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livro (8)meio ambiente e sustentabilidade

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GESTÃO AMBIENTAL
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Renata Laranjeiras Gouveia
Indaial - 2021
2ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Copyright © UNIASSELVI 2021
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
G719g
 Gouveia, Renata Laranjeiras
 Gestão ambiental. / Renata Laranjeiras Gouveia. – Indaial: 
UNIASSELVI, 2021.
 141x p.; il.
 ISBN 978-65-5646-193-9
 ISBN Digital 978-65-5646-190-8
1. Gestão ambiental. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da 
Vinci.
CDD 658.4013
Impresso por:
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Jairo Martins
Marcio Kisner
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL ....................7
CAPÍTULO 2
GESTÃO AMBIENTAL ....................................................................53
CAPÍTULO 3
INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL ................................98
APRESENTAÇÃO
Prezado estudante, o livro Gestão Ambiental tem, como objetivo principal, 
nortear os seus conhecimentos em relação à importância do meio ambiente para 
as sociedades. Percorreremos um caminho de descobertas e de entendimento a 
respeito da forma como a sociedade lida com as questões ambientais e as formas 
de gerir os recursos naturais, respeitando o equilíbrio ambiental.
Você já deve ter escutado diversos termos ambientais, e o livro ajudará 
a entender melhor de que forma você poderá aplicar nas suas atividades 
laborais e no seu dia a dia. Dessa forma, o livro foi pensado de maneira com 
que o seu pensamento seja construído aos poucos, alicerçado em uma gama de 
conhecimentos que abarca o tema.
Pensar em meio ambiente é pensar em vida, portanto, essa é uma temática 
que merece destaque em qualquer formação profissional. 
O livro está dividido em três capítulos, que seguirão uma ordem cronológica 
de pensamento para que você vá internalizando os conhecimentos e progredindo 
com o estudo. O livro possui objetivos de conteúdo, atividades de estudos, dicas, 
sugestões e recomendações.
O primeiro capítulo tratará da evolução histórica da questão ambiental. 
Falaremos de como o homem vem lidando com a natureza ao longo dos anos e 
todo um arcabouço de conferências internacionais que atuam na mediação dessa 
relação. Também será possível entender o desenvolvimento sustentável, suas 
premissas e objetivos e analisar como o nosso estilo de vida deixa uma pegada 
ecológica no planeta.
No segundo capítulo, serão conhecidos os sistemas de gestão ambiental, 
como eles funcionam, dentro das empresas, através da responsabilidade social 
empresarial, além dos aspectos gerais das legislações ambientais pertinentes no 
Brasil. A economia ambiental também será tema deste capítulo, demonstrando 
os antecedentes da economia da natureza e os principais vieses dos métodos de 
valoração ambiental.
O terceiro capítulo está voltado aos instrumentos da gestão ambiental. 
Nele, você aprenderá as principais certificações ambientais e o gerenciamento 
ambiental. Entenderá os impactos ambientais e as formas de atuar no controle 
da poluição. Também abordaremos a respeito da avaliação de impacto ambiental, 
licenciamento ambiental, estudo de impacto ambiental e relatório de impacto do 
meio ambiente, importantes instrumentos de conservação do meio ambiente. 
Finalizaremos nosso livro com estudos da educação ambiental e dos diferentes 
contextos em que ela pode atuar.
CAPÍTULO 1
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO
AMBIENTAL
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• Relatar a trajetória percorrida na relação do homem com a natureza.
• Apresentar as conferências internacionais que mediam a relação do homem 
com a natureza.
• Conhecer o desenvolvimento sustentável, suas premissas e objetivos.
• Analisar como a evolução do pensamento contribuiu para a relação do homem 
com a natureza.
• Examinar as conferências internacionais, seus entraves e desafi os para a 
preservação/conservação dos ecossistemas.
• Questionar atitudes sustentáveis no dia a dia e nas suas atividades laborais.
• Conhecer como funciona a pegada ecológica, além dos impactos.
• Entender, através da pegada ecológica, o impacto do consumo humano nos 
recursos naturais.
• Analisar os modos de produção e consumo no planeta.
8
 GESTÃo AmBiENTAL
9
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Caro estudante, o livro de Gestão Ambiental tem, como propósito, ser um 
guia nas questões relacionadas com o meio ambiente. Nele, você aprenderá 
conceitos e ferramentas que ajudarão na sua formação.
A gestão ambiental, assim como o nome já diz, estuda formas de gerir o 
meio ambiente. É atuar nas ações, no planejamento das organizações, para que 
não causem impactos negativos ao meio ambiente com as atividades, mas, se o 
impacto já tiver ocorrido, atuar na remediação ou na minimização dos danos.
Para entendermos como a gestão ambiental funciona, começaremos 
aprendendo o que é o meio ambiente, a sua importância para os homens e para 
os ecossistemas. Conheceremos a trajetória das conferências mundiais que 
permeiam a base da discussão da relação do homem com a natureza. Ainda, 
analisaremos como a Revolução Industrial marca uma nova era nessa relação.
Conheceremos o desenvolvimento sustentável e entenderemos a sua 
importância para um planeta mais justo, que defende os recursos naturais e 
que protege os cidadãos. Deve servir de suporte para a criação de legislações 
e normas ambientais, que veremos mais adiante. Por fi m, analisaremos a nossa 
pegada ecológica e as atitudes que podemos ter para viver de forma mais 
harmônica com a natureza.
Preparados para iniciar?! Então, pegue o seu chá ou café, em um copo 
reutilizável, e vamos iniciar o nosso primeiro capítulo de estudos.
2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA 
QUESTÃO AMBIENTAL
Olá, aluno! Começaremos a nossa conversa entendendo como o homem 
vem utilizando a natureza para a sobrevivência desde o período pré-histórico até 
os dias atuais. Preparados?! Vamos lá, compartilhar saberes e experiências!
O homem sempre precisou se relacionar com o meio ambiente para a 
sobrevivência, sejam aqueles homens primitivos que usavam a pesca e a caça 
para a alimentação, ou hoje em dia, com o homem que utiliza a natureza não 
apenas para se alimentar, mas, também, como forma de energia, de trabalho e 
renda. 
10
 GESTÃo AmBiENTAL
Nossos antepassados eram nômades e viviam buscando as condições 
favoráveis da natureza para adaptação, pois dependiam das condições naturais 
para o estabelecimento. Viviam em harmonia com a natureza e só retiravam dela 
o que era estritamente necessário à sobrevivência. A natureza era a força maior e, 
por muitas vezes, temida pelo homem.
Com o tempo, o homem pôde se estabelecer, adaptando-se ao ambiente 
natural. Na Idade Média, inicia-se um processo de separação da natureza humana 
da não humana, e, com isso, modifi ca-se a visão que o homem tinha sobre a 
natureza na gênese da formação. A ciência experimental trouxe a necessidade 
de comprovação científi ca de toda evidência, como métodos fundamentais 
para a construção do conhecimento. O homem deixa de ser fundamentalmente 
ligado à natureza e busca instrumentos para a dominar, apropriar e adaptar às 
necessidades (NAVES; BERNARDES, 2014). 
Para conhecer os diferentes conceitos denatureza, meio 
ambiente, ambiente, recursos naturais e recursos ambientais, não 
deixe de ler o artigo disposto a seguir: http://www.iea.sp.gov.br/out/
publicacoes/pdf/asp-2-04-2.pdf. Esse artigo é base fundamental para 
esta disciplina.
Sempre existiram diversos tipos de usos dos recursos naturais (vegetais 
e animais para alimentação, uso do solo para plantio, vento para navegação, 
matéria-prima para fabricação de produtos etc.), porém, o que se vê, nos dias 
atuais, é que a exploração da natureza tomou um rumo sem precedentes, e a 
disponibilidade que se tinha antes, dos recursos naturais, não é mais a mesma. O 
que mudou na relação que tínhamos com a natureza com a que temos hoje?
O homem passa a enxergar a natureza com uma visão antropocêntrica. O 
homem que está no centro do universo e a natureza devem servir para satisfazer 
às necessidades.
11
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL Capítulo 1 
Meio Ambiente: conjunto de condições, leis, infl uências e 
interações de ordens física, química e biológica que permite, abriga 
e rege a vida em todas as suas formas. Conjunto de condições, leis, 
infl uência e interações de ordens física, química, biológica, social, 
cultural e urbanística, que permite, abriga e rege a vida em todas as 
suas formas (CONAMA N° 306, 2002). Circunvizinhança em que uma 
organização opera, incluindo-se ar, água, solo, recursos naturais, 
fl ora, fauna, seres humanos e suas inter-relações (ISO 14001, 2004).
Gostaríamos que você refl etisse a respeito de algumas questões. Já parou 
para pensar na sua atitude diante do meio ambiente? A sua forma de vida, de 
consumo, é sustentável? Pode ser que você responda sim, mas acreditamos 
que a maioria das pessoas não parou para analisar como o seu estilo de vida 
pode impactar. Você pode estar se questionando: mas eu não tenho nada a 
ver com isso, são as empresas que poluem e, consequentemente, degradam 
o meio ambiente. Você tem razão em certa parte. As empresas são as maiores 
causadoras de impacto ambiental, de degradação do meio ambiente, mas nós, 
eu e você, também podemos contribuir, positiva ou negativamente, com o meio 
ambiente.
Agora, entenderemos como ocorreu a revolução industrial e como ela 
ocasionou mudanças no estilo de vida da população, além da relação com o meio 
ambiente. Vamos lá?!
2.1 O HOMEM E A NATUREZA: A 
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
O ser humano, diferente de outros animais, possui algo em especial, 
a consciência, e ela fez, também, com que o homem criasse um senso de 
adaptabilidade incrível, o que vem permitindo a sobrevivência. Como disse 
Charles Darwin, quem sobrevive não é o mais forte, mas o mais adaptado. 
Ao longo dos anos, o homem vem modifi cando tudo ao redor, criando peças, 
equipamentos que pudessem facilitar a vida e multiplicar a força. Por exemplo, 
ao invés de levar produtos com a mão, com o advento da roda, pôde multiplicar a 
força.
