Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fundações Capacidade de Carga e Tensão Admissível Prof. Dr. Carlos Petrônio Leite da Silva, Eng. Civil MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE BRASÍLIA. PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO CAMPUS SAMAMBAIA Brasília / DF – 2012 Curso Técnico em Edificações Conceito de Tensão Admissível Segundo a NBR 6122, tensão admissível é a carga que, aplicada à sapata, provoca recalques que não produzem inconvenientes à estrutura e, simultaneamente, oferece segurança satisfatória à ruptura ou escoamento da fundação. Formas de obtenção da Tensão Admissível - Tabelas; - Fórmulas de Capacidade de Carga (métodos empíricos e semi- empíricos); - Prova de Carga (Curva Carga-Recalque – NBR 6122/2010) (NBR 12131/92 para estacas e NBR 6489 para Sapatas) - Sondagem SPT Conceito de Tensão Admissível As fórmulas de capacidade de carga são hoje um instrumento bastante eficaz na previsão da tensão admissível, destacando-se dentre as inúmeras formulações a de Terzaghi, de Meyerhof, de Skempton, e de Brinch Hansen (com colaborações de Vesic). As fórmulas de capacidade de carga são determinadas a partir do conhecimento do tipo de ruptura que o solo pode sofrer, dependendo das condições de carregamento. Tipos de Ruptura Ao se aplicar uma carga sobre uma fundação, pode-se provocar três tipos de ruptura no solo, considerado como meio elástico, homogêneo, isotrópico, semi-infinito: • RUPTURA GERAL; • RUPTURA LOCAL; • RUPTURA POR PUNCIONAMENTO. Ruptura Geral Na ruptura geral, ocorre a formação de uma cunha, que tem movimento vertical para baixo, e que empurra lateralmente duas outras cunhas, que tendem a levantar o solo adjacente à fundação. Na Figura 1 pode-se ver que a superfície de ruptura é bem definida e na Figura 2 nota-se bem um ponto de carga máxima na curva carga x recalque. Ruptura Local Neste tipo de ruptura, forma-se uma cunha no solo, mas a superfície de deslizamento não é bem definida, a menos que o recalque atinja um valor igual à metade da largura da fundação (Figura 3). A ruptura local ocorre geralmente em areias fofas. Ruptura por Puncionamento Quando ocorre este tipo de ruptura nota-se um movimento vertical da fundação, e a ruptura só é verificada medindo-se os recalques da fundação (Figura 4). A ruptura por puncionamento ocorre em solos muito compressíveis, em fundações profundas ou em radiers. Capacidade de Carga Capacidade de carga de uma fundação (σr) é a tensão que provoca a ruptura do solo ou que leva a recalques excessivos que causam danos a superestrutura. A capacidade de carga é a tensão limite que o terreno pode suportar sem escoar (sem romper). A capacidade de carga dos solos não é constante, sendo função dos seguintes fatores: a) da resistência ao cisalhamento do solo, que por sua vez depende da sua composição e do estado em que se encontra; b) da dimensão e mesmo da forma da sapata (sapatas corridas, retangulares, quadradas ou circulares); c) da profundidade da fundação. Capacidade de Carga Teoria de Terzaghi TERZAGHI (1943) desenvolveu uma teoria para o cálculo da capacidade de carga, baseado nos estudos de PRANDTL (1920) para metais. Para tal admitiu algumas hipóteses: • Resistência ao cisalhamento do solo definida em termos da coesão c e do ângulo de atrito φ ; • Peso específico γ constante; • Material com comportamento elasto-plástico perfeito; • Material homogêneo e isotrópico; • Estado plano de deformação. Teoria de Terzaghi Considera-se que a ruptura se dá ao longo de uma cunha, logo abaixo da sapata, seguida de uma curva espiral logarítmica, que segue até a superfície do terreno Equação Básica de Terzaghi Tabelas Terzaghi Gráfico de Fatores Terzaghi Fatores de Capacidade de Carga Existem várias proposições para os cálculos de fatores de capacidade de carga. Contudo, o fator Ng é o mais discutido e estudado em fundações. Propostas de vários autores para determinação dos fatores de capacidade de carga. Proposta de Vesic (1975) para determinação dos fatores de capacidade de carga Fatores de Capacidade de Carga Atualmente é bastante aceitável as equações que definem Nc e Nq como sendo: Contudo existe uma grande quantidade de proposições para a determinação de Ng, pois não existe uma solução fechada para este fator. Atualmente as ferramentas computacionais tem ajudado no estudo mais aprimorado deste fator. Das fórmulas de capacidade de carga de Terzaghi pode-se concluir: Equação Básica de Terzaghi Para solos com ruptura por Puncionamento Para solos com ruptura por puncionamento (areias fofas e argilas moles), face às elevadas deformações, Terzaghi sugeriu tomar valores de coesão e ângulo de atrito reduzidos da seguinte forma: Para solos com ruptura por Puncionamento Obs.: Não há uma solução específica para ruptura local. O que se faz é efetuar os cálculos separados para as hipóteses de ruptura geral e por puncionamento e, depois, fazer a média