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1 Laís Flauzino | GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA | 7°P MEDICINA SUA 1M2 – SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL MENSTRUAÇÃO: Fase folicular e crescente • Recrutamento folicular • Endométrio proliferativo 1ª fase – folicular: FSH alto, produzido na hipófise estimulando o folículo dentro do ovário a amadurecer e produzir estrogênio. Então o estrogênio vai subindo. O estrogênio subindo faz com que o endométrio que estava fino comece a proliferar. O crescimento do estrogênio vai fazendo com que o FSH diminua e o LH faça o pico. Pico de LH: ovulação • Queda de E • Corpo lúteo produz P • Endométrio secretor O pico de LH leva à ovulação. O folículo que ficou maior, vai romper, solta o ovulo. Quando o folículo rompe e solta o óvulo, ele para de produzir estrogênio e aí tem queda do estrogênio e o que fica no lugar do folículo que rompeu é o corpo lúteo. O corpo lúteo produz progesterona e a progesterona é quem vai marcar a segunda fase – fase lútea. Progesterona fica maior que o estrogênio. Isso faz com que o endométrio que estava proliferando começa a se alterar – endométrio secretor (para de proliferar e começa a amadurecer) e com o tempo se houver a gestação, a gestação mantem a progesterona. Se não houver gestação esse corpo lúteo dura alguns dias e acontece a luteólise – o corpo lúteo morre. Luteólise: • Queda nos níveis hormonais • Menstruação Como era o corpo lúteo que estava produzindo hormônios, quando ele morre os hormônios caem e essa queda faz com que o endométrio morra e descame (parte funcional). A camada basal do endométrio não morre. Ai o endométrio descama e o FSH começa a ser produzido novamente. Endométrio: • Artérias arqueadas, radiais, retas e espiraladas • Camada basal e camada funcional Menstruação: contração das artérias espiraladas e infarto e descamação do endométrio As artérias arqueadas soltam as artérias radiais que vão para dentro. Quando essa artéria radial chega perto do endométrio ela deriva em artéria reta (irriga a parte debaixo – camada basal) e artéria espiralada (chega na camada funcional do endométrio – que cresce durante o ciclo). Quando acontece a queda dos níveis hormonais no final do ciclo, as artérias espiraladas sofrem uma contração e aí ela infarta a camada funcional e descama. 2 Laís Flauzino | GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA | 7°P MEDICINA Esses conceitos são antigos. São difíceis de homogeneizar e transmitir a mensagem. SUA – CONCEITO: • Qualquer aumento do sangramento uterino que denote processo patológico ou prejudique qualidade de vida. Seja por estar frequente, muito intenso, durar muitos dias. • Descrever: regularidade, intervalos, tempo e intensidade do fluxo. Pct tem tantos dias de sangramento, com fluxo... • Afeta 10 a 30% das mulheres e 50% na perimenopausa. CAUSAS: O sangramento é um sintoma que pode ter várias causas. Causas estruturais: Lesão visível PALM: • Pólipos uterinos • Adenomosa • Leiomioma • Malignidades – canceres Causas não estruturais: Causas mais de funcionamento / fisiologia COEIN: • Coagulopatias • Ovulação anormal • Endométrio • Iatrogenia • Não classificadas PÓLIPOS: • Tumores uterinos de consistência mole. • Formados por Glândulas e estroma (do endométrio) revestidos de epitélio. • Sintomáticos (70%) ou assintomáticos. O sintoma que ele gera é o sangramento uterino anormal. • Transformação maligna 4-5% dos casos. Risco de malignidade: • Pós menopausa • Idade > 60 anos • Pólipo > 1,5cm • Uso de tamoxifeno – medicamento que aumenta a chance de CA de endométrio Alto risco ou sintomáticas: polipectomia Assintomáticas de baixo risco: considerar acompanhamento Essa parte preta não existe