapatas quadradas apoiadas, com lado de 3,0 m, na cota – 2,0m. 86 Exercício (6º) Considerando o perfil apresentado na figura seguinte, indique qual a tensão admissível no solo para uma sapata retangular de base 1,5 m x 2,0 m. 87 Dúvidas??? Prof. Pabllo da Silva Araujo – Eng. Civil, Me. 040109036@prof.uninassau.edu.br 88 Slide 1: Fundações AULA 3 – Fundações Superficiais: cálculo da capacidade de carga e tensões admissíveis Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30 Slide 31 Slide 32 Slide 33 Slide 34 Slide 35 Slide 36 Slide 37 Slide 38 Slide 39 Slide 40 Slide 41 Slide 42 Slide 43 Slide 44 Slide 45 Slide 46 Slide 47 Slide 48 Slide 49 Slide 50 Slide 51 Slide 52 Slide 53 Slide 54 Slide 55 Slide 56 Slide 57 Slide 58 Slide 59 Slide 60 Slide 61 Slide 62 Slide 63 Slide 64 Slide 65 Slide 66 Slide 67 Slide 68 Slide 69 Slide 70 Slide 71 Slide 72 Slide 73 Slide 74 Slide 75 Slide 76 Slide 77 Slide 78 Slide 79 Slide 80 Slide 81 Slide 82 Slide 83 Slide 84 Slide 85 Slide 86 Slide 87 Slide 88