desses valores, pois a ruptura local é caso intermediário dos outros dois modos de ruptura. Profundidade e Extensão da Superfície de Ruptura (Caputo, 1989) Parâmetros do Solo Em solos saturados, principalmente nas argilas moles, os parâmetros de resistência (coesão e ângulo de atrito interno) dependem das condições de carregamento variando do não drenado (rápido) ao drenado (lento). Em termos de Capacidade de Carga de fundações, geralmente predomina como crítica a condição não drenada, pois a capacidade de carga tente a aumentar com a dissipação das pressões neutras. Perfil de Sondagem Parâmetros do Solo Quando não se dispõem de ensaios de laboratório ou de Campo, pode-se usar as seguintes sugestões: Coesão: C = 10.Nspt (kPa) – (Godoy, 1996). Ângulo de Atrito interno de areia: De Godoy (1983) f = 280 + 0,4.Nspt De Teixeira (1996) f = (20.Nspt)½ + 150 Parâmetros do Solo Estimativa de Ângulo de Atrito para Areias (Mello, 1971) Parâmetros do Solo Peso Específico Se não houver ensaios de laboratório, pode-se adotar o peso específico do solo a partir dos valores aproximados das Tabelas de Godoy (1972), em função da Consistência da Argila e da Compacidade da Areia. Nspt Consistência Peso Específico (kN/m³) ≤ 2 Muito Mole 13 3-5 Mole 15 6-10 Média 17 11-19 Rija 19 ≥ 20 Dura 21 Peso Específico para Solos Argilosos (Godoy, 1972) Parâmetros do Solo Peso Específico Nspt Compacidade Peso Específico (kN/m³) Areia Seca Peso Específico (kN/m³) Areia Úmida Peso Específico (kN/m³) Areia Saturada < 5 5-8 Fofa Pouco Compacta 16 18 19 9-18 Medianamente Compacta 17 19 20 19-40 >40 Compacta Muito Compacta 18 20 21 Peso Específico para Solos Arenosos (Godoy, 1972) Recomendações sobre o uso dos métodos (Bowles, 1996) Nc Nq Ng 0 5,14 1,00 0,00 1 5,38 1,09 0,07 2 5,63 1,20 0,15 3 5,90 1,31 0,24 4 6,19 1,43 0,34 5 6,49 1,57 0,45 6 6,81 1,72 0,57 7 7,16 1,88 0,71 8 7,53 2,06 0,86 9 7,92 2,25 1,03 10 8,35 2,47 1,22 11 8,80 2,71 1,44 12 9,28 2,97 1,69 13 9,81 3,26 1,97 14 10,37 3,59 2,29 15 10,98 3,94 2,65 16 11,63 4,34 3,06 17 12,34 4,77 3,53 18 13,10 5,26 4,07 19 13,93 5,80 4,68 20 14,83 6,40 5,39 21 15,82 7,07 6,20 22 16,88 7,82 7,13 23 18,05 8,66 8,20 24 19,32 9,60 9,44 25 20,72 10,66 10,88 26 22,25 11,85 12,54 27 23,94 13,20 14,47 28 25,80 14,72 16,72 29 27,86 16,44 19,34 30 30,14 18,40 22,40 31 32,67 20,63 25,99 32 35,49 23,18 30,22 33 38,64 26,09 35,19 34 42,16 29,44 41,06 35 46,12 33,30 48,03 36 50,59 37,75 56,31 37 55,63 42,92 66,19 38 61,35 48,93 78,03 39 67,87 55,96 92,25 40 75,31 64,20 109,41 45 133,88 143,88 271,76 50 266,89 319,07 762,89 Fatores de Capacidade de Carga (Vesic, 1975) Fatores de Forma (De Beer, 1967, apud Vesic,1975) Forma da Fundação Fatores de forma Sc Sg Sq Corrida 1,0 1,0 1,0 Retangular 1+(B/L).(Nq/Nc) 1+(B/L) tg f 1 - 0,4(B/L) Circular ou Quadrada 1+(Nq/Nc) 1+tg f 0,60 Â n g u lo d e A tr it o f 40º 30º 20º 10º 50 100 Coesão c (kPa) I – Puncio- namento II – Ruptura Local III – Ruptura Geral Modos de ruptura para solos c-f Exercício Estimar a capacidade de carga de um elemento de fundação por sapata, com as seguintes condições de solo e valores médios no bulbo de tensões: a) Argila rija com Nspt = 18 b) Areia compacta com Nspt = 32 c) Areia Argilosa com f = 25º e c=50kPa Obs.: Valores não drenados -1m B=2m e L=3m Exercício Estimar a capacidade de carga de um elemento de fundação por sapata, com as seguintes condições de solo e valores médios no bulbo de tensões: a) argila mole com Nspt = 4 b) areia pouco compacta com Nspt = 6 c) areia argilosa com f = 20º e c = 10 kPa Obs.: Valores não drenados -1m B=2m e L=3m Exercício Estimar a capacidade de carga de um elemento de fundação por sapata, com as seguintes condições de solo e valores médios no bulbo de tensões: a) Argila mole com Nspt = 4 b) Areia fofa com Nspt = 3 c) Areia Argilosa com f = 20º e c=10kPa Obs.: Valores não drenados -2m B=2m e L=3m Exercício Estimar a capacidade de carga de um elemento de fundação por sapata, com as seguintes condições de solo e valores médios no bulbo de tensões: a) Argila mole com Nspt = 4 b) Areia pouco compacta com Nspt = 6 c) Areia Argilosa com f = 20º e c=10kPa, g =16 kN/m³, gsat =19 kN/m³ Obs.: Valores não drenados -2m B=2m e L=3m NA Exercício Estimar a capacidade de carga de um elemento de fundação por sapata, com as seguintes condições de solo e valores médios no bulbo de tensões: a) Argila média com Nspt = 9 b) Areia medianamente compacta com Nspt = 14 c) Argila arenosa com f = 20º e c=20kPa Obs.: Valores não drenados -1m B=2m e L=3m Influência da Água A presença de água altera o peso específico do solo. De acordo com a profundidade zw do nível d´água em relação ao nível do terreno, o peso específico g a ser considerado na expressão de Terzaghi será: Influência da Água Quanto à influência da água na sobrecarga q, a ser considerada na expressão de Terzaghi, devem-se fazer as seguintes considerações: Tensão Admissível – NBR 6122/2010
Compartilhar