12
 GESTÃo AmBiENTAL
A Primeira Revolução industrial (1760-1840) tem estopim no 
mesmo período da Revolução Francesa. Iniciada na Inglaterra, trouxe 
grandes transformações e desenvolvimento tecnológico, e, aos 
poucos, foi se alastrando por todo o mundo. A relação do homem com 
a natureza foi completamente modifi cada, pois os modos de produção 
foram alterados e elevados a uma escala muito maior, o que gerou 
muito consumo dos recursos naturais disponíveis.
Na pré-história, o homem utilizava a natureza para a alimentação 
familiar e a criação de alguns utensílios para caçar e pescar, mas, com 
a Revolução Industrial, essa relação passa a ser alterada de forma 
defi nitiva. Não seria usada mais apenas para a subsistência, mas para 
sustentar padrões de consumo que não respeitavam o tempo de renovação dos 
recursos na natureza.
A Revolução Industrial fez crescer a esperança de grandes oportunidades de 
trabalho e de qualifi cação. Trabalhos que demoravam dias para serem realizados, 
e que necessitavam de muitos trabalhadores, aconteciam em poucas horas, ou, 
até mesmo, em minutos. Para Bursztyn e Bursztyn (2012), a mecanização, o 
desenvolvimento da siderurgia, o amplo uso de energia e de recursos naturais, 
além da urbanização, marcam a era. 
O que dependia, antes, da força muscular, foi, aos poucos, sendo substituído 
pelas máquinas e pelas fábricas. Tem-se o tear a vapor, que substituiu milhares 
de artesãos que dependiam da venda desse produto para a sua sobrevivência e a 
dos seus familiares. Os trabalhadores que viviam desse tipo de trabalho passaram 
a adquirir novas habilidades, transformaram-se em operadores de máquinas. 
Também tiveram que se adaptar à disciplina de se trabalhar em uma fábrica.
A agilidade de produção fez com que fosse necessário, cada vez mais, o 
uso de matérias-primas para fabricação de produtos e, por consequência, a 
utilização dos recursos naturais se deu de forma exploratória. A eletricidade, o 
descaroçador de algodão e as ferrovias transcontinentais, por exemplo, mudaram, 
permanentemente, a sociedade e a sua relação com o meio ambiente.
O ferro e o aço foram materiais sempre presentes nas produções, 
novas fontes de energia passaram a ser utilizadas, incluindo os 
combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo. Destaca-se, também, 
a crescente aplicação da ciência na indústria, além da produção em 
massa de bens manufaturados e do aumento do uso dos recursos 
naturais.
Inúmeros impactos ambientais puderam ser registrados com essa 
A relação do homem 
com a natureza 
foi completamente 
modifi cada, pois os 
modos de produção 
foram alterados e 
elevados a uma 
escala muito maior, 
o que gerou muito 
consumo dos 
recursos naturais 
disponíveis.
Inúmeros impactos 
ambientais puderam 
ser registrados com 
essa alteração na 
dinâmica da relação 
homem x natureza 
(poluição das águas, 
dos solos, do ar, 
esgotamento de 
recursos naturais).
13
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL Capítulo 1 
alteração na dinâmica da relação homem x natureza (poluição das águas, dos 
solos, do ar, esgotamento de recursos naturais). Aumentou a quantidade de 
pessoas que foi morar nas cidades em busca de empregos, porém, em muitos 
lugares, o crescimento se deu de forma desordenada, com ausência de sistemas 
de saneamento básico e coleta de lixo. A poluição do ar e da água vinha da 
queima do carvão e dos estágios de produção dentro das fábricas, da produção 
de metais e da utilização de produtos químicos. Doenças de veiculação hídrica 
passaram a ser frequentes, como a febre tifoide e a cólera.
Assista ao vídeo A história das coisas, no qual é possível 
conhecer como se dá o processo produtivo capitalista (extração, 
produção, consumo e descarte), além dos impactos socioambientais 
que são gerados. O vídeo pode ser acessado em https://www.
youtube.com/watch?v=7qFiGMSnNjw.
O modo de produção capitalista, baseado no acúmulo das riquezas, da 
utilização predatória do meio ambiente com a Revolução Industrial, transformou 
as sociedades. A ideia de crescimento econômico e desenvolvimento leva a um 
alto consumo de produtos, o que gera muita utilização dos recursos naturais.
 Diante dos impactos do novo estilo de vida das populações e do crescimento 
das indústrias, 1962 é marcado pelo lançamento do livro Primavera Silenciosa. O 
que esse livro tem de tão especial que gostaríamos que você conhecesse? É um 
marco, um livro que altera o curso da história.
Primavera Silenciosa foi escrito pela bióloga marinha Rachel 
Carson, e, a partir dele, dá-se o início do movimento ambientalista. O 
livro faz uma forte crítica à indústria química produtora de pesticidas, 
abordando como esses produtos alteravam os processos celulares das 
plantas, ocasionavam a morte de animais e colocavam a saúde dos 
seres humanos em risco.
De onde vem o título Primavera Silenciosa? Leia uma pequena 
resenha do livro para entender de onde surgiu esse nome.
Primavera 
Silenciosa foi escrito 
pela bióloga marinha 
Rachel Carson, e, a 
partir dele, dá-se o 
início do movimento 
ambientalista.14
 GESTÃo AmBiENTAL
Resenha Primavera Silenciosa
Havia um tempo em que tudo se harmonizava. Fazendas 
prósperas com muitos pomares, plantações, fl ores belas, animais, 
peixes, aves, tudo em perfeita harmonia, até a chegada dos 
colonizadores, que ali se instalaram. Um tempo depois, apareceram 
doenças misteriosas que acometiam animais, plantas e pessoas. 
Tudo fi cou mais difícil, pois não conseguiam colher frutos e criar 
animais, tudo estava devastado, tudo parecia sombrio, algo que 
assustava e preocupava os colonizadores. 
Desde o advento da indústria química, com a revolução verde, 
os seres humanos passaram a ser obrigados ao contato com 
substâncias químicas perigosas, desde o nascimento até a morte: 
DDT, BHC, aldrin, heptacloro etc., os chamados organoclorados da 
família dos poluentes persistentes orgânicos (POPs). O DDT foi um 
composto químico muito utilizado até a década de 1970 (no Brasil, 
apenas recentemente banido), cujas moléculas se alojam na camada 
lipídica do corpo. São persistentes e podem ser encontrados nos 
pássaros, na carne dos peixes, dos animais diversos e no solo. Até o 
ar puro leva e traz essa poeira química. 
Os pássaros estavam se tornando estéreis, pondo ovos sem 
fecundar, as minhocas apareceram mortas, os animais sumindo e 
uma paisagem cada vez mais pobre de vida. A chegada da primavera 
já não é mais anunciada pelo canto dos pássaros, e as madrugadas 
se tornaram silenciosas. Ar, terra, rios e mares já estavam 
contaminados, e, com isso, o próprio homem se obrigou a viver em 
meio ao caótico desequilíbrio.
Se, antes, a preocupação dos humanos era com as “pestes” 
que ali circulavam, hoje, a preocupação se remete à saúde pública. 
Diversas doenças “modernas” surgiram ou aumentaram os índices 
(como certos tipos de câncer e disfunções metabólicas) decorrentes 
do uso exacerbado dos pesticidas, fungicidas e todos os tipos de 
insumos químicos que foram introduzidos na natureza. Os inseticidas 
aplicados anteriormente já não fazem tanto efeito e, com isso, os 
agricultores buscam aumentar a dose, ou usar outros químicos, 
chamados de menos tóxicos, para combater, novamente, todas as 
pragas. 
15
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL Capítulo 1 
Carson nos deixa refl etir acerca do uso de métodos não 
destrutivos da natureza, considerando todo o conhecimento científi co 
que se tem do que ocorreu no passado. Apesar de todas essas 
abordagens novas, devemos ter a consciência de que estamos 
lidando com vidas e ter cuidado com esse “controle da natureza”, 
pois as armas químicas contra os insetos são armas contra nós 
mesmos e a Terra.
FONTE: SACCOMANI, R.; MARCHI, L. F. B.; SANCHES, R. A. 
Primavera silenciosa: uma resenha. Revista Saúde em Foco, v. 1, n. 
1, p. 1, 2018.
Como você pôde entender em Primavera Silenciosa, não existe atitude, que 
ocorra de forma isolada, que não traga malefícios ao todo, à biosfera. Nossas 
atitudes, por mais que sejam simples, ao serem somadas com as das outras 
pessoas, atuam no desequilíbrio ambiental. Imagine se tratando de indústrias que 
têm os potenciais de poluir e degradar o meio ambiente de maneira bem mais 
voraz. 
A Revolução Verde teve início em 1950, no México, e trouxe inovações 
tecnológicas para a agricultura, como pesquisas com sementes, fertilização do 
solo, mecanização do campo e o massivo uso de agrotóxicos. Esse fato é o 
propulsor para a morte de animais e prejuízos na saúde humana. 
Antes de continuarmos, leia alguns conceitos técnicos de ecologia, a seguir. 
Eles serão fundamentais para entender como o meio ambiente funciona.
Indivíduo: cada ser vivo de uma espécie.
População: conjunto de indivíduos.
Comunidade: conjuntos de populações de várias espécies que 
compõem um habitat.
Ecossistema: conjunto de todas as comunidades que interagem 
com os fatores abióticos (ar, água, solo, temperatura).
Biosfera: conjunto de todos os ecossistemas.
16
 GESTÃo AmBiENTAL
Ecologia: ciência que estuda as relações entre os seres vivos e, 
destes, com o meio ambiente em que vivem.
Preservação: intocável, visa à integridade.
Conservação: proteção dos recursos naturais, porém, com a 
utilização racional.
 Dez anos após o lançamento do livro Primavera Silenciosa, em 1972, um outro 
livro ganha destaque no cenário mundial, intitulado de Limites do Crescimento. 
Essa obra abordou grandes problemas da época, como o elevado crescimento 
populacional, saneamento, poluição, energia, saúde e meio ambiente.