normalmente – injetaram soro para abrir a cavidade. Endométrio é mais claro. ADENOMIOSE: • Invasão de tecido endometrial no miométrio Endometriose do útero – implante de endométrio no miométrio. Pode ter concomitante à endometriose. • Etiologia incerta. • “Endometriose do útero” • Proliferação e sangramentos cíclicos: irritação e dismenorreia Endometriose não dá sangramento uterino anormal – o sangue não sai pelo canal vaginal, diferente da adenomiose. A adenomiose aumenta o volume de sangramento. • Aumento da área de endométrio descamado: SUA • Pode ser difícil de ver ao USG – muitas vezes só se vê uma parede aumentada e correlaciona com a clínica. 3 Laís Flauzino | GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA | 7°P MEDICINA LEIOMIOMA: • Tumor benigno de músculo liso Leio liso mio musculo oma bola = bola de músculo liso • Crescimento dependente de hormônios: gestação vs menopausa Normalmente cresce lentamente ao longo da vida. Na gestação é um momento de produção hormonal aumentada e aí cresce rapidamente. Na menopausa diminui de tamanho. • Muito comuns, especialmente após 30 anos • Maioria assintomáticos – pequeno demais para dar problema. • Sintomático: SUA, anemia ferropriva, efeitos de massa – não causa dor. Efeito de massa: • Incomum, só em miomas muito grandes • Dor pélvica por pressão • Constipação • Obstrução ureteral – pode levar a insuficiência renal Classificação: • Submucosos: menores, mas mais sintomáticos • Intramurais: intermediários • Subserosos: pouco sintomáticos, mas atingem grandes dimensões (sintomas de massa) Mucosa e serosa são as duas peles do útero – uma do lado de fora e a outra dentro. A serosa é o que recobre o útero e a mucosa é o endométrio. Submucoso – logo abaixo do endométrio. Subseroso é o que está encostado na parede de fora. Pq o mioma causa sangramento – a irrigação vem de fora para dentro. Artéria não é compressível, veia sim – o que a gente consegue ocluir é a veia. O mioma colocando pressão, ele deixa o sangue entrar pq não oclui a artéria, mas não deixa o sangue sair pq a veia está comprimida pelo mioma aí o sangue começa a se acuular. Quando o endométrio morre e descama, há muito mais sangue. Tratamento: • Inicialmente conservador (medicamentoso) • Falha no tratamento conservador (não controla o sangramento) ou efeitos de massa: histerectomia (mais indicado) • Miomectomia: cirurgia de exceção – se mioma não atinge endométrio; paciente deseja gestar; pode ser necessária histerectomia. Miomectomia é a retirada só do mioma – mas cortar músculo é difícil pq sangra muito. MALIGNIDADE: Diversas neoplaias malignas podem cursa com sangramento TV: • CA de vagina, CA de colo, CA de ovário (produtor de hormônios sexuais) • SUA: CA de endométrio é o mais frequente Para uma parcela da população, o sangramento uterino anormal tem que fazer pensar em câncer de endométrio. Qual é essa parcela da população? • Pcts pós menopausa – todo sangramento após menopausa é anormal • Pcts com risco aumentado – sua e obesidade ou sua e anovulação crônica e mais de 35 anos. • Investigar sangramento pós menopausa: USGTV e histeroscopia Faz USG para ver se o endométrio está espessado ou fino. Endométrio espessado tem mais chance de ser câncer. • Investigar SUA + obesidade ou anovulação crônica + idade > 35 anos • Biópsia “às cegas” (curetagem) ou histeroscópica Biópsia as cegas não pode afastar o câncer se der negativa, é necessário investigar mais. 4 Laís Flauzino | GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA | 7°P MEDICINA COAGULOPATIAS: Infrequente Suspeita clínica: • Hematomas fáceis • Complicações hemorrágicas em cirurgias prévias • Cistos hemorrágicos recorrentes • Epistaxe • Sangramentos gastrointestinais • História familiar de