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TCC AV2

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Educação financeira e a sua influência sobre as pessoas 
 
Introdução 
No mundo contemporâneo a administração do próprio dinheiro e um diferencial 
importante para a sociedade, Borges e Tide (2010) mostram que o planejamento 
financeiro e um instrumento que visa melhorar a qualidade de vida, mas a falta de 
educação financeira faz com que as pessoas não o deem a devida importância, levando as 
pessoas a práticas consumistas, uso do crédito de forma inconsequente, falta de reserva, 
e com isso o endividamento. 
Segundo a CNC (2022) na avaliação por faixa de renda, o 
endividamento seguiu crescendo nos dois grupos apurados, com 
destaque para o das famílias com ganhos acima de dez salários-
mínimos, que desde o início do ano vem apresentando avanço mais 
acelerado do que o da parcela com menor renda. 
Isso mostra que a educação financeira é para todos. Independente da renda, qualquer 
indivíduo que não tem uma boa administração do quanto ganha, da maneira que pode 
gastar e como investir, pode passar por uma fase difícil financeiramente em algum 
momento da vida, por isso, é necessário ter uma boa gestão e pensar no longo prazo, para 
que mesmo após algumas adversidades ou crises as pessoas não sintam tanto no bolso. 
Segundo a OCDE (2005), educação financeira é o processo mediante o 
qual os indivíduos e as sociedades melhoram a sua compreensão em 
relação aos conceitos e produtos financeiros, de maneira que, com 
informação, formação e orientação, possam desenvolver os valores e as 
competências necessários para se tornarem mais conscientes das 
oportunidades e riscos neles envolvidos e, então, poderem fazer 
escolhas bem-informadas, saber onde procurar ajuda e adotar outras 
ações que melhorem o seu bem-estar. Assim, podem contribuir de modo 
mais consistente para a formação de indivíduos e sociedades 
responsáveis, comprometidos com o futuro. 
Devido a variedade de mercadorias disponíveis no mercado e a facilidade de compra pelo 
cartão de crédito, há uma maior necessidade em criar e aumentar programas de educação 
financeira que ajudem as pessoas a adquirir um melhor conhecimento financeiro, assim, 
os indivíduos conseguem tomar decisões de formar mais assertiva e são mais responsáveis 
em suas escolhas e serviços financeiros (KUNKEL et al., 2015); 
Duarte et al (2021) afirma que uma boa educação financeira ajuda a planejar para fazer 
bons investimentos, poupar dinheiro para o futuro, ser um consumidor consciente, ter sua 
independência financeira e conhecimentos sólidos e duradouros. 
O objetivo do presente artigo é desvendar uma única questão, Como a falta de educação 
financeira, o materialismo e o uso do cartão de crédito influenciam nas dificuldades que 
as pessoas encontram na hora de administrar o próprio dinheiro. A busca visa identificar 
os empecilhos na organização dos próprios recursos, expor essas complicações, e assim, 
auxiliar os indivíduos a gerenciar os próprios ganhos, a organizar os recursos de maneira 
mais consciente, a projetar todos os gastos para conseguir diminuir as despesas e acabar 
com as dívidas, a fim de que, novos caminhos possam ser vislumbrados, com ideias e 
pensamentos mais longínquos para formar uma boa base financeira, e não precisar 
depender exclusivamente da aposentadoria ao término da contribuição trabalhista. 
A educação financeira auxilia a alcançar a liberdade financeira, que não é sinônimo de se 
tornar rico, e sim, conseguir manter o estilo de vida que almeja sem se preocupar com a 
questão financeira. Por isso, através de um questionário distribuído a um grupo de 
pessoas, será analisado quais as maiores dificuldades que as pessoas encontram na gestão 
dos próprios recursos, e com isso, ensinar fundamentos da educação financeira, que 
tornem esses obstáculos em algo simples de ser combatido, com o intuito de tornar mais 
compreensível que poupar e investir não são tarefas difíceis, que é melhor economizar 
em possíveis situações, e assim, evitar o acúmulo dividas e a possibilidade da 
inadimplência pela falta de recursos para cumprir com suas obrigações. 
 