O livro foi encomendado pelo Clube de Roma, com a liderança do pesquisador 
Dennis Meadows, sendo fruto do MIT (Instituto Tecnológico de Massachussetts), 
onde simulou, a partir de modelos computadorizados, as consequências do 
elevado crescimento populacional em um planeta com os recursos ambientais 
esgotáveis.
O Clube de Roma foi criado em 1968 pelo italiano Aurelio Peccei 
e pelo cientista escocês Alexander King, com o intuito de promover 
refl exões acerca do futuro da humanidade e do planeta. Os membros 
desse clube são personalidades de diferentes comunidades, como 
políticos, cientistas, empresários, acadêmicos, religiosos etc.
Também conhecido como Relatório Meadows, o livro mostrou que a 
população estava crescendo de forma exponencial, enquanto a produção de 
alimentos não poderia crescer dessa maneira. Assim, uma das conclusões era 
que se os crescimentos populacional e econômico continuassem a ocorrer dessa 
forma, os recursos naturais do planeta entrariam em colapso antes de 2070.
Outras conclusões seriam de que essa tendência era possível de ser alterada 
com as estabilizações econômica e ecológica e que as pessoas deveriam ter, 
como meta, a procura pela estabilização. O crescimento exacerbado da população 
ocasionaria falta de alimentos, pois as terras cultiváveis fi cariam extintas, devido 
à alta demanda, assim como não haveria mais água potável em quantidade e 
qualidade para toda a população.
17
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL Capítulo 1 
Na época, os dados geraram grande alvoroço e muitos criticavam as 
conclusões, principalmente, pela adoção do crescimento zero para todos os 
países. Entretanto, o que se percebe é que as conclusões continuam, apesar de 
não sido concretizadas, fazem sentido. Encaminhamo-nos para o esgotamento 
dos recursos naturais, devido à exploração desenfreada e aos elevados 
crescimentos econômico e populacional do planeta.
Uma exploração econômica que não respeita o ciclo natural dos recursos 
naturais leva à exaustão.
É preciso fi nalizar este tópico abordando as quatro fases da revolução 
industrial, estabelecendo uma cronologia das características das revoluções, 
ressaltando aspectos e elementos importantes para a discussão ambiental.
A primeira revolução (1760-1840) trouxe mudanças nos setores econômico e 
social, nos quais se iniciaram a construção mecânica e a expansão das indústrias. 
Na segunda revolução (1850-1945), novas técnicas de produção são utilizadas e 
se tem o petróleo utilizado como combustível. Máquinas e fertilizantes químicos 
na agricultura são utilizados. A terceira revolução (1950-1970) também é chamada 
de revolução do computador. O uso da internet cresce e há grandes integrações 
econômica e política. A quarta revolução (1970-dias atuais) é direcionada à 
inteligência artifi cial e à aprendizagem de máquinas.
FIGURA 1 – AS QUATRO FASES DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
FONTE: <https://www.bwexpo.com.br/a-industria-de-agua-e-efl uentes-
esta-pronta-para-a-era-pos-digital/>. Acesso em: 15 jun. 2020.
A apropriação dos recursos naturais tem se tornado cada vez mais intensa 
ao longo das revoluções industriais, e, com isso, a degradação ambiental 
e os impactos negativos se tornaram mais evidentes. Apesar do constante 
18
 GESTÃo AmBiENTAL
aprimoramento dos meios de produção, das tecnologias cada vez mais de ponta, 
o despertar para a preservação do meio ambiente ainda não é efetivo. 
Alguns países ainda acreditam que o crescimento econômico precisase dar 
a todo custo (sem se preocupar com a degradação ambiental). Se as atitudes 
contrárias ao meio ambiente, com a exploração desenfreada dos recursos naturais 
ocasionada por alguns países, só eles devem arcar com as consequências? 
Não. Os impactos podem até ser locais, mas as consequências são globais, 
e já estamos colhendo esses frutos. Enchentes, baixa qualidade do ar, água 
com pouca qualidade e quantidade, solos inférteis, surgimentos de doenças e 
aquecimento da temperatura da terra são apenas alguns dos exemplos do que já 
estamos vivenciando, e se essa dinâmica não for alterada, outros mais ocorrerão.
1 - Considerando os resultados obtidos no Relatório Meadows, 
com o mundo entrando em colapso pelo constante crescimento 
populacional e pela falta de terras férteis, quais seriam os motivos 
para esse fato ainda não ter se concretizado?
R.:
2 - Com relação aos problemas percebidos no livro Primavera 
Silenciosa, Rachel Carson verifi cou uma mudança signifi cativa 
no meio ambiente após observações intensas. Diante desse 
contexto, qual a contribuição do livro Primavera Silenciosa em 
relação ao meio ambiente?
R.:
3 - A relação do homem com o meio ambiente vem se modifi cando ao 
longo dos anos, e, com isso, diversos impactos são ocasionados 
na natureza. Com relação à pandemia da COVID-19, quais são 
os impactos ambientais ocasionados para o surgimento dessa 
nova doença?
R.:
19
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL Capítulo 1 
2.2 TOMADA DE CONSCIÊNCIA DA 
QUESTÃO AMBIENTAL
Você está percebendo que começamos a nossa conversa desde quando 
se iniciou a relação do homem com a natureza, partindo para as revoluções que 
marcaram a história da humanidade, marcando, também, a forma como o homem 
passou a olhar para a natureza. Continuaremos com essa linha de raciocínio e 
seguiremos para conhecer as conferências mundiais que mediam essa relação. 
Entenderemos os documentos e os acordos que foram gerados nesses momentos 
e a contribuição para a conservação do meio ambiente.
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano
Conhecida como Conferência de Estocolmo, é o marco inicial dos debates 
das relações do homem com a natureza. Surgiu como uma tentativa de mediar a 
forma como os homens usavam a natureza para satisfazer necessidades.
Foi realizada em 1972, na Suécia, na cidade de Estocolmo. Contou com 
a participação de representantes de governo de 113 países, organizações não 
governamentais, organizações intergovernamentais e população. 
Já eram notáveis os efeitos negativos que a industrialização causava no 
meio ambiente. Adensamento populacional e urbanização elevavam os níveis da 
poluição e da degradação dos recursos naturais. O crescimento era inevitável, 
porém, precisava-se criar regras, normas, a fi m de estabelecer parâmetros para a 
exploração.
A Conferência de Estocolmo gerou uma declaração e um plano de ação para 
o meio ambiente humano, com 109 recomendações. Como era de se esperar, 
existiram muitos impasses e desafi os em relação aos países que não aceitaram 
muito bem essas recomendações.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) foi criado 
nessa conferência. Seus principais objetivos são: manter o estado do meio 
ambiente global sob contínuo monitoramento, alertar as nações a respeito das 
ameaças ao meio ambiente e recomendar medidas que melhorem a qualidade de 
vida da população, sem comprometer a integridade dos recursos naturais (ONU, 
2020).
Como afi rma Jankilevich (2003), apesar dos avanços que foram considerados 
em relação aos problemas ambientais e à sensibilização mundial, os países 
20
 GESTÃo AmBiENTAL
industrializados tinham que a contaminação, com consequente deterioramento 
ambiental, era um mal necessário para que houvesse crescimento econômico, 
além de benefícios.
Se pararmos agora e olharmos ao nosso redor, as empresas e indústrias que 
nos cercam, podemos ver que esse pensamento ainda prevalece até hoje, mas, 
calma, há empresas que já mudaram o seu olhar em relação ao meio ambiente 
e atuam de forma responsável com a natureza. Você conhece alguma empresa 
assim?
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e 
Desenvolvimento (CNUMAD)
Essa conferência fi cou mais conhecida como Eco-92 ou Rio-92, foi realizada 
no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, em 1992. Ela marca 20 anos desde a 
Conferência de Estocolmo, e teve o intuito de avaliar os andamentos, entraves e 
desafi os que marcaram o período.
Líderes de 179 países, organizações não governamentais e ambientalistas 
participaram da Eco-92. Foram dias intensos de muitos debates.
De acordo com Bursztyn e Bursztyn (2012), os objetivos da conferência 
foram:
• Examinar a situação ambiental do mundo e as mudanças ocorridas 
depois da Conferência de Estocolmo.
• Identifi car estratégias regionais e globais para ações apropriadas 
referentes às principais questões ambientais.
• Recomendar medidas a serem tomadas nos âmbitos nacional e 
internacional, relativas à proteção ambiental.
• Promover o aperfeiçoamento dos protocolos ambientais internacionais.
• Examinar estratégias de promoção de desenvolvimento sustentável.
Na Eco-92, foram assinados cinco documentos que serviram de diretrizes 
e metas para os países alcançarem nos anos seguintes da conferência. Você 
conhecerá um pouco desses documentos agora.
Convenção da Biodiversidade (CDB)
 Os objetivos deste documento foram a conservação da biodiversidade e 
o uso sustentável dos recursos. A conservação in situ dos ecossistemas e dos 
habitats naturais é fundamental para a sustentação das características ecológicas 
de cada região e das suas funções dentro de um ecossistema. No Brasil, o CDB 
21
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL Capítulo 1 
foi aprovado pelo Decreto Legislativo 2, de 1994, e, posteriormente, promulgado, 
através do Decreto n° 2.519/1998.
O documento apontou que cada país tem soberania sobre os recursos 
genéticos contidos no território, além de ter o dever da preservação. Não 
se trata, apenas, da proteção da biodiversidade, mas da regularização dos 
desenvolvimentos social e econômico sustentáveis por parte de quem utiliza os 
recursos naturais do planeta.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2000), a convenção foi estruturada 
em três pontos:
1- A conservação da diversidade biológica.
2- O uso sustentável da biodiversidade.
3- A repartição justa e equitativa dos benefícios da utilização dos recursos 
genéticos.
O Brasil não fi cou muito satisfeito com os resultados da convenção, pois 
sabe-se que os países industrializados já consumiram grande parte dos seus 
recursos naturais, devido ao elevado grau de produção e consumo. Além disso, 
com relação ao recurso natural existente nos países em desenvolvimento e 
subdesenvolvimento, em que mãos cairia? Como poderiam provar que uma 
espécie utilizada para uma fi nalidade por uma empresa de outro país foi retirada 
do seu território? E se não for possível haver um acordo quanto à participação 
nos resultados entre a empresa detentora do conhecimento científi co e o país 
soberano? (NOVAES, 1992).