coagulopatia • Menorragia significativa sem outra causa aparente Investigação: • Hemograma (contagem plaquetas) • TAP • TTPa • Alterações nos exames anteriores, faz investigação complementar • Doença de vonWillebrand, trombocitopenia, disfunção plaquetária, deficiência de fatores de coagulação – passa para o hemato OVULAÇÃO: Ovulação edisfunção ovulatória são causas frequentes. É necessário que haja folículo produzindo estrogênio. O estrogênio leva ao pico de LH, e faz o folículo ovular. Se não ocorre pico de LH, não acontece ovulação. Se não acontece ovulação, fica sempre na fase do folículo produzindo estrogênio e aí a pct não menstrua. Isso ocorre principalmente quando o eixo hipotálamo hipófise ovariano está desequilibrado – na adolescência (imaturo) e na perimenopausa (falência). A pct hipotireoideia ou que tem hiperprolactinemia também não tem pico de LH e não tem ovulação. • Ausência do pico de LH promovendo ovulação • SOP: conversão periférica de E → T Converte estrogênio em progesterona e aí falta estrogênio. • Imaturidade do eixo H-H-O na adolescência e perimenopausa • Hipotireoidismo e hiperprolactinemia • Sem corpo lúteo não há progesterona. Sem progesterona: • Endométrio permanece proliferativo: vasodilatação importante. Não tem menstruação. Então primeiro há um período de amenorréia. Só que nesse período que ela não está menstruando, está tendo vasodilatação, endométrio estimulado excessivamente pelo estrogênio. Uma hora isso falha, não consegue se sustentar para sempre e aí vem a hemorragia vaginal. • Períodos variáveis de amenorréia • Quando ocorre falência da estrutura endometrial sobrevém menorragia ENDOMÉTRIO: • Observa-se alterações endometriais em algumas pacientes com SUA sem outras causas aparentes • Fatores relacionados com SUA: • Endometrite (DIP) – doença inflamatória pélvica Quando tem inflamação, a pct pode ter SUA – deve-se investigar. • Alterações químicas e hormonais no tecido endometrial Algumas pcts que tem SUA e não tem causa aparente, quando se faz uma biopsia ou retira o útero e estuda o endométrio, percebe algumas alterações endometriais – padrões de receptores etc. • Vasodilatação dos vasos endometriais • Diagnóstico difícil, por vezes de exclusão IATROGÊNICA: • DIUs • Contracepção hormonal – progesterona as vezes pode fazer o sangramento prolongar muito • Terapia de reposição hormonal • Tamoxifeno – usado para tto de ca de mama Causado pelo médico – não significa que é erro do médico. Muitas vezes é proposital. SUA E IDADE: • Infância • Sangramento é sempre anormal! Muito frequente que não seja causa uterina. • Vagina: vaginite, neoplasia, acidentes, abusos, corpo estranho • Útero: puberdade precoce, hormônios exógenos, neoplasia ovariana • Adolescência • Neoplasias menos comuns • Principalmente: disfunção ovulatória e defeito de coagulação • Idade Reprodutiva • Eixo HHO maduro – menos frequente a disfunção ovulatória 5 Laís Flauzino | GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA | 7°P MEDICINA • Gestação, ISTs (DIP), Neoplasias (miomas, pólipos) • Perimenopausa • Disfunção ovulatória • Crescem neoplasias benignas e malignas Causas estruturais são mais frequentes a partir da perimenopausa. • Menopausa • Todo sangramento deve ser investigado • Atrofia endometrial – causa mais frequente • Pólipos benignos • Maior taxa de malignidade: endométrio e outros SUA – AVALIAÇÃO: • Anamnese: caracterizar sangramento • Sintomas associados • Comorbidades e uso de medicamentos • História pessoal e familiar – coagulopatia • Exame físico: apontar origem do sangramento (nem sempre é uterino) • Características do sangramento • Útero: tamanho, consistência, mobilidade • Outras massas pélvicas • Sinais de DIP • Avaliação objetiva do sangramento: • Quantidade de absorventes • PBAC – imagem para a mulher quantificar o sangue • Pesagem de absorvente médio • Índices hematimétrico Avaliação complementar: • BHCG • Hemograma • Coagulograma • TSH e PRL • Citopatologia cervical • USGTV – causas estruturais ; 1ª imagem dentro da parede do miométrio: mioma – bem delimitada, hipoecogênica – não tem nada a ver com pólipo. 