Referencial teórico. 
Falta de educação financeira. 
A falta de conhecimento em educação financeira faz com que as pessoas tomem decisões 
errôneas sobre as próprias finanças, como o uso exagerado e descontrolado do cartão de 
crédito e empréstimos sem planejamento e com os juros altíssimos (Marcos at al., 2017). 
Sandra e Renata (2016) expõem que a falta de sabedoria em lidar com o próprio dinheiro, 
a perspectiva de não haver necessidade de realizar um controle financeiro, atrelado a 
outros fatores da falta de educação financeira, contribui em muito casos para o 
endividamento pessoal, que levam a inadimplência. 
A negligência da educação financeira, segundo Sousa e Torralvo (2008) faz com que as 
pessoas não deem a devida importância ao dinheiro, e assim, gastem e desperdicem de 
uma maneira desnecessária. O reflexo da falta de ensino financeiro no consumidor, pode 
ser visto no momento da realização de uma compra, onde o indivíduo não se preocupa 
com os juros, nem com o valor total do produto, mas apenas se aquele valor irá caber em 
seu orçamento. Isso faz com que as pessoas trabalhem mais e usufruam pouco, por não 
saber administrar o próprio dinheiro. 
O péssimo controle financeiro, consequência, em maior parte, da falta de informação e 
de planejamento financeiro, é um dos fatores que dificultam a vida financeira dos 
consumidores em um âmbito global. A falta de educação financeira favorece o 
descontrole financeiro, e assim, o indivíduo acaba comprando compulsivamente e tem 
como base da felicidade a aquisição de mais e mais produtos, dificultando a administração 
das próprias finanças (Marina, 2011). 
 
Materialismo. 
O materialismo é definido por Rassuli e Hollander (1986, p.10) como o “interesse em 
ganhar e gastar.”, Richins (1994) Explica que o comportamento materialista é o valor que 
as pessoas empregam as suas posses e bens, junto ao grau de prioridade que lhes é dado. 
O indivíduo dá mais importância a coisas materiais, negligenciando outras áreas, tendo 
em vista o status que aquele objeto pode trazer para sua vida. 
Como cita Santos e Fernandes (2011), os materialistas buscam expor suas posses como 
forma de demonstração do seu poder e visibilidade, isso mostra a influência da cultura do 
consumo nas pessoas. O materialismo tem relação com o “consumo conspícuo, no qual a 
satisfação é derivada mais da reação da audiência do que da utilidade da compra. Além 
disso, as pessoas associam o materialismo à busca excessiva de status” (SANTOS; 
FERNADES, 2011). 
Pirog e Roberts (2007) retratam que o desejo pela ascensão do status social por meio de 
posses, junto a facilidade do uso do cartão de crédito na hora da compra dos produtos 
desejados, pode facilmente levar o consumidor a gastar mais do que o necessário, e assim, 
utilizar o cartão de crédito de forma incorreta, consequentemente, o indivíduo ficará 
endividado, e com as finanças descontroladas. O materialismo pode ser visto como fator 
determinante no comportamento financeiro, além de ter relação com a má gestão 
financeira. (Limbu; Huhmann; Xu, 2012). 
Pessoas altamente materialista priorizam a riqueza material, mesmo que para alcançá-la 
eles necessitem se endividar (Watson, 2003). Esse desejo por bens desnecessários, que se 
encontram nos indivíduos mais materialista, pode causar insatisfação na própria vida, o 
que afeta as suas relações com as pessoas ao seu redor, podendo até contrair dívidas para 
poder satisfazer seu desejo de consumir. (Richins, 1996). 
 
Cartão de crédito. 
O cartão de crédito pode ser observado como um facilitador de gastos, pois ele torna as 
transações financeira mais simples, removendo a necessidade de ter o dinheiro 
imediatamente, levando as pessoas a maiores imprudências quando comparado ao 
dinheiro físico (Robert; Jones, 2001). Segundo Cheema e Soman (2006) os indivíduosque pagam suas coisas com cartão de crédito são mais inclinados a fazerem compras 
adicionais e aumentar a gravidade dos seus gastos. 
Veludo de Oliveira, Ikeda e Santos (2004) mostram que a disseminação e o fácil acesso 
ao cartão de crédito, fez ele ser bem recebido pela sociedade, mas atrelado a ele foi 
observado mudanças nos grupos que ele começou a ser inserido, junto ao crescimento do 
número de usuários do cartão de crédito, cresceu também o número de inadimplentes. O 
cartão de crédito contribui para o crescimento das dívidas dos portadores, muita por conta, 
dos juros incrementais. (Littiwin, 2008). 
Vale destacar, que a frequência no uso do cartão de crédito, pode se tornar um vício, que 
gera dificuldades na hora da gestão financeira do consumidor. Essa ocasião piora quando 
os indivíduos gastam com base na antecipação da sua renda futura. Somado a isso, a ótica 
do consumidor segundo a fatura do cartão de crédito mudou consideravelmente, 
transformando essa ferramenta em uma forma conveniente de gastar e a dívida 
socialmente aceitável. (Wickramasingh e Guragamege, 2009). 
 