Convenção-Quadro das Mudanças Climáticas
Esta convenção debateu a respeito das alterações do clima, que já se 
mostravam notáveis naquela época, e teve, como objetivo, a diminuição do 
lançamento dos gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera. Os principais gases 
de efeito estufa são: vapor d’água, ozônio (O3), dióxido de carbono (CO2), metano 
(CH4), óxidos de nitrogênio (NOx) e eclorofl uorcarbonos (CFCs).
O aumento das atividades industriais e agrícolas demanda grandes usos de 
energia. Deu-se por uma matriz energética que queima combustíveis fósseis para 
a geração. Ainda, somado a esse fator, tem-se o aumento do desfl orestamento, 
fatos que contribuíram para o lançamento de GEEs na atmosfera. Os países 
desenvolvidos abarcam a maior parcela da poluição, devido aos modos de 
produção.
22
 GESTÃo AmBiENTAL
 A proposta era a redução dessesgases em 20% até 2000, meta que foi 
refutada por um dos países que mais polui, os Estados Unidos.
Em 1997, foi realizada, no Japão, na cidade de Kyoto, a terceira Conferência 
das Partes (COP3). Nessa conferência, foi trazido tudo que se havia debatido na 
Eco-92 em relação às mudanças climáticas, o que gerou o chamado Protocolo 
de Kyoto. Esse protocolo defi niu que os países industrializados deveriam reduzir 
suas emissões atmosféricas de GEEs em 5,2%, em um comparativo com o ano 
de 1990. Era necessário que, pelo menos, 55 países assinassem esse documento 
para que ele tivesse validade, e, assim, pudessem eliminar 55% das emissões 
que estavam sendo lançadas na atmosfera até 2012. 
Você sabe o que é efeito estufa? Por que sempre o associamos 
a algo ruim? O efeito estufa é essencial para que se tenha vida no 
nosso planeta. Sem ele, as temperaturas seriam tão baixas que nós 
não teríamos como sobreviver. Assim, qual é toda polêmica que 
envolve esse evento? O sol emite energia ao planeta, parte dela 
é absorvida e, a outra, é refl etida. São os gases de efeito estufa 
(GEE) que conseguem manter parte desse calor na atmosfera 
para que a temperatura seja mantida em condições favoráveis 
ao desenvolvimento da humanidade. O problema está no grande 
lançamento de GEE na atmosfera, devido, principalmente, à queima 
de combustíveis fósseis, desmatamento e atividades industriais que 
têm aumentado o efeito estufa, e, consequentemente, a temperatura 
da Terra.
Essas metas variavam entre os países. De acordo com o processo de 
desenvolvimento, os Estados Unidos teriam que reduzir 7% e a União Europeia 
8%, e outros países poderiam aumentar os lançamentos, como a Islândia (10%) e 
a Austrália (8%). 
O prazo para encerrar o protocolo seria no fi m de 2012, porém, no mesmo 
ano, foi realizada, no Qatar, a COP18, e novas metas foram estabelecidas no 
combate às mudanças climáticas. O novo acordo previu a redução de 18% das 
emissões de GEEs nos países desenvolvidos em relação a 1990 até 2020, porém, 
Estados Unidos, Canadá, Rússia, Nova Zelândia e Japão não aderiram a essa 
nova etapa do protocolo, enfraquecendo o processo.
23
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL Capítulo 1 
A seguir, retrataremos os países que mais lançaram CO2 na atmosfera, 
destacando-se China, Estados Unidos, Índia e Rússia
FIGURA 2 – EMISSÃO GLOBAL DE DIÓXIDO DE CARBONO 
NA ATMOSFERA (MEGATONELADAS) EM 2018
FONTE: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-50811386>. Acesso em: 29 maio 2020.
Princípios da Gestão Sustentável das Florestas
Este foi um documento criado sem força jurídica, com o intuito de serem 
estabelecidos uma gestão e um gerenciamento das fl orestas mundiais de forma 
sustentável, para a preservação e a conservação desse recurso natural tão 
fundamental para as diversas atividades ecossistêmicas.
Foram elaborados 15 princípios dentro do documento. Dentre eles, 
destacam-se os seguintes temas: os Estados têm direito soberano sobre os 
recursos fl orestais que estão no seu território, gerindo os recursos e atendendo 
às próprias necessidades; as políticas fl orestais precisam respeitar a cultura dos 
povos indígenas que lá vivem; e as mulheres têm que fazer parte dos processos 
de gestão e de tomada de decisão. De acordo com o documento, as fl orestas são 
fontes de bens e serviços, necessitando de um uso sustentável que garanta a 
conservação.
Os países em desenvolvimento devem contar com o apoio fi nanceiro dos 
países desenvolvidos e cooperação técnica para a implementação de programas 
e políticas nacionais. É preciso refl etir, um pouco, a respeito do Princípio 4:
24
 GESTÃo AmBiENTAL
O papel vital de todos os tipos de fl orestas na manutenção dos 
processos ecológicos e equilíbrio nos níveis local, nacional, 
regional e global, através, nomeadamente, do papel da proteção 
de ecossistemas frágeis, bacias hidrográfi cas e recursos 
de água doce, ricos depósitos de biodiversidade, recursos 
biológicos e fontes de material genético para a biotecnologia 
de produtos, além da fotossíntese, deve ser reconhecido.
É importante frisar o papel fundamental que as fl orestas exercem dentro do 
nosso planeta. Além de serem fonte de recursos, elas ainda mantêm a qualidade 
e a quantidade de água no mundo. Sabemos que os recursos hídricos estão 
contaminados e poluídos, de forma que a autodepuração se torna cada dia 
mais difícil. Imagina quando somamos, a esse fato, a degradação das fl orestas, 
aumentamos ainda mais as chances desse recurso, um dia, esgotar-se.
As fl orestas cobrem 30% da superfície terrestre (SANTOS, 
2018), e transformam o dióxido de carbono (CO2) em oxigênio (O2) 
através de um processo chamado de fotossíntese. Não só elas, mas, 
também, as microalgas presentes nos oceanos e rios podem realizar 
o processo. As microalgas correspondem a 50% do total de oxigênio 
produzido no planeta.
De acordo com Bursztyn e Bursztyn (2012), os países ricos queriam que a 
convenção garantisse a proteção das fl orestas tropicais, o que ia de encontro com 
os países em desenvolvimento, que criticavam que esse instrumento obstruía 
o desenvolvimento, pois podia se tratar de uma tentativa de apropriação dos 
recursos fl orestais. 
Declaração do Rio de Janeiro sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento: 
É uma declaração na qual constam 27 princípios a respeito da relação do 
homem com a natureza, que foram criados para reafi rmar a declaração produzida 
em Estocolmo. Destacaremos, aqui, dois princípios contidos nesse documento, 
para falarmos um pouco deles:
Princípio 6: Será dada prioridade especial à situação e às necessidades 
especiais dos países em desenvolvimento, especialmente, dos países menos 
desenvolvidos e daqueles ecologicamente mais vulneráveis. As ações 
25
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL Capítulo 1 
internacionais nas áreas do meio ambiente e do desenvolvimento devem, também, 
atender aos interesses e às necessidades de todos os países.
Princípio 11: Os Estados adotarão legislação ambiental efi caz. As normas 
ambientais, os objetivos e as prioridades de gerenciamento deverão refl etir 
os contextos ambiental e de meio ambiente. As normas aplicadas por alguns 
países poderão ser inadequadas para outros, em particular, para os países em 
desenvolvimento, gerando custos econômicos e sociais injustifi cados (ONU, 
1992).
Ficou acordado que seria necessária a criação de políticas de preservação 
do meio ambiente para cada país. As políticas precisavam ser exclusivas de cada 
país, pois era fundamental que se analisassem os recursos disponíveis e modos 
de produção, não sendo viável uma política única que contemplasse todos. 
O princípio 6 lança que os países em desenvolvimento e os menos 
desenvolvidos necessitariam de prioridade especial para a preservação do meio 
ambiente. Tais países possuem um grande número de pessoas que vive no nível 
de miséria, são 656 milhões de pessoas vivendo com menos de $1,90 por dia 
(UCHOA, 2019). Essas pessoas vivem sem condições adequadas de qualidade 
de vida, e, por consequência, originam impactos ao meio ambiente. Pense nas 
pessoas que vivem nas palafi tas, que fi cam localizadas às margens dos rios. Sem 
saneamento básico, todo o esgoto é lançado diretamente dentro do corpo hídrico, 
sem nenhum tipo de tratamento, ocasionando poluição das águas.
Os países não têm condições fi nanceiras de tratar dos resíduos e de sanear 
todo o território. Grande parte dos rios, mares, terras e ar está contaminada. A 
adoção de tecnologias limpas apresenta elevados custos, o que não é acessível 
a uma grande parcela mundial. A urbanização em larga escala, pós-Revolução 
industrial, ocasionou um crescimento desordenado das cidades, gerando 
problemas de falta de saneamento básico e de tratamento e disposição dos 
resíduos.
Conheça todos os princípios da Declaração do Rio de Janeiro 
sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento em http://www.mpf.mp.br/
sc/municipios/itajai/gerco/volume-v.
26
 GESTÃoAmBiENTAL
Como diz a Constituição da República do Brasil (1988), no Art. 225, “todos 
têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, além do uso comum 
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se, ao poder público e 
à coletividade, os deveres de defender e preservar para as presentes e futuras 
gerações”.
Todos têm uma parcela de obrigação na conservação do meio ambiente. 
Sem o seu equilíbrio, a qualidade de vida também estará ameaçada.
Agenda 21:
A Agenda 21, segundo Barsano e Barbosa (2019), gerou um documento com 
40 capítulos, das mais variadas vertentes, mas sempre olhando para a relação 
do homem x natureza. Destacam-se os seguintes temas: proteção da qualidade 
e do abastecimento hídrico, mudanças de padrão de consumo, combate à 
pobreza, proteção da atmosfera, combate ao desfl orestamento, conservação da 
diversidade biológica, proteção e promoção da condição humana.