1ª pólipo 2ª adenomiose – bagunça, pontos mais claros para dentro, não dá para ver onde começa e acaba o endometrio 3° mioma subseroso. Biópsia endometrial Em alguns pcts precisa pensar em CA • Sangramento pós menopausa com endométrio espesso (>4mm) – fazer a biópsia • SUA com fatores de risco para CA • > 35 anos • Espessamento endometrial difuso ou focal ao USG • Obesidade • Anovulação crônica • Uso de tamoxifeno • Biópsia “às cegas” (curetagem) ou histeroscópica SUA - TRATAMENTO: • Tratamentos de patologias específicas • Sangramento: em geral primeiro tratamento é medicamentoso! • AINES – ajuda a reduzir o sangramento • Ac. Tranexâmico • Progestágenos • Hormônios combinados • SIU-LNG • Androgênios • Análogos de GnRh • AINES: reduzem a vasodilatação • Usados só no fluxo • Trata dismenorreia (dor) • Cuidado com uso prolongado 6 Laís Flauzino | GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA | 7°P MEDICINA • Ácido Tranexâmico • Antifibrinolítico – diminui a fibrinólise, inibe a plasmina • 500mg 8/8h por até 5 dias durante o fluxo • Cuidado com pct com risco tromboembólico alto O AINE e o anti fibrinolítico são as coisas usadas na hora do sangramento. Existem medicamentos usados continuamente para diminuir o sangramento – hormonais. • SIU-LNG (MAC) Sistema intrauterino de levonogestrel – mirena, é contraceptivo. • Progestágenos locais → menos efeitos colaterais • Estabilidade endometrial confiável – a maioria das pcts não tem sangramento de escape • Redução 74-97% do volume de sangue • Contraindicações: NIC/CA cervical (lesão precursora de CA de colo), malformação uterina, DIP, gestação • Progestágenos • Em pacientes anovulatórias, 10 dias de progesterona = fluxo • Para regulação, tomar dos dias 16 a 25 do ciclo • Uso contínuo gera estabilidade endometrial e reduz perda sanguínea (MAC) • Sangramentos de escape, irregularidade e outros efeitos colaterais É método contraceptivo. Progesterona. Tem muito sangramento de escape. • Hormônios combinados • Sangramento agudo: ACO • 1 cp 8/8h por 2 dias • 1 cp 12/12h por 5 dias • 1 cp/dia por 21 dias • Suspensão: sangramento de suspensão • Uso crônico: injetável, adesivo, anel, pílulas: atrofia endometrial • MAC • Pílulas permitem uso contínuo • Contraindicações: alto risco de trombose Estrogênio n pode para pct com risco de trombose – fuma, 50 anos. • Análogos de GnRH e Androgênios • Goserelina, Leuprorrelina (análogos de GnRH) • Danazol, Getrinona (androgênios) • Supressão profunda do eixo H-H-O – induzem estado de menopausa • Hipoestrogenismo e atrofia endometrial intensos • Efeitos colaterais muito limitantes – pct entra em menopausa, usados quando a 7 Laís Flauzino | GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA | 7°P MEDICINA pct não pode ser submetida a procedimento cirúrgico • Cirúrgico: Indicações: • Falha do tratamento medicamentoso • Mal prognóstico do tratamento medicamentoso • Pólipos • Miomas com efeito de massa • Malignidade • Cirúrgico opções: • Ablação endometrial, embolização de artérias uterinas, dilatação e curetagem, miomectomia... • Procedimento principal: histerectomia Referência: • Tratado de Ginecologia da FEBRASGO - Fernandes CE, Silva de Sá MF. Tratado de Ginecologia FEBRASGO. São Paulo: Elsevier; 2018. • Ginecologia de Williams, Hoffman et al, 3ª edição, Porto Alegre, 2017
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