Relação da educação financeira com o materialismo e o uso do cartão de crédito. 
A educação financeira é o meio que abrange a adoção e o desenvolvimento de atitudes, 
hábitos, valores, conhecimento e compreensão de técnicas que melhoram a gestão pessoal 
na área das finanças (Maroni, 2011). As técnicas que são aprendidas na educação 
financeira possibilitam um maior entendimento das pessoas na gestão financeira, o que 
pode contribuir para a redução das dívidas, pois ao contrário, a negligência na hora do 
planejamento e organização levam ao descontrole financeiro e a falta de dinheiro para 
cumprir com suas obrigações (Santo; Silva, 2014). Segundo Piccini e Pinzettta (2014), os 
indivíduos que apresentam um maior conhecimento sobre educação financeira possuem 
um olhar mais crítico na questão do consumo, pois tem uma compreensão melhor do valor 
do próprio dinheiro, e como resultado, um endividamento menor. 
Em um estudo feito por Thais e Marlette (2008), foi mostrado que a educação financeira 
tem uma influência inversa sobre o materialismo e consumo por status. Quanto menor for 
a educação financeira maior o descontrole sobre o consumo por status, deixando o 
materialismo mais evidente. “A ausência ou insuficiência da compreensão de 
mecanismos de gestão financeira pode levar o indivíduo à tendência de demonstrar sua 
identidade por meio da aquisição de bens e a atribuir maior valor agregado aos produtos 
consumidos”. Mas há também um entendimento que a educação Financeira é uma 
ferramenta que pode contribuir na mudança desse cenário, pois ela auxilia na orientação 
do consumidor, o que permite um melhor comportamento sobre os próprios gastos, 
administrando com mais eficiência as suas necessidades, com o intuito de ter mais 
segurança nas suas comprar e finanças. (Zerrenner, 2007). 
Para Araújo e Souza (2012), a educação financeira tem a tendência de levar os indivíduos 
a usufruírem do cartão de crédito de uma maneira mais consciência, pois ela aumenta o 
conhecimento sobre as possibilidades do uso do crédito, facilitando o entendimento de 
quais as melhores circunstâncias para o seu uso, também compreendendo os descontos de 
comprar a vista e quitando todas as suas faturas em dia, o que ajuda a diminuir as dívidas 
e a inadimplência. Através da educação financeira e possível mostrar a sociedade formas 
de distribuir o seu dinheiro entre o consumo e reserva, para uma maior identificação de 
como uma melhor gestão financeira pessoal pode ajudar a ter uma melhor qualidade de 
vida (Wisniewski, 2011). 
Hayhoe, Leach e Tumer (1999), expõem que a educação financeira é a melhor alternativa 
para os problemas nas finanças pessoais, pois quanto mais conhecimento sobre o assunto, 
mais consciente será na hora de consumir. Hilgert, Hogarthe Beverly (2003) em seus 
estudos encontram evidencias que quanto maior o conhecimento sobre finanças, mais as 
pessoas tendem a ser responsáveis financeiramente. Nesse aspecto, é possível destacar a 
educação financeira como um importante instrumento que auxilia no planejamento 
financeiro das pessoas, pois mostra a forma certa de administrar o próprio dinheiro. Não 
visando um enriquecimento pessoal, mas a conscientização, para garantir uma boa saúde 
financeira. (Kruger, 2014) 
 
 
Metodologia utilizada. 
A metodologia utilizada e a quantitativa descritiva, que é visto por Cervo (2007) como 
uma pesquisa que registra, observa, analisa e estabelece relações e semelhanças nos fatos 
sem os adulterar. A forma escolhida e o levantamento que para Freitas (2002) é o método 
apropriado para pesquisas que desejam responder “O que? Porque? Como? E quanto?”. 
Nesse método não é possível controlar as variáveis sejam elas dependentes ou não. A 
coleta de dados é através da aplicação de um questionário.

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