Uma das metas estabelecidas era que cada país criasse a sua própria 
Agenda 21, para que as particularidades ambientais, sociais, culturais e 
econômicas fossem atendidas, tendo, como um marco referencial, a Agenda 21 
Global. Os objetivos que devem constar dentro desse documento se referem a um 
caminho necessário a ser trilhado para que se consiga ter mais qualidade de vida 
no planeta, respeitando e preservando o meio ambiente e o processo cultural das 
nações. 
A Agenda 21 é considerada um dos documentos mais importantes lançado 
nessa Conferência. Essa relevância fez com que esse assunto fosse tratado em 
outras conferências, como a Assembleia Geral da ONU (1997) e a Cúpula Mundial 
Sobre o Desenvolvimento (2002).
Oliveira (2012) destaca que houve um progresso no debate acerca do meio 
ambiente em várias esferas (governamental, não governamental, empresarial, 
acadêmica e científi ca), contudo, a forma de se apropriar dos recursos naturais e 
a alta produção não foram alteradas, gerando uma quimera de sustentabilidade.
Falaremos com mais detalhes no tópico do Desenvolvimento Sustentável.
27
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL Capítulo 1 
Para conhecer mais a Agenda 21, não deixe de visitar o 
site do Ministério do Meio Ambiente: https://www.mma.gov.br/
responsabilidade-socioambiental/agenda-21. Nele, você encontrará 
informações da Agenda 21 Brasileira e da Agenda 21 Local. 
Ainda, conhecerá o Sistema Agenda 21, um banco de dados que 
descentraliza as informações e as compartilha a todo público 
interessado.
Cúpula do Milênio
Em 2000, ocorreu a chamada Cúpula do Milênio das Nações Unidas, na sede 
das Nações Unidas, em Nova York. Presidentes de 189 países se reuniram, nesse 
evento, no qual foram lançados oito objetivos para o alcance da sustentabilidade, 
que deveriam ser atendidos 2015.
FIGURA 3 – OBJETIVOS DO MILÊNIO (ONU)
FONTE: <http://www.odmbrasil.gov.br/o-brasil-e-os-odm>. Acesso em: 28 jun. 2020.
28
 GESTÃo AmBiENTAL
Contou com o apoio de 191 nações, oito objetivos, 21 metas globais e 
60 indicadores. De acordo com Roma (2019), no Brasil, foi estabelecido um 
Decreto Presidencial em 2003, a partir do qual foi criado o Grupo Técnico para 
Acompanhamento das Metas e Objetivos do Desenvolvimento do Milênio. Esse GT 
trabalhou com formas de adaptar esses objetivos do milênio à realidade brasileira 
e de elevar algumas metas, com isso, o Brasil teve mais metas e indicadores do 
que a média global.
De acordo com o Governo Federal, o Brasil alcançou a meta de reduzir a 
fome e a pobreza extrema estabelecida para 2015 (a metade do que se tinha em 
1990) em 2002 (objetivo 1). Com relação ao objetivo 7, o Brasil contou com uma 
diminuição do desmatamento da Amazônia e cumpriu com a redução da emissão 
dos gases de efeito estufa (BRASIL, 2015).
Dando sequência a essa viagem no tempo nas reuniões globais acerca da 
relação do homem com a natureza, ocorreu, em 2002, em Johanesburgo, África 
do Sul, a Rio +10.
Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento 
Sustentável (CMDS)
Marcando 10 anos após a Eco-92, a Conferência fi cou mais conhecida como 
Rio+10. A intenção era fazer um balanço dos documentos que foram gerados na 
Eco-92, além de observar os entraves e desafi os que ainda persistiam. Como 
era de se esperar, os países quase não tinham alterado as formas de produção 
e de conservação do meio ambiente. Ainda, continuava a existir uma diferença 
entre os pobres e os ricos, os países desenvolvidos e subdesenvolvidos. Foi uma 
Conferência sem resultados práticos e de pouca resolução.
Dois documentos foram criados: a Declaração Política e o Plano de 
Implementação. O primeiro se trata de um documento que pedia pelo alívio da 
dívida externa dos países em desenvolvimento, além de mostrar que os objetivos 
defi nidos na Eco-92 não tinham sido alcançados. Já o segundo estabeleceu 
metas para a erradicação da pobreza, a mudança dos padrões de consumo e de 
produção, e, por fi m, a proteção dos recursos naturais. 
Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável
Em 2012, o ciclo de Conferências retornou à cidade do Rio de Janeiro, Brasil, 
com a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, 
conhecida como Rio+20. Contou com a participação de representantes de mais 
de 100 países, além de uma novidade: o debate também foi estendido de forma 
virtual.
29
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL Capítulo 1 
Já tinham se passado, então, 20 anos desde a Eco-92, e um novo balanço 
era necessário estabelecer. Mais uma vez, não ocorreu sucesso nos protocolos 
já redigidos anteriormente, pois as desigualdades entre os países ainda se 
mostravam muito notórias. Os interesses econômicos saem à frente dos interesses 
ambientais, o que difi culta ainda mais o cumprimento dos objetivos e metas.
Os temas principais da Rio+20 foram a economia verde e a erradicação 
da pobreza. Outros temas também foram tratados: lidar globalmente com a 
sustentabilidade, criação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS); 
estratégia de fi nanciamento, produção e consumo sustentável; e colaboração em 
pesquisas e relatórios de sustentabilidade empresarial.
No encerramento da Conferência, foi aprovado o documento intitulado de 
O Futuro que Queremos. Esse documento leva, como maior desafi o global, a 
erradicação da pobreza, que é fundamental para o desenvolvimento sustentável. 
Mais uma vez, são listados metas e objetivos no intuito de uma sociedade 
mais justa e igualitária e da preservação do meio ambiente. Reafi rmaram-se 
os compromissos que, anteriormente, já tinham sido formados e que não foram 
cumpridos.
Foi apresentado um vídeo, na Rio+20, a todas as nações que trazem uma 
mensagem primordial para a continuidade da sobrevivência da espécie humana 
no planeta Terra. Pensar que o homem está no topo da teia da vida é o maior erro 
que se pode cometer. O homem não existe sem a natureza, mas a natureza existe 
sem o homem.
Transcrição de partes do vídeo apresentado na Rio+20
“A espécie humana surgiu na Terra há cerca de três milhões 
de anos, e surgiu com uma vocação admirável: a de transformar 
tudo a sua volta. Transformamos pedra em ferramenta, planta em 
roupa, chão em milharal, milho em pipoca, trigo em pão, água em 
energia, papel em literatura, petróleo em velocidade. Vivemos, hoje, 
uma cultura de transformações cada vez mais acelerada, e o fato de 
estarmos realizando plenamente nossa vocação é maravilhoso, se 
não fosse por um detalhe, um detalhe do tamanho do mundo.
A Terra não tem recursos sufi cientes para o nosso ímpeto 
transformador. Já somos sete bilhões de pessoas e seremos muito 
30
 GESTÃo AmBiENTAL
mais. Nosso impulso transformador só vai se expandir nos próximos 
anos. O que faremos diante desse enorme dilema? O homem vai 
parar de transformar o mundo? Como vamos tornar compatíveis a 
continuidade do nosso desenvolvimento e a nossa própria existência 
no planeta Terra?
Quais são as sementes de hoje?
As sementes de hoje são as ideias e atitudescapazes de fazer 
com que o homem passe a transformar o mundo de maneira mais 
limpa, mais pensada, mais responsável.
• Preservar as fontes de energias renovável.
• Investir na expansão da produção agrícola.
• Práticas de baixa emissão de carbono.
• Promover a segurança alimentar.
• Inclusão social.
• Reduzir o desmatamento.
• Conservar as fl orestas e a biodiversidade.
• Buscar meios de compensar as perdas do passado.
Se você deseja aprofundar os seus conhecimentos, não deixe de 
visitar o site das Organizações das Nações Unidas no Brasil. O site 
está disponível em https://nacoesunidas.org/acao/meio-ambiente/.
1 - As Conferências Mundiais sobre o Meio Ambiente são importantes 
espaços de debates, com diversos documentos já redigidos. 
Assim, de acordo com os documentos apresentados, assinale a 
alternativa que apresenta a sequência correta:
I- Declaração sobre Meio Ambiente Humano.
II- Agenda 21.
III- O futuro que queremos.
31
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL Capítulo 1 
a) Rio +20/Conferência das Partes/Eco-92.
b) Eco-92/Conferência de Estocolmo/Rio+10.
c) Conferência de Estocolmo/Eco-92/Rio+20.
d) Conferência das Partes/Rio+10/Eco-92.
e) Rio+10/Conferência das Partes/Rio+20
 2 - Vimos que o Brasil avançou no cumprimento dos Objetivos 
de Desenvolvimento do Milênio. Assim, valide os resultados 
alcançados em relação aos seguintes objetivos:
Objetivo 2: educação básica de qualidade para todos.
Objetivo 8: todo mundo trabalhando pelo desenvolvimento.
R.:
3 - Dentre os objetivos do milênio, destaque dois que você considera 
mais importantes para uma sociedade justa e que preserva os 
recursos naturais. Justifi que a sua resposta.
R.:
2.3 DESENVOLVIMENTO 
SUSTENTÁVEL 
Chegamos, agora, a um momento bem esperado. Temos certeza de que 
você já ouviu falar em desenvolvimento sustentável, sustentabilidade. Afi nal, 
parecem ser termos que entraram na “moda” no mundo. E aí... você sabe o que é 
desenvolvimento sustentável? O que eu e você temos a ver com isso?
É preciso retomar uma história já contada. Você se lembra da Conferência 
de Estocolmo? Ela foi o ponto de partida para se falar em desenvolvimento 
sustentável, evoluindo com a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e 
Desenvolvimento. 
 Presidida pela médica Gro Harlem Brundtland, ex primeira-ministra da 
Noruega, a Comissão publicou, em 1986, o documento intitulado de Our 
Commum Future, também conhecido como Relatório Brundtland, como forma 
de homenagear a ministra. No Brasil, ele foi publicado em 1987, com o nome 
32
 GESTÃo AmBiENTAL
de Nosso Futuro Comum. É fruto, desse documento, a defi nição do conceito de 
desenvolvimento sustentável: é o desenvolvimento que satisfaz necessidades 
da geração atual sem comprometer a capacidade de atender às necessidades 
das futuras gerações. É não esgotar os recursos naturais, e que eles estejam em 
quantidade e qualidade favoráveis para as gerações que ainda surgirão.
Você deve estar se questionando: desenvolvimento sustentável 
e sustentabilidade são a mesma coisa? Para muitos autores, esses 
termos são sinônimos, e, para outros, a sustentabilidade estaria 
relacionada com o equilíbrio entre o que a natureza pode oferecer e o 
consumo humano. Já o desenvolvimento sustentável inclui, também, 
as necessidades socioeconômicas das populações. A seguir, haverá 
a descrição de frases que os pesquisadores mais associam ao utilizar 
esses dois termos:
FIGURA 4 – CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE E 
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
FONTE: Adaptada de Feil e Schreiber (2017)
O que se tem de consenso é que eles atuam na mediação da 
relação do homem com o meio ambiente, de forma que este seja 
preservado e que o homem tenha qualidade de vida. E para você? 
Pesquise e refl ita a respeito das defi nições dos dois termos. Neste 
livro, utilizaremos os termos como sinônimos, pois ambos buscam o 
equilíbrio das ações humanas com o meio ambiente.
33
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL Capítulo 1 
Foi estabelecido que a sustentabilidade se basearia em um tripé (triple 
bottom line), portanto, as ações devem ser ambientalmente responsáveis, 
economicamente viáveis e socialmente equitatíveis. Eles precisam interagir de 
forma integrada. A não inclusão de um dos componentes do tripé já caracteriza 
que não há sustentabilidade.
FIGURA 5 – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
FONTE: <http://blog.lojasansuy.com.br/piscicultura-intensiva-e-sustentavel/
tripe-sustentabilidade-curso-blog-3/>. Acesso em: 28 jun. 2020.
Social: é o capital humano dentro e fora dos ambientes produtivos. É o 
respeito ao cidadão, além da qualidade de vida (responsabilidade social). 
Ambiental: agir preventivamente, evitando que o impacto seja ocasionado. 
Se o impacto já tiver sido originado, pode-se atuar na implementação de medidas 
mitigatórias, contemplando todo o passivo ocasionado.
Econômico: produzir, levando em consideração o tempo de regeneração dos 
recursos naturais, tendo um preço compatível e agindo com respeito com os seus 
colaboradores.
De acordo com Silva (2008, p. 101), “a manutenção da vida no planeta 
depende da garantia da existência dos recursos essenciais ao ser humano para 
as futuras gerações”. 
Segundo Dias (2009), os principais objetivos das políticas ambientais e 
desenvolvimentistas são:
34
 GESTÃo AmBiENTAL
• Retomar o crescimento.
• Alterar a qualidade do desenvolvimento.
• Atender às necessidades essenciais de emprego, alimentação, energia, 
água e saneamento.
• Manter um nível populacional sustentável.
• Conservar e melhorar a base dos recursos.
• Reorientar a tecnologia e administrar o risco.
• Incluir o meio ambiente e a economia no processo de tomada de 
decisões.
Como já vimos, os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) foram 
estabelecidos no em 2000 e serviram de base para a construção dos Objetivos do 
Desenvolvimento Sustentável (ODS). A Cúpula de Desenvolvimento Sustentável 
ocorreu em Nova York, em 2015, e foram defi nidos os ODS. Como o prazo para o 
alcance das metas é 2030, também fi cou conhecida como “Agenda 2030 para o 
Desenvolvimento Sustentável”.
A seguir, elencaremos os 17 objetivos que foram defi nidos na busca de 
sociedades mais justas e que conservam os recursos ambientais:
FIGURA 6 – OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODM)
FONTE: <https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/
educacaoambiental/2019/10/07/agenda-2030-e-os-objetivos-de-
desenvolvimento-sustentavel-ods/>. Acesso em: 18 jun. 2020.
35
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL Capítulo 1 
A Agenda 2030 requer que haja uma forte integração entre diversos setores 
da sociedade: governos, setor privado, academia e sociedade civil. Só com essa 
integração que o desenvolvimento sustentável poderá ser alcançado.
Ela abrange cinco tópicos, nos quais os ODS estão contidos: 
• Pessoas: acabar com a pobreza e a fome, garantindo que as pessoas 
tenham condições adequadas de qualidade de vida.
• Planeta: proteger o planeta da contínua degradação, gestão sustentável, 
preservação dos recursos naturais.
• Prosperidade: todos os seres humanos devem ter uma vida próspera, 
com realizações pessoais.
• Paz: promoção de sociedades pacífi cas, inclusivas e justas.
• Parceria: solidariedade global.
O Estado tem a obrigação de fazer com que o desenvolvimento sustentável 
seja possível, pois é um direito humano fundamental, que deve ser garantido 
por meio de políticas públicas que levem em consideração todas as dimensões 
(SILVA, 2008). 
É preciso conhecer, agora, duas ferramentas para colocar em prática o 
desenvolvimento sustentável: Triple Bottom Line (TBL) e Global Reporting 
Initiative (GRI).
O Triple Bottom Line foi desenhado por John Elkington (sociólogo e consultor 
britânico) em 1990 e ganhou esse nome por se basear no tripé da sustentabilidade, 
ou como ele chamou, 3P: people (pessoas), planet (planeta) e profi t (lucro). Seria 
uma forma de medir a sustentabilidade das empresas, que vêm adotandoesse 
modelo nos relatórios de gestão.
As empresas precisam produzir de forma consciente, respeitando os ciclos 
de regeneração dos recursos ambientais, e necessitam ser mais efi cientes nas 
produções, para que utilizem apenas o necessário de água e energia, evitando o 
desperdício.
Olhando para os três aspectos, há:
Pessoas: salários justos, qualidade de vida, preocupação com o bem-estar, 
promoção, jornadas de trabalho de forma que as pessoas também possam 
aproveitar a família, adequação às leis trabalhistas.
Planeta: diminuição do impacto ambiental, utilização de medidas mitigatórias 
para os impactos que não puderam ser evitados, evitar o desperdício, atuar mais 
na prevenção dos impactos do que na remediação deles.
36
 GESTÃo AmBiENTAL
Lucros: contabilização dos lucros advindos das atividades das empresas. 
Um desenvolvimento que não se dá pela degradação dos ecossistemas.
Empresas que se mostram ambientalmente sustentáveis saem na frente das 
demais, pois, cada vez mais, as pessoas se preocupam com o meio ambiente, e, 
com isso, buscam produtos e serviços que também mostrem essa preocupação e 
cuidado nas atividades.
A revista Corporate Knights avalia as empresas mais sustentáveis 
mundialmente, tendo sido destaque, em 2019, a empresa dinamarquesa Chr. 
Hansem Holding. A maioria da receita (80%) vem do desenvolvimento de soluções 
naturais. O Brasil foi representado com as seguintes empresas: Banco do Brasil 
S.A. (8° lugar), Natura Cosméticos S.A. (15° lugar), CEMIG (19° lugar) e a ENGIE 
Brasil Energia S.A. (72° lugar) (QUALTEC, 2019).
Destacam-se os seguintes tópicos como vantagens do TBL:
• Melhora as condições trabalhistas.
• Reduz o consumo de matérias-primas.
• Utiliza recursos naturais de maneira efi caz.
• Não causa esgotamento de nenhum recurso natural.
• Preocupa-se com a qualidade de vida dos funcionários.
• Ganha-se em produtividade.
• Aumenta a competitividade diante do mercado.
• Refl ete uma boa imagem da empresa perante a sociedade.
O Global Reporting Initiative é uma organização multistakholders sem fi ns 
lucrativos, criada, em 1997, com a função de elaborar estruturas de relatório de 
sustentabilidade em todo o mundo.
Stakeholder: pessoa ou grupo de pessoas que possuem 
participação em investimento ou ações em uma determinada empresa 
ou negócio. As partes interessadas, que podem ser benefi ciadas ou 
prejudicadas por um empreendimento, serviço ou produto, também 
são consideradas stakeholders (BEZERRA, 2014).
37
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL Capítulo 1 
A adoção da utilização dos relatórios do GRI vem crescendo a cada 
ano, pois traz como as empresas podem medir os esforços ambientais nos 
empreendimentos. Podem ser utilizados por qualquer organização que queira 
relatar os impactos, sendo uma referência confi ável. Assim, direcionando as 
organizações, seguem os princípios contidos no relatório (BARSANO; BARBOSA, 
2019): 
• Defi nição do conteúdo.
• Garantia da qualidade das informações.
• Indicadores de desempenho.
• Orientações técnicas para elaboração do relatório.
• Outros itens de divulgação.
Dados apontam que 75% das 2050 maiores empresas do mundo usam os 
relatórios de sustentabilidade do GRI, e mais de 130 políticas em mais 60 países 
os utilizaram como referência (GRI, 2017).
Dentre as vantagens da utilização do GRI, destacam-se:
• Um diferencial para outras empresas.
• Detecta pontos fracos da organização.
• Demonstra a reputação da empresa.
• Valoriza as ações.
• Contribui com a defi nição de melhores estratégias de sustentabilidade.
• Ressalta os pontos positivos.
• Confi abilidade.
Pare um momento e conheça mais a respeito do GRI em 
https://www.youtube.com/watch?v=nuwKVKPtSfg. Você encontrará 
informações valiosas que servirão para a sua carreira. O vídeo tem 
duração de 4 minutos e 28 segundos.
38
 GESTÃo AmBiENTAL
Queremos mostrar, agora, como se dá o desenvolvimento sustentável na 
prática através de dois cases, vamos lá?!
Case 1: Empresa Natura (edifício administrativo), em São Paulo
O edifício administrativo foi projetado levando em consideração três objetivos 
principais, buscando aliar as atividades ao desenvolvimento sustentável: integrar-
se ao ambiente externo; utilizar, ao máximo, a energia advinda da luz solar, e 
promover a interação social.
• 14% dos materiais utilizados na obra puderam ser reciclados, tendo um 
novo ciclo de vida.
• 100% da madeira utilizada na construção foi obtida de locais legalizados e 
que possuíam selo de certifi cação ambiental FSC (Forestry Stewardship 
Council).
• 97% dos resíduos recicláveis não foram enviados a aterros sanitários 
para a disposição fi nal. Foram encaminhados para o reaproveitamento 
através de cooperativas.
• 41,2% do material empregado na obra foi manufaturado em um raio 
máximo de 800 quilômetros, favorecendo o comércio local e diminuindo 
a demanda de transportes.
Pode-se perceber que os três pilares da sustentabilidade foram atingidos 
com esse projeto e, por isso, o empreendimento recebeu um selo de qualidade 
do certifi cado LEED (Leadership in Energy and Environmental Design). Levaram-
se em consideração os seguintes aspectos para a avaliação: energia, atmosfera, 
terreno sustentável, uso racional de água, qualidade do meio ambiente interno, 
materiais e recursos, prioridades regionais e inovação (NAKAMURA, 2018).
Case 2: Hospital Regional do Litoral Norte (Caraguatatuba, São Paulo)
A construção do Hospital Regional Litoral Norte recebeu a certifi cação AQUA-
HQE (alta qualidade ambiental), pois optou por soluções sustentáveis ao longo da 
obra. Verifi caremos quais foram os itens considerados no projeto:
• Cobertura verde.
• Construção de bicicletário.
• Aquecimento da água através da energia solar.
• Utilização da água de reuso nas bacias sanitárias e da água destinada à 
manutenção dos jardins.
• Iluminação com lâmpadas do tipo LED.
• Uso de pisos drenantes nas áreas externas, o que permite que a água 
possa adentrar no solo.
39
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL Capítulo 1 
• Utilização de produtos sustentáveis, como os pisos de borracha.
• Brises para diminuição da incidência solar nos lados leste e oeste.
• Estudo prévio da localização da implantação do hospital, garantindo a 
acessibilidade ao empreendimento e otimização da climatização local 
(NAKAMURA, 2018). 
Segue a leitura de um trecho da Carta da Terra, que foi concebida como 
uma declaração para a construção de uma sociedade mais sustentável, justa e 
pacífi ca. São importantes a refl exão e a sensibilização.
Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, 
em uma época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. 
À medida que o mundo se torna cada vez mais interdependente e 
frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes 
promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no 
meio da uma magnífi ca diversidade de culturas e formas de vida, 
somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um 
destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade 
sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos 
humanos universais, na justiça econômica e cultura da paz. Para 
chegar a esse propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, 
declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a 
grande comunidade da vida, e com as futuras gerações (MMA, 2000).
Para a leitura completa da Carta da Terra, acesse o seguinte link 
dentro do site do Ministério do Meio Ambiente: https://www.mma.gov.
br/estruturas/agenda21/_arquivos/carta_terra.pdf.
40
 GESTÃo AmBiENTAL
1 - Com relação ao local em que você desenvolve as suas atividades 
laborais, descreva se há elementos que contemplem o tripé da 
sustentabilidade.
R.:
2 - Elenque cinco procedimentos que as empresas podem adotar 
para a preservação/conservação do meio ambiente. Procure 
novas fontes de pesquisa para responder.
R.: 
3 - Leia o texto a seguir:
“As cidades brasileiras,assim como diversas outras ao redor do 
mundo, têm apresentado problemas graves nos seus sistemas 
de mobilidade urbana. São problemas históricos que nos levam 
a discutir como chegamos à situação atual e que alternativas 
são possíveis. Não é culpa apenas do intenso investimento 
na indústria automobilística, mas de um conjunto de fatores e 
escolhas que conduziram a esse cenário distópico. Kellerman 
(2012) apresenta diversos exemplos, incluindo o uso de bicicletas 
em Amsterdã (Holanda) e de barcobus em Veneza, para 
demonstrar como o acesso a outros modais de mobilidade pode, 
por vezes, estar relacionado a aspectos geográfi cos e culturais”.
FONTE: SILVA, C. G. da S.; MELLO, S. C. B. Recife, Veneza 
brasileira: repensando a mobilidade urbana a partir de seus rios. 
Revista Cidade, v. 34, n. 1, p. 1, 2017.
Considerando o fragmento de texto, responda aos seguintes 
questionamentos:
a) Quais as consequências da grande utilização, no Brasil, de carros 
particulares?
 R.:
41
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL Capítulo 1 
 b) Cite duas ações que melhorem a mobilidade urbana das cidades, 
de acordo com o tripé da sustentabilidade.
R.:
2.4 PEGADA ECOLÓGICA
É comum atribuirmos todo o impacto negativo ocasionado no meio ambiente 
aos processos industriais, mas você já parou para pensar que também pode 
ocasionar impactos negativos ao meio ambiente? Quais as suas atitudes no dia a 
dia? Que tipo de pegada você está deixando no planeta? É a respeito disso que 
falaremos agora, a respeito da nossa pegada ecológica no planeta. Primeiramente, 
é preciso conhecer o conceito.
Pegada ecológica é uma metodologia de contabilidade ambiental que avalia 
a pressão do consumo das populações humanas sobre os recursos naturais 
(WWF, 2020).
Agora que você já sabe o conceito, pode refl etir a respeito do consumo, 
das escolhas de compra. Você se preocupa com a forma com que o produto 
que você consome foi fabricado? Conhece as empresas que são certifi cadas 
ambientalmente? Compra por prazer ou apenas por necessidade? São várias 
as perguntas, e, aqui, cabe um momento de ponderação para entender as 
consequências do consumo no planeta.
O consumo tem características variadas, de acordo com o grau de 
desenvolvimento de um determinado país. Dentro de um país, esse consumo 
também varia, de acordo com a classe social das pessoas, principalmente, devido 
à grande desigualdade social.
É uma atividade econômica que consiste na aquisição de determinados 
bens e serviços. Ao longo dos anos, o ímpeto do consumo foi alterado 
consideravelmente, o que gerou uma grande degradação dos recursos naturais.
O uso exacerbado dos recursos naturais não consegue respeitar o tempo 
de renovação dentro da natureza, ocasionando esgotamento. Na antiguidade, as 
pessoas consumiam apenas o que era necessário para as necessidades básicas, 
porém, na atualidade, é bem diferente, muitas pessoas consomem como forma de 
status social.
42
 GESTÃo AmBiENTAL
A publicidade aparece como um fator que infl uencia o consumo. De acordo 
com Baracho e Dantas (2018, p. 61), “esta foi se transformando ao longo do 
tempo, e o que era apenas de caráter informativo, tornou-se cada vez mais 
complexo, aperfeiçoando-se no sentido de infl uenciar e, até mesmo, impor, ao 
consumidor, determinado produto ou serviço”.
Além da publicidade gerada na televisão, outdoors, surge um novo tipo, os 
infl uenciadores digitais. Eles exercem um “poder” de consumo sobre as pessoas, 
tornando-se uma ponte entre as marcas e o público-alvo. Uma postagem nas 
redes sociais chega a atingir milhares de seguidores e faz com que as vendas de 
serviços e produtos cresçam exponencialmente.
O “ter” se tornou premissa necessária para a entrada em grupos sociais em 
detrimento do “ser”. É mais importante ter o carro, o celular, a roupa da moda do 
que ser honesto, ter caráter, por exemplo. Uma pesquisa realizada por Qualtec 
(2019) aponta que 76% das pessoas que seguem esses infl uencers já adquiriram 
produtos que foram indicados por postagens. Percebe-se, então, mais um reforço 
a favor do consumo. E o planeta Terra, como fi ca nessa história?
FIGURA 7 – QUANTIDADE DE PLANETAS PARA SUPRIR 
AS FORMAS ATUAIS DE CONSUMO DOS PAÍSES
FONTE: <https://alvo10.wordpress.com/2012/07/31/refl exao/>. Acesso em: 18 jun. 2020.
43
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL Capítulo 1 
O planeta não suporta esse tipo de consumo. Em alguns países, como é o 
caso do Estados Unidos, seriam necessários 5,33 planetas para suprir o estilo de 
vida dos habitantes. Os países mais pobres possuem um estilo de vida diferente, 
principalmente, devido à baixa capacidade de poder aquisitivo, como se pode ver 
na Somália, onde a pegada ecológica é de menos da metade de um país.
Outro fator que merece destaque é a chama obsolescência programada. 
Equipamentos já são fabricados com uma vida útil muito inferior do que os que 
eram produzidos no passado. Uma geladeira, um fogão não duram mais como 
antes. Pergunte aos seus pais, seus avós, o quanto esses bens duravam, eles 
chegavam até a passar entre as gerações. Hoje, eles quebram com rapidez, 
de forma que o conserto não seja viável, ocasionando a compra de um novo 
equipamento. Mais consumo e uma quantidade imensa de resíduos gerados e 
que são destinados em aterros por não terem mais serventias.
Fabricantes projetam aparelhos que quebram rapidamente, ou, 
ao menos, passam a funcionar com menos efi ciência depois de um 
tempo, tudo para que você precise comprar outro logo mais. Apesar 
de ser algo observado nos tempos mais recentes, em 1928, uma 
revista direcionada ao setor publicitário publicou um texto dizendo 
que “um artigo que não estraga é uma tragédia para os negócios”. 
Não por coincidência, essa ideia começou a criar força justamente 
na época da Grande Depressão dos Estados Unidos, enfrentando 
uma das maiores crises econômicas da história nesse período. 
As empresas começaram a decidir fabricar produtos com menor 
qualidade, que durariam menos tempo, a fi m de fazer os clientes 
comprarem novos itens com mais frequência e, assim, agitar a 
economia. Contudo, ainda que essa crise tenha sido superada nas 
décadas posteriores, esse pensamento se aliou ao capitalismo 
desenfreado e, cada vez mais, produtos programados para estragar 
começaram a chegar às prateleiras (GNIPPER, 2017).
Para onde vai todo esse resíduo? Você pode responder que faz a sua parte 
destinando os resíduos para a coleta de lixo, mas se você se lembrar de que a 
sua casa é a biosfera (já vimos esse conceito anteriormente), o planeta, perceberá 
que não existe o “fora”, tudo está dentro. Segue uma distinção entre os produtos 
do passado e os produtos atuais:
44
 GESTÃo AmBiENTAL
QUADRO 1 – DISTINÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DOS 
PRODUTOS DO PASSADO E DO PRESENTE
Características dos produtos (passado) Características dos produtos (presente)
Longa duração, servia para mais de uma 
geração
Duração cada vez mais curta (difi culdade 
para conserto)
Pouco numerosos
Numerosos e variados quanto às marcas e 
qualidade
Técnicas de fabricação simples e com lenta 
evolução
Técnicas de fabricação cada vez mais sofi sti-
cadas e evoluindo rapidamente 
Proximidade entre o artesão e o consumidor
Fabricação cada vez mais afastada do 
consumidor, devido aos numerosos interme-
diários
Decisão de compra racional
Decisão de compra cada vez mais irracional, 
motivada, muitas vezes, pelo marketing
FONTE: A autora
Que tal fi carmos atentos ao real motivo das nossas necessidades antes de 
consumirmos desenfreadamente? Responda aos seguintes questionamentos 
antes de fazer uma compra: Por que comprar? O que comprar? Como comprar? 
De quem comprar? Como usar? Como descartar?
A pegada ecológica é expressa em hectares globais (gha). Verifi cam-se os 
níveis de consumo de uma determinada população e se estão de acordo com 
a capacidade ecológica do planeta. Ela ajuda a entender o quanto de recursos 
naturais utilizamos parasustentar o nosso estilo de vida.
Pode ser calculada em relação a um país, uma cidade ou uma pessoa. Os 
países industrializados acabam por ocupar mais espaços de terra e por consumir 
em quantidades superiores do que os menos industrializados, assim, a pegada 
ecológica dos países industrializados e da sua população é maior.
Segundo WWF Brasil (2020), um norte-americano consome de 200 a 250 
litros de água por dia, um europeu, 100 a 200 litros, e, em algumas regiões da 
África, só há 15 litros disponíveis para cada habitante.
Para calcular a pegada ecológica, foram analisados os diferentes territórios 
produtivos e os aspectos relacionados ao consumo. Com isso, foram determinados 
os seguintes componentes, de acordo com a WWF Brasil (2020):
45
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL Capítulo 1 
• Áreas de cultivo: extensão de áreas destinadas à produção de alimentos 
para consumo humano e produção de ração para o gado, borrachas e 
oleaginosas.
• Carbono: extensão das áreas fl orestais que podem sequestrar emissões 
de CO2 (Dióxido de Carbono), advindas de queimas de combustíveis 
fósseis. 
• Pastagens: extensão das áreas destinadas à criação de gados de corte e 
leiteiro, além da produção de couro e produtos de lã.
• Florestas: extensão de áreas que são utilizadas para o fornecimento de 
madeira, lenha e celulose.
• Estoques pesqueiros: estimativa da produção primária necessária para 
a sustentação de peixes e mariscos capturados em relação a espécies 
marinhas e de água doce.
• Áreas construídas: extensão de áreas que possui infraestrutura humana 
(transportes, estruturas industriais, habitação, reservatórios para geração 
de energia).
Precisamos viver de modo que nossa pegada não deixe danos para toda a 
humanidade. Levando em consideração as nossas atitudes cotidianas, o nosso 
estilo de vida, essa pegada também pode ser calculada de forma individual, para 
cada cidadão do planeta.
No cálculo, são levados em consideração aspectos, como: 
• Alimentação: vegana, vegetariana, onívora, predileção por carnes 
vermelhas.
• Moradia: quantos cômodos há na casa, quantas pessoas moram, 
utilização de chuveiro elétrico, ar-condicionado, lâmpadas led.
• Bens: gastos com roupas e sapatos, equipamentos eletroeletrônicos, 
mobílias, estofados, móveis, eletrodomésticos, remédios, revistas e 
jornais, produtos de limpeza para a casa.
• Serviço: internet, tv, telefonia, restaurantes, bares, teatros, cinemas, 
baladas, cabeleireiros, barbearias, salões de beleza, cuidados pessoais.
• Tabaco: se é fumante.
• Transporte: total de horas que voou, possui carro motorizado, utiliza 
transporte público/coletivo, o quanto usa carro para deslocamento, 
oferece carona para o trabalho/estudo.
É urgente e necessária a mudança nos padrões de consumo, pois o 
planeta não consegue suportar esse estilo de vida. Viver e crescer dentro da 
sustentabilidade se tornam os únicos caminhos viáveis.
46
 GESTÃo AmBiENTAL
Gostaríamos que você fosse até o site indicado e fi zesse 
o teste da sua pegada ecológica. Vamos lá saber quantos 
planetas são necessários para sustentar o seu estilo de vida?! 
Acesse https://promo.wwf.org.br/pegada-ecologica-calculadora?_
ga=2.165045174.886685499.1595332771-204433557.1593114538.
Agora que você já calculou a sua pegada ecológica, pode responder: Quantos 
planetas são necessários para sustentar o seu estilo de vida? 
A seguir, você poderá conhecer algumas dicas que ajudarão na diminuição 
da pegada ecológica no nosso cotidiano:
QUADRO 2 – ATITUDES SUSTENTÁVEIS PARA A 
DIMINUIÇÃO DA PEGADA ECOLÓGICA
Separação e reciclagem do lixo Utilizar meios de transporte menos poluentes
Economia de energia
Evitar comidas processadas, alimentar-se de 
produtores locais
Consumo sustentável e consciente Evitar o excesso de consumo de carne
Evitar desperdícios
Economia e reutilização de água (lavagem de 
calçada, plantas)
Utilizar sacolas reutilizáveis
Neutralizar o carbono, plantar uma árvore
FONTE: A autora
Pesquisas apontam que a criação de gados e a indústria de 
laticínios são responsáveis por 30% do lançamento de gases de 
efeito estufa na atmosfera, principalmente, devido à alta produção de 
metano que esses animais exalam.
47
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL Capítulo 1 
Cerca de um terço de todos os alimentos produzidos a cada ano acaba 
apodrecendo dentro dos caixotes, devido às más condições de armazenamento. 
Caso a população mundial atinja o marco de 9,6 bilhões de habitantes em 2050, 
poderão ser necessários mais que dois planetas para suprir os atuais estilos de 
vida (ONU, 2011).
1 - Quais as suas atitudes cotidianas que aumentam a pegada 
ecológica?
R.: 
2 - Diante do que estudamos, o que você poderia mudar no seu dia a 
dia para diminuir a pegada ecológica? Elabore um texto, levando 
em consideração os tópicos a seguir. Caso tenha outro tópico 
para discussão, poderá ser acrescentado.
Água Energia Lixo doméstico Solo Transporte Consumo Ar
R.: 
3 - Diante da crise socioambiental atual, analise as afi rmativas a 
seguir. Classifi que V para as verdadeiras e F para as falsas:
( ) A pegada ecológica mede a quantidade de terra biologicamente 
improdutiva do planeta.
( ) A pegada ecológica inclui os aspectos de consumo de recursos 
e da produção de resíduos para os quais a Terra tem capacidade 
regenerativa.
( ) Avalia as dimensões sociais e econômicas da sustentabilidade.
( ) A pegada ecológica compara a demanda humana sobre a natureza 
com a capacidade da natureza de atender a essa demanda.
 Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) V – F – V – V.
b) F – V – F – V.
c) F – F – V – V.
d) V – F – V – F.
e) V – V – F – F.
48
 GESTÃo AmBiENTAL
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao fi m da nossa primeira unidade e, com ela, iniciamos o nosso 
caminho para o conhecimento da gestão ambiental. Os conceitos que foram 
abordados são fundamentais para percorrer a jornada do entendimento das 
questões ambientais.
Vimos que a relação do homem com a natureza se deu desde os primórdios 
da humanidade e foi sendo alterada ao longo do tempo. Percebemos que o 
homem passou a utilizar a natureza não apenas para a alimentação, mas para 
sustentar o estilo de vida.
A Revolução Industrial foi um marco na utilização exacerbada da natureza 
e, ainda hoje, continua a trazer consequências irreversíveis ao meio ambiente. 
Você pôde entender todas as fases da revolução e a sua relação direta com os 
impactos ambientais negativos.
Conheceu dois livros importantes que criticam os modos de produção 
praticados e preveem consequências danosas ao homem e ao meio ambiente: 
Primavera Silenciosa e Limites do Crescimento.
Você pôde conhecer toda a trajetória das conferências mundiais que 
lutam pela preservação do meio ambiente, e também analisou documentos 
fundamentais que atuam na mediação dessa relação. Os entraves e difi culdades 
se tornam evidentes, mas, também, há as conquistas que os fóruns mundiais já 
alcançaram em favor da natureza.
Aprendeu a respeito dos oito Objetivos do Milênio da Organização das 
Nações Unidas e viu que a implantação da Agenda 21 nos países, cidades e 
municípios é ferramenta primordial para o alcance da sustentabilidade. 
Você analisou o desenvolvimento sustentável, suas premissas e desafi os, e 
conheceu ferramentas de desenvolvimento sustentável, como a Triple Bottom Line
(TBL) e o Global Reporting Initiative (GRI). Conheceu o tripé da sustentabilidade 
(preservação ambiental, desenvolvimento econômico e socialmente justo) 
e desenvolveu habilidades ao aprender os Objetivos do Desenvolvimento 
Sustentável, de acordo com a Agenda 2030. Esses objetivos, de uma forma ou de 
outra, atuam na eliminação ou na minimização dos impactos socioambientais do 
planeta.
Percebeu que nosso estilo de vida, de consumo, traz inúmeros prejuízos ao 
meio ambiente, e entendeu que se continuarmos a produzir e a consumir nessa 
mesma escala, em pouco tempo, não existirão mais

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